Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TEXTO A
A Peste Negra
O séc. XIV foi um período marcado por sucessivas crises que, por toda a Europa,
semearam a fome, a doença, a guerra e a revolta. Mas foi também um período anunciador
de grandes mudanças políticas, económicas e sociais.
Em Portugal, esta crise manifestou-se principalmente
a partir de finais de 1348, ano em que a Peste Negra
atinge o reino, matando, em menos de um
ano, aproximadamente um terço da população
portuguesa. Não se conhecem números exatos, e
muitos sustentam ter a peste vitimado mais de metade
da nossa população.
A Peste Negra, ou Peste Bubónica, a pandemia mais
mortífera da história da Europa, provocou a morte de
sessenta milhões de pessoas. No continente europeu,
estima-se que tenha vitimado pelo menos um terço da
população em geral, sendo o auge da peste entre os
anos de 1346 e 1353.
A primeira consequência, no plano económico, foi uma diminuição acentuada da mão-de-
obra disponível, que atingiu sobretudo e em primeiro lugar, a agricultura. Pouco antes da
Peste atingir a Europa, secas e inundações sucessivas tinham arruinado, por vários anos,
as colheitas de extensas regiões, diminuindo drasticamente os rendimentos da Nobreza e
do Clero, e condenando à fome grande parte dos camponeses.
Assim, os campos, outrora férteis, estavam agora ao abandono, pois os que tinham
sobrevivido à fome e à Peste eram poucos e exigiam melhores salários para continuarem
a trabalhar as terras da Nobreza e do Clero.
Muitos foram assim, os que fugindo à servidão e à miséria abandonaram os campos,
procurando nas cidades ocupação no comércio e nos ofícios.
https://historiarn.blogs.sapo.pt
Só quando se aproximaram da Torre de Belém é que se lembraram que não era fácil.
Andava por ali muita gente a passear, grupos de turistas, mães com criancinhas pequenas...
como haviam de fazer para entrar na máquina do tempo sem que ninguém desse por nada?
Orlando, no entanto, não parecia preocupado. Era homenzinho amável, baixo e redondo, com
5 pouco cabelo, bigode branco e duas rosetas vermelhas na cara. Ninguém diria que era um
sábio, se não fossem os olhos, tão azuis, tão vivos, tão inteligentes.
A passo rápido, dirigiram-se à ponte de madeira que dá acesso à porta da Torre.
O velho cientista afastou-se um pouco e chamou-os:
— Hoje de manhã estacionei a máquina do tempo na cave. Agora temos de ir até lá
10 discretamente...
— Mas a máquina não está invisiv́ el?
— Está, claro. E nós também vamos ficar...
— O quê? Vamos ficar invisiv́ eis?
— Não temos outra hipótese – suspirou o cientista. A última coisa que eu quero é
15 chamar a atenção das pessoas.
Do bolso, Orlando retirou então uma caixinha brilhante, cuja tampa deslizava ao som
de um assobio. No fundo havia algumas pastilhas transparentes.
— Como é que se toma? — perguntou o João, com os dedos estendidos para dentro
da caixa.
20 — Tira, tira. Basta que mastigues como quem mastiga uma pastilha elástica. Em poucos
segundos tornas-te invisível.
— E como é que voltamos ao normal? A voz da Ana soava um pouco preocupada.
— Oh! Não te preocupes. Isso tem um tempo de ação muito curto. Chega para
entrarmos na máquina a correr, e pouco mais!
25 Orlando agarrou os seus amigos pela cintura num gesto amigável e conduziu-os para
trás de uns arbustos.
— Vamos, meninos, despeçam-se do nosso século. Sirvam-se, vá! — pediu Orlando,
estendendo-lhes a apetitosa caixinha.
Cada um tirou a sua pastilha e, antes de a levar à boca, certificaram-se de que não
estava ninguém a olhar. Depois, zlup! chlep!, puseram-se a mastigar com força.
Estupefacto, o João viu desaparecer os seus próprios pés de cima do relvado e ia a soltar
30 uma exclamação quando sentiu os dedos vigorosos de Orlando crisparem-se-lhe no pulso.
— Venham comigo, não há tempo a perder!
Atarantados, seguiram o cientista, mal acreditando que, de facto, estavam invisíveis.
Orlando conduziu-os rapidamente para a cave e empurrou-os para dentro da máquina,
cuja porta fizera funcionar, acionando os botões de um monitor.
35 — Depressa... Vão apertando os cintos...
— É verdade! Os cintos! Já não me lembrava.
— Ana, Ana! É bom que não te esqueças, os cintos são importantiś simos. Se tirarem
os cintos durante a viagem, desintegram-se quase instantaneamente!
— E os pais? — lembrou a Ana, um pouco apreensiva. — Se chegam a casa e não nos
40 veem, ficam aflitiś simos.
— Agora és tu que não te lembras... as viagens no tempo têm uma particularidade:
cada dia passado noutra época, é um minuto passado na nossa época. Portanto, minha
querida mana, se lá ficarmos um mês, no regresso só passou meia hora!
— É isso mesmo. E agora toca a andar — propôs Orlando apressado.
45 — Vai ser uma meia hora inesqueciv́ el, hã? — disse o João beliscando o braço da Ana
com toda a força.
— E as roupas? — perguntou o João. — Se vamos passear para outra época assim
vestidos, perseguem-nos como da primeira vez...
50 Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, O ANO DA PESTE NEGRA
Ler e Compreender
1. Seleciona a opção (X) que permite obter a afirmação adequada ao sentido do texto.
1.6. “Depois, zlup! chlep!, puseram-se a mastigar com força. (linha 28)
As palavras sublinhadas são onomatopeias que
a) transmitem o som da caixinha das pastilhas a abrir.
b) o ruído produzido pelos meninos ao mastigar.
c) o barulho da porta a fechar.
d) o som dos passos do cientista.
_________________________________________________________________
3. Com base nas afirmações contidas no 1º parágrafo, caracteriza Orlando.
4. Antes de entrar na máquina do tempo, Ana e João deveriam passar por um processo
de transformação. Qual?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Gramática
1. Indica as funções sintáticas dos elementos sublinhados.
a. O sábio entregou-lhes as pastilhas. _____________________________________
b. Chegou a hora! _____________________________________
c. Meninos, estão prontos? _____________________________________
d. A máquina estava escondida. _____________________________________
e. O cientista encaminhou as crianças. _____________________________________
2. Preenche o quadro colocando as palavras sublinhadas no espaço adequado.