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1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................

2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 5

2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 5

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 5

3. PROCEDIMENTO E DADOS EXPERIMENTAIS ................................................ 5

4. PROCEDIMENTO DE CÁLCULO ......................................................................... 8

4.1 CÁLCULO DA CARGA ................................................................................... 8

5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS ...................................................................... 12

5.1 CÁLCULO DO CRITÉRIO DE CHAVAUNET ............................................ 14

5.2 ANÁLISE DE ERROS .................................................................................... 17

5.3 ESTIMATIVA DE INCERTEZA ................................................................... 18

6. ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................ 21

7. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 23

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 24


1.

Uma máquina de fluxo é um dispositivo que realiza trabalho sobre um fluido ou extrai
trabalho (ou potência) de um fluido (FOX, 2014). As primeiras máquinas de fluxo a serem
desenvolvidas foram as rodas de conchas e as bombas de parafuso com o objetivo de
elevar água. Posteriormente, os romanos introduziram a roda de pás em torno de 70 a.C.
a fim de extrair energia dos cursos de água. Hoje, esse tipo de máquina opera em sistemas
de refrigeração, lubrificação e direção, sendo assim muito presente em nosso dia a dia.
Ainda segundo Fox et al. (2014) as máquinas de fluxo são classificadas como
máquinas de deslocamento positivo ou máquinas dinâmicas (turbomáquinas). A diferença
entre esses dois tipos está na transferência de energia, na qual para máquinas de
deslocamento positivo é realizada por variações de volume que ocorrem devido ao
movimento da fronteira na qual o fluido está contido e, nas máquinas dinâmicas resulta
de efeitos dinâmicos do rotor sobre a corrente do fluxo.
Conforme afirma White et al. (2011), as turbomáquinas dividem-se naquelas que
adicionam energia (bombas) e naquelas que extraem energia (turbinas). As máquinas que
adicionam energia a um fluido, realizando trabalho sobre o fluido, são denominadas
bombas, quando o escoamento é de líquido ou pastoso, e ventiladores, sopradores ou
compressores para unidades que lidam com gás ou vapor, dependendo do aumento de
pressão (FOX, 2014).
As turbomáquinas também são classificadas pela geometria do percurso do fluido,
podendo ser radial (com mudanças significativas no raio, denominadas centrífugas) ou
axial (trajetória aproximadamente paralela à linha de centro da máquina e raio de percurso
não variável significativamente) (FOX, 2014).
De acordo com Falco e Mattos et al. (1998), o funcionamento da bomba centrífuga
consiste no fornecimento de energia ao fluido pelo impelidor transformando parte dessa
energia cinética em energia de pressão uma vez que há um aumento gradual da área da
carcaça após o fluido atravessar a voluta.

Os fabricantes de máquinas de fluxo fornecem, em seus catálogos, as curvas


características de seus produtos que serve como uma base confiável para um projetista de
uma nova instalação e uma orientação segura para o usuário resolver um problema de
funcionamento (HENN, 2006). Essas curvas determinam o desempenho de uma
turbomáquina e são dispostas da seguinte forma: curva da carga (H) x vazão (Q), curva
líquida de sucção (NPSH) x vazão (Q). O ponto de operação da bomba é definido pela
interseção da curva da bomba com a curva do sistema (HENN, 2006).

Este relatório descreve os procedimentos que foram utilizados para o levantamento


de uma curva característica da vazão versus carga em altura de uma bomba centrífuga,
comparando os resultados experimentais com os teóricos e relatando a análise de erros a
fim de quantificar a validade dos dados.

2.

2.1 OBJETIVO GERAL

Aplicar a metodologia para levantamento da curva característica de carga de uma


bomba centrífuga e comparar os resultados experimentais com os teóricos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Definir critério para estabelecer os pontos futuramente utilizados;


Ler manômetros de sucção, descarga e rotâmetro;
Controlar válvula de regulagem.
Aplicar a metodologia para levantamento da curva característica de
uma bomba centrífuga;
Comparar os resultados experimentais com os teóricos fornecidos pelo
fabricante.

3.

O presente trabalho foi desenvolvido no laboratório na sala 2.06 no Departamento de


Ciências Térmicas e dos Fluidos (DCTEF) da Universidade Federal de São João Del Rei.
A bancada de testes utilizada no experimento está representada na Figura 1 e é
composta por uma válvula de regulagem de vazão, um reservatório, tubulações de PVC,
duas bombas residenciais idênticas, da marca Texius, dois rotâmetros, quatro manômetros
e quatro válvulas de controle.

Figura 1- Bancada de testes utilizada no experimento.

Essa bancada permite diferentes configurações através das válvulas de controle: com
as válvulas 1 e 3 abertas (2 e 4 fechadas) é possível a caracterização do funcionamento
a

paralelo (válvulas 1, 2 e 3 abertas e a 4 fechada).


Para essa prática utilizou-se a bomba A, portanto as válvulas 1 e 3 permaneceram
abertas e as válvulas 2 e 4 fechadas a fim do fluido ser totalmente recalcado por ela. Dessa
forma, foram usados os seguintes equipamentos:
Bomba centrífuga A (Texius, modelo TBHWS RN 1/2 CV);

Duas válvulas de controle;

Uma válvula de regulagem;

Um reservatório de água;

Um rotâmetro;

Dois manômetros.
Para uma melhor dinâmica e coleta de dados, cada integrante do grupo foi responsável
por uma das funções necessárias para a realização do experimento, sendo essas:
regulagem da vazão, leitura dos manômetros de sucção, descarga e do rotâmetro,
anotações dos dados, e fotografia do experimento.
Inicialmente verificou-se se
regulagem fechada. Após esse procedimento foi utilizado o critério de Chavaunet para a
seleção da quantidade de pontos utilizados. Visando uma melhor precisão no
levantamento da curva característica da bomba analisada, estabeleceu-se um intervalo de
100 L/h de vazão de uma medição a outra, obtendo assim 30 pontos de acordo com o
índice de medição do rotâmetro.

Após essas conferências foi dada a partida à bomba com a válvula de regulagem
fechada definindo, assim, o ponto de bloqueio através da leitura da pressão na sucção e
na descarga da bomba, e também da vazão no rotâmetro nesse instante. Os outros pontos
foram obtidos respeitando o intervalo de 100 L/h estabelecido. Posteriormente, a válvula
de regulagem foi aberta de acordo com o critério definido anteriormente e então foram
realizadas as leituras de pressão nos manômetros e de vazão no rotâmetro até a abertura
completa dessa válvula, conforme mostra a Tabela 1.
Tabela 1 Dados obtidos no experimento.

4.

4.1 CÁLCULO DA CARGA

Com o propósito de obter a curva característica experimental, utilizamos o


procedimento descrito a seguir para o cálculo da carga ou altura manométrica da bomba
da bancada de testes. Consideramos um escoamento sem influência de perdas localizadas
e distribuídas visando a aplicação da Equação da Energia entre a sucção e a descarga da
bomba (Equação 1).
(1)

Onde:
= carga da bomba;
= pressão de sucção;
= pressão de descarga;
= velocidade de sucção;
= velocidade de descarga;
= altura de sucção;
= altura de descarga;
= massa específica do fluido;
= aceleração da gravidade.

Considerando os pontos de sucção e descarga na mesma elevação, , temos a


Equação 2:

(2)

Além disso, como mostra a Figura 2, a posição dos manômetros na bancada de testes
está deslocada em relação ao eixo de referência da bomba, o que acarreta na formação de

dos manômetros no experimento, porém, como ela gera uma diferença de pressão
relativamente baixa optamos por desprezá-la.
Figura 2 - Ilustração do deslocamento do manômetro em relação ao eixo da bomba.

Considerando ainda que a tubulação possui diâmetro e vazão constante em todo o


sistema, a velocidade de sucção e descarga também são consideradas constantes, obtendo-
se assim a Equação 3, através da qual pode-se calcular a carga da bomba.

(3)

Os dados obtidos no experimento estão em unidades diferentes das adotadas no


Sistema Internacional de Unidades (SI), portanto, realizou-se a conversão dos valores
obtidos no experimento para as unidades requeridas: pressão de sucção em mmHg e
pressão de descarga Psi ambos para Pa. Além disso, como o objetivo é a comparação da
curva gerada experimentalmente com a fornecida pelo fabricante (Figura 3), a unidade de
vazão também foi convertida de L/h para L/min. Para os dados de massa específica, foi
adotado o valor de 997 kg/m para a água e para a aceleração da gravidade, foi utilizado
o valor de 9,81 m/s². Dessa forma, calculou-se assim a carga da bomba em MCA (metros
, como mostra a Tabela 2.
Figura 3 - Curva característica HxQ fornecida pelo fabricante.

Tabela 2 Conversão de unidades e cálculo da carga.


5.

Através da Equação da Energia (Equação 3) e dos dados coletados na prática foram


obtidos os valores da carga da bomba.

Tabela 3 Cálculo da carga.


Com os dados apresentados na Tabela 3 foi possível levantar a curva característica
experimental da bomba A. Os pontos foram ajustados a partir do conhecimento teórico
do comportamento das variáveis, através de uma solução quadrática, como mostra a
Equação 4.

= ² (4)
Onde:

é a carga (dada em m);


é a carga de bloqueio, para qual a vazão é nula;
é a vazão (dada em L/min);

Com o auxílio do software Wolfram Mathematica® foi criada uma rotina (Figura 4)
com o objetivo de adaptar os pares vazão x carga no formato desejado. Para tal foi
elaborado 30 pares encontrados e demonstrados na Tabela
1. Assim, a rotina criada leu os pares experimentais, os declarou como uma função de
variável real, e representou essa função com um ajuste afim de obter um polinômio no
formato demonstrado acima.

Figura 4 Rotina criada no Wolfram Mathematica.

O software definiu a equação de carga da bomba como:

(5)

Os pontos experimentais e a curva característica ajustada podem ser vistos no Gráfico


1.
Gráfico 1 - Curva de carga da bomba experimental.

Vale ressaltar que o termo independente da Equação 5 ( ) não coincidiu com o


valor obtido das medições ocorridas na prática, mesmo com o fato de a curva ter sido
baseada nos dados experimentais. Isso se deve ao fato da curva experimental ter sido
encontrada através de um ajuste matemático. Por ser uma rotina de software, tal ajuste
pode inserir algum erro ou imprecisão no cálculo. Ademais, esta foi a maneira mais
pertinente encontrada pelo grupo de realizar este procedimento necessário para a
atividade proposta.

5.1 CÁLCULO DO CRITÉRIO DE CHAVAUNET

Segundo Taylor et al. (2012), o critério de Chauvenet é um método estatístico que


foi desenvolvido para a detecção de outliers. Ele baseia-se na hipótese de que uma
medição arbitrária pode ser rejeitada se a probabilidade de obter o desvio da média para
este valor é menor do que o inverso do número de medições.

Ao aplicar este método a média aritmética ( ), o desvio médio ( ) e o desvio


padrão ( ) da amostra devem ser calculados através das equações representadas abaixo.
Deve-se calcular também o parâmetro ( ), que representa a relação entre o desvio médio
da amostra e o desvio padrão.
(6)
(7)

(8)

(9)

Após a aplicação dessas equações, são recusados os pontos nos quais o


parâmetro ( ) resulta em valores maiores do que os pré-estabelecidos para a de Rejeição
de Chauvenet (Rc) para um número específico de amostras (N).
A Tabela 4 apresenta o resultado da aplicação do Critério de Chauvenet para
a Carga.
Tabela 4 Cálculo do critério de Chavaunet para a Carga.

Aplicando o método do Critério de Chauvenet para a vazão obtém-se os dados da


Tabela 5:
Tabela 5 Cálculo do critério de Chavaunet para a Vazão.

Portanto com esses resultados será possível criar a curva característica Vazão x
Carga experimental para os pontos aprovados, e compará-la com a curva do fabricante.

5.2 ANÁLISE DE ERROS

Dados de testes experimentais são frequentemente utilizados para complementar


análises de engenharia como uma base para o projeto. Nem todos os dados são bons, a
validade desses deve ser documentada antes que os resultados do teste sejam usados no
projeto. A análise de incerteza é o procedimento usado para quantificar essa validade e a
sua exatidão. A análise de incerteza também é útil durante o projeto do experimento.
Estudos cuidadosos podem indicar fontes potenciais de erros inaceitáveis e sugerir
métodos aperfeiçoados de medição (FOX 2014).

5.3 ESTIMATIVA DE INCERTEZA

Os erros obtidos na prática podem ser em razão das leituras das medições do
manômetro (sucção), manômetro (descarga) e rotâmetro (vazão). Devido ao fato dos
aparelhos utilizados na medição serem analógicos, estes estão suscetíveis à erros por
conta do operador. Sabe-se que erros estão sempre presentes quando medições
experimentais são feitas. Admite-se que o equipamento foi construído corretamente e
calibrado de forma adequada para eliminar os erros fixos. Assumimos que os
instrumentos têm resolução apropriada e que as flutuações nas leituras não são excessivas.
As observações foram feitas e registradas com o devido cuidado de modo que só os erros
aleatórios aparecessem.

O objetivo é estimar a incerteza de medições experimentais e de resultados


calculados devido aos erros aleatórios. O procedimento foi realizado em três etapas:

1. Estimar o intervalo de incerteza para cada quantidade medida.


2. Enunciar o limite de confiança em cada medição.
3. Analisar a propagação de incerteza nos resultados calculados a partir dos
dados experimentais.

O cálculo das incertezas foi realizado utilizando uma incerteza de metade da


contagem mínima (menor divisão) da escala do instrumento de medição, ou seja,
para pressão de sucção, de para a pressão de descarga e
para vazão.

Logo, a porcentagem de incerteza será:

Incerteza para pressão de sucção:


(10)

Onde, é a incerteza da pressão de sucção e é a pressão de sucção.

Incerteza na pressão de descarga:

(11)

Onde, é a incerteza da pressão de descarga e é a pressão de descarga.

Incerteza na vazão:

12)

Onde, é a incerteza da vazão.

Para o cálculo de incerteza da variação da pressão, utiliza-se da Equação 13:

(13)

Onde é a incerteza da variação de pressão e é a variação de pressão na


descarga e sucção.

Na tabela 6, são apresentados os resultados de incerteza na vazão, nas pressões de


sucção, de descarga e da variação da pressão dos testes realizados.
Tabela 6 - Incerteza para as medições do experimento.

Com esses valores podemos encontrar a incerteza relativa para medição de


14:

Onde é a incerteza relativa da carga H.

A tabela 7 foi construída a partir da Equação 14 mediante os dados de incerteza


obtidos anteriormente:
Tabela 7 -

6.

Por meio do software Engauge Digitezer, a curva característica fornecida pelo


fabricante foi digitalizada e vários pares ordenados ( , ) foram extraídos. Novamente,
através do software comercial Wolfram Mathematica, os pontos foram ajustados através
da solução quadrática proposta na Equação 4. A equação foi definida como mostrado a
seguir (Equação 5) e a curva característica é apresentada no Gráfico 2.

(5)

Gráfico 2 - Curva característica do fabricante digitalizada.

A fim de comparar a curva característica experimental com a curva característica


fornecida pelo fabricante, sobrepõe-se as duas curvas, como mostra a Figura 5. Para uma
melhor visualização, as curvas são apresentadas até o valor de = 60 / , uma vez
que no laboratório não se obteve nenhum valor de vazão acima disso.

Gráfico 3 - Comparativo entre as curvas características.


Nota-se que as aproximações da curva experimental apresentam o mesmo
comportamento da curva fornecida pelo fabricante, apesar de erros que podem ter
ocorrido devido a fatores como erro na leitura dos manômetros e vibrações internas.

7.

A importância de compreender dados experimentais é a possibilidade de validar os


estudos teóricos. Os experimentos permitem conhecer o comportamento das mais
diversas máquinas na engenharia e, portanto, auxiliam a entender o funcionamento das
mesmas. Isso seria muitas vezes impossível através apenas de cálculos, já que nem sempre
se possui todos os dados necessários para a realização precisa destes.

Neste trabalho foi realizado um experimento que visa a obtenção da curva


característica de uma bomba centrífuga, a partir da medição de dados de vazão, pressão
de descarga e pressão de sucção feitas em laboratório. No decorrer da produção deste, foi
possível aplicar os conceitos apresentados, por meio da utilização do método
experimental de obtenção da curva característica de uma bomba centrífuga. Além disso,
foi necessário lidar e recorrer a um critério estatístico consistente (critério de Chauvenet)
que permitisse, de forma criteriosa, avaliar se algum valor medido que extrapolasse a
tendência dominante seria uma medição errada ou um fenômeno físico de interesse.

É notório, pela comparação entre as curvas, que houve proximidade entre a curva
característica fornecida pelo fabricante e a criada experimentalmente, embora exista erros
associados, pois a qualidade da curva característica experimental depende de alguns
fatores como, por exemplo, a quantidade de pontos e a precisão de medição. Apesar da
coleta de dados ter se dado de forma visual, o que diminui a precisão, foi possível coletar
uma quantidade significativa de pontos, o que permitiu plotar uma curva, com o amparo
de softwares, bastante similar à curva característica do fabricante.
FALCO, R., MATTOS, E.E. Bombas Industriais. 2 ed, Rio de
Janeiro: Interciência, 1998.

FOX, R.W., MCDONALD, A.T. Introdução à Mecânica dos Flúidos. 8 ed. Rio de
Janeiro: LTC Livros Técnicos e Científicos, 2014.

HENN, E.A.L. Máquinas de Fluxo. Santa Maria: UFSM, 2006.

TAYLOR, J.R.Introdução à Análise de Erros: O Estudo de Incertezas em Medições


Físicas. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.

WHITE, F. M. Mecânica dos Fluídos. 6 ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2011.

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