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INTRODUÇÃO À CARTOGRAFIA
SEGUNDA EDIÇÃO
Santa Maria, RS
2009
Aguirre, Argentino José ; Mello Filho, José Américo de
A284i
Introdução à Cartografia / por Argentino José Aguirre, José
Américo de Mello Filho. – Santa Maria: UFSM / CCR /
Departamento de Engenharia Rural, 2009, 2.ed.
80 p. : il. (Caderno Didático)
CDU: 528.9
APRESENTAÇÃO
Os Autores
APRESENTAÇÃO................................................................................................................ 1
1. CONCEITOS DE CARTOGRAFIA ................................................................................. 4
Cartas e Mapas .............................................................................................................. 5
Classificação de cartas e mapas ..................................................................................... 7
Classificação das cartas segundo a ABNT .................................................................... 7
Cartas Geográficas ....................................................................................................... 8
Cartas Cadastrais ou Plantas ....................................................................................... 8
Cartas Aeronáuticas ...................................................................................................... 8
Cartas Náuticas ............................................................................................................. 8
Cartas Especiais ............................................................................................................ 8
Cartas básicas e temáticas ............................................................................................ 9
2. OUTRAS FORMAS DE REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA DO ESPAÇO ...... 10
3. FORMA DA TERRA ...................................................................................................... 13
4. SISTEMAS DE PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS ...................................................... 16
4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PROJEÇÃO ............................................... 17
4.1.1. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PROJEÇÃO .............................................. 17
SEGUNDO O PRINCÍPIO DE CONSTRUÇÃO ...................................................................... 17
4.1.2. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PROJEÇÃO .............................................. 19
SEGUNDO A SUPERFÍCIE DE PROJEÇÃO ADOTADA ......................................................... 19
4.1.3. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PROJEÇÃO .............................................. 20
SEGUNDO A SITUAÇÃO DA SUPERFÍCIE DE PROJEÇÃO ................................................... 20
4.1.4. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PROJEÇÃO .............................................. 22
SEGUNDO A PROPRIEDADE QUE CONSERVAM ............................................................... 22
4.2 COEFICIENTE DE DEFORMAÇÃO E ESFERA-MODELO .................................... 23
4.3 PROJEÇÕES PLANAS................................................................................................. 24
Lei da projeção ............................................................................................................ 24
Coeficientes de deformação ........................................................................................ 26
Coeficiente de deformação meridiana ......................................................................... 26
Coeficiente de deformação transversal ........................................................................ 26
Coeficiente de deformação superficial ........................................................................ 27
Deformação angular .................................................................................................... 28
Deformação angular máxima ...................................................................................... 29
4.3.1. CONSTRUÇÃO DE PROJEÇÃO PLANA POLAR EQÜIDISTANTE MERIDIANA ..... 30
4.3.2. CONSTRUÇÃO DE PROJEÇÃO PLANA POLAR EQUIDISTANTE TRANSVERSAL . 35
4.3.3. CONSTRUÇÃO DE PROJEÇÃO PLANA POLAR EQUIVALENTE .......................... 39
4.3.4. CONSTRUÇÃO DE PROJEÇÃO PLANA POLAR CONFORME .............................. 43
4.4 PROJEÇÕES CILÍNDRICAS ...................................................................................... 48
Lei da projeção ............................................................................................................ 48
COEFICIENTES DE DEFORMAÇÃO DA PROJEÇÃO CILÍNDRICA EQUATORIAL .................... 50
Coeficiente de deformação meridiana ......................................................................... 50
Coeficiente de deformação transversal ........................................................................ 50
Coeficiente de deformação superficial ........................................................................ 51
4.4.1.CONSTRUÇÃO DE PROJEÇÃO CILÍNDRICA EQUATORIAL EQÜIDISTANTE
MERIDIANA .................................................................................................................. 51
4.4.2. DEMONSTRAÇÃO DA IMPOSSIBILIDADE DE SE CONSTRUIR ........................... 54
PROJEÇÃO CILÍNDRICA EQUATORIAL EQÜIDISTANTE TRANSVERSAL ........................... 54
1. CONCEITOS DE CARTOGRAFIA
Cartas Geográficas
a) Cartas Topográficas:
são as confeccionadas mediante um levantamento topográfico regular (os autores
incluem fotografias aéreas), ou as compiladas de cartas topográficas existentes, e
que incluem os acidentes naturais e artificiais, permitindo facilmente a
determinação de altitudes.
b) Cartas Planimétricas:
têm o mesmo conceito aplicado às cartas topográficas, entretanto, não faz parte de
suas características fundamentais a representação das altitudes, podendo até
mesmo omiti-la.
A carta geográfica, quando construída em escala pequena, abrangendo uma área
relativamente grande, da ordem de 1:1.000.000, representando a superfície da
Terra nos seus aspectos físicos e culturais, para fins ilustrativos, pode ser também
denominada mapa.
Cartas Aeronáuticas
representam a superfície da Terra com sua cultura e relevo, de maneira a
satisfazer, especificamente, as necessidades da navegação aérea. A representação
do relevo deve ser com precisão compatível com a escala.
Cartas Náuticas
são as que resultam dos levantamentos dos mares, rios, canais e lagoas navegáveis
e que se destinam à segurança da navegação. Devem apresentar o relevo da parte
submersa, com indicação de profundidades que serão usados para orientar a
navegação e os tipos de embarcações.
Cartas Especiais
são as cartas, mapas ou plantas, em qualquer escala, que geralmente se as
preparam para fins específicos.
a) Cartas Geológicas:
são as que representam as características e a distribuição geográficas dos
componentes da crosta terrestre.
b) Cartas Geomorfológicas:
são as que representam as formas do relevo terrestre e sua estrutura.
c) Cartas Meteorológicas:
são as que mostram as classificações climáticas e as que, em serviços contínuos,
diários e sistemáticos, mostram os dados meteorológicos, observados em vários
lugares e as alterações progressivas nas condições do tempo.
d) Cartas de solos:
são as que identificam e classificam os diferentes tipos de solos e a sua
distribuição geográfica.
e) Cartas de vegetação:
são as que representam as características e distribuição da cobertura vegetal.
f) Cartas de uso da terra:
são as que representam a classificação e a distribuição geográficas dos diferentes
usos a que está sujeita a superfície terrestre.
g) Cartas geofísicas:
são as que representam as características e a distribuição geográficas dos
fenômenos físicos que ocorrem na Terra.
h) Globos terrestres:
são as representações da superfície terrestre numa outra semelhante.
Ortofotomapa Carta-Imagem ()
3. FORMA DA TERRA
Por constituir o objetivo fundamental da Cartografia a representação gráfica da
superfície terrestre, torna-se necessário conhecer a forma da Terra.
Primeiramente o homem imaginou a Terra como plana, porque era assim que ele a
via ao seu redor. Homero (séc. VIII a.C.), em suas obras literárias, concebia a Terra como
um disco flutuante sobre o oceano.
A idéia da esfericidade da Terra foi concebida na Grécia antiga, por filósofos e
matemáticos. Pitágoras (séc. VI a.C.) afirmava que a Terra era esférica e girava em torno
do Sol (primeiros fundamentos do heliocentrismo). Aristarco (séc. IV a.C.) aprofundou
esta idéia e formulou um modelo de sistema solar em que também outros planetas giravam
em torno do Sol, como Mercúrio e Vênus. Por este motivo, foi preso, porém hoje é
reconhecido como o “Copérnico da Antiguidade”. A teoria da esfericidade fazia parte dos
postulados de Aristóteles (séc. IV a.C.), porém com a diferença, em relação a Pitágoras, de
que o Sol girava em torno da Terra (sistema geocêntrico). Eratóstenes (séc. III a.C.) pode
comprovar matematicamente a esfericidade da Terra, ao calcular a circunferência e o raio
do nosso planeta. O seu experimento ocupa a sétima posição entre os 10 mais belos
experimentos da física. Ele sabia que, durante o solstício do verão (para o Hemisfério
Norte), os raios solares atingiam perpendicularmente a superfície de Siena (Egito) ao meio-
dia. Neste mesmo instante, a inclinação dos raios solares em Alexandria era de 7,2°.
Sabendo que os raios solares chegam à Terra paralelamente, e que a distância entre Siena e
Alexandria é 787 km (medida para o experimento com o emprego da unidade grega
‘estádio’, que correspondia a 600 pés gregos, ou 125 passos), Eratóstenes usou uma
simples regra de três para calcular a circunferência da Terra em 39.350 km. Hoje, com os
equipamentos mais modernos, sabe-se que a circunferência da Terra, na linha do Equador,
mede cerca de 40.075 km. Ptolomeu (séc. II a.C.), em sua obra, reforçou a compreensão
de Aristóteles, ao manter o conceito da esfericidade da Terra e ao admiti-la como o centro
do sistema solar. Esta concepção, apoiada na infalibilidade aristotélica, perdurou desde
aquela época, atravessando todo o período obscurantista da Idade Média, até a chegada da
Renascença (séc. XV d.C.).
O polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) foi o grande destaque renascentista no
campo da Astronomia, pois recuperou os fundamentos teóricos concebidos por Pitágoras e
Aristarco, desenvolveu-os matematicamente, e formulou a teoria heliocêntrica para o
sistema solar, ao construir um sistema capaz de explicar as observações celestes, pelo
menos tão precisamente como o sistema de Ptolomeu, e em muitos aspectos, muito mais
simples. Este sistema só pôde ser provado pelas observações de Galileo sobre as fases de
Vênus e os satélites de Jupiter.
O italiano Galileo Galilei (1564-1642), físico, matemático e astrônomo, criou o
telescópio e fez observações da Via Láctea a partir de 1610 que o levaram a adotar o
sistema de Copérnico. Colocou em discussão muitas idéias do filósofo grego Aristóteles,
entre elas a comprovação de que objetos leves e pesados caem com a mesma velocidade.
Em Florença, concluiu os seus estudos sobre o sistema solar, pelos quais a Terra e os
demais planetas giravam ao redor do Sol. Foi condenado pela Inquisição e teve que negar
tudo no tribunal. Ao sair do interrogatório do tribunal, disse uma frase célebre: “Epur si
Muove!”, traduzido por “E contudo ela se move!”. Morreu cego e condenado pela Igreja,
longe do convívio público. Somente em 1983, decorridos 341 anos após a sua morte, a
mesma Igreja, revendo o processo, reconheceu a verdade científica e decidiu pela sua
absolvição.
Em resumo, a verdadeira forma da Terra, por convenção, chama-se Geóide, por seu
significado etimológico, e a Cartografia usa modelos matemáticos para elaborar cartas e
mapas.
Projeções analíticas
As projeções analíticas são aquelas que perderam o sentido geométrico
propriamente dito, em conseqüência da introdução de leis matemáticas, visando conseguir
determinada propriedade. Nestas projeções não podem ser materializados os raios
projetores (não se tem como unir o centro de projeção, o ponto a ser projetado e a projeção
deste ponto). Em função disto, as projeções analíticas subdividem-se em: projeções
simples ou regulares e projeções modificadas ou irregulares.
As projeções analíticas simples são as construídas com base em leis matemáticas
previamente estabelecidas. Exemplo: a projeção cilíndrica equatorial conforme de
Mercator.
Quando a projeção analítica simples (original) é modificada para acrescentar nova
propriedade ou para modificar alguma das suas propriedades, é denominada projeção
analítica modificada. Exemplo: projeção universal transversa de Mercator.
Projeções convencionais
As projeções convencionais são as que se baseiam em princípios arbitrários, que
procuram uma representação gráfica de rara harmonia e beleza estética, em função dos
quais se desenvolvem suas expressões matemáticas.
Uma projeção desse tipo é a projeção de Mollweide (Figura 2), na qual as
transformadas (representação gráfica de linhas na projeção) dos paralelos são linhas retas e
as transformadas dos meridianos formam elipses, com exceção do meridiano de origem e
dos meridianos de 90° a leste e a oeste do meridiano de origem. A transformada do
meridiano origem é uma linha reta; as transformadas dos meridianos de 90o leste e de 90o
oeste do meridiano de origem, juntas, formam um círculo.
Projeções eqüidistantes: são as projeções que não apresentam deformações lineares. Isto
significa que os comprimentos nas cartas estão representados em escala uniforme, ou, em
outras palavras, que existe uma relação constante entre os comprimentos na representação
gráfica e os comprimentos correspondentes no modelo.
Quando a propriedade de eqüidistância é fixada em determinada direção, dá origem
a uma subclassificação e se têm: eqüidistantes meridianas, eqüidistantes transversais e
eqüidistantes azimutais.
¾ As eqüidistantes meridianas são aquelas em que as eqüidistâncias se apresentam
segundo os meridianos.
¾ As projeções eqüidistantes transversais são as que apresentam eqüidistâncias
segundo os paralelos.
A classificação das projeções eqüidistantes em meridianas e transversais é aplicada
somente à projeção plana polar, à cônica normal e à cilíndrica equatorial, porque,
somente nesses casos, é que se consegue eqüidistância segundo os meridianos e
segundo os paralelos. Na projeção cilíndrica equatorial não se consegue
eqüidistância transversal, o que impede construir-se uma projeção cilíndrica
transversal, exceto na linha do equador que é eqüidistante, característica de todas as
projeções cilíndricas equatoriais (ver item 4.4.2, página 54).
¾ Projeções eqüidistantes azimutais: são as que não apresentam deformações nos
círculos máximos que passam pelo ponto de tangência. As projeções eqüidistantes
azimutais são chamadas também de projeções eqüidistantes ortodrômicas. A
ortodromia é a menor distância entre dois pontos, sobre uma superfície esférica ou
elipsoidal. A menor distância entre dois pontos, sobre a esfera, é o arco ao longo da
linha de circunferência máxima; e, sobre o elipsóide de revolução, é a linha
geodésica.
Projeções equivalentes: são aquelas que conservam áreas, isto é, as áreas na carta guardam
uma relação constante com a sua correspondente na superfície da Terra.
Projeções conformes: são as que não deformam ângulos, os quais são representados em
verdadeira grandeza e, ao se adotar esta projeção, a representação das pequenas áreas não
sofre deformação.
Projeções afiláticas: são aquelas em que os comprimentos, as áreas e os ângulos não são
conservados. Entretanto, podem possuir uma ou outra propriedade que justifiquem sua
construção. Como exemplo, pode ser citada a projeção gnomômica, que não conserva
nenhum desses elementos, porém, possui a excepcional propriedade de apresentar as
ortodromias como retas.
Nem sempre a projeção é denominada pelos critérios de classificação apresentados.
As projeções geralmente são conhecidas pelo nome de quem as desenvolveu.
Eventualmente, o nome pode ser acompanhado pela propriedade que conserva (conforme
ou equivalente), a linha de eqüidistância e a superfície desenvolvível utilizada. Isto
acontece, principalmente, com as projeções analíticas e convencionais. Como exemplo,
citam-se: a projeção conforme de Mercator, e a projeção azimutal de Lambert.
Pelo exposto, não é possível elaborar cartas que conservem simultaneamente: áreas,
ângulos e distâncias. Portanto, deve-se escolher uma projeção, de acordo com o objetivo da
representação gráfica, estabelecendo quais as deformações a serem admitidas, quais terão
de ser eliminadas e que propriedades deverão ser conservadas.
As classificações apresentadas não formam compartimentos separados, muito pelo
contrário, um tipo de projeção abrange mais de uma classificação. Por exemplo, a projeção
plana-polar-gnomônica, ou a projeção plana-polar-estereográfica, ou a projeção cilíndrica-
estereográfica.
ab = A' B ' ( E ⋅ CD )
Observa-se, na fórmula acima, que uma grandeza no sistema de projeção é igual a
essa grandeza medida sobre a superfície terrestre, multiplicada pelo fator entre parênteses.
Este fator é o resultado da multiplicação da escala pelo coeficiente de deformação. O
produto entre parênteses ( E ⋅ CD) mostra que, para passar uma grandeza que está sobre a
superfície terrestre para a projeção, a escala da projeção é modificada por um fator
(Coeficiente de Deformação). Por este motivo, o coeficiente de deformação (CD) é
chamado, talvez com maior freqüência, de fator de escala. Quando se usa esta
denominação (fator de escala) ele é representado por k.
O conceito de coeficiente de deformação ou fator de escala aplica-se a todos os
sistemas de projeção.
Lei da projeção
Uma projeção plana polar está representada na Figura 5, com o plano tangente no
pólo norte. Tomando três pontos, A, B e C, sobre a esfera-modelo e seus correspondentes
a, b e c no plano de projeção, de tal forma que os pontos A e B estejam sobre o mesmo
meridiano, e os pontos A e C, sobre o mesmo paralelo, axiomaticamente, afirma-se que:
¾ os meridianos são representados por linhas retas concorrentes no pólo, e formarão
entre si ângulos iguais às respectivas diferenças de longitudes;
¾ os paralelos são representados por circunferências concêntricas no pólo.
Os pontos representados na esfera-modelo ficam localizados por meio das
coordenadas esféricas Latitude e Longitude. O complemento da latitude denomina-se
colatitude ( 90 o − ϕ ), que será usado para se deduzir a lei da projeção.
A colatitude do ponto A está representada por δ, na Figura 5. O ponto a, que é a
representação, no plano de projeção, do ponto A do modelo, está afastado do ponto P a
uma distância m que depende da colatitude do ponto A. À medida que aumenta δ, aumenta
m, e vice-versa. Portanto m será função de δ.
A lei da projeção resultará em uma expressão geral da forma:
m = f (δ )
Conhecida a lei da projeção, a projeção pode ser construída. Para isto escolhe-se
um ponto P sobre o plano para representar o pólo; por este ponto traçam-se as
transformadas dos meridianos, formando entre si ângulos iguais às respectivas diferenças
de longitudes. Posteriormente, com centro em P, traçam-se as circunferências que
representam as transformadas dos paralelos, e calculam-se os raios (m) por uma fórmula
do tipo:
m = f (δ )
Especificamente, observa-se na Figura 5 que:
PA
δ= onde:
R
δ = colatitude do Ponto A
PA = arco formado pelo ângulo δ
R = raio da esfera-modelo
Desenvolvendo PA, tem-se m (raio da circunferência representativa da
transformada do paralelo do ponto A); portanto:
m
δ= de onde se extrai: m = R ⋅ δ
R
Para calcular o valor de m, basta expressar δ em radiano (δ ρ ) ; e a unidade de m
dependerá da unidade de R. Portanto, a expressão matemática a se aplicar será:
m = R ⋅δ ρ
Na expressão matemática apresentada, não se especificou qualquer condição a ser
satisfeita pela projeção.
Coeficientes de deformação
Como visto anteriormente, o coeficiente de deformação é a relação entre uma
grandeza na projeção (carta ou mapa) e a correspondente grandeza na esfera-modelo.
Aplicando-se esta definição para a projeção plana polar, definir-se-ão: coeficiente
de deformação meridiana, coeficiente de deformação transversal e coeficiente de
deformação superficial.
No caso particular em que a área sobre o plano (ab ⋅ ac) é igual à área sobre a
esfera-modelo ( AB ⋅ AC ) , significa que a área da esfera-modelo projetada sobre o plano de
projeção não sofreu distorção. Portanto, γ = 1 é a condição de equivalência.
Deformação angular
Para abordar a deformação angular deve relacionar-se um ângulo na esfera-modelo
e o seu correspondente no plano de projeção.
Com esta finalidade, consideram-se dois triângulos retângulos infinitesimais; um
triângulo esférico, ABC na esfera-modelo, e o seu correspondente plano, abc no plano de
projeção, como mostra a Figura 6. Os pontos A e B estão sobre o mesmo meridiano. E os
pontos B e C estão sobre um arco de circunferência máxima.
A condição para que não haja deformação angular é que os ângulos u e u ' , gerados
a partir do meridiano no sentido anti-horário (ângulo positivo), sejam iguais. Portanto, o
ângulo u da esfera-modelo é representado no plano de projeção em verdadeira grandeza,
como u ' . Se os ângulos são iguais, também o serão as suas respectivas tangentes. Assim:
u = u' e, então: tg u = tg u '
Ao se analisar a Figura 6a, tem-se que:
AC
tg u = sobre a esfera-modelo;
AB
E, ao se analisar a Figura 6b, tem-se que:
ac
tg u ' = sobre o plano de projeção.
ab
Então:
AC ac ac ab
= de onde =
AB ab AC AB
ac ab
Conforme foi apresentado anteriormente: =α e =β
AC AB
Portanto:
α=β
Esta fórmula (α = β) significa que, para que os ângulos sejam representados sem
deformação no plano de projeção, o coeficiente de deformação transversal deve ser igual
ao coeficiente de deformação meridiana. Assim, a condição de conformidade da projeção
está dada pela expressão α = β.
sen (u ' − u ) α − β
= De onde se tem que:
sen (u ' + u ) α + β
α −β
sen (u ' − u ) = sen (u ' + u )
α+β
Fazendo u ' − u = Δ u , sendo Δ u a diferença angular, tem-se:
α −β
sen Δ u = sen (u ' + u )
α +β
α −β
Δ umax =
α +β
m = R ⋅δ + C
Para se calcular a constante de integração C, observa-se, na Figura 5, que, para
δ = 0 também m = 0 . Portanto:
0 = R⋅0 + C ou seja 0=0+C a qual implica: C =0
Portanto, como C = 0 , tem-se:
m = R ⋅δ
Onde:
m = distância ao pólo (raio da circunferência, correspondente ao paralelo de colatitude δ )
R = Raio da esfera-modelo
δ = colatitude ( 90º −ϕ )
Para aplicar a fórmula anterior ( m = R ⋅ δ ), δ deve ser expresso em radiano,
ficando a fórmula para a construção da projeção plana polar eqüidistante meridiana:
m = R ⋅δ ρ que é a Lei da Projeção Plana Polar Eqüidistante Meridiana
Para o traçado da transformada dos meridianos, pode adotar-se uma diferença entre
longitudes de 5º; 10º; 20º; etc., conforme o interesse ou necessidade da aplicação.
Adotando-se a diferença de 10º, as primeiras retas representativas dos meridianos
estarão a 10º do meridiano origem (-51º, no exemplo), tanto à sua direita (leste do
meridiano origem) como à sua esquerda (oeste do meridiano origem); as segundas estarão
a 20º, e assim sucessivamente até 90º, como no exemplo da Figura 7. As transformadas dos
meridianos devem ser estabelecidas de maneira a abranger toda a área a ser mapeada.
Esta fórmula fornece ângulos positivos para aqueles gerados em sentido anti-
horário, isto é, para o leste do meridiano origem, e negativos para os ângulos gerados em
sentido contrário.
Da fórmula anterior tem-se que:
λi = Δλi + λo
Adotando-se 90º como a diferença máxima entre a longitude do meridiano extremo
e a longitude do meridiano origem (-51º), tanto a leste como a oeste, têm-se os valores
representados na Tabela 2:
Tabela 2 – Longitude dos meridianos representados em função de Δλ
Leste do Meridiano Origem Oeste do Meridiano Origem
Δλ (°) λ (°) Δλ (°) λ (°)
90 39 -10 -61
80 29 -20 -71
70 19 -30 -81
60 9 -40 -91
50 -1 -50 -101
40 -11 -60 -111
30 -21 -70 -121
20 -31 -80 -131
10 -41 -90 -141
Onde:
m = distância ao pólo (raio da circunferência, correspondente ao paralelo de colatitude δ )
R = Raio da esfera-modelo
δ = colatitude
Para a construção da PPPET, como foi feito no exemplo anterior, devem fixar-se:
¾ um ponto representativo do pólo
¾ um meridiano qualquer tomado como origem (aconselha-se tomar um valor
inteiro de longitude central à área a ser representada)
¾ um valor para o raio R da esfera-modelo (R determinará a escala da projeção).
Tabela 6 – Valores das coordenadas dos cantos das quadrículas A e B, para a PPPET.
∫ m ⋅ dm = ∫ R ⋅ senδ dδ
2
Integrando esta igualdade, tem-se: que resulta:
m2
+ C1 = - R 2 ⋅ cos δ + C2 de onde:
2
m2
= - R 2 ⋅ cos δ + C2 − C1 fazendo C2 − C1 = C então:
2
m2
= - R 2 ⋅ cos δ + C
2
0
= - R 2 ⋅ cos 0 + C de onde:
2
0 = - R2 + C isto implica que:
C = R2
m2
Substituindo C por R2 na fórmula = - R 2 ⋅ cos δ + C obtém-se:
2
m2
= - R 2 ⋅ cos δ + R 2 = R 2 (1 − cos δ )
2
δ
Como: 1 − cos δ = 2 sen 2 tem-se:
2
m2 δ
= R 2 ⋅ 2 sen 2 de onde:
2 2
δ
m 2 = 4 R 2 ⋅ sen 2 e, finalmente:
2
δ
m = 2 R ⋅ sen que é a Lei da Projeção Plana Polar Equivalente.
2
δ
Aplicando-se a fórmula da Lei da projeção da PPPEquiv, m = 2 R ⋅ sen , tem-se
2
os dados da Tabela 9 e a representação gráfica dos paralelos e meridianos correspondente
na Figura 9:
dm m
= de onde tem-se que:
R ⋅ dδ R ⋅ sen δ
dm R ⋅ dδ
= simplificando-se R no segundo membro, tem-se:
m R ⋅ sen δ
dm dδ
= e, integrando-se esta igualdade, tem-se:
m sen δ
dm dδ
∫ m
=∫
sen δ
de onde resulta:
ln m + C1 = ln (cos ec δ − cot g δ ) + C2
cos δ ⎞ ⎛ 1 − cos δ ⎞
ln m + C1 = ln ⎛⎜ 1
− ⎟ + C 2 = ln ⎜ ⎟ + C2
⎝ sen δ sen δ ⎠ ⎝ sen δ ⎠
δ δ δ
Como 1− cos δ = 2 sen 2 e sen δ = 2 sen ⋅ cos tem-se:
2 2 2
⎛ 2 δ ⎞ ⎛ δ⎞
⎜ 2 sen ⎟ ⎜ sen ⎟
ln m + C1 = ln ⎜ 2 ⎟ + C = ln ⎜ 2 ⎟+C
⎜⎜ 2 sen δ ⋅ cos δ ⎟⎟ ⎜⎜ cos δ ⎟⎟
2 2
⎝ 2 2⎠ ⎝ 2⎠
Passando o termo C1 para o segundo membro, tem-se:
ln m = ln ⎛⎜ tg δ ⎞
⎟ + C2 − C1 e fazendo C2 − C1 = C3 tem-se:
⎝ 2 ⎠
ln m = ln ⎛⎜ tg δ ⎞⎟ + C3
⎝ 2⎠
ln m = ln tg δ + ln C
2
Como está ilustrado na Figura 10, o ponto P está projetado geometricamente sobre
o equador, materializado pelo ponto T; e sobre o plano tangente, pelo ponto L, expresso
respectivamente pelas fórmulas:
δ δ
m1 = R ⋅ tg e m2 = 2 R ⋅ tg
2 2
O que significa que: m2 = 2 ⋅ m1
δ
Aplicando-se a fórmula da Lei da projeção da PPPC, m = R ⋅ tg , tem-se os
2
dados da Tabela 13 e a representação gráfica dos paralelos e meridianos correspondente na
Figura 11:
Lei da projeção
Será apresentada a lei geral da projeção cilíndrica equatorial, em que o cilindro é
tangente à superfície terrestre no equador, e os eixos de rotação da Terra e do cilindro são
coincidentes (Figura 12).
y = R .ϕ + C
Para se calcular a constante de integração C, observa-se, na Figura 12, que, para
ϕ = 0 também y = 0 . Portanto:
0 = R.0 + C ou seja 0=0+C a qual implica: C =0
y = R .ϕ
Onde:
y = distância ao equador (correspondente à latitude ϕ )
R = Raio da esfera-modelo
ϕ = latitude do ponto
Para aplicar a fórmula anterior ( y = R . ϕ ), ϕ deve ser expresso em radiano.
Adotando-se a convenção de praxe para representar um ângulo em radiano, a fórmula para
a construção da projeção cilíndrica equatorial eqüidistante meridiana fica:
y = R .ϕ ρ que é a Lei da Projeção Cilíndrica Equatorial Eqüidistante Meridiana
y = R ⋅ sen ϕ + C
Para se calcular a constante de integração C, observa-se, na Figura 12, que, para
ϕ = 0º também y = 0 . Portanto:
0 = R ⋅ sen 0º + C ou seja 0 = R⋅0 + C a qual implica: C =0
Portanto, como C = 0 , tem-se:
1 dy
α= e β= tem-se que:
cos ϕ R ⋅ dϕ
1 dy
= de onde:
cos ϕ R ⋅ dϕ
R ⋅ dϕ
dy = = R ⋅ sec ϕ ⋅ dϕ
cos ϕ
y = R ⋅ ln (secϕ + tgϕ ) + C
ou seja: 0 = R ⋅ ln 1 + C de onde: 0 = 0 + C
a qual implica: C =0
Portanto, como C = 0 , tem-se:
⎛ 1 ⎞
y = R ⋅ ln (secϕ + tgϕ ) = R ⋅ ln ⎜⎜ + tgϕ ⎟⎟
⎝ cos ϕ ⎠
Esta fórmula expressa a Lei da Projeção Cilíndrica Conforme de Mercator
Onde:
y = distância ao equador (correspondente à latitude ϕ )
R = Raio da esfera-modelo
ϕ = latitude do ponto
Estes instrumentos não estavam antigamente disponíveis e, por este motivo, a Lei
da Projeção CEC de Mercator é geralmente conhecida por outra expressão matemática, que
se demonstrará a seguir.
⎛ 1 ⎞
Parte-se da Lei da Projeção de Mercator: y = R ⋅ ln ⎜⎜ + tgϕ ⎟⎟
⎝ cos ϕ ⎠
⎛ 1 ⎞ ⎛ 1 senϕ ⎞ ⎛ 1 + senϕ ⎞
Tem-se que: y = R ⋅ ln ⎜⎜ + tgϕ ⎟⎟ = R ⋅ ln ⎜⎜ + ⎟⎟ = R ⋅ ln ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ cos ϕ ⎠ ⎝ cos ϕ cosϕ ⎠ ⎝ cos ϕ ⎠
⎛ ϕ⎞
Como: 1 + senϕ = 1 − cos(90º +ϕ ) = 2 sen 2 ⎜ 45º + ⎟
⎝ 2⎠
⎛ ϕ⎞ ⎛ ϕ⎞
E cos ϕ = sen(90º +ϕ ) = 2 sen⎜ 45º + ⎟ ⋅ cos⎜ 45º + ⎟
⎝ 2⎠ ⎝ 2⎠
Substituindo em y tem-se:
⎛ ⎛ ϕ⎞ ⎞ ⎛ ⎛ ϕ⎞ ⎞
⎜ 2 sen 2 ⎜ 45º + ⎟ ⎟ ⎜ sen⎜ 45º + ⎟ ⎟
y = R ⋅ ln ⎜ ⎝ 2⎠ ⎟ = R ⋅ ln ⎜ ⎝ 2⎠ ⎟ = R ⋅ ln tg ⎛⎜ 45º + ϕ ⎞⎟
⎜ ⎛ ϕ⎞ ⎛ ϕ⎞ ⎟ ⎜ ⎛ ϕ⎞ ⎟ ⎝ 2⎠
⎜ 2 sen⎜ 45º + ⎟ ⋅ cos⎜ 45º + ⎟ ⎟ ⎜ cos⎜ 45º + ⎟ ⎟
⎝ ⎝ 2⎠ ⎝ 2⎠ ⎠ ⎝ ⎝ 2⎠ ⎠
De onde:
⎛ ϕ⎞ Esta é a fórmula mais aplicada para a construção da
y = R ⋅ ln tg ⎜ 45º + ⎟ Projeção Cilíndrica Equatorial Conforme de Mercator.
⎝ 2⎠
Nas projeções cilíndricas equatoriais abordadas neste item (existem muitas outras
projeções cilíndricas equatoriais), foi mostrado, somente, como se representa o reticulado
formado pela projeção de paralelos e de meridianos. Salienta-se que qualquer ponto da
superfície terrestre, com coordenadas geodésicas ou geográficas conhecidas, pode ser
representado, seguindo-se a mesma sistemática adotada. O procedimento pode ser
estendido para mapear uma determinada área.
PROJEÇÃO DE GAUSS
A projeção de Gauss, denominada Transversa de Mercator pela bibliografia norte-
americana, é uma projeção Conforme. Portanto, tem a propriedade de conservar os ângulos
e a forma das pequenas áreas, com a vantagem de apresentar deformações mínimas de
distâncias.
A projeção de Gauss foi já adotada pelo Brasil para o mapeamento sistemático
nacional, tendo como datum horizontal o ponto Córrego Alegre (MG); como datum
vertical o marégrafo de Torres (RS), e o elipsóide de Hayford como modelo matemático.
A projeção de Gauss foi desenvolvida a partir da projeção de Mercator,
modificando-se a posição do cilindro com relação ao elipsóide de revolução, onde o eixo
do cilindro passou, de paralelo ao eixo de rotação, para perpendicular ao eixo de rotação do
elipsóide. Em ambas as projeções, o cilindro é tangente no meridiano central do fuso do
modelo adotado.
A projeção de Gauss, quanto ao método de construção, é classificada como
analítica; quanto à superfície adotada, é uma projeção: por desenvolvimento, cilíndrica,
transversa e tangente; quanto à propriedade que conserva, é conforme.
Como toda projeção, a projeção de Gauss deve permitir transformar as coordenadas
geodésicas: latitude ϕ e longitude λ em coordenadas planas E e N, e vice-versa, isto é,
também transformar as coordenadas planas E e N em coordenadas geodésicas ϕ e λ. A
primeira denomina-se transformação direta, e a segunda, transformação inversa.
Tome-se o exemplo:
Para o ponto de longitude λ = −53º 50' 10" , deve-se tomar somente o valor - 53º
(desprezando-se os 50' 10" ). Atente-se para o fato de que o resultado desta operação será
sempre arredondado por excesso, sem seguir o critério matemático de arredondamento,
como se mostra a seguir:
180º +(− 53º )
Nº F = = 21,1666 → N º F = 22
6º
Quando a longitude é o limite do fuso (valores múltiplos de 6º), a fórmula fornece o
número do fuso que fica a Oeste desse limite.
Os fusos se superpõem nas proximidades dos pólos, o que impossibilita o
mapeamento de áreas próximas a eles.
b) Latitude de origem
Latitude de origem: equador.
c) Longitude de origem
A longitude de origem é o Meridiano Central do fuso.
Este parâmetro E ' era de grande utilidade quando ainda não se dispunha de meios
computacionais para transformar coordenadas geodésicas em coordenadas planas UTM, e
vice-versa, sendo necessário o uso de tabelas para efetuar essas transformações.
A origem da coordenada plana N (do inglês North, que corresponde à coordenada Y
do sistema cartesiano) é a linha do equador. Para o hemisfério sul a linha do equador tem o
valor de N igual a 10.000.000m. O valor de N no hemisfério sul diminui no sentido do pólo
sul, o que significa que a constante 10.000.000m evita também de se trabalhar com
coordenadas negativas. Para o hemisfério norte, na linha do equador, o valor de N é igual a
zero metro.
No hemisfério Sul a distância do equador até o ponto considerado é designada
geralmente por N ' (como ilustra a Figura 21). No hemisfério Norte, N ' = N.
Tendo em vista que as coordenadas planas (E, N) repetem-se em cada fuso, quando
se localizar um ponto, por meio destas coordenadas UTM, deve-se indicar a que fuso
pertence este ponto, para evitar ambigüidade.
A translação de 500.000m denomina-se “falso Este” e a translação de 10.000.000m
denomina-se “falso Norte”. Considera-se que essas qualificações de “falso” são
equivocadas, embora estejam em bibliografia e em alguns softwares, pois tratam-se de
constantes atribuídas a pontos localizados, respectivamente, ao longo do meridiano central
de cada fuso e na linha do equador.
A letra N, que representa uma das coordenadas UTM, não deve ser confundida com
a grande normal ou a ondulação geoidal, parâmetros que também são representados com a
mesma letra N, pela maioria dos autores da área de Geodésia.
⎛ E '2 ⎞
k = k0 ⎜⎜1 + ⎟
2 ⎟
onde:
⎝ 2⋅ R ⎠
k = fator de escala para uma determinada região (coeficiente de deformação
para o ponto de latitude média e de longitude média da área de uma região)
k0 = 0,9996 fator de escala básico (fator de escala no meridiano central do fuso)
E' = distância na projeção existente entre o ponto e o meridiano central
R = raio médio da Terra, calculado por:
R= M ⋅N sendo:
ϕ = latitude geodésica
a 2 − b2
e = = primeira excentricidade
a2
a = semi-eixo maior do elipsóide
b = semi-eixo menor do elipsóide
Beraldo; Soares (1995) propõem também uma fórmula que permite calcular o
coeficiente de deformação para uma determinada região, cuja expressão é:
k0
{1 − [cosϕ ⋅ sen (λ − λ ) ] }
k= 2 1/ 2
0
sendo:
k = fator de escala para uma determinada região
k0 = fator de escala básico (Meridiano Central do fuso)
λ = longitude do ponto
λ0 = longitude do meridiano central
i) Zonas UTM
Existem dois critérios para a divisão do elipsóide em zonas UTM, usados
freqüentemente. Um critério é utilizado para a sistematização das cartas topográficas e o
outro é adotado para o sistema de posicionamento global GNSS.
O primeiro critério corresponde ao adotado para a Carta Internacional ao
Milionésimo, que tem uma amplitude de 6º em longitude por 4º em latitude, o qual permite
a geração do Índice de Nomenclatura dentro das articulações das cartas do mapeamento
sistemático nacional. Os fusos, em longitude, são numerados conforme a projeção UTM,
exposta anteriormente.
Cada fuso é subdividido, em latitude, de 4º em 4º, a partir do equador, tanto ao
norte como ao sul. A primeira quadrícula, compreendida entre 0º e 4º, é designada com a
letra A. A segunda quadrícula, compreendida entre 4º e 8º, é designada com a letra B; e
assim sucessivamente, tanto ao norte como ao sul do equador. Para a projeção UTM, a
subdivisão em latitude fica limitada a ± 80º, conforme o prescrito pela literatura técnica,
embora se saiba que, a partir de 40º, as distorções em áreas e distâncias sejam
crescentemente agravadas. As quadrículas de 6º x 4º, para o território nacional, estão
ilustradas na Figura 19.
O outro critério de zonas UTM, adotado pelo sistema GPS (Sistema de
Posicionamento Global) e provavelmente pelos demais sistemas GNSS, será explicitado a
seguir. Este segundo critério foi desenvolvido para uso no levantamento de pontos por
meio do Sistema de Posicionamento Global (GPS).
Cada fuso é subdividido em latitude, a partir do equador para o sul e para o norte,
de 8o em 8o. As latitudes limites são de 80º para o hemisfério Sul e de 84º para o
hemisfério Norte. A denominação e orientação dos fusos segue conforme a Figura 23:
Figura 23. O mundo dividido em fusos e zonas UTM (conforme o critério para GNSS)
(Fonte: http://www.dmap.org.uk)
do sistema evitaram o uso da letra I para não se confundir como número 1 (um), e o uso da
letra O para não se confundir com o número 0 (zero).
Seguindo-se o mesmo procedimento, para o hemisfério Norte, de 0º a 08º, a
quadrícula denomina-se N; de 08º a 16º, a quadrícula denomina-se P; de 16º a 24º, a
quadrícula denomina-se Q; de 24º a 32º, a quadrícula denomina-se R; de 32º a 40º, a
quadrícula denomina-se S; de 40º a 48º, a quadrícula denomina-se T; de 48º a 56º, a
quadrícula denomina-se U; de 56º a 64º, a quadrícula denomina-se V; de 64º a 72º, a
quadrícula denomina-se W; de 72º a 84º, a quadrícula denomina-se X. Observa-se que,
para o hemisfério Norte, as zonas UTM são estendidas até o limite de 84º.
Cada quadrícula, neste segundo critério, pode ser identificada pelo número do fuso
e pela letra correspondente à subdivisão. Assim, por exemplo, um ponto de latitude 30o S,
e de longitude de 53o W, está inserido no fuso 22 e subdivisão J. Esta identificação pode
ser resumida por: 22-J. Esta forma de combinação alfa-numérica denomina-se também
Zona UTM.
A Figura 24 mostra o Brasil dividido em fusos e Zonas UTM, conforme este
segundo critério, adotado pelo sistema GNSS.
Os receptores GPS, que aceitam coordenadas UTM, na função de edição de pontos,
conforme enfatizam Beraldo; Soares (1995), solicitam ao usuário a indicação da Zona a
que pertence o ponto editado, depreendendo-se disto a importância de se compreender os
conceitos que diferenciam os dois critérios, para se utilizar a zona UTM correta. A maioria
dos receptores GPS de navegação (recreação) indica a Zona à qual pertence o ponto, cujas
coordenadas geodésicas e/ou UTM estão sendo levantadas.
Figura 24. Brasil dividido em fusos e zonas UTM (para sistema GNSS).
Segundo Silveira, existem várias operações inerentes à projeção UTM, entre elas se
tem:
¾ Transformação de coordenadas geodésicas em coordenadas planas UTM. Esta
transformação denomina-se transformação direta.
¾ Transformação de coordenadas planas UTM em coordenadas geodésicas. Esta
transformação denomina-se transformação inversa.
¾ Transformação de distâncias geodésicas em planas na projeção UTM.
¾ Transformação de distâncias planas UTM em geodésicas.
¾ Transformação de azimutes planos UTM em azimutes geodésicos.
¾ Transformação de coordenadas UTM em coordenadas locais.
¾ Transformação de coordenadas locais em coordenadas UTM.
¾ Transporte de coordenadas planas no sistema UTM.
24
(IV ) = ν ⋅ cosϕ ⋅ sen1'' ⋅ k0 ⋅ 104
(V ) = sen 1 ⋅ν ⋅ cos ϕ (1 − tg 2ϕ + e'2 ⋅ cos 2 ϕ )⋅ k0 ⋅ 1012
3 '' 3
6
tgϕ
(VII ) =
2 ⋅ν 2 ⋅ sen1''
1(+ e '2
⋅ cos 2
ϕ ⋅ )
1012
k 02
tgϕ
(VIII ) =
24 ⋅ν 4 ⋅ sen1''
5 + (
3tg 2
ϕ + 6e '2
⋅ cos 2
ϕ − 6e '2
⋅ sen 2
ϕ − 3e '4
cos 4
ϕ − 9e '4
cos 2
ϕ ⋅ sen 2
)
ϕ
1024
k04
sec ϕ ⋅ 106
(IX ) =
ν ⋅ sen1'' ⋅ k0
sec ϕ
(X ) = 3
6 ⋅ν ⋅ sen1''
2
( '2 2 1018
1 + 2 ⋅ tg ϕ + e ⋅ cos ϕ ⋅ 3
k0
)
( XII ) = senϕ ⋅ 104
⋅ senϕ ⋅ cos 2 ϕ
( )
2 ''
( XIII ) = sen 1 1 + 3 ⋅ e '2 ⋅ cos 2 ϕ + 2 ⋅ e'4 ⋅ cos 4 ϕ ⋅ 1012
3
tgϕ ⋅ 106
( XV ) =
ν ⋅ sen1'' ⋅ k0
tgϕ 1018
( XVI ) = (1 + tg 2
ϕ − e '2
⋅ cos 2
ϕ − 2 ⋅ e '4
⋅ cos 4
ϕ ) ⋅
3 ⋅ v 3 ⋅ sen 1" k 03
2 ⋅ν 2 ⋅ k02
24 ⋅ν 4 ⋅ k04
(A 6) = sen 1 ⋅ν ⋅720
senϕ ⋅ cos ϕ
(61 − 58 ⋅ tg ϕ + tg ϕ + 270 ⋅ e )
6 '' 5
' 2 4 '2
⋅ cos 2 ϕ − 330 ⋅ e '2 ⋅ sen 2ϕ ⋅ k0 ⋅ 1024
⋅ν ⋅ cos ϕ
(B 5) = sen 1 120 (5 − 18 ⋅ tg ϕ + tg ϕ + 14 ⋅ e )
5 '' 5
' 2 4 '2
⋅ cos 2 ϕ − 58 ⋅ e'2 ⋅ senϕ ⋅ k0 ⋅ 1020
ϕ ⋅ cos ϕ
(C 5) = sen 1 ⋅ sen (2 − tg ϕ )⋅ 10
4 '' 4
' 2 20
15
tgϕ
( )
D6 = '
720ν 6 sen1''
( '2 2 '2 2 '2 2 2 1036
61 + 90 tg ϕ + 45 tg ϕ + 107 e cos ϕ − 162 e sen ϕ − 45 e tg ϕ sen ϕ 6
2 4
k0
)
sec ϕ
( )
E5 =
'
120 ⋅ν 5 ⋅ sen1''
2
( 4 '2 2 '2 2 1030
5 + 28 ⋅ tg ϕ ⋅ 24 ⋅ tg ϕ + 6 ⋅ e ⋅ cos ϕ + 8 ⋅ e ⋅ sen ϕ 5
k0
)
(F 5) = 15 ⋅νtg⋅ϕsen1 (2 + 5 ⋅ tg ϕ + 3 ⋅ tg ϕ )10k
30
' 2 4
5 '' 5
0
onde:
ϕ = latitude do ponto
ν = raio de curvatura da vertical principal
S = comprimento do arco de meridiano desde o ponto considerado até o equador
k0 = coeficiente de deformação linear no meridiano central, igual a 0,9996
a 2 − b2
e' = = segunda excentricidade
b2
( )
N ' = (I ) + (II ) ⋅ p 2 + (III ) ⋅ p 4 + A' 6 ⋅ p 6
( )
E = 500.000 m + (IV ) ⋅ p + (V ) ⋅ p 3 + B ' 5 ⋅ p 5
λ = longitude do ponto
λmc = longitude do meridiano central do fuso
onde:
ϕ ' = argumento para entrar na tabela na coluna (I ) = N '
Para o hemisfério norte: N ' = N
Para o hemisfério sul : N ' = 10.000.000 m − N
Q = 0,000001 ⋅ (E − 500.000 m )
Convergência meridiana
As direções norte-sul geodésicas (Ng = tangente ao meridiano, em um ponto)
convergem para os pólos.
Na projeção UTM estas direções (norte-sul) são representadas paralelamente ao
meridiano central (linha reta), que representa a direção norte-sul da quadricula (Nq).
Por outro lado, tem-se que as transformadas dos meridianos são curvas com as
concavidades orientadas no sentido do meridiano central, admitindo, portanto, tangente em
cada ponto; obviamente, com direção diferente em cada ponto.
O ângulo formado pela tangente ao meridiano (Ng), com a reta paralela ao
meridiano central (Nq), no ponto considerado, recebe o nome de convergência meridiana
(Figura 24).
No hemisfério sul, a convergência meridiana em pontos localizados a oeste do
meridiano central, por convenção, é considerada positiva; e, em pontos localizados a leste é
negativa. No hemisfério norte os sinais se invertem.
Para pontos localizados no meridiano central e sobre a linha do equador, a
convergência meridiana é nula, havendo coincidência, portanto, entre o norte geodésico e o
norte da quadrícula.
Esta fórmula fornece o ângulo no primeiro quadrante; portanto deve-se efetuar uma
análise do sinal do numerador e o do denominador, para encontrar o valor definitivo do
azimute plano. Salienta-se neste caso que o azimute plano varia de 0º a 360º, contando-se
do norte para o leste. Destaca-se que a numeração dos quadrantes, para o azimute plano, é
diferente ao usado pela trigonometria.
A convergência meridiana pode ser calculada por uma das fórmulas seguintes,
segundo IBGE (1995):
( )
C = ( XII ) ⋅ p + ( XIII ) ⋅ p 3 + C ' 5 ⋅ p 5
( )
C = ( XV ) ⋅ Q − ( XVI ) ⋅ Q 3 + F ' 5 ⋅ Q 5
2 ⋅ν A ⋅ k0
N A = coordenada N de A
a 2 − b2
e' = = segunda excentricidade
b2
ϕ A = latitude do ponto A
ν = raio de curvatura da vertical principal ao elipsóide no ponto A
k 0 = fator de escala no meridiano central = 0,9996
E ' ⇒ o valor de E ' , para o ponto A, calcula-se em função da posição do
ponto com relação ao meridiano central do fuso (Figura 21).
Se o ponto A estiver localizado a oeste do meridiano central
E A' = 500.000m − E A
Se o ponto A estiver localizado a leste do meridiano central
E A' = E A − 500.000m
As áreas também podem ter o mesmo tratamento, com a diferença que deve ser
dividida pelo fator de escala ao quadrado. O fator de escala, então, deve ser calculado para
o ponto central da área.
Caso sejam adotadas estas aproximações, elas devem ser especificadas.
5. BIBLIOGRAFIA
BAKKER, M.P.R. de. Cartografia - Noções Básicas. DHN, Marinha do Brasil. 1965.
250p.
PEARSON, F. Map Projection Methods. Sigma Scientific, inc. Blaksburg, Virginia, EUA.
1984. 291 p.