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NATAL – RN
2008
LIDYANNE KALINE SOUSA DO NASCIMENTO
NATAL – RN
2008
LIDYANNE KALINE SOUSA DO NASCIMENTO
APROVADA EM _______/______/______
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Elias Nunes
Programa de Pós-Graduação em Geografia, UFRN – Orientador
________________________________________________________________
Profª. Drª. Rita de Cássia Ariza da Cruz
Programa de Pós-Graduação em Geografia, USP – Membro Externo
__________________________________________________________________
Profª. Drª. Maria Edna Furtado
Programa de Pós-Graduação em Geografia, UFRN – Membro Interno
Dedico este trabalho a Deus, pelo
dom maior da vida, e a minha mãe.
AGRADECIMENTOS
Gráfico 1 Sexo........................................................................................... 48
Gráfico 2 Faixa etária................................................................................ 49
Gráfico 3 Profissão................................................................................... 50
Gráfico 4 Naturalidade............................................................................... 51
Gráfico 5 Presença nesta localidade outras vezes................................... 51
Gráfico 6 O que motivou a visita............................................................... 53
Gráfico 7 Motivo que levaria a voltar......................................................... 53
Gráfico 8 Nível de satisfação em relação ao lugar.................................... 54
Gráfico 9 Sugestões para melhoria da localidade..................................... 54
Gráfico 10 Sexo.......................................................................................... 56
Gráfico 11 Faixa etária................................................................................ 56
Gráfico 12 Escolaridade.............................................................................. 57
Gráfico 13 Ramo de atividade..................................................................... 58
Gráfico 14 Conhecimento das transformações na dinâmica sócio-
espacial e cultural da localidade............................................ 59
Gráfico 15 Existência de impactos sociais, ambientais e econômicos
provocados pelo turismo na localidade..................................... 60
Gráfico 16 Criação de política de valorização cultural, valorização do
artesanato, do patrimônio histórico............................................ 60
Gráfico 17 Sexo.......................................................................................... 61
Gráfico 18 Faixa etária................................................................................ 62
Gráfico 19 Escolaridade.............................................................................. 63
LISTA DE MAPAS
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO............................................................................ 13
2 RELAÇÃO TURISMO E ESPAÇO.............................................. 20
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÁREA EM
ESTUDO...................................................................................... 28
4 DO TURISMO DE PASSAGEM AO DESENVOLVIMENTO 41
4.1 DADOS GERAIS......................................................................... 47
4.1.2 Perfil do entrevistado: turista................................................... 47
4.1.2.1 Sexo............................................................................................. 48
4.1.2.2 Faixa etária.................................................................................. 48
4.1.2.3 Profissão...................................................................................... 49
4.1.2.4 Naturalidade................................................................................ 50
4.1.3 Perfil do entrevistado: comerciante......................................... 55
4.1.3.1 Sexo............................................................................................. 56
4.1.3.2 Faixa etária.................................................................................. 56
4.1.3.3 Escolaridade................................................................................ 57
4.1.3.4 Ramo da atividade....................................................................... 57
4.1.4 Perfil do entrevistado: comunidade local............................... 60
4.1.4.1 Sexo............................................................................................. 61
4.1.4.2 Faixa etária.................................................................................. 61
4.1.4.3 Escolaridade................................................................................ 62
5 TURISMO E MEIO AMBIENTE................................................... 66
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................ 97
REFERÊNCIAS........................................................................... 100
APÊNDICES................................................................................ 106
APÊNDICE A – Secretaria do Meio Ambiente............................ 107
APÊNDICE B – Secretaria de Turismo........................................ 109
APÊNDICE C– Comerciantes antigos e associações................. 111
APÊNDICE D– Comunidade Local.............................................. 113
1 INTRODUÇÃO
13
Trata-se de uma prática social que envolve em seu escopo vários agentes
que possuem interesses distintos. Dessa forma, podemos afirmar que o Turismo é
uma atividade econômica que se distingue das demais atividades preexistentes,
dadas suas particularidades no que diz respeito ao processo de produção dos
espaços. Para refletimos acerca dessa multiplicidade de questões que o Turismo
suscita, devemos voltar nosso olhar para a Geografia do Turismo, campo da Ciência
Geográfica que lida com essa complexidade.
A presente pesquisa encontra-se inserida nos estudos relativos à
problemática socioespacial e ambiental litorânea. A temática concernente a este
estudo geográfico diz respeito à análise das transformações espaciais e suas
implicações socioambientais emergentes no processo de organização do espaço
litorâneo nos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, Região Metropolitana de Natal,
situados no Estado do Rio Grande do Norte1, a partir dos anos de 1990, dando uma
maior ênfase à inserção da atividade turística.
O município de Extermoz encontra-se na latitude 5º 42´04´ sul, possui uma
área de 126 Km 2 , equivalente a 0,25% da superfície estadual e uma população,
conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2007), de
21.792 habitantes, distante 25 Km da capital. Seis praias compõem o referido
município, a saber: Redinha Nova, Santa Rita, Genipabu, Barra do Rio, Graçandu e
Pitangui. Na latitude 5º 38´ 04´´sul, localiza-se o município de Ceará-Mirim,
compreendendo uma área de 740 Km 2 , representando 1,37% da superfície estadual
e uma população de 65.450 habitantes, distante 38 Km de Natal. Jacumã, Porto
Mirim e Muriú são as praias que compõem este município. A população total dos
dois municípios é de 87.242 habitantes; dessa soma, estima-se que 10% se
concentram no litoral, correspondendo a aproximadamente 8.725 habitantes (IBGE,
2007).
Os municípios em estudo possuem latitudes baixas, o que proporciona altas
temperaturas durante todas as estações do ano, porém, é válido ressaltar que essa
característica não constitui uma particularidade apenas desses municípios; condiz
com a realidade do litoral potiguar como um todo.
1
Vide Mapa 1.
14
Mapa 1: Localização da área em estudo.
Fonte: CPRM
15
Historicamente, o processo de produção dos municípios de Extremoz e
Ceará-Mirim aconteceram atrelados a atividades pertencentes ao setor primário,
como a agricultura, pecuária e a pesca, responsáveis pelo sustento da maioria da
população local. A carcinicultura é uma outra atividade dos municípios. Ela teve
início no final da década de 1990. No caso específico do município de Ceará-Mirim,
a atividade canavieira foi, durante muito tempo, a responsável por sua dinamização.
Atualmente essa atividade se encontra em menor expressividade, dando lugar ao
cultivo irrigado do mamão, o qual vem sendo produzido principalmente para
exportação.
O Turismo constitui-se na mais recente atividade econômica instalada nos
municípios em evidência; nestes desenvolve-se um processo de ocupação dos
espaços litorâneos, através das instalações de equipamentos e serviços que
propiciam o consumo do espaço Turístico.
16
Neste contexto, no âmbito do presente estudo está a análise de que a
instalação da atividade turística na faixa litorânea dos municípios de Extremoz e
Ceará-Mirim/RN, enquanto inovação econômica, tem provocado transformações
espaciais, socioeconômicas e ambientais no processo de organização do espaço
litorâneo em estudo, sugerindo, portanto, novas relações de trabalho, crescimento
urbano, problemas ambientais como aumento de resíduos sólidos e líquidos,
degradação da cobertura vegetal e contribuição para o aumento da contaminação do
aqüífero.
Neste contexto, para o desenvolvimento desta pesquisa, procederemos ao
estudo do processo de transformação da faixa litorânea dos municípios de Extremoz
e Ceará-Mirim, com base no desdobramento da atividade turística, tendo como
recorte temporal o período de 1997 a 2007, correspondendo ao momento de
importância da intervenção público-privada, que a partir do PRODETUR2, teve a
base para o incremento das suas potencialidades.
Por fim, o objetivo geral constitui-se em analisar o processo de organização
da faixa litorânea dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim/RN, tendo por base as
transformações espaciais, bem como implicações socioambientais ocorridas com o
desenvolvimento da atividade turística. Alguns questionamentos são de grande
relevância para nortear esta pesquisa; indaga-se: como ocorre a dinâmica da
atividade turística na faixa litorânea dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, em
relação à produção, comercialização e geração de emprego? Quais os impactos
ambientais decorrentes no uso do solo do litoral por esta atividade? Como o poder
público enxerga essa relação que se dá entre a atividade turística e seus impactos
ambientais? Como as populações locais vêem tais ações serem implementadas nos
seus municípios?
Quanto à escolha da área de pesquisa, partiu do interesse em realizar um
estudo sobre a realidade sócio-espacial do litoral dos municípios de Extremoz e
Ceará-Mirim, área caracterizada por ser detentora de uma problemática complexa
em relação às questões social, econômica, política, cultural e ambiental que,
historicamente teve como dinâmica de produção social, as atividades agropecuárias
2
O Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR) é um setor de crédito para
o setor público (Estados e Municípios) que foi criado, tanto para criar situações favoráveis à expansão
e melhoria da qualidade da atividade turística na região nordeste, quanto para melhorar a qualidade
de vida das populações nas áreas beneficiadas. O programa é financiado pelo BID e tem o Banco do
Nordeste como órgão executor.
17
e a pesca artesanal3 e que recentemente, tem sido resultado de práticas sociais
atreladas à atividade turística. Destaca-se também como justificativa a implantação
de um complexo turístico que ocupará aproximadamente uma área de 300 hectares,
desse total 60 % da área total do município de Extremoz e 40% do município de
Ceará-Mirim. Além desse fato, existe o desejo de produzir um trabalho de cunho
científico que possa contribuir com a prática dos setores envolvidos com a atividade
turística, no que diz respeito ao desenvolvimento regional, tendo em vista a
escassez de trabalhos científicos na área em estudo. Portanto, o presente trabalho
tem um papel de relevância, posto que produzirá e difundirá conhecimento científico
acerca do objeto de estudo, evidenciando seus problemas, podendo contribuir dessa
forma para minimizar os danos socioambientais.
Para a realização do projeto foram utilizados os seguintes procedimentos
metodológicos: levantamento e leitura da bibliografia pertinente ao tema proposto,
visitas e levantamentos de dados em instituições públicas4. Também fez parte dos
procedimentos metodológicos a realização de entrevistas pessoais obedecendo ao
método de observação direta para efeito quantitativo e qualitativo dos resultados.
Como instrumento de coleta de dados, a pesquisa utilizou um formulário
estruturado denominado questionário.Os roteiros de entrevistas utilizados foram
elaborados a partir dos dados empíricos do campo, através de pesquisas
preliminares, levando em consideração os aspectos de identificação dos indivíduos,
assim como os sociais, econômicos, políticos e ambientais. A realização das
entrevistas se deu com representantes de diferentes segmentos da sociedade local,
bem como da atividade turística, são eles: representantes do setor público estadual
e municipal envolvidos com a atividade turística, comerciantes antigos, população
local e representante da classe política.
Os dados coletados no campo são dados primários, observados sob a técnica
de pesquisa aplicada. Para a realização da pesquisa foi utilizada uma amostra
casual simples totalizando em 400 questionários. O erro máximo da pesquisa sofreu
um erro máximo permissível de 5%, com confiabilidade de 96%.
3
A pesca artesanal foi atividade predominante na região.
4
IBAMA, IDEMA, SEMURB, EMBRATUR, SECTUR-RN, OMT, Prefeitura Municipal de Extremoz e
Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim.
18
Para a apresentação dos dados, através das tabelas e gráficos, foram
utilizadas as técnicas de Estatística Descritiva, sendo feita pela análise descritiva
dos dados à tabulação simples dos dados.
Os softwares utilizados foram: Statistc, para a análise dos dados da pesquisa
(tabulação), Microsoft Excell 2003, para construção dos gráficos e tabelas e o
Microsoft Word 2003 na digitação do trabalho.
Além disso, utilizamos técnicas de georeferenciamento, como dados
complementares para a localização dos empreendimentos da atividade turística,
bem como a caracterização da área na qual os empreendimentos estão instalados,
através dos mapas georeferenciados, fornecidos pelo IDEMA e pelo Departamento
de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, utilizando o programa
Arc gis 3.2.
Outro procedimento adotado neste trabalho está relacionado ao processo de
expansão da atividade turística e sua relação com os impactos ambientais na faixa
litorânea dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim. Nesse sentido, foram utilizadas
fotografias e imagens aéreas do local no intuito de percebermos se as mudanças de
ordem espacial ocasionaram implicações socioambientais na área em estudo5. Para
Mendonça (2001), a utilização de fotografias aéreas se constitui hoje numa das mais
importantes ferramentas para o desenvolvimento dos trabalhos do Geógrafo. É um
mecanismo metodológico fundamental para o estudo dos componentes do quadro
físico, assim como permite inúmeras correlações compreendendo assim suas inter-
relações, além da inserção da ação antrópica no jogo de influências que se
processam no espaço.
5
Serão utilizadas fotografias aéreas, correspondentes ao momento anterior e posteriores as
implantações da atividade turística, com o objetivo de estabelecer o comparativo composto.
19
2 RELAÇÃO TURISMO E ESPAÇO
O tema turismo, nas últimas décadas, vem ocupando cada vez mais lugar de
destaque nas pesquisas geográficas; isso se deve em parte pelo fato do turismo se
constituir em uma atividade que interfere de maneira significativa na organização do
espaço geográfico6 e, por conseguinte, pela sua proximidade com o objeto e os
objetivos de estudo da geografia.
Partindo do princípio de que o Turismo é a única prática social e, na sua
essência, consome e produz elementarmente o espaço, constituindo um dos
conceitos-chave da Geografia e que contribui para síntese do que objetiva a Ciência
Geográfica, não poderíamos deixar de suscitar uma discussão acerca da natureza
geográfica da atividade turística, procurando mostrar como ela se encontra
intrinsecamente ligada ao espaço, em específico, ao espaço litorâneo.
O conceito de Turismo é, no léxico da Geografia do Turismo, sem dúvida, o
mais polêmico de todos. O Turismo que, antes de mais nada, é uma prática social,
vem mudando de sentido ao longo da história e cada nova definição consiste em
uma nova tentativa de se conceituar algo que tem, reconhecidamente, uma dinâmica
inquestionável (CRUZ, 2003).
Cruz (2003) chama a atenção ainda, no que diz respeito à definição do
conceito, de que toda ela é sempre carregada de ideologia e exprime, portanto,
alguma forma particular de se ver o mundo, por parte daqueles que criam essas
definições. Diante desse fato, elegemos alguns conceitos, os quais consideramos
importantes, para encaminharmos nossa discussão.
Uma das conceituações mais antigas remonta ao ano de 1911, quando o
economista austríaco Heman Von Schullard definiu o turismo como sendo “[...] a
soma das operações, especialmente as de natureza econômica, diretamente
relacionada com a entrada, permanência, e o deslocamento de estrangeiros para
dentro e para fora do país, cidade ou região”. (AZEVEDO, 1998, p.33).
Ainda de acordo com Azevedo (1998, p. 33), em 1942, os professores suíços
Hunziker e Krapf formularam a seguinte definição para turismo: “É a soma dos
fenômenos das relações resultantes da viagem e da permanência de não residentes,
6
“[...] espaço geográfico, entendido como o resultado da conjugação entre sistemas de objetos e
sistemas de ações [...]”. (SANTOS, 1999, p.51)
20
na medida em que não leva a residência permanente e não esta relacionada a
nenhuma atividade remuneratória”.
O conceito de turismo, atualmente adotado pela Organização Mundial do
Turismo (OMT) é o desenvolvido por Oscar de La Torre (1992 apud MERIGUE7 ,
p.21) que assim o enunciou:
Fazendo uma análise dos conceitos que buscam definir o turismo, podemos
perceber elementos presentes em suas varias definições, são eles: 1) deslocamento
temporário dos turistas de seu local de residência; 2) atividade que visa satisfações
outras que não o exercício de uma função remunerada; 3) atividade que serve como
elo de interações entre povos; 4) benefícios originários da atividade turística que são
verificados na vida econômica, cultural e política.
7
Ano indisponível no artigo.
21
Diante do exposto, percebe-se que se trata de conceitos que não dão conta
da complexidade concernente ao Turismo. Tornando-se, portanto, fatores limitantes
no que diz respeito a sua análise. Para Furtado (2005), a grande maioria dos
estudiosos considera o turismo fenômeno econômico gerador de rendas, tal
atividade, no entanto parece ir além desse fato.
Embora o conceito de turismo da OMT seja considerado o oficial e, portanto
julgado mais adequado nos estudos que envolvem o tema, elegemos o conceito de
turismo de Almeida (1999, p. 185):
22
vida do homem, assim como seu domínio transforma-se em elemento crucial para
sua história.
Nesse contexto, Ratzel desenvolve dois conceitos fundamentais: território e
espaço de vida. O primeiro vincula-se à apropriação de uma porção do espaço por
um determinado grupo, enquanto o segundo expressa as necessidades territoriais
de uma sociedade em função de seu desenvolvimento tecnológico do total de
população e dos recursos naturais. O espaço de Hartshorne aparece como um
receptáculo que apenas contém as coisas, o tempo espaço é empregado no sentido
de área a qual esta relacionada a fenômenos dentro dela, somente aquilo que ela
contém.
Segundo Corrêa (1995), em um segundo momento na Geografia Teorético-
Quantitativa, a qual se adotou a visão da unidade epistemológica da ciência, calcada
nas ciências da natureza, na qual o raciocínio hipotético dedutivo foi o consagrado e
entre os modelos adotados, destacam-se os matemáticos. O espaço aparece, pela
primeira vez, na história do pensamento geográfico, como conceito - chave da
disciplina, sendo considerado sob duas formas: de um lado através da noção de
planície isotrópica e, de outro, representação matricial. Quanto à planície isotrópica,
o ponto de partida para esta análise é uma superfície uniforme, aspectos físicos e
sociais; a variável mais importante é a distância e representações matriciais, sendo
o espaço representado por uma matriz. Para Corrêa (1995), trata-se de uma visão
limitada do espaço, privilegiando em excesso à distância e as contradições. Os
agentes sociais, o tempo e as transformações são inexistentes ou relegadas a um
plano secundário.
Para Corrêa (1995), a concepção de espaço na Geografia Crítica está
fundamentada em teorias marxistas; porém, é a partir da obra de Henri Lefévre
que o espaço aparece efetivamente, entendendo como sendo locus das relações
sociais de produção da sociedade.
Para Santos (1978, p. 122), o espaço deve ser entendido como:
23
que se manifestam através de processos [tempo e mudança] e
funções [papel a ser desempenhado pelo objeto criado].
Ainda neste sentido, de acordo com Santos (1985), o espaço deve ser
analisado a partir de quatro categorias as quais devem ser consideradas em suas
relações dialéticas, são elas: estrutura, processo, função e forma. A forma é o
aspecto visível, arranjo de um ou um conjunto de objetos, formando um padrão
espacial (equipamentos turísticos, por exemplo)8; a função indica o papel a ser
desempenhado pelo objeto criado, o lazer e o trabalho, por exemplo, constituem
algumas das funções associadas aos equipamentos turísticos.
Uma outra categoria de análise do espaço é a estrutura que diz respeito à
natureza social e econômica de uma sociedade num dado momento do tempo.
Dessa forma podemos perceber que, ao inserirmos forma e função na estrutura
social, poderemos captar a natureza histórica do espaço. Finalmente, o processo:
definido como uma ação que se realiza de modo contínuo, visando a um resultado,
implicando tempo e mudança, ocorrendo no âmbito de uma estrutura social e
econômica e resultam das contradições internas das mesmas.
E por fim, não poderíamos deixar de mencionar como o espaço foi abordado
pelos geógrafos humanistas e culturais. Calcada na fenomenologia e no
existencialismo, a Geografia Humanística está assentada na subjetividade, na
intuição, nos sentimentos, na experiência, no simbolismo e na contingência;
privilegiando o singular e não o particular ou o universal; ela tem na compreensão a
base de inteligibilidade do mundo real. O lugar aparece como conceito-chave, e o
espaço passa a ser concebido como espaço-vivido, sendo ele uma experiência
contínua, egocêntrica e social. Aspectos como crença, cultura e sobrevivência são
objetos de estudo desta visão, as quais estão vinculadas à Geografia Francesa
vidaliana, a Psicologia Genética de Piaget, Sociologia e Psicanálise com Bachelard
e Rimbert (CORREA, 1995).
Ainda que tratemos de questões que trazem em sua essência assuntos
abordados pelo espaço concebido pelos geógrafos humanistas e culturais, como
cultura, costumes das comunidades receptoras da atividade turística, sensações
8
Entende-se por equipamentos turístico, o conjunto de elementos, ou objetos inseridos no espaço
que serão responsáveis pela dinamização da atividade turística, podemos citar como exemplos: as
pousadas, hotéis, equipamentos de lazer, restaurantes, quiosques, entre outros.
24
como sentimentos de prazer, de inveja, de ressentimento, entre outros, não as
teremos como base para a discussão do nosso objeto de estudo.
É mister pensar a relação entre Turismo e espaço, uma vez que a dinâmica
desta atividade se dá, entre outros fatores, através da apropriação dos espaços
pela prática social do Turismo. Este, assim como outras atividades, introduz no
espaço objetos que possibilitem seu desenvolvimento, assim como se incorpora de
outros pré-existentes que terão conseqüentemente mudanças em suas funções
Parciais ou totais.
Cruz (2003) destaca que a intensificação do uso turístico de dada porção do
espaço geográfico leva a introdução, multiplicação e, em geral, concentração
espacial de objetos cuja função é dada pelo desenvolvimento da atividade. Entre
esses objetos destacam-se os meios de hospedagem, os equipamentos de
restauração de prestação de serviços e infra-estrutura de lazer.
Ao longo da literatura que trata da relação Turismo e espaço, é possível
encontrar uma série de termos e conceitos, dentre eles iremos dar destaque ao
conceito mais amplamente utilizado na literatura geográfica sobre o Turismo, o
espaço turístico.
Segundo a OMT, o espaço turístico é um determinado lugar geográfico no
qual acontece a oferta turística9 e de onde flui a demanda10.
O espaço turístico é, antes de tudo, um espaço geográfico e, portanto,
constitui um produto social em permanente processo de transformação.
(SANTOS,1985).
Santos (1999, p.77), afirma:
9
De acordo com Organização Mundial do Turismo (OMT), oferta turística é composta por um
conjunto de produtos, serviços e organizações envolvidas atuando na experiência da atividade em
questão.
10
Para a Organização Mundial do Turismo (OMT), demanda constitui um conjunto de consumi dores -
ou possíveis consumidores – de bens e serviços turísticos.
25
Essa mudança verificada no espaço geográfico, mais especificamente no
espaço litorâneo, quer seja do ponto de vista morfológico, quer seja do ponto de
vista das funções e dos processos que se dão a partir da dinâmica da atividade
turística, é marcada por conflitos e contradições que se revelarão através de suas
marcas expostas na paisagem, são elas: ocupação desordenada, segregação social
e espacial e degradação ambiental referentes à atividade em estudo.
“O turismo no litoral é a forma mais comum e diferencial do desenvolvimento
turístico; é lá que se gera a maior parte dos movimentos turísticos internacionais, de
maneira que o litoral é o principal espaço de destino em muitos países”.
(PALOMEQUE, 2001 p.90). O litoral nordestino se caracteriza, principalmente, por
seu potencial paisagístico peculiar graças a fatores naturais como sua localização
geográfica, sol tropical, clima agradável durante praticamente todo o ano,
encontrando, em seu litoral, as dunas, as praias, lagoas, falésias, coqueirais,
representando um grande potencial a ser explorado pela atividade turística.
No espaço litorâneo dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, podem ser
identificadas três tipos de ocupação: a primeira mantida pela própria comunidade
litorânea: a segunda é decorrente da ocupação de segundas residências para
veraneio e finais de semana; a terceira ocupação se dá pela atividade turística
através da inserção de equipamentos turísticos, que são responsáveis pela sua
dinamização.
Atrelado a essas peculiaridades, encontra-se um ambiente extremamente
frágil, do ponto de vista ambiental, o que requer planejamento no processo de
ocupação de seu espaço. No entanto, o que se verifica na faixa litorânea dos
municípios de Extremoz e Ceará-Mirim é um processo de ocupação do espaço feito
de forma desordenada, sem o acompanhamento de infra-estrutura adequada para
receber tal atividade, sem obedecer a uma diretriz ou plano específico e sem estar
integrada a um plano de desenvolvimento econômico que esteja compatível com as
questões socioambientais as quais não se percebe maiores preocupações. Vale
ressaltar que os planos diretores dos municípios em estudo se encontram ainda em
fase de revisão, o que de fato se constitui um problema, pois na ausência dos
mesmos, a população local é a principal prejudicada.
Ainda nesse sentido, Mendonça e Irving (2006, p. 13) entendem que:
26
Para se pensar o desenvolvimento de um segmento da economia
global, comprometido com as questões sociais e ambientais e,
baseado em princípios éticos, o turismo deve partir da premissa que
nem a conservação dos recursos naturais, nem os lucros
empresariais devem desrespeitar as populações locais ou impedir o
seu acesso aos benefícios gerados pelo seu desenvolvimento. Pode-
se considerar, desta forma, que estratégias de planejamento turístico
que neguem direitos e possibilidades às comunidades receptoras são
destrutivas e ilegais.
27
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÁREA EM ESTUDO
28
de ter como elemento responsável pela dinamização de sua economia a cana-de-
açúcar, considerada uma atividade de grande magnitude11.
Quanto ao valor comercial que a cana-de-açúcar agrega, verificou-se que sua
valorização se originou em um contexto da crise do Petróleo mundial em 1973,
época em que foi estimulada a produção do álcool para servir de combustível,
aumentando assim a área dos canaviais; dentre elas, a do município de Ceará-Mirim
(LIMA, 2003).
De acordo com a Secretaria de Agricultura12 do referido município, até o ano
de 1995, a atividade canavieira era o expoente da economia, constituindo-se a
principal fonte de renda dos trabalhadores. O município possuía mais de setenta
engenhos e usinas, sendo duas usinas principais: a Usina São Francisco,
responsável pela produção de álcool e açúcar e a Destilaria Agromar, que produzia
apenas álcool. Porém, após o período citado, houve uma queda da cultura
canavieira, fato atrelado à crise do PROALCOOL. Como conseqüências, a Usina
Agromar fechou e, a Usina São Francisco, a partir de 2002, vem produzindo apenas
álcool, o que implicou em uma redução do número de trabalhadores. Atualmente o
município vem investindo na fruticultura irrigada, em específico no cultivo do mamão,
contribuindo para o crescimento da economia local.
No que diz respeito à atividade pecuária dos municípios em estudo é
considerado um setor de pouca representatividade, ou seja, é uma atividade
complementar sem fins comerciais. Quanto à produção leiteira, podemos afirmar que
é responsável apenas pelo abastecimento interno.
Uma outra atividade econômica presente na realidade dos municípios é a
carcinicultura, embora tenha se iniciado nos anos 70 no nosso Estado, com a
implementação do Projeto Camarão, criado pelo Governo do Estado, tendo certa
representatividade nos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim há cinco anos;
contudo é considerada atualmente uma atividade pouco expressiva. Esse fato se
deve à concorrência com o mercado exterior e a crise do dólar.
É válido ressaltar que, apesar de todas as atividades mencionadas,
responsáveis pelo processo de organização dos referidos municípios, tais mudanças
não foram significativas no que diz respeito as suas áreas litorâneas, sendo a pesca
11
Características naturais, como o tipo de solo e o clima, propiciaram o cultivo em larga escala, assim
como pelo valor comercial que o produto agrega.
12
Entrevista informal.
29
a atividade predominante, embora seja inexpressiva, tendo em vista o uso de
técnicas artesanais, permitindo portanto a manutenção da paisagem natural, sendo
marcada principalmente por coqueirais e pela cobertura vegetal característica da
Mata Atlântica e da Mata Ciliar, as quais recobriam a formação dunar e as vertentes
dos corpos d’água.
O processo de urbanização da região litorânea foi se dando de forma
relativamente lenta, a partir da existência de pequenos aglomerados com economia
artesanal de pequena magnitude e um pequeno comércio limitado de bens de
consumo. Quanto ao parcelamento do solo com fins de loteamento, iniciou-se a
partir da década de 80, de forma incipiente a princípio, passando a se dar de forma
contínua com o passar dos anos, destinando-se em um primeiro momento a
construções de segundas residências para veraneio das classes média e alta da
sociedade natalense.
Nos últimos anos, um novo cenário econômico vem se expandindo no espaço
litorâneo dos municípios de Extremoz e Ceará - Mirim. A presença de serviços como
restaurantes, hotéis, pousadas, equipamentos de lazer, comércio, investimentos de
capital público na ampliação de infra-estrutura básica, investimento de capital do
setor privado em atividades produtivas, destacando-se o turismo, esses entre outros
vem fazendo parte da nova configuração espacial dessa faixa litorânea.
Casseti (1991, p. 20) afirma que “uma nova estrutura sócio-econômica
implantada em uma região implica em uma nova organização do espaço, que por
sua vez modifica as condições ambientais anteriores”. Cruz (1999, p. 6), ao discorrer
sobre o processo de transformação do espaço em que a atividade turística se insere
entende que:
30
das economias, por outro, se constitui em um forte mecanismo de
exclusão sócio-espacial.
31
inconsolidadas de origem marinha que foram transportadas com a ação dos ventos
(eólica), formando “cordões alongados”, atualmente fixados por vegetação.
Acompanhando a faixa litorânea, encontram-se depósitos de praias também
de origem marinha remodeladas pelo vento; são compostos de areias finas e
grossas, com níveis de cascalho, associadas às praias e dunas móveis; arenitos e
conglomerados com cimento carbonático, formando os arrecifes de arenitos ou
beach rocks. Todos esses fatores conjugados contribuem para um ambiente
propício: a expansão da atividade turística.
Os principais atrativos turísticos da área em estudo são: Aquário Natal,
passeios pelas dunas de dromedários, buggys e jegues. Visitas às lojinhas com
produtos artesanais. Refrescar-se nas lagoas e cachoeiras, passeios de caiaque na
praia de Pitangui, travessia de balsa na praia da Barra do Rio e descidas radicais
no“aerobunda”
No que concerne à infra-estrutura turística da faixa litorânea dos municípios
de Extremoz e Ceará-Mirim, os equipamentos são considerados de pequeno e
médio porte, localizam-se em sua maioria na faixa litorânea e são distribuídos entre
as praias da Redinha Nova a Muriú (vide quadro 1).
32
Posada Raio do Sol Genipabu Pousada
Hotel Pousada Dunas de Genipabu Genipabu Hotel
Hotel Atlântico Norte Redinha Nova Hotel
Condomínio Varandas Beira Mar Redinha Nova Chalés
Chalés Oásis da Redinha Redinha Nova Chalés
Miramar Apart Hotel Redinha Nova Hotel
Pousadas Entre Mares Redinha Nova Pousada
Pousada Felicidade Resort Santa Rita Pousada
Muriú By Pousada e Restaurante Porto Mirim Pousada
Pargos Clube do Brasil Porto Mirim Pousada
Pousada Algarve Muriú Pousada
Charles Porto Mirim Porto Mirim Pousada
Estrela de Davi Quiosque Muriu Quiosque
Pargos Clube do Brasil Jacumã Restaurante
Barraca Estrela do Mar Muriú Restaurante
Barraca Atlântica Muriú Restaurante
Barraca Muriu Muriu Restaurante
Golfinho Azul Muriu Restaurante
Mirante de Muriu Muriu Restaurante
Muriu By Pousada e Restaurante Muriu Restaurante
Brisa Mar Muriu Restaurante
Muriart Muriu Quiosque
Bar do Posto Muriu Bar/Restaurante
Bar da Sandra Muriu Restaurante
Sal e Mar Muriu Restaurante
Restaurante Estrela Guia Bar Jacumã Restaurante
Barraca Estrela do mar Quiosque Jacmã Restaurente
Restaurante Naf Naf Jacumã Restaurante
Restaurante Jacumã Jacumã Restaurante
Miramar Restaurante Porto Mirim Restaurante
Water Park do Nordeste Muriú Clube
Portugalia Ilmo Pesca e Bar Porto Mirim Clube
Santa Mônica Parque das Águas Porto Mirim Clube
Quadro 1 – Relação dos equipamentos de hospedagem e restauração da atividade turística nos
municípios de Extremoz e Ceará-Mirim/RN.
Fonte: Secretaria de Turismo do RN – SETUR, Secretaria de Turismo do Município de Ceará-Mirim e
amostra da pesquisa em campo.
33
crescimento significativo a partir de 2001, mas especificamente em 2004, fato esse
que se explica a partir da política do PRODETUR.
Por meio de investigações empíricas, realizadas na área em estudo, no mês
de fevereiro de 2006, percebeu-se que, em períodos anteriores, a pesca e o
artesanato se constituíam nas únicas e principais fontes de renda para a maioria da
população litorânea. Com a inserção do turismo, atividade que tem como uma de
suas características proporcionar uma diversidade de serviços, tem-se observado
uma maior dinamização local. Quanto aos empregos gerados, não existem dados
concretos dispostos nos órgãos competentes, porém, de acordo com as Secretarias
de Turismo dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, houve uma melhoria na
quantidade e qualidade dos serviços, embora a área ainda esteja carente quanto à
parte de infra-estrutura. Calcula-se, também, que aproximadamente 50 % da
população informal litorânea vêm sendo empregada. Porém trata-se de uma relação
de produção que ainda se desenvolve com uma lógica própria, isso se deve ao fato
de que a maioria da população envolvida com a atividade turística possui baixo grau
de escolaridade, não recebe apoio do poder público local, nem dos gestores
envolvidos com a atividade turística, tornando, portanto, uma relação de produção
que nem sempre se torna coerente com a essência da lógica capitalista que
pressupõe um modelo mais organizado no que diz respeito à produção de renda.
A área litorânea dos municípios de Extremoz e Ceará - Mirim é marcada por
inúmeros problemas, dentre eles: população com baixa renda, construções de obras
públicas em locais inadequados13, pouco acesso a serviços públicos (saúde,
segurança, educação e etc.), ausência de saneamento básico e de estação de
tratamento de esgoto (ETE), destinação final do lixo em pequenos lixões e uso de
materiais para construção civil.
Nunes (2000, p. 51), referindo-se aos esgotos, observa:
13
Áreas de dunas.
34
Do ponto de vista da saúde, salienta Nunes (2000, p. 55): “A água
contaminada acarreta inúmeras doenças, entre elas: diarréias infantis, febre, tifóide,
cólera e verminoses diversas.”
Quanto ao lixo urbano e ao seu destino final, o município de Ceará-Mirim
produz em média 30 ton/dia e Extremoz 20 ton/dia, que juntos produzem
aproximadamente 50 ton/dia (NUNES, 2002). Quanto ao seu destino, atualmente o
município de Ceará - Mirim conta com um aterro sanitário construído em seu
território para destinação de resíduos sólidos. Porém, esse fato não condiz com a
realidade do município de Extremoz. De acordo com o Secretario do Meio Ambiente,
toda deposição de seus resíduos sólidos vai para um lixão, localizado em seu
território, numa área de relevo plano aberto para deposição de lixo do município
próximo à praia de Jenipabu. Todos esses fatores mencionados, além de indicar
uma má qualidade de vida da população local, não são condizentes com o
desenvolvimento do Turismo.
Nunes (2000), estudando a Região da Grande Natal, elaborou uma Carta
Geo-ambiental da Grande Natal (vide mapa 4), que identifica e aponta áreas de uso
restrito, inadequado e adequado, cuja finalidade é fazer um melhor aproveitamento
do espaço geográfico, respeitando-se a capacidade de uso, produção e limitação de
cada domínio. Neste sentido, a carta faz referência à área de estudo, classificando-
a, de uso restrito e inadequado a aterros sanitários, cemitérios, fossas sépticas,
lagoas de efluentes industriais e domésticos, estradas e edificações, mecanização
agrícola, obras enterradas e material para construção civil, como areia e argila.14
14
Vide Mapa 2
35
Os municípios de Extremoz e Ceará
- Mirim estão classificados na carta
geo-ambiental, em áreas de uso
restrito e inadequado para: aterros
sanitários, cemitérios, fossas
sépticas, lagoas de efluentes
industriais e domésticos, estradas e
edificações, mecanização agrícola e
material para construção civil.
36
No que tange às políticas ambientais voltadas para os municípios, percebe-se
uma grande fragilidade na administração pública bem como dificuldades em as gerir.
Segundo a Secretaria do Meio Ambiente de Extremoz, atualmente a mesma não
possui projetos de proteção ou manutenção dos espaços naturais efetivados, todos
se encontram em fase de elaboração ou em andamento; também não há uma
política ambiental definida. Fato semelhante se verifica no município de Ceará-Mirim
que, embora possua uma política ambiental definida, que está preceituada na lei
municipal Nº 1.459/2005 de 16 de dezembro de 2005 conforme preceitua o art. 225
da Constituição Federal e art. 98 da Lei Orgânica do município e de outras
providências, está presente apenas no papel pois, na prática, nada foi aplicado.
Quanto aos projetos, a situação é semelhante a do município de Extremoz, não
existe ainda um projeto ambiental definido, todos ainda estão em fase de
elaboração.
Vale ressaltar um fator preponderante que vem contribuindo para grandes
modificações na especificidade da paisagem assim como no conjunto das relações
sociais e econômicas da região litorânea. Esse fator diz respeito a uma construção
de grande porte, que é a ponte Newton Navarro, a qual já se encontra concluída.
Trata-se da nova ponte, que liga os bairros de Santos Reis e Redinha: a Ponte
Newton Navarro15, que tem como principal objetivo, dentre outros, dinamizar o
Turismo para o Litoral Norte, o que vem sendo, adicionalmente, um fator contribuinte
para o crescimento econômico dos municípios, tendo em vista aumento da procura
de imóveis e terrenos a partir do início de sua construção.
15
Vide Fotografia 1.
37
Nesse contexto, Nascimento (2005, p. 15) ao fazer uma análise acerca da
inserção de um empreendimento de grande porte, em uma determinada área,
afirma:
16
Entrevista informal com o Senhor Marinho, sobre a procura por imóveis após o início da construção
da ponte Forte-Redinha, em Natal, em junho de 2006.
38
em 2006 no município de Extremoz. Esse valor aumentou para 49.800, ou seja, em
um recorte temporal de cinco anos observou-se um aumento em termos de
percentual de 118%; acredita-se que esse crescimento esteja atrelado à atividade
turística. Marcelino (1999, p. 51) em sua pesquisa fez a seguinte colocação:
39
A Lei orgânica do município de Extremoz (1990, p.7) enfatiza em seu capítulo
V, artigo 17, inciso IX, que é preciso “zelar pela preservação do patrimônio histórico,
cultural, artístico, paisagístico e turístico, observadas a legislação e a ação
fiscalizadora estadual e federal”. A lei orgânica do município de Ceará-Mirim (1990,
p. 39), em seu capítulo X, artigo 121, ressalta: “o município promove e incentiva o
turismo, fator de desenvolvimento econômico e social, como atividade prioritária,
tendo como princípio de sua exploração, a preservação ecológica e proteção ao
meio ambiente”.
No entanto o que se verifica é uma grande disparidade entre o que está
escrito nas leis orgânicas e a prática. Para Ruschmann (2005), encontrar o equilíbrio
entre os interesses econômicos que o Turismo estimula e o seu desenvolvimento
planejado, que preserve o meio ambiente, não é tarefa fácil, principalmente porque o
controle da atividade depende de critérios, valores subjetivos de uma política
ambiental e turística adequada que ainda não se encontra em nosso país nem em
outros países.
40
4 DO TURISMO DE PASSAGEM AO DESENVOLVIMENTO
41
os restaurantes, Miramar, Jacumã, e Naff Naff17. A Lagoa de Jacumã e o Pargos
Clube do Brasil também constituem num dos principais pontos de visita.
Já no município de Extremoz, de acordo com a Secretaria de Turismo, a
atividade ocorre predominantemente no litoral. A vinda dos turistas, assim como no
município de Ceará-Mirim, é viabilizada por agências operadoras localizadas em
Natal; buggys e ônibus constituem os principais meios locomotores dos passeios. O
percurso tem início na Redinha, lá se encontra o Aquário Natal18, cujo grande
atrativo são as espécies de animais, tais como: tubarão, moréias, peixes de corais,
cavalos marinhos e pingüins; em seguida a praia de Santa Rita onde a emoção do
passeio consiste em ver as praias de Redinha e Genipabu, do alto das dunas; Em
seguida há a praia de Jenipabu, que de acordo com a Secretaria de Turismo, é
considerada o ícone do turismo potiguar, constituindo-se em um dos pontos
turísticos mais procurados. Lá existe o passeio de bugre nas dunas19, ski bunda20, o
passeio de dromedários21 e jegues também em cima das dunas; ainda em Jenipabu,
há os passeios de jangadas, de cavalos22, presença de barzinhos e lojas de
artesanato23. Continuando pela orla litorânea, o próximo ponto turístico é a travessia
de balsa na Barra do Rio, na foz do Rio Ceará - Mirim, em seguida tem a praia de
Graçandu, com lagoas naturais. Na praia de Pitangui um dos pontos turísticos mais
visitados é a Lagoa de Pitangui.24
17
Vide fotografia 2.
18
Vide fotografia3.
19
Vide fotografia 4.
20
Passeio que se realiza através do deslizamento nos morros de areias em cima de pranchas de
madeira até o mar.
21
Vide fotografia 5.
22
Vide fotografia 6.
23
Vide fotografia 7.
24
Vide Fotografia 8.
42
Fotografia 2 – Restaurante Naff Naff - praia de Jacumã.
Fonte: Idiana Soares (ABR/2007)
43
Fotografia 5 – Passeio de dromedário.
Fonte: Idiana Soares (ABR/2007)
44
Fotografia 8 – Lojas de artesanato na praia de Jenipabu.
Fonte: Idiana Soares (ABR/2007)
45
área em estudo, podemos perceber claramente, no que diz respeito ao processo de
organização do espaço litorâneo pela atividade turística, as marcas da pobreza.
É comum nos espaços turísticos em estudo, a associação dos equipamentos
turísticos à sujeira, lixos espalhados, falta de qualificação profissional, à
precariedade de infra-estrutura de saneamento básico, casas abandonadas, bares,
hotéis e agências fechadas, proliferação de favelas e construções em locais
inapropriados, ausência de sinalização, dificultando o acesso aos destinos turísticos,
problemas de iluminação e conseqüentemente de segurança, limitando o trabalho
dos vendedores locais.
A resolução desse impasse pode ser obtida através de um planejamento
socialmente justo, que leve em consideração as relações sociais, a estrutura
institucional local, migrações, sazonalidades e suas conseqüências na dinâmica
local, a geração de emprego e renda. Todos esses elementos levados em
consideração estão na base do planejamento estratégico.
Por planejamento estratégico entende-se um processo de gestão de ações e
empreendimentos, estabelecidos a partir de um processo decisório sistematizado,
voltado e comprometido com estratégias definidas para o alcance do objetivo futuro.
Ele busca, a partir da análise do presente, definir ações que terão influência no
futuro, para que sejam atingidos os objetivos propostos. Dessa forma, leva em
consideração, principalmente, as conseqüências futuras de ações tomadas no
presente.
Nesse sentido, Beni (2006, p.94) defende que o planejamento estratégico
deve apoiar-se na participação social, bem como na equidade, intersetorialidade e
sustentabilidade. Afirma ainda que:
25
Política é um curso de ação calculado para alcançar objetivos, ou seja, direções gerais para o
planejamento e a gestão do turismo baseadas em necessidades identificadas dentro de restrições de
mercado e de recursos. São orientações específicas para a gestão diária do turismo, abrangendo os
muitos aspectos operacionais da atividade.
46
comparação com os objetivos, aplicar as medidas e os passos mais
indicados (BENI, 2006, p. 94).
Nesse sentido observou-se na área em estudo que ainda não existem ações
articuladas entre os setores, instituições municipais e estaduais quanto às propostas
de desenvolvimento da atividade turística, implicando em ações superpostas,
desarticuladas, que não possuem um encadeamento lógico, não contribuindo dessa
forma para os benefícios sociais, ambientais e econômicos.
Portanto, partimos da idéia de que, para que possamos pensar no
desenvolvimento do turismo de forma sustentável nos municípios de Extremoz e
Ceará-Mirim, deve-se, antes de mais nada, contemplar as necessidades e
expectativas coletivas da população local, comerciantes envolvidos com a atividade
e os visitantes, ou seja, os turistas. Nesse sentido, com o objetivo de identificar
necessidades e subsidiar as proposições de políticas públicas e estratégias que
viabilizem a sustentação econômica dos negócios que se desenvolvem nos espaços
turísticos, foram aplicados questionários por meio dos quais realizou-se uma análise
quantitativa e qualitativa das variáveis de interesse do presente estudo, tento sua
população composta pelos seguintes atores: comunidade local, comerciantes
envolvidos pela atividade e turistas.
47
4.1.2.1 Sexo
Gráfico 1 – Sexo.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
48
Percentual (%)
90 77,14
80
70
60
50
40
30
14,29
20 5,71
2,86
10
0
De 25 a 40 De 41 a 50 De 51 a 60 Mais de 60
Faixa Etária
4.1.2.3 Profissão
49
Gráfico 3 – Profissão.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
4.1.2.4 Naturalidade
26
Vide gráfico 5.
50
Gráfico 4 – Naturalidade.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
51
que eles buscam nas praias do litoral norte pertencentes à área em estudo? Quais
os motivos que levariam a voltar? Nível de satisfação em relação área em questão?
E por fim que sugestões dariam para melhoria da atividade turística.
Da amostra entrevistada 37,14%28 afirmaram que as belezas naturais, onde
as praias e dunas foram os principais elementos citados, constituem o principal
motivo da visita. Em percentagens menores, seguem, em ordem decrescente, os
congressos, amigos, férias, clima, tranqüilidade, lua-de-mel, trabalho, hospitalidade
e praias. Dentre os motivos que os levariam a voltar, a preservação das belezas
naturais também ficou com o maior percentual, 91,43%. Os 8,06% ficaram
distribuídos entre os seguintes motivos: dunas, praias, bons serviços, preço e lua-
de-mel.
Quanto ao nível de satisfação do turista em relação ao lugar 45, 71%
afirmaram que estava bom, 28,57% ótimo e 25, 71% regular. Através do gráfico
podemos verificar que a variável bom obteve o maior percentual. Este dado se
justifica quando nos reportamos ao gráfico 9 que mostra as sugestões de melhorias
para a área, dentre as quais os turistas aponta para a falta de infra-estrutura
adequada relacionada ao acesso, melhoria na educação e qualificação dos
profissionais principalmente no quesito atendimento, pois o assédio, principalmente
por parte de crianças e vendedores ambulantes, constitui um dos fatores de maior
repulsão dos turistas. Outras sugestões como presença de banheiros, presença e
melhoria das hospedagens, ambiente para noite, sinalizações, bons preços, manter
o espaço preservado, presença de segurança e postos policiais, presença de postos
de saúde, não deixar aumentar o número de ambulantes em cima das dunas, pois
descaracteriza a paisagem, presença de farmácias e depósitos para lixo. Vale
ressaltar que todas as sugestões estão diretamente relacionadas às queixas dos
turistas.
28
Vide gráfico 6.
52
Gráfico 6 – O que motivou a visita.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
Obs: Questão de múltipla escolha
53
Gráfico 8 – Nível de satisfação em relação ao lugar.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
54
Sugestões para melhoria da localidade Percentual (%)
Depósito para lixo 2,86
Farmácia 2,86
Melhorias em pousadas/ restaurantes 2,86
Não deixar aumentar o número de ambulantes 2,86
Posto de saúde 2,86
Posto policial 2,86
Posto turístico 2,86
Segurança 2,86
Manter o espaço preservado 5,71
Organizar melhor os espaços turísticos 5,71
Preços 5,71
Sinalizações 5,71
Ambiente para noite 8,57
Melhorar educação 8,57
Hospedagem 11,43
Sem sugestões 11,43
Banheiro 14,29
Melhorar na limpeza 14,29
Diminuir o assedio 17,14
Infra-estrutura de acesso 25,71
Total 100,00
Quadro 2 – Sugestões para melhoria da localidade.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
55
4.1.3.1 Sexo
Gráfico 10 – Sexo.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
29
Vide gráfico 11.
56
4.1.3.3 Escolaridade
Gráfico 12 – Escolaridade.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
30
Vide gráfico 12.
57
Gráfico 13 – Ramo de atividade.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
31
Vide gráfico 14
32
Vide gráfico 15
33
Entrevista informal realizada com a Sr. Cleide Batista em Natal, julho de 2007.
58
Há 10 anos Jenipabu viveu sua fase áurea, do ponto de vista
econômico; nos últimos anos começou a haver um declínio
provocado por vários fatores, dentre eles, problemas na economia
interferindo diretamente no poder aquisitivo dos turistas, baixa
qualificação profissional, desunião das categorias envolvidas com a
atividade, falta de planejamento, acarretando no fechamento de
pousadas, hotéis, restaurantes, casa de show, transferências de
agências para outras localidades, preços altos, falta de infra-estrutura
adequada e mais recentemente a queda do dólar.
34
Vide gráfico 16
59
Gráfico 15 – Existência de impactos sociais, ambientais e econômicos
provocados pelo turismo na localidade.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
60
4.1.4.1 Sexo
Gráfico 17 – Sexo.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
35
Vide gráfico 17
61
Gráfico 18 – Faixa Etária.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
4.1.4.3 Escolaridade
36
Vide gráfico 18.
62
Gráfico 19 – Escolaridade.
Fonte: Pesquisa de campo 2007.
63
A partir dessas observações, parece-nos que da forma como a atividade
turística vem sendo conduzida, o que não foge a regra do modelo de
desenvolvimento de outras atividades econômicas, inseridas dentro do contexto do
modo de produção capitalista, não vem contribuindo para o desenvolvimento
socioespacial37,pois o que verificamos é um modelo de “desenvolvimento”
concentrador de renda, excludente, contraditório e multiplicador de desigualdades
sócio-espaciais.
Porém, o que se verifica na mídia38, é uma exaltação em seu discurso no que
diz respeito à dimensão econômica do turismo, entendendo que essa dimensão por
si só não constitui fator relevante e responsável por proporcionar o desenvolvimento
socioespacial.
Ainda dentro desse contexto de exaltação, enveredando no caso mais
específico do nosso Estado, é comum ao se falar em Turismo haver uma tendência
à supervalorização da atividade enquanto fator econômico, gerador de renda,
emprego e receita. Afirmando ser a atividade turística a principal responsável pelo
papel que alavanca o desenvolvimento do mesmo, já ocupando o posto de segunda
maior renda do Rio Grande do Norte.
Souza (2002, p.18), entende que “desenvolvimento não deve ser entendido
como desenvolvimento econômico, embora muitos, e não apenas economistas
continuem a reduzir aquele a este”. Para o autor o chamado desenvolvimento
econômico é, basicamente, o binômio formado pelo crescimento econômico
(mensurável por meio do PNB ou PNB) e pela modernização tecnológica, em que
ambos se estimulam reciprocamente (SOUZA, 2002).
O autor, a título de exemplo, chama a atenção para o quadro histórico do
Brasil, em espacial para a época do chamado “milagre econômico”, em fins dos anos
60 e 70, e diz que o desenvolvimento estritamente econômico pode acontecer, sem
que automaticamente ou forçosamente (ou proporcionalmente) haja melhoria do
quadro de concentração de renda ou dos indicadores sociais (SOUZA, 2002).
Para Cruz (1999), essa abordagem historicamente construída, que reduz a
pratica social do Turismo a uma atividade econômica, dentro da base do discurso
37
Partindo da idéia de Souza (2002) compreendemos o desenvolvimento socioespacial como sendo
um processo de superação de problemas e conquistas de condições culturais, técnico-tecnológicas,
político-institucionais, espaços territoriais propiciadoras de maior felicidade individual e coletiva.
38
Entendemos por mídia o conjunto dos meios de informação e de comunicação (imprensa, rádio,
televisão e etc.)
64
apologético ao turismo, negligencia seu entendimento antes de mais nada, como
prática social. Não nos permitindo avançar, portanto, em nossas análises voltadas
ao desenvolvimento socioespacial, pois subvalorizam as transformações provocadas
pela atividade em estudo, assim como seus impactos em função de análises
quantitativas.
Dentre os problemas observados, parece-nos que o descaso do poder público
local se constitui talvez como principal, pois sua ausência vem contribuindo para a
intensificação da degradação do meio, bem como dos conflitos sociais existentes na
área.
Nesse processo de formação dos espaços turísticos, o poder público tem um
papel primordial quanto aos encaminhamentos da atividade, indutor de
investimentos bem como mediador de interesses, de maneira que a atividade se
torne sustentável, ou seja, que haja um desenvolvimento não apenas do ponto de
vista do crescimento econômico, mais que seja uma das alternativas propulsoras do
desenvolvimento justo socialmente. Enquanto esse compromisso não existir, não se
poderá esperar do Turismo mais do que ele pode oferecer: um Turismo de
passagem.
65
5 TURISMO E MEIO AMBIENTE
66
predominando um interesse meramente mercadológico enquanto as questões
relacionadas ao meio ambiente são relegadas a um plano inferior.
Como exemplo, podemos citar os complexos turísticos a serem implantados
nos municípios, dentre eles o maior entre os grandes empreendimentos do Rio
Grande do Norte, o Grand Natal Golf, localizado nos municípios de Extremoz e
Ceará-Mirim. O projeto compreende catorze prédios e cinco campos de golfe
desenvolvido pela Sociedade Potiguar de Empreendimentos LTDA (Spel) em
parceria com o grupo espanhol Sanchez. De acordo com o Promotor Público de
Extremoz, David da Costa Benavides, ainda não existe avaliação ambiental
estratégica a respeito das conseqüências do impacto dessas obras. Trata-se de um
empreendimento de grande porte que envolve um alto investimento estrangeiro, fato
esse que tem gerado conflitos entre os vários órgãos envolvidos. Alguns
questionamentos vêm sendo realizados por parte do Ministério Público de Extremoz
ao IDEMA, como, por exemplo, a análise do impacto geral a ser causado no
ecossistema pelos cinco campos de golfe. Qual o tipo de tratamento químico que
será utilizado para a grama? Esse tipo de tratamento trará implicações para o lençol
freático da área? E quanto ao abastecimento hídrico, não foram informadas as
condições de explotação das águas subterrâneas.
Para agravar ainda mais a situação, Lobo (2008, p.1) chama a atenção para o
fato de que:
67
massa, em decorrência do desenvolvimento propiciado pela revolução industrial, a
qual introduziu na sociedade moderna um modelo econômico que tem como seu
objetivo principal a geração de renda, por meio da expropriação e exploração dos
recursos naturais. Afirma ainda que estamos presenciando verdadeira revolução
propiciada pelo incremento dos serviços e pelo aumento do processo de
globalização. Em ambos os processos, o Turismo assume papel primordial e, tal
qual as indústrias do passado, é altamente dependente dos recursos naturais.
Desse modo, a relação Turismo e meio ambiente assume profunda relevância
dentro de uma nova perspectiva de desenvolvimento que não assuma os erros do
passado. No mundo que vivemos, onde o modelo econômico vigente é o modo de
produção Capitalista, buscar a possibilidade de um desenvolvimento sustentável,
socialmente justo, permitindo que as sociedades humanas atinjam melhor qualidade
de vida em todos os aspectos, constitui-se um dos grandes desafios. Nesse sentido
é fundamental salientar o que é entendido por desenvolvimento sustentável.
A partir do século XX pode-se identificar três fases distintas da evolução da
preocupação ambiental; a primeira fase considera-se aquela em que ocorre a
percepção dos problemas ambientais localizados e atribuídos à ignorância, à
negligência ou indiferença das pessoas, produtores e consumidores, a ênfase é
dada nas ações corretivas. Na segunda fase a degradação ambiental é percebida
com um problema generalizado, porém dentro do Estado-Nação. As causas são as
mesmas anteriores mais a gestão inadequada dos recursos. Ocorrem ações
corretivas, intervenção governamental para a prevenção. Já na terceira fase a
degradação ambiental é percebida como um problema planetário, resultado do tipo
de desenvolvimento adotado. Surge uma nova maneira de perceber as soluções
para os problemas globais, que não se reduzem à degradação do ambiente físico e
biológico, mas incorporam a dimensões sociais, políticas e culturais como a pobreza
e a exclusão social. Essa nova concepção é chamada de Desenvolvimento
Sustentável.
De acordo com Barbieri (2000), o termo surge pela primeira vez em 1980 no
documento denominado World conservation strategy, produzido pela IUCN e World
Wildlife Fund (hoje, World Wide Fund for nature – WWF) por solicitação do Programa
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUMA). De acordo com esse
documento, uma estratégia mundial para a conservação na natureza deve alcançar
os seguintes objetivos: o primeiro consiste em manter os processos ecológicos
68
essenciais e os sistemas naturais vitais necessários à sobrevivência e ao
desenvolvimento do Ser Humano. O segundo objetivo preservar a diversidade
genética e o terceiro, assegurar o desenvolvimento sustentável das espécies e dos
ecossistemas que constituem a base da vida humana. O objetivo da conservação,
segundo esse documento, é o de manter a capacidade do planeta para sustentar o
desenvolvimento, e este deve, por sua vez, levar em consideração a capacidade dos
ecossistemas e as necessidades das futuras gerações. Porém, o termo ganha
amplitude após 1987 com a publicação do relatório “Nosso Futuro Comum” que, em
síntese, considera que é necessário continuar o desenvolvimento, mas levando em
conta a possibilidade de recomposição dos ecossistemas naturais. Em outras
palavras, procura estabelecer uma relação harmônica do homem com a natureza,
como centro de um processo de desenvolvimento que deve satisfazer às
necessidades e às aspirações humanas. Enfatiza também que a pobreza é
incompatível com o desenvolvimento sustentável e indica a necessidade de que a
política ambiental seja parte do processo de desenvolvimento e não mais uma
responsabilidade setorial fragmentada, fato este que vêm sendo verificado. Ainda
nesse sentido, Dias (2003, p.36) afirma que o documento “Nosso Futuro Comum” foi
referência e base importante para os debates que aconteceram na Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no
Rio de Janeiro em 1992, na qual popularizou-se o conceito de Desenvolvimento
Sustentável, tornando as questões ambientais e de desenvolvimento
indissoluvelmente ligadas.
A CNUMAD ocorreu 20 anos após a de Estocolmo e concentrou-se em
identificar as políticas que geram os efeitos ambientais negativos. Concluiu ela, de
forma eloqüente, que “a proteção ambiental constitui parte integrante do processo de
desenvolvimento, e não pode ser considerada isoladamente deste”. O meio
ambiente e o desenvolvimento são duas faces da mesma moeda com nome próprio,
desenvolvimento sustentável, o qual “não se constitui num problema técnico, mas
social e político”. (GUIMARÃES, 1992, p. 1000).
Embora o termo sustentabilidade venha sendo usado como novo paradigma
do desenvolvimento, a expressão desenvolvimento sustentável tem sido objeto de
várias polêmicas, desde a sua formulação, a precisão do seu conceito, levando em
consideração as divergências e contradições que carrega no seu escopo. E quando
69
o debate se amplia para a relação Desenvolvimento Sustentável e Turismo, as
polêmicas tomam uma maior dimensão.
No que diz respeito à evolução das relações entre o turismo e o meio
ambiente, Dias (2003, p.66) afirma que:
70
dentro de uma mesma geração e incorporou o meio ambiente no debate sobre o
desenvolvimento de forma definitiva.
Há o reconhecimento por parte de muitos estudiosos do turismo quanto à
importância crescente nas economias receptoras, assim como a degradação
ambiental provocada pela mesma. Diante desse contexto, Silveira (2002) propõem
que se adotem novas formas de Turismo, com menor impacto no meio ambiente.
Entre as denominações que são dadas a essas novas formas, aparece o turismo
sustentável, o qual é colocado como alternativa ao modelo de desenvolvimento
turístico até hoje dominante na maioria dos países.
Para o desenvolvimento da presente pesquisa, utilizaremos o conceito da
OMT, que define o desenvolvimento turístico sustentável como aquele que:
71
levando em consideração a sociedade, o meio ambiente e as exigências
econômicas.
Antes de mais nada, faz-se mister reconhecer que algumas indagações se
fazem necessárias, como: o que o turista busca no Turismo litorâneo? Existe
aceitação da atividade turística pela comunidade local? Houve transformações na
dinâmica sócio-espacial e cultural na localidade a partir da atividade turística? Se
houve, quais foram os impactos provocados?Existe uma política ambiental definida?
Caso exista, ela é posta em prática? E quanto ao Turismo, existe um planejamento
para essa atividade? Qual a sua participação na geração de receita e renda? Que
influências está trazendo para mudanças nas condições de vida da população local?
Essas entre outras questões tornam-se fundamentais para nortear nossa
análise e discussão sobre a relação entre Turismo e meio ambiente no contexto do
desenvolvimento turístico sustentável.
Petrocchi (1998) entende que para haver a sobrevivência de um sistema,
quando falamos em sistemas estamos referindo-às organizações que compõe o
sistema turístico, torna-se então necessário, a relação da sobrevivência da atividade
turística com a satisfação do desejo dos clientes (os turistas) e a necessidade de
conhecer os aspectos desses desejos e de inseri-los no processo de planejamento e
nas especificações técnicas do produto, pois é dele que vem a receita que alimenta
os negócios turísticos da cidade.
No que diz respeito ao processo histórico, Petrocchi (1998) afirma que até os
anos 60 os administradores do Turismo objetivavam ampliar a demanda, tendo suas
atenções concentradas nos números dos visitantes. Ainda segundo o autor:
72
O destino dessas áreas ocupadas turisticamente dependerá da forma de
Turismo a ser implementada.
73
A competência de legislar sobre defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição, assim como a responsabilidade
por danos ao meio ambiente, a bens e direito de valor artístico, estético, histórico e
paisagístico, é concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal. Nesse caso,
a União deve estabelecer normas gerais, caso isso não ocorra, os Estados terão
competência legislativa plena (PIRES, 2005).
Assim como a Constituição do Estado, as leis orgânicas dos municípios de
Extremoz e Ceará-Mirim, estão em consonância com Constituição Federal Brasileira.
Nesse contexto, compete aos respectivos municípios prover a administração
municipal e legislar sobre matéria de interesse local de modo que não fira disposição
constitucional; elaborar Plano Diretor, instrumento básico da política de
desenvolvimento e expansão urbana; planejar o uso e ocupação do solo, com vistas
ao bem comum e à defesa ao meio ambiente; realizar os serviços de conservação e
limpeza públicas.
Ainda de acordo com a Lei Orgânica Municipal, compete aos municípios,
concorrentemente com a união ou o Estado, zelar pela saúde, segurança e
assistência públicas, estimular o melhor aproveitamento do solo, proteger os
documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais e os sítios arqueológicos e incentivar a
agricultura, a indústria, o comércio e outras atividades que visem ao
desenvolvimento econômico (PREFEITURA MUNICIPAL DE CEARÁ-MIRIM, 2007;
PREFEITURA MUNICIPAL DE EXTREMOZ, 2007).
A proteção do meio ambiente possui um capítulo próprio na Constituição
Federal, assim como nas leis orgânicas dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim,
as quais seguem o mesmo princípio da Constituição Federal que em, seu artigo 225,
consagrou como obrigação do poder público a defesa, preservação e garantia de
efetividade do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao
poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações (MORAES, 2006).
Moraes (2006, p. 2197) dialogando com Raul Machado Horta e Alexandre
Kiss afirma que “a Constituição da República de 1998 exprime estágio culminante da
incorporação do Meio Ambiente ao ordenamento jurídico do país”. Expõe a
necessidade de regulamentação da exploração de recursos naturais como
74
necessidade de proteção ao meio ambiente, pois ressalta que a exploração dos
recursos biológicos pode essencialmente causar problemas de poluição.
É exatamente essa a preocupação do Direito, garantir a proteção aos
recursos naturais da humanidade. O que se pretende nesse artigo (art. 225,
Constituição Federal) é a salvaguarda dos recursos naturais, a preservação do meio
ambiente para as gerações futuras, garantindo-se o potencial evolutivo.
Dentro desse contexto, Moraes (2006) ressalta que o artigo 225 deve ser
interpretado em consonância com o art.1º, III, que consagra como fundamento da
República o princípio da dignidade da pessoa humana; o art.3º, II, que prevê como
objetivo fundamental da República o desenvolvimento nacional; e o art. 4º, IX, que
estipula que o Brasil deve reger-se em suas relações internacionais pelos princípios
da cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, de maneira a
permitir maior efetividade na proteção ao meio ambiente.
Para assegurar a efetividade desse direito, incube ao poder público municipal,
na Lei n°. 1.232, de 11 de Dezembro de 1992, no cap ítulo VI, art. 98, preservar e
restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas; preservar e diversificar a integridade do patrimônio
genético do município e fiscalizar, nos limites de sua competência, as entidades
dedicadas e manipulação do material genético; definir supletivamente à União e ao
Estado, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
proteger a fauna e a flora, vedadas na forma de lei, as práticas que coloquem em
risco sua função ecológica; Elaborar o Código do Meio Ambiente, que definirá a
política de preservação e adequação do município (MORAES, 2006).
Sabemos que as belezas cênicas, formadas pelo conjunto de componentes
da morfologia costeira, são responsável pela atratividade turística. A zona costeira é
colocada na Constituição Brasileira como patrimônio nacional. A Carta Magna
recomenda que a sua utilização deverá se dar de forma que seja assegurada a
preservação do meio ambiente inclusive quanto ao uso dos recursos naturais
(MARCELINO, 1999).
A zona costeira abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância
ambiental. Ao longo do litoral, alternam-se mangues, restingas, campos de dunas e
falésias, baías e estuários, recifes e corais, praias, planícies intermarés e outros
75
ambientes importantes, do ponto de vista ecológico. Os espaços litorâneos possuem
uma significativa riqueza em termos de recursos naturais e ambientais, que vem
sendo colocada em risco, em decorrência da intensidade do processo de ocupação
desordenada.
A atividade turística tem sido responsável por influenciar de forma crescente o
processo de ocupação e uso do espaço costeiro, sem obedecer a um planejamento,
a um plano de desenvolvimento econômico estratégico compatível com a proteção
dos recursos naturais, paisagísticos, culturais e históricos os quais constituem os
principais atrativos dos turistas tanto em nível regional, nacional como internacional.
O litoral, entendido aqui como áreas de praias, dunas, lagoas, coqueirais,
paisagens naturais, tais como as encontradas nos municípios de Extremoz e Ceará-
Mirim, constitui área prioritária para o Turismo. O turista que se destina a áreas
litorâneas, em sua maioria, busca o equilíbrio psicofísico em contato com os
ambientes naturais em seu tempo de lazer; como por exemplo, o contato com belas
paisagens, ecossistemas exóticos, cultura local, atividades de lazer envolvendo os
recursos naturais: passeios de buggy nas dunas, passeios de barco, mergulho.
Diante do contexto, podemos perceber que o Turismo está intimamente ligado
ao meio ambiente, essa compreensão turística é destaque em toda literatura sobre o
tema, tendo em vista que a maioria dos turistas busca paisagens diferentes daquela
onde está seu habitat, e quanto mais nativa e natural for esta paisagem maior será
sua atratividade e conseqüentemente maior será o lucro gerado pela mesma,
contribuindo para a sobrevivência do sistema turístico.
Porém o que se verifica nas áreas em estudo são conflitos entre o que
determina a legislação quanto às potencialidades relacionadas ao litoral e o seu uso
existente nas práticas relacionadas à atividade turística.
O Plano Diretor do Município de Extremoz, Capítulo I, Do desenvolvimento
Econômico, em seu artigo 80, determina que o município, com o objetivo de
promover e incentivar o desenvolvimento turístico deve, entre outras atribuições,
promover os bens naturais do Município como atrativo turístico através da melhoria
de infra-estrutura de atendimento e serviços aos turistas na orla marítima e demais
local de atendimento ao turismo (PREFEITURA MUNICIPAL DE EXTREMOZ, 2007).
No entanto, verifica-se a presença constante de lixos a céu aberto, lançamento
76
indiscriminado de esgotos39 domésticos produzidos pelas barracas de praia
instaladas na orla marítima, bem como a falta de infra-estrutura das mesmas. Todos
esses fatores mencionados prejudicam não apenas o meio ambiente e a saúde da
população, assim como constituem barreiras à promoção do desenvolvimento da
atividade turística, tendo em vista as sensações de desconforto e incômodo que
essas marcas na paisagem traz aos olhos dos turistas.
39
Esgoto é o termo usado para as águas que, após a sua utilização humana, apresentam as suas
características naturais alteradas.
77
Fotografia 10 – Praia da Redinha Nova - presença de lixo a céu aberto.
Fonte: Andréa Hart (ABR/2007)
78
vez, os loteamentos apresentam-se como forte agente degradador
do ambiente costeiro.
79
A APA situada ao norte da cidade de Natal – RN, ocupando uma área de
1.881 hectares, pertencentes, em quase sua totalidade, ao município de Extremoz,
apresentando apenas uma pequena faixa nas proximidades do Rio Doce, localizada
no município de Natal, foi criada no dia 17 de maio de 1995, por força do Decreto n°
12.620, com o objetivo de ordenar o uso, proteger e preservar os ecossistemas de
praia, mata atlântica e manguezal; lagoas, rios e demais recursos hídricos; dunas; e
espécies vegetais e animais.
Devido às suas belezas paisagísticas, características geológicas e
geomorfológicas e posicionamento geográfico, com a proximidade da capital, a área
se apresenta como uma das mais importantes para o Turismo potiguar. A sua
exploração foi intensificada no início da década de 80, período correspondente à
consolidação do Turismo no Rio Grande do Norte como destino turístico dentro do
contexto nacional, provocando, portanto, problemas e conflitos de várias
intensidades.
A sua criação se mostrou, portanto, como alternativa mais viável para dar
início, de forma rápida e eficiente, às atividades de preservação ambiental da área
abrangida, ao mesmo tempo em que se buscava a manutenção do desenvolvimento
da atividade econômica.
Ainda nesse contexto, é válido chamar a atenção para o fato de que:
80
Um estudo Técnico, realizado pelo grupo de trabalho designado pela Diretoria
Técnica do IDEMA, através da Portaria n° 217/2004 d e 29/09/2004, o qual tem como
objetivo principal controlar as invasões na APA de Jenipabu, através das
construções e cercas, constatou que a área considerada atualmente a mais
impactada da APA é a Ponta de Santa Rita (município de Extremoz), localizada
próxima aos principais atrativos turísticos da região. (IDEMA, 2004)
Tomando com referências o levantamento fotogramétrico do Patrimônio da
União de 1997, na escala de 1.2000, fotografia aérea de junho de 2003, fornecida
pela prefeitura de Extremoz e o levantamento realizado pela equipe técnica,
verificou-se que no intervalo entre 2000 e 2004, apenas na parte mais alta das
dunas da praia de Santa Rita, ocorreu um acréscimo de 15 (quinze) novas
edificações totalizando 50 (cinqüenta) construções, entre novas, reformadas e
antigas. Esses números seriam assustadores salvo comparados com dados
recentes fornecidos pela Secretaria de Infra-estrutura de Extremoz, os quais
contabilizam atualmente 350 (trezentos e cinqüenta) construções irregulares em
cima das dunas.
Através de entrevistas realizadas em campo, tomou-se o conhecimento de
que a prefeitura de Extremoz, durante muito tempo, foi conivente com esse crime
ambiental, pois emitia cartas de aforamento, sem os proprietários estarem de posse
da Licença Ambiental, que, por se tratar de uma APA, constitui-se em um
instrumento imprescindível, conforme determina a Legislação Federal.
Além deste fato, as construções irregulares em cima das dunas também
dispõem de serviços básicos prestados pelo poder público, como energia elétrica
fornecida pela COSERN e água tratada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgotos
de Extremoz .
Para ratificar esse fato, no dia 14 de janeiro de 2007, foi publicada por
Porpino (2007) uma reportagem no jornal Tribuna do Norte, intitulada “Ministério
Publico (MP) força proteção de Jenipabú” no qual aponta para a conclusão, que
chegou o Ministério Público ao encerrar em dezembro do ano passado o inquérito
aberto em mil novecentos e noventa e oito (1998), de que desde a implantação da
APA de Jenipabu até os dias atuais nada foi implementado de fato. A reportagem
chama a atenção ainda para o fato de que:
81
O decreto não é respeitado. Ao longo de duas décadas a prática
indiscriminada dos bugue-turismo, o avanço de construções
irregulares em cima das dunas e no entorno da APA, e ainda o
desenvolvimento de outras atividades vem contribuindo para a
degradação ambiental da área. (PORPINO, 2007)
40
Vide fotografia 11.
82
Fotografia 11 – Construção em cima das dunas destinada para fins
especulativos.
Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)
83
Fotografia 13 – Construção em cima das dunas destinada para fins
especulativos.
Foto: Marcelo Delgado (OUT/2004)
84
Fotografia 15 – Construção em cima das dunas destinada para fins
especulativos.
Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)
Podemos observar, nas figuras 12, 13, 14 e 15, padrões de construção com,
um melhor acabamento relacionado a outras construções nas quais possui um
padrão mais simples, fato esse verificado na maioria das edificações destinadas
para fins especulativos. É válido chamar a atenção para o fato de que as edificações
correspondentes às figuras 12, 13 e 14 se encontram alugadas que segundo
entrevistas realizadas com os moradores, esses aluguéis se efetivaram por via de
imobiliárias.
Conforme foi citado acima, há uma diversidade tanto relacionada ao perfil das
construções, quanto aos seus fins. Além das construções destinadas para fins
especulativos encontra-se também em um número bem menor segundas
residências e construção mais simples destinadas a uma população com um poder
aquisitivo baixo.
85
Fotografia 16 – Construção destinada a moradores com perfil social de baixa renda.
Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)
86
Fotografia 18 – Segunda residência.
Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)
87
Fotografia 20 – Área alagadiça de recarga do aqüífero subterrâneo41
Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)
41
Áreas de recarga de aqüífero são regiões onde a precipitação abastece o aqüífero subterrâneo.
42
De acordo com a Resolução Conama 001/86, considera-se impacto ambiental qualquer alteração
das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde,
a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, 1986)
43
Vide figura 21.
88
Jenipabu. No entanto não existem estudos técnicos e científicos que comprovem o
comprometimento desse meio ambiente em função das construções irregulares.
89
conforme a delimitação geográfica constante no mapa. (RIO GRANDE DO NORTE,
2006)
O artigo 6° em seu parágrafo primeiro define as det erminações que serão
estabelecidas para as trilhas, que são as seguintes: para balizar os percursos
autorizados serão utilizados bandeirolas de cor verde e, para os locais de
contemplação ou parada, serão utilizadas bandeirolas de cor azul. (RIO GRANDE
DO NORTE, 2006)
É responsabilidade do IDEMA a elaboração e execução da trilha de que trata
o caput deste artigo bem como a sua fiscalização. O artigo 9° deixa claro que o
empreendedor que auferir lucros da atividade de uso de veículos credenciados na
área das dunas de Jenipabu, bem como os bugueiros, por meio de sua Associação,
deverão apresentar Relatório de Controle Ambiental, elaborado de acordo com as
diretrizes estabelecidas pelo órgão ambiental competente, para o conhecimento dos
reais impactos causados por essa atividade ao meio ambiente, num prazo de um
ano, a contar a partir da publicação desta Resolução. O não-cumprimento do
disposto nesta Resolução sujeitará os infratores às penalidades administrativas e
penais porventura incidentes, sem prejuízo da obrigação de reparar o dano causado.
De acordo com a empresaria Cleide Batista (informação verbal)44, a qual faz
parte do Conselho Gestor da APA de Jenipabu, a partir do momento que a resolução
do CONEMA 01/2006 entrou em vigor, os bugueiros passaram a circular na área de
forma ordenada em concordância com o disposto pela Resolução em questão.
Quanto ao comércio informal houve uma expansão da área de dunas
ocupada, assim como uma maior variedade dos produtos a serem vendidos não se
limitando apenas a venda de roupas.
44
Entrevista informal realizada com a Sr. Cleide Batista em Natal, julho de 2007.
90
Fotografia 22 – Expansão do comércio informal descaracterizando a paisagem.
Fonte: Idiana Soares (ABR/2008)
91
Fotografia 24 – Variedade do comércio informal.
Fonte: Idiana Soares (ABR/2008)
92
de conservação (UC)45 municipal, em específico uma Área de Proteção
Permanente46 (APP), também vem sendo um reflexo do uso intenso do setor
turístico, através da ocupação desordenada nas suas margens. Sendo constante o
lançamento de esgotos domésticos sem nenhum tratamento, bem como a prática
recreativa que se dá a partir da instalação de equipamentos destinados a atividade
sem obedecer as normas ambientais.
45
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC – (Lei 9.805/2000) define Unidade de
Conservação como “Espaço Territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo poder público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias
adequadas de proteção” (IDEMA, 2004)
46 o o
O Código Florestal (Lei n 4.771, de 15/09/65, alterada pela Lei n 7.803, de 8/08/1993), no seu
o
Artigo 2 , define como Áreas de Proteção Permanente locais onde devem ser mantidas todas as
florestas e demais formas de vegetação natural. Estes locais foram definidos como de proteção
especial pois representam áreas frágeis ou estratégicas em termos de conservação ambiental, não
devendo ser modificadas para outros tipos de ocupação. A manutenção da vegetação natural nestes
locais contribui para o controle de processos erosivos e de assoreamento dos rios, para garantir
qualidade dos recursos d'água e mananciais e para a proteção da fauna local. (IDEMA, 2004)
93
Sabemos que o aumento da carga de nutrientes e contaminantes para um
determinado sistema, em específico, um sistema fechado como é o caso da lagoa
de Jacumã, pode alterar as condições físico-químicas da água, como o PH e
alcalinidade e pode alterar a disponibilidade de habitats para diversos componentes
da biodiversidade do sistema. Induz também ao crescimento excessivo das algas,
uma vez que estas encontram-se via, de regra, nos ecossistemas naturais limitados
pela disponibilidade de nutrientes.
Por se tratar de um sistema de corpo fechado, a lagoa possui um pequeno
potencial de diluição, tendo em vista que não há uma exportação do sistema de
cargas recebidas pelas diferentes fontes naturais e antrópicas de nutrientes e
contaminastes exatamente por não haver trocas do sistema.
Nesse sentido, o Plano Diretor do Município de Ceará-Mirim, em seu artigo
24, define as Zonas de Proteção Ambiental as quais deverão estar previstas em Lei
específica do Município, o código Ambiental do Meio Ambiente, devendo compor o
patrimônio ambiental da porção territorial do município, sendo a principal estratégia
de proteção ambiental a ser definida na Política Municipal de meio Ambiente, as
quais se classificam em quatro Zonas de Proteção Ambiental. No caso específico da
Lagoa de Jacumã, está inserida no art. 24 parágrafo 2°, na Zona de Proteção
Ambiental III, na qual constitui-se de áreas de domínio público ou privado,
destinadas à proteção integral dos recursos ambientais nela inseridos,
especialmente os ecossistemas lagunares, associados às formações dunares
móveis ou com vegetação de restinga fixadora e as demais formas de vegetação
natural de preservação permanente, onde não serão permitidas quaisquer atividades
modificadoras do meio ambiente natural ou atividades geradoras de sobre-pressão
antrópica. Vale ressaltar que a Lagoa de Jacumã bem como a área em que está
inserida, faz parte da Zona de Interesse Turístico e de Lazer, conforme o artigo 29
do Plano Diretor do referido município e, portanto, torna-se possível o
desenvolvimento de panos e programas de interesse turístico, bem como o uso
econômico da área para dar suporte ao desenvolvimento da atividade turística e de
lazer da população e dos turistas visitantes. (PREFEITURA MUNICIPAL DE CEARÁ-
MIRIM, 2007)
Para agravar ainda mais a situação, trata-se de uma área que, assim como as
demais presentes na área de estudo, está inserida no contexto de uma problemática
94
socioambiental crônica, onde a urgência cotidiana da sobrevivência sobrepõe a
consciência ambiental das comunidades que se utilizam da área para sobreviver.
Portanto, medidas mitigadoras como um trabalho de conscientização da
sustentabilidade da lagoa realizado pelo poder público local em conjunto com órgãos
que tenham relações direta ou indireta com a atividade turística e com o meio
ambiente, implantação de redes de estação de tratamento e um monitoramento
ambiental, nas quais haja uma descrição de forma contínua das condições
ambientais da lagoa de Jacumã.
Entende-se por monitoramento ambiental:
47
Estressor é qualquer ação, natural, antrópica ou de gênese desconhecida, que provoca ou pode,
potencialmente provocar modificações na estrutura e processos do ambiente costeiro. Tais
modificações ou variações são definidas como os impactos ambientais propriamente ditos.
95
preocupante no que diz respeito à degradação do meio ambiente litorâneo, isso
inclui a população local que nela habita.
96
CONSIDERAÇÕES FINAIS
97
A ação a nível Estadual e em nível local investindo na ampliação de infra-
estrutura e na área de marketing, tem atraído investimentos do setor privado para a
inserção de equipamentos e serviços turísticos de pequeno, médio e grande porte
(implantação de complexos turísticos). O crescimento da atividade fez emergir uma
nova ordenação territorial na área em estudo que continuou obedecendo à
racionalidade da acumulação, do consumismo e principalmente do imediatismo.
As secretarias de Turismo dos municípios em estudo ressaltam o fato de que
aproximadamente 50% da população litorânea vêm sendo empregada
informalmente. O complexo turístico a ser implantado nos municípios de Extremoz e
Ceará-Mirim, Grand Natal Golf, é um exemplo desse fato; na justificativa de gerar
emprego e renda, questões relacionadas ao meio ambiente, como por exemplo,
avaliação ambiental estratégica dos impactos da obra, impactos causados ao
ecossistema pelos campos de golfe, questões relacionadas a capacidade de suporte
dos recursos hídricos, aumento dos resíduos sólidos e líquidos são relegadas a um
plano inferior.
Sabemos que o capitalismo não se desenvolve em todos os lugares da
mesma forma, na área em estudo percebe-se que a relação de produção se
desenvolve com uma lógica própria, não recebe apoio do poder público local, nem
dos gestores envolvidos com a atividade turística, tornando, portanto, uma relação
de produção que nem sempre se torna coerente com a essência da lógica capitalista
que pressupõe um modelo mais organizado no que diz respeito à produção de
renda.
O descaso político tem sido grande, desrespeitando a Constituição, o plano
diretor municipal e a própria lei orgânica. Além desse fato verificou-se a ausência de
ações articuladas entre os setores, instituições municipais e estaduais quanto às
propostas de desenvolvimento da atividade turística implicando em ações
superpostas e desencadeadas, não contribuindo dessa forma para os benefícios
sociais, ambientais e econômicos.
Os municípios de Extremoz e Ceará-Mirim possuem problemas que dificultam
o pleno desenvolvimento do turismo, como deficiência de infra-estrutura básica,
população com baixa renda, nível de escolaridade baixo trazendo implicações na
capacitação profissional para o trabalho e prestação de serviços para o turismo,
ausência de postos de saúde, postos policiais, uso inadequado do solo e
conseqüente degradação do meio ambiente e da paisagem. Todos esses fatores
98
nos levam a concluir que a forma como a atividade turística vem sendo conduzida
nos municípios ainda não vem contribuindo para um desenvolvimento turístico
sustentável.
A resolução desse impasse pode ser obtida através de um planejamento
consciente, que leve em consideração as relações sociais, a estrutura institucional
local, migrações, sazonalidades e as suas conseqüências na dinâmica local, a
geração de emprego e renda. Todos esses elementos levados em consideração
estão na base do planejamento estratégico.
Nesse sentido, Nogueira (2000, p. 78), entende que a Universidade
desempenha papel decisivo para o desenvolvimento da comunidade em que a
atividade está inserida. Através da realização de pesquisas aplicadas ao território.
Cabe a ela por intermédio da realização de pesquisas aplicadas aos seus territórios
e de seus planos de extensão, colaborar para o desenvolvimento, especialmente
pela realização de planejamentos de gestão integral para o desenvolvimento local,
formação de empreendedores e criação de empregos, desenvolvimento de linhas de
pesquisa aplicada, apoio aos programas locais, fomento e inovação; pelas
mudanças culturais e preservação do meio ambiente, cumprindo efetivamente seus
princípios fundamentais.
Como afirma Beni (2006), Política é um curso de ação para alcançar
objetivos, são as direções gerais para o planejamento e a gestão do turismo
baseadas em necessidades identificadas dentro de restrições de mercado e de
recursos. Portanto, se faz necessário que as políticas que levam a produção de
novos espaços e transformações da paisagem litorânea, considerem o uso e
ocupação do solo compatível com a proteção do meio ambiente.
Para que possa obter esse resultado, torna-se imprescindível, como já foi
mencionado em capítulos anteriores que o planejamento deve apoiar-se na
participação dos vários agentes envolvidos com a atividade, onde essa ação
interativa responderá certamente em um esforço significativo na construção de um
modelo de desenvolvimento sustentável, possibilitando superar paulatinamente a
reprodução da pobreza e da exclusão social provocadas em função do modelo de
desenvolvimento atual, onde essa nova ordenação se traduza em um novo modelo
de desenvolvimento, onde a qualidade de vida seja fator fundamental. Diante do
exposto permanece a indagação: quais as perspectivas futuras para o turismo no
litoral dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim?.
99
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Jenipabu e dá outras providências. 2006.
SANTOS, Milton. Por uma geografia nova. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1978.
104
SILVEIRA, Marcos Aurélio Tarlombani da. Planejamento territorial e dinâmica local:
bases para o turismo sustentável. In: RODRIGUES, Adyr Balasteri (Org.). Turismo:
desenvolvimento local. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2002.
SOUZA, Marcelo José Lopes de. Como pode o turismo contribuir para o
desenvolvimento local? In: RODRIGUES, Adyr Balasteri (Org.). Turismo:
desenvolvimento local. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2002.
105
APÊNDICES
106
APÊNDICE A – Secretaria do Meio Ambiente
GEOGRAFIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO LITORAL DOS MUNICÍPIOS
DE EXTREMOZ E CEARÁ-MIRIM/RN
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Localidade:
Atores: Secretaria do Meio Ambiente
1: Dados pessoais:
Nome do entrevistado
Profissão/ ocupação
Idade
Escolaridade
Nacionalidade
Naturalidade
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
107
5. Existem impactos ambientais provocados pelo turismo na localidade?
Sim ( ) Não ( )
Quais:
Sim ( ) Não ( )
7. Existem planos e programas que viabilizem investimentos por parte dos empreendedores nas
medidas preservacionistas, afim de manter a qualidade e conseqüente atratividade dos
recursos naturais?
Sim ( ) Não ( )
8. A renda da atividade turística, tanto indireta (impostos) como direta (taxas), proporciona as
condições financeiras necessárias para a implantação de outras medidas preservacionistas
Sim ( ) Não ( )
9. O que tem sido feito para amenizar as implicações negativas em períodos de alta estação, no
consumo e na produção de resíduos sólidos?
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
OBSERVAÇÕES DO ENTREVISTADOR:
108
APÊNDICE B – Secretaria de Turismo
GEOGRAFIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO LITORAL DOS MUNICÍPIOS
DE EXTREMOZ E CEARÁ-MIRIM/RN
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Localidade:
Atores: Secretaria de Turismo
1: Dados pessoais:
Nome do entrevistado
Profissão/ ocupação
Idade
Escolaridade
Nacionalidade
Naturalidade
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
4. Os meios de hospedagem agem de forma a proteger o meio ambiente, tais como separação
e coleta seletiva do lixo, sistema de tratamento de esgoto.
Sim ( ) Não ( )
109
5. Capacitação aos funcionários dos serviços turísticos em idiomas estrangeiros, afim de melhor
atender clientes de outros países.
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Quais:
Sim ( ) Não ( )
9. Presta atenção aos desejos, às necessidades, às queixas e aos problemas dos turistas ,
levando-os ao conhecimento de operadores turísticos, hoteleiros, comunidades e órgãos
públicos do setor?
Sim ( ) Não ( )
OBSERVAÇÕES DO ENTREVISTADOR:
110
APÊNDICE C– Comerciantes antigos e associações
GEOGRAFIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO LITORAL DOS MUNICÍPIOS
DE EXTREMOZ E CEARÁ-MIRIM/RN
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Localidade:
Atores: Comerciantes antigos e associações
1: Dados pessoais:
Nome do entrevistado
Profissão/ ocupação
Idade
Escolaridade
Nacionalidade
Naturalidade
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
111
5. Conhecimento das transformações na dinâmica sócio-espacial e cultural da localidade a partir
da atividade turística: cotidiano, costumes, manifestações culturais, paisagem, profissões e
economia.
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
1. Localidade e empreendimento
Ramo da atividade
Dimensão do empreendimento
OBSERVAÇÕES DO ENTREVISTADOR:
112
APÊNDICE D – Comunidade Local
GEOGRAFIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO LITORAL DOS MUNICÍPIOS
DE EXTREMOZ E CEARÁ-MIRIM/RN
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Localidade:
Atores: Comunidade Local
1: Dados pessoais:
Nome do entrevistado
Profissão/ ocupação
Idade
Escolaridade
Nacionalidade
Naturalidade
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
113
5. Conhecimento das transformações na dinâmica sócio-espacial e cultural da localidade a partir
da atividade turística: cotidiano, costumes, manifestações culturais, paisagem, profissões e
economia.
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Sim ( ) Não ( )
Quais:
Sim ( ) Não ( )
114