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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
COOPER, G. MEYER, L. B. The Rhythmic Structure of Music. Chicago: University Pres of Chicago, 1960.
GREEN, D. Form in Tonal Music.Fort Worth: Harcourt, 1979.
HASTY, C. Meter as Rhythm. Nova York: Oxford University Press,1997
SCLIAR, E. Fraseologia Musical. Porto Alegre: Movimento, 1982.
SCHOENBERG, A. Fundamentos da Composição Musical. São Paulo: Edusp. 1993.
• O estudo da Forma em música pode estar relacionado a elementos que se justapõem, se sobrepõem e se inter-
relacionam objetivando a compreensibilidade para que as ideias musicais possam ser apreensíveis em algum grau
pela inteligência humana. Na atividade teórica e na prática analítica e interpretativa o estudo da forma musical
segue tanto uma estratégia secional (agrupamentos) - mais estática e limitada -, quanto uma estrutural que
considera as relações entre vários fatores musicais (melodias, ritmo texturas e harmonias) como elementos que
tem a função de criar unidade para toda a composição
• As maneiras de estruturar uma composição variam de acordo com as diferentes épocas, estilos e etnias, embora
vários elementos fundamentais possam permanecer comuns a várias culturas e períodos históricos.
• Uma composição musical pode se aproximar de modelos formais pré-existentes que se estabeleceram a partir de
um determinado estilo, época, cultura e região.
FRASEOLOGIA OU ESTUDO DOS AGRUPAMENTOS
• Segundo definição de Esther Scliar: “Em sua projeção temporal os sons tendem a se articular em pequenos
agrupamentos delimitados por cesuras. Estes agrupamentos concatenam-se entre si formando conjuntos
maiores, os quais se encadeiam com os seguintes, formando novos grupos. O caráter desta projeção é sintático,
semelhante ao discurso verbal”. (SCLIAR, 1982, 9)
• Complementando a definição anterior outros dois autores, Cooper e Meyer, afirmam introduzindo o conceito
de níveis arquitetônicos para os agrupamentos: “Enquanto uma peça musical se desenrola, sua estrutura rítmica
é percebida não como uma série de unidades separadas e independentes amarradas umas nas outras de modo
mecânico e aditivo com se fossem contas de uma colar, mas enquanto um processo orgânico em que pequenos
motivos rítmicos com seus próprios formatos e estrutura, também funcionam como partes integrais de uma
organização rítmica maior. (COOPER e MEYER
• Com enfoque mais perceptivo temos outra citação sobre agrupamentos: “O processo de agrupamento é comum
a muitas áreas da cognição humana. .... Para a música o ponto de partida é a série crua de sequencias de
alturas, pontos de ataque, durações, dinâmicas e timbres de uma peça ouvida. O ouvinte ao construir a
estrutura de agrupamentos de uma peça percorre um longo caminho em direção ao sentido dela.....A
característica mais fundamental dos agrupamentos é que eles são ouvidos de forma hierárquica”. (LERDAHL, F. ;
JACKENDOFF, R. 1990, 13)
Alguns fatores que concorrem para delimitação dos agrupamentos:
• Pausa;
• Repetição de nota;
Ex. 1
Repetição de b
Ex. 5 - Reich, Steve, Music for 18 Musicians
• O conceito de modos rítmicos serve de base para a formação de agrupamentos rítmicos como definidos por
Grosvenor Cooper e Leonard Meyer na publicação “The Rhythmic Struture of Music”. Neste caso o conceito de
“agrupamentos rítmicos” não é exclusivamente duracional, mas também acentual. Assim duas notas de mesmo
valor podem configurar um agrupamento rítmico se houver um acento e um não acento e vice versa. Na definição
dos autores, o ritmo “sempre implica a inter-relação entre um pulso simples, acentuado (forte) e um ou dois
pulsos não acentuados (fracos)”.
• Para efeito de agrupamento rítmico são considerados apenas os padrões troqueu, iambo (ou jambo), dátilo,
anapesto, e anfíbraco. Outros modelos da poesia grega com durações de mesmo valor como o espondeu (duas
notas longas), o tríbaco (três notas curtas) ou o pírrico (duas notas curtas) são descartados por não apresentarem
contraste duracional ou acentual. A repetição destes pés da poesia grega clássica acaba por se enquadrar num dos
cinco agrupamentos básicos.
• Os padrões com mais de três elementos também são desconsiderados por serem redutíveis aos cinco padrões
básicos.
A base dos padrões rítmicos está no princípio de que o formato mínimo é constituído sempre por um apoio
métrico e um ou dois não apoios. O apoio pode estar no início, no meio, ou no fim. Um padrão deve conter de dois a três
elementos (pulsos). Na prática analítica aplicada a uma composição, os padrões podem surgir ornamentados
(diminuídos) e para reconhece-los é preciso reduzi-los mentalmente ao seu formato mais simples.
Os agrupamentos rítmicos básicos derivam em grande parte dos modos rítmicos introduzidos por volta do século
XIII (Escola de Notre Dame) e muito semelhantes aos da prosódia clássica (pés gregos).
Troqueu
Iambo
(ou Jambo):
Dátilo:
Anapesto:
Anfíbraco:
Níveis arquitetônicos do ritmo
O ritmo também se articula em níveis de estrutura organizacional (inciso, membro de frase, frase, período etc.). A
estrutura rítmica de uma peça musical por se desenvolver no tempo é percebida não como uma série de eventos
independentes e desarticulados, mas como algo coeso em que as unidades se articulam entre si formando estruturas mais
amplas.
(Cooper & Meyer, 1960, p.6)
• Um agrupamento rítmico mínimo, ou seja, composto por um pulso forte e um ou dois fracos forma o que Cooper e
Meyer denominam “nível rítmico primário”. Tais agrupamentos podem se juntar e formar níveis mais altos definidos
pelas mesmas referências de fraco e forte:
AGRUPAMENTOS RÍTMICOS (Cooper, G. ; Meyer, L. 1971, 9)
• Agrupamento rítmico “é um fato mental, não físico”: não há uma fórmula pronta para a sua delimitação. Músicos
experientes podem divergir na análise dos agrupamentos, pois a performance é uma arte que permite diferentes fraseados
e diferentes interpretações.
• Muitas vezes agrupamentos sonoros podem apresentar certa ambiguidade e é melhor entendê-los assim do que tentar
enquadrá-los à força num padrão fechado e definitivo.
• “Qualquer que seja o nível arquitetônico, um agrupamento rítmico é produto de semelhança e diferença, de proximidade
e separação dos sons percebidos pelos sentidos e organizados pela inteligência”. Fatores como duração de notas,
configuração intervalar da melodia, mudanças harmônicas, variação de textura ou timbre podem definir o arranjo interno
dos agrupamentos em qualquer nível estrutural (ou arquitetônico).
• Os acentos métricos são a referência para os agrupamentos dos pulsos (em geral delimitados pelas barras de compasso),
outros tipos de acento configuram o ritmo e nada tem haver com compassos: “agrupamentos rítmicos não são
respeitadores de barras de compasso”.
• “Qualquer que seja o nível arquitetônico, um agrupamento rítmico é produto de semelhança e diferença, de proximidade
e separação dos sons percebidos pelos sentidos e organizados pela inteligência”. Fatores como duração de notas,
configuração intervalar da melodia, mudanças harmônicas, variação de textura ou timbre podem definir o arranjo interno
dos agrupamentos em qualquer nível estrutural (ou arquitetônico).
• Os acentos métricos são a referência para os agrupamentos dos pulsos (em geral delimitados pelas barras de compasso),
outros tipos de acento configuram o ritmo e nada tem haver com compassos: “agrupamentos rítmicos não são
respeitadores de barras de compasso”.
• “Geralmente sons ou grupo de sons que são semelhantes (em timbre, intensidade, etc.) e próximos uns dos outros (em
tempo, altura, etc.) formam padrões rítmicos fortemente unificados. Diferença e distância entre sons e grupos de sons
tendem a separar padrões rítmicos. Entretanto, embora similaridade tenha tendência de criar coesão, repetição em geral
trabalha pela separação de grupos.”
Os exemplos de padrões rítmicos listados em seguida se referem a agrupamentos fraseológicos relacionados aos
modos rítmicos e sua aplicação no repertório musical clássico. O nível em que a maioria dos exemplos são
apresentados se enquadra, na definição de Cooper e Meyer, no nível arquitetônico primário e simples.
Troqueu
Brahms, Sinf. 2, I
O mesmo padrão trocaico aplicado a um compasso 3/4, no 1º exemplo, pode ser aplicado e a um compasso 4/4, no 2º:
Brahms, Sinf. 1, IV
Iambo Brahms, Sinf. 4, I
Beethoven, Sinf. 7, I
Anapesto
anapestos
Anfíbraco
Schubert: Abertura Zauberharfe
Assinalar os agrupamentos primários nos exemplos seguintes (sugira mais alternativas se for o caso):
Cesar Frank, Variações Sinfônicas
Jobin, A. C. Luiza