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COLÉGIO VISÃO Amor é primo da morte, Eu não tinha este coração

DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA e da morte vencedor, Que nem se mostra.


PROF.ª REGIANE FIALHO por mais que o matem (e matam) Eu não dei por esta mudança,
ANÁLISE DE POEMAS a cada instante de amor. Tão simples, tão certa, tão fácil:
************************************** — Em que espelho ficou perdida
Canção- Cecília Meireles Bilhete- Mário Quintana a minha face?
Não te fies do tempo nem da eternidade, Se tu me amas, ama-me baixinho **************************************
que as nuvens me puxam pelos vestidos Não o grites de cima dos telhados A lua no cinema-Paulo Leminski
que os ventos me arrastam contra o meu desejo! Deixa em paz os passarinhos A lua foi ao cinema,
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, Deixa em paz a mim! passava um filme engraçado,
que amanhã morro e não te vejo! Se me queres, a história de uma estrela
Não demores tão longe, em lugar tão secreto, enfim, que não tinha namorado.
nácar de silêncio que o mar comprime, tem de ser bem devagarinho, Amada, Não tinha porque era apenas
o lábio, limite do instante absoluto! que a vida é breve, e o amor mais breve ainda… uma estrela bem pequena,
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, ************************************** dessas que, quando apagam,
que amanhã eu morro e não te escuto! Cantiga para não morrer, de Ferreira Gullar ninguém vai dizer, que pena!
Aparece-me agora, que ainda reconheço Quando você for se embora, Era uma estrela sozinha,
a anêmona aberta na tua face moça branca como a neve, ninguém olhava pra ela,
e em redor dos muros o vento inimigo… me leve. e toda a luz que ela tinha
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, Se acaso você não possa cabia numa janela.A lua ficou tão triste
que amanhã eu morro e não te digo… me carregar pela mão, com aquela história de amor,
************************************** menina branca de neve, que até hoje a lua insiste:
As sem-razões do amor, de Carlos Drummond de me leve no coração. – Amanheça, por favor!
Andrade Se no coração não possa **************************************
Eu te amo porque te amo. por acaso me levar, O que quer dizer- Paulo Leminski
Não precisas ser amante, moça de sonho e de neve, O que quer dizer diz.
e nem sempre sabes sê-lo. me leve no seu lembrar. Não fica fazendo o que, um dia, eu sempre fiz.
Eu te amo porque te amo. E se aí também não possa Não fica só querendo, querendo,
Amor é estado de graça por tanta coisa que leve coisa que eu nunca quis.
e com amor não se paga. já viva em seu pensamento, O que quer dizer, diz.
Amor é dado de graça, menina branca de neve, Só se dizendo num outro
é semeado no vento, me leve no esquecimento. o que, um dia, se disse,
na cachoeira, no eclipse. ************************************** um dia, vai ser feliz.
Amor foge a dicionários Retrato, de Cecília Meireles **************************************
e a regulamentos vários. Eu não tinha este rosto de hoje, Psicologia de um vencido- Augusto dos Anjos
Eu te amo porque não amo Assim calmo, assim triste, assim magro, Eu, filho do carbono e do amoníaco,
bastante ou de mais a mim. Nem estes olhos tão vazios, Monstro de escuridão e rutilância,
Porque amor não se troca, Nem o lábio amargo. Sofro, desde a epigênese da infância,
não se conjuga nem se ama. Eu não tinha estas mãos sem força, A influência má dos signos do zodíaco.
Porque amor é amor a nada, Tão paradas e frias e mortas;
feliz e forte em si mesmo. Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância... Eles passarão. Drome, drome
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Eu passarinho! Dromedário
Que se escapa da boca de um cardíaco. ************************************** Foi-se embora
A Centopeia – Marina Colasanti O cansaço
Já o verme — este operário das ruínas — Quem foi que primeiro E você dorme
Que o sangue podre das carnificinas teve a ideia No meu braço.
Come, e à vida em geral declara guerra, de contar um por um Drome, drome
os pés da centopeia? Dromedário
Anda a espreitar meus olhos para roê-los, Se uma pata você arranca Drome, drome
E há-de deixar-me apenas os cabelos, será que a bichinha manca? Dromedário
Na frialdade inorgânica da terra! E responda antes que eu esqueça Drome, drome
************************************** se existe o bicho de cem pés Dromedário.
O Menino Azul – Cecília Meireles será que existe algum de cem cabeças? **************************************
O menino quer um burrinho ************************************** Convite – José Paulo Paes
para passear. Canção para ninar dromedário – Sérgio Poesia
Um burrinho manso, Capparelli é brincar com palavras
que não corra nem pule, Drome, drome como se brinca
mas que saiba conversar. Dromedário com bola, papagaio, pião.
O menino quer um burrinho As areias Só que
que saiba dizer Do deserto bola, papagaio, pião
o nome dos rios, Sentem sono, de tanto brincar
das montanhas, das flores, Estou certo. se gastam.
– de tudo o que aparecer. Drome, drome As palavras não:
O menino quer um burrinho Dormedário quanto mais se brinca
que saiba inventar histórias bonitas Fecha os olhos com elas
com pessoas e bichos O beduíno, mais novas ficam.
e com barquinhos no mar. Fecha os olhos, Como a água do rio
E os dois sairão pelo mundo Está dormindo. que é água sempre nova.
que é como um jardim Drome, drome Como cada dia
apenas mais largo Dromedário que é sempre um novo dia.
e talvez mais comprido O frio da noite Vamos brincar de poesia?
e que não tenha fim. Foi-se embora, **************************************
(Quem souber de um burrinho desses, Fecha os olhos Se – Paulo Leminsky
pode escrever Dorme agora. Se
para a Ruas das Casas, Drome, drome nem
Número das Portas, Dromedário for
ao Menino Azul que não sabe ler.) Dorme, dorme, terra
************************************** A palmeira, Se
Poeminha do Contra – Mario Quintana Dorme, dorme, trans
Todos estes que aí estão A noite inteira. for
Atravancando o meu caminho, mar.

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