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O réu aqui presente, por intermédio de seu advogado signatário, vêm com todo o acato e

respeito à honrada presença de V. Exa., dizer e requerer o que segue:

BREVE RELATO DOS FATOS


A princípio, quadra registrar que, conforme se infere de douta decisão emanada por este r. juízo,
o réu em síntese, encontra-se custodiado, por “supostamente” haver infringido as medidas
cautelares diversas da prisão, constantes do artigo 319 do CPP, lhe impostas.

DO DIREITO
Perdoe-nos Excelência, mas insta consignar que, a Prisão processual, é medida extremada, de
exceção, uma vez que a custódia processual só encontra respaldo legal quando “fatos concretos
vinculados à atuação do réu” venham a demonstrar absoluta necessidade da prisão (periculum
libertartis).

Inexistindo, nos autos, diga-se de passagem, fatos concretos que caracterizem o fumus commissi
delicti e o periculum libertatis, a liberdade provisória é imperativa e dotada de natureza jurídica
de direito fundamental, não podendo ser negada por decisão judicial que afirma, que quanto
aos requisitos da prisão cautelar mormente ao periculum libertatis, a manutenção da prisão
cautelar, encontra-se embasada na garantia de ordem pública em virtude da gravidade do delito
e da necessidade de se preservar a credibilidade da Justiça, sem contudo, propalada decisão
judicial, apontar fatos concretos ligados à pessoa do réu, que evidenciem que sua liberdade,
significará quebra da garantia de ordem pública em virtude da gravidade do delito em abstrato.

Desta forma, constitui direito público subjetivo de qualquer imputado, a concessão da liberdade
provisória como meio de sustentar as garantias fundamentais consagrados pela Constituição da
República. Nem mesmo a gravidade abstrata do crime ou a etiquetação de hediondo, por si só,
constitui elemento a motivar a custódia processual.

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É cedido e solidificado, que a gravidade em abstrato do delito não presume a necessidade de
prisão cautelar, entendimento que predomina, até mesmo, em infrações penais de natureza
hedionda.

Nos termos do Professor NUCCI, a prisão cautelar para garantia da ordem pública deve se pautar
no trinômio: gravidade da infração –repercussão social – periculosidade do agente.
Pois bem, para se auferir a periculosidade do réu deve-se ater à análise dos antecedentes
criminais ou elementos materiais que digam que o réu poderá reiterar em práticas ilícitas. O
que no caso concreto não ocorreu. Até porque, não há nos autos nada que diga que se solto, o
réu, poderá incidir em ilícitos penais.

Cumpre ressaltar que, iterativa jurisprudência, tem entendido que, o descumprimento das
medidas cautelares previstas no artigo 319 do CPP que autoriza a decretação da prisão
preventiva, deve-se dar SOMENTE e desde que estejam presentes os requisitos previstos no
artigo 312 do CPP.

Conforme segue aresto de lavra do presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Ari
Pargendler, nos autos do HC 229.052.
O descumprimento das medidas cautelares previstas no artigo 319 do
Código de Processo Penal autoriza a decretação da prisão preventiva
desde que demonstrada a presença dos requisitos previstos no artigo
312 do mesmo diploma legal - o que não ocorre não espécie. Ante o
exposto, defiro a medida liminar para determinar que o paciente
aguarde o julgamento deste habeas corpus em liberdade, se por outro
motivo não estiver preso. Comunique-se, com urgência1.

1
HC nº 229052 / PA (2011/0308334-8) autuado em 19/12/2011. Ministro ARI PARGENDLER. Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?termo=HC+229.052&aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGeneri
ca&chkordem=DESC&chkMorto=MORTO. Acesso em: 08/03/2018.
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Logo, é de se notar que o artigo 316 do CPP, aduz que o Juiz poderá revogar a prisão preventiva
se, no decorrer do processo, verificar a falta de motivo para que a segregação subsista.

DOS PEDIDOS
Desta forma, restando provado que não subsiste mais o fundamento da
necessidade para garantir a ordem pública, em face do réu, não se fazendo mais presentes os
requisitos que autorizem a prisão preventiva nos termos do artigo 312 do Código de Processo
Penal, REQUER nas iras do artigo 316 do mesmo Diploma Legal, pela revogação da prisão
preventiva em pauta. É o que desde já se requer.

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