Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
César Cassiolato
Diretor de Engenharia de Projetos e Serviços, Marketing e Qualidade
SMAR Equipamentos Industriais Ltda
cesarcass@smar.com.br
Introdução
A necessidade de automação na indústria e nos mais diversos segmentos está associada, entre diversos
aspectos, às possibilidades de aumentar a velocidade de processamento das informações, uma vez que as
operações estão cada vez mais complexas e variáveis, necessitando de um grande número de controles e
mecanismos de regulação para permitir decisões mais ágeis e, portanto, aumentar os níveis de
produtividade e eficiência do processo produtivo dentro das premissas da excelência operacional.
Além disso, com o advento dos sistemas de automação baseado em redes de campo e tecnologia digital,
pode-se ter vários benefícios em termos de manutenção e aumentar a disponibilidade e segurança
operacional. E ainda, a automação extrapola os limites de chão de fábrica, ela continua após o produto
acabado, atingindo fronteiras mais abrangentes; a automação do negócio.
Figura 1 - A automação extrapola os limites de chão de fábrica, ela continua após o produto
acabado, atingindo fronteiras mais abrangentes; a automação do negócio.
A solução completa deve prover uma metodologia de gestão da indústria de forma transparente e garantir
que todos os esforços sejam direcionados para se atingir a meta estabelecida, facilitando a tomada de
decisão quando há mudanças relevantes ao desempenho dos indicadores ou um desvio em relação ao
planejado.
Usuários e clientes então devem estar atentos na escolha e definição de um sistema de automação e
controle, onde esta definição deve levar em conta vários critérios e que possa estar em sincronismo com o
avanço tecnológico.
Quanto mais informação, melhor uma planta pode ser operada e sendo assim, mais produtos pode gerar e
mais lucrativa pode ser. A informação digital e os sistemas verdadeiramente abertos permitem que se colete
informações dos mais diversos tipos e finalidades de uma planta, de uma forma interoperável e como
ninguém jamais imaginou e neste sentido, com a tecnologia Fieldbus (Foundation fieldbus, Profibus, HART,
DeviceNet, Asi, etc.) pode-se transformar preciosos bits e bytes em um relacionamento lucrativo e obter
também um ganho qualitativo do sistema como um todo. Não basta apenas pensar em barramento de
campo, deve-se estar atento aos benefícios gerais que um sistema de automação e controle possa
proporcionar.
Analisando a figura 2, vemos que no nível de atuadores/sensores existem algumas redes industriais, onde
podemos citar a AS-Interface (AS-i) onde os sinais binários de dados são transmitidos via um barramento
extremamente simples e de baixo custo, juntamente com a alimentação (24 Vdc) necessária para alimentar
estes mesmos sensores e atuadores. Outra característica importante é que os dados são transmitidos
ciclicamente, de uma maneira extremamente eficiente e rápida. Veremos mais detalhes posteriormente.
No nível de campo, a periferia distribuída, tais como módulos de Entrada/Saída (E/S), transdutores,
acionamentos (drives), válvulas e painéis de operação, comunicam-se com sistemas de automação via um
eficiente sistema de comunicação em tempo real (PROFIBUS-DP ou PA, Foundation Fieldbus, HART, etc.).
A transmissão de dados do processo e diagnósticos é efetuada ciclicamente, enquanto alarmes, parâmetros
e também diagnósticos são transmitidos aciclicamente, somente quando necessário.
No nível de célula, os controladores programáveis, tais como CLP’s e PC’s comunicam-se uns com os
outros, o que requer grandes pacotes de dados e um grande número de funções poderosas de
comunicação. Além disto, uma integração eficiente aos sistemas de comunicação corporativos existentes,
tais como: Intranet, Internet e Ethernet é um requisito absolutamente mandatório, o que várias redes podem
suprir. A rede PROFInet, HSE (High Speed Ethernet), Ethernet IP, suportam dispositivos de campo simples
e aplicações de tempo crítico, bem como a integração de sistemas de automação distribuídos baseados
em componentes.
Nos últimos anos temos acompanhado que os mercados de instrumentação e automação vêm demandando
equipamentos de campo (transmissores de pressão e temperatura, conversores, posicionador, atuadores,
controladores, etc.) com alta performance, confiabilidade, disponibilidade, recursividade, etc., com a
intenção de minimizar consumos, reduzir a variabilidade dos processos, proporcionar a redução de custos
operacionais e de manutenção, assim como garantir a otimização e melhoria continua dos processos.
A tecnologia digital é rica no fornecimento de informação, não somente pertinente ao processo, mas em
especial dos equipamentos de campo. Desta forma, condições de auto-diagnoses podem poupar custos
operacionais e de manutenção, principalmente em áreas classificadas (perigosas) ou mesmo em áreas de
difícil acesso. Da própria sala de controle pode-se ter uma visão geral do sistema e ainda com ferramentas
baseadas em Internet, a qualquer hora e de qualquer lugar. Através de um gerenciamento destas
informações vindas do campo, pode-se selecionar convenientemente os dados para se atingir os objetivos
de produção, direcionando as informações às pessoas e/ou departamentos corretos e agindo de maneira a
melhorar os processos.
Percebe-se aqui que todas estas evoluções tecnológicas e a consolidação das redes industriais fazem com
que os sistemas de automação e controle, equipamentos de campo, controladores, etc., possam assumir
funções antes inimagináveis, como o controle de contínuo e discreto, tempos de varreduras menores,
arquiteturas redundantes, gerenciamento e tráfego de informação, disponibilidade de informações para
IHMs, Internet, geração de relatórios, gerenciamento de ativos, altos níveis de segurança, etc. Tudo isso,
aliado à confiabilidade industrial tanto de hardware quanto de software.
Um pouco de história
Os primeiros sistemas de automação foram desenvolvidos no final do século XIX durante a revolução
industrial.
O trabalho que era manual passou a ser realizado por máquinas dedicadas e customizadas a uma
determinada tarefa visando cada vez mais o aumento da produtividade e eficiência. As funções de controle
eram implementadas através de dispositivos mecânicos que automatizavam algumas tarefas críticas e
repetitivas. Estes dispositivos eram desenvolvidos para cada tarefa e devido à natureza mecânica dos
mesmos, tinham vida útil reduzida e alta manutenção.
Posteriormente, com o advento dos relés e contatores, estes dispositivos foram substituídos e apareceram
dispositivos automáticos em linhas de montagens, dando um grande passo na época. A lógica a relés
viabilizou o desenvolvimento de funções de controle mais complexas e sofisticadas.
Após a segunda guerra mundial, houve um avanço tecnológico e apareceram as máquinas por comando
numérico e os sistemas de controle na indústria de processo, assim como o conceito de referência de
tensão para instrumentação analógica. Aparecem os primeiros circuitos integrados, os CIs, que
proporcionaram o desenvolvimento de uma nova geração de sistemas de automação. Vale lembrar que em
1947, Willian Shockley, John Barden e Walter Brattain descobriram o transistor, que é um componente
eletrônico amplamente utilizado nos processadores modernos, de forma integrada.
No início dos anos 70, os primeiros computadores comerciais começaram a ser utilizados como
controladores em sistemas de automação de grande porte, porém estes computadores eram grandes,
ocupando muito espaço, de alto custo, difíceis de programar e muito sensíveis ao ambiente industrial. Mas
tinham a vantagem de manipular a aquisição e controle de várias variáveis.
Atualmente, devido à demanda das plantas industriais, os CLPs manipulam tanto controle discreto quanto
malhas analógicas. Estes sistemas são usualmente chamados de Controladores Programáveis, por não
serem limitados a operações com condições lógicas. As atuais funções de controle existentes em uma
planta industrial são em geral distribuídas entre um número de controladores programáveis, os quais são
montados próximos aos equipamentos a serem controlados. Os diferentes controladores são usualmente
conectados via rede local a um computador supervisório central, o qual gerencia os alarmes, receitas e
relatórios.
Entramos em uma fase onde a tecnologia e conectividade industrial eram proprietárias e um “casamento”
entre cliente e fornecedor acontecia. No mercado apareceram os SDCSs (Sistemas Digitais de Controle
Distribuídos).
Na década de 90, o mundo começou a presenciar enormes avanços na área tecnológica, em que os
circuitos eletrônicos passaram a proporcionar maior eficiência, maiores velocidades, mais funcionalidades,
maiores MTBFs (Mean Time Between Failures, maior confiabilidade), consumos menores, espaços físicos
menores e ainda, com reduções de custos. Ao mesmo tempo em que impulsionou o desenvolvimento de
computadores, interfaces e periféricos mais poderosos, com alta capacidade de processamento e memória
e o mais interessante, dando vazão a alta escala de produção com custos reduzidos e o que foi uma
vantagem de forma geral, pois aumentou a oferta de microcontroladores, Cis e ASCIs para toda a indústria.
E se não bastasse esta revolução eletrônica, os sistemas mecânicos também passaram e vêm passando
por inovações e modificações conceituais com a incorporação da capacidade de processamento, tornando-
os mais rápidos, eficientes e confiáveis, com custos de implementação cada vez menores. Ao longo dos
últimos anos é cada vez mais freqüente a utilização de componentes eletrônicos para acionamento e
controle de sistemas mecânicos.
Não resta dúvida que hoje não é somente a condição de controle que importa. A gestão da informação, a
inteligência da instrumentação, a tecnologia verdadeiramente aberta e não proprietária, os benefícios da
tecnologia digital são o que agregam valores ao usuário.
Que atualização um sistema convencional pode ter nos próximos anos? Que capacidade de expansão vai
permitir? O portfólio de aplicações oferecidas pelos fornecedores com um sistema digital aberto aumentou
bastante nos últimos anos, incluindo redes digitais abertas, áreas como gerenciamento de ativos, controle
baseado em blocos funcionais, otimização em tempo real, MÊS (gestão de negócios), ferramentas de
gerenciamento de performance em tempo real, gerenciamento de alarme, e muitas outras.
Hoje o usuário deve estar atento e especificar sempre um sistema de automação aberto com possibilidade
de diagnósticos, maior tolerância a falhas, blocos de funções, FFBs (Blocos Flexíveis), conectividade OPC
e com diversos protocolos, e uma série de outras características que o torna um sistema de controle
completo e não um simples barramento de comunicação com integrações proprietárias. A escolha nas
principais plantas industriais deve-se às funções de controle de processo que permitem agregar
informações que possam trazer benefícios nas tomadas de decisões, garantindo a excelência operacional.
Vale lembrar que em termos de excelência operacional qualquer segmento industrial vem sofrendo
constantes pressões para alcançar a excelência operacional, objetivando garantir sua competitividade.
Excelência operacional significa otimizar e dinamizar os processos através da análise de dados em tempo
real facilitando a tomada de decisão, de forma inteligente, estratégica e em todos os níveis da organização.
Ao usar a tecnologia digital pode-se ter os processos aprimorados, pode-se gerenciar de maneira mais
eficiente as operações da planta.
No mercado atual globalizado, a busca de uma vantagem tecnológica que permita ao seu usuário competir
de uma maneira eficaz, manter-se de uma maneira sustentável, obtendo lucro e reinvestir no seu negócio,
a automação industrial passou a ser item básico desse processo. No ramo da indústria, a otimização de
recursos faz-se imprescindível. As inovações na área de processo em si são poucas, ficando para as áreas
de controle de processo a responsabilidade na redução de custos. O entendimento dos processos de
inovação na automação com os sistemas digitais e de redes abertas podem ajudar a nos situarmos no
contexto atual, identificando as inovações que podem agregar valor à cadeia produtiva. Notadamente nos
últimos anos com o avanço na eletrônica digital passamos a ter novas ferramentas nas áreas de controle
de processo e manutenção que associadas com sistemas de comunicação baseados em protocolos abertos
de redes industriais.
Um ponto importante é diferenciar entre a rede de informação, a rede de controle e rede de campo.
A rede de informação representa o nível mais elevado dentro de uma arquitetura. Em grandes corporações
é natural a escolha de um backbone de grande capacidade para interligação dos sistemas ERP (Enterprise
Resource Planning), Supply Chain (gerenciamento da cadeia de suprimentos) e EPS (Enterprise Production
Systems).
A função da rede de controle é interligar os sistemas industriais de nível 2 ou sistemas SCADA aos sistemas
de nível 1, representados por CLPs e remotas de aquisição de dados. É possível também que equipamentos
de nível 3, tais como, sistemas PIMS e MES estejam ligados a este barramento. Atualmente o padrão mais
recomendado é o Ethernet 100 Base-T.
A função da rede de campo é garantir a conectividade entre os diversos dispositivos atuantes diretamente
no “chão de fábrica”, isto é o nível 1, sejam eles dispositivos de aquisição de dados, atuadores ou CLPs.
As redes de campo são sistemas de comunicação industrial que usam uma ampla variedade de meios
físicos, como cabos de cobre, fibras ópticas ou sem fio, para acoplar os dispositivos de campo a um
sistema de controle ou um sistema de gerenciamento.
Figura 4 – Cenário das redes industriais
A opção pela implementação de sistemas de controle baseados em redes requer um estudo para determinar
qual o tipo de rede que possui as maiores vantagens de implementação ao usuário final, que deve buscar
uma plataforma de aplicação compatível com o maior número de equipamentos possíveis.
PROFIBUS
A história do PROFIBUS começa na aventura de um projeto da associação apoiado por autoridades
públicas, que iniciou em 1987 na Alemanha. Dentro do contexto desta aventura, 21 companhias e institutos
uniram forças e criaram um projeto estratégico em fieldbus. O objetivo era a realização e estabilização de
um barramento de campo bitserial, sendo o requisito básico a padronização da interface de dispositivo de
campo. Por esta razão, os membros relevantes das companhias do ZVEI (Associação Central da Indústria
Elétrica) concordaram em apoiar um conceito técnico mútuo para manufatura e automação de processos.
Um primeiro passo foi a especificação do protocolo de comunicações complexas PROFIBUS FMS
(Especificação de Mensagens Fieldbus), que foi preparado para exigência de tarefas de comunicação.
Um passo mais adiante em 1993 foi a conclusão da especificação para uma variante mais simples e com
comunicação mais rápida, o PROFIBUS-DP (Periferia Descentralizada). Este protocolo está disponível
agora em três versões funcionais, o DP-V0, DP-V1 e DP-V2.
Baseado nestes dois protocolos de comunicação, acoplado com o desenvolvimento de numerosos perfis
de aplicações orientadas e um número de dispositivos de crescimento rápido, o PROFIBUS começou seu
avanço inicialmente na automação manufatura e desde 1995 na automação de processos com a introdução
do PROFIBUS-PA. Hoje, o PROFIBUS é o barramento de campo líder no mercado mundial.
Hoje, estima-se próximo de 30 milhões de nós instalados com tecnologia PROFIBUS e mais de 1000
plantas com tecnologia PROFIBUS-PA. São 24 organizações regionais (RPAs) e 35 Centros de
Competência em PROFIBUS (PCCs), localizados estrategicamente em diversos países, de modo a oferecer
suporte aos seus usuários, inclusive no Brasil, em parceria com a FIPAI na Escola de Engenharia de São
Carlos-USP, existe o único PCC da América Latina.
No nível de célula, os controladores programáveis, como os CLPs e os PCs, comunicam-se entre si,
requerendo, dessa maneira, que grandes pacotes de dados sejam transferidos em inúmeras e poderosas
funções de comunicação. Além disso, a integração eficiente aos sistemas de comunicação corporativos
existentes, tais como: Intranet, Internet e Ethernet são requisitos absolutamente obrigatórios. Essa
necessidade é suprida pelos protocolos PROFIBUS FMS e PROFINet.
Figura 5 – Exemplo de uma rede Profibus com as variantes Profibus-DP e Profibus-PA
PROFIBUS DP
O PROFIBUS DP é a solução de alta velocidade (high-speed) do PROFIBUS. Seu desenvolvimento foi
otimizado especialmente para comunicações entres os sistemas de automações e equipamentos
descentralizados. Voltada para sistemas de controle, onde se destaca o acesso aos dispositivos
de I/O distribuídos. É utilizada em substituição aos sistemas convencionais 4 a 20 mA, HART ou em
transmissão com 24 Volts. Utiliza-se do meio físico RS-485 ou fibra ótica. Requer menos de 2 ms para a
transmissão de 1 kbyte de entrada e saída e é amplamente utilizada em controles com tempo crítico.
Atualmente, 90% das aplicações envolvendo escravos Profibus utilizam-se do PROFIBUS DP. Essa
variante está disponível em três versões: DP-V0, DP-V1 e DP-V2. A origem de cada versão aconteceu de
acordo com o avanço tecnológico e a demanda das aplicações exigidas ao longo do tempo.
Figura 6 – Versões do Profibus
PROFIBUS-PA
O PROFIBUS PA é a solução PROFIBUS que atende os requisitos da automação de processos, onde se
tem a conexão de sistemas de automação e sistemas de controle de processo com equipamentos de
campo, tais como: transmissores de pressão, temperatura, conversores, posicionadores, etc. Pode ser
usada em substituição ao padrão 4 a 20 mA.
O PROFIBUS PA permite a medição e controle por uma linha a dois fios simples. Também permite alimentar
os equipamentos de campo em áreas intrinsecamente seguras. O PROFIBUS PA permite a manutenção e
a conexão/desconexão de equipamentos até mesmo durante a operação sem interferir em outras estações
em áreas potencialmente explosivas. O PROFIBUS PA foi desenvolvido em cooperação com os usuários
da Indústria de Controle e Processo (NAMUR), satisfazendo as exigências especiais dessa área de
aplicação:
As conexões dos transmissores, conversores e posicionadores em uma rede PROFIBUS DP são feitas por
um coupler DP/PA. O par trançado a dois fios é utilizado na alimentação e na comunicação de dados para
cada equipamento, facilitando a instalação e resultando em baixo custo de hardware, menor tempo para
iniciação, manutenção livre de problemas, baixo custo do software de engenharia e alta confiança na
operação.
A arquitetura e a filosofia do protocolo PROFIBUS asseguram a cada estação envolvida nas trocas de
dados cíclicos um tempo suficiente para a execução de sua tarefa de comunicação dentro de um intervalo
de tempo definido. Para isso, utiliza-se do procedimento de passagem de “token”, usado por estações
mestres do barramento ao comunicar-se entre si, e o procedimento mestre-escravo para a comunicação
com as estações escravas. A mensagem de “token” (um frame especial para a passagem de direito de
acesso de um mestre para outro) deve circular, sendo uma vez para cada mestre dentro de um tempo
máximo de rotação definido (que é configurável). No PROFIBUS o procedimento de passagem do “token”
é usado somente para comunicações entre os mestres.
O procedimento mestre-escravo possibilita ao mestre que esteja ativo (o que possui o “token”) acessar os
seus escravos (através dos serviços de leitura e escrita).
PROFINET
O PROFInet é uma rede padronizada pelo PROFIBUS International de acordo com a IEC 61158-5 e a IEC
61158-6. É uma das quatorze redes de Ethernet industrial. Basicamente, há dois tipos de redes PROFInet:
PROFInet IO e PROFInet CBA. O PROFInet IO é utilizado em aplicações em tempo real (rápidas) e o
PROFInet CBA é utilizado em aplicações onde o tempo não é crítico, por exemplo, na conversão para rede
PROFIBUS-DP.
O PROFInet foi definido de acordo com o Physical Layer ISO/IEC8802-3 e seu DataLink Layer de acordo
com TCP/UDP/IP/Ethernet da ISO/IEC8802-3. Seu principal enfoque, e aí se deixa claro as diferenças ente
o mercado comum de redes Ethernet, é a aplicação do conceito de objetos já em usos e testados em
softwares de tecnologias de automação. Seguindo esta idéia, máquinas e plantas podem ser divididas em
módulos tecnológicos, cada um deles com suas características e compromissos mecânicos,
elétricos/eletrônicos e softwares de aplicação.Cada módulo é então encapsulado de acordo com
componentes PROFInet e podem ser acessados via interfaces universais, e ainda podem ser
interconectados em várias aplicações.Entenda o conceito de componentes como a idéia de reutilização de
unidades de software.Neste sentido o PROFInet utiliza-se de componentes COM (Component Object
Model) e sua expansão o DCOM (Distributed Component Object Model) para sistemas distribuídos. Sendo
assim, todos os objetos são idênticos e possuem as mesmas aparências. Este tipo de sistema de
automação distribuído habilita projetos modulares de máquinas e plantas com suporte a reutilização de
partes de máquinas e plantas. Isto garante a interoperabilidade e a redução de problemas. A integração de
segmentos PROFIBUS em PROFInet é feita utilizando implementações proxies o que garante que o
espectro todo de produtos PROFIBUS podem ser implementados sem mudanças, garantindo ao usuário a
proteção máxima aos seus investimentos.Além disso a tecnologia Proxy permite a integração com outros
fieldbuses.
O PROFInet tem três modelos distintos de operação, sendo dois deles para tempo real. Veja figura 12.
O segundo modelo baseia-se no chamado Soft Real Time (SRT) e caracteriza-se por ser um canal direto
entre a camada da Ethernet e a aplicação. Com a eliminação de vários níveis de protocolo, há uma redução
no comprimento dos telegramas transmitidos, requerendo menos tempo de transmissão de dados na rede.
Neste caso, pode-se utilizar os dois tipos de PROFInet IO e CBA.
O terceiro modelo baseia-se no conceito de Isochronous Real Time (IRT), para aplicações em que o tempo
de resposta é crítico e deve ser menor do que 1ms. Um exemplo típico de aplicação neste caso é o controle
de movimento de robôs, onde o tempo de atualização de dados deve ser curto. Utiliza-se apenas o
PROFInet IO para esse caso.
Figura 15 - O acesso às informações de dados do PROFInet é possível via serviços padrões de WEB.
Além disso, a tecnologia do PROFInet permite fácil integração com sistema MES (Manufacturing Execution
Systems).
O Physical layer (Meio Físico) é definido segundo padrões internacionais (IEC, ISA). Ele recebe mensagens
da camada de comunicação (Communication Stack) e as converte em sinais físicos no meio de transmissão
fieldbus e vice-versa, incluindo e removendo preâmbulos, delimitadores de começo e fim de mensagens.
Figura 18 – Exemplo de sinal Fieldbus em modo tensão
Obs: Pode-se ligar mais equipamentos do que foi especificado, dependendo do consumo dos
equipamentos, fonte de alimentação e características das barreiras de segurança intrínseca.
O comprimento total do cabeamento é a somatória do tamanho do trunk e todos os spurs e que com cabo
do tipo A, é de no máximo 1900m em áreas não seguras. Em áreas seguras, é de no máximo 1000 m, com
cabo tipo A e os spurs não podem exceder 30m.
Seguem algumas dicas de cablagem, blindagem e aterramento, já que em uma rede digital devemos estar
sempre atentos com níveis de ruídos, capacitâncias e impedâncias indesejáveis e que podem contribuir
para a degradação dos sinais.
O Data Link layer (Nível de Enlace) garante a integridade da mensagem e controla também o acesso ao
meio de transmissão, determinando quem pode transmitir e quando se pode ter a transmissão. O nível de
enlace garante que os dados cheguem ao equipamento correto.
Segundo o Data Link layer, dois tipos de equipamentos podem ser definidos:
O LAS é quem controla e planeja a comunicação no barramento. Ele controla as atividades no barramento
usando diferentes comandos os quais em modo broadcast é passado a todos os equipamentos. Como
sempre o LAS faz o polling por endereços de equipamentos sem tags na rede, é possível se conectar
devices a qualquer instante durante a operação e estes serão integrados em operação “plug in play”
automaticamente. Em sistemas redundantes, com a falha do LAS, o equipamento do tipo Link Master
assume o papel de mestre backup durante a falha.
Cada device recebe um Schedule separado que permite que o System Management saiba exatamente que
tarefa deve ser executada e quando e ainda quando o dado deve ser recebido ou enviado.
O nível de aplicação (Application Layer) fornece uma interface para o software aplicativo do equipamento e
definirá a maneira de se ler, escrever ou disparar uma tarefa em uma estação remota. Ele também define
o modo pelo qual a mensagem deve ser transmitida. O gerenciamento definirá como será a inicialização da
rede, através do Tag, atribuição de endereço, sincronização de tempo, escalonamento das transações ou
conexão dos parâmetros de entradas e saída dos function blocks. O FAS e FMS são a interface entre o
data link layer e o user application, sendo que o primeiro através de seus serviços cria as chamadas VCRs
(Virtual Communication Relationships) as quais são usadas no layer superior FMS na execução de tarefas.
As VCRs descrevem diferentes tipos de processos de comunicação e habilitam atividades associadas para
serem processadas mais rapidamente. O Foundation Fieldbus se utiliza de 3 tipos de VCRs:
O FMS provê os serviços de comunicação padrões. A cada tipo de dado são atribuídos serviços de
comunicação, chamados de object descriptions, que vão conter toda definição de todos os tipos padrões
de mensagens e que serão acessadas via dicionário dos objetos (Object dictionary). Além disso, o FMS
define as VFDs(Virtual Field Devices) as quais são usadas para disponibilizar os object descriptions para
toda a rede. As VFDs e os object descriptions são usados para se garantir o acesso local às informações
dos equipamentos de qualquer ponto da rede usando serviços associados de comunicação.
Link Objects: que definem os links entre os diferentes blocos funcionais, quer sejam
internos ou externos.
Alert Objects: que permitem o reporte de alarmes e eventos na rede fieldbus.
Trend Objects; que permitem o trend das informações dos blocos funcionais e análises
em alto nível.
View Objects: que são grupos de parâmetros dos blocos funcionais que podem ser
mostrados rapidamente em tarefas de monitoração, configuração, manutenção e
controle, etc. São divididas em dinâmicas e estáticas, de acordo com os dados.
As DDs são usadas em conjunto os capabilities files escritos no formato Common File Format (CFF), onde
é definido os recursos dos equipamentos e que estão disponíveis.Isto garante que na condição de offline,
o host não utilize recursos que não estarão disponíveis no equipamento.
Atribuição automática de um Link Master a LAS se uma falha ocorrer ao atual LAS.
Sincronização do clock da aplicação.
Endereçamento automático de novas estações conectadas.
A programação da comunicação bem como a parametrização dos equipamentos devem ser feitas antes do
start-up. Basicamente, temos duas fases: Fase de projeto e Fase de configuração dos equipamentos.
As DDs de todos os equipamentos envolvidos na rede devem estar disponíveis para a ferramenta de
configuração que determinará como as informações segundo as estratégias de controle serão conectadas
através das entradas e saídas dos blocos funcionais (os chamados links). Esta tarefa é facilmente
executada com as interfaces gráficas de ferramentas avançadas de configuração, por exemplo o Syscon
da SMAR:
A figura 26 mostra um controle em cascata onde o valor de pressão, por exemplo, vindo de um transmissor
de pressão é conectado ao bloco funcional PID. Este bloco pode ser implementado por exemplo, em um
posicionador de válvula, que via bloco AO atua no elemento final. Além da conexão dos blocos funcionais,
a ferramenta de configuração também configura as taxas individuais de execução das malhas individuais.
Finalmente, o LAS e todos os Link Masters recebem a lista de transmissão segundo o Schedule. A
configuração do sistema está completa e o System Management do LAS e os equipamentos podem cuidar
do controle em todo sistema.
Figura 27 – Configuração da rede Fieldbus
O Foundation Fieldbus ainda possui o HSE, High Speed Ethernet, onde um Link Device (por exemplo, o
DFI302, da SMAR) é usado para conectar equipamentos de campo a 31.25 kbit/s a uma rede padrão FF a
100 Mbit/s. É aplicável em redes de alta velocidade com interfaces para sistemas de I/Os, que podem estar
conectados a 31.25 kbit/s ou no HSE.
AS-interface
Em 1990, na Alemanha, um consórcio de empresas bem sucedidas elaborou um sistema de barramento
para redes de sensores e atuadores, denominado Actuator Sensor Interface (AS-Interface ou na sua
forma abreviada AS-i). Esse sistema surgiu para atender a alguns requisitos definidos a partir da experiência
de seus membros fundadores e para suprir o mercado cujo nível hierárquico é orientado a bit. Desta forma,
a rede AS-i foi concebida para complementar os demais sistemas e tornar mais simples e rápida as
conexões entre sensores e atuadores com os seus respectivos controladores.
Um sistema industrial formado por redes AS-i é considerado um dos mais econômicos e ideal para
comunicação entre atuadores e sensores. Os benefícios da utilização de uma rede AS-i vão desde
economias de hardware até o comissionamento de uma rede AS-i propriamente dita.
Simplicidade
Uma rede AS-i é muito simples, pois requer apenas um único cabo para conectar módulos de entradas e
saídas de quaisquer fabricantes. Usuários de uma rede AS-i não precisam ter profundos conhecimentos
em sistema industriais ou protocolos de comunicação. Diferentemente de outras redes digitais, a rede AS-i
não precisa de terminadores e de arquivos de descrição de equipamentos. A simplicidade é seu ponto forte.
Desempenho
Sistemas AS-i são eficazes e incrivelmente rápidos, o que os tornam aptos a substituírem sistemas grandes
e com altos custos. Existem mestres AS-i, especialmente, desenvolvidos para comunicarem com sistemas
legados de controle e promoverem uma suave integração entre as tecnologias existentes. O melhor de tudo
é que isto é realizado de forma simples e confiável.
Flexibilidade
A expansibilidade é muito fácil – apenas conecte um módulo, enderece-o e, então, conecte o cabo da rede.
Verifique se LED de alimentação está ligado e, então, você já está liberado para a conexão do próximo
módulo. A rede AS-i suporta qualquer topologia de cabeamento: estrela, barramento, árvore, anelar ou
qualquer outra configuração com até 100 metros de cabo. Ou, então, com a adição de repetidores é possível
expandir o sistema até 300 metros. A rede AS-i é de fácil instalação, pois não há necessidade de
terminadores nos pontos finais.
Custo
Redes AS-i tipicamente reduzem o custo de cabeamento e instalação em torno de 50% em comparação
com outras redes convencionais. A utilização de um único cabo para conexão com equipamentos discretos
reduz a necessidade de gabinete, conduítes e bandejas. As economias geradas na utilização da rede
podem ser realmente significantes, pois a utilização de poucos cabos diminui os custos de instalação,
comissionamento e, por ser uma rede simples, as horas de engenharia.
O nome Actuator Sensor Interface representa o seu próprio conceito. Apesar de tecnicamente, o "AS-i" ser
um barramento, o termo interface mostra que ele fornece uma interface simples para acesso a sensores e
atuadores em campo.
As redes industriais AS-i foram concebidas para serem aplicadas em ambientes automatizados,
substituindo as conexões tradicionais de atuadores e sensores do tipo "switch" (liga-desliga) por um
barramento único. Além desses é possível conectar ao barramento sensores/atuadores que realizam uma
conversão analógico/digital ou vice-versa. Tradicionalmente essas conexões são feitas por pares de fios
que conectam um a um os atuadores e sensores ao controlador correspondente, em geral um Controlador
Lógico Programável (CLP).
O sistema AS-i é configurado e controlado por um mestre, o qual programa a interface entre um controlador
e o sistema AS-i. Esse mestre troca informações continuamente com todos os sensores e atuadores ligados
ao barramento AS-i de forma pré-determinada e cíclica.
A Figura 29 ilustra o sistema AS-i como um todo, evidenciando os seus principais componentes: cabo, fonte
AS-i com seu circuito de desacoplamento, o mestre e o escravo AS-i.
A rede AS-Interface conecta os dispositivos mais simples das soluções de automação. Um único cabo une
atuadores e sensores com os níveis superiores de controle. AS-Interface é um sistema de rede padronizado
(EN 50295) e aberto, que interliga de maneira muito simples atuadores e sensores.
A conexão dos elementos pode ser feita em estrutura de árvore, estrela, linha ou em uma combinação das
anteriores. Não existindo conexões convencionais e reduzindo o número de interligações em bornes e
conectores, não somente reduz custos e tempo de montagem, como também reduz erros.
Na tecnologia de conexão usando cabos paralelos, cada contato individual de um equipamento é conectado
separadamente para os terminais e bornes de sensores e atuadores. A rede AS-i substitui o tradicional
arranjo de cabos múltiplos, caixas de passagem, canaletas, dutos de cabos por um simples cabo
especialmente desenvolvido para rede AS-i.
A rede AS-i se caracteriza por somente em um par de fios, caminharem junto a alimentação dos sensores
ou atuadores em 24Vcc e a informação do estado dos mesmos. A configuração máxima da rede é de 62
participantes (escravos) que são acessados ciclicamente por um mestre no nível de controle superior. O
tempo de reação é curto, para todos os escravos conectados, o tempo de resposta é de 10ms.
Anteriormente, sensores e atuadores tinham de ser conectados ao controlador via terminais, conectores e
terminais de blocos. AS-i proporciona uma redução nos custos de instalação e manutenção. Agora, um
cabo padronizado com 2 fios habilita a troca de informações e ao mesmo tempo a alimentação dos
equipamentos. Escravos são conectados diretamente no barramento sem a necessidade de interligação
adicional.
Este cabo de flexível de duas vias é considerado o padrão para a rede AS-i. Existe ainda um outro cabo
com formato circular que deve ser usado somente se for explicitamente especificado pelo fabricante.
Este cabo flexível de alta tensão está em conformidade com as normas CENELEC ou DIN VDE 0281,
designado por H05VV-F 2X1. 5 e é barato e fácil de se obter.
Figura 30 - Cabos padrões do barramento AS-i
DeviceNet
DeviceNet é um rede digital, multi-drop para conexão entre sensores, atuadores e sistema de automação
industrial em geral. Ela foi desenvolvida para ter máxima flexibilidade entre equipamentos de campo e
interoperabilidade entre diferentes vendedores.
Apresentado em 1994 originalmente pela Allen-Bradley, o DeviceNet teve sua tecnologia transferida para a
ODVA em 1995. A ODVA (Open DeviceNet Vendor Association) é uma organização sem fins lucrativos
composta por centenas de empresas ao redor do mundo que mantém, divulga e promove o DeviceNet e
outras redes baseadas no protocolo CIP (Common Industrial Protocol). Atualmente mais de 300 empresas
estão registradas como membros, sendo que mais de 800 oferecem produtos DeviceNet no mundo todo.
A rede DeviceNet é classificada no nível de rede chamada devicebus, cuja características principais são:
alta velocidade, comunicação a nível de byte englobando comunicação com equipamentos discretos e
analógicos e alto poder de diagnostico dos devices da rede.
A tecnologia DeviceNet é um padrão aberto de automação com objetivo de transportar 2 tipos principais de
informação:
A camada física e de acesso da rede DeviceNet é baseada na tecnologia CAN (Controller Area Network) e
as camadas superiores no protocolo CIP, que define uma arquitetura baseada em objetos e conexões entre
eles.
Uma rede DeviceNet pode conter até 64 dispositivos onde cada dispositivo ocupa um nó na rede,
endereçados de 0 a 63. Qualquer um destes pode ser utilizado. Não há qualquer restrição, embora se deva
evitar o 63, pois este costuma ser utilizado para fins de comissionamento.
Um exemplo de rede DeviceNet é mostrada na figura 31.
HART/4-20mA
Atualmente muito se fala em termos de redes fieldbus, mas tem-se muitas aplicações rodando em HART
(Highway Addressable Remote Transducer), tendo vantagens com os equipamentos inteligentes e
utilizando-se da comunicação digital de forma flexível sob o sinal 4-20mA para a parametrização e
monitoração das informações.
Introduzido em 1989, tinha a intenção inicial de permitir fácil calibração, ajustes de range e damping de
equipamentos analógicos. Foi o primeiro protocolo digital de comunicação bidirecional que não afetava o
sinal analógico de controle.
Este protocolo tem sido testado com sucesso em milhares de aplicações, em vários segmentos, mesmo em
ambientes perigosos. O HART permite o uso de mestres: um console de engenharia na sala de controle e
um segundo mestre no campo, por exemplo um laptop ou um programador de mão.
A figura 33 é baseada na figura 32, onde o HART foi acrescido. Agora ambas terminações do loop possuem
um modem e um amplificador de recepção, sendo que este possui alta impedância de tal forma a não
carregar o loop de corrente. Note ainda que o transmissor possui uma fonte de corrente com acoplamento
AC e o controlador uma fonte de tensão com acoplamento AC.A chave em série com a fonte de tensão no
controlador HART em operação normal, fica aberta.No controlador HART os componentes adicionais
podem ser conectados no loop de corrente, como mostrado ou através do resistor sensor de corrente.Do
ponto de vista AC, o resultado é o mesmo, uma vez que a fonte de alimentação é um curto-circuito.Note
que o sinal analógico não é afetado, uma vez que os componentes adicionados são acoplados em AC. O
amplificador de recepção freqüentemente é considerado como parte do modem e usualmente não é
mostrado separadamente.Na figura 33 foi desenhado separadamente para mostrar como se deriva o sinal
de tensão de recepção. O sinal de recepção não é somente AC, nem no controlador ou mesmo no
transmissor.
Para enviar uma mensagem, o transmissor ao ligar sua fonte de corrente, fará com que se sobreponha um
sinal de corrente de 1 mA pico-a-pico de alta freqüência sobre o sinal analógico da corrente de saída. O
resistor R no controlador converterá este sinal em tensão no loop e esta será amplificada no receptor
chegando até ao demodulador do controlador (modem). Do mesmo modo, para enviar uma mensagem ao
transmissor, o controlador fecha sua chave, conectando sua fonte de tensão que sobrepõe um tensão de
aproximadamente 500 mV pico-a-pico através do loop. Esta é vista nos terminais do transmissor e
encaminhada ao amplificador e demodulador. Note que existe uma implicação na figura 33 que é que o
mestre transmita como fonte de tensão enquanto o escravo, como fonte de corrente.A figura 34 mostra
detalhes do sinal HART, sendo que as amplitudes podem variar de acordo com as impedâncias e
capacitâncias de cada equipamento e perdas causadas por outros elementos no loop.O HART se utiliza do
FSK, chaveamento por mudança de freqüência(Frequency Shift keying), onde a freqüência de 1200 Hz
representa o 1 binário e a de 2200 Hz, representa o 0 binário.Note que estas freqüências estão bem acima
da faixa de freqüências do sinal analógico(0 a 10 Hz) de tal forma que não há interferências entre elas.Para
assegurar uma comunicação confiável, o protocolo HART especifica uma carga total do loop de corrente,
incluindo as resistências dos cabos, de no mínimo 230 Ohms e no máximo 1100 Ohms.
Equipamentos de campo e handhelds (programadores de mão) possuem um modem FSK integrado, onde
via port serial ou USB de um PC ou laptop pode-se conectar uma estação externamente. A figura 35 mostra
uma conexão típica HART de campo. Veremos posteriormente, outros tipos de conexões.
Ainda podemos ter rede em multidrop e condições de split-range. Na figura 38, na conexão em multidrop,
observe que podem ser ligados no máximo até 15 transmissores em paralelo na mesma linha. A corrente
que passa pelo resistor de 250 Ohms (foi ocultado na figura) será alta, causando uma alta queda de tensão.
Portanto, deve-se assegurar que a tensão da fonte de alimentação seja adequada para suprir a tensão
mínima de operação.
No modo multidrop a corrente fica fixa em 4mA, servindo apenas para energizar os equipamentos no loop.
A condição de split-range é usada em uma situação especial onde normalmente dois posicionadores de
válvulas recebem o mesmo sinal de controle, por exemplo, um operando com corrente nominal de 4 a 12
mA e o outro de 12 a 20 mA. Nesta condição, os poscionadores são conectados em série no loop de
corrente com endereços diferentes e o host será capaz de distingui-los via comunicação.Veja figura 39.
Figura 39 – Conexão HART via Split Range
Como visto anteriormente, o HART se utiliza do sinal de 4-20mA, sobrepondo um sinal em técnica FSK,
chaveamento por mudança de freqüência (Frequency Shift keying), onde a freqüência de 1200 Hz
representa o 1 binário e a de 2200 Hz representa o 0 binário.Cada byte individual do telegrama do layer 2
é transmitido em 11 bits, usando-se 1200 kHz.
Cabeamento
Utiliza-se um par de cabos trançados onde se deve estar atento à resistência total já que esta colabora
diretamente com a carga total, e agindo na atenuação e distorção do sinal. Em longas linhas e sujeitas a
interferências, recomenda-se o cabo com shield, sendo este aterrado em um único ponto, preferencialmente
no negativo da fonte de alimentação.
Layer 2
O protocolo HART opera segundo o padrão Mestre-Escravo, onde o escravo somente transmitirá uma
mensagem se houver uma requisição do mestre. A figura 40 mostra de maneira simples o modelo de troca
de dados entre mestre e escravo. Toda comunicação é iniciada pelo mestre e o escravo só responde algo
na linha se houve um pedido para ele.Existe todo um controle de tempo entre envios de comandos pelo
mestre.Inclusive existe um controle de tempo entre mestres quando se tem dois mestres no barramento.
WirelessHART™
Nos últimos anos, a tecnologia de redes sem fio sofreu grandes avanços tecnológicos o que hoje pode
proporcionar: segurança, confiabilidade, estabilidade, auto-organização (mesh), baixo consumo, sistemas
de gerenciamento de potência e baterias de longa vida.
A padronização para redes sem fio mostra que, ainda que existam diferenças, as normas estão convergindo
e a principal dentre elas, a SP100 e WirelessHART™, da ISA e HCF (HART Foundation e que hoje vem
sendo adotado como padrão para a Foundation Fieldbus e Profibus). Vamos comentar um pouco sobre o
WirelessHART™.
A estrutura de uma rede WirelessHART™ está representada no diagrama da figura 42, onde a comunicação
de uma rede WirelessHART™ é feita através de uma gateway.
Incluso ao HART 7 está o WirelessHART™, o primeiro padrão aberto de comunicação sem fio desenvolvido
especificamente para atender as necessidades da indústria de processo.
Opera na freqüência de 2.4 GHz ISM usando o Time Division Multiple Access (TDMA) para sincronizar a
comunicação entre os vários equipamentos da rede. Toda a comunicação é realizada dentro de um slot de
tempo de 10ms. Uma slots de tempo formam um superframe.
Suporta chaveamento de canais (channel hopping) a fim de evitar interferências e reduzir os efeitos de
esvanecimento multi-percurso (multi-path fadings). O protocolo HART foi elaborado com base na camada
7 do protocolo OSI. Com a introdução da tecnologia sem fio ao HART têm-se duas novas camadas de Data
Link: token-passing e TDMA. Ambas suportam a camada de aplicação HART.
Na figura 43 temos o primeiro controlador HSE (High Speed Ethernet) WirelessHART™. É um controlador
da SMAR que traz ao mercado mais uma inovação. É um controlador com tecnologia digital aberta e
integrável em sistemas baseados em HSE.
Uma rede de comunicação WirelessHART™é estruturada em malhas, onde cada sensor funciona como um
“router” ou como um repetidor. Deste modo, o alcance de uma rede não depende apenas de uma
“gateway” central, o que permite a configuração de uma ampla estrutura de rede distribuída. É uma forma
inteligente de se garantir que em uma situação de obstrução que possa causar a interrupção de um caminho
de comunicação, o sistema remaneja e consegue rotas alternativas, aumentando e garantindo assim a
disponibilidade da rede.
O WirelessHART™ adota uma arquitetura utilizando uma rede “Mesh” baseado no IEEE 802.15.4 operando
na faixa de 2,4 GHz. Os rádios utilizam o método de DSSS (espalhamento espectral com seqüenciamento
direto) ou salto de canais FHSS (Spread Spectrum de salto de freqüências) para uma comunicação segura
e confiável assim como comunicação sincronizada entre os dispositivos da rede utilizando TDMA (Time
Division Multiple Access).
As redes “Mesh” permitem que os nós da rede comuniquem entre si estabelecendo caminhos redundantes
até a base, aumentando a confiabilidade, pois se um caminho esta bloqueado existem rotas alternativas
para que a mensagem chegue ao seu destino final. Este tipo de rede também permite escalabilidade
simplesmente adicionando mais nós ou repetidores na rede. Outra característica é que quanto maior a rede
maior a confiabilidade porque mais caminhos alternativos são automaticamente criados.
Zoom
Figura 44 – Exemplo de um Sistema Digital Aberto, baseado em redes industriais: SYSTEM302, SMAR
Conclusão:
As Redes de Comunicação Industrial têm um papel fundamental para as indústrias em geral. Hoje a
automação extrapola o chão de fábrica e chega ao mundo dos negócios. Vimos vários padrões abertos e
suas características.
Referências:
Material de Treinamento Profibus, César Cassiolato.
Artigos técnicos Foundation Fieldbus, HART, Profibus, Wireless, César Cassiolato
Manuais SMAR
www.system302.com.br
www.smar.com.br
Pesquisas na internet (Todas as ilustrações, marcas e produtos usados aqui pertencem aos seus
respectivos proprietários, assim como qualquer outra forma de propriedade intelectual).
* César Cassiolato é Diretor de Marketing, Qualidade e Engenharia de Projetos & Serviços da SMAR Equipamentos Ind.
Ltda., foi Presidente da Associação Profibus Brasil América Latina de 2006 a 2010, Diretor Técnico do Centro de
Competência e Treinamento em Profibus, Diretor do FDT Group no Brasil, Engenheiro Certificado na Tecnologia Profibus
e Instalações Profibus pela Universidade de Manchester.