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DIREITO CONSTITUCIONAL

Professor Francion Santos

AULA 11 - PODER LEGISLATIVO: CONGRESSO NACIONAL, CÂMARA DOS DEPUTADOS, SENADO


FEDERAL, DEPUTADOS E SENADORES. DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E
ORÇAMENTÁRIA.

I – PODER LEGISLATIVO

1 - Atribuições do Congresso Nacional

As atribuições do Congresso Nacional podem ser dividias, basicamente, entre os artigos 48 e 49 da CF/88.
No art. 48, para dispor sobre todas as matérias de competência da União, encontram-se as atribuições
legislativas do Congresso que, como tais, dependem de sanção do Presidente da República para que sejam
aperfeiçoadas.

Já no art. 49 a Constituição consagra competências políticas próprias exclusivas do Congresso Nacional,


não havendo que se falar aqui em manifestação por parte do Presidente da República nem pelo instrumento
da sanção, menos ainda pelo veto.

Tais atribuições, como ressaltado, não têm natureza legislativa, ao contrário, são competências políticas
próprias que, inclusive, se materializam por meio de decreto legislativo.

Para as provas, recomenda-se uma leitura atenta de cada um desses artigos.

Todavia, com o objetivo de auxiliar o entendimento acerca da matéria, uma dica é observar que as
competências do Congresso Nacional previstas no art. 49 da CF, em sua grande parte, traduzem situações
de controle, fiscalização ou regulação das atividades e assuntos inerentes à Presidência da República, o
que justifica, por óbvio, a desnecessidade da sanção presidencial para o seu aperfeiçoamento.

Exemplos dessa constatação são os incisos II, III, V, VIII, IX, X e XIV. Em síntese, tais dispositivos
consagram, respectivamente:

● Autorizar o Presidente da República a declarar a guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneça temporariamente, ressalvados os
casos previstos em lei complementar;
● Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a
ausência exceder a 15 (quinze) dias;
● Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
da delegação legislativa;
● Fixar o subsídio do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado,
observando limites estabelecidos na Constituição;
● Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre
a execução dos planos de governo;
● Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas casas, os atos do Poder Executivo,
incluídos os da administração indireta; e
● Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares.

2 - Câmara Dos Deputados

Principais características

● Composta por representantes do povo


● Deputados Federais eleitos pelo sistema ou princípio proporcional
● Número total de 513 Deputados Federais
● Mandato de 4 anos
● Idade mínima de 21 anos para a assunção do cargo

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Obs.: A competência da Câmara dos Deputados está disciplinada no art. 51 (competência privativa). Não
depende de sanção presidencial e se materializam através de Resolução.

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:


I - autorizar, por 2/3 (dois terços) de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o
Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso
Nacional dentro de 60 (sessenta) dias após a abertura da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

3) Senado Federal

Principais características

● Composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal


● Senadores da República eleitos pelo sistema majoritário
● Número total de 81 Senadores da República
● Mandato de 8 anos
● Idade mínima de 35 anos para a assunção do cargo

Obs.: A competência do Senado está disciplinada no art. 52 (competência privativa). Não depende de
sanção presidencial e se materializam através de Resolução.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem
como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
mesma natureza conexos com aqueles;
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral
da União nos crimes de responsabilidade;
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
missão diplomática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo
Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito
externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da
República antes do término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;

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XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e
dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado
Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo
das demais sanções judiciais cabíveis.

4) Imunidades parlamentares

Tais imunidades podem ser identificadas como prerrogativas daqueles que exercem a função parlamentar e
possuem como objetivo permitir um desempenho livre e independente do mandato.
A doutrina costuma classificar as imunidades em:
a) material (real, substantiva, também chamada de inviolabilidade parlamentar);
b) processual (formal ou adjetiva, que pode ser tanto em ralação à prisão, quanto em relação ao processo).
Ao lado dessas imunidades alguns doutrinadores ainda inserem o estudo do foro privilegiado ou por
prerrogativa de função.

4.1) Imunidade material ou inviolabilidade parlamentar

A Constituição Federal, no caput do art. 53, consagra essa primeira espécie de imunidade. Segundo esse
dispositivo, os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente (administrativa e politicamente –
segundo a doutrina e o STF), por quaisquer de suas opiniões palavras e votos. É a consagração da
imunidade material ou inviolabilidade parlamentar.

Complementando o texto constitucional, doutrina e jurisprudência entendem que essas imunidades só


valem quando o parlamentar estiver no exercício das suas funções, ou desempenhando alguma atividade
que guarde relação com o mandato, não sendo necessário que ele esteja dentro do recinto do Congresso
Nacional.

Trata-se, efetivamente, de uma cláusula de irresponsabilidade geral que assegura ao parlamentar o direito
de não ser condenado civil e penalmente (também disciplinar e politicamente) por suas opiniões palavras e
votos proferidos em razão do exercício do mandato ou do desempenho da função parlamentar.

4.2) Imunidade formal ou processual

Conforme já sinalizado, a imunidade processual relaciona-se tanto com a prisão de parlamentares, quanto
com o processamento deles. Aqui serão analisadas as duas situações de modo separado.

4.2.1) Prisão

A imunidade formal ou processual para a prisão está prevista na Carta Magna no art. 53, § 3º. A partir deste
enunciado, fica estabelecido que desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional
(Deputados Federais e Senadores da República) não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Ainda assim, neste caso, o texto determina que os autos sejam remetidos dentro de 24 horas à
Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros (maioria absoluta, segundo o STF),
resolva sobre a prisão.

É importante perceber que a aquisição desta imunidade se dá com a diplomação, e não com a posse
(momento posterior) como costumam colocar as bancas examinadoras com o objetivo de induzir o
candidato ao erro.

Nesse sentido, é possível concluir que para a manutenção da prisão em flagrante delito de crime
inafiançável, a aprovação pela casa, mediante voto aberto, se apresenta como uma condição indispensável.

4.2.2) Processo

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Alterando panorama anterior, a Emenda Constitucional n. 35/2001 passou a dispensar licença prévia da
Casa respectiva para que os parlamentares pudessem ser processados.
Dessa forma, com a nova previsão, no caso de oferecimento de denúncia contra parlamentar, poderá o
Supremo Tribunal Federal recebê-la, não mais havendo que se falar em prévia licença da Casa a que
pertence o Deputado ou Senador.

Assim, conforme a previsão do art. 53, § 3º, da CF, recebida a denúncia contra Senador ou Deputado, por
crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à casa respectiva, que, por
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros (maioria absoluta,
quórum qualificado), poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. Novamente percebe-se que o
momento a partir do qual o parlamentar passa a gozar da imunidade é a diplomação, e não a posse. Além
disso, a partir do atual regramento, a prerrogativa apenas está relacionada com os crimes praticados após a
diplomação, não antes.

Com o § 4º desse mesmo dispositivo, a Constituição enuncia que o pedido de sustação será apreciado pela
Casa respectiva no prazo improrrogável de 45(quarenta e cinco) dias do seu recebimento pela mesa
diretora.

Já nos termos do § 5º, tem-se que a sustação do processo suspende a prescrição enquanto durar o
mandato.

Fechando, portanto, a abordagem referente às imunidades dos Deputados e Senadores, vale salientar que
estas prerrogativas subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de 2/3
(dois terços) dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso
Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.

5) Foro privilegiado

Voltando ao § 1º do mesmo art. 53 da Carta de Outubro, o constituinte consagrou que os Deputados e


Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal
Federal. Assim, conclui a doutrina que independentemente do tipo de crime que tenha sido praticado, a
competência para o processamento desses parlamentares é do Pretório Excelso, confirmando, assim, o foro
por prerrogativa de função.

Lembrando que, segundo a jurisprudência do STF confirmada em sede de ação direta de


inconstitucionalidade (ADIN), caso o mandato termine antes do fim do processo, não ocorrerá o fenômeno
da perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da jurisdição), não competindo mais à Suprema Corte dar
sequência ao processo e julgamento.

Já na hipótese de crime praticado por alguém que não era parlamentar e, no curso do processo, se elege
Deputado Federal ou Senador da República, a orientação é que o processo seja imediatamente remetido ao
STF para que este, estando presentes os requisitos, dê andamento à ação.

Porém, neste caso, por se tratar de um crime praticado antes da diplomação, muito embora o processo seja
remetido para o Supremo, este não terá que dar ciência à casa respectiva que, por sua vez, também não
poderá interferir na ação. Não há que se falar aqui, portanto, na existência de imunidade processual.

Ainda, em se tratando de infração cometida após o encerramento do mandato não incide o foro privilegiado.
Este entendimento, inclusive, está cristalizado na súmula 451 do STF, prevendo que a competência especial
por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido após a cessação definitiva do exercício
funcional.

Questão interessante diz respeito à possibilidade de renúncia das imunidades. O entendimento que
prevalece (e que, portanto, deve ser seguido em prova) é que as tais prerrogativas parlamentares não
podem ser objeto de renúncia, já que dizem respeito ao cargo, e não à pessoa que o ocupa.

Além disso, como tais privilégios estão relacionados ao efetivo desempenho das atividades inerentes à
função parlamentar, tais prerrogativas não são estendidas aos suplentes, que também não poderão se
beneficiar do foro por prerrogativa de função.

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6) Imunidade parlamentar estadual e municipal

No âmbito dos Estados-membros, o art. 27, § 1º, da CF/88, consagra que se aplicam aos Deputados
Estaduais as mesmas regras previstas na Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades,
remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

A partir deste enunciado atenta-se apenas para a necessidade de adaptação de tais regras à esfera
estadual, em sintonia com o princípio da simetria ou paralelismo das formas. Assim, onde se lê Câmara dos
Deputados e Senado Federal, leia-se Assembleia Legislativa. E onde há referência ao Supremo Tribunal
Federal, leia-se Tribunal de Justiça.

Finalmente, no âmbito municipal, o Texto Maior no art. 29, VIII, prevê a imunidade dos Vereadores por suas
opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município.

Assim, conclui-se que os Vereadores, no exercício de suas funções, apenas gozam da imunidade material,
e na circunscrição do respectivo Município.

7) As Comissões Parlamentares de Inquérito

De acordo com o artigo 58, § 3º, da CF, as comissões parlamentares de inquérito têm poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos internos das
respectivas Casas Legislativas.

Concluída a investigação, sendo o caso, as conclusões serão encaminhadas ao Ministério Público para que
se promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

De um modo geral, a composição de uma CPI deve traduzir a representação proporcional dos partidos
políticos que participam da respectiva Casa.

A criação de uma comissão parlamentar de inquérito depende do atendimento de três requisitos


constitucionais, quais sejam:

 Requerimento de 1/3 (um terço) dos membros da Casa Legislativa;


 Apuração de fato determinado;
 Fixação de prazo certo para a conclusão dos trabalhos.

No que tange ao requerimento, a CPI poderá ser criada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
Federal, de modo conjunto (comissão parlamentar mista de inquérito – CPMI) ou separadamente (comissão
exclusiva). Exige-se, portanto, requerimento de 1/3 (um terço) dos membros da Câmara Federal, sendo a
comissão criada pelos Deputados, ou de 1/3 (um terço) dos membros do Senado, na hipótese da comissão
ser criada pelos Senadores da República (comissões exclusivas).

Já no caso de criação da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI), exige-se o requerimento de 1/3
(um terço) dos membros de ambas as Casas Legislativas.

Conforme mencionado, às CPIs são conferidos poderes de investigação próprios das autoridades judiciais.
Tais poderes, naturalmente, não são ilimitados, devendo sempre observar os direitos e garantias
fundamentais, tais como o privilégio da não autoincriminação (CF, art. 5º, LXIII), bem como o segredo de
ofício e o sigilo profissional (CF, art. 5º, XIV).

A doutrina afirma que a CPI possui poderes instrutórios e investigatórios, mas não possui poder geral de
cautela.

Como desdobramento do poder de investigação conferido pela CF às CPIs, podem elas determinar:

 A quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados (destaque-se o sigilo de dados telefônicos)


 A busca e apreensão de documentos
 A condução coercitiva para depoimento
 A realização de exames periciais

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De outro modo, por não poderem praticar atos de jurisdição exclusivos do Poder Judiciário, não podem as
CPIs:

• Realizar diligência de busca domiciliar


• Quebrar o sigilo das comunicações telefônicas (interceptação telefônica)
• Dar ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito (crime de falso testemunho, por exemplo)
• Praticar atos de jurisdição cautelar (arresto, sequestro, hipoteca judiciária, indisponibilidade dos
bens, proibição de ausentar-se do país)

Reitere-se, por fim, que as comissões parlamentares de inquérito não são órgãos de acusação ou
julgamento, mas apenas de investigação. Justamente por isso, podem, sim, sofrer controle pelo Poder
Judiciário.

Importante: Existem precedentes admitindo o poder de quebra do sigilo fiscal pela CPI estadual, desde
que, naturalmente, fundamentado o pedido. Nessa linha "Poderes de CPI estadual: ainda que seja omissa a
LC 105/2001, podem essas comissões estaduais requerer quebra de sigilo de dados bancários, com base
no art. 58, §3º, CF" (ACO 730, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 22.09.2004, Plenário).

Por outro lado, na hipótese de quebra do sigilo bancário no âmbito da CPI municipal, deve haver
autorização judicial. Isto por que, vigora no Brasil o federalismo assimétrico. Desta forma, o Município,
apesar de ser integrante da Federação, não possui a mesma posição dos Estados e DF. Logo, é possível
que a Câmara de Vereadores instaure a CPI, seguindo o modelo federal, mas não é possível que determine
a quebra do sigilo bancário.

II - DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades
da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e
pelo sistema de controle interno de cada Poder.

1) Controle Externo

Controle envolve as tarefas de fiscalizar, avaliar e corrigir. O controle é considerado externo quando é
efetivado por um poder sobre o outro. O controle entre poderes (controles recíprocos) é um controle político.
Tal controle pode se dar em várias vertentes, conforme o princípio da separação das funções do Estado.
Lembre-se que as funções do Estado são exercidas pelos órgãos da soberania (Legislativo, Executivo e
Judiciário), porém, cada qual exerce suas atuações típicas e também exerce atuações atípicas. A harmonia
entre os ―poderes do Estado pressupõe um sistema de controles recíprocos (ou interferências legítimas).
Esta é a clássica lição de Montesquieu ao estabelecer um sistema de freios e contrapesos entre os órgãos
da soberania.

O controle externo exercido pelo Congresso Nacional, enquanto representantes do povo, pode ser
entendido como uma fiscalização popular indireta dos atos de governo.
Porém, modernamente se verificou que as contas são complexas e seria necessário que os Parlamentares
fossem auxiliados por técnicos em contas públicas, assim nasce a ideia de um Tribunal de Contas como
órgão técnico, de natureza administrativa que auxilia o Congresso Nacional na tarefa de controle das contas
públicas do Estado.

2) Controle Interno

A Constituição determinou que os Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) possuam sistemas de


controle interno, como já ressaltado, o controle é interno quando exercido por órgão do próprio poder que se
está controlando. Normalmente em cada unidade administrativa há órgão de controle interno e, nos poderes
Executivo e Judiciário há órgãos centrais de controle interno.

O controle interno é muito parecido com o controle externo, em geral as atuações se equivalem, porém,
deve-se entender o controle interno como forma de auxílio ao controle externo (conforme o inciso IV
abaixo).

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Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle
interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e
dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de
recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da
União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

2.1) Responsabilidade Solidária

A responsabilidade solidária diz respeito à possibilidade de eventual débito vir a ser cobrado tanto do
administrador que causou quanto do responsável pelo controle interno que não comunicou. A Constituição
determina a responsabilidade solidária no art. 74 §1º:

§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou


ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.

3) Do Tribunal de Contas da União

É importante esclarecer que o Tribunal de Contas não é órgão do Poder Judiciário, tampouco do Poder
legislativo. Segundo Asseverou o Min. Celso de Mello “os Tribunais de Contas ostentam posição eminente
na estrutura constitucional brasileira, não se achando subordinados, por qualquer vínculo de ordem
hierárquica, ao Poder Legislativo, de que não são órgãos delegatários nem organismos de mero
assessoramento técnico. A competência institucional dos Tribunais de Contas não deriva, por isso mesmo,
de delegação dos órgãos do Poder Legislativo, mas traduz emanação que resulta, primariamente, da
própria Constituição da República”. (ADI 4190/2010)

Assim, é de alertar que o Tribunal de Contas goza das prerrogativas da autonomia e do autogoverno, o que
inclui a iniciativa reservada para instaurar processo legislativo que pretenda alterar sua organização e seu
funcionamento, como resulta da interpretação sistemática dos arts. 73, 75 e 96 da Cf/88. Por exemplo,
compete ao TCU, nos termos do art. 96 da CF/88, propor ao Poder Legislativo projetos de lei para a criação
e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares, bem como a fixação do subsídio de
seus membros.

3.1) Composição e Organização do TCU (art. 73)

O Tribunal de Contas da União, integrado por 9 (nove) Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
próprio de pessoal e “jurisdição” em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições
previstas no art. 96 da CF/88.

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições
previstas no art. 96. .
§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os
seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os
conhecimentos mencionados no inciso anterior.
§ 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente
dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal,
segundo os critérios de antigüidade e merecimento;
II - dois terços pelo Congresso Nacional.
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos,
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à
aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40.

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3.2) Atribuições Constitucionais do TCU

As atribuições constitucionais estão elencadas no art. 71 da CF/88, de imprescindível leitura para as provas
de concurso, vejamos:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
Contas da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que
deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder
Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
legal do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou
de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais
entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de
forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

Obs.: Em relação a essas atribuições, estabelece o art. 71, §4º, que o TCU encaminhará ao Congresso
Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.

Importante: o julgamento das contas do Presidente da República não é feito pelo TCU, mas pelo
Congresso Nacional, conforme art. 49, inciso IX da CF/88 (competência exclusiva do Congresso Nacional).
O TCU apenas aprecia as contas, mediante parecer prévio conclusivo, que deverá ser elaborado em 60
(sessenta) dias a contar de seu recebimento.

Por sua vez, o art. 71, inciso II, dá total autonomia para o TCU julgar as contas dos administradores e
demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário.

Nessa hipótese, assinalou o STF: “(...) o exercício da competência do julgamento pelo Tribunal de Contas
não fica subordinado ao crivo posterior do Poder Legislativo”, tendo o TCU total autonomia (ADI 3.715-MC).
Por se tratar de decisão administrativa, naturalmente, o entendimento a ser firmado pelo TCU poderá ser
discutido no Judiciário.

Importante: Embora o TCU não detenha competência para declarar a inconstitucionalidade das leis ou dos
atos normativos em abstrato, pois essa prerrogativa é do STF, a Corte de Contas poderá, no caso concreto
e no exercício de suas atribuições, apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público e
reconhecer a desconformidade formal ou material de normas jurídicas incompatíveis com as normas
constitucionais. Sendo assim, o TCU pode deixar de aplicar o ato por considerá-lo inconstitucional, bem

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como sustar outros atos praticados com base em leis que afrontem a CF/88. Reitere-se que essa faculdade
é na via incidental e na análise do caso concreto.

Súmula 347 do STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.

QUESTÕES DE CONCURSOS

1) ( ) (CESPE - 2015 - MEC - Conhecimentos Básicos para os Postos 9, 10, 11 e 16). No que se refere a
disposições constitucionais sobre o Poder Executivo e o Legislativo, julgue o próximo itens.
As casas legislativas que compõem o Congresso Nacional têm a competência privativa de, por ato
normativo próprio, criar, transformar ou extinguir os cargos de seus serviços.

2) ( ) (CESPE - 2015 - MPOG - Técnico de Nível Superior - Cargo 22). No que se refere ao Poder
Legislativo, julgue o seguinte item.
Compete exclusivamente ao Congresso Nacional julgar anualmente as contas prestadas pelo presidente da
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo.

3) ( ) (CESPE - 2015 - MPOG - Técnico de Nível Superior - Cargo 22). No que se refere ao Poder
Legislativo, julgue o seguinte item.
O Senado Federal e a Câmara dos Deputados compõem-se de representantes eleitos pelo princípio
majoritário.

4) (CESPE - 2015 - TJDFT - Juiz de Direito Substituto). Acerca dos Poderes Legislativo e Executivo,
assinale a opção correta de acordo com a CF e com a jurisprudência do STF.
Durante entrevista veiculada pela televisão, um senador da República criticou severamente determinada
política de governo, a qual, à época, estava em discussão no Senado Federal.
a) Como o parlamentar emitiu sua opinião fora do âmbito do Congresso Nacional, ele poderá ser
responsabilizado nas esferas civil e penal, embora tenha havido vinculação entre seus comentários e o
desempenho de seu mandato.
b) O TCU e, pelo princípio da simetria, os tribunais de contas estaduais, têm legitimidade para requisitar,
diretamente, informações que importem a quebra de sigilo bancário.
c) É competência do Senado Federal sustar ato regulamentar emitido por agência reguladora que crie
obrigação não prevista em lei.
d) Uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) instalada para apurar denúncias de desvios de verbas em
determinada empresa pública não tem competência para ordenar a indisponibilidade dos bens dos
envolvidos, ainda que haja fortes indícios da materialidade das condutas.
e) Se determinada comissão da Câmara dos Deputados conseguir a aprovação, no Congresso Nacional, de
projeto de lei que seria de iniciativa privativa do presidente da República, então, nesse caso, a sanção
presidencial do referido projeto convalidará o vício de iniciativa.

5) ( ) (CESPE - 2015 – TRE/GO - Técnico Judiciário - Área Administrativa). A respeito dos Poderes
Legislativo e Executivo e do regime constitucional da administração pública, julgue o item a seguir.
É da competência exclusiva do Congresso Nacional convocar plebiscito, caso em que é desnecessária a
sanção do presidente da República.

6) (CESPE - 2015 – Prefeitura de Salvador/BA – Procurador Municipal). No que diz respeito à instauração e
ao funcionamento de CPIs, assinale a opção correta.
a) As CPIs federais, estaduais ou municipais possuem poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, razão por que podem requisitar cópias de ordens judiciais e dados obtidos em processo judicial
protegido por sigilo.
b) As CPIs instauradas no Congresso Nacional têm poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, o que justifica os pressupostos para sua instalação não se sujeitarem a controle jurisdicional.
c) Nos municípios, a prerrogativa para instauração e funcionamento de CPI não é assegurada às câmaras
municipais.
d) As CPIs instauradas nas câmaras municipais possuem poderes para solicitar informações aos órgãos da
administração direta e indireta e para requerer a apresentação de dados protegidos por sigilo bancário.
e) Às assembleias legislativas dos estados assegura-se a prerrogativa para a instauração de CPI com
poderes para a solicitação de informações aos órgãos da administração direta e indireta e para requerer a
apresentação de dados protegidos por sigilo bancário.

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7) ( ) (CESPE - 2015 – TRE/GO - Técnico Judiciário - Área Administrativa). No que se refere a disposições
constitucionais sobre o Poder Executivo e o Legislativo, julgue o próximo item.
As comissões parlamentares de inquérito gozam dos poderes investigatórios próprios das autoridades
judiciais, ressalvadas as determinações de busca e apreensão domiciliar, de quebra de sigilo fiscal e de
prisão, que se submetem à cláusula de reserva de jurisdição.

8) ( ) (CESPE - 2015 - MEC - Conhecimentos Básicos para os Postos 9, 10, 11 e 16). Julgue o item
seguinte, a respeito dos órgãos de fiscalização e controle instituídos pela CF.
Ainda que reúnam provas suficientes contra investigados, é vedado às comissões parlamentares de
inquérito aplicar-lhes pena, devendo essas comissões encaminhar suas conclusões ao Ministério Público
para que este promova a responsabilidade civil ou criminal daqueles contra os quais pesem quaisquer
acusações.

9) ( ) (CESPE - 2012 - TCU - Técnico de Controle Externo). O TCU, se não for atendido em suas
solicitações, poderá sustar a execução de ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal.

10) ( ) (CESPE - 2012 - TCU - Técnico de Controle Externo). As empresas públicas federais não estão
sujeitas à fiscalização do TCU, pois são pessoas jurídicas de direito privado.

11) ( ) (CESPE - 2007 - TCU - Técnico de Controle Externo). O TCU deve auxiliar o Congresso Nacional no
exercício do controle externo e da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial
da União e das entidades da administração direta e indireta.

12) ( ) (CESPE - 2007 - TCU - Técnico de Controle Externo). Os ministros do TCU, por integrarem o Poder
Judiciário, detêm as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos
ministros do Superior Tribunal de Justiça.

13) ( ) (CESPE - 2007 - TCU - Técnico de Controle Externo). O TCU pode, no exercício de suas
atribuições, apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.

14) ( ) (CESPE - 2007 - TCU - Técnico de Controle Externo). A Constituição Federal estabelece que
qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar
irregularidades ou ilegalidades perante o TCU.

15) ( ) (CESPE - 2007 - TCU - Técnico de Controle Externo). Qualquer pessoa, física ou jurídica, pública
ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária está obrigada
constitucionalmente a prestar contas ao TCU.

16) ( ) (CESPE - 2013 - TCU – Auditor Federal de Controle Externo). Compete exclusivamente ao
Congresso Nacional escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União, além de aprovar,
por voto secreto, a escolha dos ministros do TCU indicados pelo Presidente da República.

GABARITO

1) Certo 4) Alternativa 7) Errado 10) Errado 13) Certo


2) Certo “D” 8) Certo 11) Certo 14) Certo
3) Errado 5) Certo 9) Certo 12) Errado 15) Certo
6) Alternativa 16) Errado
“E”

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