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RESUMO: Nos últimos anos, por toda América Latina é possível observar a
reemergência de forças conservadoras. Nesta ocasião, no Brasil, os evangélicos vêm
endossar uma agenda conservadora, munidos de um discurso moralista em defesa dos
preceitos cristãos e em favor da família tradicional. O principal objetivo deste artigo é
analisar qual é o conteúdo das leis aprovadas e defendidas por deputados evangélicos do
Partido Social Cristão, nas Comissões Permanentes de Ciência e Tecnologia,
Comunicação e Informática; e Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da Câmara
dos Deputados, entre 2011 – 2015. As Comissões legislativas são órgãos técnicos
previstos pelo Regimento Interno da Casa, com a finalidade de discutir e buscar
informações sobre proposições, em geral, antes de serem apreciadas pelo plenário.
Argumentamos que os incentivos gerados pelas regras formais favorecem os interesses
do partido, em detrimento do parlamentar. Mesmo assim, a atuação legislativa desses
políticos religiosos é muito desigual, e alguns desses parlamentares buscam defender
veementemente uma posição religiosa ligada aos preceitos evangélicos.
Introdução
O tema central deste artigo é o conteúdo das leis aprovadas e defendidas por
deputados evangélicos do Partido Social Cristão, nas Comissões Permanentes de Ciência
e Tecnologia, Comunicação e Informática; e Comissão de Direitos Humanos e Minorias,
da Câmara dos Deputados, entre 2011 – 2015. Este trabalho visa analisar se existe ênfase
em assuntos morais ligados ao cristianismo evangélico. Buscamos estabelecer um diálogo
com parte da produção brasileira sobre a participação dos evangélicos na política. Essa
produção tem apontado para uma ação militante e coordenada por parte desses políticos,
orientada pelos preceitos cristãos. Os argumentos aqui defendidos, em oposição a esses
trabalhos é que a atuação legislativa desses políticos religiosos é muito desigual. Assim,
enquanto alguns desses parlamentares buscam defender veementemente uma posição
religiosa ligada aos preceitos evangélicos, outros se distanciam de uma atuação guiada
por esses preceitos. No mais, assinalamos que os incentivos gerados pelas regras formais
favorecem os interesses do partido, em detrimento do parlamentar. Para tanto, utilizamos
2
como metodologia a análise documental realizada por meio da análise das atas destas
comissões.
Se no cenário político advindo com a Constituição de 1988 qualquer envolvimento
com setores mais conservadores, principalmente ligados a ditadura, era interpretado de
forma negativa, os fatos atuais nos mostram um retrocesso a antigas bandeiras, como
críticas a direitos sociais conquistados, aos direitos LGBTs, difamação de programas
sociais como o bolsa família e, em alguns casos, até pedidos de volta ao regime militar.
Crise econômica e política, desemprego, descontentamento com os partidos políticos, se
não é possível aqui levantar todos os motivos que levaram a esse fenômeno atual da direita
no Brasil, é fato que esses condicionantes mudam o ambiente externo dos partidos
políticos. Longe de se limitar a um fenômeno brasileiro, por toda América Latina é
possível observar o reagrupamento de forças conservadoras, com novas caras e táticas
(CRUZ, KAYSEL & CODAS, 2015 p.8). Nesta seara, os evangélicos vêm endossar uma
agenda conservadora, munidos de um discurso moralista em defesa dos preceitos cristãos
e em favor da família tradicional. Ocupando diferentes espaços de atuação, estão
fortemente presentes nos espaços políticos, com especial destaque para a Câmara dos
Deputados.
O artigo de desenvolvera da seguinte maneira: na primeira parte apresentamos as
principais características presentes na literatura sobre a participação dos evangélicos na
política. Na segunda parte damos especial atenção ao PSC e o seu crescimento na Câmara
a partir da aproximação com as igrejas evangélicas. Em seguida discutimos a importância
das comissões legislativas para os trabalhos da casa e apresentamos os dados encontrados.
1. Evangélicos na Política
1
Outros países da América Latina experimentaram fenômeno parecido “no Peru a virada de Fujimoro levou
ao parlamento 19 evangélicos, além do segundo vice-presidente. Na Guatemala, em 1991, Jorge Serrano
tornou-se o primeiro protestante praticante a chegar à presidência de nação latino-americana pelo voto
popular” (FRESTON, 1993 p. 6).
2
Durante a Constituinte Daso Coimbra, um dos líderes evangélicos pelo Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB) chegou a dizer: “a maioria do nosso povo acredita em Deus e a
Constituição deve expressar a vontade dessa maioria” (PIERUCCI & PRANDI, 1996 p. 174).
4
3
Inicialmente os evangélicos tentaram lançar como candidato à presidência o evangélico Íris Rezende à
Presidência da República pelo PMDB, fracassada essa possibilidade decidiram apoiar o candidato do PRN.
5
Universal do Reino de Deus não permite que mulheres assumam postos de lideranças da
cúpula da igreja, seja no âmbito local ou nacional (TADVALD, 2010 p. 97).
Apesar do seu histórico como os evangélicos, Lula, antes identificado como
grande inimigo desses cristãos foi quem ampliou as alianças políticas com esse segmento.
No pleito de 2002, inicialmente, os evangélicos apoiaram o candidato Anthony
Garotinho, agora filiado ao PSB. Já no segundo turno, esse apoio foi dado,
principalmente, pela Igreja Universal do Reino de Deus ao candidato Lula
(GONÇALVES, 2011 p. 17). Na campanha eleitoral de 2016, Lula e o PT tiveram como
prioridade de agenda a conquista do voto evangélico (ORO, 2011 p. 391). Para tanto,
lograram obter apoio de diferentes lideranças religiosas das principais igrejas evangélicas.
O candidato do PT participou de reuniões com lideranças evangélicas, prometeu ampliar
as parcerias na área social entre o governo federal e as igrejas desse segmento, pediu votos
e contou com um comitê destinado a esses religiosos (MARIANO, HOFF e DANTAS,
2006). Entre os evangélicos influentes, em 2006 Lula conseguiu apoio de Marcelo
Crivella4, que lhe garantiu o suporte oficial das igrejas Assembleia de Deus e IURD.
Como contrapartida, Lula e o PT apoiaram Crivela em sua candidatura ao governo do
Estado do Rio de Janeiro, oficializando a coligação em março de 2006 (IDEM, 2006).
Nas eleições de 2010, a influência de grupos de pressão religiosos, não apenas
os evangélicos, mas também os católicos, atingiu o seu ápice (ORO, 2011). Marina Silva,
candidata pelo Partido Verde - PV, era a única dos presidenciáveis identificada
diretamente com os evangélicos. Por conta disso, sofreu dentro do próprio partido, pois
logo após oficializar a sua candidatura um grupo de políticos do PV acusou o próprio
partido de abandonar sua luta pela legalização do aborto e união homoafetiva (ORO e
MARIANO, 2011 p. 256).
Já a candidata Dilma Roussef pelo PT, sofreu com forte campanha difamatória
após demonstrar simpatia por questões como a união homoafetiva (TADVALD, 2010).
A fim de reverter esse quadro, Dilma, junto a Lula, chegou a se reunir com mais de 60
lideranças religiosas reafirmando o seu compromisso com o povo evangélico de que não
enviaria proposta ao Congresso Nacional sobre a legalização do aborto (idem, 2010 p.
105).
4
Em um evento evangélico arranjado por Crivela, Lula se encontrou com diversos cantores gospel e
discursou: “Quis Deus que fosse esse, que era chamado de demônio, que fosse lá sancionar o Código Civil
que permite total liberdade de religião neste país”. (cf MARIANO, HOFF e DANTAS, 2006, p. 66).
6
5
Segundo depoimentos colhidos pela Justiça Federal e CPMI, acredita-se que a bancada evangélica
participou ativamente do esquema, arrecadando uma média de R$ 53 milhões (cf MARIANO, HOFF e
DANTAS, 2006).
7
6
Partido Progressista, Partido do Movimento Democrático Brasileiro, Partido da Social Democracia
Brasileira, Partido Social Cristão, Democratas, Partido dos Trabalhadores, Partido Republicano
Brasileiro, Partido da República, Partido Trabalhista Cristão, Partido Verde, Partido Socialista Brasileiro,
Partido Trabalhista Brasileiro, Partido Democrático Trabalhista e Partido da Mobilização Nacional
8
513 deputados justificaram a destituição da presidenta como um ato “por Deus”, poucos
dias antes da votação, a Frente Parlamentar Evangélica, no dia 06 de abril de 2016, por
meio do seu presidente João Campos, declarou apoio ao impeachment da presidenta.
Segundo deputado declarou em nota, a decisão foi tomada pela “grave crise econômica,
moral, ética e política que atravessa o país" e dos "recentes escândalos de corrupção
praticados pelo governo e crimes de responsabilidade praticados por Dilma que
constituem uma afronta ao povo e ao estado democrático de direito" (Jornal o Globo
06/04/2016).
Se o governo de Lula e Dilma mantiveram estreitas relações com os evangélicos,
Michel Temer – PMDB, após tomar posse como Presidente da República, em sua reforma
ministerial deu papel de destaque a esses religiosos. Para o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nomeou o Bispo Marcos Pereira, grande
aliado de Edir Macedo. Para o Ministério do Trabalho nomeou o Pastor Ronaldo
Nogueira. Para Secretaria de Políticas para mulheres, que objetiva implementar políticas
para as mulheres, nomeou a deputada evangélica Fátima Pelaes, que já se declarou contra
o aborto mesmo em caso de estupro7. Nos últimos anos, dois partidos têm concentrado
um maior número de deputados evangélicos: PRB e PSC.
7
Dados coletados no site do Palácio do Planalto e jornal El País publicado em 08/06/2016
8
No caso, nos referimos ao livro “Multipartidarismo e Democracia”, de Jairo Nicolau.
9
apenas, poucos estudos que fazem referência ao PSC enquanto um partido que concentra
muitos evangélicos.
A plataforma do PSC não é monoconfessional, agregando cristão católicos,
protestantes e os pentecostais. Segundo o site do partido, o “PSC surgiu como uma
consequência natural da ousadia de brasileiros alicerçados nos ideais difundidos pelo
político mineiro Pedro Aleixo9”. A origem do PSC remonta a década de 70, com a
tentativa do político Pedro Aleixo em criar o Partido Democrático Republicano (PDR).
Pedro Aleixo foi um conhecido político mineiro que em 1930, partidário da Aliança
Liberal, ajudou na Revolução de 1930 a colocar Getúlio Vargas na posição de presidente.
O que chama nossa atenção neste ponto, é que não há registro ou qualquer menção que
este seria um partido diretamente ligado aos preceitos cristãos.
Em 1937, quando Vargas dissolveu o Congresso Nacional, com o golpe de estado,
Aleixo era presidente da Câmara, e, por isso fez forte oposição a Vargas. Em 1943 foi um
dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN). Em 1964, por sua vez, como um
dos grandes nomes da oposição, foi um importante articulador da deposição de Goulart.
Filiado a Aliança Renovadora Nacional - ARENA, foi eleito em 1966 para o cargo de
vice-presidente do General Arthur da Costa e Silva. Em 1968 foi contrário à aprovação
do AI – 5, afirmando que o ato representaria a institucionalização da ditadura. Como
consequência, em 1969, mesmo com a doença do General Costa e Silva, Pedro Aleixo foi
impedido de assumir a presidência pelo Ato institucional nª 12, que decidiu que o país
seria governado por uma junta militar.
No ano seguinte ao seu impedimento, Pedro Aleixo se desligou da ARENA e
passou a articular, sem sucesso, o Partido Democrático Republicano – PDR. Após sua
morte, em 1975, o seu filho, Mauricio Aleixo deu prosseguimento a organização da sigla,
que em 1981 conseguiu o seu registro provisório. Com a abertura política em 1985, Vítor
Jorge Abdalla Nousseis, então filiado ao PDR desde os seus primórdios e presidente do
partido sugere a mudança do nome da sigla. Na ocasião, o político também mineiro
entendia “que o termo “social” tornaria mais dinâmica a mensagem partidária”
(CPDOC/FGV)10, alterando o nome da agremiação para Partidos Social Cristão.
9
http://www.psc.org.br/partido-social-cristao/historico
10
CPDOC/FGV – Verbete PSC. Consultado em 22/12/2016.
10
Tabela 2 – Número de eleições em que o PSC obteve votos para a Câmara dos Deputados
11
Em 1993 o PST fundiu-se ao PTR e deu origem ao Partido Progressista – PP.
12
Dados do TSE.
11
PSC 0 1 1 1 1 1 1 1
Fonte: TSE - elaboração própria
0 = não obteve votos para deputado federal
1= obteve votos para deputado federal
20
10
0
1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 2014
Com o levantamento dos dados fica evidente a relação entre o PSC e a Igreja
Assembleia de Deus. Mais da metade dos deputados federais eleitos nos dois últimos
pleitos são evangélicos e se declaram pertencentes a essa denominação cristã.
estas se especializem em certas áreas e passem informações para o plenário, entre esses
poderes concedidos às comissões estão o poder de veto e de alterar propostas (PEREIRA
& MUELLER, 2000).
De modo geral, é possível identificar uma diferença normativa fundamental entre
as duas versões (Idem, 2000). Para a corrente informacional uma organização será
eficiente se conseguir estimular e retribuir informação de forma a diminuir as incertezas.
Com relação a versão distributivista, podemos chamar de organização eficiente quanto
mais inibir que os parlamentares ofereçam políticas clientelistas. Mesmo assim, podemos
dizer que as duas versões coincidem quanto a importância atribuída às comissões como
centrais para estruturar os trabalhos no legislativo
A terceira versão é a partidária. Diferente das outras duas versões para a corrente
partidária as comissões devem ser entendidas, por meio dos partidos, como governos
partidários. Os maiores expoentes desta corrente, Cox e McCubbins (2007), criticam a
literatura dos anos 70 e 80 que avaliaram os partidos americanos como insignificantes e
ineficientes para organização dos trabalhos legislativos. De modo a reavaliar o papel dos
partidos, eles partem da premissa que os partidos majoritários são uma espécie de “cartel
legislativo” que tomam o poder. As forças desses cartéis estariam assentadas no controle
das lideranças partidárias da agenda legislativa (NASCIMENTO, 2010). Essa posição dos
partidos tem como consequências que o processo legislativo e o sistema de comissões são
estruturados a partir dos partidos políticos.
Neste sentido, para a versão partidária, há uma grande tensão entre a ideia de um
partido como uma coalizão processual que estabelece as regras dos trabalhos no
legislativo e a ideia de comissões como agentes autônomos imprescindível ao legislativo
(COX & McCUBBINS, 2007). Com relação as comissões, é preciso destacar a norma da
antiguidade, do qual a presidência das comissões é ocupada pelo membro do partido
majoritário mais antigo presente na comissão (LIMONGI, 1996). Claramente, esta norma
da antiguidade limita a ação dos partidos. No entanto, para este ponto é preciso destacar
que há uma atuação anterior do partido, que seleciona e reconduz à comissão os
parlamentares mais afinados com o partido.
Apesar desses postulados teóricos serem importantes para se pensar o Brasil, eles
se foram pensados para o caso americano, que apresenta diferenças significativas de suas
instituições quando comparados ao caso brasileiro. Entre as disparidades Pereira e
Mueller (2000), destacam a preponderância do executivo sobre os procedimentos
16
legislativos. O executivo exerce forte poder por meio do Colégio de Líderes e da Mesa
Diretora sobre as comissões (LIMONGI, 1996; PEREIRA & MUELLER, 2000). A
influência é exercida por meio de manipulação, em alguns casos, da nomeação de algumas
comissões para nelas colocar membros fieis ao seu governo (PEREIRA & MUELLER,
2000 p. 49).
Apesar de parte da literatura apontar para fragilidade das nossas comissões, em
especial, ao compará-las com as comissões dos EUA, estas ainda possuem papel de
importância no processo legislativo. É fato que o Executivo brasileiro tem poderes de
retirar propostas das comissões por meio de pedidos de urgência, ou mesmo de influenciar
nas escolhas das composições destas. Também é verdade que isso demonstra a fragilidade
das nossas comissões. Em trabalho seminal Pereira e Mueller (2000, 2003), destacam
que mesmo assim esses pressupostos teóricos podem ser utilizados para se pensar o caso
do Brasil. Para os autores o fato do Executivo investir e buscar influenciar a composição
das comissões demonstra a importância delas. Neste sentido, apesar de não explicar por
completo, como sugere a teoria distributivista o veto ex-post não deixa de ser uma fonte
de poder dessas comissões. Assim, um conjunto de comissões agiria como um facilitador
das propostas defendidas pelo executivo.
Como somente este ponto não é suficiente para se pensar no caso brasileiro, os
autores se voltaram para teoria informacial. Partindo da premissa que as comissões são
capazes de adquirir informações e se especializar em assuntos específicos,13 há um ganho
informacial para o Plenário e o Executivo (idem, p.61). Porém há o custo com a espera,
o que podem gerar pedidos de urgência. Os autores constataram que quanto maior for a
distância entre as preferências da comissão e do plenário, maiores são as chances de
pedido de urgência.
Sobre a composição das Comissões, esta é assegurada de acordo com a
representação da proporcionalidade dos partidos e dos blocos parlamentares da Câmara,
incluindo sempre um membro da minoria, mesmo que a esta não lhe caiba vaga (Art. 23).
Contudo, sabe-se que tais indicações passam pelo crivo dos líderes partidário.
Os deputados só podem compor 1 comissão permanente por vez como membro
titular (Art. 26 §2º). Apesar disso, a rotatividade dos parlamentares nas comissões é
extremamente alto. Em alguns casos, o parlamentar chega a permanecer menos de três
13
De acordo com Pereira e Mueller (2000, p. 61) O equilíbrio acontece quando as comissões revelam
informações que ajudam a reduzir as incertezas que podem prejudicar a todos.
17
meses como membro titular de uma comissão. No caso do PSC, 16 deputados fizeram
parte de uma ou mais comissões permanentes durante a 54º Legislatura, como membros
titulares. Percebe-se que é comum o retorno de um mesmo deputado para uma comissão
na qual permaneceu apenas por poucos meses. Essa alta rotatividade, não apenas
prerrogativa do PSC, pode ser observada como prática de todos os partidos e em todas as
comissões permanentes, o que com certeza dificulta a especialização do parlamente nas
temáticas exigidas por essas comissões.
Tabela 5. Deputados do PSC e Comissões Permanentes
Membro - Membro -
Comissão - Sigla Deputado - Nome
Início Fim
CAPADR NELSON PADOVANI 01/03/2011 31/01/2012
CAPADR NELSON PADOVANI 07/03/2012 02/02/2013
CAPADR NELSON PADOVANI 05/03/2013 03/02/2014
CAPADR NELSON PADOVANI 25/02/2014 31/01/2015
CCJC ANDRE MOURA 05/03/2013 06/03/2013
CCJC ANDRE MOURA 13/03/2013 03/02/2014
CCJC ANDRE MOURA 25/02/2014 31/01/2015
CCJC ANTÔNIA LÚCIA 26/02/2014 27/02/2014
CCJC LEONARDO GADELHA 05/03/2013 03/02/2014
CCJC MARCO FELICIANO 01/03/2011 31/01/2012
CCJC MARCO FELICIANO 07/03/2012 02/02/2013
CCJC MARCO FELICIANO 25/02/2014 26/02/2014
CCJC MARCO FELICIANO 27/02/2014 31/01/2015
CCTCI SÉRGIO DE OLIVEIRA 21/08/2012 06/12/2012
CCTCI SÉRGIO DE OLIVEIRA 25/02/2014 04/04/2014
CCTCI RATINHO JUNIOR 01/03/2011 31/01/2012
CCTCI RATINHO JUNIOR 07/03/2012 21/08/2012
CCTCI RATINHO JUNIOR 12/12/2012 02/02/2013
CCTCI RATINHO JUNIOR 07/04/2014 31/01/2015
CCTCI TAKAYAMA 05/03/2013 03/02/2014
CCULT SÉRGIO DE OLIVEIRA 05/03/2013 03/02/2014
CDC FILIPE PEREIRA 01/03/2011 23/03/2011
CDC FILIPE PEREIRA 07/03/2012 02/02/2013
CDEICS ANDRE MOURA 01/03/2011 31/01/2012
CDHM COSTA FERREIRA 25/02/2014 17/03/2014
CDHM FELICIANO 07/03/2013 26/02/2014
CE COSTA FERREIRA 20/10/2011 31/01/2012
CE COSTA FERREIRA 07/03/2012 02/02/2013
CE COSTA FERREIRA 05/03/2013 06/03/2013
CE COSTA FERREIRA 19/03/2013 03/02/2014
CFFC EDMAR ARRUDA 07/03/2012 02/02/2013
CFFC ZEQUINHA MARINHO 07/03/2012 07/03/2012
CFT EDMAR ARRUDA 01/03/2011 31/01/2012
CFT EDMAR ARRUDA 07/03/2012 07/03/2012
18
Conclusão
Ao longo deste artigo buscamos demonstrar que os evangélicos, desde a
Constituinte, têm ocupado diferentes espaços de atuação na política partidária. Apesar de
espalhados por diversas siglas, dois partidos têm concentrado um maior número desses
religiosos: PRB e PSC. A escolha pelo PSC se justifica por ser um partido que tem
sinalizado, nas últimas eleições, para um público cristão específico. Além disso, como
partido cristão, concentra em seu estatuto preceitos morais religiosos que tem atraído cada
vez mais candidatos evangélicos. Escolhemos analisar a participação de dois deputados
em comissões permanentes por este ser um espaço de atuação ocupado por esses políticos
religiosos que é pouco estudado pela literatura.
Apesar das limitações das comissões plenárias, em parte decorrente das
prerrogativas do poder Executivo, estas ainda são importantes para o processo legislativo.
Prova disso é o controle e influencia que o Colégio de Líderes e o Executivo sempre
buscam ter sobre as comissões. Do ponto de vista estratégico, as duas comissões possuem
características muito distintas. A Comissão de Ciência e Tecnologia – CCTCI é um
espaço de atuação estratégico para o controle de muitos recursos, como por exemplo o de
concessão de emissoras de rádio e TV, regulamentação da Internet, investimento em
tecnologias, entre outros. Por sua vez, do ponto de vista de recursos, a Comissão de
Direitos Humanos e Minorias não faz sentido. Tanto é que historicamente, com exceção
das duas últimas legislaturas foi sempre delegada, sem maiores problemas, à partidos
ideologicamente de esquerda.
Ainda sobre essas diferenças, percebe-se que mais de 96% das matérias apreciadas
na CCTCI foram de iniciativas do Poder Executivo, e todas elas foram transformadas em
decreto legislativo. Os dados ainda sugerem que, por se tratar de uma comissão
estratégica, não há muito espaço para atuação religiosa, mesmo contando com a
participação de mais que um evangélico. O que se percebe é que praticamente todas as
votações são unanimes. Outra surpresa dessa comissão é que são raras às discussões de
matérias ligadas à ciência e tecnologia. Essas temáticas ficaram restritas à alguns
requerimentos e audiências públicas durante o período analisado, o que também dificulta
a possibilidade de analisar qualquer atuação ligada a preceitos religiosos. Ainda assim,
parte da literatura da sociologia da religião associou a atuação desses parlamentares com
uma possível defesa das suas concessões de Rádio e TV mas, que, no entanto, sugere-se
que por serem de iniciativa do Executivo já chegam negociadas à Comissão.
24
Referências
ALMEIDA, Leonardo (2014). O que saber sobre os evangélicos e a política no Brasil:
Partidos, Representantes e Eleições Presidenciais”. Curitiba: Editora Prismas.
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