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Sumário

Prólogo
1 Vozes
2 Vozes
3 Visita Inesperada
4 Viagem ao Desconhecido
5 Encontro Desajeitado
6 Dorien
7 Neutros
8 Invasão
9 Deserto
10 Invasões e Traições
11 Sucumbindo
12 Diana
13 Poder Máximo
14 Casamento
15 Intenções e Traições
Epílogo
O conteúdo apresentado nesta obra é meramente ficcional, nenhum dos
acontecimentos citados são de cunho verídico.
Cuidado, ao ler este livro você pode se apaixonar, mas já aviso que nem mesmo o
amor pode salvar uma vida de péssimas escolhas e que traições podem ocorrer
dos que menos esperamos.

Estejam avisados e tenham uma ótima leitura.

"Dorian e Dorien são os mesmos personagens, apenas joguei com a forma de


escrever o nome do mesmo"
“Ouça enquanto desfruta desta
incrível aventura, as músicas estão
em ordem aleatória!”
Prólogo

á muito tempo existia uma Vorthander de paz, onde o


povo se apoiava e buscava ajudar um ao outro, mas em uma noite
fria, uma névoa avermelhada passou e tocou cada um de seus
habitantes, os separando.
De início nada havia mudado, mas foi com os acidentes que
o povo começou a temer um ao outro e para que uma guerra não
ocorresse, a famíliareal Voortham decidiu que cada povo iria ficar
em um canto de Vorthander.
Os que ficaramcom o sangue vermelho, foramcondenados a
ficar no lado mais quente do reino, o Norte, já os que tinham seus
sangues brancos, foram chamados de os neutros e ficaram no meio
do reino, entre o Sul e o norte e os que tinham o sangue azul foram
condenados ao lado mais frio do reino, o Sul.

Porém não foi apenas o sangue do povo que foi modificado,


cada povo foi amaldiçoado ou presenteado com duas pessoas
imortais e com dons vindos da magia proibida, o povo do Norte foi
presenteado com um casal de gêmeos, Diana Wilxes, conhecida
como a estrela caída, por sua beleza sem igual e seu dom de
compaixão e caridade sem igual e portadora da vida e Dorian Wilxes
o Portador da morte, com uma beleza sob humana e o coração mais
gélido que o Sul.

O povo do meio foi abençoado com o filho do rei e da rainha,


Klaus Voortham, conhecido como a força da noite, um jovem que
conseguia controlar a paz entre os reinos, mas que também
carregava a escuridão dentro de si, abençoado com o maior dom de
todos, o de controlar tudo e todos ao seu redor e amaldiçoado a
ficar sem um coração dentro de si, pois toda a escuridão da noite já
havia o sugado.

O Sul foi abençoado com um casal de gêmeos, Gaia


Monterro, a ceifadora da mente, escondida através de um capuz e
com uma beleza ainda não vista, com um único olhar pode controlar
a mente de qualquer um que quiser e até mesmo enlouquecer seu
pior inimigo e Gomeu Monterro, conhecido como o pescador de
almas, seu trabalho e dom era levar as almas recentes a seu
caminho e ajudá-las a resolver os problemas inacabados, ele
também é quem escolhe o destino daquela alma.

Com o povo neutro no meio, os outros reinos ficam impedidos


de realizarem uma guerra e por esse mesmo motivo ficam
separados, os únicos que são permitidos de atravessar a fronteira
são os Amaldiçoados ou os Celestiais, conhecidos como os
portadores dos dons, ele tem essa permissão pela obrigação de
ajudar o outro povo quando necessário, isso porque um povo
sempre precisa do serviço do outro, mesmo sendo distintos de
sangue.
O povo do Norte é o que menos aceita as regras do povo
neutro, isso porque com um golpe Dorian tinha aquele ar sombrio
que me puxava feito imã, foram poucos dias para nos entregarmos
de vez ao desejo, foram poucos dias para noivarmos e decidirmos
que com essa união iriamos unir os dois reinos e assim manter a
paz novamente.

Dorian conseguiu ser nomeado o líder do povo e como


portador da morte, as coisas não ficaram muito fáceis nesses
tempos, o povo do Sul foi reduzido a no máximo duas famíliase o
povo neutro continuou intacto, Klaus conseguiu apenas salvar o seu
povo, pois enquanto atacavam eles o povo do Sul já havia sido
dizimado.

As duas casas que restaram com sobreviventes foram os


protegidos de Gaia, que com seus dons conseguiu enlouquecer os
soldados do Norte, mas por serem muitos de uma vez, acreditam
que a loucura dominou sua mente, pois muitas vezes foi pega
conversando sozinha e discutindo com um ser que ninguém poderia
ver.

Seu irmão Gomeu foi levado pelos soldados e preso no


Norte, assim como Klaus, Dorian agora tinha os outros dons em
suas mãos e Gaia estava sozinha com as vozes em sua cabeça e
uma família que mantinha distância dela, pois mesmo estando
gratos pelo que fizera o medo habitava o coração deles e Gaia
acreditava que estaria melhor sozinha mesmo, até que encontrasse
seu irmão e descobrisse os motivos que levaram seu noivo a
cometer a atrocidade de destruir um povo todo.
1 Vozes

udo o que meus pais mais queriam era um único filho, porém
por forçado destino, ou por pura forçamágica, eles tiverem a mim e
a meu irmão, o que foi de grande surpresa a minha mãe, pois
enquanto ela estava tendo duas crianças, os Wilxes também
estavam tendo duas crianças, éramos os primeiros casos de
gêmeos dentro de Vorthander e os primeiros a serem amaldiçoados
também.

Depois de sermos separados por nossa cor de sangue, tive


que aprender a atravessar os neutros para ir ajudar os do Norte,
mais conhecidos como Vermelhos, sempre que algum ser estava
prestes a atacar eu era chamada para enlouquecê-lo ou colocar em
sua mente que ele teria que se matar, mas aos poucos isso foi
mudando, eu atravessava os reinos para vê-lo, eu o amava.
Dorian tinha aquele ar sombrio que me puxava feito imã,
foram poucos dias para nos entregarmos de vez ao desejo, foram
poucos dias para noivarmos e decidirmos que com essa união
iriamos unir os dois reinos e assim manter a paz novamente.
Mas ele tinha em seus planos coisas que eu jamais pude
imaginar, nosso reino abaixou a guarda, todos estavam
extremamente felizes com essa possível união e então naquela
noite os ataques começaram.

Os soldados eram formados por metade demônios e metade


Orcs, eram muitos e rapidamente nosso reino foi ficando apenas
destruição, meu irmão foi sugado pelas sombras daqueles
demônios, os Orcs ficaram para acabarem com o trabalho deles,
mas uma força desconhecida havia me tomado, como se eu
estivesse sendo possuída e aos poucos todos os Orcs estavam
mortos, todos haviam enlouquecido pelo meu poder e se matado,
porém de nada adiantou, apenas uma famíliahavia ficado viva e
mais que depressa fugiram para o reino dos Neutros.
Enquanto atravessava e cruzava caminhos para chegar ao
reino dos Vermelhos para implorar por ajuda, tive que passar pelos
Neutros e foi lá que descobri que aquele exército era de Dorian tinha
aquele ar sombrio que me puxava feito imã, foram poucos dias para
nos entregarmos de vez ao desejo, foram poucos dias para
noivarmos e decidirmos que com essa união iriamos unir os dois
reinos e assim manter a paz novamente.

acho que descobrir isso e me esforçar muito me


sobrecarregou, porque desde aquela noite, não havia mais controle
com meu dom e as vozes em minha cabeça surgiam a todo
momento em que eu não estava fazendo nada, havia enlouquecido
para salvar a única famíliade sangue azul a famíliaque não poupou
esforços a me abandonar do lado Sul.
Desde que tudo ocorrera eu voltei a morar no Sul, não
haviam família
s lá e nem mesmo um meio de sustento, as dracons
eram nossas moedas, em todo o reino e para que eu não morresse
de fome ou frio, os neutros vinham todas semana recolher os
dracons que haviam sido deixados pelo povo morto e me deixar
alimentos, porém nunca ultrapassavam os portões, tinham medo de
mim, tinham medo de terem o mesmo destino de meu povo.

O medo é a maior proteção do ser humano, porém nunca se


deve deixá-lo dominar ou podemos vir a cair em um buraco sem fim,
um vazio profundo.

Eu não estava totalmente sozinha na vila, as fadas da


natureza sempre apareciam para me fazer companhia, Camélia era
a que vinha com mais frequência, tinha medo de me deixar sozinha
e eu enlouquecer permanentemente, essas fadas eram seres de
boa harmonia, sempre de paz, porém se precisasse de algum favor
elas cobravam algo em troca, nunca faziam de bom grado, nunca
ajudavam as pessoas sem algo em troca, pois não acreditavam no
bem sem olhar a quem.

— Olá, Gaia

— Camélia, veio cedo hoje!

— Bom, eu estava vagando pelo deserto de Vorthander


quando me deparei com um ser caído na areia, claro que ele me
pediu um grande favor e por isso estou aqui!

— É mesmo? E que tipo de ser era esse? Cobrou o que dele


dessa vez, Camélia?
— Ele era um amaldiçoado, me pediu para entregar uma
carta a você!
Um amaldiçoado? Como poderia ser? A não ser que fosse
Gomeu ou Klaus, ou poderia até ser Dorian tinha aquele ar sombrio
que me puxava feito imã, foram poucos dias para nos entregarmos
de vez ao desejo, foram poucos dias para noivarmos e decidirmos
que com essa união iriamos unir os dois reinos e assim manter a
paz novamente.
tentando me atrair para uma armadilha, porém eu jamais
saberia, não pegaria essa carta, jamais iria usar meus dons
novamente, seja para bem ou para destruição.
— Bom, não me importa quem seja Camélia, apenas jogue
fora a carta e me deixe terminar meus afazeres!

— Não posso, sabe que depois que recebo tenho que


cumprir minha missão, então deixarei em sua casa! Leia a carta
Gaia, talvez ali esteja a resposta de todas as suas perguntas!

— Obrigada Cam, agora se me der licença!


Deixei a pequena fagulha de brilho para trás e fui para o lago
lavar minhas roupas, meus dias de mulher estavam chegando,
mesmo sendo uma imortal eu ainda tinha que conviver com todo
aquele sangue durante três dias, eram os dias que eu mais ficava
sensível e desprotegida, era quando as vozes ficavam ainda mais
altas.

Para saber de quem era, porém, receosa, poderia ser uma


notíciaruim ou até mesmo algo que me daria grandes esperanças e
depois as destruiria também.
De repente a voz que eu tanto conhecia ecoou em minha
cabeça, era fina, delicada, entretanto eu a odiava com todas as
minhas forças, tentei focar apenas nas roupas e no barulho da água,
porém era impossível, quanto mais eu tentava ignorar, mais ela
ficava alta e irritante.
Larguei os panos nas margens do rio e fui caminhando para
os destroços da vila, ali eu poderia deixar meus gritos saírem sem
que chegassem aos ouvidos dos Neutros.
— Gaaiaaa

Ela vinha como uma espécie de sussurro, que sendo


ignorado ficava cada vez mais alto, ela só parava quando eu
começava a gritar, eu não queria ouvir, não queria saber o que o
mundo inferior estava me dizendo, não iria ajudar mais ninguém e
não me deixaria ser abandonada novamente.

— Gaiaaa, você precisa nos deixar entrar...

Minhas pernas já começavam a doer, parecia que quanto


mais desesperada eu ficava,mais longe ficavamos destroços, a voz
vinha aumentando a cada passo que eu dava, ela sabia o que eu
iria fazer, tentava me impedir todos os dias, mas eu iria silenciá-la,
eu estava chegando lá, conseguiria terminar meus afazeres do dia.
— Gaia eles precisam de você, nos deixe entrar...

Ao por meus pés nos destroços que ficavam atrás das


grandes montanhas de neves deixei meu corpo cair no chão e o
grito preso sair de minha garganta, ela queimava, assim como meus
ouvidos, que tapei com as duas mãos, o grito vinha desesperado e
poderia matar qualquer ser humano que estivesse ao meu lado ou
apenas o deixar surdo, o grito dessa vez estava tão forte que aos
poucos as montanhas ao me redor foram criando rachaduras entre
elas e então a neve veio escorregando por elas e cobrindo todo o
chão ao meu redor, sem que eu percebesse uma camada caiu por
cima de meu corpo e então o grito foi cessado por um apagão.
2 Vozes

uitos temem a morte, mas será que ela deve mesmo ser
temida? Aos meus olhos, ela é apenas uma amiga da vida, que de
mãos dadas fazem seu trabalho sem brigas ou temores, para se
morrer, basta viver.
Enquanto tentava me desvencilhar de toda aquela neve,
meus olhos se mantinham fechados, quanto mais força eu fazia
para não ouvir as vozes, mais eles ficavam fechados, era como se
estivesse em um pesadelo, entretanto, eu estava acordada, então
não tinha uma forma de escapar.

Abri meus olhos encarando o pequeno buraco que havia feito


na neve, não era tão grande, mas o suficiente para passar meu
corpo, prendi mais minha respiração e entrei no mesmo, com
metade do corpo para fora peguei a pequena fada me encarando.

— Olá novamente...

— Vai ter um momento Gaia, que seus gritos vão acabar


matando alguém! — sua voz soou sincera.

— Bom, é justamente por esse motivo que eu vivo sozinha,


mas acho que você já sabia disso!
— Não, você vive sozinha porque sua vila, seu povo e as
pessoas que você amava, foram mortas!

As fadas eram conhecidas também pela sua sinceridade,


falavam tudo o que pensavam sem ensaios, mas se fosse preciso,
apenas se fosse preciso, elas mentiam e suas mentiras dificilmente
eram descobertas, a não ser que elas mesmas confessassem.

— Bom, é algo que você não precisava ter me lembrado


Camélia!

— Gaia, você precisa ler a carta e precisa aprender a escutar


essas vozes! A magia nos foi dada por algum motivo e se essas
vozes estão lhe chamando, significa que alguma coisa elas querem
de você! — seu tom de voz agora era elevado.

— Olha Camélia, eu não me importo com aquela carta ou


com a pessoa que mandou! Ela pode ser muito bem uma armadilha
de Dorien e eu não vou cair! E quanto as vozes, que elas procurem
outra pessoa, porque eu não ajudarei em nada que elas desejam!

— Se Dorien a quer pegar é só questão de tempo para que


ele atravesse o Norte e os Neutros, ele não precisa de armadilhas
Gaia! — sua voz agora trazia tristeza. — Por favor, faça isso por
mim, sou a única fada que ainda acredita que ele pode ser
derrotado e sua única amiga ainda viva!
A fada agora já não estava ali, ela aparecia e desaparecia na
mesma velocidade, eu não queria ter envolvimento em nada que
fosse do cunho mágico, desde que usara meu dom para proteção
daquela única família,eu havia ficado totalmente louca, eu poderia
ter feito mais? Por que eu não tentei ajudar antes? Talvez eu só
estivesse fugindo da culpa.

Voltei a passos lentos até o lago que agora estava totalmente


congelado, a magia do Sul era estranha, durante o dia o lago ficava
em sua forma líquida, porém quando a noite vinha caindo ele se
congelava por inteiro, como se fosse vivo, ou algo do tipo.
Minhas roupas e panos estavam dobrados no chão ao lado
da cesta, era sempre assim, sempre que sumia, minhas coisas
apareciam limpas e arrumadas, como se de alguma forma, não
tivesse apenas Camélia ao meu lado, era como se toda a natureza
do lugar estivesse tentando me mostrar que tinham vida e que
estavam comigo ou eu estava realmente louca.

— Vamos ler essa carta Gaia, mas sem se deixar abater ou


criar esperanças. — Pensei em voz alta.

Peguei os tecidos e joguei dentro da cesta, adentrei o


amontoado de casas abandonadas e senti o peito arder, nossa vila
era sem sombra de dúvidas a mais alegre e bonita de todo o reino,
vivíamos tendo festas, músicas todos os dias e a fogueira central
era sempre abastecida por todo o povo e por esse motivo ela vivia
sempre grande e brilhante, hoje era apenas uma pequena fogueira
abastecida vezes por mim e vezes pelas fadas que tinham dó do
que eu havia me tornado.

Haviam dias que eu não conversava com um ser humano,


talvez meses, eu não contava mais, tinha medo de voltar a me
assustar com a quantia e enlouquecer de vez. Adentrei minha casa
e coloquei o cesto em cima da grande mesa, que antes era farta de
comida e minha famíliaao redor e agora vivia vazia, porque eu não
tinha coragem de sentar sozinha, sabia que se fizesse isso, em
algum momento iria desabar de vez.
Subi a escada que levava ao andar dos quartos e parei na
metade para observar as pinturas da minha família, deixei as
lágrimas rolarem por minha face e senti aquele arrepio familiar, ele
vinha sempre antes das vozes surgirem em minha cabeça, eu não
podia me deixar levar pelas emoções que elas voltavam, eu tinha
sempre que estar ocupando a mente, para que elas não tivessem
tempo de me oportuna.
— Gaaaaiaaa, nos deixe entrar...

— Me deixem em paz! Eu não quero vocês aqui, me deixem


sofrer meu luto!

— Gaaaaiaaa, não pode sofrer de algo que não existeee —


O sussurro veio mais alto.

Tornei a subir a escada e adentrei a primeira porta, era meu


quarto, desde que tudo acontecera os outros quartos ficavam
fechados, a coragem de adentrar neles era pouca, principalmente o
quarto de minha pequena e caçula irmã, Giulia, ela havia sido morta
junto de minha família,lembro de ter entrado apenas uma vez em
seu quarto e foinaquela noite, havia sangue azul tingindo a madeira
da parede e do chão, ela era apenas uma criança.
— Uma criança, minha irmã... Ele podia ter poupado minha
família,não perdi apenas minha família,perdi o homem que um dia
amei... O perdi para a cegueira, para o poder, perdi absolutamente
tudo! — Minha voz saiu alta entre os diversos soluços.
— Gaaaaiaaa, você também é apenas uma criança... Nos
deixe entrar, deixe – nos lhe mostrar!

Tapei meus ouvidos com força e deixei os soluços tomarem


conta do ambiente, eu não queria enlouquecer, não queria estar
mais sozinha, não queria esse dom e nem essa vida. Retirei as
mãos dos ouvidos e peguei a pequena adaga na escrivaninha,
passei os dedos pelo punhal que era cravejado de pedras azuis,
assim como meus olhos e meu sangue, segurei a mesma com as
duas mãos e as ergui para cima, com um movimento rápido a enfiei
em minha barriga, a dor era ainda menor do que a dor que eu sentia
no meu coração, retirei a adaga da barriga e deixei o sangue
escorrer pelo chão, a poça foi ficando cada vez maior e meus olhos
mais pesados, deixei meu corpo cair de vez e sorri, assim teria
meus minutos de paz.

Eu não sabia ao certo quanto tempo levava para reviver, mas


quando isso acontecia eu acordava com a luz do sol, a dor de
reviver era maior do que a da morte, era como se eu estivesse a
muito tempo sufocada e então a respiração voltava, desde que
ficara sozinha, essa era a oitava vez que tentava morrer
definitivamente, porém era impossível e por isso eu sabia que
Dorien jamais seria derrubado.

Me levantei do chão e peguei o envelope da mesinha, com


pressa abri o mesmo e retirei o papel de dentro, desdobrei – o,
porém não o li, eu estava com medo do que poderia estar escrito,
me assustava mais do que me apunhalar com uma adaga, passei
meus olhos pelas cores da letra e entortei a cabeça, havia sido
escrito com uma espécie de tinha branca, levei o papel amarelo ao
nariz e inspirei, era sangue, havia sido escrito com o sangue de um
Neutro.

Querida Gaia.
Sinto por estar escrevendo apenas agora,
mas não tive outro momento, foi de extrema
dificuldade escapar das garras de Dorian.
Não sei como, porém de alguma forma ele
conseguiu um meio de sugar nosso dom e usá-lo de
outra forma, meu dom sempre foi o de manter a paz
entre as pessoas, mas de alguma forma Dorien
conseguiu guerras com outros reinos e estão os
tomando aos poucos!
Gomeu está o ajudando por vontade própria,
assim como Daiana, eles acreditam que Dorian está
certo em sua forma e posicionamento e por isso foi
tão dificultoso fugir do Norte!
Eu me encontro preso em um tipo de deserto
feito pelas fadas do sol, elas não trabalham para
Dorian, porém não conseguem confiar em minhas
palavras, vão me soltar apenas se você vier
pessoalmente ao meu encontro! Porém peço que
não venha, o próximo passo de Dorien é ir
pessoalmente ao seu encontro, ele a quer como uma
aliada fiel, acredita que seu amor por ele vai fazer
você ficar ao seu lado, ele sabe que seu poder está
acima do dele e por isso a teme!
Então este não é um pedido de resgate, mas
sim um pedido de ajuda, ajude os Neutros contra os
soldados de Dorian, treine seu dom e o destrua, eu
encontrei uma forma de matar os imortais, está no
castelo de minha família, encontre isso e o mate
Gaia...
Ps: Eu ainda amo você e irei esperar por toda
eternidade...
De seu Klaus.
3 Visita Inesperada

u ainda não sabia como me sentir com a carta e com o fato


de Nick estar longe das garras de Dorian, havia imaginado que
Dorian o mataria, pois Nick nunca quis esconder sua paixão por
mim, ele sempre havia sido meu amigo, porém o olhar sombrio e o
modo em que Dorien se comportava me fascinavam e eu havia
colocado em minhas prioridades que faria ele sentir amor, que um
homem com o coração peludo iria sim amar, que eu conseguiria
tornar seu coração bom, vi o estrago que isso me causou, que
causou a todos.

Deixei a carta na cama e me prontifiqueia preparar algo para


comer, sabia que em breve meus suprimentos acabariam e eu teria
que mandar uma carta para o povo Neutro, por continuarem
produzindo e caçando, eles eram meu único meio de sustento, me
sentia uma inútil tendo que depender assim de um povo, entretanto,
quando tentava caçar, as vozes invadiam minha cabeça e por conta
disso eu acaba perdendo minha presa e no Sul é bem difícil
encontrar animais fora de suas tocas.
Retirei do armário um pequeno pedaço de pão e me sentei na
porta e pela primeira vez depois do que aconteceu, a fogueira
central estava apagada, com estranheza larguei o pedaço de pão e
fuiem direção a ela que estava em gelo puro, como se a magia que
a mantinha acesa a tivesse abandonado.

— As fadas do fogo a abandonaram! — disse Camélia


aparecendo.

— Elas prometeram que deixariam a fogueira acesa...

— E você havia prometido a elas que nunca mais usaria a


adaga em você! Às vezes acredito que meu povo está colocando a
fé em uma pessoa errada! ¬— disse com decepção.

— Eu nunca pedi que colocassem fé em mim Camélia, pelo


contrário, eu sempre demonstro que não quero mais me envolver
com meu dom, mas vocês parecem não ouvir!
A pequena me encarou com certa decepção e logo pousou
no pedaço de gelo que era a fogueira central, eu sabia que estava
errada e que havia quebrado uma promessa, porém eu precisava
fazer, precisava ao menos dormir um pouco, sem precisar escutar
aquelas vozes.

— Você ao menos leu a carta? — perguntou em tom de


desânimo.

— Sim, é de Nick! Ele está preso no reino das fadas do


deserto!

— Pobrezinho, só vai sair de lá quando uma fada morrer, o


que acontece a cada 10 mil anos ou quando uma fada é traída! —
disse em tom risonho.
Optei por ignora-la, neste momento eu estava tentando
imaginar como acenderia a fogueira novamente, eu não havia
cortado mais lenha e toda a madeira que tinha eu já havia
abastecido ela para durar meses, claro que com a ajuda da magia
das fadas e agora eu teria que dar meu jeito para acende-la.

¬— Não vai me dizer o que a carta diz? — sem tom era


curioso.

¬ — Eu já disse Camélia! Nick está preso e...


— Acredito que tenha mais, ou não estaria tão pensativa!
Neste momento as vozes já estariam em sua cabeça, mas não
estão e isso significa que algo a incomoda! — seu tom havia sido
elevado.

Caminhei em direção a casa que pertencia a famíliade nosso


líder e adentrei, era uma das maiores casas da vila, sempre bem
arrumada e cheia de conforto,hoje era apenas mais uma casa cheia
de sangue azul e vazia de almas, me sentei na cadeira acolchoada
e encarei a fada que havia me seguido.

— Nick disse que as fadassó vão liberta-lo se eu forlá, disse


também que encontrou uma forma de matar Dorien e que por isso
quer que eu vá para casa dele e encontre seu pergaminho...
— Apenas isso? Por que parece que em seu olhar há um
traço de esperança e medo? ¬— perguntou baixo.
Passei os dedos por meus cabelos e tive uma pequena
dificuldade em retira-los do mesmo, pois era um emaranhado de
cachos sem lavagem e um penteá-los, retirei meus dedos dos
mesmos e encarei o chão, estava com medo do que poderia
confessar, mas isso estava preso em minha garganta a tanto tempo,
eu precisava tirar das costas.
— Ele disse que ainda me ama... E eu jamais imaginei que
depois de todo esse tempo, que depois de todo esse tempo, ainda
teria alguém nesse mundo que me ama! Mas dói muito saber disso,
porque eu também o amo, sempre amei, mas escolhi ficar com o
amor que Dorian me dava, escolhi fingir que amava apenas ele... E
eu sei que não posso ser egoísta e aceitar o amor de Nick agora,
porque eu estaria o usando para curar uma ferida feita por outro! —
disse entre soluços.

— Mas não é disso que se trata o amor? Deixar outra pessoa


lhe ajudar a curar um ferimento feito por um ser sem alma? —
perguntou ela.
— Eu não sei, não conheço muitos tipos de amores!

— Mentira, você conheceu o amor fraternal, Gomeu e Giulia


sempre a amaram e sempre a admiraram! Conheceu o amor
paternal, seus pais sempre se orgulharam da mulher que estava se
tornando, mesmo temendo que um dia você se tornaria uma pessoa
ruim, eles te amavam muito! Conheceu o amor tóxico, Dorian lhe
mostrou o pior lado de se entregar de corpo e alma e ser traída!
Agora você precisa conhecer o amor de verdade e quem sabe seja
com Nick, porém para isso você precisa se permitir e resolver os
seus problemas! — ela disse com sabedoria.
Coloquei a cabeça entre as mãos e chorei, gostaria de ter
meu irmão ao meu lado, deitar minha cabeça em seu ombro e ouvir
o quanto eu era amada e o quanto eu precisava me aceitar e
reconhecer minha força, eu o amava tanto, sentia tanto sua falta e
agora a notícia de que ele estava ao lado de Dorian, eu iria tirar
Gomeu das mãos dele.

— Irei ao deserto atrás de Nick, depois vamos juntos atrás de


Dorian!
— Seja inteligente Gaia, você terá que passar pelo reino dos
Neutros para chegar ao deserto, então pegue esse pergaminho e
depois vá ao deserto! Se mostrar as fadasque você tem algo contra
Dorian, será mais fácil convencê-las de libertar seu amigo! E eu irei
com você, elas me adoram e você precisa de uma ajudinha para
não destruir os Neutros com seus surtos! — sorriu ao terminar.
— Nos vemos quando o sol se pôr!

Deixei o ponto de luz sozinha e fui para minha casa,


precisava de uma bolsa para essa viagem, eu não podia morrer,
porém meu medo era encontrar meu amado irmão e não ter forçaso
suficiente para tira-lo das garras de Dorien, que sempre tivera bons
argumentos e formas diferentes de se convencer uma pessoa.

Eu não tinha muitas coisas, mas coloquei dentro da bolsa


alguns pedaços de frutas e minha adaga, talvez precisasse dela e
era uma forma de não usar meu dom, uma forma de não terminar de
enlouquecer, amarrei meu cabelo em um coque e passei pelo
pescoço meu colar, era um girassol, suas pétalas eram amarelas,
porém o miolo era de um azul escuro e o contorno das pétalas
também, ele refletia todo seu brilho no escuro, ficava igual a lua,
sempre bela e brilhante.

Me sentei no banco acolchoado de frente a grande mesa e


em seguida me deitei, fecheios olhos por alguns instantes e esperei
para ouvir as vozes sussurrantes, entretanto o que aconteceu foi
mais assustador do que as vozes, me vi em lugar escuro e com
apenas uma luz no fim, me virei para todos os lados tentando
entender o que poderia estar acontecendo, mas parei no instante
que aquela voz grave e sedutora adentrou em meus ouvidos.
— Eu te procurei, por todos os lugares! Invadi aldeias para
encontrá-la e cá estamos nós minha obsessão. — disse ele.
Senti minha respiração pesando e prendi a mesma me
virando, era ele, mas como poderia? Eu estava em casa neste exato
momento e agora ele estava bem a minha frente, toquei meu braço
e puxei a pele, com a dor eu poderia acordar desse sonho.
— Não é um sonho Gaia, apenas uma forma que encontrei
de me comunicar com você! Todo esse tempo e você continua viva
e nessa vila abandonada! — continuou.

— Eu...

Minha voz saiu pior do que eu pudera imaginar, como se eu


estivesse engasgando e chorando ao mesmo tempo e talvez eu
estivesse chorando, porém não queria levar as mãos ao meu rosto e
limpar as lágrimas, tinha medo de fazerqualquer outro movimento e
ele fazer algo ou sumir.
— Como pode ver eu aprendi muitas coisas com minha
maldição ou, meu dom! Como portador da morte eu elevei meu dom
ao máximo dele e agora posso caminhar entre o mundo reverso,
esse que seu irmão controla e foi por isso que lhe encontrei!
Ele elevou seu braço em direção ao meu rosto o tocou, senti
os pelos do meu corpo se arrepiarem e encarei seus olhos pretos,
ele era o único do Norte que tinha olhos pretos e não vermelhos
como o de seu povo, seu cabelo preto combinava com os olhos,
mas as roupas não, ele sempre optou por usar branco, nunca o
tinha visto com uma roupa preta, ele detestava.
— Não vai dizer nada? Como eu disse antes, foi muito difícil
de encontrá-la, acredito que algum ser lhe protegia com magia... Ou
algum objeto!

Ele encarou o colar e como reflexo levei a mão ao mesmo,


mas eu acreditava que não era o colar que me protegia e sim a
fogueira,quando as fadasdeixaram de usar sua magia nela e ela se
apagou, a barreira que me protegia e me escondia dele também
havia quebrado.

— Por que atacou a vila? Meus pais estavam lá, meus


irmãos...

— Ah minha obsessão, infelizmente eles faziam parte do


processo! O processo de enlouquece-la — disse sorrindo.
Me afastei de seu toque o encarando com descrença, meus
olhos percorreram todo o seu rosto em busca de algo que me
mostrasse que era mentira, mas não havia nada, apenas seu belo
sorriso de canto e o vazio de seus olhos negros.

— Infelizmente eu não consigo ficar muito neste plano, então


se apronte, meus homens estão indo busca-la! Irei ajudá-la a chegar
ao máximo de seu dom Gaia e juntos vamos ser os seres mais
poderosos do universo! Apenas aguarde como uma boa menina e
não tente fugir!
Sua voz ia sumindo enquanto ele caminha para o claro, mordi
meus lábios e tentei gritar e xingar, mas tudo o que saiu de minha
garganta foi um soluço alto, engoli a saliva com força e percebi que
estava de volta a sala encarando a grande mesa, Camélia me
encarava com estranheza.

—Gaia, o sol já se pôs


— Temos que ir, Dorien está mandando seus homens atrás
de mim! — eu disse em desespero.

— Como ele sabe que está viva e como você sabe que ele
está vindo? — sua voz era de medo.

— Ele usou o mundo reverso para entrar em meu sonho!


Continuamos a conversa no caminho!

Me levantei do banco e saí de casa, deixando todas as


lembranças de minha famíliae minha vida, fui de encontro em
direção ao desconhecido e fugi de meu maior medo, o medo de ficar
ao lado de Dorian novamente.
4 Viagem ao Desconhecido

nquanto caminhávamos para fora não podia parar de pensar


nas coisas que Dorien falou e em como havia me tocado, em meu
interior eu imaginava que nunca mais me sentiria a mesma com seu
toque, mas havia me enganado, tudo o que havia planejado dizer ou
fazer contra ele, falhou, fui fraca.
— Sabe, Dorien ter lhe visitado não foi estranho? Afinal lhe
deu tempo para fugir! — disse em tom sério.

— Acredita que poça ser uma armadilha? — indaguei.


— Não sei muito bem, porém não consigo não desconfiar!
Dorian sabe muito bem como atrair suas vítimas! — seu tom ainda
sério.
Passei por de baixo da pequena ponte com ela e encarei o
pequeno barco que nos esperava, os Neutros vinham de barco me
trazer suprimentos, claro que dava para o Sul andando, porém era
mais demorado, o barco da vila não era usado a muito tempo,
porém ajudaria em algo, caso precisasse dava para ir nadando o
resto, afinal uma imortal não tem o que perder.
— Não sei! Ele havia dito que estava me procurando a um
tempo, que algo com magia o bloqueava de me encontrar! Ele até
cogitou ser meu colar, pela forma que o encarou, mas acredito que
seja outra coisa!

— Tipo? — indagou confusa.


— A fogueira da vila, foi só quando as fadas decidiram
apaga-la que Dorien me encontrou! Acredito que algum ser tenha
colocado aquela proteção no fogo, sabia que Dorian me procuraria!

A fada se calou e encarou o horizonte, o barco estava preso


na neve, fazia muito tempo que ninguém o tirava e por esse motivo
seria horrível o arrastar sozinho, comecei a empurrar o mesmo em
direção a água e parei quando o ponto de luz se transformou em
uma bela mulher da minha altura.

— O que? Não gosto muito de ficar com pernas, porém


acredito que não vai conseguir mover esse barco sozinha! — seu
tom era natural.

— Todo esse tempo podia fazer isso e me deixou


conversando com um ponto de luz?

— Já disse que não gosto de parecer uma humana Gaia! —


disse brava.

Ignorei sua fala e passei a empurrar com mais força, em


minutos o barco já estava em águas, Camélia me ajudou a remar
em direção aos Neutros, o meio do nosso reino, era difíci
l remar por
tanto tempo, mas não impossível, enquanto eu via minha vila
ficando para trás, pude ver os Orcs de Dorien, lá estavam eles
correndo em direção ao nosso barco, porém pararam na beira da
água, pois odiavam água, eles eram criaturas da terra e eram
poucos os que gostavam de banhos.

— Faremos a viagem em silêncio? — indagou a fada.

— Estou apenas me preparando, os Orcs vão avisar Dorian


que estamos no mar e logo ele irá mandar seus demônios!

— Ele não quer machuca-la! — disse com certeza — Vai usar


seu dom contra os demônios?

— Não, vamos esperar que o mar nos ajude contra eles...

Eu não tinha muita certeza de que o mar realmente ajudaria,


mas no instante em que um demônio atravessou o barco eu senti
meu corpo todo tremer, encarei a água com medo do que poderia
acontecer, eu não queria usar meu dom e acabar machucando
Camélia.
— Gaia, use seu dom! Seja rápida — disse a fada
desaparecendo.
Retirei minha adaga da roupa e apontei para o homem ruivo
de olhos avermelhados que me encarava com diversão, quando sua
boca abriu perdi completamente o ar, era a voz de Gomeu, esse era
um dos truques deles, fazersua vítimaescutar a voz que mais sente
falta.

— Olá Gaia, feliz em conhece-la! — disse em tom sedutor.

— Pena não poder dizer o mesmo, o que deseja em meu


barco? Não me lembro de ter o convidado!

Ele entortou sua cabeça jogando um sorriso sedutor, com a


adaga ainda em mãos me coloquei em posição de ataque, a
qualquer instante ele poderia tentar algo e eu usaria meu dom
apenas se fosse de extrema necessidade.
— Essa de convite, são águas passadas! E acredito que
saiba que essa pequena arma não pode me ferir! Então vamos
parar de brincadeira ou se preferir, podemos brincar como adultos...
Vi seus dentes se afiarem e se tornarem presas enormes,
apesar dos dentes, não conseguia retirar os olhos dele, sua beleza
e sua voz estavam me prendendo, como eu fazia com meu dom e
se eu não usasse, seria levada a Dorien, tentei fechar meus olhos
para me desvencilhar de tal magia, porém no instante em que
pisquei tentáculos agarraram o demônio e o puxou para o fundo do
mar.
— Obrigada... Obrigada — eu disse em tom tremido.

Guardei a adaga na roupa e passei a remar mais rápido,


outro tentáculo surgiu e empurrou o barco, era uma ajuda do reino
marítimo, eles não faziam parte do domínio de Dorian, porém não
gostavam de demônios em seus mares, Camélia voltou no instante
em que eu remava sozinha.

— Desculpe larga-la, mas sabe que nós fadas não podemos


ser capturadas por demônios, ou viramos fadas das trevas! — sua
voz era estranha.
— Não tem problema, o reino marítimo ajudou!

— Sabe que as sereias irão cobrar esse favor, não é?!


Mesmo que você não tenha pedido e elas gostam dessa parte! —
disse risonha.
Não era como se me importasse com isso, continuei remando
enquanto o ponto de luz apenas observava, eu não queria
conversar, encarei o mar e me arrependi do que fiz, as vozes em
minha cabeça voltaram mais altas do que o costume, eram
sussurros, porém altas.
—Gaaaiiiaaaa, nos deixe entrar....
Larguei os remos e coloquei as duas mãos no ouvido, não
era momento de ouvi-las, não lugar para surtar e acabar com todo
meu trajeto, fecheimeus olhos com forças,eu não tinha escolha, ou
as escutava ou iria acabar matando algum ser do mar e teria
problemas com o reino todo.
— Gaaaaiaaa, nos ouça...

Retirei as mãos dos ouvidos e abri meus olhos, voltei a


encarar o mar e deixei a respiração calma, mordi meu lábio inferior
com força e deixei que as vozes viessem fortes, sem a impedi-las.

— Gaaaiaaa, traidora... A adaga irá mostrar o que vai trai-la!


E assim como vieram, sumiram, parei de morder meu lábio
que já sangrava e encarei Camélia, ela estava em sua forma de
humana e me encarava com curiosidade, tentei sorrir, porém senti
um nó em minha garganta, abri minha boca para dizer sobre as
vozes, mas um arrepio percorreu meu corpo.

— Garota, você está bem? Achei que tivesse sido possuída!


— disse em tom risonho.
— Foi apenas Dorian tentando entrar em minha cabeça!
Precisamos chegar ao reino Neutro rápido!
Ela ergueu uma sobrancelha e começou a remar, peguei
meus remos de volta e passei a ajuda-la, eu não sabia quem iria me
trair e se isso era realmente uma verdade e se fosse uma loucura de
minha cabeça? E se eu contar a ela e ela me abandonar
imaginando que estou ficando louca de vez e que não poderei
ajudar meu reino e o reino das fadas? Não poderia arriscar, não iria
arriscar.
5 Encontro Desajeitado

ossa viagem pelo mar havia chegado ao fim,


abandonamos ele ao lado do barco dos Neutros, o caminho para
chegar na vila ainda era longo, eles usavam cavalos, carruagens e
até carroças, nunca iam andando, afinal o perigo mora em todo o
caminho.
Eu queria poder estar ao lado de meu irmão, sentir seu
abraço e ouvir de sua boca que tudo acabaria bem, mas todas as
vezes que pensava nele eu me lembrava do que Nick havia escrito
na carta e aquilo estava me matando por dentro. Abri a pequena
bolsa que carregava em meu ombro e retirei a carta de Nick,
Camélia não tirava os olhos dela, mas ela não podia ler, não quando
ela escolheu traze-la em troca de um favor.

— O que a carta diz mesmo? — indagou curiosa.

— Tudo o que eu já havia dito, Nick está preso no deserto


com as fadas e tem essa descoberta dele contra Dorien...
Me calei e voltei a ler a carta, ela poderia dar algum indício de
onde ele havia guardado essa pesquisa, eu estava receosa de
chegar em seus pais e dizer que ele havia me mandado e por esse
motivo havia levado a carta comigo, era uma prova de que estava
falando a verdade e que não era uma loucura de minha cabeça.

— Entendi... Estranho as vozes não a terem incomodado até


agora! — disse desconfiada.

— Tem razão, será que elas desistiram de mim? Ou foram


embora quando Dorien entrou em minha cabeça!

— Bom, seja qual for a resposta, melhor assim! — disse


sincera.

Eu queria poder dizer que elas me incomodaram no barco,


mas estava com medo, Camélia era o único ser que passou a me
fazer a companhia, os outros tinham medo ou apenas ignoravam
minha existência e eu estava com medo de perder ela, realmente
estava.

— Na verdade elas me incomodaram no barco, eu estava


com medo de gritar e acabar machucando algum ser marítimo e
então resolvi ouvi-las! Porém as únicas coisas que disseram foipara
que eu as deixasse entrarem e que eu confiasse nelas!

— Não diria que é estranho, mas acredito que seja


necessário você deixar elas entrarem, seja lá o que signifique isso!
Talvez elas possam ajudar de alguma maneira, talvez elas tenham
as respostas que você tanto procura! — disse com sabedoria.
Não era difícileu ignorar Camélia, principalmente quando ela
dava uma de fada da sabedoria, o que não era, ela era uma fada
que não se encaixava em nenhuma das ocupações e essas eram
chamadas de fadas reais, as que tem um pouco de cada dom e a
diferençaentre ela das outras fadascom ocupações era que ela não
podia fazer mal a nenhum outro ser com sua magia a não ser que
lhe fosse pedido como troca de favores o que acontecia com
frequência e não importava muito se o favor era para uma pessoa
mau ou boa, favor era favor e sempre era cobrado igual.

— Sabe Camélia, as vezes me pergunto se você não fugiudo


reino das fadas da sabedoria...

— Quem sabe? Me pergunto se você não fazparte das fadas


do inverno, sempre fria e solitária! — alfinetou.

— Essa era para ter doído? Porque...

Parei de falar quando uma movimentação no mato me


chamou atenção, então parei de caminhar também, puxei Camélia
para de trás de uma árvore e fiz um sinal para ela ficar em silêncio,
segundos depois lá estava a pequena criatura saindo do meio do
mato, continuei a encarar e foquei meus olhos, de noite era mais
difícilde enxergar, porém eu tinha certeza de que era um Goblin,
sua pele esverdeada e aparência lembravam um duende, mas a
diferença estava em suas roupas, Goblins costumam vestir roupas
de seus senhores, enquanto duendes vestem roupas com os
melhores tecidos, afinal é fácil para eles roubarem.

— Fique aqui Camélia! Ele pode ser perigoso!

— É apenas um Goblin Gaia! Não seja tola — me


repreendeu.
— Camélia, você sabe mais do que qualquer outra criatura
que Goblins são Orcs em tamanho menor e que eles servem ao
Dorien! Irei sozinha e se precisar grito!
Deixei uma fada resmungona para trás e sai de trás da
árvore, a primeira reação do ser foigritar e se esconder atrás de um
tronco, eu havia me assustado com seu grito e me escondi também,
mas logo sai do esconderijo e fui em sua direção, eu não podia
morrer, mas poderia ser levada para Dorien, o que não estrava em
minha lista de afazeres.
— É melhor sair, eu já o vi! — disse em tom receoso.

A criatura saiu de trás do tronco e caminhou de cabeça baixa


para onde a lua iluminava e pelas roupas eu pude perceber que se
tratava de uma fêmea,mordi meus lábios e apontei a adaga em sua
direção, estava pronta para o ataque, mas abaixei minha guarda
quando escutei o choro vindo dela.

— Está chorando? Mas eu não fiz nada ainda!

— Mas irá fazer, é o que seres como vocês fazem! Somos


usados e depois mortos por pouco! — disse a criatura em tom
choroso.
— Você trabalha para Dorien e faz parte do exército dele!
Estou apenas me protegendo contra o mesmo!

— Não senhora, eu e meus amigos fugimos do exército de


Dorien! Nós somos apenas Goblins tentando sobreviver das garras
dos seres humanos! — ainda chorava.
— Você tem um nome?
— Coseltia, não me mate senhora, posso lhe ser útil! Ofereço
meus serviços em troca de minha vida! — disse em tom
melancólico.

Guardei a adaga na bolsa e me abaixei para ficar da altura


dela, seus olhos grandes e esbugalhados eram de um castanho vivo
e intenso, de longe uma criatura horrenda e medonha, de perto um
ser de beleza diferenciada e de olhar sincero, era assim que eu
conseguia ver a verdade nos seres, olhando no mais profundo de
seus olhos e por isso nunca havia desconfiado de Dorien, porque
seus olhos sempre me trouxeram a verdade e a tranquilidade, mas
eu estava apenas cega.

— Bom Coseltia, me chamo Gaia! Irei poupar sua vida, pois


vi sinceridade em seus olhos, porém para onde estou indo não há
necessidade de seus serviços, está livre para continuar sua jornada!
— Senhora Gaia, como forma de agradecimento desejo que
se torne minha amiga e que me deixe partilhar de sua jornada!
Posso ser útil e posso ser uma boa companhia! — disse em tom
aliviado.

Camélia saiu de trás da árvore e cruzou os braços me


encarando, estava claro em sua feição, ela não queria a Goblin
conosco, mas eu estava com medo de deixa-a e o exército de
Dorien a encontrar, sorri em desculpas e ela fez uma careta
assustadora.
— Sabe que os Neutros não vão deixar que ela entre! —
disse a fada em deboche.
— Bom, eu posso não conseguir ficar grande como os Orcs
malignos, mas consigo diminuir de tamanho e assim fico dentro da
bolsa! — disse a Goblin em tom suave.

— Resolvemos nosso problema então, quando chegarmos a


entrada da vila, você vem para dentro da bolsa Coseltia! Camélia
espero que não se importe, afinalestamos a ajudando e você é uma
fada...
Camélia ignorou minha fala e saiu em disparada, continuei
meu caminho com Coseltia ao meu lado, ela me dava a mão como
minha irmã fazia, para crianças isso é sinal de segurança e de que
tem um apoio ao seu lado, acredito que para os Goblins também
seja, Coseltia cantarolava uma música enquanto caminhava e
apurei meus ouvidos para prestar atenção na letra.

Pelos caminhos difíceis caminho.

Pelo oceano tempestuoso eu nado.


Pelo vulcão em erupção eu passo.

Mas pelo caminho da amizade eu desvio.


Não deveis confiar.
Não deveis amar.

Não deveis em falso caminho pisar.


Deves andar.

Deves respeitar

Mas jamais confiar.


Humanos.

Orcs.
Fadas.

Sejam quem for.

Jamais se cegar.
— Quem criou essa música? — indaguei curiosa.

— É uma música criada pelo nosso rei, hoje ele trabalha com
Dorien, mas em uma época de paz, éramos sempre alertados com
essa música, devemos andar ao lado, respeitar, porém, nunca
confiar cegamente em um ser! Somos todos de carne e estamos
dispostos a pisar em falso e estamos destinados a cair e por isso
não devemos confiar cegamente, o brilho de uma joia é sempre
maior e melhor do que o brilho da consideração! — disse voltando a
cantar.

Encarei a pequena ao meu lado e sorri para a fada que


andava em nossa frente resmungando, eu sabia que podia confiar
em Camélia, uma fada jamais iria trair alguém por joias ou poder,
afinal já tinham sua magia necessária e suas joias, ela não
precisava de nada disso e por isso eu sabia que jamais seria traída
por ela, porque ela era minha mais nova irmã.
6 Dorien

“A maldade está apenas nos olhos das pessoas que veem o


bem como dádiva maior.”

uando o universo me escolheu para ser um amaldiçoado eu


tive a exata certeza de que tinha algo maior para fazernesse mundo
cheio de podridão, eu havia nascido para reinar, dominar e
escravizar os que não agissem de forma correta.

Claro que o correto é correto de uma forma diferente para


cada pessoa e por isso minha irmã Daiana sempre esteve contra
meus pensamentos, mas eu sabia que quando colocasse meu plano
em andamento ela não teria escolha, teria que ficar ao meu lado,
teria que executar tudo ao meu favor.
Enquanto ela e os outros usavam sua maldição para ajudar o
povo, eu estudava os pergaminhos dos elfos negros e eu sabia que
cada linha escrita naqueles papéis eram um tipo de pedido de
socorro, o universo pedia ajuda para concertar seu erro, os seres
humanos.

Nosso mundo não deve evoluir com os humanos assim e se


o próprio universo não o pode mudar, eu posso e de um jeito
inesquecível e doloroso, porque como toda mudança é dolorosa a
minha também é.

Encarei meus demônios por um instante e caminhei até a


beira da janela e ali estava o mar com meu demônio mais poderoso
preso, ele estava quase conseguindo me trazer Gaia, até eu ser
atrapalhado por um maldito ser marítimo, mas eu resolveria isso, os
seres do mar não eram mais poderosos que eu.
Pulei da janela e mergulhei para o fundo,eles viviam na parte
mais profunda do mar, nenhum ser humano era capaz de conseguir
chegar em seus reinos antes de perder completamente o folego e
morrer, esse era o lado bom de ser um imortal.

— Aros, eu vim buscar meu homem!

Minha voz ecoou no fundo da água e senti a respiração de


Gaia em meus ouvidos, agora toda vez que ela adormecia eu podia
sentir, para que adentrasse o mundo reverso e a visitasse e
descobrisse sua localização, porém eu estava ocupado, precisava
do meu homem.
— Não é bem vindo em nosso reino Dorien! — disse o rei em
voz suave.

— Sairei quando devolver meu homem, não tenho tempo


para suas sereias e encantos, então vamos negociar, você devolve
meu homem e eu deixo você e suas filhas viverem!
— Não fomos criados para lhe temer criança, não vamos lutar
contra você! Sabe as regras e seu demônio as quebrou quando
atacou aquele barco! — disse em voz severa.
— Sim, ele foi um pouco lerdo demais, porém eu não quero
que me temam eu quero que me respeitem como seu líder! E se for
preciso matar, eu farei com gosto!
Estiquei minhas mãos e com rapidez segurei o pescoço de
uma seria que estava próxima, deixei seus olhos escurecerem como
fazia para criar meus demônios e após ela perder toda a
humanidade sorri encarando o rei.

— Bom, agora eu preciso apenas fazer isso...

Torci seu pescoço e larguei o corpo dela, estiquei meu braço


pegando um tritão que veio chorar no corpo da falecidae apertei, eu
não me importava com seus olhos suplicantes, isso apenas
demonstrava o quão fraco eram e o quanto mereciam morrer.

— Vamos Aros, devolva meu homem e talvez eu peça para


meu homem guiar a alma de sua filha para a luz!

O rei fez um sinal com a mão e vi o povo arrastar a gaiola


com magia celestial, lá estava meu demônio, preso, como se fosse
algum animal, larguei o tritão e segurei a gaiola, fecheimeus olhos e
suguei toda a magia da gaiola, ela se partiu em pedacinhos e com
isso meu homem subiu.
— Viu só? Podemos até pensar em uma união no futuro!
Agora quanto a sua filha, ela será útil no mar como um demônio,
preciso dela para guiar Gaia para meu castelo, quando ela cumprir
sua missão, libertarei ela! Até mais Aros!
Enquanto eu dava as costas a ele pude sentir os olhares
acusadores, sabiam que não podiam me matar e por isso não
fizeramabsolutamente nada para me impedir, eu usaria isso ao meu
favor quando precisasse tomar o mar também, mas por enquanto a
terra estava em minhas prioridades, todo o mundo teria que se
curvar a meus pés e aprender com minhas regras.
Sai da água e passei a mão em meu casaco branco, encarei
meus soldados parados na porta do castelo e fui até um deles, seu
coração batia rápido e eu não aceitava homens medrosos ao meu
lado, eles trariam derrota para meu reino, coloquei a mão em seu
rosto e fechei os olhos, aos poucos fui sugando a sua patética vida
de medo, larguei seu rosto quando o corpo já não tinha vida, eu não
precisava dele.

— Que sirva de lição a vocês, não existem soldados


medrosos em meu reino!
Adentrei meu castelo e passei pelo grande salão, em breve
daria um baile e ele estava mais próximo do que Gaia podia
imaginar, porque seria o nosso baile de noivado, onde usaria a
estrela cadente para unir nossas almas e então meu poder seria
dela e o dela seria meu, então eu conseguiria chegar em meu ponto
mais alto, iria pegar o resto do mundo para mim.

Caminhei até meu quarto e me joguei na cama, encarei o teto


de vidro que dava visão para o céu estrelado, fechei meus olhos e
me deixei ser guiado para o mundo reverso, enquanto caminhava
pelos cantos mais escuros da mente de Gaia a encontrei ali e como
sempre acanhada e medrosa, eu iria tirar isso dela, a faria forte
novamente.
— Gaia
7 Neutros

ossa viagem estava mais divertida, Camélia


finalmente havia aceitado a companhia de Coseltia, as duas sabiam
como deixar tudo mais descontraídoe menos medonho, parecia que
Coseltia fazia parte da amizade a muito tempo, eu sentia confiança
nela.

A entrada da vila dos neutros estava bem próxima, parei com


uma distância boa e me abaixei para ajudar a pequena Goblin, ela
havia diminuído seu tamanho para caber em minha bolsa, eu sabia
que os Neutros eram mais tranquilos com outros seres, porém eles
não iriam confiar em me deixar entrar com Coseltia, por não
confiarem em mim.
— Quando estivermos em um quarto você fica em seu
tamanho normal, por enquanto silêncio absoluto!
Camélia também ficou em seu tamanho de fada e adentrou a
bolsa, caminhei lentamente em direção a entrada da vila e avistei o
soldado parado na mesma, seus olhos foramem minha direção e se
arregalaram, eles me conheciam, porém eu não havia mais voltado
a vila, até agora.

— Senhorita Gaia, os suprimentos acabaram? — perguntou


fazendo um aceno com a mão.

— Não Johan, eu vim para ver a rainha Elara! Tenho notícias


de Nicklaus!

— Seja bem vinda, a rainha irá recebe-la com muito carinho!


— disse em tom neutro.

— Obrigada Johan!
Passei por ele indo direto pelo caminho que levava ao
castelo, puxei o capuz do meu vestido e o coloquei, era melhor fingir
que eu não estava sendo observada pelo povo Neutro, eu preferia
fingir que não era a mãos nova atração da cidade.

Virei uma esquina e quando estava na metade dela um balde


passou rolando em minha frente, os Neutros não eram de atacar,
porém mesmo assim coloquei a mão dentro da bolsa e segurei a
adaga dentro dela, olhei para os lados e com um susto meu capuz
foi puxado para trás, virei meu corpo em direção do que havia
retirado o mesmo e me deparei com uma Drow me encarando,
encarei ela com a mesma atenção e me assustei com a beleza da
mesmas, a pele cinza e os olhos rosas a deixavam atraentes e
sedutora, seus cabelos brancos pendia para um lado da face e
formavam ondas nas pontas e sua sobrancelha preta muito bem
desenhada e cheias se arqueavam a cada olhar que eu a lançava,
seu nariz era pequeno e arrebitado, o que a deixava com um ar de
superior e seus lábios eram grandes e carnudos, formavam um
perfeito desenho de tentação, seu corpo era como o de uma
humana, porém o que se destacava eram as orelhas pontudas e as
desenhos na pele exposta, eram raízesespinhosas que começavam
em seu pescoço e desciam para os braços e acabavam nos pés,
eram obras de arte, seu corpo era um templo e nele havia sedução
e arte.

— A famosa Gaia, saiu do ninho passarinho? — disse com


sua voz aveludada.

— E você é?

— Dhakla Remittere percussori, é um grande prazer! — disse


de forma sedutora.

— Dhakla a degoladora?

Ela apenas sorriu e apertei a adaga em minhas mãos, olhei


para dentro da bolsa e ela brilhava, eu jamais havia visto minha
adaga brilhar dessa forma, então me lembrei do que as vozes
haviam dito sobre a adaga mostrar o que iria me trair, mordi meu
lábio inferior e arrumei minha postura, não demonstraria medo ou
qualquer sentimento por ela, por mais que fosse difícil.

— Ah, vamos lá Gaia! Eu moro aqui na vila desde que


abandonei Dorien e fui designada para lhe acompanhar ao castelo
de Elara! — disse me rodeando.

— Para me vigiar, esse seria o termo correto!

— Que seja, somos todos vigiados, o tempo todo! Acostume-


se esmeralda! — disse risonha.
Ela parou de me contornar e fomos caminhando pela
esquina, ela caminhava ao meu lado e o tempo todo sem desviar os
olhos de mim, era uma forma muito hostil de dar as boas-vindas,
tentei ignorar, mas seus olhos penetrantes não mudavam nem
quando ela precisava se desviar de algo no caminho, um homem
cairia em seus encantos facilmente com esse olhar.
— Pode parar de me olhar por favor?
— Por que, incomoda? — indagou sorrindo de lado.

— Ninguém gosta de ser encarado dessa forma, com esse


olhar!

— Ou você não confia em mim ou está caidinha por mim,


ninguém se incomoda com meu olhar Gaia! — disse suavemente.
— Um elfo negro falando de confiança, uma grande piada!

Ela passou em minha frentee esperou que o soldado abrisse


o portão do castelo, quando adentrei ela apenas piscou e parou de
caminhar, sua missão estava cumprida, impedir que Gaia
enlouquecesse as pessoas com seu olhar sombrio.
— Se eu quisesse lhe degolar Gaia, teria feito isso enquanto
não me via! Confie em mim pequena esmeralda e você vai sair
ganhando! — disse mais uma vez em forma sedutora.
Dei uma última olhada na Drow e sai em direção ao salão da
rainha, fazia tanto tempo que não adentrava esse lugar e isso fez
com que meu peito apertasse, me lembrar de correr com Nick por
esses corredores e me esconder atrás das armaduras, éramos tão
felizes e inocentes, éramos livres.
Adentrei a sala do trono e fui logo fazendo uma reverência
para a rainha Elara e o seu atual esposo, o rei Gael, permaneci com
a cabeça baixa esperando ela dizer algo, estava temerosa com sua
reação, com medo dela me expulsar dali.

— Gaia querida, não há necessidade disso, venha me dar um


abraço! — disse em tom acolhedor.
Levantei minha cabeça e sorri, minhas pernas queriam correr
para abraça-las, mas mantive minha postura e caminhei rápido para
abraça-la, era um abraço caloroso, acolhedor e amoroso, o que me
fez lembrar de minha mãe, ela fazia falta. Me afastei da rainha
limpando qualquer vestígio de lágrima e retirei o papel da bolsa, a
adaga ainda brilhava.
— Rainha Elara, recebi esta carta de Nick e por isso estou
aqui!

Entreguei o papel amassado a ela e esperei que ela lesse o


mesmo, seus olhos estavam cheio de lágrimas e quando terminou
sua leitura, passou os dedos pela mesma e cheirou o papel, em
seus olhos era possível ver uma esperança que nunca havia
desaparecido.

— Fico felizque tenha feitoo que ele pediu querida, antes de


Nicklaus desaparecer ele deixou uma pilha de livros separados na
biblioteca, não mexemos desde então! Use seu tempo para
encontrar o que ele estava falando Gaia, você é bem vinda aqui,
nosso lar é seu lar! — disse acolhedora.

— Vou encontrar essa descoberta dele e ir retira-lo do


deserto, não posso deixá-lo lá! E depois iremos juntos ao encontro
de Dorien, me perdoe por isso rainha!

— A minha querida, não peça perdão! Fico feliz que tenha


encontrado um motivo para voltar a viver, fazia tempo que não se
via esse brilho em seus olhos! — disse chorosa.
— Obrigada Elara!

Fiz uma reverência e sai em direção a biblioteca, eu não


confiavanaquela Drow e por isso tinha que ser rápida, algo me dizia
que em breve Dorien saberia que eu estava aqui e eu precisaria
fugir. Adentrei o enorme cômodo e fui até a mesa que continham a
pilha de livros, me sentei na cadeira ao lado e comecei a revirar os
livros, todos continham anotações de Nick.

Algum tempo havia se passado e mais da metade da pilha já


havia sido mexida, não havia nenhum pergaminho ou anotação
diferenciada nos livros, continuei com a procura pesando meus
olhos, encontrei um livro com a capa azul, era lindo, quando o abri
havia apenas uma folha escrita e eu soube que era aquilo, abri a
folha e passei os olhos pela mesma, comecei a ler.

Gaia
Se encontrou esse livro significa que minha
missão foi um sucesso!
Existe um antigo ritual que diz que na noite da
Estrela Cadente a alma de dois amaldiçoados deve
ser ligada, um terá o poder do outro e o que for o
portador mestre da maldição da Banshee poderá
sugar o dom do outro, mas para que isso ocorra é
necessário que o dom da portadora esteja em seu
ápice, que ele esteja elevado e controlado ao nível
supremo!
Sei que parece loucura, mas confio no que
encontrei! Treine seu dom e faça acontecer! Após ler
isso queime, não deixe mais ninguém encontrar, não
confie em ninguém!
Nick...

Reli o que estava escrito e senti uma movimentação na bolsa,


amassei o papel e caminhei até a lareira, joguei o papel no fogo,
voltei para mesa e comecei a ler outros livros, minha vista estava
cansada e meu corpo também, a viagem havia sido cansativa e
cheia de surpresas e em breve eu faria outra, então deitei minha
cabeça nos livros e fechei meus olhos, as vozes sussurravam a
palavra adaga e me deixei levar pelo sono, lá estava eu mais uma
vez dentro daquele corredor escuro, senti meu peito apertar e meus
pelos arrepiar e então escutei a voz.

— Gaia....
8 Invasão

cordo com o susto de vê-lo, acho que agora meu


maior medo estava em ter que enfrentarDorien cara a cara, o medo
de estar em sua frentee aceitar sua formade pensar, eu tinha medo
de ser convencida.

— Gaia, precisa acordar! A vila está sendo atacada! — disse


Camélia.

Me levantei da cadeira e ela estava em seu tamanho e forma


de humana, retirei a adaga da bolsa e percebi que ela brilhava ainda
mais, ignorei isso e segurei ela firme,a qualquer momento poderiam
invadir a biblioteca.

— Homens de Dorien?
— Não Gaia, ele está aqui em pessoa e você sabe o motivo!
Está atrás de você! Acredito que se você se entregar ele irá poupar
a vila! — disse com temor.

Encarei ela com certa apreensão e comecei a pegar os livros


que continham anotações de Nick e joga-los dentro da lareira, parei
por um instante observando o fogo consumi-los, o fogo era
realmente lindo, entretanto fui interrompida por Camélia que estava
surtando ao meu lado.
— Gaia, pare agora com isso! Vai acabar com as nossas
chances de matar Dorien! — gritava em desespero.
— Eu já li tudo querida, prefiroqueimar a deixar que caia nas
mãos de Dorien! Ele não pode ter as informações que Nick
conseguiu!

— Está ficando totalmente maluca, essas vozes em sal


cabeça estão lhe tirando a lucidez! Entreguei a confiança e
esperança de meu povo em suas mãos e em troca você queima
todas as informações? — disse em total descrença.

Me desvencilhei de seu olhar acusador e voltei a jogar os


livros, sua fala havia adentrado bem fundo em minha cabeça, eu
tinha tudo o que precisava guardado em minha cabeça, porém não
poderia contar a ela, Nick havia pedido sigilo e por isso eu tinha que
tranquiliza-la ou a perderia.

— Camélia, por favor se acalme! Eu tenho guardado em


minha mente, confie em mim! Vamos encontrar Nick e ele ajudará
com tudo, afinal foi ele quem descobriu tudo! Apenas confie!

Ela não disse mais nada, diminuiu seu tamanho e entrou


dento da bolsa, esse era o modo mais prático de se irritar uma fada,
deixá-la no escuro, literalmente no escuro. Sai da biblioteca e
caminhei em direção a saída do castelo, haviam guardas
bloqueando a porta, não iriam me deixar sair, pois abrir a porta
colocaria a rainha em perigo.
As janelas eram meu único meio de saída e teria que torcer
para não ser vista por nenhum homem de Dorien, ou teria que usar
meu dom.
— Não está pensando e sair pela janela não é pequena
esmeralda? — perguntou a Drow.

— Acredito que seja minha única saída!

— Você e sua adaga brilhante pode me seguir, vamos sair


pelos esgotos! — disse em ordem.

— E por que eu deveria confiar em você?

— E por que não? — indagou.

— Minha adaga, ela...

— É, eu sei o que essa adaga faz! A magia dela mostra ao


seu portador uma pessoa que irá traí-lo, porém querida ela vai lhe
mostrar um traidor que você tem um sentimento muito grande e que
a pessoa também tenha um sentimento por você, seja de
irmandade, amizade ou um romance! E por mais que eu queira jogá-
la nessa parede e beijar essa pequena boca carnuda, acredito que
não entre como sentimentos fortes! — disse com extrema calma.

Senti meu rosto esquentar com sua confissão, eu jamais iria


imaginar que uma Drow poderosa, sedutora e que tinha qualquer
um a seus pés me via dessa forma, no entanto, aqui estávamos.

— Vai ficar imaginando esse beijo acontecendo ou vai me


seguir? — indagou sem paciência.

Ela começou a caminhar e segui, a elfovirou no corredor que


levava para sala do trono e por mais que eu tivesse uma resposta
pronta, preferia ficar em silêncio em casos como esse. A Drow
caminhou até o trono em que a rainha se sentava e começou a
empurrar.
— Vai ficar olhando ou me ajudar? — indagou séria.

— Desculpe!

Fui em sua direção e me ajeitei a seu lado e comecei a


empurrar também, de longe parecia que era um trono de madeira e
super leve, mas de perto dava para se perceber o quanto era
pesado e preso ao chão.

— Não vamos conseguir, tem que ter outra forma!


— Esmeralda, mais força nos músculos e menos no cérebro!
Precisamos empurrar esse trono, porque embaixo dele há um
buraco que leva aos esgotos e aqui dentro ele é o único que ainda
está aberto, para caso a rainha precise fugir! — explicou.

— Certo...
Fiquei em silêncio e passei a empurrar com mais força, o
trono começou a se mexer, mas ainda havia muito a empurrar,
alguém havia pulado de minha bolsa e eu não tinha certeza se era
Camélia ou Coseltia, quando a criatura ficou em seu tamanho
normal eu sorri nervosamente a Drow que encarava curiosa.
— Deixem que eu empurro, nós Goblins somos conhecidos
por conseguirmos carregar 500 vezes o nosso peso! — disse a
pequena sorridente.

— A vontade pequena criatura! — disse a elfo se afastando.


Me afastei do trono também e a pequena sem muito esforço
começou a mover o trono para longe, ela realmente era bem forte,o
que me deixou muito surpresa, o que ela não tinha de tamanho,
tinha em força.

— Prontinho, melhor irmos, podem ouvir o barulho do trono


sendo arrastado! — disse em tom temeroso.
— Certo, volte para bolsa Coseltia!

A goblim diminuiu seu tamanho e me ajoelhei para que ela


entrasse na bolsa, me levantei e esperei que a elfo pulasse no
buraco primeiro, após ela pular eu fui atrás, estava preparada caso
ela tentasse algo.

— Vamos seguir reto, nada de virar nos túneis ou vamos


continuar andando dentro da vila! Se formos em frente
conseguiremos sair no deserto e de lá você volta para sua vila! —
disse em tom baixo.

— Não, eu preciso ficar no deserto, não posso voltar para


minha vila, Dorien iria me procurar lá!
— Mas me conte, por que o rei dos demônios quer tanto
pegá-la? — indagou.

— Nós éramos noivos antes de tudo acontecer e ele mostrar


sua verdadeira face! Ele estava me procurando bem antes, porém
havia algo em minha vila que me protegia dele e agora eu não tenha
mais essa proteção e por isso ele está atrás de mim!
— Ele não parece ser um cara que ama alguém, sem
ofensas, mas o motivo para estar atrás de você deve ser outro! —
disse em sinceridade.
— Não ofende, eu acredito que tenha haver com meu dom!
Ele me quer ao seu lado para governarmos juntos, com meu dom
ele será invencível!

Parei de caminhar e guardei a adaga dentro da bolsa, seu


brilho estava muito forte e isso acabaria chamando atenção, de
algum bicho do esgoto ou de algum soldado que encontrasse o
trono fora do lugar.
— Se você é tão poderosa, por que não usou seu dom para
fugir de Dorien? Seria muito melhor do que andar pelo esgoto! —
soou curiosa e sincera.
— Porque há uma lei mágica que diz que nossos dons não
podem ferir outros amaldiçoados, ou seja, eu não posso
enlouquecer Dorien e ele não pode sugar minha vitalidade e me
transformar em demônio, porém ele pode usar nossos dons, pois ele
está cada vez mais conhecendo seu dom e se tornando mais
poderoso!

— Eu diria que você é burra, porém eu quero muito beijar sua


boca, então prefiro lhe agradar! — disse rindo.

— Você é inacreditável! Vamos continuar essa viagem em


silêncio, por favor!
Ela fezo que eu havia pedido, ficouem silêncio absoluto e as
únicas vozes que eu ouvia eram as vozes da minha cabeça, elas
estavam caladas por um tempo, porém agora voltaram com toda a
força e não paravam de sussurrar meu nome em desespero
aparente.
— Preciso gritar! — eu disse em desespero.
Talvez a minha face tenha demonstrado meu desespero,
porque ela retirou seu casaco preto e entregou a mim, a encarei
tentando entender o porquê daquilo, porém antes que ela pudesse
dizer algo eu levei o casaco a boca e mordi com força, levei minhas
mãos aos ouvidos e os tampei fechando meus olhos, não queria ter
que as escutar nesse lugar, podre e escuro.
— Gaaaaiaaa, nos deixe entrar de vez!

— Gaaaiaaa, nos deixe ajudar!


— Gaaaiaaa nos escute, somos apenas seu subconsciente
que está vivo graças a sua magia! Nos deixe sair Gaia, nos deixe
ajudá-la!

Com a respiração acelerada e o coração na mesma


velocidade eu abri meus olhos, estava cansada de entrar em surto
quando elas vinham, parei de morder o casaco que caiu ao chão e
deixei meu coração se acalmar, encarei o nada e minha mente se
silenciou.
— Podem entrar!

De repente tudo ao meu redor começou a rodar, minha


cabeça começou a doer e as vozes estavam todas falando de uma
vez, a última coisa que vi foi Camélia em sua forma de humana me
encarando com os olhos arregalados e então uma escuridão jamais
visitada me pegou.
9 Deserto

eus olhos se abriram e como se meus olhos fossem duas


lanternas eu vi o teto escuro do esgoto, meu corpo estava sendo
carregado e não pude deixar de sentir um grande desespero tomar
minha mente, meu coração começou a bater muito alto e eu podia
jurar que estava sendo carregada pelos soldados de Dorien e que
aquelas vozes haviam me engando.
— Você é bem forte pequena Goblin, está carregando Gaia a
um bom tempo, tens certeza de que não quer parar para
descansar? disse a elfo em tom divertido.

— Não, aquele monstro pode estar nos perseguindo e quanto


mais rápido chegarmos ao deserto, mas segura nossa Gaia estará!
responde Coseltia em tom cansado.
— Não chame Gaia de nossa Gaia sua sujeitinha nojenta!
Você e essa elfo nem deveriam estar conosco, estou com ela a
muito mais tempo, então ela é apenas minha irmã! — Camélia
argumentou em tom hostil.

Eu reconhecia a voz de cada uma, era impossível não saber


quando era a elfo falando, porque sua voz arrepiava todos os pelos
do meu corpo e fazia com que eu desejasse escutar mais e mais e
me fazia querer estar ao seu lado, acredito que faça parte de sua
magia élfica. Tossi como forma de saberem que acordei e senti
Coseltia me colocar no chão, encarei as três criaturas e tentei sorrir
fraco.

— Como está nossa viagem?

— Tirando o fato de que você resolveu aceitar as vozes em


um momento tão preocupante, está tudo bem Gaia! — Camélia
continuou com seu tom hostil.

— Camélia, você sempre disse que eu deveria aceitar essas


vozes, eu apenas me senti corajosa o suficiente para isso! —
respondi em tom baixo me sentando.

— Você consegue ser egoísta até nisso, eu me arrependo de


ter colocado as esperanças de meu povo em ti! Agora isso irá nos
atrapalhar, porque você decidiu aceitar a sua loucura! Todos
sabemos que isso não ajudará! — respondeu rispidamente.

Me levantei e sem pensar direito levei minha mão a sua face,


encarei seus olhos e pude ver a fúria que a tomava, aquela não a
mesma fadaque havia saídocomigo, que sempre esteve comigo no
lado Sul, eu não estava sendo egoísta, pela primeira vez estava
conseguindo me aceitar, como deveria ser.
— Eu nunca pedi que dissesse ao seu povo que eu os
salvaria de Dorien, nunca pedi para ter esse dom, mas uma coisa
que você não pode fazeré me chamar de louca por ter aceitado ele!
A Camélia que esteve ao meu lado nunca diria isso! Você sempre
me deixou claro de que eu era especial e que deveria aceitar as
vozes, porém de um dia para o outro você resolve mudar sua forma
de pensar, começa a usar meus medos contra mim! Você sabe o
quanto tenho medo de realmente estar louca, mas de alguma forma,
parece que não se importa mais, como se eu fosseum peso em sua
vida!

Sem arrependimento algum voltei a caminhar, senti uma


presença ao meu lado e encarei a elfo, seus olhos rosas estavam
presos em mim, só queria que ela soubesse que esse olhar me
deixava desconfortável, como se eu fosse a presa e ela o predador
.

— Sabe esmeralda, a cada momento você me surpreende


mais! — disse ela em tom de surpresa.

Não tive coragem de a responder, queria olhar para trás e ver


como Camélia estava, mas meu orgulho foi muito maior, orgulho
esse que ela havia ferido ou talvez eu estivesse magoada, ela
sempre me deixou claro que eu não estava ficando louca e sim que
as vozes iriam me ajudar de alguma forma e agora ela joga em
minha cara que colocou as esperanças de seu povo em mim, como
se eu fosse algum tipo de heroína, eu não sou, sou apenas uma
sobrevivente.

Uma luz podia ser vista no teto, ergui o olhar e encarei o


buraco que havia no chão, pela extrema mudança de temperatura
eu pude perceber que estávamos no deserto, mas como
conseguiríamos sair pelo buraco eu não sabia, encarei as três que
estavam quietas e Camélia passou a minha frente, com um olhar
vazio ela voltou ao seu tamanho de fada e passou pelo buraco
voando, vingança? Eu não sabia dizer, mas sentia algo estranho.
— Bom, que tal a Goblin nos jogar para fora do buraco e
depois a puxamos? — questionou a elfo.
— Acredito que...

Não terminei de falar, pois Camélia havia voltado e com


rapidez pegou Coseltia e a elfo as jogando para fora do buraco,
mordi meus lábios quando ela estendeu a mão, mas segurei, era
mais fácil tentar as diferenças de lado quando se amava alguém,
porém no momento em que ela levantou o voo, com um olhar vazio
ela soltou minha mão me deixando cair de volta ao buraco, senti o
impacto quando meu corpo encostou no chão cheio de água, de
iníciomeu corpo queria desfalecer, porém um barulho me deixou em
alerta e ao me virar vi os monstros.
— Lorde Dorien não quer machuca-la, então apenas venha
conosco senhorita Ceifadorada mente! — o monstro disse tentando
soar educado e menos ameaçador possível.

— Diga a seu lorde para me deixar em paz, se conhecem


minha fama, então sabem do que sou capaz de fazer! Serei boa e
deixarei que vocês partam lúcidos, porém isso não irá se repetir!

— Não seja tola Ceifadora, preferimos enlouquecer a


enfrentar a ira de Lorde Dorien! — disseram eles juntos.
Olhei para o teto e vi Coseltia e Dhakla preparavam uma
corda para me ajudar a sair dali, sem muita escolha assumi uma
posição de luta, o primeiro monstro veio pronto para me segurar e
jogar dentro de um saco de pano, minha vantagem era que eles não
podiam me machucar, então quando ele se aproximou, dei um
impulso em seu braço pulando em cima dele, segurei sua cabeça
com as mãos e olhei dentro de seus olhos frios, sentia todo o poder
irradiar de minhas veias e enquanto eu segurava sua cabeça, podia
ver meu reflexo em seus olhos, uma criatura de cabelos negros e
olhos que irradiavam uma luz azul, uma criatura horrível, arqueei
minha cabeça para a direita e ele fez a mesma coisa, era nesses
momentos que sabia que minhas vítimas estavam hipnotizadas,
soltei sua cabeça e pulei de volta ao chão, o monstro levou as
grandes mãos a sua cabeça e começou a batê-la na parede, em
poucos minutos ele estava morto no chão.
Esse era o grande problema de usar meu dom, eu me sentia
poderosa e superior a todos que me cercavam e após usá-lo uma
vez, eu não precisava mais segurar minhas vítimas, apenas ao
encará-las eu podia enlouquece-las, porém quando estava pronta
para enlouquecer a outra criatura, uma voz soou em meu ouvido,
era parecida com a voz de minha mãe.
— Gaaaiaaa, grite! Apenas grite!
Ainda me sentindo extremamente poderosa encarei a corda
que havia batido em minha cabeça, segurei a mesma e quando os
monstros vieram para me segurar eu soltei meu grito, era alto e
poderoso, porque no momento em que abri a boca as criaturas
foram jogadas para longe, parei de gritar quando senti meu peito
arder e finalmente sai daquele buraco, Dhakla e Coseltia me
encaravam com admiração, apenas Camélia estava com um olhar
temeroso.

A ignorei e me levantei, aqui estávamos nós no deserto, reino


das fadas da areia, do sol, me virei e pude ver uma criatura com
estatura de criança me encarando, suas orelhas eram pontiagudas,
os olhos levemente separados e a pele era preta, seu cabelo descia
em grandes ondas cacheadas e seu olhar trazia tranquilidade,
quando falou sua voz soou como a de uma verdadeira criança.

— Bem vindos ao deserto viajantes, digam o que procuram


com sinceridade ou sofram uma morta lenta e dolorosa! — disse a
criatura.
— Sou Gaia, eu e minhas amigas viemos ao pedido de
Nicklaus, príncipe dos Neutros! Em sua carta ele dizia que sua
rainha o libertaria se eu viesse ao seu encontro!
— Acredito que minha rainha tenha pedido para você vir e
não suas amigas de confiança questionável! — respondeu a fada.

— Bom, elas me ajudaram no caminho, soldados de Dorien


estavam atrás de mim, precisei de ajuda!

— Bom, elas poderão entrar, porém ficarão longe de onde


seu amigo está e longe de minha rainha! É um prazer conhece-la
Gaia, eu sou Aphodite a fada do fogo, a fada que mantinha a
fogueira de sua vila acesa! — disse ela em tom manso.
— Muito prazer, agradeço pelo tempo em que você manteve
minha vila acesa e desculpe pelo que fiz naquela noite com a
adaga!

— Não nos importamos com aquilo, sabemos que você é


imortal, o motivo de ter deixado a fogueira apagar é que minha
rainha acreditou que isso a faria vir atrás de seu amigo e finalmente
ela poderia lhe conhecer! — disse sorrindo.
Passamos pelos portões do reino e ali mesmo as fadas
levaram minhas amigas para casas que estava logo no início,
encarei Coseltia para lhe dar confiança e continuei minha
caminhada com a fada, eu não tinha nada a temer ali, pelo menos
era nisso que eu acreditava.
— Por que sua rainha quis que eu viesse buscar meu amigo?
— Porque ela quer ter certeza de que ele não está ajudando
Dorien e ele disse que você poderia provar isso depois que fosseao
reino dele e por isso ela deixou que ele enviasse a carta por
Camélia! — explicou com admiração.
— Se Camélia já esteve aqui, por que ela não pode me
acompanhar?

— Porquê da última vez que ela esteve aqui, seu olhar era
outro! E porque fadas que não tem uma função não são confiáveis,
elas podem nos trair assim como pode nos ajudar, o que mais vale é
o maior pagamento! — explicou com calma.
Meu olhar foi para minha adaga dentro da bolsa e percebi
que ela não brilhava mais, poderia algumas das três ser uma
traidora? Ou eu estava mesmo maluca?

— Você conhece as propriedades mágicas de minha adaga?

— Claro, foi nossa fada Ferreira quem a fez, ela utilizou


pedras da lua com a junção de pó estelar, a junção dos dois
elementos cria uma adaga muito poderosa ao seu dono e quando o
sangue de seu dono entra em contato com a lâmina ela cria um laço
forte com o mesmo, fazendo com que seu dono descubra traidores
ao seu redor! — ela explicou e me encarou com curiosidade. — Mas
por que a curiosidade?
— Bom, desde que saí da vila e fui atacada no barco, ela
vem brilhando e eu não sei qual das três poderia ser uma traidora
ou se estou ficando realmente louca e paranoica!

— De uma coisa você pode ter certeza Lady Gaia, a adaga


jamais se engana, porém cabe a você descobrir quem está
tramando contra você, pois ela não tem um imã para lhe apontar
quem é, ela apenas a alerta de que pode haver um traidor em seu
meio! — disse em tom sério.
Ela empurrou uma grande porta dourada e ali estava a
rainha, com seu cabelo branco e olhos pretos ela me encarou
sorrindo e sentado ao seu lado com suas mãos presas estava Nick,
quando nossos olhos se encontraram eu não pude deixar de sentir
meu coração se aquecer, ali estava meu amigo, minha paixão
secreta, e a pessoa que eu mais esperava ver, comecei a controlar
minha respiração que estava ansiosa por um abraço e fui
caminhando com calma até a rainha.

— Bem vinda Gaia, Ceifadora da Mente, é um prazer


finalmente estar em sua frente! — disse a rainha em tom caloroso,
porém duvidoso.
10 Invasões e Traições

e as intenções da rainha fadaera me deixar confortávelcom


sua presença, então ela estava muito enganada, eu descobri da
maneira mais difícil que não se deve confiar nas pessoas, até
mesmo aquelas que dizem te amar, porque são delas as piores e
mais dolorosas traições.

— Por que Nick está preso? — indaguei sem ensaios.


— Apenas uma medida de segurança, não devemos confiar
nos amaldiçoados! — disse em tom extremamente calmo.

— E então por que estou solta? — disse ainda mais calma.

— Porque sabemos do que você é capaz e que pode nos


convencer a soltar seu amigo e por isso eu gostaria de ver! — me
desafiou.
— Gostaria de ver o que exatamente majestade?

A fada se afastou do seu trono e de Klaus e veio em minha


direção, a parte mais estranha de estar dentro de um reino de fadas
era que elas ficavam em tamanhos humanos, seu tamanho normal
era apenas usado em casos de precisarem se defender, eu não era
uma ameaça ali, pelo menos era o que imaginava.

— Você quer seu amigo livre das algemas e eu quero ver


você usar o seu... Dom? — seu tom era asqueroso.

Encarei ela com perplexidade, usar meu dom para soltar


Nick, onde ela estava com a cabeça? O que ela pensa que vai
ganhar me vendo usar, meu dom? E o mais importante, por que?
— E por que você deixaria eu fazer isso com uma de suas
fadas? — questiono curiosa.

— Não será em uma fada e sim em um rapaz que invadiu


meus domínios e a melhor maneira de puni-lo é essa! — explicou
com tranquilidade.

— Não irei matar um inocente!

— E quem disse que é um inocente, ele invadiu minhas


terras, ele foi desrespeitoso e por isso merece morrer! — disse
friamente.
Caminhei até Nick e segurei sua mão, ele estava gelado,
como se estivesse morrendo, entretanto eu sabia que ele não
poderia morrer, as algemas apenas estavam o impedindo de usar
seu dom, o que não era de fato ruim, mas se eu o deixasse mais
tempo preso, o que poderia acontecer? Talvez ele morreria e isso o
ajudaria a sair dessa, até porque ele voltaria depois, mas acredito
que disso a fada também saiba.

— Não posso fazer isso, mas vou tirar você daí!


Ele não disse nada e apenas ouvi a rainha caminhando em
direção a saída, usar meu dom para punir igual eu fazia quando
estava ao lado de Dorien não era mais uma opção aceitável.
— Venha Gaia, irei contar algumas coisas a você e assim
você fará sua escolha! — disse em tom sério.

Soltei as mãos de Nick e caminhei até a fada, encarei minha


adaga dentro da bolsa e ela continuava apagada, será que ela
confiável ou era porque a adaga tinha saído do reino delas?
— Não pretendo traí-la, por isso adaga não brilha! — disse
seguindo meu olhar.

— Ou isso ou é porque uma de vocês a produziu!


— Não funciona assim, um objeto feito pela magia de uma
fada tem uma finalidade e não importa quem tenha o feito, ele vai
cumprir sua finalidade! — explicou.

Encarei ela que ainda andava e senti minha respiração mais


leve, como se um peso tivesse ido embora, a rainha parou em uma
parede amarelada e apontou para um ponto em específicoe ali
apareceu a imagem de Dorian, como se ele estivesse bem em
minha frente, dei um passo para trás tentando controlar as batidas
de meu coração.

— Esse lado da parede mostra a pessoa que mais


desejamos senhorita Monterro e por mais que eu saiba o motivo,
não estou vendo seu amigo Nicklaus aí, pelo contrário, apenas um
tirano! — seu tom ainda se mantinha calmo.

Desviei meus olhos da parede e encarei o chão, ela estava


certa, eu desejava Dorien, mas o Dorien que eu inventei em minha
mente, aquele que ele sempre fingiu ser e não esse ser que ele se
tornou hoje, eu não queria esse Dorien, apenas o meu antigo.
— Mas se olhar para este lado, verá o nome de todo ser
mágico que passou por minhas terras, veja o seu está ali, junto de
suas amigas! E qual a pergunta que você deve me fazerGaia? Faça
a pergunta certa ou não terá mais a sua chance! — seu tom era
desafiador.
A lista era grande e com letras pequenas, me aproximei para
ler os nomes e vi o nome que temia ver Gomeu Monterro, meu
irmão havia passado por aqui, significava que ele realmente estava
livre e que estava ao lado de Dorien, me virei para questionar sobre
meu irmão, mas parei me lembrando de suas palavras, voltei a olhar
a lista e vi o nome de Diana e abaixo o nome de Dorien, eu queria
saber dos dois, sabia como fazer essa pergunta.
— O que Diana e Dorien buscavam aqui? — perguntei em
voz alta.

— Diana buscava um lar, ela não teve coragem de pedir


abrigo a você, pois teve medo de que você se aliasse ao irmão dela
igual o noivo, Gomeu...

— Então é verdade...
— Dorien veio me procurar logo depois que Diana, como
pode ver na lista, ele procurava saber como poderia usar a magia
dos outros amaldiçoados e claro que eu lhe forneci toda a
informação que ele precisava, afinal não tinha nada a perder! Eu o
ajudei a entrar em total controle de seu dom, ajudei também seu
irmão, só assim ele poderia usar a magia dele em seu trabalho e
também forneci todo o material que ele precisava para ajuda você a
chegar no ápice de seu poder! E também foieu quem lhe forneceuo
ritual da estrela cadente...

— Por que? Por que faria isso? Se todos querem a derrota de


Dorien, o que vocês ganham com isso? — perguntei incrédula.
— Como eu estava dizendo, o ritual da estrela para unir o seu
poder com o dele, é diferente de como ele usa a magia de seu irmão
e seu amigo! Vocês são almas gêmeas e quando foram escolhidos
para serem amaldiçoados a natureza decidiu que um teria o poder
de derrotar o outro, caso um saísse da linha, como fez Lorde Dorien,
porém como em toda magia e toda regra, sempre há um meio de
ser quebrada e com minha ajuda ele conseguiu encontrar essa
brecha! Durante a noite da estrela cadente um pedido deve ser feito
e abaixo dele um casamento deve ser celebrado, quando isso
ocorrer o que é seu passa a ser dele e o que é dele passa a ser seu,
duas magias unidas e um poder incontrolável para dominar todo
esse mundo!
E porquê disso, bom, os humanos não são seres de paz Gaia
e por isso foram separados pela cor de sangue, porque sabiam
conviver com a diferença que cada um tinha, por isso chamam
vocês de amaldiçoados e não de abençoados, porque são
medrosos, e por medo tratam tudo que é diferente de forma violenta,
as fadas, os elfos, goblins, trolls, simplesmente cansaram de ser
tratados assim e por isso hoje Dorien deve vencer, porque ele vai
nos libertar dessa doença! — disse com seu tom alterado.

Engoli seco procurando em sua face algum sinal de tudo o


que havia dito era uma brincadeira, apenas para me assustar, para
mostrar que as fadas também tinham senso de humor, mas quanto
mais eu procurava mais eu via determinação em sua face, mais eu
via o olhar de Dorien, engoli seco sentindo minha respiração pesar
com a pergunta que vinha entalada.
— Vai me entregar a ele? — questionei sem emoção.
— Eu não posso fazer isso, como disse antes, não pretendo
traí-la, entretanto uma de suas amigas já fizeram isso e Dorien já
está dentro de meu reino, como ver abaixo de seu nome, porém em
nome de todas as fadas, estarei libertando seu amigo e o deixando
partir com suas amigas, as que não estiverem ao lado de Dorien! —
disse em tom baixo.
Vi a fada se ajoelhar e encarar algo em sua frente, encarei o
olhar de Dorien sob mim e levantei minha cabeça, eu estava
tentando ao máximo não me mostrar abalada, se neste momento
meu dom afetasse a ele, eu com toda certeza usaria para fugir, mas
e se esse fosse meu destino? Estar ao lado dele sem questionar
seus atos, se fosse mesmo, por que eu sentia que tudo era muito
errado? Como se fosse uma ajuda ouvi a voz sussurrar em minha
cabeça.

—Gaaaiiiaaa se entregue, confie, isso vai ajudar a vencê-lo!


Deixe que ele pense que venceu, pare de fugir! Gaaaiiiaaa.
— Eu vou com você Dorien, mas não porque tenho medo e
sim porque estou cansada de fugir! — disse encarando seus olhos
negros.

Atrás de Dorien surgiu um ponto de Luz que eu tanto


conhecia, mas me choquei apenas quando ela ficou em seu
tamanho humano, senti meu peito doer e toda a tristeza sair em
lágrimas por minha face, eu sabia que seria traída, mas esperava
que fosseela, o ser que sempre esteve ao meu lado, que eu chamei
de irmã e que me ajudou a não enlouquecer, era o mesmo ser que
havia me entregue ao ser que eu tanto temia.
— Ela está mentindo senhor, o que ela mais sente é medo de
sentir seu toque novamente, de ser consumida pela paixão e se
tornar cega pelo senhor novamente! — disse Camélia sem nenhum
remorso.
— Eu sei quando me desejam Camélia, não preciso que me
mostrem! Gaia sempre me desejou, deseja e irá desejar! E assim
ficará comigo, porque somos feitos um para o outro e por isso ela
será minha rainha! E como minha rainha, não aceito que ela seja
traída por falsos amigos! — argumentou em tom ameaçador
.

Em um momento Dorien estava com a mão erguida e no


outro Camélia flutuava com suas mãos no pescoço tentando
respirar, das mãos dele uma névoa preta surgiu, névoa essa que
contornou todo o corpo da fadae em seguida o tomou por completo,
quando o corpo voltou a aparecer já estava caído no chão e no lugar
dos olhos e boca, havia um grande buraco vazio.

Eu não sabia se o sentimento que estava dentro de mim era


de raiva por ela ter me traído ou de dor pelo que Dorien havia feito,
ela era minha irmã, eu a perdoaria depois que tudo acabasse, mas
ele foicapaz de tirar mais uma pessoa de minha vida, então quando
meus joelhos se dobraram e relaram no chão, não consegui conter o
grito que vinha do fundo de minha alma, era a dor da perda e eu
estava cansada de perder quem amava.
11 Sucumbindo

viagem não foi longa, mas Dorien fez questão de


que fossemos de carruagem, como se agir como um cavalheiro iria
resolver alguma coisa, não importa o que ele façaou deixe de fazer,
eu jamais tiraria de minha mente a imagem de Camélia sendo
morta, não importa o quanto as pessoas errem, elas sempre
merecem uma segunda chance e isso ele não deu a ela.
— Então, preparada para reencontrar seu irmão? Ele está
com saudades! — seu tom era de entusiasmo.

Permaneci calada, se eu bem conhecia Dorien, ele


continuaria falando sozinho, até que eu cedesse e desse atenção a
suas palavras vazias e mentirosas, eu não iria me deixar levar por
isso, jamais acreditaria em suas palavras novamente e agora eu
tinha uma carta na manga e não pensaria duas vezes em usá-la.

— Você não precisa mais temer Gaia, não está mais sozinha!
Não irei deixar que sucumba a loucura, vamos passar por isso
juntos! Eu prometo! — disse calmamente.
— Sua promessa começa a valer apenas se cumpri-la, se
não são apenas palavras jogadas ao vazio do universo Dorien! —
argumentei magoada.
Foram as únicas palavras que eu disse a ele durante nossa
viagem e agora dentro deste quarto encarando a janela e suas
grades, finalmente caiu a ficha de que eu era uma prisioneira e não
a mulher que ele amou, se amou.

Um estalo na porta e então ali estava Gomeu, com seus


cabelos perfeitamente arrumados e seus olhos azuis, era ele, mas
seu olhar já não era o mesmo, era vazio e rancoroso, passei a mão
em minha vestimenta e esperei por um abraço, que nunca veio.
— Finalmente você entendeu que não adiantaria mais fugir!
Francamente Gaia, como minha irmã gêmea você é bem menos
inteligente! — disse debochando.

— O que houve com você? O Gomeu que eu amei não era


assim, o homem honroso e que ajudava os idosos na vila e que era
mais que um irmão, era um amigo, o que fez com ele? — indaguei.

— A pergunta correta é, o que você fez com ele? Afinal nós


sabemos que quem começou com Dorien foi você e eu não te
julguei por estar com ele, então acredito que você deveria fazer o
mesmo! Se calar e aceitar! — disse violento.
Não pude deixar de ir em sua direção, era meu irmão e a
única pessoa que ainda restava de minha família,o que quer que
ele tenha feito não iria diminuir o amor que eu sentia por ele, nada
nessa vida faria que eu o amasse menos.
— Meu irmão, por favor não fique contra mim, somos os
únicos que restaram de nossa família,você não pode jogar todo
ensinamento de nossos pais fora, não depois de Dorien tê-los
matado!
— Eu não me importo e mesmo que me importasse, não faria
diferença! Dorien não matou nossa vila! Eles estão apenas presos
aprendendo o que um verdadeiro líder faz e nossa família, bom, eles
foram pessoas difíceisde serem domadas e então eu mesmo os
matei, para mostrar aos outros da vila que não se deve contrariar
Dorien! — seu tom era vazio.

— E quanto a Giulia? Era apenas uma criança, ela mereceu


morrer também?

— Não deu tempo de matar a nossa pequena irmã, Diana a


levou quando fugiu e decidiu nos trair! Mas não se preocupe, como
você viu no deserto, traidores tem um tratamento especial nas mãos
de Dorien! — sorriu ao dizer.

Ergui minha cabeça e encarei seus olhos com todo o


desprezo que alguém poderia receber de mim, meu irmão que
sempre esteve ao meu lado estava se saindo pior que Dorien, e
neste momento eu estava o odiando e meu peito inchava com as
palavras que eu gostaria de proferir a ele, entretanto, desde que
havia deixado as vozes serem parte de mim, eu havia dado um jeito
de controlar as emoções que vinham rapidamente.

— Foram suas escolhas Gomeu, mas não me peça para ficar


ao seu lado nesta guerra, porque se depender de mim, Dorien só
obterá meu poder na base da tortura! — disse com frieza.
Gomeu não suportou as palavras que saíram de minha boca
e fez a coisa que ele mais fazia quando era contrariado, socou a
parede até que suas mãos começassem a sangrar e se fosseantes,
eu estaria ao seu lado pedindo para que ele filtrasse a emoção e
parasse de se machucar, mas neste momento eu estava contente
em vê-lo assim, ele merecia até mais depois de ter matado nossos
pais.
— Você vai se arrepender Gaia, não irá gostar das formas em
que ele irá torturar você, Nicklaus aquele traidor não aguentou e na
primeira oportunidade que teve, ele fugiu! Mas você não irá fugir,
porque você pertence a Dorien e ele jamais abrirá mão de você! —
gritou.

— Aí que você se engana, querido irmão eu não pertenço a


ninguém além de mim! E provarei isso a vocês!
E então ele saiu, da mesma formaque entrou, rapidamente e
me deixando sozinha novamente, me sentei na cama deixando as
lágrimas invadirem minha face e limparei minha alma, eu estava
sozinha, lutando uma batalha contra o mundo e contra meu próprio
ser, e eu sabia que mesmo se vencesse o mundo, eu jamais iria
vencer meu eu, porque minha alma estava dominada pela tristeza,
mergulhada em um poço sem fundo e uma escuridão sem fim,
travando essa batalha todos os dias e agradecendo por conseguir
estar de pé, porque com essa aflição,eu já deveria ter caídoa muito
tempo.

— Sabe que não gosto quando chora Gaia, não há


necessidade disso! — disse Dorien calmamente.
— O que você gosta não me interessa! Seus podres
palavreados não me interessam, então nem tente!

Ele se aproximou e se ajoelhou diante de meus olhos e


segurou minhas mãos, senti o poder que seu toque causava em
mim me desmontou por inteira, talvez eu não estivesse preparada
para isso e não tivesse alertado todas as defesas de meu corpo e
minha mente, mas fiz o que podia para me desvencilhar desse
poder absurdo que ele tinha sob mim, me levantei e fiqueide costas
a ele encarando a paisagem sombria pela janela.

— Não me toque, não ouse!


— Por que? Por que não consegue aceitar que a paixão
ainda arde entre nós? Por que eu sou a pessoa que faz o seu fogo
reacender e seu coração voltar a bater descontroladamente? — me
desafiou.

Encarei seu reflexo pelo vidro da janela e não consegui


desviar, por mais que eu tentasse, aqueles dois buracos negros me
encarando apenas me sugava para dentro de uma imensidão de
ilusões e sonhos irreais, me faziam sentir a vida novamente, me
dominavam.

— Porque você machucou pessoas que eu amo, fez meu


irmão matar minha família,matou minha amiga e torturou Nick e me
traiu da pior forma possível! Você disse que não aceitaria que meus
amigos me traíssem Dorien, mas o que foi que você fez quando
atacou a minha vila? Quando me deixou sozinha a ponto de
enlouquecer? O que foi que você fez? — gritei.
— Então isso se trata de Nicklaus? Eu o machuquei sim
Gaia, mas porque ele não era meu amigo de verdade, era um traidor
que queria tirar o que é meu e eu não podia deixar isso acontecer!
Você é o motivo da minha obsessão Gaia, apenas você pode suprir
o que está dentro de mim! — disse sincero.
Me virei tentando quebrar o contato, mas piorou toda minha
situação, porque ali estava ele, bem próximo de mim, encarando
cada detalhe de meu rosto, seguindo cada ato meu e cada suspiro
que eu tentava manter em silêncio.

— Bom Dorien, Nick não fez absolutamente nada para me


afastar de você, e isso é bem engraçado, porque você me entregou
de bandeja a ele, fez com que meus sentimentos por ele deixassem
de ser só uma tola amizade e sim ver em Klaus um futuro pai de
meus filhos! — o desafiei.
— Você não pode estar apaixonada por ele Gaia, porque
você é minha e eu não costumo emprestar ou dividir aquilo que me
pertence...

Sem terminar suas palavras ele apertou minha facecom uma


mão e puxou ela de encontro a sua, a sensação de nossos lábios se
encontrando fez um choque tomar todo meu corpo e minhas pernas
se tornarem bambas, ele soltou minha face e passou um braço por
minha cintura para me manter em pé e a outra mão percorria a
extensão de meus seios, arfei contra sua boca e o empurrei com
toda força que ainda me restava.
— Eu disse que não estava apaixonada por Nicklaus, isso
prova o quanto ainda me ama! — zombou.
— Qualquer outro ser pode me causar desejo Dorien! É algo
carnal e não sentimental! — argumentei sarcasticamente.

Minhas palavras havia o atingido, mas ele não se deixou


abalar, voltou a vir em minha direção e me puxou pela cintura,
encarei seus olhos e depois seus lábios avermelhados por nosso
beijo e não pude deixar de pensar em beijá-lo novamente, me deixar
levar pela paixão.

— Então deixe que o desejo sucumba você, minha pequena


obsessão, deixe que eu prove que pertence a mim, em breve
estaremos casados e juntos pela eternidade! Deixe-me lhe mostrar
o que a aguarda pela eternidade Gaia...

Calei sua boca com um beijo, ele não esperou muito para
retirar sua camisa e com as unhas tracei um caminho por seu peito
nu, decolei nossos lábios e depositei beijos por seu pescoço e peito,
com seu corpo perfeitamente esculpido e cabelo bagunçado ele
ficava ainda mais apaixonante, e doía o amar tanto assim.

— Isso não muda nada Dorien, é apenas desejo...

— Vou beijar cada pedacinho de pele seu pequena...


Desci meus beijos por seu pescoço dando leves mordidas no
caminho em que meus lábios percorriam, podia sentir a pele de
Gaia se arrepiando a cada investida que meus lábios davam em sua
pele.

Não me demoro a retirar o tecido que cobria sua pele, eu me


lembrava do corpo dela com perfeição, como se tivéssemos nos
deitado no dia anterior, nada havia mudado a não ser pelas
cicatrizes em sua barriga, passo os dedos de leve nas mesmas
olhando nos lindos e penetrantes olhos azuis de minha obsessão.

Não precisaria perguntar para saber o que aquilo significava,


era obvio que eram tentativas falhas dela de tirar sua vida, as
maiores fraquezas de Gaia era seu amor por mim e o fato de não
aceitar ser quem era ela.
Deslizo minhas mãos pela pele exposta dela, apertando cada
centímetro de seu corpo, me deliciando com as sensações que eu
provocava em seu corpo, traço beijos por sua barriga, me
demorando em suas cicatrizes, não tinha porque termos pressa, a
noite mal havia caído.

Desço os beijos pela extensão de suas pernas, a pele de


Gaia se arrepiava ainda mais e enquanto beijava cada dedo de seus
pés, podia ouvir sua respiração mais alta, lentamente, subi meus
beijos pela parte interna de sua coxa e depositei um beijo na
extremidade de sua intimidade, passo minha língua em um único
movimento em seu clitóris me deliciando com o gemido que ela
solta.

— Dorian, por favor— gemeu ela

— O que você deseja amor?


Não precisei ouvir suas palavras para fazer o que ela querida,
beijo sua intimidade e chupo a mesma para em seguida começar
lentos movimentos circulares em seu clitóris, sentir seu doce sabor
em minha boca me faziam delirar em prazer, eu poderia ser levado
ao meu limite só de ver ela se contorcer na cama.
Com as mãos livres levo uma em seu seio direito, apertando
e massageando o mesmo, enquanto penetrava dois dedos nela,
seus gemidos iam cada vez mais altos. Enquanto ela apertava o
lençol da cama.
Minha língua continua o trabalho de estimular ela cada vez mais,
intercalo os movimentos com mordicadas em seu clitóris, enquanto
meus dedos entravam e saiam e eu me deliciava com os gemidos
da mesma.

Não demora muito para Gaia chegar a seu ápice e me levar a


loucura com sua revirada de olhos e os gemidos que vinham cada
vez mais altos, após chupar cada gota de seu prazer, subo meus
lábios aos dela, queria que ela sentisse seu gosto misturado ao
meu, nossas línguas dançavam uma única e sensual música.
Sem quebrar o beijo desço minha calça e a penetro sem mais
demora, ela arfa entre o beijo e enfinca suas unhas em meus
ombros.

Gemo com o seu feito e me movimento dentro da mesma,


nosso beijo dura até que ambos não conseguem mais respirar,
nossos gemidos se misturam no ambiente e aos poucos íamos nos
entregando ao prazer que ambos nos proporcionávamos.
Os movimentos vão de lentos a mais rápidos, desço minhas
mãos para sua intimidade e volto a estimular seu clitóris, enquanto a
mesma apertava seus seios, era a imagem da perdição e que ficaria
gravada em minha mente para sempre.

Gaia ia se entregando aos poucos e quando dou por mim, a


mesma inverte nossas posições, seu corpo agora se encontrava
sobre o meu e enquanto ela cavalgava sobre mim, levei minhas
mãos a massagear seus seios, ela jogava a cabeça para trás e
gemia meu nome a cada segundo.

Ela é a primeira a chegar ao seu limite, mas não sai de cima


de mim, ela continua a subir e descer enquanto rebolava em mim,
logo chego ao meu ápice gozando dentro da mesma, Gaia se deita
ao meu lado respirando fundo e não demora muito até que nós dois
caíssemos em um profundo sono.
12 Diana

ão houve torturas, não houve briga, ela


simplesmente se entregou ao meu irmão, Dorien finalmente teria
tudo o que queria e eu não poderia fazer mais nada, encarei Giulia
que dormia feito um anjo e me perguntei como contaria a ela que
sua irmã também havia sido levada por Dorien.
Por muito tempo eu estive ao lado de meu irmão, nunca
pensei que um dia teria que fugir de sua pessoa e que ele se
tornaria tudo o que eu mais desprezava, todavia, eu ainda estive ao
seu lado o vi matar e torturar centenas de pessoas e não tive
coragem de fugir, hoje percebo que eu não deveria ter fugido e sim
tentado lutar contra ele.

— Bom Diana, como minha rainha prometeu a Gaia Nicklaus


está liberto e as amigas delas também! Você pode partir com eles
se desejar! — disse Afrodite calmamente.

Encarei a porta e vi os olhos acusadores de meu amigo, sim,


eu havia ajudado meu irmão a tortura-lo, mas para que ele ficasse
ao nosso lado e porque eu não sabia ao certo de qual lado eu
deveria ficar, consegui ser ainda mais ingênua que Gaia.

— Nick, me desculpe! Eu errei ao ficarao lado de meu irmão,


mas entenda, fiz o que fiz porque Gomeu estava com ele e se
Gomeu, o homem mais gentil e adorável que me amou o aceitou,
por que eu não aceitaria! Sei que minhas palavras de nada valem,
mas ainda sim peço perdão!

— Ficou no passado Diana, o que precisamos fazer agora é ir


de encontro a Gaia, ela precisará de ajuda para por nosso plano em
ação! — argumentou reconfortante.

Atrás dele estavam uma pequena Goblin e uma elfo negro e


eu podia jurar que era a mulher mais linda que já vira em toda a
mina vida, seus olhos rosas brilhando intensamente ao me encarar
e sua boca convidativa eram os pontos em que meus olhos
seguiam, de um para o outro, sem nunca desviar ou piscar.

Ao contrário de mim ela desviou o olhar e encarou Nick


enquanto ele continuava a falar, eu mal escutava uma só palavra
que saía de sua boca e me senti uma traíra por conseguir me sentir
atraída por alguém em tão pouco que havia me separado de
Gomeu, meu lindo Gomeu.

— Bom, vamos seguir nosso caminho em direção ao Norte,


eu poderia nos transportar para dentro, porém Dorien sentiria a mim
e Diana, então vamos andando, será mais seguro e se algum espião
nos ver, daremos um jeito! Entenderam? — questionou ele.

— E como você vai ajudar Estrela Caída? Sua beleza não


servirá de nada e acredito que compaixão você não têm, já que
esteve ao lado de seu irmão por tanto tempo! — disse Dhakla.

— Sou portadora da vida Drow e por isso caso algum de


vocês morram, eu posso trazer de volta sem que a escuridão os
tomem! O dom oposto de meu irmão e por isso somos gêmeos!

— Não, vocês são gêmeos porque nasceram juntos! Espero


que não tenhamos mais traições nesse grupo! Camélia aquela fada
imunda estava agindo estranhamente com Gaia, ela não suportava
as escolhas que Gaia fazia e o tempo todo gritava e a questionava!
E ainda teve o fato do esgoto, ela soltou Gaia de uma altura que a
mataria se ela fosse uma humana qualquer, eu deveria ter percebido
que não eram ataques de pânico! — disse Dhakla rancorosa.

— Não importa, ela morreu! O que temos que fazer agora é


seguir o plano de Nick e libertar minha amiga, mas para essa
missão eu não posso levar Giulia, Dorien pode querer usá-la contra
Gaia!

— E quem é a pirralha? — questionou a elfo.

— A irmã e única sobrevivente da famíliade Gaia... Ou a


única que importa!

A elfo me examinava com atenção, cobri a pequena na cama


e deixei uma carta para que Afrodite cuidasse dela, eu sabia que
poderia confiar nas fadas, por mais que sua rainha estivesse ao lado
de Dorien, eu sabia que isso não passava de temor e que elas
jamais iriam machucar uma criança inocente.
Deixei minha cabana e fuipara o grande portão, ele podia ser
visto por dentro, mas não por fora, a não ser é claro, que as fadas
permitam e elas faziam muito isso, para que algum humano perdido
entre em seus domínios e para puni-lo o faz de escravo.
— História parecida com a de Gaia, ludibriada e usada por
um falso amor! Não me apresentei mais cedo, sou Dhakla! — disse
em tom baixo.
— Não foi bem assim, Gomeu e eu sempre nos amamos, até
meu irmão trair Gaia ao invadir o Sul, Gomeu foilevado junto de sua
famíliae meu irmão conseguiu o convencer de ficar ao seu lado,
suas palavras são sempre poderosas...

Fomos caminhando calmamente pela areia escorregadia do


deserto e senti um aperto em meu peito, era como se algo estivesse
prestes a acontecer e que eu não poderia fazer nada, então veio a
chuva, uma tempestade forte e a história conta que em séculos não
se viam chuva no deserto de nosso reino, olhei para o céu e raios
cortavam na direção Norte.

— Dorien vai começar a executar seu plano para Gaia ter o


controle e conhecimento máximo de seu poder! — avisou Nick.

— E o que essa chuva tem haver Nick?


— Ele vai usar os raios como forma de tortura Diana...

Continuamos a andar e Dhakla nos aponta uma pequena


construção abandonada, Nick não queria parar, mas as duas
poderiam adoecer e morrer com a chuva, nós não morríamos, mas
elas sim, então seguimos para a construção, podíamos continuar a
caminhada quando o sol nascesse, assim elas não adoeceriam.
— Então, me conte mais sobre você Diana! — disse a elfo
em meu ouvido.
— Não há muito o que saber, eu já contei tudo que é
interessante!

— O mais interessante foi a forma que você me olhou no


reino das fadas, desde quando você se interessa por mulheres? —
sussurrou.
— Desde nunca! A verdade é que por estar esses dias
sozinha, senti uma pequena atração por você! Mas não se preocupe
pequena Dahkla, eu jamais a usaria como forma de esquecer
Gomeu!

— É mesmo? Me sinto levemente triste por isso! — ela sorriu


ao dizer.

Nick estava parado encarando a fogueiraquando se levantou


em um pulo, ele sempre foraassim, ficavaminutos perdido em seus
pensamentos e quando menos esperávamos, aparecia com um
plano ou com alguma solução pronta.

— Bom, se tudo der certo conseguiremos derrubar Dorien,


porém precisamos estar dentro do castelo para conseguir ajudar
Gaia e para isso eu tenho um plano perfeito! — disse ele.
Ele encarou a nós e sorriu de forma astuta, Gaia sempre
adorou esse lado dele, o lado em que ele usava sua inteligência e
mostrava o quão poderoso ele era.

— Vamos usar você Dahkla! Você é um elfo Negro e por


muitos anos o seu povo trabalha para o lado que mais da vantagem!
Então você irá nos trair e nos levar para Dorien e para que ele
acredite que você realmente fez isso, vamos usar Diana! Ela foi
pega por sua beleza diferenciada e levada a um desejo que jamais
imaginou que teria e com isso você conseguiu nossa confiança! E
que apenas fez isso para que ele devolva seu posto como guarda
pessoal dele! — disse fazendo uma pausa.

— Como sabe que fiz parte da guarda pessoal dele? —


perguntou a elfo.
— Eu sei de muitas coisas! Continuando o plano, ele irá
desenhar você para ficar vigiando Gaia! Porque ele sabe que isso
destruiria ela, saber que mais uma amiga a traiu e ainda por cima
prendeu seus amigos! Dorien irá prender a mim e Diana no banco
que suga nosso dom e dá a ele! Enquanto quando estiver pronta,
você tira a pequena Cosiltia do bolso e deixe que ela nos solte!
Assim conseguiremos destruir os guardas de Dorien e dar um tempo
para Gaia o destruir! — continuou Nick.
— E como pode saber que Dorien acreditará em minha
palavra? Ele sabe que quando o deixei foi porque eu não estava
feliz com o rumo que as coisas estavam tomando! — argumentou
Dahkla.

— Bom, essa é uma parte de meu dom! Eu sei quando meus


planos faramcerto e quando irão falhare sei que você consegue ser
bem astuta e manipuladora quando quer! Assim que a chuva cessar
ou diminuir saímos daqui e quando estivermos próximos ao castelo
você irá nos prender com essas algemas! Elas são anti mágica e
por isso você conseguiu nos deter! — explicou ele.
— E quanto a Diana? Dorien certamente sabe quando ela
está desejando ou apaixonada por alguém! E certamente conhece o
olhar de desapontamento mágoa dela! — questionou a Drow.
— Por isso escolhi justamente ela! Diana está completamente
rendida por seus encantos Dahkla e não me venha fingir que não
sabia! E por ser ela, Dorien não irá lhe matar, porque verá em você
uma forma de trazer ela para seu lado novamente! Se você tivesse
traído diretamente Gaia, então ele lhe matéria! — explicou ele.
Mais uma vez ele estava certo e eu ainda não havia me
acostumado com o fato de Nick conseguir enxergar tão bem as
pessoas e ao mesmo tempo ter caído no golpe de meu irão e não
ter percebido que Gaia também estava apaixonada por ele, acho
que às vezes o que está mais próximo de nossos olhos é o que fica
mais desfocado.
— Certo e depois disso? Como iremos restaurar nosso reino
e tudo o que Dorien destruiu, certamente depois que ele cair, alguns
povos aproveitarão para vingar seus mortos! — pontuou Dahkla.

— Não se ele já estiver morto! — ponderou Nick.

Encarei o fogo enquanto eles ainda falavam do plano, tudo


nele estava em seu devido lugar, tudo funcionária e disso eu sabia
porque Nicklaus nunca havia errado em seus planos e adivinhações,
porém mesmo sabendo de toda maldade que meu irmão havia
cometido, eu estava com medo de perdê-lo, ele era minha única
família.

— Como sabe que Gaia matará Dorien? Confia cegamente


nisso Nick? — questionei.
— Está querendo dizer que Gaia nos trairia no fim? —
respondeu ele com outra pergunta.
— Não, eu estou perguntando se você tem certeza de que
ela matará meu irmão, porque ela o ama e por mais que ela esteja
se sentindo traída e machucada por tudo o que ele fez, você sabe
que o amor sempre vence! — expliquei em tom baixo.

— Ela também me ama Diana e se for sobre amor, então


sabemos que ela escolherá aquele que nunca a machucou! — ele
elevou o tom.

Me levantei e parei na porta da construção encarando os


raios que caiam em direção ao Norte, meu lar agora era visto como
um lugar de puro terror e destruição, mas eu sabia que dentro do
meu irmão ainda havia algo, havia um pouco de bondade por trás de
todo aquele poder negro.

— Você foge desse assunto assim como uma fada cobra um


favor! E foge porque não tem certeza de que Gaia irá mata-lo, sabe
que no fundo ela ficará dividida entre matar o homem que um dia
sonhou em ter uma famíliae o homem com quem ela deveria ter se
envolvido desde sempre! Mas não se preocupe Nick, no fim ela
tomará a decisão correta, ela sempre pensa nos outros em primeiro!
— ironizei.

Quando o sol saísse eu teria certeza de que lado iria ficar,


mas nessa noite, apenas nessa noite eu ficaria ao lado de meu
irmão e sonharia com uma vida diferente e um rumo totalmente
diferente para meu irmão e minha família,nessa noite eu seria a
irmã que nunca mais pude ser.
13 Poder Máximo

uando abri meus olhos a primeira coisa que fiz foi levar as
mãos para o outro lado da cama e para minha surpresa, ali estava
Dorien, dormindo profundamente segurando o tecido que eu vestia
na noite passada, me sentei na cama encarando-o e tudo o que eu
via em sua face era paz, como se ele tivesse parado de ter
pesadelos, medos e obsessões, como se ele fosseo homem que eu
conheci.
Com um pulo ele se sentou na cama, com impulso toquei seu
rosto para tranquilizá-lo, seus olhos se abriram e eu pude ver a alma
que eu tanto desejava ver desde que ele havia começado seu reino
do medo, ali estava ele, quebrado, assustado e em seus olhos eu
podia ser levada para dentro de um pedido de desculpas.
Seus dois buracos negros pediam para salvá-lo, tirá-lo desse
lugar, odiá-lo, amá-lo e fazê-lolivre e o que eu podia fazer a não ser
aceitar a esse pedido desesperado de socorro, o abracei sentindo
seu peito nu subindo e descendo com mais calma e deixei minhas
lágrimas tomarem conta de mim, eu o amava tanto que chegava a
doer dentro de mim, o amor não deveria proporcionar esse tipo de
dor.

— Estou aqui Dorien... Estou aqui!

Seus braços passaram por meu corpo e me apertaram com


firmeza,eu sabia qual era o pesadelo, um pobre garoto sentado nas
escadas de um grande castelo e mesmo sendo o filho do rei do
Norte, era tratado como um rato, apanhando todos os dias por ter
nascido diferente e com dons de fazer o que qualquer outro homem
não poderia, sendo torturado todos os dias, comendo pão e água e
vendo sua irmã passar pelo mesmo, essa havia sido a infância de
Dorien e Diana, mas o que mais o assombrava era a noite em que
as estrelas passaram a brilhar mais no céu e começaram a cair e
tomar formas de pequenos animais para visitar Diana, ela estava
completando seus 15 anos de idade quando seu pai deixou que os
soldados usassem o corpo dela, como se ela fosse um objeto e não
apenas uma criança e quando ele tentou ajudar apanhou até seu
coração parar de bater, dias depois ele acordou dentro de um
buraco coberto de terra, havia sido dado como morto e foiaíque ele
descobriu que nós jamais morreríamos e o medo por seu pai havia
ido embora.

— É assim que quero acordar todos os dias Gaia, com você


ao meu lado! Por favor, não me deixe novamente! — suplicou.

Me afastei de seu corpo e puxei o tecido da cama para me


cobrir, seus olhos acompanhavam cada movimento meu e eu ainda
podia ver o meu homem dentro daqueles olhos, ainda podia ver o
pedido de socorro preso dentro deles.
— Foi você quem me deixou Dorien e infelizmente eu não
posso fazer nada para mudar isso, você escolheu isso! Deve arcar
com suas escolhas!
— Então vamos mudar isso Gaia, casa-se comigo! Vamos
apagar o passado e começar a escrever nosso futuro,afinal temos a
eternidade para isso!
Ele se levantou e abriu o grande armário, retirou de dentro do
mesmo um vestido na cor vinho e o colocou sob a cama, seus olhos
não mudavam a direção, sempre me observando, ele não queria
perder um só movimento que eu fazia, ou ele tinha medo de que eu
encontrasse uma forma de escapar.

Soltei o tecido que me cobria e comecei a vestir a roupa, o


tecido era parecido com o de suas roupas, porém mais grossos e
confortáveis, me virei de costas e esperei para que ele fechasse os
pequenos botões.

— Podemos governar o mundo juntos Gaia, seremos


invencíveis e temidos por todos! Jamais traídos ou amedrontados!

— E quanto aqueles que ousarem lhe desagradar? Vai matá-


los?

— Um rei precisa exercer seus deveres Gaia e se algum ser


não estiver contente com meu reinado, então que pague com a vida
ou com a vida dos que ama, para aprender a respeitar aqueles que
estão acima!
Me virei para encará-lo e eu não via mais em seus olhos
aquele pedido de ajuda, via apenas ganancia e ódio voltando a
tomar conta de si, abaixei meu olhar e me afastei, o amor não
poderia vencer minha sanidade, se é que ainda tenho uma.
— Então irá agir da mesma forma que seu pai agiu com você
e Diana? Vai se espelhar nas obras de um homem cruel e sem
coração que não conseguiu ver a benção que eram seus filhos?
— Não ouse me comparar com ele Gaia! Você sabe o quanto
eu o odeio e o quanto eu sou diferente dele!

— Não, não é! Porque você está fazendo com nosso povo o


que ele fazia com você e Diana e se for para viver do seu lado
dessa maneira, então eu já tenho minha escolha! Prefiro desafiar
você e todo seu poder para salvar meu povo, prefirover você dentro
de um caixão ao ver você se tornando tudo o que sempre
desprezamos! Não ficarei ao seu lado Dorien, não mais!

Ele segurou em meu braço sem força e caminhou me


arrastando para fora do quarto, virou um corredor estreito e subiu
uma longa escada, nas paredes haviam quadros de Diana e dele,
tão parecidos e ao mesmo tempo tão diferentes, um coração
amargurado e outro amedrontado.

Outro corredor viramos e subimos mais um lance de escadas


e conforme subíamos a lugar ficava com um ar mais pesado, um ar
de morte, continuamos a subir e quando paramos, percebi que
aquele local tinha seu teto aberto, era repleto de mesas e mapas e
em seu centro havia um grande emaranhado de madeira, não
demorou muito para que eu descobrisse o que era aquilo. Dorien me
levou até o mesmo e amarrou meus pulsos em cada lado da
madeira, puxou uma corda e minhas pernas ficaram penduradas
longe do chão.
— Você poderia ter feito a escolha mais fácil Gaia, não iria
sentir tanta dor assim, mas fez a sua escolha e precisa aprender a
arcar com elas!

Percebi então que o teto não era aberto, era coberto por
vidro, mas com um movimento de mãos Dorien o abriu e então a
chuva começou a cair, os pingos eram fortes e pareciam rasgar
minha pele, um arrepio passou por todo meu corpo e as vozes que
haviam desaparecido voltaram com força.
— Gaaaiiiaaa, seja forte! Deixe vir e então não precisará mais
nos ouvir! Aguente firme minha menina, você é mais forte do que
pensa e eu te amo muito por isso!
A voz se tornou mais conhecida e senti meu peito arder,
todas as noites com suas incríveis histórias de ninar, os penteados
que fazia em meu cabelo e a forma que ela conseguia destacar
meus olhos azuis, era minha mãe, esse tempo todo sempre foi ela
ao meu lado, eu havia demorado tanto para perceber e agora iria
perde-la, para sempre.

— Mãe, por favor... Não me deixa...

Dorien me encarava com curiosidade, eu chamava por minha


mãe enquanto chorava, eu queria tanto ela comigo, queria que as
coisas tivessem sido diferentes para nós e que ela não tivesse
morrido pelas mãos do garoto que um dia chamou de filho.
— Gaaaiiiaaa, ainda estou aqui, ficarei até o fim!

— Perdoe Gomeu pelo o que ele fez, ele não sabia o que
estava acontecendo...
E então senti meu corpo sendo divido em pedacinhos, o raio
passou por mim com uma força e poder que eu jamais poderia
imaginar, pude sentir o cheiro de pele queimada, minha pele
queimada, meu corpo todo agora se tremia e entrava em pequenas
convulsões e por mais que eu morresse agora, eu sabia que iria
reviver e isso iria continuar, seria bem mais fácil se eu morresse de
vez e ficasse ao lado de meus pais.
— Gaaaiiiaaa, seja forte! Não desistaa gora, estamos quase
vencendo, eu e seu pai perdoamos seu irmão, porque é o que a
família faz, é o que o amor faz, ele liberta, salva e protege! Quando
há amor, quando há esperança, quando há um pedido, então
sabemos que o bem vencerá tudo! Gomeu implorou para aceitarmos
Dorien e não ter que fazero que feze depois nos implorou perdão e
mesmo antes de morrer nós o perdoamos Gaia, então se segure a
essa esperança e deixe o seu dom vir, se liberte meu amor... Nós te
amamos!
E então outro raio e minha cabeça ficou vazia, como
conseguir libertar algo que você prendeu toda uma vida? Como
aceitar que o amor poderia vencer tudo se nesse momento eu
estava sendo torturada por amar demais? Talvez eu deva levar esse
amor ao limite, deixar todo o poder me dominar e não sentir mais
medo, talvez seja isso que esperam de mim e que talvez eu mesma
espero.

Meus olhos estavam pesados, mas podia ver que ao me


causar dor Dorien também sofria, não fisicamente, mas
emocionalmente e então eu percebi, isso nos mataria, nosso amor,
o que poderia ser a salvação de muitos, era nossa destruição e a
forma que o povo ficaria liberto das mãos de um garoto
traumatizado e sofredor, que desde muito novo experimentou a
maldade nas mãos dos seres humanos.
— Gaaaiiiaaa, falta pouco meu amor, aguente firme!
Outro raio e então minha respiração foi ficando cada vez mais
pesada, vi Dorien vir em minha direção, mas uma mão segurou seu
braço, com minha visão turva pude ver que era um homem e então
meus olhos focaram e era seu pai, a pessoa que o machucou por
anos e que feriu sua irmã, ele estava vivo impedindo Dorien de me
tirar dali, era ele meu verdadeiro inimigo ou eu estava realmente
ficando louca?

— Lembre-se Gaaaiiiaaa, nem tudo o que você vê está vivo...


Enxergue o verdadeiro inimigo!

Com meu corpo já cansado fechei meus olhos quando o raio


atravessou meu corpo e pareceu que ele havia quebrado a última
barreira dele, a chuva eu já não sentia, estava anestesiada, meu
coração parecia bater cada vez mais lentamente e o homem ainda
segurava o braço de Dorien, então com uma força vindo forte e
poderosa, eu soltei meu grito.

A primeira coisa que aconteceu foi Dorien voar em direção a


parede, a homem permaneceu parado, seu sorriso me assustava e
com uma força ainda maior outro grito veio e dessa vez eu entendi
que eu o invoquei para o homem, ao invés de voar para longe igual
a Dorien, ele apenas desapareceu como fumaça.

Com o corpo quente e tremendo senti mãos me tirando das


amarras, de um lado Gomeu com um olhar assustado e preocupado
e do outro lado Dorien com seu olhar orgulhoso e maravilhado, eles
deitaram meu corpo no chão e senti quando Gomeu colocou minha
cabeça em seu corpo e ali se foi Dorien, nos deixando sozinhos.

— Sabe maninha, eu senti muito sua faltae jamais imaginaria


que um dia iria vê-la sendo machucada e não fazer nada, eu
também nunca pensei que mataria meus próprios pais, mas cá
estou eu, tendo que viver com esse pesadelo todos os dias e agora
terei mais um... Seus gritos de dor, sua voz suplicando para mamãe
voltar e me perdoar... Pensar que você me adiava estava sendo
mais fácil...
Com meus olhos fechados eu o ouvia com atenção, talvez ele
pensasse que eu já estava desmaiada e por isso estava
confessando seus verdadeiros sentimentos quanto ao que fez e o
que estava fazendo, mal sabia ele que eu não estava o odiando,
apenas tentando lidar com minhas próprias dores.
— Podíamos ter tido uma vida diferente Gaia, sem dons ou
maldições! Apenas cinco amigos que se amavam e se ajudavam
independente das cores que seus sangues tinham, mas então o
medo e a injustiça começou a nos tocar e o mais corajoso e
destemido se tornou o que teve medo e teve que agir conformeuma
voz em sua cabeça mandava, o manipulado começou a manipular e
mesmo te amando ele deixou você se ferir... Essa vida eterna eu
não desejo irmã...

Gomeu acariciava meu cabelo enquanto falava, eu havia


sentindo tanta falta de deitar em seu colo durante as noites
estreladas e ficar nomeando estrelas, sempre fazíamosisso, até
que um de nós acabasse dormindo primeiro.
— Bom, talvez esse casamento nos salve, principalmente
Dorien, ele precisa ser salvo de si mesmo e das vozes que o
circundam, eu já me livrei das minhas, Diana e Nick também!
Espero que vocês dois possam ser salvos! Porque um é meu amigo
e você é minha irmã e eu estou cansado de te ver sendo
machucada! Eu te amo Gaia.

E com suas últimas palavras ele passou as mãos por meu


rosto, senti paz e vontade de descansar, com os olhos já fechados
eu me deixei ser levada pela exaustão, no começo um escuro sem
fim e depois um clarão, então ali estavam meus pais, um abraço
apertado e muitas lágrimas.
— Eu sabia que conseguiria minha menina, nós te amamos!
Gomeu sempre esteve ao seu lado querida, mesmo que você não
saiba!
Com uma mão em meu pai e a outra em mim, ela mostrou
Gomeu invocando-os para estarem comigo, mostrou ele pedindo a
Camélia para não me deixar e mostrou que mesmo lado de Dorien,
ele jamais havia me abandonado. E eu soube, que as vozes eram
colocadas por Gomeu e que o tempo todo era ele quem estava
tentando me ajudar e não Camélia, eu sabia o que era o amor e
lutaria para que ele vencesse.
14 Casamento

o abrir meus olhos percebi que estava deitada na


cama novamente, a tortura havia mesmo acabado e aquilo não tinha
sido um sonho, nada, nem mesmo a parte em que decidi me
entregar uma última vez ao homem que amava.

Não dá mais para duvidar, minha missão fora escolhida, no


início eu tentei fugir de todas as formas possíveis, mas agora não dá
mais, meu propósito era seguir com o plano e destruir Dorien, ele
havia machucado muitas pessoas ao seu redor e ao meu redor e eu
sabia que aquilo que Gomeu disse foi uma forma de pedir socorro.
Se eu pudesse prever o futuro, nada disso teria acontecido e
se tivesse acontecido, doeria menos em mim, seria mais fácil por
um ponto final em tudo isso, eu estaria sentada em frente a uma
lareira junto com meus pais, sempre encarando o fogo, sem deixar
as trevas me dominarem.

Me sentei na cama sentido cada pedacinho do meu corpo


doer, os raios havia vindo com muita forçae ao olhar meu reflexono
grande espelho e pude ver os riscos em forma de raios que havia
ficado em meus braços, pescoço e pernas, era em tons fracos de
um roxo e eu agora torcia para que eles sumissem com o tempo.
Passei a mão por meu braço e segui o caminho que raio
seguia, apenas uma lembrança do que havia acontecido comigo e
algo para me lembrar que no momento certo, eu não deveria ter
piedade.

Após um tempo encarando meu reflexo no espelho percebi o


quanto eu estava acabada, não era apenas meu psicológico, mas
também meu físico,ambos estavam destruídos, nesse momento eu
só gostaria de ser a pessoa a ser salva, ter esperança em alguém,
assim como muitos estão tendo em mim.

Com uma batida leve na porta duas criadas entraram no


quarto, uma delas seguravam um longo vestido branco e a outra
uma maleta, ambas se olharam assustadas e tentaram disfarçar,
mas eu sabia que estava de dar pena.

— Viemos arrumá-la para seu casamento senhorita! —


disseram em tom baixo.

— Se souberem fazer milagre, ficarei surpresa!

Elas apenas sorriram e apontaram para a grande banheira de


madeira ao lado da cama, fazia dias que eu não tomava um banho
decente, estava até com medo do que a água faria com meu corpo,
sem pensar muito retirei os trapos queimados pelos raios e entrei na
banheira, elas até tentaram ser gentis ao me esfregarem, mas
mesmo assim eu sentia dores fortes.
— A senhorita precisa parar de se debater, estamos
terminando!

Segurei firme na banheira e deixei que elas esfregassem


minhas costas, nesses momento eu sentia falta de minha mãe com
suas esponjas feitas de algodão colhido das árvores, eles eram
macios, mas limpavam sem muito esforço.
Ao terminar o banho elas me deram um roupão de pele para
cobrir e secar o corpo, me conduziram até uma cadeira em frenteao
grande espelho e me sentaram na mesma, a criada mais alta retirou
de sua mala alguns pequenos potes, alguns continham um estranho
pó e outras continham flores,fiqueia observando pelo espelho e me
assustei quando ela pegou uma pequena flore vermelha e amassou
com um pedaço de batedor, pingou umas gotas de óleo e veio em
minha direção.

— Bom, vamos cuidar de dar cor para seus lábios! Não vai
doer senhorita, é apenas tinta de rosas! Me deixa surpresa ao
mostrar que o povo do sul não usavam as flores e minérios para
beleza própria!

— Nós estávamos preocupados em não morrer de frio! —


disse neutro.

Ela não disse mais nada, começou a passar o liquido em


minha boca e depois partiu para meu rosto, fechei meus olhos por
conta do pó que insistia em voar nos mesmos, quando os abri eu
estava parecendo viva novamente, meus lábios estavam brilhosos e
meu rosto corado, não me contive ao tocar o mesmo enquanto ela
penteava meu cabelo.
— Você realmente faz milagres!

— Mas é um milagre temporário, no fim da festa já estará


saindo tudo! — disse amarga.

Ela passou óleo em meu cabelo e enquanto fazia o coque eu


pude me admirar, estava realmente linda, não sabia se desejava ser
vista por Dorien ou se desejava me esconder para sempre dentro de
um buraco, no fundo eu sabia eu queria ver em seus olhos o desejo
que eu causaria.

A criada foi arrumando meu cabelo com suas mãos ágeis e


quando terminou ele estava trançado e preso e um coque perfeito,
todo meu cabelo rebelde estava perfeitamente alinhado e eu estava
surpresa por ela conseguir essa proeza.

— Vamos ao vestido? Se você gostou do que fiz com seu


rosto, vai adorar o vestido que fizemos! — disse mais animada.

— Oba, vamos lá!


Eu não olhei o vestido na cama, deixei elas me vestirem e
ajustarem o tecido para que ele grudasse em meu corpo e então
encarei meu reflexo no espelho e senti as lágrimas rolarem por meu
rosto, ele era igual ao que minha mãe havia feito para mim, a
silhueta se preenchia pelo corpete em um triangulo invertido, as
alças eram finas e ficavam caídas no ombro, enquanto uma manga
mais fina cobria todo o braço, deixando apenas a parte de trás com
uma abertura, o tecido era leve e com texturas foscas por todo o
comprimento, era igualzinho, não me controlei e me sentei no chão
chorando alto, como ele pôde usar a criação dela?
— Senhorita, não chore ou estará horrível antes mesmo da
festa começar! Não estrague meu trabalho!

— Como se eu me importasse com toda essa ilusão! Me


deixem sozinha, por favor!
— Mas precisamos leva-la para o salão, os convidados estão
esperando!

Me levantei sentindo minhas pernas tremendo e ergui a


cabeça indo até a porta, eu acabaria com Dorien e jogaria seu corpo
para que seus próprios demônios o comessem, não seria piedosa,
não teria medo de fazer a coisa certa.

— Vamos, me levem para o salão!


As duas criadas passaram em minha frente e foram andando
em passos lentos, consegui seguir elas sem voltar a derramar
lágrimas, eu estava tão casada de chorar, de me mostrar fraca,
porém o que poderia ser feito? Já que meu coração estava
destruído.
Pude ouvir as duas cochichando enquanto andavam, elas
eram moradoras do Norte e o povo do Norte não havia sofrido nas
mãos de Dorien, apenas aqueles que ousavam se voltar contra ele e
por isso elas me viam como a garota sortuda do Sul, que mesmo
após fugir, conseguiu conquistar o amor do tirano maldito.

— Vamos avisar que está aqui, a senhorita deve entrar


apenas quando ouvir a melodia! Está ciente disso?
— Estou!
As duas saírame não demorou muito para uma melodia lenta
começar a tocar, respirei fundo e dei alguns passos, nada de
sorriso, nada de lágrimas, eu queria parecer entediada, enquanto
caminhava pelo longo tapete de flores, passei meus olhos por
rostos, nenhum era conhecido, até que subitamente meus olhos
assim como meu corpo pararam no meio do salão, ali estavam Nick
e Diana, os dois estavam sendo segurados por guardas, Diana
estava com sua expressão desanimada, com pequenas lágrimas
escorrendo por sua facee Nick parecia extremamente desapontado,
furioso, como se tivesse sido... Traído.
Procurei Dorien com os olhos e seu sorriso em direção a Nick
era enorme, voltei a caminhar em passos largos em sua direção e
não me importei em estar mais rápida que a música, eu não me
importava com tudo o que estava acontecendo.
— Solte-os! Solte-os agora!
— Não quer nem saber como foi que consegui prende-los?
Meus pequenos amigos traidores?

— Dorien, por favor! Não os machuque! Diana é sua irmã!

— Não farei, apenas irei lidar com eles de uma forma


diferente! Mas vou deixar que ele vejam nossa cerimônia! Minha
vitória!
— Dorien, não os prenda naquela sala de novo! Eles são
nossos amigos e...
— E amigos traem amigos! Veja só a sua amada Dahkla, não
demorou muito para voltar e pedir perdão! Para ela mesma trazer
seus amigos para mim e mostrar seu arrependimento, sabe como se
chama isso? Inteligência, ela percebeu que não podia comigo
quando você se entregou a mim e se até você se entregou, por que
ela não faria o mesmo?
Olhei em direção a Nick e percebi que ele estava sendo
segurado por Dahkla, ela evitava me encarar e olhava apenas para
frente,virei para frentesentindo minha garganta fechar, lá estava eu
com vontade de chorar novamente, mas não faria isso, ao contrário
do que Dorien pensava, eu não iria fazer um show, pelo menos não
agora.
— Você está simplesmente divina, tenho sorte de ser o seu
homem e único amor!

— Se engana se acredita que é o único homem em minha


vida!

— Mas não é com ele que está casando! Entenda Gaia,


somos almas gêmeas e fomos destinados a nos unir! E eu sei que
você me ama muito mais do que a Nicklaus, ou você não teria se
entregado a mim ou tentado me acalmar de meu pesadelo! Gaia
você é minha obsessão, minha metade e tudo o que eu desejo! Eu a
amo!

— Não se esqueça Dorien, casamentos não são alimentados


apenas por amor! E o amor pode diminuir em determinadas fases,
como a fase da traição, desrespeito e assassinato!

— Por que isso agora? Não consegue me perdoar? Você


sempre disse que as pessoas merecem segundas chances Gaia!
Por que comigo é diferente?
— Por que está fazendo isso? Eu tive que reaprender a viver
sozinha, você sabe quem sou Dorian, sabe que eu não sinto nada
além do já disse! Eu não sabia que a queda seria tão grande, que
eu iria me machucar tanto, Deus sabe o quanto pedi a ele para tirar
você do meu coração, porque eu não suportava a ideia de vê-lo
como o vilão de minha história, de tudo o que aconteceu, o meu
maior medo era o de não conseguir te esquecer!

E eu tentei, por todo esse tempo, eu estava reaprendendo a


viver sem você a não me sentir presa a um sentimento e uma
ligação tão fortes, estava aprendendo a não me sentenciar por
sonhar com você, por ter a esperança de que um dia eu estaria ao
seu lado e que você mudaria! Então não me pergunte o motivo de
não lhe perdoar, porque para isso precisarei de séculos!

— Teremos a eternidade Gaia!

Ele fez sinal para o homem a nossa frente e ele deu início a
cerimônia, eu poderia sorrir, estava me casando com o homem que
sempre havia sonhado, mas as vezes eu sinto que de alguma
maneira as coisas estão erradas, elas não saem como devem sair,
se fosse em outra vida eu realmente estaria sorrindo, as nessa eu
estava sem expressão alguma, enquanto o homem falava eu fiquei
observando o pintor que estava retratando nossa falsa união,
mesmo de costas a nós ele pintava tudo perfeitamente,virava umas
duas vezes a cada pincelada e ali estava meu rosto sério, os
cabelos ele deixou solto e bagunçado, minha essência estava ali,
cabelos pretos com pequenas luzes azuis e meus olhos mais
cristalinos que a água, se tudo desse certo hoje, eu levaria esse
quadro comigo e guardaria com todas as minhas forças.
— Gaia Monterro, você aceita Dorien Wilxes como seu
esposo? Para amá-lo por toda vida e se dedicar a ele enquanto
durar a felicidade? — perguntou o homem em tom baixo.

— Aceito.

— Repita comigo! Eu Gaia...


— Eu Gaia, prometo estar ao seu lado por toda a minha vida,
prometo amá-lo até meu último suspiro, prometo ser sua âncora e
seu ombro nos dias sombrios, prometo proteger-lhe dos maus
sonhos e nunca soltar a sua mão!

Enquanto dizia aquilo não pude deixar de procurar Nick com


os olhos, lá estava ele preso pelas sondas que drenavam seu dom
para que Dorien pudesse usá-lo sem nenhum esforço, seus olhos
estavam cheio de lágrimas e me senti culpada, mesmo que aquilo
fosse parte do plano, eu sabia que aquilo estava o quebrando em
milhões de pedaços.

— Eu Dorien, prometo estar contigo para sempre, prometo


segurar sua mão quando ela escorregar, prometo te segurar quando
cair, prometo respeitá-la, ajudá-la e amá-la até meu último suspiro.

Ele continuava a dizer as palavras e não pude deixar de olhar


em direção ao seu, ali estávamos nós sendo iluminados pelas luzes
das estrelas cadentes, as velas haviam sido apagas e o brilho delas
caiu sob nós, a maior estrela parou seu percurso no meio do céu,
como se nos observasse de alguma forma e então Dorien segurou
minha mão e colocou o anel em meu dedo, era pequeno, em
formato de coroa, cravejado de pequenas pedras azuis e brancas,
fiz o mesmo com ele e esperei pelo final.
— Com o poder a mim concedido eu vos declaro unidos!
Podem se beijar para selar esta união! — liberou o homem em voz
alta.

Dorien passou seus braços em volta de minha cintura e me


puxou para seu corpo, nossos olhos se encontraram e me deixei por
uma última vez sentir aquele frio na barriga, o desejo ardente e dor
nos lábios pelo anseio de colá-los nos dele. Nossos lábios se
tocaram e por uma fração de segundos eu senti o mundo ao nosso
redor parar, todos haviam sumido e apenas nós dois estávamos
naquele ambiente, era nosso último beijo de um amor épico, porém
com um trágico fim.
15 Intenções e Traições

s coisas aconteceram de maneira muito rápida, a


estrela caiu e entre meu corpo e de Dorien um grande brilho surgiu,
os raios que estavam em meu pescoço passaram a aparecer no
pescoço de Dorien e o corte que ele tinha em sua mão apareceu na
minha, dentro do meu ser eu podia sentir cada pedacinho de seu
poder, podia sentir o peso das vítimas que ele fez, era tudo muito
forte e ao mesmo tempo era prazeroso de se sentir, as almas que
estavam presas com ele eram almas que haviam feitos crimes
contra seu povo, almas baixas e que usavam o chicote para torturar
os que eram de classe mais baixa.

Eu jamais iria imaginar que de alguma forma, ele teria


deixado Gomeu libertar as almas que eram inocentes, que
morreram apenas por desafiar seu reinado de pesadelos, enquanto
ele sorria maravilhado com a junção de nosso poder, eu sentia a
alma de Camélia me rondando, pedindo para ser liberta e ter paz,
mas como eu poderia fazer isso? Apenas ele poderia dar ordens ao
meu irmão para deixar a alma dela atravessar e eu sabia que isso
ele não faria, pois Camélia havia me traído.

Os gritos começaram a surgir quando Dahkla libertou


Nicklaus e ajudou Diana a sair, a elfo havia sacado de sua roupa
uma espada e antes de fazer o que eu jamais imaginaria, ela beijou
Diana, foi um beijo rápido, cheio de promessas e intenso, quando
ela se afastou deixou a pequena estrela caída com sua face
avermelhada e os olhos confusose então ela veio em nossa direção
e atacou Dorien, porém ele havia sido mais rápido e ao invés de
matá-la como fazia com todos os outros que ousavam o desafiar
, ele
apenas olhou no fundode seus olhos e deu o comando para que ela
se jogasse do castelo, senti meu dom sendo tirado de mim e tudo
que pude fazer foi abraçar a elfo e a segurar com toda a força que
eu ainda tinha, não poderia retirar o comando sem encarar seus
olhos e também não tinha confiança o suficiente para isso.

— Ousam encarar minha fúria seus ingratos, mas saibam que


dessa vez eu não terei misericórdia quando prendê-los dentro
daquela sala e sugar todo o poder de vocês e a cada dia os deixar
cada vez mais fracos! Eu pensei em ter misericórdia e lhes dar uma
nova chance e tudo isso como presente de casamento para minha
pequena obsessão, mas não o farei! Pelo contrário, farei vocês
pagarem por estragarem a minha festa de casamento! — Dorien
dizia em tom de fúria.

Dahkla tentava de todas as formas se soltar de mim e gritava


que tinha que se jogar, senti um embrulho em meu estômago
enquanto a via sendo dominada por meu poder, enquanto eu a
segurava Dorien ergueu seus braços e todas as almas que eu senti
ao me redor pairaram ao seu redor, os demônios vampiros que
haviam atacado a mim e a Camélia naquele dia, também
apareceram e todos começaram a atacar meus amigos, Gomeu
ainda estava parado em um canto, eu sabia que ele estava com
medo de atacar, não por medo de meus amigos ganharem, mas por
medo de machucar Diana, ele ainda a amava e eu sabia disso,
porque a maldição de nossa família era amar demais.

Inesperadamente Dahkila atingiu seu cotovelo em meu


queixo e me derrubou para trás, em passos rápidos ela deu impulso
e se jogou contra a janela, o vidro se partiu quando entrou em
contato com seu corpo e quando se deu conta do que havia feito,
ela me encarou assustada e soltou um grito de desespero, ainda
tonta com seu golpe me levantei e corri até a janela, mas seu corpo
já havia desaparecido na imensidão do mar que passava em volta
do castelo, senti meu peito arder e mesmo que não sentisse sua
alma ao meu redor, eu sabia que em breve estaria, porque de
alguma forma, ela iria morrer dentro daquela água.

Senti um braço ao redor de minha cintura me puxar e me


encostar na parede, eu estava presa na dor de perder mais uma
amiga, mais uma pessoa e tudo que podia ver ou ouvir era a
expressão de medo dela e seu grito, a pessoa ainda me segurava
na parede e me chacoalhava, senti tudo ao meu redor voltar e
então pude ver quem me segurava.
— Nick, finalmente...

O abracei com força, desde que o encontrara no reino das


fadas eu queria ter dado esse abraço, sentindo o amor puro dele ao
meu redor e a paz que ele conseguia me transmitir, foi por isso que
ele conseguiu me tirar do transe, havia me transmitido sua paz.
— Faça o que tiver que ser feito Gaia, não importa o que
acontecer ao nosso redor! Seja forte e eu sempre estarei do seu
lado, afinal sou o seu Klaus e não importa suas escolhas, eu
continuarei a amando intensamente e sempre a verei como a garota
de meus olhos, então seja forte e o que eu puder fazer para ajudar,
farei! Não me importo o quanto o ama, sei que um dia irá se abrir
para um novo grande amor e prometo que serei o primeiro da fila e
mesmo que escolha ficar ao lado dele, também não me importo,
porque sei de suas dores, medos e sentimentos! Eu te amo!

Dito suas palavras mágicas Nick me deixou sozinha e voltou


a atacar os monstros, com sua habilidade de transmitir paz aos
outros, ele conseguia acalmar as feras e as nocautear, uma criatura
pegou Diana por trás enquanto ela batia em um vampiro e tentou a
arrastar até Dorien, mas com um movimento rápido ela se soltou e
seus olhos brilharam em tom violeta, com um sorriso no rosto o
monstro a soltou e caiu de joelhos totalmente rendido por sua
beleza, quem diria que isso fosse a força de uma mulher.
Gomeu não se aguentou e finalmente escolheu um lado,
imaginei que depois de tudo que ele havia me dito naquele noite
fosse por se sentir arrependido e porque estava sendo forçado a
fazer tudo o que fazia por Dorien, mas não, nesse momento percebi
que ele jamais deixaria ele ou o trairia, então ele atacou Nick e o
segurou pelo pescoço, ele estava tentando o matar, Nick não
morreria definitivamente, mas isso daria a Diana desigualdade e ela
teria que se render, sem pensar muito apenas fui em direção a
Dorien e o abracei, minha intenção era distraí-lo, tirá-lo da batalha.

— O que está fazendo Gaia? Me solte!


O desespero em sua voz era nítido e eu só entendi porque
outra estrela voltou a se apresentar em nosso meio e quanto mais
eu apertava Dorien, mais ele pedia para que eu o soltasse, então
era isso, eu tinha que matá-lo, segurei seu corpo contra o meu e
com outra mão o encarei dentro dos olhos, não porque eu iria
enlouquecê-lo, mas porque queria ver se o homem que havia
aparecido antes pedindo socorro estava ali, e enquanto o procurava
dentro dos dois buracos negros em sua face, o encontrei
ressurgindo das sombras, suplicando.
— Gaia...

— Se acalme Dorien, apenas relaxe...

Nick que ainda lutava olhou em nossa Direção e quando


Dorien parou de se debater eu soube que mesmo depois de tudo,
ele ainda o via como um amigo e por isso havia colocado paz dentro
de seu peito, para que ele morresse se sentir medo, apenas uma
calma e mansidão, coloquei sua cabeça em meu peito e começa a
sentir seu poder me dominando e ao encontrar Diana, pude ver a
suplica em seus olhos, ela não queria que eu o matasse e eu
também não queria fazê-lo.
Enquanto isso, a estrela brilhava ainda mais forte no céu,
estiquei minhas e segurou a de Dorien com força, em meu
consciente eu queria apenas roubar seu dom, o deixar sendo
apenas um homem que um dia conseguiria o perdão daqueles que
ele machucou, o brilho que havia surgido quando nos unimos, voltou
a reaparecer, mas dessa vez ele vinha somente de dentro de mim,
fechei meus olhos e deixei a sensação me dominar, deixei que tudo
o que Dorien tinha viesse para mim.
A batalha ao meu redor havia desaparecido, tudo que eu
escutava era nossos corações unidos, batendo na mesma
velocidade, e assim como a gente sente adrenalina quando está
prestes a fazer algo desafiador ou quando estamos em perigo, eu
sentia seu poder vindo com forçapara mim, Dorien lutava por dentro
tentando bloquear ao meu chamado, mas continue insistindo,
continuei chamando.

— Deixe vir querido, me deixe libertar você das sombras e do


homem que está dentro de sua cabeça! Me deixe lhe destruir, odiar
e me deixe amá-lo! Sinta meu amor por você, esperaste todo esse
tempo para tentar sentir isso novamente e agora aqui estou eu, me
deixe passar Dorien, segure-se em mim e apenas e venha...
Ele já não lutava e de repente eu estava dentro da imensidão
dos teus olhos, o homem que eu amava estava ali, encolhido de
medo e com todos seus medos ao seu redor, seu pai era o maior de
todos, ele segurava algumas correntes que prendiam seu pulso,
seria mais fácil matá-lo enquanto ele ainda estava preso em seus
medos e aos poucos eu me aproximei, em minha mão apareceu a
pequena adaga que eu tanto amava, eu sabia que todo e qualquer
movimento feito por mim ali, era feito também fora dali, não hesitei
ao me abaixar em sua frente, os medos o assustavam tanto que
nem mesmo olhou em meus olhos, seu pai crescia a cada segundo,
segurei seu rosto o fazendo meu encarar e não pude deixar de
suspirar.

— Eu entendo suas motivações, no fundo eu também queria


parar de ser chamada de amaldiçoada e talvez por isso eu usava
meu dom quando estava com você, porque de alguma forma, eu me
sentia segura em teus braços! Você me enxergou no meio de
minhas névoas, mesmo quando eu nem sabia que elas existiam e
eu sou grata por você ter sido o que eu mais precisei quando
estávamos juntos! Mas nem sempre o amor vende Dorien, você me
disse que somos almas gêmeas destinadas a estarem juntas, mas
acredito que está errado! Somos sim almas gêmeas, mas não
somos destinados um ao outro! Nosso destino vai muito além de
romance e por isso estou fazendo isso, por todo esse tempo eu
pedia todos os dias para o homem que esteve ao meu lado,
voltasse, entretanto eu estava errada ao pedir e por isso eu te liberto
Dorien...

Deixei meus lábios encontrarem os seus, meu último beijo de


amor, desejo e paixão havia sido minutos antes e agora esse era um
de despedida, as lágrimas se misturaram ao nosso beijo o tornando
salgado e difícil,estendi a outra mão para enfiar a adaga em seu
peito e de repente a voz de minha mãe ecoou em minhas
lembranças, enxergue seu verdadeiro inimigo...
Me afastei dele cum um pulo e joguei a adaga em seu pai, o
vulto tremeu e me encarou com seus olhos vermelhos, deixei meu
poder passar por mim e no momento em que ele me atacou, meu
grito ecoou em sua direção, levei as mãos aos ouvidos e continuei
ele, tudo ao nosso redor tremia, o velho começou a diminuir
colocando as mãos no ouvido e enquanto ele ficava menor a
escuridão começou a se dissipar ao nosso redor, todas as sombras
e medos estavam indo embora com a claridade e quando o velho
desapareceu, o grito cessou, com a respiração pesada caminhei até
a adaga e ao pegá-la a atirei nas correntes que prendiam Dorien.

Tudo sumiu, abri meus olhos quando o poder já não saía


mais e a estrela havia ido embora, me afastei de Dorien quando ele
soltou um soluço alto e se levantou encarando todos.
— Você sempre esteve destinada a me salvar, porém não da
maneira que eu imaginava! — disse ele.

Soltei também um soluço alto e um abraço me pegou de


surpresa, era Dahkla, apertei ela com força enquanto Diana corria
para abraçar seu irmão, passei as mãos em seu cabelo sorrindo
emocionada e me afastei a encarando com alegria.

— Você não morreu...


— Claro que não esmeralda! Eu jamais deixaria minha Diana
com seu irmão! E os habitantes do mar reconheceram minha beleza
e me salvaram— disse com sarcasmo.

Sorri alegre e esperei por meu irmão, mas ao invés de vir até
nós ele simplesmente virou suas costas e saiu nos deixando
comemorar, Nick segurou minha mão e deitei a cabeça sob seu
ombro.

— Gomeu também precisa ser salvo! Mas é dele mesmo, ele


vai voltar Gaia!

— Eu sei, mas se eu continuar salvando todos, quem vai me


salvar?
— Eu, farei isso todos os dias se for preciso!

— Klaus, eu amo você! Mas meu coração ainda pertence a


Dorien, então para ficarmos juntos eu preciso tirá-lo completamente
daqui de dentro e eu vou entender se você seguir sua vida, porque é
o que deve fazer!
— Se está tentando me pedir para seguir em frente, eu não
vou, desista!

Continuei deitada em seu ombro enquanto Dorien conversava


com Diana, ele pedia perdão por tudo e chorava feito uma criança,
no fim eu sabia que aquele homem ainda estava ali, quando me
disseram que seu coração era peludo eu sabia que estava certa em
acreditar que não, assim como Nick, ele era um bom homem.

— Me ajuda a soltar o povo do Sul das masmorras? —


perguntou Nick.
Tirei minha cabeça de seu ombro e o encarei surpresa, uma
pitada de esperança surgiu em meu peito, minha vila seria
novamente habitada e eu não estaria mais sozinha, sorri ainda
surpresa e levei as mãos a boca para abafar um sorriso.

— Sim, eles estão vivos! — continuou ele.


— Vamos logo Klaus!

Saí com ele do salão, os criados comentavam o que havia


acontecido ali e abaixavam a cabeça enquanto nós passávamos,
caminhamos até as escadas e começamos a descer, era tudo
escuro e o mínimo de luz que entrava era apenas para iluminar os
degraus, quando chegamos no fim eu me surpreendi com as
pessoas presas ali.
— São muitas em apenas uma cela!

— Castigo dado a elas!


Com rapidez corri até a grade e comecei a retirar os arames
na mesma, Nick esperou até que a fechadora estivesse livre e usou
a chave pendurada para abrir, a porta caiu com o peso do pessoal e
os mesmo também começaram a cair para poder sair, estavam
assustados e ao mesmo tempo gratos.

— Vocês estão livres para retornarem para suas casas no


Sul! Nossa vila espera por nós!

Sorri ao dizer isso e aos poucos a cela se esvaziou e na


mesma haviam apenas dois corpos que de longe reconheci, eram
meus pais, deixei minhas pernas irem no automático e me abaixei
próxima ao corpo deles, estava fedendo, porém não pude deixar de
segurar suas mãos, mesmo nessa situação eles estavam em paz e
por isso que eu não me desmanchei em lágrimas, porque sabia que
eles estavam em um lugar melhor.

Me afastei do corpo e subi com todos, deixei que eles se


alimentasse no salão do casamento e no fim todos seguimos
viagem para o Sul, Dorien resolveu que deixaria o Norte também e
seguiu viagem conosco, a paz finalmenteestava reinando em nosso
lar e quando finalmente chegamos em minha vila a primeira coisa
que vi foi Afrodite com Giulia, soltei a mão de Nick e corri até elas.
— Minha menina...

A abracei com forçae encarei a fadacom lágrimas nos olhos,


ao menos essa pequena parte de minha famíliaestava aqui, eu
poderia me acostumar com essa pequena felicidade.
— Como sabia que estávamos vindo para cá? — perguntei.

— Vocês tiveram que passar pelo deserto e não se perguntou


o porquê de minha rainha não atacar vocês? — questionou ela.
— Ela sabia o que aconteceria hoje, não é?!

— Bom, isso você teria que perguntar a ela! — disse a fada


desaparecendo.

Peguei minha pequena irmã no colo e ajudei a todos em suas


casas, Diana, Dorien e Dahkla ficaram com a casa de um casal que
decidiu que ficaria com a família de Nick, eu e minha irmão
continuamos em casa e Klaus decidiu que também ficaria, porém
resolveu que iria passar um tempo com os pais, recuperar o tempo
perdido.
A fogueira da vila voltou a acender e eu sorri, sabia que isso
era obra das fadas do deserto, quando anoiteceu todos nos
juntamos ao redor dela e cantamos e dançamos, como fazíamos
antes, Dorian e Diana estavam experimentando isso e em seus
olhos era visto paz gratidão e felicidade.
Epílogo

vida é realmente um sopro, em uma noite meus


pais estavam jantando ao redor dessa mesa e em outra eles
estavam mortos e se me perguntarem sobre o perdão, eu diria que
perdoar é uma coisa e esquecer é outra, é bem fácil perdoar uma
pessoa que te feriu, machucou e lhe traiu o difícil mesmo é
conseguir esquecer e voltar a confiar.
Depois de meses voltando a dormir sem medo do que
poderia vir amanhã, Diana resolveu que iria voltar ao Norte,
diferente do Sul, lá precisava de um governante e Dorien decidiu
que ainda não estava pronto para ser um rei novamente, ele ainda
ficaria mais um tempo no Sul conosco.

O povo da vila acolheu ele e o aceitou, mas deixaram claro


que ele não ficariasozinho e não teria a confiançadeles novamente
e após voltar do reino Neutro, Klaus o ajudou a recomeçar sua vida,
tudo estava indo bem e com uma harmonia gostosa de se viver.
Dahkla resolveu que iria embora com Diana, mas fez algo
que ninguém jamais imaginou a pediu em casamento e hoje o dia
em que elas iriam embora, estava sendo preparada uma festa de
casamento e dessa vez eu estaria feliz estando em uma.

Enquanto eu recortava os enfeitessentada em frenteao lago,


Klaus se sentou ao meu lado e começou a me ajudar, eu pude ver
seu reflexo na água e não me aguentei, deixei os recortes de lado e
o encarei.

— Estou feliz por estar aqui novamente!

— Eu disse que eu não lhe deixaria novamente Gaia...

— Eu sei e é por isso que vou dizer o que vou dizer!

— Gaia, não faz isso! Por favor


...
— Klaus eu descobri que a minha história não é um romance,
onde uma garota fica dividida entre duas pessoas diferentes! No
começo de tudo eu sabia que escolheria você e que jamais iria
voltar aos braços de Dorien novamente, mas...
— Mas agora que ele está sem o dom e indefeso você
acredita que pode viver o seu romance com ele?
— Não, agora eu descobri através da curandeira da vila, que
eu estou esperando um filho dele e que eu não devo escolher entre
você e ele, porque se existem duas pessoas dentro do meu coração
significa que eu não amo nenhum dos dois, pelo menos não como
vocês merecem, você merece ser amado e escolhido por uma
pessoa menos confusa que eu!
— Gaia, eu não me importo que você esteja esperando um
bebê dele, tudo o que importa nesse momento é que eu te amo e
que eu te escolhi! Em algum momento você vai deixar de amá-lo e
eu vou esperar por isso! Eu ainda acredito que podemos formar uma
família juntos!

E sem dizer mais nada ele depositou um beijo em minha


testa e me deixou sozinha, talvez com o tempo isso aconteça
mesmo, mas não irei usar Klaus para isso, Dorien foi meu primeiro
amor e eu esperava que Klaus pudesse ser o meu último, levando o
tempo que for.

Terminei de recortar tudo e coloquei dentro do cesto, levei


minha mão a barriga e não pude deixar de imaginar o quão diferente
a vida dessa pequena criança dentro de mim seria e que ela jamais
teria que passar pelo que minha irmã Giulia teve que passar.

A pequena todas as noites sofria com os diversos pesadelos,


porém durante o dia ela conseguia ser uma criança comum,
brincava por toda a vila e as vezes até mesmo com Dorien ela
brincava, o bom de ser criança é que fica mais fácil disfarçar a
mágoa ou algo do tipo.

Peguei o cesto e caminhei até o local em que seria a


cerimônia, como era dia a neve estava mais calma e até dava para
usar finas roupas, e era sorte para Diana, porque se vestido era
todo rendado, não poderia ser dito que era esquentaria em algum
momento.

Pendurei cada recorte em seu devido lugar e me sentei


observando tudo, poderia ser Gomeu se casando com o amor de
sua vida, mas ele escolheu deixá-la ir, escolheu uma causa sem
vitória ao invés de escolher aquela que sempre esteve ao seu lado,
mas quem seria eu para julgá-lo? Eu também não estava com sorte
nessa história de amor e por isso também havia deixado bem claro
a Klaus que ele poderia seguir em frente.

Não demorou muito para darmos início a festa, cada pessoa


da vila estava muito bem vestida, as mulheres estavam com sua
facetoda trabalhada, assim como fizeremcomigo quando estava no
Norte, Diana ensinou a cada uma delas, como aproveitar as cores
da natureza para se embelezar, eu também havia aproveitado isso,
mas apenas para esconder os enormes roxos pretejados que
estavam abaixo de meus olhos a beleza não era de fato um tópico
importante para mim.

Uma suave música foi iniciada e as duas entraram juntas,


Diana optou por uma entrada diferente, Dahkla usava um longe
vestido preto, seu decote era em formato de v e o comprimento era
reto, diferente de Diana, seu tecido era mais grosseiro e por todo ele
era possível ver ramificações bordadas. Seu cabelo estava com a
lateral direita raspada e o restante do cabelo todo para esquerda em
uma trança grossa, isso destacou seus grandes olhos cor de rosa.
Daiana optou por deixar seu cabelo encaracolado solto, os
cachos eram cheios e armados a deixando poderosa, sua pele
estava perfeitamente limpa a não ser pela boca que estava
vermelha como sangue, o vestido dela era em um tom rosa bem
clarinho, quase branco, o decote era em formato de coração e
moldava sua cintura perfeita, por ter um corpo mais avantajado, ela
optou por um comprimento que imitava a calda de uma sereia, o que
me deixou maravilhada, o vestido era todo em rendas e elas
engrossavam mais em suas regiões íntimas, ela estava uma
verdadeira estrela.

As duas estavam trocando as alianças quando senti alguém


segurar minha mão, não precisei mudar meu olhar para ver que era
Dorien, porque eu ainda sentia aquele arrepio conhecido quando
nos tocávamos.
— Klaus disse que você queria conversar comigo! — ele
disse baixo.

— Sim, eu queria...

— E nesse momento não quer mais?


— Dorien, eu estou esperando um bebê e o pai é você...

Eu não sabia se ele estava tentando conter as emoções, mas


um grande sorriso surgiu em sua facee ele apertou minha mão com
mais força, abaixei o olhar para nossas mãos, porém não as
separei, eu gostava do que seu toque ainda me causava.
— Isso significa que seremos uma família? E que...

— Não ficaremos juntos, vamos ser uma famíliasim, porém


não é necessário que fiquemos juntos para isso! Espero que
entenda!
— Eu entendo Gaia, mas vou continuar lhe amando! Mesmo
assim, agradeço por estar me libertando!

Sim, eu estava o libertando também, no fim era necessário


fazer isso, eu jamais seria feliz ao seu lado, porque eu jamais
esqueceria tudo o que havia acontecido e ele jamais seria feliz
também, porque eu não iria conseguir deixar.
Soltei sua mão e fui caminhando para frente do povo, parei
do lado de um ser encapuzado e segurei sua mão firmemente, não
demorou muito para que ele também apertasse a minha e nossos
olhares se cruzassem.
— Fico feliz que tenha voltado Gomeu!
— Não por muito tempo irmã! Eu vim apenas ver por uma
última vez o sorriso daquela que perdi! — falou melancólico.

— Olha, sabe que pode ficar aqui, não é? Nosso povo


aceitou Dorien e poderá aceita-lo também!

— Não quero aceitação Gaia, quero viver em paz e me


despedir de minha Diana!
— Não me deixe novamente Gomeu, por favor!Eu preciso de
você ao meu lado!
— Desculpe irmã, mas eu não vivo sob a sobra de ninguém!
E então ele soltou minha mão e saiu andando, não olhei para
trás, não iria me despedir, porque se eu não a fizesse, não seria
uma despedida e ele poderia voltar para nossa famíliae tentar ser
feliz novamente. Voltei a prestar atenção na cerimônia e consegui
pegar o discurso Diana.
— Durante esse tempo, eu havia conhecido apenas dois tipos
de amor, o amor que meu irmão tinha por mim e o amor que eu dei
a outra pessoa! Nesses dois amores eu tive que passar por uma
enorme dor, para que eu crescesse e aprendesse que também
existiam outros tipos de amores!
Ao fugir com a pequena Giulia, eu descobri que o amor que
uma criança nos dá é o mais puro e verdadeiro do mundo, ao morar
com as fadas do deserto eu vi que o amor que a rainha recebe delas
é o amor em forma de gratidão, ao me reencontrar com meu amigo
Nick, eu descobri que o amor nascido através de uma amizade,
nunca morre e através do sacrifíciode Gaia eu descobri o amor à
primeira vista e o amor arrebatador! Jamais imaginei que alguém um
dia me deixaria dessa forma, boba, com o coração a mil e com a
ansiedade lá em cima para rever essa pessoa!
Nunca iria imaginar que um dia eu iria me apaixonar tão
depressa assim, igual como quando estamos cansados caímos no
sono, mas aconteceu e o conselho que deixo hoje é:Se deixe sentir,
se deixe experimentar e não hesite em aceitar o amor, porque se
não correspondido, em algum momento ele pode acabar morrendo.

Bom se aquele conselho sido para mim, então eu teria que


dispensá-lo, porque a minha história agora era de perdão,
superação e de poder, nada mais que isso, eu não estava pronta
para o amor e ele não estava pronto para mim.
Eu estava pronta para continuar lutando para proteção da
minha vila e agora para proteção do meu bebê, essa seria minha
escolha e se um dia eu mudasse de ideia, bom eu pagaria a língua.

FIM
Carta jamais entregue a Gaia

Enquanto você não está ao meu lado, tudo o que posso fazer é escrever, pois
essas palavras me faz estar mais perto de ti.
Você é arte
Mas não qualquer arte
Não que as artes sejam quaisquer
Mas é que você não é comum
Não que as artes sejam comuns
Mas você, foi Deus quem criou, abençoou
Sim, Deus abençoou outras artes
Mas você ele criou para mim
Foi feita sob medida, somente para mim
Para que eu lhe admirasse
Para que eu me encantasse
Para que eu me apaixonasse
Porque para meus olhos
Tu és o brilho da manhã
Para meu coração
O calor da tarde
E para meu corpo
O arrepio da noite
Amo-te e sempre amarei!
Dorien
@geisademacedo

Geisa Macedo

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