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Portanto, a documentação juntada pela Reclamada deve ser desconsiderada por este
Juízo, pelos fundamentos a seguir:
INTEMPESTAIVIDADE
A CLT indica expressamente que: “A parte poderá apresentar defesa escrita pelo
sistema de processo judicial eletrônico até a audiência (Art. 847, parágrafo único).
Ocorre que as Resoluções CSJT n° 94 e 136 que permitiam este tipo de proteção, foram
revogadas pela Resolução CSJT n° 185/2017, contendo a seguinte disposição:
Art. 22. A contestação, reconvenção, exceção e documentos deverão ser protocolados no PJe
até a realização da proposta conciliatória infrutífera, com a utilização de equipamento próprio,
sendo automaticamente juntados, facultada a apresentação de defesa oral, na forma do art.
847, da CLT.
(...)
“Art. 770 Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar
o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.”
Assim tendo por isso motivos para ter a desconsideração dos documentos e defesa
com a opção de sigilo.
O PROCESSO ELETRÔNICO
Art. 18 Os órgãos do Poder Judiciário regulamentarão esta Lei, no que couber, no âmbito de
suas respectivas competências.
Deste modo as Resoluções dos Tribunais, acerca da matéria processo eletrônico, foram objeto
de delegação do legislador, delegação possível e legal, especificamente por não cuidar
especificamente de competência para legislar sobre matéria Processual, que é privativa da
União (Art. 22, I, CF), mas tratando exatamente de matéria meramente procedimental, já que
os delineamentos motrizes são os dados pelos códigos processuais.
PRINCIPIOS FERIDOS
Fixadas essas premissas, há sim na conduta de anexar fora dos permissivos legais,
sigilosamente, a contestação, o velado desejo de violação ao contraditório e à ampla defesa,
com menor ou maior intensidade, a depender da audiência se desenvolver ou não em
assentada única, ou ainda, do prejuízo à celeridade processual, eis que em uma ou várias
centenas de documentos, também em sigilo, termina por provocar adiamento da audiência,
violando ainda os deveres anexos de boa-fé, probidade e cooperação.
Diferente do que muito se acha por Reclamadas que utilizam sigilo para dificultar a
defesa da Reclamante, a ferramenta em verdade não se destina a impedir a visualização de
documentos pela parte adversa antes do momento oportuno.
Pode-se assim considerar que a utilização da prerrogativa processual de atribuição de
sigilo está adstrita à hipótese legal pertinente e de que seu uso indevido implica em abuso da
prerrogativa processual. Em face disso se dá o entendimento pela condenação ao pagamento
de multa por litigância de má-fé no importe de 1% do valor dado à causa e indenização à
Reclamante no importe de 5% sobre o valor da causa, que deverão ser recolhidos no prazo de
15 dias sob pena de execução nos termos do Art. 475-J do CPC.
A PRECLUSÃO CONSUMATIVA
A providência cabível, pelo Art 15 da Resolução CSJT n° 185/2017, quando verificado o uso
indevido do direito ai sigilo, é a indisponibilização da contestação e dos documentos do
sistema PJE , acarretando a preclusão consumativa (pela prática errônea do ato). Considerando
com isso então que a contestação e documentos anexados ao arrepio da lei são tidas por
inexistentes, tanto que deve ser extirpado do processo, como observado:
Art. 15. As petições e os documentos enviados sem observância às normas desta Resolução
poderão ser indisponibilizados por expressa determinação do magistrado, com o registro de
movimento e exclusão da petição e documentos, assinalando-se, se for o caso, novo prazo
para a adequada apresentação da petição.
§ 2º Sendo a exclusão de que trata este artigo referente à petição cujo tipo gere movimento
estatístico, deverá ser precedida de pronunciamento do magistrado, com o registro do
movimento correspondente à solução dada ao incidente ou recurso.
É alegado pela preclusão consumativa, pelo fato de que a contestação, por ser ato da
parte, quando anexada invidamente em sigilo, provoca a peculiar situação de que o seu
aperfeiçoamento, com o aporte definitivo nos autos, passa a depender de ato exclusivo do
magistrado, o que viola a imparcialidade, por atribuir-lhe a prática de ato, que definitivamente
não é da sua alçada e que malfere aos princípios da sua atuação funcional, como por exemplo
a validação de documentos culposa ou dolosamente anexado em sigilo, com vistas unicamente
à violar ao contraditório, à ampla defesa e principalmente à celeridade processual.
Assim, como pode ser observado, o entendimento é que pela inobservância dos requisitos
legais para o aporte de documentos sigilosos pode acarretar diversas conseqüências desde a
exclusão dos documentos anexados em desconformidade, e se for o caso da contestação pode
ocorrer a revelia se houver entendimento pela preclusão consumativa (prática de forma
errônea do ato), assim não se podendo repetir atos processuais .
DOS PEDIDOS