Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
de Pós-Graduação em
(RE)
Sociologia
FAZENDO da UFPE,
A MATÉRIA:
v. 13, n. projeto
2, p. 35-66
e seleção
Resumo
Esse texto examina as raízes da reorganização da matéria em física, biologia
e química. Ao tentar entender a qualidade física de processos biológicos, o
ensaio O que é a Vida? O aspecto físico da célula viva (1944) marca uma
‘virada materialista’ na biologia. De modo similar, ao propor um algoritmo
de imitação de processos celulares de auto-organização e auto-agregação, o
trabalho de John von Neuman em matemática e física teórica assinalam
‘uma virada bio-mimética’ nas ciências físicas. As duas ‘viradas’ contribuem
com uma ampla reorganização da matéria através da projeção, controle e
manipulação de ‘matéria complexa’. Sujeitos às vagas de sínteses químicas e
ao imperativo evolucionário, essas intervenções tecnológicas implicam um
movimento em direção a modelos abertos de noções de projeto e controle do
tipo ‘de baixo-para-cima’. Neste ponto, eu foco particularmente em noções
de nanotecnologia largamente articuladas como possibilitando, e também
dependendo de, ‘controle sobre a estrutura da matéria’ e da capacidade de
manipular de modo preciso a matéria em escala atômica. Essa visão da
manufatura em escala atômica – ‘de baixo-para-cima’ – quando associada a
possibilidades radicais e especulativas da ‘maquina molecular’, tem se tornado
uma abordagem predominante na fabricação de nanoestruturas ‘por projeto’.
Ao considerar as ramificações sociais e éticas da tecnologização da matéria,
eu proponho uma política não-conseqüencialista para a nanotecnologia.
Palavras-chave
Ética não-conseqüencialista. Nanotecnologia. Manipulação atômica.
35
Matthew Kearnes
Abstract
This paper examines the roots of this re-organisation of matter in physics,
biology and chemistry. Erwin Schrödinger’s essay What is Life? The Phyiscal
Aspect of the Living Cell (1944) signalled a ‘materialist turn’ in biology in
the attempt to understand the physicality of biological processes. Similarly
John von Neumann’s work in mathematics and theoretical physics signals a
‘bio-mimetic turn’ in the physical sciences with the algorithmic imitation of
cellular processes of self-organisation and self-assembly. Both these ‘turns’
contribute a broad re-organisation of matter through the design, control and
manipulation of ‘complex matter’. Subject to the vagaries of chemical
synthesis and the evolutionary imperative in biological processes such
technological interventions also entail a move toward open models of ‘bottom-
up’ notions of design and control. Here I focus in particular on widely
articulated notions of nanotechnology as enabling, and depending upon,
‘control over structure of matter’, and the ability to precisely manipulate matter
at the atomic scale. This vision of atomic manufacture – from the bottom up
– once associated with radical and speculative possibilities of ‘molecular
machinery’, has become a mainstream vision of fabricating nanostructures
‘by design’. In considering the social and ethical ramifications of the this
technologisation of matter I advance a non-consequentialist politics of
nanotechnology.
Keywords
Non-consequencialist ethics. Nanotecnology. Atomic manipulation.
1 Introdução
36
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
1
NT: Utilizamos aqui a tradução feita por Roberto Raposo da obra de Arendt, publicada
pela Forense-Universitária, 10. ed., 2000.
37
Matthew Kearnes
38
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
2
As tentativas recentes de caracterizar a amplitude das preocupações sociais associadas à
nanotecnologia têm buscado distinguir entre implicações sociopolíticas amplas e questões
mais restritas sobre risco ambiental e humano associados com as novas nanotecnologias.
Em consonância com isso, Renn e Roco (2006) distinguem dois quadros de “debates de
risco”, nos quais perguntas mais restritas de toxicologia ambiental seriam tratadas por
metodologias existentes de avaliação de riscos e preocupações sociopolíticas mais amplas
através de discussões políticas e consenso.
39
Matthew Kearnes
3
Meus agradecimentos ao Alfred Nordmann pelas conversas sobre este ponto.
40
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
2 Sonhos da nanotecnologia
41
Matthew Kearnes
42
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
4
Houve tanta proliferação de tais roadmappings e foresightings, que uma crítica das
possibilidades de uma “roadmapping congestion” e falta da claridade emergiu ( Smith, no
prelo).
43
Matthew Kearnes
3 Discursos de controle
44
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
45
Matthew Kearnes
5
“Não há nada menos importante para um homem livre do que pensar sobre a morte; sua
sabedoria é meditar não sobre a morte, mas sobre a vida.” (Spinoza, Ethics, 1677, p. IV,
prop. 67).
46
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
6
Ver também Cooper (1983).
47
Matthew Kearnes
4 Projeto e evolução
7
O filme de ficção científica dos anos 1960 em que um submarino miniaturizado é injetado
no cientista Jan Benes.
48
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
8
Ver também Foucault (1990).
49
Matthew Kearnes
9
Ver, por exemplo, a excelente publicação do debate entre Eric Drexler e Richard Smalley:
Smalley (2001, 2003a, 2003b); Drexler (2003a, 2003b).
50
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
10
Neste contexto o recente conhecimento geográfico em matéria e materialidade acentuou
a significação que Kearnes (2003, p. 149) chamou de “o capricho expressivo da matéria”
(ver também Anderson e Tolia-Kelly, 2004) como expressão da agência material que evita
formas de determinação técnica.
51
Matthew Kearnes
11
Ver Ansell-Pearson (2002) para uma análise tanto de James como de Bergson na noção da
continuidade.
52
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
12
Respectivamente, Engineering and Physical Sciences Research Council, Biotechnology and
Biological Sciences Research Council, Biotechnology and Biological Sciences Research
Council, Medical Research Council e Ministry of Defense.
13
Todos os nomes ficaram anônimos.
53
Matthew Kearnes
54
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
14
Por exemplo, Renn e Roco (2006) sugerem que o desenvolvimento da nanotecnologia
pode ser separado em quatro etapas ou gerações: 1ª geração: nanoestruturas passivas, a
partir de 2000; 2ª geração: nanoestruturas ativas, a partir de 2005; 3ª geração: nano-sistemas
55
Matthew Kearnes
56
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
57
Matthew Kearnes
58
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
Agradecimentos
59
Matthew Kearnes
Referências
60
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
COOPER, N. G. 1983. From Turing and von Neumann to the present. Los
Alamos Science, p. 922-927.
61
Matthew Kearnes
62
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
______ et al. 2006. From bio to nano: learning lessons from the agriculture
biotechnology controversy in the UK. Science as Culture, v. 5, n. 4, p. 291-
307.
63
Matthew Kearnes
64
(RE) FAZENDO A MATÉRIA: projeto e seleção
ROSE, N. 2001. The politics of life itself. Theory, Culture & Society, n. 18,
p. 1-30.
______. 1992. The genesis of the individual. In: CRARY, J.; KWINTER,
S. Incorporations. New York : Zone Books.
65
Matthew Kearnes
66