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-- Intrigante Senhora?
-- Eu não sei. Eles parecem, tão leves, tão felizes, mesmo aqueles que um
dia pisarão por essas terras. Todos parecem, em paz.
-- Senhora?
-- Foram essas as últimas palavras que dei a Marcicai antes de partir para a
superficie. Antes de decidir ocultar minha aparência antiga com este objeto,
antes de conhece-lo.
A mulher de cabelos negros amarrados elegantemente, com uma pele de
um bronze profundo e vestes refinadas, mas com corte de uma cortesã,
fala em direção ao homem sentado a sua frente. Este de pele escura,
profunda e misteriosa, olhos azuis que denotam surpresa ao encarar a
mulher que ama, dizer tais palavras.
-- Eu devia te-lo contado mais cedo, eu sei Marcel. Mas, eu tive medo.
-- Sim. Ela nasceu do melhor dos humanos, é justo que carregue isso.
”Foram dias até finalmente chegar nessa cidade. A viagem foi mais longa
do que eu esperava, por sorte conheci um companheiro gentil, que me
ajudou a chegar até aqui. Lembre-me de agradecer ao Duque Gerold, se
não fosse por seu sinete, eu teria tido mais dificuldades de fazer esses
nobres me ouvirem. A carta que vossa senhoria pediu, foi entregue com
sucesso. Mas não é sobre minha missão, que vim falar nessa carta.
Foi pouco depois, que minha mãe me deixou para trás, eu tinha 2 anos, e
meu pai havia morrido. Meu tio me contou, que eu chorava todas as noites,
chamando eles, e que havia dias, em que eu podia jurar, que escutava
minha mãe. Bobagem, era o que eles pensavam.
Mas nessa época, a jovem Dahlia, não havia tanta dor como tem hoje,
naquela época, eu ainda podia sorrir e ter esperança. Mas também, foi
naquela época, em que conheci o pior dos infernos.
Não me entenda mal, eu amo minha família, mas passei coisas horríveis na
mão de minha tia. Espero que entenda, que o que aconteceu nas próximas
linhas ao qual contarei, não foi por meu querer.
Eu havia pouco mais de 12 anos. Já fazia alguns meses que tinha feito
aniversario, e que tinha sangrado. 10 anos da minha vida, eu vivi numa
completa dualidade. Aonde meu tio me tratava como sua filha única, e me
amava como um pai, mas minha tia, apenas me olhava como uma
aberração, me negava o mínimo, e ainda castigava-me, com fogo e ferro.
Depois de meu aniversario, meu tio teve que viajar, uma missão do
Condado, e como conde ele teve que atender. Então fiquei sozinha com
ela, um banquete perfeito para a hidra faminta que me espreitava. Eu me
lembro exatamente daquela noite, a noite em que minha tia, entrou em
meu quarto durante a madrugada, agarrou-me pelos pulsos, e me arrastou
ate homens encapuçados.
Foram essas as últimas palavras que ouvi de sua boca, antes de adormecer,
graças a um baque em minhas têmporas.Quando eu acordei, eu estava nua,
amarrada em um altar, com pelo menos 5 homens ao meu redor,
entoando um cântico, que fazia meu peito arder. Queria ter entendido
naquela época, que não era dor, era raiva.
Quando o mais alto dos homens, alcançou a última sonata, eu perdi meus
sentidos. Meus olhos se encheram de uma luz vermelha escaldante, como
um fogo, que vazava furiosamente deles. E então, eu acordei. As cordas
queimadas, em frangalhos, mas soltas em meus pulsos e pernas. Os
homens, caídos no chão, com nada mais do que os ossos negros e se
unindo as cinzas de sua carbonização, e então, em um dos vitrais mais
baixos, eu me vi, pela primeira vez, depois de tanto tempo, eu estava sem o
bracelete que minha mãe me dera, antes de sua partida. Era eu novamente.
Mas sabe Lucian, eu percebi naquele momento. Não importa o quão boa
eu fosse, o quão poderosa eu poderia me tornar, ou o quão caridosa eu era,
haveria pessoas, que só por eu ser diferente, tentariam me machucar. E
então, eu o vesti de novo, eu era essa mulher mais uma vez. Mas eu era
covarde, e fugi, ao invés de voltar para casa.
Foi nesse dia, que jurei aprender a me controlar, que nunca mais iria me
deixar dominar pelos sentimentos, que eu não iria matar mais ninguém.
Eles deixaram, tudo o que tinham em meu nome. Tudo o que foi
conquistado, todo o legado, caiu sobre mim. E reles coisas, quase sem
valor sequer sentimental, sobraram para meus primos.
Lembra que eu disse a algumas linhas atrás, que fiz coisas, que não eram
minha culpa? Que tais, foram acasos acidentais? Essa, é uma dessas
situações.
É como você disso. Todos temos Luz e sombras dentro de nós, e agora
Luci, eu preciso encontrar minha luz.