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TEORIA DO CONSUMIDOR
EXERCÍCIOS
Resolução
a) Sendo R = 160 u.m., px = 20 u.m. e py = 10 u.m. e dado que o rendimento é totalmente gasto na
aquisição do bem X e/ou do bem Y, a expressão analítica da restrição orçamental é: 160 = 20 X + 10 Y,
onde X e Y designam, respectivamente, a quantidade adquirida de cada um dos bens, expressa em
unidades; 20 X representa a despesa no bem X e 10 Y a despesa no bem Y.
Resolvendo em ordem a Y:
160 20
10Y = 160 − 20 X ⇔ Y= − X ⇔ (1) Y = 16 − 2 X
10 10
Para representar graficamente a restrição orçamental (R0 no Figura 2.1-a), basta considerar dois pontos:
se o consumidor gastar a totalidade do seu rendimento no bem Y, o cabaz de consumo é (X = 0; Y=16),
coordenadas da ordenada na origem; se gastar a totalidade do seu rendimento no bem X, o cabaz de
consumo é (X=8; Y = 0), coordenadas da abcissa na origem.
1
Trata-se de um custo de oportunidade objectivo, no sentido em que é determinado pelo mercado.
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R p R p
Y= − x X , sendo a ordenada na origem e (- x ) o declive.
py py px py
b) Se o preço do bem X diminuiu em 20%, então o seu preço (px1 ) passa a ser de 16 u.m.:
A nova restrição orçamental (R1, na Figura 2.1-b) tem por ordenada na origem 16 e, por abcissa na
origem2, 10, sendo o seu declive de (-1,6). Verifica-se uma rotação da recta orçamental para a direita
em torno da ordenada na origem, uma vez que se mantém o montante máximo que o consumidor pode
adquirir do bem Y, se afectasse a totalidade do seu rendimento a esse bem. No entanto, o montante
máximo de X que pode adquirir, se nada gastar em Y, será agora de 10 unidades. O declive de R1 é, em
2
Este valor foi obtido dividindo R por Px.
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valor absoluto, inferior ao de R0, em resultado de o bem X se ter tornado relativamente mais barato do
que o bemY3.
c) O rendimento do consumidor sofreu um acréscimo de 80 u.m. (0,5 x 160), passando a ser de 240
u.m.. A expressão analítica da nova restrição orçamental é :
240 = 20 X + 10 Y, ou seja, Y = 24 -2 X
Relativamente à alinea a), a ordenada na origem passa para 24 unidades de Y (240/10) e a abcissa na
origem para 12 unidades de X (240/20) e mantém-se o declive dado que não houve alteração no preço
relativo dos bens. O rendimento real do consumidor aumentou e a recta orçamental desloca-se
paralelamente para a direita (comparar R1 com R0 na Figura 2.1-c). O consumidor pode adquirir mais
de X, mais de Y ou mais de ambos os bens. Se, pelo contrário, o rendimento diminuir, verificar-se-á
um deslocamento paralelo da recta orçamental para a esquerda (Figura 2.1-c).
3
Repare que o bem X passou a ser relativamente mais barato, embora o seu preço se mantenha mais
elevado em termos absolutos.
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Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória)
A Joana pretende praticar natação num determinado clube. Existem duas modalidades
de pagamento: ou paga 5 € de cada vez que utilizar a piscina ou se inscreve como
sócia do clube, efectuando um pagamento inicial (a jóia) no valor de 30 € e pagando
por cada ida à piscina 2 €. Para a prática da natação e para a aquisição de outros bens,
a Joana dispõe de um rendimento de 80 € por mês, que gasta integralmente.
a) A partir de quantas idas à natação é que vale a pena à Joana tornar-se sócia do
clube? Justifique.
b) Qual é a expressão analítica da restrição orçamental? Justifique. Represente-a
graficamente.
Resolução
a) Considere-se que a natação representa o bem X e que Y é o bem compósito, pelo que o seu preço é
igual à unidade.
- Se a Joana não se inscrever como sócia, a despesa em X (representada por DXns ) será de:
DXns = 5 X
DXs = 30 + 2 X
Não vale a pena a Joana aderir ao clube, se a despesa realizada com a prática da natação for maior no
caso de se tornar sócia, isto é, se:
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Em conclusão, se a Joana for menos do que 10 vezes por mês à natação, não lhe compensa ser sócia e,
se for 10 vezes, tanto lhe faz. Logo, só para mais de 10 idas mensais à natação é que vale a pena à
Joana aderir ao clube.
b) A restrição orçamental será quebrada, sendo constituída por dois ramos definidos em função do
intervalo de valores de X correspondentes à não adesão ou de adesão ao clube.
Se não valer a pena aderir ao clube, a equação da restrição orçamental é:
Deste modo a restrição orçamental é a linha quebrada ABC da Figura 2.2, cuja expressão analítica é
⎧Y = 80 − 5 X , para X ≤ 10
⎨
⎩Y = 50 − 2 X , para X > 10
Resolução
a) Se não houver racionamento, a restrição orçamental é dada por :
800 = 0,80 X + Y ⇔ Y = 800 – 0,80 X , equação de R0 da Figura 2.3-a) .
O montante máximo de litros de gasolina que pode adquirir mensalmente, se nada consumir de outros
bens, é de 1000 litros (abcissa na origem); se não consumir gasolina, o Joaquim gasta os 800 € no bem
compósito (ordenada na origem).
Com o racionamente, para montantes inferiores a 50 litros de gasolina, o Joaquim pode consumir
ambos os bens e substituir um pelo outro à taxa de 0,8 € de outros bens por cada litro de gasolina, pelo
que, neste intervalo, a sua restrição orçamental coincide com R0. No entanto, a partir de 50 litros de
gasolina ele não poderá situar-se ao longo da recta orçamental R0, dado que representa consumos de
gasolina que não pode legalmente realizar. O cabaz de bens economicamente acessíveis ao consumidor
é definido pela àrea OABC (Figura 2.3-a), sendo que qualquer ponto situado no segmento AB esgota o
rendimento do consumidor.
b) Para adquirir mais do que 50 litros de gasolina por mês, o Joaquim vai ter que pagar cada litro a 2 €.
Mas, na aquisição dos 50 litros a que tem direito já gastou 40 €, ficando-lhe 760 € para gastar nos
outros bens e na aquisição de gasolina no mercado negro. Se aplicasse esses 760 € apenas em gasolina
podia adquirir 380 litros no mercado negro. Como já adquiriu legalmente 50 litros de gasolina, o
Joaquim pode, dado o seu rendimento, adquirir no máximo 430 litros (50 + 380), valor da abcissa na
origem da restrição orçamental (R1), no caso de existir mercado negro. Por sua vez o declive desta recta
orçamental é, em valor absoluto, igual a 2 (nova razão de preços). A restrição orçamental tem dois
ramos - até ao ponto B, coincide com R0 e, a partir do ponto B, coincide com R14 - sendo definida pela
linha quebrada ABC da Figura 2.3-b). Em termos analíticos:
4
Este ramo da restrição orçamental é dado pela equação da recta que passa pelos pontos de
coordenadas (x=50; y=760) e (x=430; y=0)
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Resolução
a) Uma curva de indiferença mostra as várias combinações alternativas de idas ao cinema e ao teatro
por mês, que proporcionam à Carolina idêntico nível de satisfação. Deste modo, para a Carolina é
indiferente ir 1 vez ao cinema e 12 ao teatro (ponto A da curva de índice U1 da Figura 2.4) ou 2 vezes
ao cinema e 8 ao teatro (ponto B da mesma curva), por exemplo.
Comparando as combinações alternativas da curva de índice U2 com as da curva de índice U1, constata-
se que ou contêm mais de ambos os bens ou, pelo menos, mais de um dos bens (na Figura 2.4,
comparar os pontos B e H e os pontos C e J). Deste modo, a curva de indiferença de índice U2 situa-se
à direita da de índice U1, pelo que as combinações alternativas de idas ao cinema e ao teatro que nela se
situam representam um nível de bem-estar mais elevado do que o proporcionado pelas que se localizam
na curva de índice U1. O mesmo se passa com os pontos ao longo da curva de índice U3 relativamente
aos que estão nas curvas de índice U2 e U1. Em suma, quanto mais afastadas da origem e mais à direita
se situa uma curva de indiferença, maior é o nível de satisfação que lhe está associado5.
b.1) A taxa marginal de substituição mede, ao longo de uma curva de indiferença, a relação de troca
subjectiva entre os dois bens: indica quanto o consumidor está disposto, segundo as suas preferências, a
deixar de consumir de um bem para aumentar o consumo do outro, mantendo constante o seu nível de
satisfação. Como as curvas de indiferença têm declive negativo, a taxa marginal de substituição é
negativa. Adopta-se, contudo, a convenção usual de a determinar em valor absoluto – calculando-a em
módulo ou afectando-a do sinal menos – o que requer que, na interpretação do seu valor, se tenha em
conta esta convenção.
5
Tal como resulta da hipótese de não saciedade da Teoria do Consumidor.
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Pode-se calcular a taxa marginal de substituição para examinar movimentos descendentes ao longo de
uma curva de indiferença, caso em que o consumidor substitui o bem Y pelo bem X (taxa marginal de
substituição de Y por X6) ou movimentos ascendentes ao longo de uma curva de indiferença, quando
substitui X por Y (taxa marginal de substituição de X por Y7). Os valores obtidos para uma são o
inverso dos da outra.
Neste caso, pretende-se calcular a taxa marginal de substituição de teatro (Y) por cinema (X).
y 2 − y1 A→ B 8-12 A→ B
Como TMS Y , X = , tem - se que : TMS Y,X = ⇔ TMS Y,X =4
x 2 − x1 2-1
Ao passar do ponto A para B, a Carolina está disposta a desistir de 4 idas ao teatro para ir mais uma vez
ao cinema por mês, mantendo-se o seu nível de satisfação.
b.2)
5−8 3−5 2−3 1,5 − 2
TMS YB,→
X
C
= = 3, TMS YC,→
X
D
= = 2, TMS YD,→
X
E
= = 1, TMS YE,→
X
F
= = 0,5
3− 2 4−3 5−4 6−5
Pode concluir-se que a taxa marginal de substituição de Y por X (TMSY,X) é, em valor absoluto,
decrescente. Significa que, à medida que substitui Y por X, a Carolina está cada vez menos disposta a
renunciar ao consumo de Y (bem que se vai tornando relativamente mais escasso) para aumentar o
consumo de X, mantendo constante o seu nível de satisfação. É este comportamento da TMS que
explica a convexidade das curvas de indiferença.
6
“Marginal rate of substitution of X for Y”, em inglês.
7
“Marginal rate of substitution of Y for X”, em inglês.
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no ponto B.
c) Analise o comportamento da taxa marginal de substituição de Y por X à medida que
X aumenta (TMSY,X). Explique o significado económico desse comportamento e
relacione-o com a curvatura da curva de indiferença.
3- Admita agora que as preferências desta família em relação a estes dois bens são antes
descritas pela função: V= XY, onde V designa o índice de utilidade e X e Y as
quantidades consumidas mensalmente de cada um dos bens, expressas em
quilogramas.
a) Será que houve alteração das preferências desta família em relação a estes bens?
Justifique a sua resposta.
b) Compare as expressões analíticas das utilidades marginais de cada bem (UMgX e
UMgY) fornecidas pelas funções U e V, bem como o seu valor no ponto C
(X=20;Y=5).
c) Determine o quociente entre a UMgX e a UMgY para cada uma das funções e calcule
o seu valor no ponto C. Que conclui?
Resolução
1-a) Uma curva de indiferença é, por definição, o lugar geométrico das combinações alternativas de
bens que proporcionam ao consumidor o mesmo nível de satisfação, pelo que, ao longo de uma curva
de indiferença, o valor do indíce de utilidade se mantém constante. Seja u uma constante positiva
qualquer. A curva de indiferença de índice u tem por expressão analítica:
u
2 X 0 , 5 Y 0 ,5 = u ⇔ Y 0 ,5 = Elevando ambos os membros desta equação ao quadrado :
2 X 0 ,5
2
(Y )
0,5 2 ⎛ u ⎞
=⎜ ⎟ ⇔ (1) Y=
u2
é a expressão analítica da curvas de indiferença de índice u.
⎝ 2 X 0 ,5 ⎠ 4X
1-b) Para proceder à representação gráfica, há que previamente estudar as características da curva de
indiferença:
dY u2 d 2Y u2
=− <0 e = >0
dX 4X 2 dX 2 2X 3
Conclui-se que as curvas de indiferença associadas a esta função se caracterizam por serem
continuamente decrescentes (1ª derivada negativa) e convexas em relação à origem (2ª derivada
positiva), tendo por assímptotas os próprios eixos coordenadas e, por isso, nunca os interceptando. Em
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Substituindo em (1) u pelos valores pretendidos e calculando as coordenadas de alguns dos seus pontos,
pode-se efectuar o esboço das curvas de indiferença de índice 10 e 20 - Figura 2.5-a):
10 2 25
u=10 ⇒ Y= ⇔ (2) Y= ;
4X X
20 2
27,5
100
u = 20 ⇒ Y= ⇔ (3) Y= 25
4X X 22,5
20
17 , 5 u=10
u=10 u=20 15 u=20
X Y X Y 12 , 5
10
1 25 4 25 7,5
2 12,5 5 20 5
2,5
5 5 10 10 0
10 2,5 20 5 5 5
25 1 25 4 P ei x e (K g/ mês)
2- a)8
∆Y 5 − 12,5
TMS YA,→ B
X =− ⇔ TMS YA,→ B
X =− ⇔ TMS YA,→ B
X = 2,5
∆X 5−2
Geometricamente, a taxa marginal de substituição é dada pelo declive do segmento de recta que une os
pontos A e B - Figura 2.5-b):
AD 7 ,5
TMSYA,→ B A →B
X = tgα ⇔ TMS Y,X = A →B
⇔ TMSY,X = ⇔ TMS A →B
Y, X = 2,5
BD 3
8
Ver exercício 2.4, resolução da alínea b.1, para a definição e convenção adoptada no cálculo da TMS.
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2-b) Pretende-se agora calcular o valor da taxa marginal de substituição num ponto da curva de
indiferença (ponto B), estando-se a considerar variações infinitesimais nas quantidades consumidas na
vizinhança desse ponto.
B ∆Y B dY
Analíticamente : TMS Y,X = lim ∆X →0 ⇔ TMS Y,X = .
∆X dX
B
Geometricamente : TMS Y,X = tg β
Usando a expressão analítica - equação (2) - da curva de indiferença de índice 10 tem-se que:
dY 25 25
TMSY , X = ⇔ TMSY , X = − 2
⇔ (4) TMSY , X =
dX X X2
25
No ponto B ( X=5 ,Y=5 ), pelo que TMSYB, X = 2
⇔ TMSYB, X = 1
5
Geometricamente, a taxa marginal de substituição é igual ao valor absoluto do declive da tangente a
esse ponto da curva de indiferença, medindo, em valor absoluto, o declive da curva de indiferença
nesse ponto - Figura 2.5-b).
___ ___
OE DG
TMSYB, X = tgβ ⇔ TMSYB, X = ____
= ____
⇔ TMSYB, X = 1
OF DB
25
Examinando a expressão (4) da TMS Y , X = pode-se constatar que, em valor absoluto, a taxa
X2
marginal de substituição de Y por X decresce à medida que X aumenta, dado que o numerador é
constante. Alternativamente, pode-se chegar a esta mesma conclusão, através do sinal da 1ª derivada da
TMSY,X em ordem a X:
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É este comportamento da taxa marginal de substituição de Y por X, também conhecido por lei da taxa
marginal de substituição decrescente, que explica que a curva de indiferença seja (estritamente)
convexa em relação à origem dos eixos coordenados. Em termos económicos, evidencia uma relutância
cada vez maior, por parte do consumidor, para continuar a substituir o bem Y pelo bem X e manter o
mesmo nível de substituição.
U
U = 2 X 0 ,5 Y 0 ,5 ⇔ X 0 ,5 Y 0 ,5 =
2
Elevando ambos os membros ao quadrado:
2
⎛U ⎞ U2 U2
XY = ⎜ ⎟ ⇔ XY = Como V = XY , substituindo tem - se que : V=
⎝2⎠ 4 4
dV 2U dV U
Derivando V em ordem a U : = ⇔ = >0
dU 4 dU 2
Deste modo, V(X,Y) é uma função estritamente crescente de U(X,Y), pelo que a função V é consistente
com a ordenação das preferências do consumidor descritas pela função U, ou seja, descreve as mesmas
preferências desta família em relação a estes dois bens, apenas atribuindo um número de ordem
diferente (índice de utilidade) às combinações alternativas destes bens9.
Exemplificando:
Sejam as combinações de bens A (X=2, Y=12,5), B (X=5, Y=5) e C (X=20, Y=5). Calculando o valor
dos índices de utilidade para cada uma das funções:
Tem-se assim que, quer usando a função U quer usando a função V, o consumidor é indiferente entre as
combinação A e B (situam-se na mesma curva de indiferença) e considera que C é preferível a B e a A
(situa-se numa curva de indiferença à direita daquela em que se encontram estas duas últimas, pelo que:
U2 > U1 e V2 >V1).
9
Isto acontece porque a função índice de utilidade (abordagem ordinal da teoria do consumidor) não é única, ao contrário do que
ocorre com a função de utilidade cardinal. Na abordagem ordinal, a função utilidade descreve a ordenação das preferências do
consumidor, enquanto que, na abordagem cardinal, se quantifica a satisfação retirada do consumo de cada cabaz de bens.
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∂U
UMg X = ⇔ UMg X = X −0 ,5 Y 0 ,5 ⇔ UMg X = Y
∂X X
∂U
UMg Y = ⇔ UMg Y = X 0 ,5 Y −0 ,5 ⇔ UMg Y = X
∂Y Y
∂V ∂V
UMg X = ⇔ UMg X = Y e UMg Y = ⇔ UMg Y = X
∂X ∂Y
No ponto C : UMg CX = 20 e UMg YC = 5
Função U Função V
Expressão Analítica Valor no ponto C Expressão Analítica Valor no ponto C
UMgX X -0,5Y 0,5 0,5 Y 5
UMgY X 0,5Y -0,5 2 X 20
UMgX /UMgY Y/X 0,25 Y/X 0,25
Este quociente é, por sua vez, igual à TMSY,X , o que confirma que as funções U(X,Y) e V(X,Y)
descrevem as mesmas preferências. Tem-se, assim, uma forma alternativa de calcular a TMSY,X . Com
efeito, considere-se a função U=U(X,Y) e proceda-se à sua diferenciação total:
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∂U ∂U ∂U ∂U
dU = dX + dY , sendo que = UMg X e = UMg Y
∂X ∂Y ∂X ∂Y
Por definição, ao longo de uma curva de indiferença o nível de satisfação não se altera, pelo que dU = 0 :
(5) 0 = UMg X dX + UMg Y dY ⇔ − UMg Y dY = UMg X dX ⇔
dY UMg X UMg X
⇔− = ⇔ TMSY ,X =
dX UMg Y UMg Y
De notar que a expressão (5) exprime o facto de, para manter constante o seu nível de satisfação, a
diminuição de utilidade associada à redução do consumo de Y ter que ser igual ao aumento de utilidade
resultante do acréscimo do consumo de X.
Em suma, enquanto que a grandeza das utilidades marginais de X e de Y depende da função índice de
utilidade escolhida para descrever as preferências do consumidor – como resulta dos cálculos
realizados na alínea anterior – o mesmo não ocorre com a do quociente das utilidades marginais, o qual
é independente da forma particular de função índice de utilidade que se utiliza, desde que uma se possa
obter da outra através de uma transformação estritamente crescente.
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Resolução
a) As curvas de indiferença são definidas no espaço de bens (X,Y), sendo a sua expressão analítica do
tipo y=f(x) ou x=g(y). Para qualquer nível de utilidade u, onde u é uma constante positiva, a curva de
indiferença que lhe está associada tem por expressão:
u
xy = u ⇔ y = ⇔ (1) y=ux − 1
x
b) Estas curvas de indiferença são continuamente decrescentes e convexas em relação à origem dos
eixos coordenados, uma vez que a 1ª derivada é positiva e a 2ª derivada negativa:
dy
1ª derivada : = −ux − 2 < 0;
dx
d2 y
2ª derivada : = 2ux − 3 > 0
dx 2
Por outro lado, como y = ux −1 ,
pelo que as curvas de indiferença admitem como assímptotas os próprios eixos coordenados e,
consequentemente, nunca os intersectam.
Para u = 75, tem-se, por substituição em (1), que a expressão desta curva de indiferença é igual a
y=75/x, ou seja, é o ramo de uma hipérbole equilátera definido no 1º quadrante (x≥0 e y≥0).
Analogamente, as curvas de indiferença de índices 150 e 225 têm por expressão analítica y=150/x e
y=225/x, respectivamente. Para proceder à representação gráfica destas curvas de indiferença − Figura
2.6-a) − seleccionam-se alguns valores, tais como:
c.1) A taxa marginal de substituição mede, ao longo de uma curva de indiferença, a taxa a que o
consumidor está disposto, segundo as suas preferências, a substituir o bem Y pelo bem X; indica a
quantidade que está disposto a desistir de Y para aumentar o consumo de X de uma unidade adicional,
mantendo constante o seu nível de satisfação.
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∆Y A →B 7 ,5 − 15 A →B − 7 ,5 A →B
TMSY , X = ⇔ TMS Y,X = ⇔ TMSY,X = ⇔ TMSY,X = 1,5
∆X 10 − 5 5
AD
TMSYA,→ B A →B
X = tgα ⇔ TMS Y,X = ⇔
BD
A →B 7 ,5 A →B Figura 2.6- b) Representação geométrica da taxa de
⇔ TMSY,X = ⇔ TMSY,X = 1,5
5
marginal de substituição
c.2) Neste caso, pretende-se calcular o valor da taxa marginal de substituição num ponto da curva de
indiferença, a qual mede o valor do declive da curva de indiferença nesse ponto. Geometricamente é
dada pelo valor absoluto do declive da recta tangente ao ponto considerado. Com efeito:
B ∆Y B dY
Analiticamente: TMSY,X = lim ∆X →0 ⇔ TMSY,X =
∆X dX
B
Geometricamente: TMSY,X = tg β
Sendo y=75/x a expressão analítica desta curva de indiferença, a expressão analítica da TMSy,x que lhe
está associada é:
dy 75 75
TMS y ,x = − ⇔ TMS y ,x − 2 ⇔ (2) TMS y ,x = .
dx x x2
75
Como, no ponto A, x = 5 , substituindo em (2) obtem - se TMS yA,x= ⇔ TMS yA,x = 3
52
B 75 B
no ponto B, x = 10 , substituindo em (2) obtem - se TMS Y,X = 2
⇔ TMS Y,X = 0 ,75
10
75
no ponto C, x = 15 , substituindo em (2) obtem - se TMS yC,x= 2
⇔ TMS Cy ,x = 0 ,3( 3 )
15
c.3) Examinando a expressão (2), pode concluir-se que à medida que aumenta o consumo de X, em
valor absoluto, a TMSy,x decresce10, como aliás decorre dos cálculos realizados na alínea anterior.
É este decrescimento da taxa marginal de substituição que explica que a curva de indiferença seja
estritamente convexa em relação à origem, uma vez que, em valor absoluto, o declive vai sendo cada
10
A idêntica conclusão se chega, derivando a expressão da TMSy,x em ordem a X , uma vez que esta derivada é negativa.
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Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória)
vez menor. Este comportamento exprime o facto de a Mariana estar cada vez menos disposta a reduzir
o número de horas que dedica à prática da ginástica para aumentar o tempo que afecta à natação, à
medida que vai aumentando o número de horas de prática de natação por mês, mantendo constante o
seu nível de satisfação.
Resolução
a) Para proceder à representação gráfica, há que previamente examinar as características das curvas de
indiferença associadas a esta função. Seja s uma constante positiva qualquer :
2X 2 +Y 2 = s ⇔ Y 2 = s − 2X 2 ⇔ (1 ) Y=+ s-2 X 2
dY
1ª derivada : = −2 X(s − 2 X 2 ) −0 ,5 < 0
dX
d 2Y
2ª derivada : 2
= −2(s − 2 X 2 ) −0 ,5 − 4 X 2 (s − 2 X 2 ) −1,5 < 0
dX
As curvas de indiferença são continuamente decrescentes e côncavas em relação à origem. Intersectam
o eixo das abcissas e o eixo das ordenadas, respectivamente, nos pontos de coordenadas:
(X = s ; Y = 0 ) e ( X = 0; Y = s )
2
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Substituindo em (1) os valores do índice de utilidade (600, 900 e 1800) obtêm-se as expressões
analíticas das curvas de indiferença representadas na figura 2.7, usadas para calcular as coordenadas de
alguns dos seus pontos.
(1): Y = 600 − 2 X 2 – tem-se que, para X=5, X=10 e X=15, os valores correspondentes de Y são:
c) Pode concluir-se que, à medida que X aumenta, Y vai diminuindo cada vez mais, pelo que, em valor
absoluto, a TMSY,X é crescente, o que explica a concavidade das curvas de indiferença. Significa que,
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para aumentar o número de horas de natação, a Marta está disposta a renunciar a um cada vez maior
número de horas de ginástica, mantendo constante o seu nível de satisfação, evidenciando o facto de ela
preferir praticar apenas uma única modalidade em vez de praticar as duas simultaneamente.
d) Tanto a Mariana como a Marta consideram a possibilidade de substituição de uma modalidade por
outra. No entanto, a convexidade das curvas de indiferença, representativas das preferências de
Mariana, exprime que este processo de substituição se torna cada vez mais difícil e, no limite,
impossível - em valor absoluto, a TMSY,X é decrescente – o que significa que ela prefere diversificar o
seu consumo, praticando ambas modalidades desportivas. A Marta, pelo contrário, prefere especializar-
se, praticando uma única modalidade desportiva, razão pela qual, em valor absoluto, a TMSY,X é
crescente.
Resolução
a) Seja v uma constante
positiva qualquer: v=X+Y, pelo que a
expressão geral das curvas de
indiferença é: Y = v - X.
Graficamente, as curvas de
indiferença, associadas a esta função,
são representadas por linhas rectas
com declive igual a (-1) - Figura 2.8.
Substituindo os valores de v do
enunciado obtem-se a expressão de
cada uma das curvas de indiferença
pedidas :
Y=10-X ; Y=20-X e Y=30-X
Figura 2.8 Curvas de indiferença da Margarida
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dY
b) TMS Y , X = ⇔ TMS Y ,X = 1
dX
A taxa marginal de substituição é constante, o que significa que, para aumentar o tempo afecto à prática
de natação em 1 hora por mês, a Margarida está disposta a desistir sempre do mesmo tempo dedicado à
prática de ginástica, mantendo constante o seu nível de satisfação. Isto significa que, para a Margarida,
estas duas modalidades desportivas são perfeitamente substituíveis. Como a taxa marginal de
substituição é igual a um, significa ainda que ela atribui exactamente o mesmo valor a uma e a outra
modalidade.
Resolução
a) Para a Maria estas duas modalidades desportivas são perfeitamente complementares. Para obter um
dado nível de satisfação ela tem que praticar simultaneamente as duas modalidades, mas numa
proporção fixa. Concretamente, o tempo dedicado à ginástica é sempre metade do que o que é afecto à
natação. As curvas de indiferença têm a forma de ângulos rectos, cujos vértices se expandem ao longo
da linha que define aquela proporção fixa : Y=0,5 X
b)
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c) Considere-se, por exemplo, a curva de indiferença de índice 5, cujo vértice tem como coordenadas
(X=10, Y=5). No seu ramo horizontal, a taxa marginal de substituição de ginástica por natação é zero,
porque se aumentar a prática desta modalidade para além de 10 horas por mês, a Maria não estará
disposta a desistir da prática de nenhuma hora de ginástica, mantendo constante o seu nível de
satisfação. No seu ramo vertical, o valor da TMSY,X é igual a infinito, pois para aumentar a prática da
ginástica para mais de 5 horas por mês, ela não está disposta a reduzir a prática de natação em menos
de 10 horas por mês, mantendo-se constante o seu nível de satisfação. No vértice, a TMSY,X é
indeterminada.
Resolução
MAX U = 2 x 0 ,5 y 0 ,5
1-a) O problema a resolver é: x, y
sujeito a 40 = 4 x + y
O consumidor está em equilíbrio, maximizando o nível de satisfação que está ao alcance do seu poder
de compra, se não for induzido a redistribuir o seu rendimento entre a aquisição dos bens X e Y. Tal
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ocorre quando, em valor absoluto, o declive da curva de indiferença for igual ao declive da recta de
orçamento. Isto significa que, em valor absoluto, a taxa a que o consumidor está disposto, segundo as
suas preferências, a substituir um bem pelo outro - a razão de troca subjectiva entre os dois bens
(TMSy,x) - é igual à taxa a que se podem substituir estes dois bens no mercado , ou seja, é igual à sua
razão de preços (Px /Py).
Deste modo, para haver equilíbrio é necessário que se verifiquem as seguintes condições:
⎧U = 2 x 0,5 y 0,5
⎪
⎪ P
(1) ⎨TMS y , x = x
⎪ P y
⎪R = P x + P y
⎩ x y
Estas condições são, também, condições suficientes para a maximização do nível de satisfação, quando
a solução de equilíbrio é interior (em equilíbrio o consumidor adquire ambos os bens), o que é o caso
presente dado que as curvas de indiferença são estritamente convexas e não intersectam os eixos
coordenados.
UMg x y
TMS y ,x = ⇔ TMS y ,x =
UMg y x
dy U2
Alternativamente: TMS y , x = − ⇔ TMS y , x = 2
dx 4x
A solução de equilíbrio obtém-se através da resolução do sistema:
⎧U = 2 x 0 ,5 y 0 ,5
⎪ 2 ⎧ ___ ⎧4 x = 2 x 0 ,5 Y 0 ,5 ⎧2 x 0 , 5 = y 0 , 5 ⎧4 x = y ⎧x = y / 4 ⎧x = 5
⎪U ⎪ 2 2 ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪
⎨ 2 =4 ⇔ ⎨U = 16 x ⇔ ⎨U = +4 x ⇔ ⎨ ___ ⇔ ⎨ ___ ⎨ __ ⇔ ⎨U = 20
⎪4x ⎪ ___ ⎪ ___ ⎪ ___ ⎪40 = y + y ⎪ y = 20 ⎪ y = 20
⎪40 = 4 x + y ⎩ ⎩ ⎩ ⎩ ⎩ ⎩
⎩
1-b) Se esta família adquirir mensalmente 8 kg de peixe e 8 kg de carne, esgotará o rendimento que
utiliza para comprar estes dois bens, mas não alcança a máxima satisfação que está ao alcance do seu
poder de compra - ponto A da figura 2.10-a) - pelo que não estará em equilíbrio. Com efeito, nesta
combinação a TMSy,x é igual a 1 (TMSy,x = y/x), sendo inferior à razão de preços que é igual a 4. Deste
modo, para adquirir uma quantidade adicional de peixe (bem X), esta família está disposta a prescindir
de igual montante de carne (bem Y), mantendo constante o seu nível de satisfação, enquanto que no
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mercado terá de renunciar a uma quantidade de carne que é quádrupla daquela, mantendo constante a
sua despesa total.
Consequentemente, no
mercado, o valor do bem X
em termos do bem Y é
superior ao que esta família
lhe atribui, pelo que ela pode
aumentar o seu nível de
satisfação transferindo
dinheiro da compra do bem X
para a do bem Y. Por esta via,
e mantendo constante a sua
despesa, ela vai adquirindo
combinações de bens que se
situam em curvas de
indiferença de nível mais
elevado, aumentando o seu
nível de satisfação - por ex:
ponto B, da figura 2.10-a). Figura 2.10 - a) Equilíbrio da família Gonçalves
Este processo de redistribuição do rendimento da compra do bem Y para a compra do bem X cessa
quando ela se situar no ponto C da figura 2.10-a), onde a recta de orçamento tangencia a curva de
indiferença de índice 20. Neste ponto, a taxa a que esta família está disposta a substituir um bem pelo
outro é igual à taxa a que pode substituir um bem pelo outro no mercado, pelo que não poderá aumentar
o seu nível de satisfação através da redistribuição do seu rendimento entre a aquisição dos dois bens,
tendo alcançado a situação de equilíbrio.
Significa que para aumentar o consumo de peixe em 1 kg por mês, esta família está disposta a
prescindir do consumo de 2 kg de carne, mantendo constante o seu nível de satisfação. Sendo a TMSy,x
constante, então para a família Fonseca estes dois bens são substitutos perfeitos.
2-b) Neste caso, o valor da TMSy,x é sempre inferior à razão de preços, pelo que o consumidor está em
equilíbrio quando gasta todo o seu rendimento na aquisição do bem Y (solução de canto), adquirindo 40
kg de carne por mês (y=R/Py) e nenhum quilograma de peixe (x=0), situando-se na curva de
indiferença de índice 40 - figura 2.10-b).
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3) Família Gonçalves:
⎧U = 2 x 0 ,5 y 0 ,5
⎪ ⎧− ⎧U ≅ 14,14
⎪y ⎪ ⎪
⎨ =2 ⇔ ⎨ y = 2 x ⇔ ⎨ y = 10
⎪x ⎪40 = 8 x ⎪x = 5
⎪40 = 4 x + 2 y ⎩ ⎩
⎩
O aumento do preço da carne conduz à diminuição do nível de satisfação desta família, a qual
consumirá agora 5 kg de peixe e 10 kg de carne por mês, situando-se numa curva de indiferença que se
encontra mais próxima da origem dos eixos- ponto E1 em (i) da figura 2.10-c).
Família Fonseca: Se o preço da carne duplicar, a razão de preços entre os dois bens é igual a 2,
passando o declive da recta de orçamento a ser igual ao das curvas de indiferença. Deste modo, o valor
que esta família atribui ao peixe em termos da carne é igual à taxa a que se troca um pelo outro no
mercado. Em consequência, a solução de equilíbrio não é única e é indeterminada, no sentido em que,
qualquer combinação de bens que se situe na curva de indiferença de índice 20, que coincide com a
recta de orçamento, é de equilíbrio. Esta família poderá consumir só peixe (10 kg por mês), só carne
(20 kg por mês) ou qualquer combinação de carne e peixe que lhe seja economicamente acessível – ver
(ii) da figura 2.10-c) -, alcançando um nível de satisfação inferior ao que usufruía antes do aumento do
preço da carne.
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Resolução
a.1) Mariana (exercício 2.6: U=XY)
UMg X Y
UMg X = Y ; UMg Y = X TMSY , X = ⇔ TMSY,X =
UMg Y X
Em equilíbrio:
⎧ PX ⎧Y
⎪TMSY , X = ⎪ =1 ⎧Y = X ⎧Y = 15
⎨ PY Substituin do : ⎨ X ⇔⎨ ⇔⎨
⎪R = P X + P Y ⎪⎩60 = 2 X + 2Y ⎩60 = 4 X ⎩ X = 15
⎩ X Y
A Mariana praticará 15 horas de natação e de ginástica por mês, ponto que se situa na curva de
indiferença de índice 225 (U= 15 x 15), onde a recta de orçamento é tangente a essa curva – ver ponto
Eo da figura 2.11-a).
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Neste caso, como se viu, as preferências são côncavas, pelo que a Marta prefere praticar uma das
modalidades desportivas a qualquer combinação das duas, a solução de equilíbrio sendo uma solução
de canto. Ela praticará apenas natação (X>0, Y=0) ou só ginástica (X=0, Y>0), escolhendo aquela que,
tendo em conta os preços, lhe permita obter a máxima satisfação11. Examinemos cada um dos casos:
− Se praticar só natação, com o rendimento que possui, poderá praticar 30 horas desta
modalidade por mês (X= R/PX), alcançando a curva de indiferença de índice 1800
(S=2x302+0) - ver ponto Eo da figura 2.11-b) ;
− Se praticar apenas ginástica, poderá praticar 30 horas por mês (Y=R/PY) e atingirá a curva de
indiferença de índice 900 (S=2x02+302) - ver ponto E1 da figura 2.11-b).
Consequentemente, em equilíbrio, a Marta praticará apenas natação (30 horas por mês), pois é essa a
situação em que maximiza o seu nível de satisfação - ponto Eo da figura 2.11-b).
Note-se que, a solução interior não é de equilíbrio - ver ponto A da figura 2.11-b)-, pois implica um
menor nível de satisfação:
⎧S = 2 X 2 + Y 2 ⎧ ___
⎪ ⎧ ___ ⎧S = 2 . 10 2 + 20 2 ⇔ S = 600
⎪ ⎪⎪
⎪ PX ⎪2X ⎪
⎨TMS Y , X = Substituindo : ⎨ =1 ⇔ ⎨Y = 2 X ⇔ ⎨Y = 20
⎪ PY ⎪ Y ⎪ ⎪
⎪R = P X + P Y ⎪60 = 2 X + 2Y ⎩60 = 6 X ⎪⎩ X = 10
⎩ X Y ⎩
Para a Margarida a TMSY,X é constante e igual à unidade. Como a razão de preços é igual a 1, então a
recta de orçamento coincide com a curva de indiferença de índice 30 (60=2X+2Y Ù 30=X+Y). Deste
modo, a solução de equilíbrio não é única e é indeterminada: praticar só natação ou só ginástica ou
qualquer combinação das duas modalidades ao alcance do seu poder de compra proporciona-lhe o
mesmo nível de satisfação, sendo qualquer uma dessas alternativas uma solução de equilíbrio - na
figura 2.11-c), qualquer um dos pontos situados no segmento AB.
11
Note-se que poderá existir, também, uma solução de equilíbrio múltiplo, caracterizada pelo facto de qualquer uma das
soluções (X=0, Y>0) e (X>0, Y=0) poder ser de equilíbrio. Isso acontecerá se a recta de orçamento intersectar a curva de
indiferença de nível mais elevado nos dois pontos em que esta curva intersecta os eixos coordenados.
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b) Para examinar o efeito do aumento do preço sobre a situação de equilíbrio tem que calcular-se a
nova situação de equilíbrio e compará-la com a calculada na alínea a).
Em equilíbrio:
⎧U = XY ⎧ ___
⎪ ⎪ ⎧ ___ ⎧U = 150
⎪ PX ⎪Y 3 ⎪ ⎪
⎨TMS Y , X = Substituin do : ⎨ = ⇔ ⎨Y = 1,5 X ⇔ ⎨Y = 15
⎪ PY ⎪X 2 ⎪ ⎪
⎪R = P X + P Y ⎪60 = 3 X + 2Y ⎩60 = 6 X ⎩ X = 10
⎩ X Y ⎩
O aumento do preço da
natação teve por efeito que
a Marta reduzisse a prática
desta modalidade em 5
horas por mês, embora
continue a praticar o
mesmo número de horas
de ginástica, reduzindo o
seu nível de bem-estar. O
ponto de equilíbrio
deslocou-se de Eo para
E1 na figura 2.11-a).
A solução é de canto:
- se só praticar natação: X=20, pois X=R/PX , e o nível de satisfação é: S= 2 x 202+0 Ù S= 800;
- se só praticar ginástica: Y=30, pois Y=R/PY , e o nível de satisfação é: S=2 x 0+302 Ù S=900.
Consequentemente, em equilíbrio, a Marta passará a praticar apenas ginástica (X=0, Y=30), ou seja, a
mudança do preço relativo dos bens provocou que ela alterasse totalmente o seu consumo, deixando de
praticar natação e passando a praticar só ginástica – comparar ponto E1 da Figura 2.11-b) com o ponto
Eo.
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Neste caso, a alteração dos preços relativos acabou por não afectar o nível de bem-estar, mas provocou
uma alteração radical do consumo de equilíbrio. Antes daquela alteração, qualquer ponto do segmento
AB da figura 2.11-c) era um ponto de equilíbrio e, após, apenas o ponto B é de equilíbrio.
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⎧Y = 0,5 X ⎧− ⎧Y = 7 ,5
⎨ ⇔⎨ ⇔⎨
⎩60 = 3 X + 2Y ⎩60 = 3 X + 2(0,5 X ) ⎩ X = 15
O aumento do preço da
natação vai fazer com que
a Maria reduza o número
de horas que dedica a cada
modalidade, pois para ela
as duas modalidades são
estritamente complemen-
tares, diminuindo o seu
nível de bem-estar. A
solução de equilíbrio
passará a ser de 15 horas
de natação e de 7,5 horas
de ginástica e situa-se na
curva de indiferença de
índice 5 – ponto E1 da
figura 2.11-d). Figura 2.11-d) Equilíbrios da Maria
Nota: Da resolução deste exercício pode concluir-se que a solução de equilíbrio nem sempre é única.
graficamente.
c-2) Comente a configuração da curva consumo-preço.
d) Calcule as expressões analíticas das elasticidades preço directa e cruzada da
procura do bem X1, bem como a sua a elasticidade rendimento. Que conclui?
Resolução
⎧ X
PX 1 ⎧ X 2 PX 1
⎪TMS X 12 = ⎪⎪ = X
UMg X 1 X X2
⎨ PX 2 ⇔ (1) ⎨ X 1 PX 2 pois TMS X 2 = ⇔ TMS X 2 = ,
⎪R = X P + X P ⎪R = P X + P X
1
UMg X 2 1
X1
⎩ 1 X1 2 X2 ⎩⎪ X1 1 X2 2
∂U ∂U
dado que UMg X 1 = ⇔ UMg X 1 = X 2 e UMg X 2 = ⇔ UMg X 2 = X 1
∂X 1 ∂X 2
A combinação óptima de bens é constituída por 4 unidades do bem X1 e 10 unidades do bem X2 por
período de tempo.
b)
A curva consumo-rendimento é o lugar geométrico dos pontos de equilíbrio do consumidor quando
varia o seu rendimento nominal, tudo o mais constante. É definida sob as hipóteses de que as
preferências do consumidor e os preços dos bens permanecem constantes, apenas variando o
rendimento nominal do consumidor.
A curva de Engel de um bem é derivada a partir da curva consumo-rendimento, pelo que assenta nos
mesmos pressupostos. Mostra a relação entre a quantidade consumida desse bem, no equilíbrio do
consumidor, e o rendimento nominal do consumidor, ceteris paribus.
b-1) A curva consumo-rendimento é definida no espaço (X1,X2), para R variável. A sua expressão
analítica relaciona X1 com X2 e é do tipo X2=f(X1) ou X1=g(X2). É obtida a partir da condição de
igualdade entre a taxa marginal de substituição e o preço relativo dos bens13:
12
Uma função utilidade do tipo Cobb-Douglas é igual a U=X1αX2β, α > 0 e β > 0 (neste caso α =1 e β =1) . As curvas de
1
β
u
indiferença que lhe estão associadas são ramos de hipérboles ( X2 = α
, onde u é uma constante positiva), cujas
X1β
assímptotas coincidem com os eixos coordenados. Daí que, a solução de equilíbrio seja sempre, neste caso, uma solução interior.
13
Se apenas variar o rendimento nominal do consumidor, a recta orçamental desloca-se paralelamente a si própria no espaço
dos bens (X1, X2). Os sucessivos pontos de equilíbrio são dados pelos pontos de tangência entre as curvas de indiferença e a recta
orçamental associada a cada nível de rendimento, satisfazendo portanto a condição de igualdade entre a taxa marginal de
substituição entre os bens e a sua razão de preços.
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PX 1 X 2 10
TMS X 1 , X 2 = ⇔ = ⇔ X 2 = 2,5 X 1
PX 2 X1 4
A curva consumo-rendimento é uma recta que passa pela origem dos eixos coordenados e tem declive
positivo, o que significa que os bens X1 e X2 são bens normais, dado que o rendimento nominal do
consumidor e o consumo de cada um destes bens variam no mesmo sentido, ceteris paribus.
A curva de Engel do bem X1 tem expressão analítica do tipo X1=f(R), enquanto que a da curva de
Engel do bem X2 é do tipo X2=g(R). Para as calcular, considera-se o sistema definido pelas equações
da curva consumo-rendimento e da recta orçamental, considerando-se R variável e PX1 e PX2 constantes
(10 u.m e 4 u.m, respectivamente).
Confirma-se que ambos os bens são normais, uma vez que o declive das suas curvas de Engel é
positivo.
b-2) Utilizando a equação da curva de Engel do bem X1, acima claculada, conclui-se que, para R=60
u.m, X1=3. Consequentemente, se o consumidor adquirir 2 unidades deste bem por período de tempo,
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ele não estará em equilíbrio, pois não maximiza o seu nível de satisfação, não sendo o seu
comportamento racional.
c-1) A curva consumo-preço é definida no espaço (X1,X2), para PX1 variável e a sua expressão é do tipo
X2=f(X1) ou X1=g(X2). Para a calcular considera-se o sistema (4), no qual PX1 é variável e PX2 e R são
constantes (4 u.m. e 80 u.m., respectivamente), e resolve-se de modo a encontrar a relação entre X1 e X2
que se pretende:
⎧ PX 1 ⎧ 4X 2
⎧ X 2 PX 1 ⎪ PX 1 = X (5)
⎪TMS X 2 , X 1 = ⎪ = ⎪ 1 ⎧−
(4)⎨ PX 2 ⇔ ⎨ X1 4 ⇔⎨ ⇔⎨ ⇔
⎪R = P X + P X ⎪80 = P X + 4 X ⎪80 = 4 X 2 X + 4 X ⎩80 = 4 X 2 + 4 X 2
⎩ X1 1 X2 2 ⎩ X1 1 2 ⎪⎩ X1
1 2
⎧−
⇔⎨
⎩ X 2 = 10 Curva consumo - preço do bem X 1
A curva da procura do bem X1 tem por expressão analítica do tipo: X1 = f(PX1) e obtém-se a partir da
resolução do sistema (4)14 , mas de modo a encontrar a relação entre X1 e PX1:
⎧ PX X 1
⎧ X 2 PX 1 ⎪ X2 = 1
⎪ = ⎪ 4
⎨ X1 4 ⇔⎨
P X
⎪80 = P X + 4 X ⎪80 = PX X 1 + 4 X 1 1 ⇔ 80 = 2 PX X 1 ⇔ X 1 = 40 Curva da procura do bem X1
⎩ X 1 1 2
⎪ 1
4 1
PX 1
⎩
A curva da procura é o ramo de uma hipérbole equilátera que tem por assímptotas os eixos
coordenados, pelo que se trata de uma curva da procura de elasticidade preço constante e igual à
unidade.
14
Note-se que a expressão da curva da procura podia ter sido obtido atrás, se se tivesse completado a resolução do sistema (4),
substituindo a expressão obtida para a curva consumo preço na equação (5) desse sistema.
_______________________________________________________________________________ 33
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c-2) A curva consumo preço do bem X1 é uma recta com declive nulo (dX2 /dX1 = 0). Se se
convencionar representar graficamente o bem X1 no eixo dos abcissas (eixo dos XX) e o bem X2 no
eixo das ordenadas (eixo dos YY), obtém-se uma recta paralela ao eixo dos XX, com ordenada na
origem igual a 10. Daí decorre que o consumo do bem X2 permanece constante e igual a 10 unidades
por período de tempo, quando varia o preço do bem X1, ceteris paribus. Significa que os bens X1 e X2
são independentes no consumo.
Mas, se o consumo do bem X2 não se altera, com a variação do preço do bem X1, e uma vez que o preço
do bem X2 é por hipótese constante e igual a 4 u.m., então a despesa que o consumidor realiza com a
aquisição do bem X2 é sempre a mesma (40 u.m.). Em consequência, a despesa realizada pelo
consumidor na aquisição do bem X1 terá, também, de ser sempre a mesma (PX1 X1 = R – PX2 X2), ou
seja, de 40 u.m., qualquer que seja o preço do bem X1. Tal significa que a elasticidade preço-directa da
procura do bem X1 é constante e igual à unidade.
Em suma, quando a curva consumo preço do bem X1 tem declive nulo, a curva da procura do bem X1 é
isoelástica e de elasticidade unitária, sendo a elasticidade cruzada da procura do bem X2 em relação ao
preço do bem X1 nula15.
15
Note que se está perante um caso especial em que a função procura ordinária de cada bem depende apenas do preço do próprio
bem e do rendimento do consumidor, o qual resulta de as preferências deste consumidor serem do tipo Cobb-Douglas.
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d) Em primeiro lugar, tem que se calcular a expressão analítica da procura do bem X1 em função das
suas determinantes: X1 = f (PX1, PX2, R), que relaciona a quantidade procurada óptima de X1 com os
preços de cada bem e o rendimento nominal do consumidor.
⎧ PX 1 X 1
⎧ X 2 PX 1 ⎪X 2 =
⎪ = ⎪ PX 2 ⎧- ⎧-
⎨ X 1 PX 2 ⇔⎨ ⇔⎨ ⇔⎨ ⇔
⎪R = P X + P X ⎪ PX 1 X 1 ⎩ R = P X
X1 1 + P X
X1 1 ⎩ R = 2 PX 1 X 1
⎩ X1 1 X2 2 ⎪ R = PX 1 X 1 + PX 2 P
⎩ X2
⎧−
⎪
⇔⎨ R
X = Função Procura do bem X 1
⎪ 1 2P
⎩ X1
Confirma-se que a função procura16 do bem X1 não depende do preço do bem X2. Utilizando esta
expressão da função procura, podem-se calcular as suas elasticidades:
∂X 1 PX 1 ⎛ R ⎞ PX 2
R 2 PX 1
E X 1 , PX 1 = − ⇔ E X 1 , PX 1 = −⎜ − ⎟ 1
⇔ E X 1 , PX 1 = ⇔ E X 1 , PX = 1
∂PX 1 X 1 ⎜ 2P 2 ⎟ R 2 P 2 R
⎝ X1 ⎠ 2 PX X 1
1
∂X 1 PX 2 ∂X 1
E X 1 , PY 2 = ⇔ E X 1 , PY 2 = 0 , dado que =0
PX 2 X 1 ∂PX 2
∂X 1 R 1 R 1 2 PX 1 R
E X 1 ,R = ⇔ E X 1 ,R = ⇔ E X 1 ,R = ⇔ E X 1 ,R = 1
∂R X 1 2 PX 1 R 2 PX 1 R
2 PX 1
Conclui-se que, ceteris paribus, a elasticidade da procura do bem X1 em relação ao seu próprio preço é
constante e igual à unidade, sendo por isso constante a despesa realizada por este consumidor com a
aquisição deste bem; por outro lado, é nula a elasticidade da procura de X1 em relação ao preço do
outro bem, pelo que os bens X1 e X2 são independentes no consumo; por fim, o bem X1 é um bem
normal para o qual a quantidade procurada e o rendimento variam na mesma proporção (elasticidade
rendimento unitária).
16
Se nesta função se considerar R constante e igual a 80 u.m., obtém-se a equação da curva da procura do bem X1.
Analogamente, mas para PX1 constante e igual a 4 u.m., obtém-se a equação da curva de Engel deste bem.
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Resolução
a) As funções procura individual de cada um dos bens mostram a relação entre as quantidades óptimas
procuradas de cada bem e os vários níveis alternativos dos preços dos bens e do rendimento do
consumidor. São funções do tipo: X=f (PX,PY, R) e Y=g (PX,PY,R).
Para obter as suas expressões analíticas resolve-se em ordem a X e a Y o sistema com as condições de
equilíbrio do consumidor, começando por calcular a expressão da TMSY,X:
∂U 3 UMg X
3
X −1 / 4 Y 1 / 4
UMg X = ⇔ UMg X = X −1 / 4 Y 1 / 4 TMS Y , X = ⇔ TMS Y , X = 4
⇔
∂X 4 UMg Y 1
4
X 3 / 4 Y −3 / 4
∂U 1 3Y 1 / 4 Y 3 / 4 3Y
UMg Y = ⇔ UMg Y = X 3 / 4 Y − 3 / 4 ⇔ TMS Y , X = ⇔ TMS Y , X =
∂Y 4 X 3/4
X 1/ 4 X
⎧ PX X
⎧ PX ⎧ 3Y PX ⎪Y = 3 P ⎧− ⎧−
⎪TMS Y , X = ⎪ = ⎪ Y ⎪ ⎪
⎨ PY ⇔ (1) ⎨X PY ⇔⎨ ⇔⎨ 4 ⇔⎨ 3R ⇔
⎪R = P X + P Y ⎪R = P X + P Y ⎪ R = P X + P PX X ⎪ R = 3 PX X ⎪X = 4P
⎩ X Y ⎩ X Y ⎪⎩ X Y ⎩ ⎩ X
3 PY
⎧ 3R ⎧ R
⎪ PX ⎪Y = (2) Função procura do bem Y
⎪Y = 4 PX ⎪ 4 PY
⇔⎨ ⇔⎨
⎪ 3 PY ⎪ X = 3R (3) Função procura do bem X
⎪⎩− ⎪⎩ 4 PX
Repare-se que esta função utilidade é de tipo Cobb-Douglas, pelo que se obtiveram funções procura
ordinárias de cada um dos bens que não dependem do preço do outro bem, o que significa que os bens
X e Y são independentes no consumo, sendo nula a sua elasticidade preço cruzada da procura.
b) Trata-se de determinar a equação da curva consumo preço do bem Y, lugar geométrico dos pontos
de equilíbrio do consumidor quando varia o preço do bem Y e tudo o mais permanece constante. Para
esse efeito, considera-se o sistema (1) com as condições de equilíbrio do consumidor, mas onde PX e R
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__ __
são constantes, que surgem notadas como PX e R . Resolve-se esse sistema para obter a expressão
que relaciona X e Y, eliminando-se PY entre as suas duas equações:
⎧ __
⎧ __
⎪ PX X ⎧ ____
⎪ 3Y = PX PY = ⎪
⎪ ⎪⎪ 3Y ⎪ __ __
⎨X PY ⇔⎨ ⇔ ⎨__ 4 PX X 3R
⎪R = ⇔ (4) X = __ Curva Consumo Preço do bem Y
__
⎪__ __ ⎪ __ __ P X 3
⎪⎩ R = PX X + YPY ⎪ R = PX X + Y X ⎪⎩ 4 PX
⎩⎪ 3Y
c.1) Sendo R e PX constantes e iguais, respectivamente, a 10 u.m. e 2 u.m, obtém-se, por substituição
em (2), a equação da curva da procura do bem Y e, por substituição em (4) a equação da curva consumo
preço do bem Y:
R 10 2,5
De (2) Y = , pelo que Y = ⇔Y = Curva da Procura do bem Y
4 PY 4 PY PY
__
3R 3 . 10 15
De (4) X = __
, pelo que X = ⇔X = ⇔ X = 3,75 Curva Consumo preço do bem Y
4.2 4
4 PX
Para a ilustração gráfica, arbitraram-se os seguintes valores para PY : 1 u.m., 2 u.m., 3 u.m. e 4 u.m.
A curva da procura do bem Y é o ramo de uma hipérbole equilátera, cujas assímptotas são os próprios
eixos coordenados. Caracteriza-se por ser uma curva de elasticidade preço constante e igual à unidade.
Deste modo, ceteris paribus, se o preço do bem Y variar a quantidade procurada deste bem varia na
mesma proporção, mas em sentido contrário, pelo que a despesa realizada com este bem (PY Y) é
constante. Com efeito, a partir da equação da curva da procura, pode-se verificar que: PY Y =2,5 u.m.
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c.2) Para obter as expressões das curvas de Engel, basta substituir nas equações (2) e (3) das funções
procura calculadas na alínea a), os valores assumidos pelos preços de cada bem (2 u.m):
R R
Substituindo PY = 2 na equação (2) Y = , obtém - se : Y = Curva de Engel do bem Y;
4 PY 8
3R 3R
substituindo PX = 2 na equação (3) X = , tem - se que : X = Curva de Engel do bem X.
4 PX 8
Ambos os bens são bens normais, uma vez que as suas curvas de Engel têm declive positivo.
Resolução
a) Seja u uma constante positiva qualquer. A curva de indiferença de índice u tem por equação:
u u
(2 X + 8 )(Y + 4 ) = u ⇔ Y + 4 = ⇔ (1) Y = −4
2( X + 4 ) 2(X + 4 )
A partir do estudo de (1) pode concluir-se que:
- as curvas de indiferença são continuamente decrescentes e convexas em relação à origem, uma
vez que a 1ª derivada é negativa e a 2ª derivada é positiva:
u u
Y' = − 2
<0 e Y '' = >0
2( X + 4 ) ( X + 4 )3
- as curvas de indiferença intersectam os dois eixos coordenados:
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u u − 32
X =0⇒Y = − 4 , sendo ( X = 0; Y = ) as coordenadas do ponto em que a curva de índice u
8 8
intersecta o eixo vertical ;
u u − 32
Y =0⇒ X = − 4 , sendo ( X = ; Y = 0 ) as coordenadas do ponto em que a curva de índice u
8 8
intersecta o eixo horizontal ;
- as curvas de indiferença têm também assímptotas vertical (X=-4) e horizontal (Y=-4), as quais se
situam fora do 1º quadrante, onde a função utilidade não tem significado económico (X≥0; Y≥0).
b) A curva consumo rendimento é o lugar geométrico dos pontos de equilíbrio do consumidor quando
varia o seu rendimento e tudo o mais permanece constante (neste caso, as suas preferências e os preços
dos bens X e Y). É definida no espaço de bens (X,Y), sendo a sua expressão analítica do tipo Y=f(X) ou
X=g(Y).
Sendo a TMSY,X igual ao quociente das utilidades marginais de X e de Y, para a calcular haverá que
começar por derivar parcialmente em ordem a X e a Y a função utilidade:
∂U ∂U
UMg X = ⇔ UMg X = 2(Y + 4) e UMg Y = ⇔ UMg Y = 2( X + 4 )
∂X ∂Y
UMg X 2(Y + 4 ) Y +4
TMS Y , X = ⇔ TMS Y , X = ⇔ (2) TMS Y,X =
UMg Y 2( X + 4 ) X +4
Por sua vez, a restrição orçamental do consumidor é: R=PXX+PYY ,ou seja, (3) R=200X+100Y, sendo
o seu declive igual a -2.
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1º caso: solução de canto no ponto A (X=0,Y>0), ou seja, no ponto em que a recta de orçamento
intersecta o eixo horizontal.
Neste caso, dada a restrição orçamental do consumidor, u1 é a curva de indiferença de nível mais
elevado que o consumidor pode alcançar, gastando todo o seu rendimento no bem Y. Esta situação
explica-se pelo facto de o preço do bem X ser demasiado elevado em relação ao preço do bem Y para
que o consumidor o deseje consumir.
No ponto A, o valor da TMSY,X será inferior (ou no máximo igual) ao da razão de preços (Figura 2.14-b)
e c).
(b) (c)
PX P
Figura 2.14 Solução de canto no ponto A. Na parte (b): TMS Y ,X < ; na parte (c): TMS Y , X = X
PY PY
⎧ Y + 4 PX ⎧Y + 4 ⎧Y ≤ 4 ⎧ R
⎪ ≤ ⎪ ≤2 ⎪ ⎪ ≤4 ⎧ R ≤ 400
⎨ X + 4 PY Como, no ponto A, X = 0 : ⎨ 4 ⇔⎨ R ⇔ ⎨ 100 ⇔⎨
⎪R = P X + P Y ⎪ R = 100Y ⎪Y = 100 ⎪ ___ ⎩ ___
⎩ X Y ⎩ ⎩ ⎩
Em conclusão, o ponto A é um ponto de equilíbrio para níveis de rendimento inferiores ou iguais a 400
u.m. por período de tempo, caso em que o consumidor adquirirá uma quantidade do bem Y que será
inferior ou igual a 4 unidades.
Deste modo, para níveis de rendimento não superiores a 400 u.m.,a curva consumo rendimento
coincide com o eixo horizontal até ao ponto de coordenadas (X=0,Y=4). Em termos analíticos será:
(3) X =0 e 0 ≤Y ≤4 se 0 ≤ R ≤ 400
2º caso: Solução de canto no ponto B (X>0, Y=0), onde a recta orçamental intersecta o eixo horizontal.
Em equilíbrio o consumidor gastará agora todo o seu rendimento no bem X , pelo que X=R/200.
Este ponto é de equilíbrio se nele o valor da TMSY,X for superior (ou no máximo igual) ao da razão de
preços (Figura 2.14-d),e).
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4
Como, no ponto B, Y=0, então esta condição virá: ≥ 2 , o que é uma condição impossível pois
X +4
X>0. Em conclusão, para esta razão de preços, não existe solução de canto no ponto B, pois essa
solução é impossível.
(d) (e)
P PX
Figura 2.14 Solução de canto no ponto B: na parte (d) TMS Y , X > X e na parte (e) TMS Y , X =
PY PY
Em equilíbrio, o consumidor consumirá ambos os bens. Esta solução só ocorre para níveis de
rendimento superiores a 400 u.m. por período de tempo, como resulta do estudo do 1º caso..
Deste modo, para R>400, a curva consumo-rendimento tem por equação: (4) Y=2X+4.
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c) A curva de Engel de um bem mostra a relação entre a quantidade procurada desse bem, em
equilíbrio, e o rendimento do consumidor, mantendo-se constantes as suas preferências e o preço dos
bens. Obtém-se a partir da curva consumo-rendimento, relacionando a quantidade procurada do bem
com os níveis alternativos de rendimento do consumidor.
c.1) A curva de Engel do bem Y é uma função do tipo Y=f(R). É deduzida a partir da análise do
equilíbrio do consumidor, sob as hipóteses de que se mantêm as suas preferências e os preços dos bens
(PX=200 e PY=100).
Neste caso, o rendimento é integralmente gasto na aquisição do bem Y, pelo que, neste ramo, a
R
expressão analítica da curva de Engel do bem Y é: Y =
100
⎧ Y −4
⎧ PX ⎧ Y + 4 200 ⎪X = 2
⎪TMS Y , X = ⎪ = ⎧Y = 2 X + 4 ⎪
⎨ PY ⇔ ⎨ X + 4 100 ⇔ (6) ⎨ ⇔⎨ ⇔
⎪R = P X + P Y ⎪ R = 200 X + 100Y ⎩ R = 200 X + 100Y ⎪ R = 200⎛⎜ Y − 4 ⎞⎟ + 100Y
⎩ X Y ⎩ ⎪⎩ ⎝ 2 ⎠
⎧−
⎧− ⎪
⇔⎨ ⇔⎨ R + 400
⎩ R + 400 = 200Y ⎪Y = 200
⎩
Note-se que, uma vez que já se tinha calculado a expressão analítica da curva consumo-rendimento,
bastaria ter iniciado a resolução a partir do sistema (6).
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⎧ R
⎪⎪Y = 100 para 0 ≤ R ≤ 400
Curva de Engel do bem Y: (7) ⎨
⎪Y = R + 400 para R > 400
⎪⎩ 200
c.2) A curva de Engel do bem X é uma função do tipo X=g (R), sendo calculada sob as hipóteses de que
permanecem constantes as preferências do consumidor e os preços de ambos os bens (PX=200 e
PY=100).
Como o bem X só é consumido para níveis de rendimento superiores a 400 u.m. por período de tempo,
isto é, quando a solução de equilíbrio é uma solução interior, para obter a curva de Engel do bem X
basta considerar o sistema (6) e resolvê-lo de modo a obter a expressão pretendida, ou seja:
⎧−
⎧Y = 2 X + 4 ⎧− ⎧− ⎪
⎨ ⇔⎨ ⇔⎨ ⇔⎨ R − 400
⎩ R = 200 X + 100Y ⎩ R = 200 X + 100(2 X + 4 ) ⎩ R − 400 = 400 X ⎪ X = 400
⎩
⎧X = 0 para 0 ≤ R ≤ 400
⎪
Curva de Engel do bem X: (8) ⎨ R − 400
⎪ X = 400 para R > 400
⎩
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d) Para calcular a elasticidade rendimento, pode-se utilizar as curvas de Engel de cada bem.
Quanto ao bem X, a elasticidade rendimento só é definida para níveis de rendimento superiores a 400
u.m. por período de tempo. Tendo em conta a expressão analítica definida em (8) para esse intervalo:
dX R 1 R 1 400 R R
ε X ,R = ⇔ ε X ,R = ⇔ ε X ,R = ⇔ ε X ,R = > 1 se R > 400
dR X 400 R − 400 400 R − 400 R − 400
400
⎧ 1 R
⎪ε Y , R = 100 R / 100 se 0 ≤ R ≤ 400 ⎧ε Y , R = 1 se 0 ≤ R ≤ 400
dY R ⎪ ⎪
ε Y ,R = ⇔⎨ 1 R ⇔⎨ R
dR Y ⎪ε Y , R = 200 R + 400 se R > 400 ⎪ε Y , R = < 1 se R > 400
⎪ ⎩ R + 400
⎩ 200
Pode concluir-se que, ambos os bens são bens normais pois, quando definida, a elasticidade rendimento
é positiva. No entanto, enquanto que o bem X é um bem de luxo, pois a elasticidade rendimento é
superior à unidade, sendo adquirido apenas para R>400, o bem Y é um bem de primeira necessidade.
De facto, o consumidor consagra a totalidade do rendimento à aquisição deste bem, para níveis baixos
de rendimento (R≤400), sendo nesse caso a sua elasticidade rendimento unitária, e para níveis de
rendimento mais elevados (R>400), a procura deste bem é inelástica em relação ao rendimento
(elasticidade rendimento é inferior à unidade).
e) Para determinar a combinação óptima destes dois bens, basta substituir nas expressões (7) e (8) atrás
calculadas das curvas de Engel, R por 4.000, obtendo-se Y=22 e X=9, respectivamente.
Substituindo estes dois valores na expressão da função utilidade:
U=(2x9+8)(22+4) Ù U=676
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Em equilíbrio, este consumidor adquirirá, por período de tempo, 9 unidades do bem X e 22 unidades do
bem Y, situando-se na curva de indiferença de índice 676 (Figura 2.14-h)).
Exercício 2.15 Curvas de Engel -bem normal e bem inferior (solução de canto)
Resolução
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b) Como as curvas de indiferença intersectam os eixos coordenados, três situações de equilíbrio são
possíveis17. Examinemo-las.
Antes porém calculemos:
UMg X 2X +Y +6
TMS Y , X = ⇔ (2) TMS Y , X =
UMg Y X +6
∂U ∂U
UMg X = ⇔ UMg X = 2 X + Y + 6 e UMg Y = ⇔ UMg Y = X + 6
∂X ∂Y
Restrição orçamental: (3) R=4,5X+2,5Y pois PX=(1+0,8)PY
1º Caso: Solução de canto no ponto em que a recta orçamental intersecta o eixo horizontal: (X=0, Y>0)
Este ponto será a escolha óptima se nele se verificarem as duas condições seguintes:
⎧ PX ⎧Y + 6 ⎧Y ≤ 4 ,8 ⎧ R
⎪TMS Y ,X ≤ ⎪ ≤ 1,8 ⎪ ⎪ ≤ 4 ,8 ⇔ R ≤ 12
⎨ PY Usando (2) e como X = 0 tem − se : ⎨ 6 ⇔ ⎨ R ⇔ ⎨ 2 ,5
⎪R = P X + P Y ⎪ R = 2 ,5Y ⎪Y = ⎪ ____
⎩ X Y ⎩ ⎩ 2 ,5 ⎩
Para níveis de rendimento inferiores ou iguais a 12 €, esta família só consome carne de frango de
aviário (bem Y)
2º Caso: Solução de canto no ponto em que a recta orçamental intersecta o eixo horizontal: (X>0, Y=0)
⎧ PX ⎧ 2X + 6 ⎧ X ≥ 24 ⎧ R
⎪TMSY , X ≥ ⎪ ≥ 1,8 ⎪ ⎪ ≥ 24 ⇔ R ≥ 108
⎨ PY Usando (2) e como Y = 0 tem − se : ⎨ X + 6 ⇔⎨ R ⇔ ⎨ 4 ,5
⎪R = P X + P Y ⎪ R = 4 ,5 X ⎪ X = 4 ,5 ⎪ ____
⎩ X Y ⎩ ⎩ ⎩
Para níveis de rendimento superiores ou iguais a 108 €, só consome carne de frango do campo (bem Y).
17
Ver no exercício 2.14, as figuras 2.14-b),c),d),e).
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⎧ PX ⎧ 2X + Y + 6
⎪TMSY , X = ⎪ = 1,8
⎨ PY Usando (2) e (3) tem − se : (4)⎨ X+6
⎪R = P X + P Y ⎪ R = 4,5 X + 2,5Y
⎩ X Y ⎩
Resolvendo a 1ª equação em ordem a Y e substituindo na restrição orçamental :
⎧ __
⎧Y = −0,2 X + 4,8 ⎪
⎨ ⇔⎨ R-12 R (Curva de Engel do bem X)
⎩ R = 4,5 X + 2,5(−0,2 X + 4,8 ) ⎪ X = 4 ⇔ (5) X = 4 − 3
⎩
Resolvendo a 1ª equação de (4) em ordem a X e substituindo na restrição orçamental :
⎧ __
⎧ X = 24 − 5Y ⎪
⎨ ⎨ R − 108
⎩ R = 4 , 5 ( 24 − 5 X ) + 2, 5Y ⎪Y = − 20 ⇔ (6) Y = −0,05 R + 5,4 (Curva de Engel do bem Y)
⎩
⎧
⎪X = 0 se 0 ≤ R ≤ 12
⎪
⎪ R
Curva de Engel do bem X : ⎨ X = − 3 se 12 < R < 108
⎪ 4
⎪ R
⎪ X = 4 ,5 se R ≥ 108
⎩
⎧ R
⎪Y = 2,5 se 0 ≤ R ≤ 12
⎪⎪
Curva de Engel do bem Y : ⎨Y = −0,05 R + 5,4 se 12 < R < 108
⎪Y = 0 se R ≥ 108
⎪
⎪⎩
18
Note-se que, quando a solução de equilíbrio é interior, os pontos em que a recta de orçamento intersecta os eixos não são
pontos de equilíbrio, uma vez que não satisfazem as condições requeridas para tal. De facto, tem-se, então, que
- no ponto de intersecção com o eixo horizontal (X=0,Y>0), a TMSY,X é superior à razão de preços, ou seja, R>12:
⎧ PX ⎧Y + 6 ⎧Y > 4,8 ⎧ R
⎪TMS Y , X > ⎪ > 1,8 ⎪ ⎪ > 4,8 ⇔ R > 12
⎨ PY Substituin do obtém - se : ⎨ 6 ⇔⎨ R ⇔ ⎨ 2,5
⎪R = P X + P Y ⎪ R = 2,5Y ⎪Y = 2,5 ⎪ ______
⎩ X Y ⎩ ⎩ ⎩
- no ponto de intersecção com o eixo vertical (X>0, Y=0), a TMSY,X é inferior á razão de preços, isto é, R<108:
⎧ PX ⎧2X + 6 ⎧ X < 24 ⎧ R
⎪TMS Y , X < ⎪ < 1,8 ⎪ ⎪ < 4,8 ⇔ R < 108
⎨ PY Substituin do obtém - se : ⎨ X + 6 ⇔⎨ R ⇔ ⎨ 4 ,5
⎪R = P X + P Y ⎪ R = 4,5 X ⎪ X = 4,5 ⎪ ______
⎩ X Y ⎩ ⎩ ⎩
_______________________________________________________________________________ 47
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⎧ X = 0 e 0 ≤ Y ≤ 4 ,8 se 0 ≤ R ≤ 12
⎪
⎨Y = -0 ,2 X + 4 ,8 se 12 < R < 108
⎪ X ≥ 24 e Y = 0 se R ≥ 108
⎩
19
Note-se que, no entanto, a elasticidade-rendimento da procura do bem X não é sempre a mesma.
Assim, para R є [12, 108], a procura deste bem é inelástica em relação ao rendimento, enquanto que,
para R>108, a elasticidade rendimento é unitária.
_______________________________________________________________________________ 48
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Resolução:
1) Seja u uma constante positiva qualquer. A curva de indiferença de índice u tem por expressão
analítica:
XY 2 Xu
u= ⇔ 2 Xu + Yu = XY ⇔ Y ( x − u ) = 2 Xu ⇔ Y = , X > u, Y > 2u
2X + Y X −u
Esta curva é continuamente decrescente e convexa em relação à origem, uma vez que a 1ª derivada é
negativa e a 2ª derivada é positiva:
2u ( X − u ) − 2 Xu 2u 2
Y' = ⇔ Y '
= − <0
( X − u) 2 ( X − u) 2
0 − (−2u 2 )2( X − u ) 4u 2
Y '' = ⇔ Y '' = >0
( X − u) 4 ( X − u) 3
Admite uma assímptota vertical em X=u e uma assímptota horizontal em Y=2u:
Note que, como as curvas de indiferença nunca intersectam os eixos coordenados, sendo definidas
apenas para valores de X>u e de Y>2u, a solução de equilíbrio é interior, ou seja, em equilíbrio, o
Tiago consome sempre ambos os bens.
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2-a) A curva consumo-preço do bem Y (CCPY) é o lugar geométrico dos pontos de equilíbrio do
consumidor quando varia o preço do bem Y e se mantêm constantes o preço do bem X (2 u.m.), o
rendimento nominal disponível (R=90 u.m.) e os gostos e preferências do consumidor.
É, portanto, definida no plano XY, sendo a sua expressão do tipo: Y=f(X) ou X=g(Y).
Como no caso desta função utilidade a solução é interior, em equilíbrio verifica-se a dupla condição:
⎧ PX
⎪TMS Y , X =
(1)⎨ PY
⎪R = P X + P Y
⎩ X Y
Y2
UMg X (2 X + Y ) 2 Y2
TMSY , X = ⇔ TMSY , X = 2
⇔ (2) TMSY , X =
UMgY 2X 2X 2
2
(2 X + Y )
∂U Y (2 X + Y ) − 2 XY Y2
UMg X = ⇔ UMg X = ⇔ UMg X =
∂X (2 X + Y ) 2 (2 X + Y ) 2
∂U X (2 X + Y ) − XY 2X 2
UMgY = ⇔ UMgY = ⇔ UMgY =
∂Y (2 X + Y ) 2 (2 X + Y ) 2
Como PX=2 e R=90, substituindo estes valores em (1), bem como o valor calculado em (2), obtém-se
o sistema (3), que se resolve de modo a achar a relação entre X e Y que define a curva consumo-preço
do bem Y:
⎧ 4X 2
⎧ Y2 2 ⎪ PY = 2 ⎧−
⎪ = ⎪ Y ⎪ ⎧⎪− ⎧⎪−
( 3) ⎨ 2 X 2 PY ⇔⎨ ⇔⎨ 4X 2 ⇔ ⎨ 2
⇔⎨ ⇔
⎪90 = 2 X + P Y
2
⎪90 = 2 X + 4 X Y ⎪ 90 = 2 X + ⎪⎩90Y = 2 XY + 4 X ⎪⎩45Y − XY = 2 X 2
⎩ Y ⎪⎩ ⎩ Y
Y2
⎧−
⎧⎪− ⎪
⇔⎨ 2
⇔⎨ 2X 2
⎪⎩Y (45 − X ) = 2 X ⎪Y = , X ≠ 45
⎩ 45 − X
A curva consumo-preço do bem Y é definida apenas para valores de X inferiores a 45, uma vez que, em
equilíbrio, a quantidade consumida do bem X tem que ser inferior a R/PX, o que resulta da restrição
orçamental e do facto de a solução ser interior (em equilíbrio, o Tiago consome sempre ambos os bens,
dado não haver solução de canto). A expressão analítica desta curva é então:
_______________________________________________________________________________ 50
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Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória)
2X 2
(4 ) Y = , 0 < X < 45
45 − X
Para representar graficamente a curva consumo-preço do bem Y, tem-se que estudar as características
desta função.
Zeros: X=0
1ªDerivada:
4 X (45 − X ) − (−1)2 X 2 180 X − 2 X 2
Y' = ⇔ Y '
=
(45 − X ) 2 (45 − X ) 2
Y ' = 0 ⇔ 180 X − 2 X 2 = 0 ∧ X ≠ 45
X =0 ∨ X = 90 pois X < 45
'
Y >0 para 0 < X < 45
2ª Derivada:
(180 − 4 X )(45 − X ) 2 − 2(45 − X )(−1)(180 X − 2 X 2 ) 4(45 − X ) 3 + 4 X (45 − X )(90 − X )
Y '' = 4
⇔ Y '' = ⇔
(45 − X ) (45 − X ) 4
⇔ Y '' =
[
(45 − X ) 4 (45 − X ) 2 + 4 X (90 − X ) ]⇔Y ''
=
4 (2025 − 90 X + X 2 ) + 360 X − 4 X 2
⇔ Y '' =
8100
4 3
(45 − X ) (45 − X ) (45 − X ) 3
Y '' > 0, para X < 45
Assímptotas:
lim Y = + ∞ , X = 45 (assímptota vertical) e lim Y = − ∞ (não tem assímptota horizontal)
−
X → 45 X → +∞
Acurva consumo-preço do bem Y é crescente e convexa, parte da origem dos eixos e tem uma
assímptota vertical em X=45.
2-c) A curva da procura do bem Y é deduzida sob os mesmos pressupostos que a curva consumo-preço
do bem Y. Mostra a relação entre a quantidade procurada do bem Y e o seu preço, no equilíbrio do
consumidor, ceteris paribus. A sua expressão é do tipo Y=f(PY). Para obter a sua expressão analítica,
resolve-se o sistema (3), mas agora de modo a obter a relação pretendida entre Y e PY :
⎧ Y2 2 ⎧ 2 Y 2 PY ⎧ Y PY
⎪ = ⎧⎪4 X 2 = Y 2 PY ⎪ X = ⎪X = + ⎧⎪−
⎨2X 2 PY ⇔ ⎨ ⇔ ⎨ 4 ⇔ ⎨ 2 ⇔⎨
⎪90 = 2 X + P Y ⎪⎩ _____ ⎪ ______ ⎪ ⎩⎪90 = Y ( PY + PY )
⎩ Y ⎩ ⎩90 = Y PY + PY Y
90
(5 ) Y = , PY > 0 (expressão analítica da curva da procura do bem Y)
PY + PY
2-c) Para proceder à ilustração gráfica, arbitraram-se os valores de 1, 2, 4 e 9 unidades monetárias para
o preço do bem Y:
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3-a) A curva consumo-preço do bem X (CCPX) é definida no plano XY, considerando Px variável e
assumindo que se mantêm constantes os gostos e o rendimento nominal (R=90 u.m.) do consumidor,
bem como o preço do bem Y (PY=4 u.m.). Aplicando as condições de equilíbrio do consumidor,
resolve-se o sistema de modo a obter a relação procurada entre X e Y:
⎧ 2Y 2
⎧ Y2 PX ⎪ PX = 2
⎪ = ⎪ X ⎧⎪−
(6 ) ⎨ 2 X 2 4 ⇔⎨ ⇔⎨ 2
⎪90 = P X + 4Y ⎪ 2Y 2 ⎪⎩Y + 2 XY − 45 X = 0
⎩ X ⎪⎩90 = X + 4Y
− 2 X ± 4 X 2 + 180 X − 2 X ± 2 X 2 + 45 X
Y= ⇔Y = ⇔ Y = − X + X 2 + 45 X ∨ Y = − X − X 2 + 45 X , pois Y > 0
2 2
1ª Derivada:
X + 22,5
Y ' = −1 + > 0 , para X > 0
X 2 + 45 X
2ª Derivada :
506 ,25
Y '' = − <0
( X 2 + 45 X ) 3 / 2
_______________________________________________________________________________ 52
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Assímptotas:
lim Y = 0 (não admite assímptota vertical) e lim Y = 22,5 , Y = 22,5 (assímptota horizontal)
+
X→0 X → +∞
A curva consumo-preço do bem X parte da origem dos eixos coordenados, é crescente e côncava e tem
uma assímptota horizontal em Y=22,5, sendo que 22,5=R/PY.
3-b) Para calcular a expressão da curva da procura do bem X, resolve-se o sistema (5) de modo a obter
a relação entre X e PX:
⎧ X 2 PX
⎧ Y2 PX ⎧ 2 X 2 PX ⎪Y = +
⎪ = ⎪Y = ⎪ 2
⎨2X 2 4 ⇔⎨ 2 ⇔⎨
⎪90 = P X + 4Y ⎪ ____ ⎪90 = PX X + 2 X 2 PX ⇔ (8) X = 90
⎩ X ⎩ ⎪
⎩ PX + 2 2 PX
A curva da procura é decrescente (1ª derivada negativa) e convexa (2ª derivada positiva)
3-c) Para a ilustração, arbitraram-se os valores de 0,75, 1, 2, 4 e 8 unidades monetárias para o preço do
bem X:
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4) Para achar a combinação óptima de X e Y, quando R=90 u.m. e PX=2 u.m. e PY=4 u.m., basta
substituir os valores dos preços nas funções procura de cada bem (expressões 5 e 8). Em equilíbrio, o
Tiago consome 15 unidades de cada bem por período de tempo e situa-se na curva de indiferença de
índice 520.
75
70
65
60
Nº de unidades do bem Y por período de tempo
55
50
45 u=5
40
Y=22,5-0,5X
35
30
25
20
15
10
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75
Nº de unidades do bem X por período de tempo
20
Valor obtido através da substituição dos valores de X e de Y na função utilidade.
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1) Como se viu na resolução de 3-a) do exercício 2.16, a curva consumo-preço do bem X tem declive
positivo, pois a sua primeira derivada é positiva. Isto significa que, à medida que o preço do bem X
diminui21, se regista um aumento do consumo de ambos os bens. Como, por hipótese, o rendimento
nominal do Tiago e o preço do bem Y permanecem constantes, o aumento da despesa no bem Y só é
possível devido à diminuição da despesa no bem X. Consequentemente, a curva da procura do bem X é
inelástica, uma vez que o preço do bem X e a despesa efectuada na sua aquisição variam no mesmo
sentido.
E X , PX = −
dX PX
⇔ E X , PX =
[
90 1 + 2(2 PX ) −1 / 2
x
] PX
⇔
dPX X (
PX + 2 2 PX
2
)
90
(P X + 2 2 PX )
PX + 2 PX
⇔ E X , PX = <1
PX + 2 2 PX
A curva da procura do bem X é inelástica, uma vez que a elasticidade-preço da procura do bem X é, em
valor absoluto, inferior à unidade. Comprova-se, assim, a análise realizada na alínea anterior sobre o
significado do comportamento ascendente da curva consumo-preço.
3) Sendo a procura do bem X inelástica em relação ao seu próprio preço, se o preço do bem X diminuir
(aumentar), a despesa realizada na aquisição deste bem também diminui (aumenta), ceteris paribus,
pelo que a despesa no bem Y aumenta (diminui). Consequentemente, a elasticidade cruzada da procura
do bem Y em relação ao preço do bem X é negativa, uma vez que a quantidade procurada do bem Y e
PX variam em sentido contrário.
∂Y PX
A elasticidade cruzada da procura do bem Yé 22: EY , PX =
∂PX Y
21
O que, graficamente, equivale a rodar a recta de orçamento para a direita em torno do ponto (X=0, Y=22,5).
22
Alternativamente, e como PY=4 e R=90, podia-se ter calculado a procura do bem Y em função
apenas do preço do bem X, através da substituição daqueles valores na função procura do bem Y,
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∂Y
=
R(2 PX )−1 / 2 ( PX PY + PY 2 PX ) − R (2 PX ) 1 / 2 [ PY + (2 PX ) −1 / 2 PY ]⇔
∂PX (P X PY + PY 2 PX )
2
⇔
R (2 PX ) 1/ 2
[(2 P X ) −1
(( P X )
PY + PY 2 PX − PY − (2 PX ) −1 / 2 PY ]⇔
( PX PY + PY 2 PX ) 2
⎛ P ⎞
R 2 PX ⎜⎜ Y − PY ⎟⎟
⇔
R (2 PX ) 1/ 2
[2 −1
PY + (2 PX ) −1 / 2
PY − PY − (2 PX ) −1 / 2
]
PY )
⇔
⎝
2
⎠
( PX PY + PY 2 PX ) 2 ( PX PY + PY 2 PX ) 2
∂Y − R 2 PX PY
= <0
∂PX 2( PX PY + PY 2 PX ) 2
EY , PX =
− R 2 PX PY PX
⇔
− R 2 PX (
PY PX PX PY + PY 2 PX )
(
2 PX PY + PY 2 PX ) 2
R 2 PX 2 PX( PY + PY 2 PX )R
2
2 PX
(P X PY + PY 2 PX )
− PX PY
EY , PX = <0
2( PX PY + PY 2 PX )
5) Sendo a elasticidade preço-cruzada da procura negativa, isso significa que os bens X e Y são bens
complementares. No entanto, e como se pode observar da forma das curvas de indiferença do Tiago em
relação aos bens X e Y, existe substituibilidade entre eles, uma vez que aquelas são decrescentes e
convexas em relação à origem, sendo a taxa marginal de substituição de Y por X, em valor absoluto,
decrescente23.
Esta aparente contradição na relação entre os dois bens pode explicar-se do seguinte modo:
- como a elasticidade-preço cruzada exprime a variação relativa do consumo de um bem
induzida pela variação relativa do preço do outro bem, isso significa que ela contempla o efeito total da
variação do preço;
- quando se classificam dois bens a partir da forma das curvas de indiferença, a análise é
realizada ao longo da mesma curva de indiferença, o que significa que o nível de utilidade permanece
constante. Em termos de decomposição do efeito total da variação do preço de um dos bens, significa
que se neutralizou o efeito-rendimento, através de uma variação compensatória do rendimento, que
permita manter constante o nível de utilidade do consumidor e isolar o efeito substituição.
Deste modo, pode haver situações em que a classificação da relação entre dois bens não seja a mesma,
consoante seja baseada no cálculo da elasticidade-preço cruzada da procura - que tem em conta o efeito
total da variação do preço do outro bem - ou assente apenas no efeito substituição. Daí que, na
literatura, a classificação da relação económica entre dois bens, a partir do sinal da elasticidade-preço
cruzada, surja com a designação adicional de “bruto”24, para acentuar o facto de se basear no efeito
total da variação do preço. O termo “líquido” é usado quando se classificam os dois bens, tendo em
conta apenas o efeito substituição, isto é, após a remoção do efeito rendimento25.
De notar, finalmente, que os bens X e Y são bens normais26 e daí que o efeito rendimento seja
para ambos positivo, isto é, a variação do consumo desses bens vai no mesmo sentido que a variação do
rendimento real do consumidor. Assim, por exemplo, se diminuir o preço do bem X, o aumento do
consumo deste bem é explicado, simultaneamente, pelo efeito substituição e pelo efeito rendimento,
este último reforçando o primeiro.
No entanto o efeito total da variação do preço do bem X sobre o outro bem (bem Y) não é a priori
determinado, uma vez que o efeito substituição e o efeito rendimento actuam em sentidos contrários:
enquanto que o efeito substituição conduz à diminuição do consumo do bem Y, pois este bem tornou-se
relativamente mais caro, o efeito rendimento leva ao aumento do seu consumo, devido ao aumento do
rendimento real do consumidor. Neste exercício, o efeito total sobre o bem Y da diminuição do preço
do bem X resultou no aumento do consumo do bem Y, o que significa que o efeito rendimento foi mais
forte que o efeito substituição.
Em suma, para a situação da diminuição do preço do bem X:
Resolução
Para determinar o efeito total da variação do preço do bem X sobre o consumo deste bem e dos outros
bens, tem-se que calcular a situação de equilíbrio inicial (PX=PY=1u.m.) e a situação de equilíbrio final
(PX=2 u.m. e PY=1u.m.):
26
Como se pode concluir a partir da análise das suas funções procura, que apresentam derivadas
parciais positivas em relação ao rendimento.
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⎧U = XY ⎧ ___
⎪ ⎪ ⎧ ___ ⎧U = 400
⎪⎪UMg X Px0
⎪Y ⎪ ⎪
⎨ = ⇔ ⎨ =1 ⇔ ⎨Y = X ⇔ ⎨Y = 20
⎪ UMg Y PY ⎪X ⎪ ⎪
⎪ ⎪40 = X + Y ⎩40 = 2 X ⎩ X = 20
0
⎪⎩ R = PX X + PY Y ⎩
Em equilíbrio, o consumidor adquire 20 unidades do bem X por período de tempo e dispõe de 20 u.m.
para gastar na aquisição dos outros bens (bem Y), situando-se na curva de indiferença de índice 400.
⎧U = XY ⎧ ___
⎪ ⎪ ⎧ ___ ⎧U = 200
⎪⎪UMg X
1
PX ⎪Y ⎪ ⎪
⎨ = ⇔⎨ =2 ⇔ ⎨Y = 2 X ⇔ ⎨Y = 20
⎪ UMg Y PY ⎪X ⎪ ⎪
⎪ ⎪40 = 2 X + Y ⎩40 = 4 X ⎩ X = 10
1
⎩⎪ R = PX X + PY Y ⎩
Após a alteração dos preços relativos, o consumidor passa a adquirir apenas 10 unidades do bem X por
período de tempo e dispõe de 20 u.m. para gastar na aquisição dos outros bens (bem Y), situando-se na
curva de indiferença de índice 200.
Pode-se concluir que o efeito total resultante do aumento do preço do bem X (efeito-preço) foi:
- sobre o bem X: ∆X= 10-20 ⇔ ∆X= -10 unidades por período de tempo;
- sobre o bem Y: ∆Y= 20-20 ⇔ ∆Y= 0
1. Para se decompor o efeito preço em efeito substituição e em efeito rendimento, tem que se
determinar uma situação de equilíbrio, que corresponde às escolhas que o consumidor realizaria se,
dado o novo sistema de preços, auferisse de uma variação hipotética do rendimento (“variação
compensatória do rendimento”) que o compensasse da perda de rendimento real provocada pela
duplicação do preço do bem X. Essa variação compensatória do rendimento é definida como sendo
aquela que permitiria ao consumidor manter o seu poder de compra, sendo este entendido:
- na abordagem de Hicks, como aquele que permite que o consumidor continue a usufruir
do mesmo nível de satisfação inicial (U=400);
- na abordagem de Slutstky, como aquele que permite que o consumidor continue a poder
adquirir o cabaz de bens inicial (X=20; Y=20).
Através desta variação hipotética do rendimento neutraliza-se, em termos analíticos, a diminuição do
rendimento real do consumidor, que é provocada pelo aumento do preço do bem X. Deste modo, a
passagem da situação de equilíbrio inicial para esta situação de equilíbrio hipotética permite isolar o
efeito-substituição - variação no consumo de X e de Y que se explica pela alteração dos preços
relativos dos bens. A passagem da situação de equilíbrio hipotética para a situação de equilíbrio final (e
que corresponde à reposição de facto do rendimento real do consumidor) permite isolar o efeito
rendimento, ou seja, a alteração no consumo de X e de Y que se explica pela diminuição do rendimento
real do consumidor resultante do aumento do preço do bem X.
1-a) A determinação da situação de equilíbrio hipotética passa pela resolução do seguinte problema:
qual é o rendimento mínimo de que o consumidor necessitaria (RH) para que, dados os novos preços,
mantivesse constante o seu nível de utilidade? Formalizando: Min RH =2X+Y
sujeito a U=400
A solução deste problema é dada pela resolução do sistema:
⎧400 = XY ⎧400 = XY
⎪ ⎧400 = 2 X 2 ⎧ X = + 200 ≅ 14,14
1 ⎪Y ⎪ ⎪⎪
⎪ PX ⎪
⎨TMS Y , X = ⇔⎨ =2 ⇔ ⎨Y = 2 X ⇔ ⎨Y = 2 200 ≅ 28,18
⎪ PY ⎪X ⎪R = 4 X ⎪
R = 4 200 ≅ 56,57
⎪R = P1 X + P Y ⎪⎩ R H = 2 X + Y ⎩ H ⎩⎪ H
⎩ H X Y
_______________________________________________________________________________ 58
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Se o consumidor auferisse de uma variação compensatória do rendimento de cerca de 16,57 u.m. então,
aos novos preços relativos dos bens, ele consumiria em equilíbrio cerca de 14,14 unidades do bem X
por período de tempo e disporia de cerca de 28,18 u.m. para adquirir os outros bens.
Bem X Bem Y
Efeito Substituição 14,14 – 20 ≈ - 5,86 28,28 – 20 ≈ + 8,28
Efeito Rendimento 10 – 14,14 ≈ - 4,14 20 – 28,28 ≈ -8,28
Efeito Total (Efeito Preço) ∆ X = - 10 ∆Y=0
1-b) O rendimento que o consumidor necessitaria de possuir para, aos novos preços, poder continuar a
adquirir o cabaz de bens inicial (X=20; Y=20) é igual a: RS = 2 x 20 + 20 Ù RS= 60 u.m.
De notar que, neste caso, a variação compensatória de rendimento (20 u.m.) equivale à diferença de
custo de aquisição de 20 unidades do bem X (20=∆PXX, sendo ∆PX=2-1 e X=20) e daí que esta
abordagem surja, também, designada por técnica da diferença de custo.
No entanto, com este rendimento e para a nova razão de preços, o consumidor não está em equilíbrio,
porque a recta orçamental intersepta a curva de indiferença de índice 400 no ponto A ( figura 2.18-b).
A situação de equilíbrio correspondente a este nível de rendimento hipotético é obtida através da
resolução do sistema:
⎧U = XY ⎧U = XY
⎪ 1 ⎪Y ⎧− ⎧− ⎧U = 450
⎪ PX ⎪ ⎪ ⎪ ⎪
⎨TMS Y , X = ⇔⎨ =2 ⇔ ⎨Y = 2 X ⇔ ⎨− ⇔ ⎨Y = 30
⎪ PY ⎪X ⎪60 = 2 X + 2 X ⎪ X = 15 ⎪ X = 15
⎪R = P1 X + P Y ⎪⎩60 = 2 X + Y ⎩ ⎩ ⎩
⎩ S X Y
Neste caso, o consumidor atingiria um maior nível de bem-estar (U=450), consumindo, em equilíbrio,
15 unidades do bem X por período de tempo e dispondo de 30 u.m. para adquirir os outros bens.
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Bem X Bem Y
Efeito Substituição 15 – 20 = - 5 30 – 20 = + 10
Efeito Rendimento 10 – 15 = - 5 20 – 30 = - 10
Efeito Total (Efeito Preço) ∆ X = - 10 ∆Y=0
Para se decompor o efeito preço, tem que se calcular a situação de equilíbrio que se observaria se,
dados os preços iniciais (P0X=PY=1), se tivesse observado, por hipótese, uma variação do rendimento
(nominal) do consumidor que conduzisse a que o seu nível de bem-estar fosse igual ao que usufrui na
Min R E = PX0 X + PY Y
situação de equilíbrio final (U=200). O problema a resolver é: , sendo a sua
Sujeito a U = 200
solução obtida através da resolução do sistema:
⎧U = XY ⎧200 = XY
⎪ ⎧200 = X 2 ⎧ X = + 200 ≅ 14,14
0 ⎪Y ⎪ ⎪⎪
⎪ PX ⎪
⎨TMS Y , X = ⇔ ⎨ =1 ⇔ ⎨Y = X ⇔ ⎨Y = 200 ≅ 14,14
⎪ PY ⎪X ⎪R = 2 X ⎪
⎪R = P 0 X + P Y ⎪⎩ R E = X + Y ⎩ E ⎪⎩ R E = 2 200 ≅ 28,28
⎩ E X Y
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Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória)
A diminuição do rendimento, necessário para que o consumidor atinja o nível de bem-estar equivalente
ao alcançado com o aumento do preço do bem X, é de cerca de 11,72 u.m. (∆R ≈ 28,28 – 40). Se o
rendimento nominal do consumidor diminuísse nesse montante, em equilíbrio, e dados os preços
iniciais dos bens, ele consumiria cerca de 14,14 unidades de bem X por período de tempo, dispondo de
cerca de 14,14 u.m. para adquirir os outros bens.
A passagem da situação de equilíbrio inicial (ponto A) para esta situação de equilíbrio hipotética (ponto
B) permite isolar o efeito rendimento (Figura 2.18-c). Mas, embora a variação equivalente do
rendimento tenha o mesmo efeito sobre o bem-estar que o aumento do preço do bem X, o efeito deste
aumento sobre o consumo é diferente, pois a alteração dos preços relativos conduz a que substitua o
bem X pelo bem Y, até que se iguale a TMSY,X à nova razão de preços. Deste modo, o movimento de B
para C, ao longo da curva de indiferença de índice 200, corresponde à variação na quantidade
procurada associada, ao efeito substituição (Figura 2.18-c).
_______________________________________________________________________________ 61
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Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória)
1. Considere o exercício 2.18, mas admita agora que a duplicação do preço do bem X
resultou do lançamento de um imposto específico sobre este bem.
Resolução
1- a) Como se viu na resolução do exercício 2.18, quando o preço do bem X é igual a 2 u.m. - sendo
que agora 1 u.m. corresponde ao valor imposto específico sobre o bem X (t=1 u.m.) - o consumidor
adquire 10 unidades de bem X por período de tempo, pelo que a receita fiscal (RF) arrecadada pelo
governo é igual a 10 u.m. (RF= tX). Deste modo o montante do imposto fixo sobre o rendimento do
consumidor que permite arrecadar uma receita fiscal equivalente à do imposto indirecto é de 10 u.m.
(T=10 u.m.).
Neste caso, o rendimento disponível do consumidor para gastar no bem X e nos outros bens seria de 30
u.m. (R1= 40-T) e a situação de equilíbrio seria a que resulta da resolução do seguinte sistema:
⎧U = XY ⎧U = XY
⎪ 0 ⎪Y ⎧− ⎧U = 225
⎪ PX ⎪ ⎪ ⎪
⎨TMS Y,X = ⇔ ⎨ = 1 ⇔ ⎨Y = X ⇔ ⎨Y = 15
⎪ P Y ⎪ X ⎪30 = 2 X ⎪ X = 15
⎪R = P 0 X + P Y ⎪30 = X + Y ⎩ ⎩
⎩ X Y ⎩
Pode-se concluir que se o governo tivesse optado antes por lançar um imposto directo no montante de
10 u.m., o consumidor adquiriria, em equilíbrio, 15 unidades do bem X por período de tempo, ficando
com 15 u.m. para o consumo dos outros bens. Este tipo de imposto permitiria ao Estado arrecadar a
mesma receita fiscal que a obtida com o imposto indirecto e seria preferível, do ponto de vista do
consumidor, uma vez que o seu impacto sobre o seu bem-estar é menor. Como se pode observar na
Figura 2.19-a), com o lançamento do imposto indirecto o consumidor situa-se na curva de indiferença
de índice 200 (ponto C), enquanto que, se fosse usado um imposto directo, ele situar-se-ia na curva de
indiferença de índice225 (pontoD), sendo a receita fiscal arrecadada pelo governo a mesma em ambas
as situações (CC’=FG).
Deste modo, embora tanto o imposto específico sobre o preço do bem (imposto indirecto) como o
imposto sobre o rendimento (imposto directo) impliquem uma diminuição do nível de bem-estar do
consumidor, essa diminuição é menos acentuada no caso do lançamento do imposto directo, uma vez
que a redução do consumo é apenas determinada pela redução do rendimento nominal do consumidor,
_______________________________________________________________________________ 62
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Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória)
ou seja, este tipo de imposto só desencadeia o efeito rendimento. Pelo contrário, o lançamento de um
imposto específico sobre o preço do bem provoca, também, alteração no preço relativo do bem,
aumentando o seu custo de oportunidade em termos dos outros bens e, em consequência, conduz a uma
maior redução do consumo, diminuindo mais o nível de bem-estar do consumidor, pois desencadeia,
para além do efeito rendimento, o efeito substituição.
Esta análise apresenta como principais limitações:
- não se pode generalizar e concluir que um imposto directo é necessariamente preferível para
todos os consumidores (pense-se no caso de quem não consome o bem X);
- o rendimento é exogenamente determinado, não se considerando os efeitos da política fiscal
sobre as escolhas do consumidor entre lazer e trabalho. Ora, o lançamento de um imposto directo pode
desincentivar alguns consumidores de trabalhar mais para aumentarem o seu rendimento, levando-os a
optar por mais tempo de lazer e menos tempo de trabalho;
- respeita apenas ao lado da procura, negligenciando os efeitos do lado da oferta.
Figura 2.19-a) Imposto indirecto versus imposto directo equivalente em termos de receita fiscal
1 - b) Para uma mesma redução do nível de bem-estar (isto é, de U0=400 para U1=200), o governo
poderia arrecadar uma maior receita fiscal se tivesse optado antes por um imposto sobre o rendimento
do consumidor. Com efeito, a variação do rendimento equivalente à perda de bem-estar associada ao
aumento do preço do bem X é, como se viu na resolução da alínea 2 do exercício 2.18, de cerca de
11,72 u.m.27, enquanto que a receita fiscal arrecadada com o imposto específico sobre o preço do bem
X é de apenas 10 u.m.. Com o imposto indirecto, o ponto de equilíbrio é o ponto C, sendo a receita
fiscal igual a CC’, enquanto que com um imposto directo, equivalente ao imposto indirecto em termos
de redução de bem-estar, o ponto de equilíbrio é B, sendo a receita fiscal igual a EG (Figura 2.19-b).
Em conclusão:
- um imposto sobre o rendimento conduz a uma menor perda de bem estar do que um imposto
indirecto que proporciona o mesmo nível de receita fiscal (para o consumidor, o ponto D é preferível ao
ponto C);
- para uma mesma redução de bem-estar, o governo pode arrecadar maior receita através do
lançamento de um imposto directo (comparar os pontos B e C)
27
Diferença entre o rendimento inicial – 40 u.m. – e o valor de RE, calculado na alínea 2 do exercício .2.18
_______________________________________________________________________________ 63
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Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória)
2. Com o lançamento de um imposto específico de 1 u.m. sobre o preço do bem X, as escolhas óptimas
do consumidor são (X=10, Y=20) e situam-se na curva de indiferença de índice 200 (ponto C), pelo
que o consumo do bem X diminuiu em 10 unidades por período de tempo (Figura 2.19-c).
Neste caso, o governo pretende devolver o montante arrecadado com o imposto (10 u.m.) ao
consumidor, pelo que se tem de calcular qual será o ponto de equilíbrio (ponto D da Figura 2.19-c) para
um rendimento de 50 u.m. (rendimento nominal do consumidor mais a devolução da receita fiscal),
mantendo-se os preços relativos resultantes do lançamento do imposto:
⎧U = XY
⎪ ⎧ ___ ⎧U = 312,5
⎪Y ⎪ ⎪
⎨ =2 ⇔ ⎨Y = 2 X ⇔ ⎨Y = 25
⎪X ⎪ ⎪
⎪50 = 2 X + Y ⎩50 = 4 X ⎩ X = 12,5
⎩
Pode-se concluir que a oposição não tem razão, uma vez que a devolução da receita fiscal, embora
reduza o efeito sobre a diminuição do consumo do bem X – que passará a ser de 12,5, em vez de 10,
unidades por período de tempo – não anula esse efeito, dado que o lançamento do imposto sobre o
preço do bem X, ao aumentar o custo de oportunidade deste bem em termos dos outros bens, conduz a
que o consumidor substitua o bem X pelo bem Y28.
Por sua vez, a devolução do montante arrecadado com o imposto contribui para melhorar o nível de
bem-estar do consumidor, relativamente à situação de inexistência de devolução, embora haja perda de
bem-estar relativamente à situação inicial – o consumidor situar-se-á na curva de indiferença de índice
312,5, em vez de na curva de índice 400. Isto resulta do facto de o montante devolvido ao consumidor
ser inferior ao que seria necessário para o compensar da diminuição do seu poder de compra provocada
pelo aumento do preço do bem X.
28
Note-se que o movimento do ponto A para o ponto D é uma medida aproximada do efeito substituição. O cálculo rigoroso do
efeito substituição requereria que se tivesse devolvido dinheiro suficiente para manter constante o poder de compra do
consumidor.
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Figura 2.19-c)
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1) O Álvaro consome 2,5 unidades de bens alimentares por mês, ficando apenas com
1,5 u.m. para despender nos outros bens, pelo que nem sempre pode acompanhar a
Rosa a espectáculos culturais. A Rosa acha que ele não está a ser racional; o
Álvaro, pelo contrário, considera que a Rosa não anda a alimentar-se em
condições e que o seu nível de bem-estar é inferior ao dele.
Sabendo que o preço médio dos bens alimentares é de 1 u.m. e que o preço do
bem compósito é de 1 u.m., explique quem tem razão. Ilustre graficamente a sua
resposta.
2) Calcule a expressão analítica da curva de procura do bem X, interpretando o seu
significado económico.
3) Admita agora que o preço médio dos bens alimentares aumentou em 25%, pelo
que o Álvaro passou, em equilíbrio, a adquirir mensalmente 2,1 unidades de bens
alimentares, ficando com 1,375 u.m. para adquirir os outros bens.
a) "Perante a diminuição na quantidade procurada de bens alimentares em 16%,
devido ao aumento verificado no preço médio desses bens em 25%, o Álvaro
conclui que a procura deste tipo de bens, neste intervalo de preços, é inelástica.
a.1) Explique, sem efectuar cálculos, como é que o Álvaro chegou a essa
conclusão e discuta como se comporta a despesa total em bens
alimentares.
a.2) Determine analiticamente a curva consumo-preço do bem X e examine o
seu comportamento.
b) Devido ao aumento do preço médio dos bens alimentares, o Álvaro vai pedir
aos pais para lhe aumentarem a mesada para 4,625 u.m., argumentando que só
assim poderá continuar a consumir o mesmo que antes e que, em particular,
não terá de reduzir o consumo de bens alimentares.
A Rosa acha que, para manter o seu nível de bem-estar, o Álvaro não necessita
de um aumento tão grande da mesada e que não é verdade que, em equilíbrio,
vá continuar a adquirir a quantidade inicialmente consumida de bens
alimentares.
b.1) A partir do cálculo da situação de equilíbrio para o caso que o Álvaro está
a considerar, fundamente a argumentação da Rosa. Ilustre graficamente a
sua resposta
b.2) Decomponha o efeito preço, explicitando o significado dos seus
componentes e ilustrando-os graficamente. Explique agora porque é que,
mesmo após o aumento da mesada para o valor pretendido, o Álvaro
reduziria o consumo mensal de bens alimentares.
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Resolução
1) O consumidor racional escolhe (x,y) de modo a maximizar o seu nível de satisfação, tendo em conta
as suas preferências e o seu poder de compra (R, px e py). Como as curvas de indiferença associadas a
esta função índice de utilidade são continuamente decrescentes e convexas em relação à origem e não
intersectam os eixos [y = u/(x-1), sendo u uma constante positiva] então, em equilíbrio:
⎧
⎪U = x ( y − 1) ⎧ ___
⎪ ⎪ ⎧ ___ ⎧U = 2,25
⎪ px ⎪ y ⎪ ⎪
⎨TMS y, x = ⎨ = 1 ⎨y = x − 1 ⎨ y = 1,5
⎪ py ⎪x −1 ⎪ ⎪
⎪ ⎪4 = x + y ⎩4 = x + x − 1 ⎩ x = 2,5
⎪R = x p x + y p y ⎩
⎩
UMg x y
TMS y, x = ⇔ TMS y,x =
UMg y x −1
∂U ∂U
pois sendo U=xy-y tem - se que : UMg x = ⇔ UMg x = y e UMg y = ⇔ UMg y = x − 1
∂x ∂y
A Rosa não tem razão, pois a combinação de bens (x = 2,5; y =1,5) é aquela que, dadas as preferências,
o rendimento e os preços dos bens - que são iguais para o Álvaro e para a Rosa - permite alcançar o
máximo nível de satisfação (ponto A na figura 2.20-a). Como a Rosa consome uma menor quantidade
de bens alimentares (bem X), dispondo por isso de mais rendimento para afectar à aquisição de todos
os outros bens (bem Y), ela encontra-se num ponto da restrição orçamental situado entre A e C ( no
ponto B, por exemplo), situando-se numa curva de indiferença de índice inferior ao daquela em que se
encontra o Álvaro (UÁlvaro= 2,25). Quem não está a ter um comportamento racional é a Rosa, dado que
não atinge o máximo nível de nível de bem-estar que, dadas as suas preferências, está ao alcance do
seu poder de compra (URosa < 2,25).
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NOTA:
Alternativamente, bastava verificar que o valor da TMS y,x é igual a um29, para a combinação de bens
que o Álvaro adquire, igualando a razão de preços. Adicionalmente, aquela combinação esgota o
rendimento de que ele dispõe (4=2,5+1,5), ou seja, é a combinação óptima.
A Rosa, pelo contrário, situa-se num ponto em que a TMSy,x> px/py , isto é, UMg p > UMg p ,
x x y y
pelo que não está em equilíbrio, podendo melhorar o seu nível de satisfação se deslocar algum
rendimento que está a afectar aos outros bens para o consumo de bens alimentares (diminuindo o
consumo de Y e aumentando o consumo de X), encontrando-se em equilíbrio quando consumir a
mesma combinação de bens que o Álvaro (ponto A).
2) A curva da procura individual do bem X exprime a relação entre a quantidade procurada do bem X,
no equilíbrio do consumidor, e os vários preços alternativos deste bem, tudo o mais permanecendo
constante, ou seja, neste caso: o rendimento, o preço do outro bem e as preferências do consumidor. É
uma função do tipo: x = f(px). O cálculo da sua expressão analítica, parte das condições de equilíbrio do
consumidor, onde px surge como variável e R e py como constantes (R = 4 e py = 1). Deste modo:
⎧−
⎧ y p ⎪ expressao analitica
⎪ = x ⎧⎪ y = ( x − 1) p x ⎧⎪− ⎪ ⎧−
⎨x −1 1 ⎨ ⎨ ⎨ 4 + px ⎪ da curva da procura
⎪4 = xp + y ⎪⎩4 = xp x + ( x − 1) p x ⎪⎩4 = 2 xp x − p x ⎪ x = ⎨ 2
⎩ x ⎪ 2 px ⎪ x = p + 0,5 ← de bens alimentares
⎩ ⎩ x
3-a.1) Para chegar a essa conclusão, recorreu ao conceito de elasticidade preço da procura de bens
alimentares (bem X). Esta exprime como varia, em termos relativos ou percentuais, a quantidade
procurada de bens alimentares em resposta a uma variação relativa (ou percentual) no seu preço, tudo o
mais constante. Como a quantidade procurada de bens alimentares registou uma variação menos que
proporcional à alteração do preço médio destes bens (16% é menor do que 25%) então, em valor
absoluto, a elasticidade preço da procura do bem X é inferior a um, pelo que a procura deste bem é
inelástica, para este intervalo de preços.
Em consequência, perante um aumento do preço médio dos bens alimentares, regista-se uma
diminuição menos do que proporcional na quantidade procurada, aumentando a despesa total realizada
neste tipo de bens30.
3-b.1) Cálculo da situação de equilíbrio para R = 4,625 u.m., px =1,25 e py =1 (situação que o Álvaro
está a considerar):
⎧U = ( x − 1) y
⎪ ⎧ ___ ⎧ __ ⎧U = 2,278125
⎪ y 1,25 ⎪ ⎪ ⎪
⎨ = ⎨ y = 1,25 x − 1,25 ⎨ __ ⎨ y = 1,6875
⎪x −1 1 ⎪ ⎪ ⎪
⎪4,625 = 1,25 x + y ⎩4,625 = 1,25 x + 1,25 x − 1,25 ⎩2,5 x = 5,875 ⎩ x = 2,35
⎩
Com a mesada que está a pensar pedir aos pais o Álvaro consumiria, em equílibrio, uma menor
quantidade de bens alimentares (x = 2,35 < x = 2,5) e aumentaria o consumo dos outros bens,
passando a auferir de um nível de bem-estar superior ao que auferia antes do aumento do preço médio
dos bens alimentares (U=2,278125 > U=2,25).
A Rosa está correcta quando argumenta:
- que o acréscimo de rendimento nominal que o Álvaro está a considerar (0,625 u.m. por mês)
ultrapassa a variação do rendimento necessária para o compensar da perda de bem-estar associada
ao aumento de preço do bem X. De facto, a restrição orçamental associada à manutenção do nível
29
Substituindo x = 2,5 e y = 1,5 na expressão da TMS y,x , tem-se que no ponto A:
TMS y,x = 1,5 /(2,5 -1)Ù TMS y,x=1
30
Este comportamento permite, também, afirmar que, neste intervalo de preços, a curva consumo preço do bem X tem declive
positivo.
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de satisfação inicial (R2) situa-se à esquerda da que permite a aquisição da combinação de bens
inicial (R1) – Figura 2.20-b);
- e que, com uma mesada de 4,625 u.m., em equilíbrio, o Álvaro reduzirá o consumo mensal de bens
alimentares. Com efeito, embora o acréscimo de rendimento que o Álvaro está a considerar
permita que continue a consumir o mesmo que antes (a restrição orçamental R1 passa pelo ponto
A, da figura 2.20-b), tal cabaz de consumo não é agora um cabaz de equilíbrio: no ponto A, a
TMSy,x é igual a 1, sendo inferior à razão de preços actual (1,25), pelo que o Álvaro tenderá a
deslocar rendimento do bem X para o bem Y, o que lhe permitirá alcançar níveis mais elevados de
satisfação, até atingir o ponto B da figura 2.20-b), que é o ponto de equilíbrio para este nível de
rendimento.
Bem X Bem Y
Efeito Substituição (ES) ∆X = 2,35 - 2,5 = - 0,15 ∆Y= 1,6875 - 1,5 = + 0,1875
Efeito Rendimento (ER) ∆X = 2,1 - 2,35 = - 0,25 ∆Y= 1,375 - 1,6875 = - 0,3125
Efeito Preço (ES + ER) ∆X= 2,1- 2,35 = - 0,4 ∆Y= 1,375 - 1,5 = - 0,125
Nota: como resulta do quadro, cada um dos efeitos exprime a variação na quantidade procurada de cada bem.
Se o Álvaro conseguir que a sua mesada passe a ser de 4,625 u.m., o efeito rendimento será anulado,
mas o efeito substituição continuará a registar-se. Deste modo, o Álvaro irá reduzir o consumo de bens
alimentares, dado que este tipo de bens passou a ser relativamente mais caro, e aumentará o consumo
dos outros bens, sendo esta alteração explicada pelo efeito substituição.
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