Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Curso:
MNA
824-‐
Trocas
e
Reciprocidade
Professora:
Renata
Menezes
Nº
de
Créditos:
03
(três),
45
horas,
15
sessões
Período:
1º
Semestre
de
2019
Horário:
4a.
feira,
9h-‐12h
Local:
Sala
201
do
prédio
de
aulas,
Horto
Botânico
Reciprocidade,
graça,
ajuda,
caridade
e
sacrifício
de
si
(1)
As
possibilidades
abertas
pelo
Ensaio
sobre
a
Dádiva,
de
Marcel
Mauss
parecem
multiplicar-‐
se
infinitamente,
nas
mais
diversas
direções,
numa
amplitude
semelhante
à
própria
ideia
de
fato
social
total
nele
contida.
Uma
dessas
linhas
interpretativas
articula
o
tema
da
dádiva
aos
debates
sobre
o
altruísmo
e
a
gratuidade.
Outra,
parece
caminhar
no
sentido
oposto,
que
é
o
de
associar
as
formulações
de
Mauss
à
discussão
do
(auto)interesse
e
da
dominação.
O
objetivo
deste
curso
é
menos
mapear
essas
variações
do
que
considerá-‐las
como
um
ponto
de
partida
a
partir
do
qual
se
poderá
perguntar
em
que
medida
aquilo
que
temos
considerado
(no
Grupo
de
Pesquisa
em
Antropologia
da
Devoção
do
Museu
Nacional)
uma
"relação
de
devoção"
-‐
uma
relação
que
envolve
a
entrega
de
si
-‐
está
ou
não
contemplado
nos
debates
sobre
reciprocidade.
Dito
de
outra
forma,
a
ideia
subjacente
ao
curso
é
indagar
qual
a
conexão
entre
a
devoção
e
o
léxico
que
a
acompanha
(ajuda,
gratidão,
graça,
sacrifício,
sacrifício
de
si,
promessa,
caridade)
e
a
reciprocidade.
Esse
conjunto
de
categorias
e
de
relações
pode
ser
considerado
uma
modalidade
de
reciprocidade,
ou
demanda
uma
outra
conceituação
específica?
Fazer
essa
pergunta
implica
em
repensar
o
quanto
as
interpretações
da
reciprocidade
e
do
sacrifício
têm
sido
marcadas
por
uma
naturalização
do
“interesse”
e
da
"utilidade"
como
motores
da
vida
social.
E
ainda
em
pensar
o
quanto
a
gratuidade
e
o
altruísmo
são
comumente
considerados
como
visões
românticas,
nostálgicas
e
ingênuas
sobre
as
práticas
humanas,
ou
mesmo
perversamente
dissimuladoras
de
relações
de
poder
e
exploração.
Ou,
inversamente,
implica
em
considerar
que
as
dimensões
da
utopia,
da
esperança
e
da
bondade
podem
(ou
não)
ser
inerentes
aos
grupos
sociais.
Note-‐se,
portanto,
que
a
pergunta
inicial
do
curso
é
desdobrável
em
muitas
outras,
ainda
mais
no
contexto
do
debate
sobre
uma
antropologia
sombria
(ORTNER,
S.
2016)
e
uma
antropologia
do
bem
e
do
bom
(ROBBINS,
J.,
2013).
Assim,
se
o
curso
parte,
para
refletir
sobre
reciprocidade,
de
experiências
de
pesquisa
acumuladas
na
subárea
convencionada
como
de
"antropologia
da
religião",
as
referências
bibliográficas
que
comporão
o
programa,
bem
como
os
encaminhamentos
previstos
para
as
discussões,
pretendem
alcançar
um
escopo
mais
amplo.
Programa
Preliminar
-‐
Plano
de
aulas
1a.
aula
(13/03):
Apresentação
do
curso,
da
turma
e
do
programa.
Dia
20/03
não
haverá
aula.
2
BATISTA,
José
Renato.
“Os
deuses
vendem
quando
dão:
os
sentidos
do
dinheiro
nas
relações
de
troca
no
candomblé”.
Mana,
13
(1):
7-‐40,
2007.
Aula
extra:
aula
aberta
com
John
Comerford:
Durkheim,
Mauss
e
Moralidades
(a
marcar)
11a.
aula
(29/04):
Desdobramentos
III:
economia
moral
e
justiça
social
DOUGLAS,
Mary.
“No
free
Gift.
Introduction
to
Marcel
Mauss’s
Essay
on
the
Gift”.
In:
_______.
Risk
and
Blame.
New
York:
Routledge,
1992,
pp.
155-‐166.
SABOURIN,
Eric.
“Marcel
Mauss:
da
dádiva
à
questão
da
reciprocidade”.
RBCS,
23
(66):
131-‐138,
2008.
Manifesto
convivialista:
http://www.journaldumauss.net/?Sintese-‐do-‐Manifesto-‐convivialista
ZALUAR,
Alba.
Dom,
poder
e
violência
(a
propósito
do
Manifesto
Convivialista)
Cadernos
de
Estudos
Sociais,
n.
29,
v.
2:
31-‐46
jul.-‐dez.
2014.
MARTINS,
Paulo
Henrique.
O
ensaio
sobre
o
dom
de
Marcel
Mauss:
um
texto
pioneiro
da
crítica
decolonial.
Sociologias,
Porto
Alegre,
ano
16,
no
36,
mai/ago
2014,
p.
22-‐41
Consulta:
CAILLÉ,
Alain,
“Nem
holismo,
nem
individualismo
metodológico:
Marcel
Mauss
e
o
paradigma
da
dádiva”.
RBCS,
1998,
vol.13,
n.38
[cited
2019-‐03-‐13],
pp.5-‐38.
BLOCO
III:
Novos
contextos:
debates
realidade
X
utopia;
dark
X
good
anthropology,
12a.
aula
(04/06):
o
bem,
o
bom,
a
felicidade,
o
bem-‐estar.
AHMED,
Sara.
The
Promise
of
Happiness.
Durham,
NC:
Duke
University
Press,
2010
(introdução)
ROBBINS,
Joel.
"Beyond
the
suffering
subject:
toward
an
anthropology
of
the
good".
JRAI,
19
(3):
447-‐
462,
2013.
ROBBINS,
Joel.
“On
Happiness,
Values,
and
Time:
The
Long
and
the
Short
of
It
(Special
Issue
Afterword).”
Hau:
Journal
of
Ethnographic
Theory
5(3):
215-‐233,
2015.
THIN,
Niel.
“Why
Anthropology
can
ill
afford
to
ignore
well-‐being”.
In:
Mathews,
G.
&
Izquierdo,
C.
(eds.)
Pursuits
of
Happiness:
Well-‐Being
in
Anthropological
Perspective.
Oxford:
Bergham
Books,
2008,
p
p.
23-‐44.
13a.
aula
(12/06):
o
mau,
o
mal
e
o
sofrimento
VENKATESEN,
Soumhya
(ed).
“There
is
No
Such
Thing
as
the
Good:
The
2013
Meeting
of
the
Group
for
Debates
in
Anthropological
Theory”
(with
S.
Venkatesan,
V.
Das,
H.
Al-‐Mohammad,
C.
Stafford,
J.
Robbins).
Critique
of
Anthropology
35(4):
430-‐480.
Páginas
a
definir.
VENKATESEN,
Soumhya
(ed.)
“The
anthropological
fixation
with
reciprocity
leaves
no
room
for
love:
2009
meeting
of
the
Group
for
Debates
in
Anthropological
Theory”
Critique
of
Anthropology
31(3):
210-‐250.
Páginas
a
definir.
THROOP,
C.
Jason.
“Ambivalent
happiness
and
virtuous
suffering”.
HAU:
5
(3):
45–68,
2015
14a.
aula
(19/06):
monografias
(a
escolher)
POVINELLI,
Elizabeth.
Economies
of
abandonment:
social
belonging
and
endurance
in
late
liberalism.
Durham,
NC:
Duke
University
Press,
2011.
5
HAN,
Clara.
Life
in
Debt:
Times
of
Care
and
Violence
in
Neoliberal
Chile.
Berkeley,
University
of
California
Press,
2012.
BONHOMME,
Julien,
BONDAZ,
Julien.
L’offrande
de
la
mort
:
Une
rumeur
au
Sénégal.
Paris:
CNRS
Éditions,
2017.
Consulta:
Comentário
da
Veena
Das
sobre
Clara
Han.
15a.
Aula
(26/06):
Uma
“dark
anthropology”?
ORTNER,
S.
"Dark
anthropology
and
its
others:
Theory
since
the
eigthies".
HAU:
Journal
of
Theory,
6:1,
47-‐73,
2016.
Comentários
de:
APPADURAI,
Arjun.
“Moodswing
in
the
Anthropology
of
the
emerging
future”,
HAU,
6
(2):
1-‐4,
2026,
GRAEBER,
David.
“Reflections
on
reflections”.
HAU,
6(2):
5-‐9,
2016.
GREENHOUSE,
Carol
J.
“Dialetical
dreams”.
HAU,
6(2):
11-‐16,
2016.
LAIDLAW,
James.
“Through
a
glass,
darkly”.
HAU,
6(2):
17-‐24,
2016.
RUTHERFORD,
Danilyn.
“The
grey
zone”.
HAU,
6(2):
25-‐28,
2016
ORTNER,
Sherry
B.
“Historical
context,
internal
debates,
and
ethical
practice”.
HAU,
6
92);
29-‐39,
2016.