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PONTA GROSSA
2018
BIANCCA CUNHA HAMBERLAND
PONTA GROSSA
2018
BIANCCA CUNHA HAMBERLAND
Rupi Kaur
RESUMO
O presente trabalho utilizou-se da metodologia estatística de Taguchi para a
otimização da moldagem por injeção do Polipropileno Copolímero Aleatório (PPr),
analisando a influência dos parâmetros do processamento – temperatura do molde,
temperatura do fundido e velocidade de injeção – através da interpretação dos
resultados de ensaios mecânicos e térmicos. A análise das comparações dos testes
de Tukey também foi aplicada, para os valores obtidos de resistência à tração e
resistência ao impacto, determinando os parâmetros e condições que possuíam
médias com diferenças significativas segundo o ponto de vista estatístico
considerando um intervalo de confiança de 95%, garantindo grande acurácia aos
resultados. Com os ensaios de calorimetria diferencial exploratória (DSC) e de
difração de raios-x (DRX) pode-se verificar os teores cristalinos das amostras de PPr
copolímero. A temperatura do molde foi a variável com maior influência na
cristalinidade – maiores temperaturas produziram amostras com maior grau de
cristalinidade. Para os resultados de resistência à tração tanto a temperatura do molde
e do fundido influenciaram as amostras, assim como a velocidade de injeção. Através
dos resultados apresentados chegou-se à conclusão que em critérios de
processabilidade, o PPr injetado na condição 4 (temperatura do molde de 45°C e
temperatura do fundido de 240°C) na velocidade de 110 cm³/s apresentou bom
desempenho mecânico e grau de cristalinidade, além de propiciar um ciclo de injeção
mais curto, permitindo a produção de mais peças mantendo a qualidade e a boa
performance. Porém, do ponto de vista da engenharia, as diferentes condições de
injeção não mostraram diferenças significativas, tanto entre si, quanto aos resultados
previstos para o PPr.
ABSTRACT
The present work used the methodology of trend analysis of the polymer
injection molding process, Taguchi method, with the analysis of the influence of the
melt temperature, mold temperature and the injection speed through the interpretation
of the results of mechanical and thermal tests. Tukey test comparisons were also
applied, determining the parameters and conditions that showed a significant variation
according to the statistical point of view and considering a 95% confidence interval,
guaranteeing great acuracy in the results. With the differential scanning calorimetry
(DSC) and X-ray (XRD) tests, also the crystalline contents of the samples of PPR
copolymer were analyzed. The temperature of the mold was the variable with the
greatest influence on the crystallinity – higher temperatures produced samples with
greater crystallinity degree. For the tensile strength results both the mold and the melt
temperature influenced the samples as well as the injection speed. Considering the
processability, the PPr injected in condition 4 (mold temperature of 45°C and melt
temperature of 240°C) at a speed of 110 cm³/s showed good mechanical performance
and high degree of crystallinity, in addition to providing a shorter injection cycle,
allowing the production of more parts maintaining quality and good performance.
However, from the engineering point of view, the different injection conditions did not
show significant differences between them, as well as the results predicted for PPr.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Taticidade do Polipropileno.......................................................................19
condições de injeção..................................................................................................57
Gráfico 1 – Pico da primeira entalpia da curva de DSC para amosta de PPr injetada
Gráfico 2 – Pico da primeira entalpia da curva de DSC para amostra de PPr injetada
condições...................................................................................................................68
LISTA DE EQUAÇÕES
2 OBJETIVOS ............................................................................................. 18
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................ 19
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 52
56
16
1 INTRODUÇÃO
Os termoplásticos são materiais utilizados amplamente por conta do seu ótimo
desempenho sob impacto, sendo aplicados em produtos como
estruturas automotivas e componentes eletrônicos, e até embalagens. Um dos
polímeros termoplásticos mais utilizados é o Polipropileno (PP), um polímero versátil
com várias aplicações comerciais. (1)
O Polipropileno é comercializado em diferentes formas, sendo as mais comuns:
homopolímero, copolímero aleatório ou copolímero resistente ao impacto. No presente
trabalho, utilizou-se o Polipropileno Copolímero Random, que tem incorporado em sua
composição pequenas quantidades de etileno, espalhadas aleatoriamente pela cadeia
principal, diminuindo a cristalinidade do material, e consequentemente afetando as
propriedades mecânicas e térmicas, além das alterações no processamento do
material. (1,2)
O Polipropileno Copolímero Random (PPr) é caracterizado por possuir
temperatura de fusão mais baixa que o homopolímero apresenta, por sua flexibilidade,
maior transparência e principalmente pelos bons resultados de resistência ao impacto.
(2)
A moldagem por injeção é o processo mais utilizado para a transformação de
termoplásticos, caracterizado por sua versatilidade, precisão dimensional e
automatização, além de ser um processo confiável e garantir uma alta produção. Pode
produzir desde peças de pequenas utilidades de geometria simples até peças com
geometrias complexas. (3)
O processo de injeção é cíclico e é composto por várias operações, podendo-
se definir a moldagem basicamente por um maquinário com roscas recíprocas que
fundem ou amolecem o material polimérico através do aquecimento e cisalhamento,
para que ele seja injetado em um molde – o material é forçado para o interior do molde
onde será solidificado. Divide-se em duas etapas principais, os procedimentos
primários acontecem fora da unidade de injeção, que são: o transporte do sólido,
amolecimento do polímero, mistura, pressurização e fluxo; e a segunda etapa é
caracterizada pela moldagem do material na forma desejada, e acontece dentro da
cavidade do molde da máquina injetora. (4)
A moldagem por injeção possui três principais variáveis que são tempo,
temperatura e pressão, que podem interferir no produto final. Existem métodos de
estudo das influências dessas variáveis que visam a otimização das mesmas no
17
2 OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL:
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1. POLÍMEROS TERMOPLÁSTICOS:
(a)
(b)
(c)
Fonte: CANEVAROLO JR, 2006 (6)
3.1.1.1. CRISTALINIDADE:
Isotático
Intensidade relativa
Sindiotático
Atático
3.2.1.1.2. Rosca:
Está localizada no cilindro e tem como função primária trazer o material do funil
para a zona de aquecimento do barril. Outra função é misturar e homogeneizar o
polímero fundido, além de gerar calor através do contato (fricção) para aumentar a
temperatura do material. Resumidamente a rosca no processo de injeção tem as
funções de transporte, compressão, fusão, homogeneização e dosagem do
material.(17)
a) Zona de alimentação: por fim, essa zona estabiliza o fluxo do material e gera
pressões para garantir a plastificação. Na zona de alimentação a temperatura
é homogeneizada, e, se for o objetivo, é garantida a mistura do polímero com
aditivos. Nessa região o cisalhamento sofrido pelo polímero é de alto grau. (17)
b) Zona de compressão: acelera a transformação do polímero do estado sólido
para o estado fundido, tendo como função principal a compressão e fusão do
material, além da homogeneização. A fusão tem início na zona de dosagem,
mas em alguns casos não é finalizada até o final da rosca (no caso de materiais
com baixo índice de fluidez ou materiais reciclados). Nessas situações o fim da
fusão do material ocorre durante o tempo de espera antes da injeção, na parte
frontal da rosca. (17)
O comprimento da zona de compressão é de extrema importância, se for muito
longo, pode diminuir a taxa de fusão nessa zona, e se for muito curto pode
27
degradar o polímero que está sendo injetado. Essa medida pode ser calculada
para cada tipo de polímero e rosca através de equações que especificam o
mecanismo de fusão. (17)
c) Zona de dosagem: é responsável pelo transporte do polímero que ainda se
encontra na forma de grânulos, peletes ou pó.
A razão “comprimento/diâmetro” ou L/D – proveniente da expressão em inglês,
length/diameter – é considerada a especificação mais importante da rosca.
Para os polímeros termoplásticos essa razão tem o valor aproximado de 14:1.
(17)
3.2.1.1.3. Cilindro de plastificação:
Geralmente o bico de injeção possui a ponta esférica que permite uma área de
contato menor com o molde, impedindo a solidificação do material na saída do bico
ou o aquecimento do molde. Porém essa geometria pode levar à degradação do
material injetado por conta do alto cisalhamento. (19)
3.2.1.2.1. Molde:
Macho Fêmea
Para que a solidificação do material seja possível e assim a peça ser removida,
é necessário que o molde seja resfriado. A temperatura do molde é controlada por um
sistema de refrigeração, geralmente água é utilizada como fluido circulante para atingir
as temperaturas necessárias. Após a injeção o polímero fundido resfria e solidifica
29
A moldagem por injeção não é um processo contínuo, mas sim intermitente que
segue um ciclo, conhecido como “ciclo de injeção”. Nesse ciclo existem etapas que
seu início se dá após o fim da etapa anterior, e etapas que ocorrem
concomitantemente. Considera-se um ciclo com etapas sequenciais da rosca e um
ciclo com etapas sequenciais do molde, porém esses dois ciclos são
interdependentes. (17)
Para que seja obtido um ciclo total de injeção, é realizada uma “soma” do ciclo
da máquina e o tempo necessário para que sejam retiradas as peças injetadas até o
fechamento da porta de segurança e o início de um novo ciclo. O ciclo da máquina é
composto pelo tempo de injeção, tempo de resfriamento da peça, e pelos tempos de
abertura e fechamento do molde. (17)
comportamento borrachoso com menos rigidez por conta do início da mobilidade das
cadeias. (6)
O teste Izod consiste em um pêndulo que é liberado de uma altura fixa e que
oscila para bater e quebrar a amostra posicionada no ponto mais baixo da oscilação,
e posteriormente continua o movimento até uma altura máxima que é medida no final
da primeira oscilação – o princípio do movimento pendular do martelo é apresentado
na Figura 12. O entalhe realizado nas amostras possui dimensões controladas e imita
37
está relacionado às variações que podem acontecer durante a produção e que geram
inconsistências entre partes, como a variação de propriedades entre matérias primas.
Estes ruídos são os principais causadores dos desvios de resposta, tornando assim
essencial a identificação das variáveis que podem diminuir a susceptibilidade do
processo ou do produto para que a qualidade seja constante. (30)
corretos para cada uma das variáveis – a escolha é baseada em conceitos teóricos e
experiências com o produto ou processo. (35)
Existem três formas essenciais da relação S/N, que estão definidas abaixo com
suas respectivas fórmulas apresentadas na Equação X, Y e Z:
r
Fonte: (38)(adaptado)
46
Fonte: (38)
47
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.6. MATERIAIS:
4.6.1. POLIPROPILENO COPOLÍMERO ALEATÓRIO:
Utilizou-se o polipropileno copolímero aleatório com eteno, o RP 347, fornecido
pela Braskem. As principais características do polímero dessa especificação estão
apresentadas na Tabela 1 abaixo:
Tabela 1 – Características do RP 347
Característica Valor
Densidade 0,902 g/cm³
Resistência à tração 30 MPa
Alongamento 14%
Resistência ao Impacto Izod 55 J/m
Dureza Rockwell 83 R
Índice de Fluidez (230°C/2,16kg) 10 g/10 min
Opacidade 16%
Fonte: BRASKEM (10)
4.7. MÉTODOS:
4.7.1. Moldagem por injeção:
As amostras foram processadas pela Injetora disponível no Laboratório Geral
do Departamento de Engenharia de Materiais da UEPG, modelo BOY 55M,
apresentada na Figura 15. Através do molde utilizado, foram obtidas uma amostra
para ensaio de tração e duas amostras para ensaio de impacto.
Figura 15 – Injetora BOY 55M
Fonte: A autora
No processo de injeção das amostras, foram variadas as temperaturas do
molde e a temperatura do fundido, conforme o resultado obtido pelas matrizes
ortogonais de Taguchi. Através de uma análise, identificaram-se dois fatores
controláveis que podem minimizar o efeito dos fatores de ruído, sendo eles as
temperaturas do molde e do fundido. Assim, foi realizada uma manipulação dos
48
Fonte: A autora
Seguindo o que é proposto pela norma, os corpos de prova foram mantidos em
ambiente controlado durante 48 horas antes da realização do ensaio – temperatura
49
AMOSTRA
PROFUNDIDADE
TORNO
TORNO
MÓVEL
FIXO
Fonte: A autora
4.7.2.3. Calorimetria Diferencial Exploratória (Differential Scanning
Calorimetry):
A técnica de DSC foi utilizada principalmente para a determinação da
cristalinidade (por meio da entalpia de fusão) do PP injetado nas diferentes condições.
Foram preparadas amostras padronizadas de 7 miligramas, extraídas dos corpos
injetados de cada condição de injeção.
Os testes foram realizados em um calorímetro diferencial de varredura
Shimadzu DSC-60, apresentado na Figura 20, as amostras foram aquecidas sob uma
temperatura inicial de 40°C a uma taxa de aquecimento de 10°C/min até atingir 200°C,
mantendo essa temperatura por 3 minutos com o objetivo de eliminar a história térmica
das amostras, para depois serem resfriadas a uma taxa de 10°C/min até atingirem
novamente 40°C. Foram realizados dois ciclos de aquecimento e resfriamento.
Figura 20 – Equipamento Shimadzu DSC-60
Fonte: a autora.
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REFERÊNCIAS
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Molding of Thermoplastics. Hanser Gardner Publications, EUA, 2006.
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1940.
(8) MAIER, C., CALAFUT, T. Polypropylene: The definitive user’s guide and
2007.
(12) REN, Qilin et al. Toughened polypropylene random copolymer with olefin block
copolymer. Materials & Design, (s.l.), v. 107, p.295-301, out. 2016. Elsevier BV
(13) TANG, Jian et al. Super-toughed polymer blends derived from polypropylene
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(20) ZEMA, Lucia et al. Injection Molding and its application to drug delivery. Journal
(21) OLMSTED, B. A., DAVIS, M. E. Pratical Injection Molding. New York: Marcel
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Injection Molding A Review. Procedia Cirp, (s.l.), v. 67, p.380-385, 2018. Elsevier BV
(24) CHEN, Z., TURNG, L. A Review of Current Developments in Process and Quality
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2004.
Mecânicas, 2011. p. 1 - 8.
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new product design and development process. Assembly Automation, (s.l.), v. 26, n.
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2017
(39) ASTM – American Society for Testing Materials. ASTM D638 – 02a – Standard
Test Method for Tensile Properties of Plastics. In: Annual Book of ASTM Standards,
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56
(40) ASTM – American Society for Testing Materials. ASTM D256 – 10 – Standard
Test Methods for Determining the Izod Pendulum Impact Resistance of Plastics.
<http://www.innova.com.br/arquivos/documentos/relatorio/artigo/56785d1a2586a.pdf
1021, 2005.
<http://moldesinjecaoplasticos.com.br/tabelas-com-valores-para-aplicacoes-de-
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(47) KIAM, T. M., PEREIRA, N. C. Estudo de caso de peça moldada pelo processo de
(SciELO).
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