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A literatura e textos criados pelos indígenas mesoamericanos são os mais antigos que se conhecem das Américas sobretudo por duas
razões: primeiro, o facto de as populações nativas da Mesoamérica terem sido as primeiras a entrar em contacto intensivo com
europeus, assegurando assim que muitas amostras de literatura mesoamericana fossem documentadas sob formas duradouras e
inteligíveis. Em segundo lugar, a longa tradição da escrita mesoamericana que indubitavelmente contribuiu para que os nativos
mesoamericanos adoptassem prontamente o alfabeto latino dos espanhóis, criando muitas obras literárias escritas durante os
primeiros séculos a seguir à conquista do México. Este artigo resume o conhecimento actual sobre as literaturas indígenas da
Mesoamérica no seu sentido mais amplo e descreve-as segundo o seu conteúdo literário e funções sociais.
Índice
Literatura pré-colombiana
Literatura linguística versus literatura pictórica
Inscrições monumentais
Códices
Literaturas pós-conquista escritas em grafia latina
Relatos históricos
Documentos administrativos
Narrativas mitológicas
Poesia
Teatro
Relatos etnográficos
Colecções de tratados vários
Referências
Literatura pré-colombiana
Ao definir literatura no seu sentido mais lato como incluindo todos os produtos da "literacia" o que se torna sobremaneira interessante
sobre uma comunidade literata é o uso que ela dá a essa capacidade. Por outras palavras, sobre que escreviam e falavam as pessoas
dessa comunidade? E porque o faziam? Quais os géneros literários encontrados na Mesoamérica? A resposta a esta questão é
complexa e é o tema do que segue deste artigo, no qual se tentará descrever e resumir o que se sabe sobre os géneros e funções das
literaturas indígenas da Mesoamérica.
As gravuras são por vezes lidas foneticamente e textos que supostamente deveriam ser lidos são por vezes de natureza muito
pictórica. Tal torna difícil aos estudiosos actuais a tarefa de distinguir se uma inscrição em escrita mesoamericana representa uma
língua falada ou se deve ser interpretada como um desenho descritivo. O único povo mesoamericano que sabe sem sombra de dúvida
ter desenvolvido um sistema de escrita completamente glotográfico ou fonético foi o povo maia, e mesmo a escrita maia é em grande
medida pictórica e muitas vezes apresenta fronteiras pouco nítidas entre imagens e texto. Os estudiosos discordam da foneticidade de
outras escritas e estilos iconográficos mesoamericanos, mas muitos muitos deles mostram a utilização do princípio de rébus e um
conjunto de símbolos altamente convencionalizado.
Inscrições monumentais
As inscrições monumentais eram muitas vezes registos históricos das cidades-estado. Entre os exemplos mais famosos incluem-se:
Escadaria Hieroglífica deCopán, onde está registada a história de Copán por meio de 7 000 glifos nos seus 62
degraus.
As inscrições de Naj Tunich registando a chegada de peregrinos nobres à caverna sagrada.
As inscrições na tumba dePacal, o famoso governante dePalenque.
As muitas estelas de Yaxchilán, Quiriguá, Copán, Tikal e Palenque e de inúmeros outros sítios arqueológicos maias
Outra função destes tipos de inscrições históricas era servirem para consolidarem o poder dos governantes que as utilizavam também
como um tipo de testemunho propagandístico desse mesmo poder. Mais frequentemente os textos hieroglíficos monumentais
descrevem:
Governação: ascensão e morte de governantes, e a reclamação de ascendência de
linhagens nobres.
Guerra: vitórias e conquistas.
Alianças: casamentos entre linhagens.
Dedicações de monumentos e construções.
O renomado epigrafista David Stuart escreveu o seguinte acerca das diferenças de conteúdo entre os textos
hieroglíficos monumentais de Yaxchilán e de Copán:
Narrativas históricas
;Códices mixtecas
Códice Bodley
Códice Colombino-Becker
Códice Nuttall (Relato da vida e tempos do governante
Oito Veado Jaguar Garra e das dinastias Tilantongo,
Tozacoalco e Zaachila).
Códice Selden
Códice Vindobonensis
;Códices astecas
Administrativo
Origens centro-mexicanas:
Códice Borbónico
Códice Magliabechano
Códice Cospi
Códice Vaticanus B (ou Códice Vaticanus 3773)
Códice Fejérváry-Mayer
Códice Laud
Códices maias:
Códice de Paris
Códice de Madrid
Códice de Dresden
Códice Grolier
Nos primeiros séculos pós-conquista, foi produzido um grande número de textos em línguas mesoamericanas. Tal corpo literário,
após cem anos de estudo, permanece conhecido apenas superficialmente e lar
gamente desconhecido do grande público.
Relatos históricos
Muitos dos textos pós-conquista são relatos históricos, quer sobre a forma de anais que relatavam ano a ano os acontecimentos de um
povo ou cidade-estado muitas vezes baseando-se em documentos pictóricos ou relatos orais dos membros mais idosos das
comunidades. Mas também, por vezes, relatos literários personalizados sobre a vida de um povo ou estado e quase sempre
incorporando dados históricos reais, míticos e materiais. Não existia uma distinção formal entre estes dois tipos de literatura na
Mesoamérica. Por vezes, como no caso do Chilam Balam maia, os relatos históricos dos livros incorporavam também material
profético, um tipo de história adiantada.
Anais
Historias
Documentos administrativos
A situação dos povos indígenas da Mesoamérica no período pós-conquista também os obrigou a aprender a navegar num novo e
complexo sistema administrativo. De forma a obterem quaisquer tipos de posições favoráveis, requerimentos e petições tinham de ser
feitos às novas autoridades e a posse das terras e heranças tinham de ser provadas. Esta situação teve como resultado uma grande
quantidade de literatura em línguas indígenas, pois os documentos eram muitas vezes escritos primeiramente na língua nativa e só
depois traduzidos para o espanhol. Entre este tipo de documentos incluem-se em grande número:
Títulos (pretensões ao poder por demonstração de pertença a uma linhagem nobre pré-colombiana)
Petições (por exemplo petições solicitando a redução de impostos ou queixas sobre senhores abusadores)
Testamentos e documentos de alegação de propriedade.
Narrativas mitológicas
A literatura mesoamericana mais extensamente estudada, provavelmente porque é a mais interessante pelos padrões actuais, é a
literatura contendo narrativas mitológicas e lendárias. Os estilos destes livros são muitas vezes muito poéticos e apelativos ao sentido
estético moderno quer pela linguagem poética quer pelo seu conteúdo "místico" exótico. Muitas vezes, porém, as narrativas
mitológicas são confundidas com relatos históricos devido à falta de distinção entre mito e história nas culturas mesoamericanas.
Enquanto que muitos realmente incluem acontecimentos históricos reais, os textos mitológicos podem frequentemente ser
distinguidos pelo seu enfoque na alegação de poder baseada numa origem mítica, ao traçarem a linhagem de um povo até alguma
antiga fonte de poder.
Poesia
Foram conservadas algumas colecções famosas de poesia asteca. Apesar de escritas em finais do século XVI, crê-se que sejam
relativamente representativas do verdadeiro estilo de poesia utilizado em tempos pré-colombianos. Muitos dos poemas são atribuídos
a governantes astecas nomeados, comoNezahualcoyotl. Uma vez que os poemas foram transcritos numa data posterior, os estudiosos
discutem se estes serão os seus verdadeiros autores. Muitos dos textos míticos e históricos apresentam também qualidades poéticas.
Poesia asteca
Cantares Mexicanos
Romances dos Senhores da Nova Espanha
Poesia maia
Cantares de Dzitbalché
Teatro
Rabinal Achí
Teatro Nauatle
Relatos etnográficos
Códice florentino (obra-prima de Bernardino de Sahagúnde um relato etnográfico contido em 12 volumes).
Coloquios y doctrina Christiana(também conhecidos como os diálogos de Bancroft. Descrição dos primeiros
diálogos entre astecas e monges pregando o cristianismo.)
Referências
1. Sampson
2. «David Stuart» (https://web.archive.org/web/20081216020327/http://www .peabody.harvard.edu/Copan/text.html#).
Consultado em 9 de abril de 2008. Arquivado do original (http://www.peabody.harvard.edu/Copan/text.html#)em 16
de dezembro de 2008
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