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FICHA TÉCNICA

Realização e promoção: Instituto de Direito Contemporâneo – IDC


Coordenação: Rafael Arruda Alvim Pinto e Felipe Augusto de Toledo Moreira
Conteúdo técnico: Ana Carolina de Toledo Moreira e Luiz Henrique Cezare
Revisão técnica: Ana Carolina de Toledo Moreira e Luiz Henrique Cezare
Professores convidados para o curso: Cristiane Druve, Evaristo Aragão Santos, José
Alexandre Manzano Oliani, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Maria Lúcia Lins
Conceição, Nelson Luiz Pinto, Osmar Paixão, Rita Vasconcelos, Rogerio Licastro
Torres de Mello e Teresa Arruda Alvim.

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SUMÁRIO DESTE MÓDULO

7. RECURSO ESPECIAL
7.1. CONTEXTO NORMATIVO
7.2. FLUXOGRAMA
7.3. MODELOS
7.3.1. Recurso especial:
7.3.1.1. Quando a decisão recorrida contraria tratado ou lei federal, ou
nega-lhes vigência
7.3.1.2. Quando a decisão recorrida julga válido ato de governo local
contestado em face de lei federal
7.3.1.3. Quando a decisão recorrida dá, à lei federal, interpretação
divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal
7.3.2. Pedido de concessão de efeito suspensivo em recurso especial
7.3.3. Recurso especial adesivo

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7. RECURSO ESPECIAL
7.1. Contexto normativo

NCPC Arts. 1.029 a 1.035


V. também: arts. 937, III; 982, §5º; 994, VI; 997, §2º, II.

ENUNCIADOS DA SÚMULA DO STJ


Súmula 579: “Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência
do julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior”.
Súmula 518: “Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, não é cabível
recurso especial fundado em alegada violação de enunciado de súmula”.
Súmula 316: “Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravo
regimental, decide recurso especial”.

Súmula 315: “Não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de


instrumento que não admite recurso especial”.
Súmula 211: “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da
oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo”.
Súmula 203: “Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de
segundo grau dos Juizados Especiais.(*).
(*) A Corte Especial, na sessão extraordinária de 23 de maio de 2002, julgando o
AgRg no Ag 400.076-BA, deliberou pela ALTERAÇÃO do enunciado da Súmula n.
203.
REDAÇÃO ANTERIOR (decisão de 04/02/1998, DJ 12/02/1998, PG: 35): Não cabe
recurso especial contra decisão proferida, nos limites de sua competência, por órgão
de segundo grau dos juizados especiais”.
Súmula 126: “É inadmissível recurso especial, quando o acordão recorrido assenta
em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si
só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário”.
Súmula 123: “A decisão que admite, ou não, o recurso especial deve ser
fundamentada, com o exame dos seus pressupostos gerais e constitucionais”.
Súmula 86: “Cabe recurso especial contra acordão proferido no julgamento de
agravo de instrumento”.
Súmula 83: “Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a
orientação do tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida”.
Súmula 13: “A divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja recurso
especial”.
Súmula 07: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial”.

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Súmula 05: “A simples interpretação de clausula contratual não enseja recurso
especial”.

Enunciados do FPPC
Enunciado nº 94: “(art. 982, §4º; art. 987) A parte que tiver o seu processo suspenso
nos termos do inciso I do art. 982 poderá interpor recurso especial ou extraordinário
contra o acórdão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas”.
(Grupo: Recursos Extraordinários e Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas; redação revista no V FPPC-Vitória).
Enunciado nº 220: “(art. 1.029, §3º) O Supremo Tribunal Federal ou o Superior
Tribunal de Justiça inadmitirá o recurso extraordinário ou o recurso especial quando o
recorrente não sanar o vício formal de cuja falta foi intimado para corrigir”. (Grupo:
Recursos Extraordinários).
Enunciado nº 565: “(art. 1.032; art. 1.033) Na hipótese de conversão de recurso
extraordinário em recurso especial ou vice-versa, após a manifestação do recorrente,
o recorrido será intimado para, no prazo do caput do art. 1.032, complementar suas
contrarrazões”. (Grupo: Recursos (menos os repetitivos) e reclamação).
Enunciado nº 566: “(art. 1.033; art. 1.032, parágrafo único) Na hipótese de
conversão do recurso extraordinário em recurso especial, nos termos do art. 1.033,
cabe ao relator conceder o prazo do caput do art. 1.032 para que o recorrente adapte
seu recurso e se manifeste sobre a questão infraconstitucional”. (Grupo: Recursos
(menos os repetitivos) e reclamação).
Enunciado nº 593: “(arts. 932, parágrafo único; 1.030) Antes de inadmitir o recurso
especial ou recurso extraordinário, cabe ao presidente ou vice-presidente do tribunal
recorrido conceder o prazo de cinco dias ao recorrente para que seja sanado o vício ou
complementada a documentação exigível, nos termos do parágrafo único do art. 932”.
(Grupo: Recursos (menos os repetitivos) e reclamação).
Enunciado nº 604: “(arts. 976, §1º; 987). É cabível recurso especial ou
extraordinário ainda que tenha ocorrido a desistência ou abandono da causa que deu
origem ao incidente”. (Grupo: IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de
competência).
Enunciado nº 660: “(arts. 987 e 1.036) O recurso especial ou extraordinário
interposto contra o julgamento do mérito do incidente de resolução de demandas
repetitivas, ainda que único, submete-se ao regime dos recursos repetitivos”. (Grupo:
IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência).
Enunciado nº 664: “(arts. 1.029, caput e § 5º, 1030 e 932, I) O Presidente ou Vice-
Presidente do Tribunal de origem tem competência para homologar acordo celebrado
antes da publicação da decisão de admissão do recurso especial ou extraordinário”.
(Grupo: Ordem do processo nos tribunais e regimentos internos).
Enunciado nº 665: “(arts. 1.030, §1º, 205 e 489, §1º) A negativa de seguimento ou
sobrestamento de recurso especial ou extraordinário, ao fundamento de que a questão
de direito já foi ou está selecionada para julgamento de recursos sob o rito dos
repetitivos, não pode ser feita via carimbo ou outra forma automatizada nem por
pessoa não investida no cargo de magistrado”. (Grupo: IRDR, Recursos Repetitivos e
Assunção de competência).

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7.2.Fluxograma
RECURSO ESPECIAL
(NÃO REPETITIVO)
(NCPC, art. 1.029 a 1.035)

Interposição do recurso perante o Tribunal de segundo


grau (art. 1.029)

Apresentação de Contrarrazões pelo


recorrido no Tribunal de segundo grau
(art. 1.030)

Decisão monocrática proferida pela Decisão monocrática proferida pela


Presidência ou Vice-Presidência do Presidência ou Vice-Presidência do
Tribunal de segundo grau de Tribunal de segundo grau de admissão
inadmissão do REsp (art. 1.030, V) do RE (art. 1.030, V)

Interposição de Agravo em Recurso


Especial no Tribunal de origem (art. Remessa dos autos ao Superior
1.042) Tribunal de Justiça para apreciação do
RE (art. 1.042, §4º)

Intimação do (s) Agravado (s) para


apresentação de Contraminuta no Julgamento do Recurso Especial
Tribunal de segundo grau (art. 1.042,
§3º)

Remessa dos autos Superior Tribunal


de Justiça para apreciação do Agravo
em REsp independentemente de juízo
de admissibilidade (art. 1.042, §4º)

Julgamento do Agravo em REsp e, se


for o caso, julgamento do REsp na
mesma sessão, assegurada a sustentação
oral (art. 1.042, §5º)

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7.3. MODELOS
7.3.1. RECURSO ESPECIAL:
7.3.1.1. QUANDO A DECISÃO RECORRIDA CONTRARIA TRATADO OU LEI FEDERAL, OU
NEGA-LHES VIGÊNCIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE (…)

(Recorrente), (qualificação do Recorrente), por seus procuradores abaixo assinados,


devidamente representada por sua genitora (qualificação da genitora da Recorrida), nos
autos da ação de alimentos movida em face de (Recorrida), (qualificação do Recorrido),
com fundamento no artigo 105, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal, nos artigos
1.029 e 1.035 do Código de Processo Civil e artigos 255 e 257 do Regimento Interno do
Superior Tribunal de Justiça, vem a presença de V. Exa. interpor o presente RECURSO
ESPECIAL, em face do v. acórdão de fls. ___, conforme as razões anexas.

O Recorrente requer a intimação da Recorrida para que apresente suas


contrarrazões, no prazo legal, nos termos do art. 1.030, do CPC, para posterior recebimento
do presente recurso, visto cumprir todos os requisitos para sua admissibilidade e, ato
contínuo, a remessa dos autos ao Colendo Superior Tribunal de Justiça para proceder com o
seu devido processamento e julgamento.

Finalmente, nos termos do art. 1.007, do CPC, o Recorrente requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Finalmente, nos termos do artigo 1.007, § 3º, do CPC, o Recorrente deixa de


recolher as custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão
integralmente eletrônica dos autos entre o Tribunal a quo e o Colendo Superior Tribunal de
Justiça, recolhido na íntegra, contudo, o preparo recursal, conforme comprovante anexo.)

7
Termos em que,
Pede deferimento.

Local e data.
Advogado (OAB).

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Colendo Superior Tribunal de Justiça (…)
Razões de Recurso Especial.

Recorrente: (…)
Recorrido: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Turma
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições dos fatos e do direito (art. 1.029, I, do CPC)

Na origem, o Recorrente aforou ação de alimentos em face da Recorrida,


pretendendo, em síntese, a fixação dos valores de pensão alimentícia, instruindo a demanda,
ainda, com a devida certidão de nascimento do Recorrente.
Por se tratar de pessoa pobre, na concepção jurídica do termo, e não ter condições
de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de seu sustento e de seus familiares, o
Recorrente requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos termos da Lei
1.060/50.

Restada infrutífera a audiência de conciliação designada pelo D. Juízo de primeiro


grau, prevista no art. 334, do CPC, a Recorrida apresentou contestação, alegando, em
apertada síntese, a impossibilidade de arcar com os alimentos pretendidos pelo Recorrente,
por não estar, naquele momento, exercendo atividade laborativa formal.

Em que pese seu notório saber jurídico, o D. Juízo de primeiro grau, sem o
costumeiro acerto, rejeitou o requerimento de concessão de gratuidade, sob o fundamento
de que o Recorrente teria contratado advogado particular para patrocinar a causa, inclusive
com previsão contratual de pagamento de honorários ad exitum, o que denotaria a
possibilidade de a parte arcar com as custas e despesas do processo.

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Imediatamente, p Recorrente interpôs o recurso de Agravo de Instrumento, com
fundamento no art. 1.015, inciso V, do CPC, perseguindo a reforma da r. decisão
denegatória da gratuidade da justiça, alegando, em suma, que o fato de o Recorrente não ter
optado pela Defensoria Pública e ter pactuado cláusula de honorários ad exitum, não
retiraria a sua necessidade das benesses da Lei 1.060/50.

O recurso foi conhecido, mas, no mérito, a Colenda (…) Câmara do Egrégio


Tribunal de Justiça de (…) entendeu por bem desprover a pretensão recursal do Recorrente,
acolhendo-se, para tanto, os fundamentos lançados pelo Magistrado na origem.

Em apertada síntese, são os fatos ocorridos nestes autos.

II – Demonstração do cabimento do recurso interposto (art. 1.029, II, do CPC).

Data maxima venia, o v. acórdão recorrido proferido pelo Tribunal a quo que a
rejeição da gratuidade de justiça à Recorrente merece reforma, por contrariar frontalmente o
disposto no art. 99, §4º, do Código de Processo Civil:

Art. 99. O pedido de gratuidade pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para
ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
(…)
§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da
justiça – Sublinhamos.

É clara a contrariedade do v. acórdão recorrido à norma acima citada, principalmente pelo


fato de a gratuidade de justiça ter sido indeferida sob o fundamento de que o Recorrente
teria contratado advogado particular para patrociná-lo na presente demanda, inclusive com
previsão de honorário ad exitum.

III – Do mérito recursal

A despeito dos respeitáveis fundamentos lançados no v. acórdão recorrido proferido


pelo Tribunal a quo que confirmaram a r. decisão denegatória dos benefícios da gratuidade
de justiça ao Recorrente, tal entendimento, data maxima venia, não pode prevalecer, na
medida em que não reflete o melhor direito aplicável à espécie.

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Com efeito, D. Julgador, o v. acórdão recorrido vai de encontro com o disposto no §
4º, do art. 99, do CPC, cuja única e correta interpretação é no sentido de que a gratuidade de
justiça não poderá ser negada ao jurisdicionado que optou por contratar serviços
particulares de advocacia.

Esse entendimento, inclusive, já era defendido, em meados da década de 90, pelo


brilhante jurista José Carlos Barbosa Moreira, para quem
(...) o fato de obter o benefício da gratuidade de maneira alguma impede o necessitado de fazer-se
representar por profissional liberal. Se o seu direito abrange os benefícios – isenção de pagamentos e a
prestação de serviços -, nada obsta a que ele reclame do Estado apenas o primeiro. É antijurídico impor-
lhe o dilema: tudo ou nada1.

Em outras palavras, D. Julgador, o fato de a Recorrente ter contratado serviços


advocatícios particulares e não ter optado pela representação gratuita da Defensoria Pública,
não retira do Recorrente o direito de ser beneficiado com a gratuidade das despesas e custas
processuais, concedida pela Lei 1.060/50, inclusive se, no contrato de serviços advocatícios,
há cláusula de remuneração de honorários ad exitum.

Entender de maneira diversa, Exa., seria impedir que a parte que não possui
condições financeiras para arcar com as despesas advindas do processo também não
pudesse obter assessoria jurídica particular qualificada, pois os causídicos não poderiam ser
remunerados nem mesmo com previsão de pagamento após obter êxito na demanda.

Esse entendimento é corroborado pela pacífica e reiterada jurisprudência do


Colendo Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO. ALEGAÇÃO


GENÉRICO. SÚMULA 284/STF. JUSTIÇA GRATUITA. EXIGÊNCIA DE DECLARAÇÃO DE
PATROCÍNIO GRATUITO INCONDICIONAL. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
PRECEDENTES.
1. A assertiva genérica de violação do art. 535 do CPC/1973 compromete a fundamentação do recurso
especial. Aplicação da Súmula 284/STF.
2. É possível o gozo da assistência judiciária gratuita mesmo ao jurisdicionado contratante de
representação judicial com previsão de pagamento de honorários advocatícios ad exitum.
3. Essa solução é consentânea com o propósito da Lei n. 1.060/1950, pois garante ao cidadão de poucos
recursos a escolha do causídico que, aceitando o risco de não auferir remuneração no caso de
indeferimento do pedido, melhor represente seus interesses em juízo.
4. A exigência de declaração de patrocínio gratuito incondicional não encontra assento em qualquer
dispositivo da Lei n. 1.060/1950, criando requisito não previsto, em afronta ao princípio da legalidade.
5. Precedentes das Terceira e Quarta Turmas do STJ.

1
MOREIRA. José Carlos Barbosa Moreira. O direito à assistência jurídica: evolução no ordenamento brasileiro de nosso tempo.
Revista de processo, São Paulo, Ano XVII, nº 67, jul/set 1992, p. 130.

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6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido, com determinação de retorno dos
autos à origem para processamento da apelação2 – Sublinhamos.

PROCESSO CIVIL. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. ADVOGADO PARTICULAR.


CONTRATAÇÃO PELA PARTE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS AD EXITO. VERBA DEVIDA.
1. Nada impede a parte de obter os benefícios da assistência judiciária e ser representada por advogado
particular que indique, hipótese em que, havendo a celebração de contrato com previsão de pagamento
de honorários ad êxito, estes serão devidos, independentemente da sua situação econômica ser
modificada pelo resultado final da ação, não se aplicando a isenção prevista no art. 3º, V, da Lei n.
1.060/50, presumindo-se que a esta renunciou.
2. Recurso especial provido3 – Sublinhamos.

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. COBRANÇA DE HONORÁRIOS CONTRATUAIS.


CONTRATANTE QUE LITIGAR SOB A PROTEÇÃO DA JUSTIÇA GRATUITA. IRRELEVÂNCIA.
VERBA QUE NÃO É ALCANÇADA PELOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS PELA LEI N. 1.060/50.
1. “Nada impede a parte de obter os benefícios da assistência judiciária e ser representada por
advogado particular que indique, hipótese em que, havendo a celebração de contrato com previsão de
pagamento de honorários ad exito, estes serão devidos, independentemente da sua situação econômica
ser modificada pelo resultado final da ação, não se aplicando a isenção prevista no art. 3º, V, da Lei nº
1.060/50, presumindo-se que a esta renunciou” (REsp 1.153.163/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 26/6/2012, DJe 2/8/2012).
2. Entendimento contrário tem a virtualidade de fazer com que a decisão que concede a gratuidade de
justiça apanhe ao extraprocessual e pretérito, qual seja o próprio contrato celebrado entre o advogado e
o cliente, interpretação que vulnera a cláusula de sobredireito da intangibilidade do ato jurídico perfeito
(CF/88, art. 5º, inciso XXXVI, LINDB, art. 6º).
3. Ademais, estender os benefícios da justiça gratuita aos honorários contratuais, retirando do causídico
a merecida remuneração pelo serviço prestado, não viabiliza, absolutamente, maior acesso do
hipossuficiente ao Judiciário. Antes, dificulta-o, pois não haverá advogado que aceitará patrocinar os
interesses de necessitados para ser remunerado posteriormente com amparo em cláusula contratual ad
exitum, circunstância que, a um só tempo, também fomentará a procura pelas Defensorias Públicas, com
inegável prejuízo à coletividade de pessoas – igualmente necessitadas – que delas precisam.
4. Recursos especial provido4 – Sublinhamos.

Diante do exposto, resta claramente demonstrado que, data maxima venia, o v.


acórdão recorrido merece reforma, na medida em que viola, frontalmente, o disposto no art.
99, §4º, do Código de Processo Civil.

IV – Das razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida


(art. 1.029, inciso III, do CPC).

Diante do exposto, o Recorrente requer a V. Exa.:

2
REsp nº 1.504.432/RJ, Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Og Fernandes, julg. em 13.09.2016, disponível
na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
3
REsp nº 1.153.163/RS, Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Nancy Andrighi, julg. em 26.06.2012,
disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
4
REsp nº 1.065.782/RS, Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julg. em 07.03.2013,
disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

12
i) Inicialmente, caso V. Exa. entenda necessário, seja oportunizado ao Ministério
Público vista dos autos pelo prazo de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 255, §4º, do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça;

ii) Caso constatado eventual vício ou ausência de algum documento exigível, seja a
Recorrente intimada para sanar o vício, no prazo de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 932,
parágrafo único, do CPC5;

iii) Seja, ao final, conhecido e provido o presente recurso, a fim de reformar o v.


acórdão recorrido, nos termos da fundamentação contida neste arrazoado, concedendo-se os
benefícios da justiça gratuita ao Recorrente, na medida em que, nos termos do art. 99, §4º,
do CPC, a contratação de advogado particular não consiste em impedimento para a
concessão das benesses previstas na Lei 1.060/50.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

5
Enunciado n. 593 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Antes de inadmitir o recurso especial ou recurso
extraordinário, cabe ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido conceder o prazo de cinco dias ao recorrente para que
seja sanado o vício ou complementada a documentação exigível, nos termos do parágrafo único do art. 932.”.

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7.3.1.2. QUANDO A DECISÃO RECORRIDA JULGA VÁLIDO ATO DE GOVERNO LOCAL
CONTESTADO EM FACE DE LEI FEDERAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE (…)

(Recorrente), (qualificação do Recorrente), por seus procuradores abaixo assinados,


nos autos da ação anulatória de ato administrativo, movida em face de (Recorrido),
(qualificação da Recorrida), com fundamento no artigo 105, inciso III, alínea “b”, da
Constituição Federal, nos artigos 1.029 e 1.035 do Código de Processo Civil e artigos 255 e
257 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, vem a presença de V. Exa.
interpor o presente RECURSO ESPECIAL, em face do v. acórdão de fls. ___, conforme
as razões anexas.

O Recorrente requer a intimação da Recorrida para que apresente suas


contrarrazões, no prazo legal, nos termos do art. 1.030, do CPC, para posterior recebimento
do presente recurso, visto cumprir todos os requisitos para sua admissibilidade e, ato
contínuo, a remessa dos autos ao Colendo Superior Tribunal de Justiça para proceder com o
seu devido processamento e julgamento.

Finalmente, nos termos do art. 1.007, do CPC, o Recorrente requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:


(Finalmente, nos termos do artigo 1.007, §3º, do CPC, o Recorrente deixa de
recolher as custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão
integralmente eletrônica dos autos entre o Tribunal a quo e o Colendo Superior Tribunal de
Justiça, recolhido na íntegra, contudo, o preparo recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Local e data.
Advogado (OAB).

14
Colendo Superior Tribunal de Justiça (…)
Razões de Recurso Especial.

Recorrente: (…)
Recorrido: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Turma
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições dos fatos e do direito (art. 1.029, I, do CPC)

Na origem, o Recorrente ajuizou demanda de nulidade de ato administrativo em


face da Recorrida, pretendendo, em apertada síntese, anular a sua exclusão do processo
licitatório por ela conduzido, que se baseou em laudo produzido na vigência de certame
anterior, assim como os danos materiais sofridos.

Um mês após ter sido excluída de processo licitatório conduzido pela Recorrida, em
razão de laudo confeccionado por empresa especializada e que atestou a inaptidão do
Recorrente em fornecer produtos alimentícios à Municipalidade, o Recorrente foi
credenciado a participar de novo processo licitatório, com o mesmo escopo.

Ocorre que, após a análise das propostas apresentadas pelos candidatos o certame
entrou na fase de classificação de aptidão sanitária, ocasião em que a Recorrida decidiu
excluir a Recorrente, com fundamento em um laudo técnico emitido em outra licitação, cujo
prazo de validade, segundo a Recorrida, seria de 60 (sessenta) dias, nos termos dsa
Resoluções nºs XXX e XXX da Prefeitura de ___________.

Após a publicação do ato, o Recorrente propôs a presente demanda a fim de anular o


ato administrativo de sua exclusão do processo licitatório, por manifesta violação à
isonomia dos candidatos, visto que todas as demais empresas que estabam participando do
certame tiveram sua aptidão sanitária avaliada à época do processo licitatório, exceto o
Recorrente que foi avaliada há quase dois meses antes.

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O Juiz de primeiro grau entendeu por bem indeferir o pedido de concessão de tutela
provisória de urgência, sob o fundamento de ausência de elementos que demonstrassem a
probabilidade do direito alegado.

Após ser regularmente citada, a Recorrida apresentou contestação, sustentando, em


síntese, a validade do ato administrativo anulando, visto que o referido laudo utilizado para
a exclusão do Recorrente estaria em plena vigência, nos termos das Resoluções nºs XXX e
XXX, da Prefeitura de _________.

A despeito do indiscutível saber jurídico do D. Juízo prolator da sentença de


primeiro grau, a presente demanda foi julgada improcedente sem a devida observância dos
princípios norteadores dos processos licitatórios – mormente a isonomia -, tampouco dos
elementos fáticos carreados aos autos.
Inconformada, o Recorrente interpôs recurso de Apelação, com fundamento no art.
1.009, do CPC, objetivando a reforma da r. sentença de mérito, alegando, em suma,
violação do art. 3º da Lei 8.666/93, visto que o Recorrente teria sido tratado de maneira
desigual em relação aos demais participantes do processo licitatório.

O recurso foi conhecido, mas, no mérito, a Colenda (…) Câmara do Egrégio


Tribunal de Justiça de (…) entendeu por bem desprover a pretensão recursal do Recorrente,
acolhendo-se, para tanto, os fundamentos lançados pelo Magistrado na origem.

Em apertada síntese, são os fatos ocorridos nestes autos.

II – Demonstração do cabimento do recurso interposto (art. 1.029, II, do CPC)

Data maxima venia, o v. acórdão recorrido proferido pelo Tribunal a quo no sentido
de manter o ato administrativo que excluiu o Recorrente do processo licitatório, com base
em laudo que sequer foi confeccionado durante a tramitação da licitação, merece reforma
com base no art. 105, inciso III, alínea “b”, da Constituição Federal, haja vista que as
Resoluções nºs XXX e XXX, da Prefeitura de _______ vão de encontro ao art. 3º da Lei
8.666/93, in verbis:

Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção
da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável
e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

16
Registre-se, ademais, o entendimento da doutrina especializada de Rodolfo de
Camargo Mancuso acerca do conceito de “ato de governo local”, verbis:

O que se deve entender por ‘lei ou ato de governo local’?


Visto que os recursos extraordinário e especial são instrumentos válidos para a preservação,
respectivamente, da Constituição Federal e do direito federal infraconstitucional, pode-se dizer que, na
equação que está à base da admissibilidade desses recursos, o outro termo só pode provir dos Estados
ou dos Município, seja em forma de normas legais lato sensu (leis, decretos, portarias, regulamentos,
ordens jurídicas menores), seja em forma de atos do governador, prefeito, secretários, diretores de
órgãos públicos, reitores etc., enfim, agentes públicos dotados de certa parcela de poder1 –
Sublinhamos.

Resta claro, portanto, o cabimento do presente Apelo Nobre, visto que os atos
proferidos pelo governo local, ou seja, as resoluções nºs XXX e XXX foram considerados
válidos em face de lei federal (art. 3º da Lei 8.666/93), na medida em que o Recorrente fora
excluída do certame sem a observância do consagrado princípio da isonomia, tão caro aos
processos licitatórios.

III – Do mérito recursal

Respeitado o entendimento do v. acórdão recorrido, o Tribunal a quo não aplicou o


melhor direito à espécie, não podendo prevalecer o decisum que manteve o ato
administrativo anulando.

Com efeito, D. Julgador, o v. acórdão recorrido, ao manter o ato administrativo


anulando que excluiu a Recorrente com fundamento em laudo técnico produzido em outro
processo licitatório, enquanto os demais participantes foram avaliados durante a licitação,
ofende frontalmente o princípio da isonomia, previsto no art. 3º da Lei 8.666/93.

Nesse sentido, é inegável que a igualdade entre os participantes consiste em um dos


corolários da probidade administrativa, sendo, inclusive, objeto de tratamento pela clássica
doutrina de Hely Lopes Meirelles, verbis:

(...) a igualdade entre os licitantes é princípio impeditivo da discriminação entre os participantes do


certame, quer através de cláusulas que, no edital ou convite, favoreçam uns em detrimento de outros,
quer mediante julgamento faccioso, que desiguale os iguais ou iguale os desiguais (art. 3º, § 1º).
O desatendimento a esse princípio constitui a forma mais insidiosa de desvio de poder, com que a
Administração quebra a isonomia entre os licitantes, razão pela qual o Judiciário tem anulado editais e

1
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Recurso extraordinário e recurso especial. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
306-307.

17
julgamentos em que se descobre a perseguição ou o favoritismo administrativo, sem nenhum objetivo
ou vantagem de interesse público2 – Sublinhamos.

Anote-se, ademais, que este Colendo Superior Tribunal de Justiça reiteradamente


tem assegurado a observância do princípio da isonomia nos certames licitatórios. Senão,
vejamos:

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONTRATAÇÃO DIRETA DE EMPRESA


ORGANIZADORA DE CONCURSO PÚBLICO, COM FUNDAMENTO NO ART. 24, II, DA LEI DE
LICITAÇÕES. VALOR DO CONTRATO ADMINISTRATIVO INFERIOR A R$ 8.000,00 (OITO MIL
REAIS). RECEBIMENTO PELA EMPRESA CONTRATADA DAS TAXAS DE INSCRIÇÃO DO
CONCURSO, EM MONTANTE SUPERIOR AO PERMISSIVO DA LEI DE LICITAÇÕES.
NECESSIDADE DE PRÉVIO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO.
1. Discute-se nos autos a possibilidade de dispensa de licitação para contratação de organizadoras de
concurso público, quando o valor do contrato administrativo for inferior ao limite estabelecido no art.
124, II, da Lei n. 8.666/93, qual seja, R$ 8.000,00 (oito mil reais) e ocorre o pagamento de taxas de
inscrição pelos candidatos à instituição organizadora, totalizando um valor global superior ao limite
supracitado.
2. A Constituição da República estabelece com regra a obrigatoriedade da licitação, que é dispensável
nas excepcionais hipóteses previstas em lei, não cabendo ao intérprete criar novos casos de dispensa.
Isso porque a licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a
seleção da proposta mais vantajosa para a administração (art. 3º da Lei n. 8.666/93).
(…)
Recurso especial provido3 – Sublinhamos.

Não se pode olvidar, Exa., que o Recorrente foi excluído do processo licitatório
conduzido pela Recorrida com base em um laudo técnico confeccionada há quase 60 dias
antes da exclusão, produzido na vigência de outro certame, ao passo que os demais
participantes foram avaliados recentemente, isto é, na fase de avaliação de aptidão sanitária.

Ou seja, as resoluções nºs XXX e XXX, da Prefeitura de ________, ao prever que


laudos técnicos de avaliação sanitária possuem validade de 60 (sessenta) dias, podendo,
inclusive, serem usados em outros processos licitatórios, ofendem frontalmente o princípio
da isonomia, na medida em que o candidato que for avaliado por avaliação anterior aos
demais candidatos, evidentemente, sofre prejuízos, pois não tem condições de se adequar às
normas exigidas pelo edital.

Ademais, D. Julgador, restou claramente demonstrado que a Recorrente, mesmo após


ter sido considerada inapta para prestar serviços alimentícios, realizou reparos e
investimentos em suas instalações para adequar-se às exigências do edital do certamente,
que certamente a credenciariam para o prosseguimento no processo licitatório sub judice.

2
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 25ª ed. São Paulo: Ed. Malheiros, p. 256.
3
Recurso Especial nº 1.356.260/SC, Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Humberto Martins, julg. em
07.02.2013, arquivo disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

18
Diante de todo exposto, mostra-se que o v. acórdão recorrido merece ser reformado,
eis que pautou-se nas resoluções nºs XXX e XXX, da Prefeitura de ______ para manter o
ato administrativo anulando que excluiu a Recorrente do processo licitatório, violando
frontalmente o art. 3º da Lei 8.666/93.

IV – Das razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida


(art. 1.029, inciso III, do CPC).

Diante do exposto, o Recorrente requer a V. Exa.:

i) Seja, inicialmente, oportunizado ao Ministério Público vista dos autos pelo prazo
de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 248, do Regimento Interno do Superior Tribunal de
Justiça;

ii) Caso constatado eventual vício ou ausência de algum documento exigível, seja o
Recorrente intimado para sanar o vício, no prazo de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 932,
parágrafo único, do CPC4;

iii) Seja, ao final, conhecido e provido o presente recurso, a fim de reformar o v.


acórdão recorrido, nos termos da fundamentação contida neste arrazoado, acolhendo-se a
pretensão deduzida na Ação Anulatória ajuizada pela Recorrente.

iv) Finalmente, em caso de provimento do presente recurso, a Recorrente requer a


majoração dos honorários fixados pelo v. acórdão recorrido, à luz dos critérios
estabelecidos nos §§ 2º ao 6º, do art. 85, do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

4
Enunciado n. 593 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Antes de inadmitir o recurso especial ou recurso
extraordinário, cabe ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido conceder o prazo de cinco dias ao recorrente para que
seja sanado o vício ou complementada a documentação exigível, nos termos do parágrafo único do art. 932.”.

voltar ao sumário 19
7.3.1.3. QUANDO A DECISÃO RECORRIDA DÁ, À LEI FEDERAL, INTERPRETAÇÃO DIVERGENTE
DA QUE LHE HAJA ATRIBUÍDO OUTRO TRIBUNAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE (…)

(Recorrente), (qualificação do Recorrente), por seus procuradores abaixo assinados,


nos autos da ação de rescisão contratual c/c perdas e danos, movida em face de (Recorrida),
(qualificação da Recorrida), com fundamento no artigo 105, inciso III, alínea “c”, da
Constituição Federal, nos artigos 1.029 e 1.035 do Código de Processo Civil e artigos 255 e
257 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, vem a presença de V. Exa.
interpor o presente RECURSO ESPECIAL, em face do v. acórdão de fls. ___, conforme
as razões anexas.

O Recorrente requer a intimação da Recorrida para que apresente suas


contrarrazões, no prazo legal, nos termos do art. 1.030, do CPC, para posterior recebimento
do presente recurso, visto cumprir todos os requisitos para sua admissibilidade e, ato
contínuo, a remessa dos autos ao Colendo Superior Tribunal de Justiça para proceder com o
seu devido processamento e julgamento.

Finalmente, nos termos do art. 1.007, do CPC, o Recorrente requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:


(Finalmente, nos termos do artigo 1.007, §3º, do CPC, o Recorrente deixa de
recolher as custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão
integralmente eletrônica dos autos entre o Tribunal a quo e o Colendo Superior Tribunal de
Justiça, recolhido na íntegra, contudo, o preparo recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Local e data.
Advogado (OAB).

20
Colendo Superior Tribunal de Justiça (…)
Razões de Recurso Especial.

Recorrente: (…)
Recorrida: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Turma
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições dos fatos e do direito (art. 1.029, I, do CPC)

Na origem, o Recorrente ajuizou ação de rescisão contratual c/c com perdas e danos,
a qual foi julgada totalmente procedente pelo D. Juízo de primeiro grau, com o consequente
trânsito em julgado.

Iniciada a fase de cumprimento de sentença, a Recorrida interpôs recurso de Agravo


de Instrumento, com fundamento no art. 1.015, parágrafo único, do CPC, em face da
decisão que lhe aplicou multa por atos que, segundo a interpretação do D. Juízo de primeiro
grau, configuraram litigância de má-fé.

Ao tomar conhecimento da interposição do recurso pela Recorrida, o Recorrente


manifestou-se, perante o Tribunal a quo, no sentido de que o art. 1.018, § 2º, do CPC, não
havia sido cumprido tempestivamente, destacando-se a data do protocolo do referido
recurso.

Diante dessa manifestação, o Tribunal a quo, ao dar provimento à pretensão recursal


da Recorrida, entendeu por bem afastar a alegação de inadmissibilidade, pela falta da
observância do disposto no art. 1.018, § 2º, do CPC, sob o fundamento de que o termo
inicial do prazo de 3 (três) dias para a Recorrida juntar a cópia do agravo de instrumento
perante os autos em primeiro grau contar-se-ia da decisão de admissibilidade do referido
recurso e, não, de sua interposição.

Em apertada síntese, estes são os fatos pertinentes para o adequado entendimento da


presente demanda.

21
II – Demonstração do cabimento do recurso interposto (art. 1.029, II, do CPC)

Data máxima venia, o v. acórdão recorrido proferido pelo Tribunal a quo que
afastou a inadmissibilidade do recurso de agravo de instrumento, interposto pela Recorrida,
merece reforma por ir de encontro com o entendimento jurisprudencial desta Colenda
Corte.

Para o fim de cumprir rigorosamente o disposto nos arts. 1.029, §1º, do CPC, e art.
255, § 1º, do Regimento Interno do Colendo Superior Tribunal de Justiça, a Recorrente
passa a indicar pormenorizadamente as circunstâncias que identifiquem o v. acórdão
recorrido e os arestos paradigmas. Senão, vejamos:

Acórdão Recorrido Acórdão Paradigma


Recurso Especial nº
1.322.718/SP
Conflito Interpretação do termo inicial da Interpretação do termo inicial da
contagem do prazo de 3 (três) contagem do prazo de 3 (três)
dias para o Recorrente dias para o Recorrente
comprovar a interposição do comprovar a interposição do
recurso de Agravo de recurso de Agravo de
Instrumento perante o D. Juízo a Instrumento perante o D. Juízo a
quo. quo.
Interpretação Reconhecida o cumprimento da Reconhecida o cumprimento da
sobre o termo exigência de cumprimento do exigência de cumprimento do
inicial para art. 1.018, §2º, do NCPC, art. 1.018, §2º, do NCPC,
cumprimento do contando-se o termo inicial dos contando-se o termo inicial dos
disposto no art. 03 (três) dias para comprovação 03 (três) dias para comprovação
1.018, § 2º, do de interposição de Agravo de de interposição de Agravo de
CPC. Instrumento perante o Juízo de Instrumento perante o Juízo de
primeiro grau, da data da primeiro grau, a contar da data
decisão que recebe o recurso. do protocolo do recurso.

Dissenso “De fato, “descumpre o art. 526, “De fato, não há lei processual
jurisprudencial § único do CPC, não só quem civil referência expressa sobre o
deixa de juntar aos autos do termo inicial do prazo
processo a cópia da petição do estabelecido no referido artigo,
agravo de instrumento, mas ensejando a controvérsia. Nos
também quem requer esta termos do art. 524 do Código de
juntada fora do prazo”. (STJ Processo Civil, “O agravo de
336/61) instrumento será dirigido
diretamente ao tribunal
Todavia, “o prazo de 3 dias competente […]”. E, a teor do
conta-se da publicação do art. 527 do mesmo Diploma

22
despacho que recebeu e mandou Legal, recebido o agravo de
processar referido recurso”. instrumento no tribunal, será o
(STJ, 1ª, T, REsp. 931/110, recurso “distribuído
Ministro José Delgado, j. incontinente”, cabendo ao uma
4.3.08., DJU 27.3.08). série de providências
enumeradas em seus incisos (…)
Assim e neste contexto,
considerando que a decisão que Como se vê, dentre as
recebeu o agravo de instrumento providência atribuídas ao
em questão foi publicada no dia Relator do agravo de
18.9.2012 e comprovante da instrumento não está a
respectiva interposição foi intimação do Agravante para
protocolizada na primeira cientificá-lo sobre o recebimento
instância em 6.9.2012, não há do recurso que ele próprio
acolher a preliminar suscitada interpôs. Não há no Código de
pela recorrente (e-STJ, fl. 337). Processo Civil, aliás, nenhuma
norma que determine a
intimação do próprio recorrente
para informa-lo sobre o recurso
aviado. Concessa venia, parece-
me não fazer sequer sentido esse
ato processual. Ora, tendo sido
interposto agravo de instrumento
perante o respectivo Tribunal, é
da data da sua interposição que
começa a correr o prazo para
que o Agravante se desincumba
da obrigação de instruir os
autos do processo que tramita
em primeiro grau, para
possibilitar ao Juiz processante
eventual retratação da decisão
agravada e, ainda, dar ciência à
parte contrária, desde logo,
sobre o recurso manejado, sem
prejuízo de sua intimação
posterior para apresentar
contrarrazões.

Portanto, resta claramente demonstrada o dissídio jurisprudencial entre o acórdão


recorrido e o acórdão paradigma proferido por esta Colenda Corte, permitindo, assim, a
interposição do presente recurso com fundamento no permissivo constitucional previsto no
art. 105, inciso III, alínea “c”, da Constituição Federal.

III – Do mérito recursal

A despeito dos respeitáveis fundamentos lançados no v. acórdão recorrido proferido


pelo Tribunal a quo que afastaram a inadmissibilidade do recurso de agravo de instrumento

23
interposto no pela Recorrida, acolhendo a pretensão recursal, tal entendimento, data
maxima venia, não pode prevalecer, na medida em que não reflete o melhor direito
aplicável à espécie.

Com efeito, D. Julgador, o v. acórdão recorrido dá interpretação ao art. 1.018, §1º,


do CPC, diversa daquela já há muitos anos sedimentada por esta Colenda Corte
Uniformizadora do Direito Federal, no sentido de que o termo inicial para que o agravante
comprove a interposição do recurso nos autos em primeiro grau, iniciar-se-ia a partir da
decisão de recebimento recurso, proferida pelo Tribunal.

Veja-se, a seguir, excerto do v. acórdão:

De fato, “descumpre o art. 526, § único do CPC, não só quem deixa de juntar aos autos do processo a
cópia da petição do agravo de instrumento, mas também quem requer esta juntada fora do prazo”. (STJ
336/61)
Todavia, “o prazo de 3 dias conta-se da publicação do despacho que recebeu e mandou processar
referido recurso”. (STJ, 1ª, T, REsp. 931/110, Ministro José Delgado, j. 4.3.08., DJU 27.3.08).
Assim e neste contexto, considerando que a decisão que recebeu o agravo de instrumento em questão foi
publicada no dia 18.9.2012 e comprovante da respectiva interposição foi protocolizada na primeira
instância em 6.9.2012, não há acolher a preliminar suscitada pela recorrente (e-STJ, fl. 337).

Ora, D. Julgador, respeitado o entendimento do Tribunal a quo, o recurso interposto


pela Recorrida não deve ser conhecido, na medida em que não foi cumprido, de forma
tempestiva, a exigência contida no §2º, do art. 1.018, do CPC, pois a apresentação das
razões recursais nos autos de origem se deu 15 (quinze) dias após a sua interposição.

Isso porque, ao contrário do que consta no v. acórdão recorrido, o início do prazo


para apresentação das razões recursais pelo recorrente será a partir do seu efetivo
protocolo e, não, da decisão do Tribunal que recebe o recurso.

Esse, inclusive, é o entendimento desta Colenda Corte desde a égide do Código de


Processo Civil de 1973, in verbis:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL. ART. 526, CAPUT, DO CPC. LEIS NºS
9.139/1995 E 10.351/2001. COMPROVAÇÃO DA INTERPOSIÇÃO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
PRAZO DE TRÊS DIAS. TERMO INICIAL. DATA DA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO PERANTE O
RESPECTIVO TRIBUNAL. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL DEMONSTRADO. EMBARGOS
CONHECIDOS, MAS REJEITADOS.
1. Tendo sido interposto agravo de instrumento perante o respectivo Tribunal, é da data da sua
interposição que começa a correr o prazo de três dias para que o Agravante se desincumba da
obrigação de instruir os autos do processo que tramita em primeiro grau, para possibilitar ao Juiz
processante eventual retratação da decisão agravada e, ainda, dar ciência à parte contrária, desde logo,

24
sobre o recurso manejado, sem prejuízo de sua intimação posterior para apresentar contrarrazões.
Inteligência do art. 526 do Código de Processo Civil.
2. Embargos de divergência conhecidos, mas rejeitados1 – Sublinhamos.

AGRAVO REGIMENTAL – PROCESSUAL CIVIL – OFENSA AO ART. 535 DO CPC – INEXISTÊNCIA


– ART. 526, CAPUT, DO CPC – LEI 10.351/2001 – COMPROVAÇÃO DA INTERPOSIÇÃO DO
AGRAVO DE INSTRUMENTO – TERMO INICIAL – ATO DA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO NO
TRIBUNAL DE ORIGEM. IMPROVIMENTO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA – SÚMULA
211/STJ – AUSÊNCIA DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL – DECISÃO AGRAVADA MANTIDA –
IMPROVIMENTO.
1.- A jurisprudência desta Casa é pacífica ao proclamar que, se os fundamentos adotados bastam para
justificar o concluído na decisão, o julgador não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos
utilizados pela parte.
2.- O termo inicial do prazo de 3 (três) dias previsto no caput do art.526 do CPC conta-se da data da
interposição do agravo de instrumento no Tribunal de origem. O não cumprimento pelo agravante do
disposto no referido dispositivo legal implica inadmissibilidade do recurso, desde que oportunamente
arguido.
3.- A matéria tratada nos demais dispositivos legais tidos por violados não foi objeto de debate no
Acórdão recorrido e no Acórdão dos Embargos de Declaração, carecendo, portanto, do necessário
prequestionamento viabilizador do recurso especial. É de salientar que não basta à parte discorrer sobre
os dispositivos legais que entende afrontados. Não examinada pela instância ordinária a matéria objeto
do especial, apesar da interposição de Embargos de Declaração, não servindo de fundamento à
conclusão adotada pelo Tribunal local. Desatendido, portanto, o requisito do prequestionamento, nos
termos da Súmula 211/STJ.
4.- Não houve demonstração de dissídio jurisprudencial, diante da falta do exigido cotejo analítico entre
os julgados mencionados, bem como pela ausência de similitude fática, de maneira que inviável o
inconformismo apontado pela alínea “c” do permissivo constitucional.
5.- O agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar o decidido, que se mantém por seus
próprios fundamentos.
6.- Agravo Regimental improvido2 – Sublinhamos.

Considerando a orientação jurisprudencial fixada por este Colendo Superior


Tribunal de Justiça, o novo Código de Processo Civil colocou uma pá de cal em qualquer
discussão acerca do termo inicial do prazo para o recorrente cumprir a exigência de juntada
de cópia da petição do agravo de instrumento, com o comprovante de sua interposição e da
relação de documentos que instruíram o recurso, conforme dispõe o art. 1.018, NCPC,
correspondente ao art. 526, do CPC/73, in verbis:
Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo
de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o
recurso.
§1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o
agravo de instrumento.
§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no prazo de 3
(três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.

1
EREsp 1.042.522/PR, Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça Rel. Laurita Vaz, julg. em 12.05.2011, disponível na internet
em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
2
AgRg no REsp nº 1.261.138/SP, Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Sidnei Beneti, julg. em 26.06.2012,
disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

25
§ 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado,
importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.

As lições doutrinárias de Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha, não


destoam desse entendimento: “Tal requerimento há de ser feito no prazo de três dias, a
contar da interposição do agravo de instrumento (art. 1.018, § 2º, CPC)”3.

Diante do exporto, resta claramente demonstrado que a melhor interpretação quanto


ao termo inicial para o cumprimento dos dispostos no art. 526, do CPC/73, e em seu
correspondente, art. 1.018, § 2º, do CPC/15, é a interposição do recurso de agravo de
instrumento, conforme uníssona orientação jurisprudencial desta Colenda Corte Superior,
da doutrina especializada e do próprio legislador do novo diploma processual civil, motivo
pelo qual a reforma do v. acórdão recorrido é medida que se impõe.

IV – Das razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida


(art. 1.029, inciso III, do CPC)

Diante do exposto, o Recorrente requer a V. Exa.:

i) Inicialmente, caso V. Exa. entenda necessário, seja oportunizado ao Ministério


Público vista dos autos pelo prazo de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 255, § 4º, do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça;

ii) Caso constatado eventual vício ou ausência de algum documento exigível, seja a
Recorrente intimada para sanar o vício, no prazo de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 932,
parágrafo único, do CPC4;

iii) Seja, ao final, conhecido e provido o presente recurso, a fim de reformar o v.


acórdão recorrido, nos termos da fundamentação contida neste arrazoado, não conhecendo o
recurso de agravo de instrumento interposto pela Recorrida perante o Tribunal a quo, por
não ter cumprido tempestivamente o disposto no art. 1.018, § 2º, do NCPC.

iv) Finalmente, em caso de provimento do presente recurso, a Recorrente requer a


majoração dos honorários fixados pelo v. acórdão recorrido, à luz dos critérios
estabelecidos nos §§ 2º ao 6º, do art. 85, do Código de Processo Civil.

3
DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de direito processual civil: o processo nos tribunais, recursos, ações
de competência originária de tribunal e querela nullitatis. Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 237.
4
Enunciado n. 593 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Antes de inadmitir o recurso especial ou recurso
extraordinário, cabe ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido conceder o prazo de cinco dias ao recorrente para que
seja sanado o vício ou complementada a documentação exigível, nos termos do parágrafo único do art. 932.”.

26
Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

voltar ao sumário 27
7.3.2. PEDIDO DE CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO EM RECURSO ESPECIAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE (…)

(Recorrente), (qualificação do Recorrente), por seus procuradores abaixo assinados,


nos autos da ação monitória movida em face de (Recorrida), (qualificação da Recorrida),
com fundamento nos artigos 300, caput, 932, inciso II e 1.029, §5º, inciso III, do Código de
Processo Civil, vem a presença de V. Exa. requerer a concessão de EFEITO
SUSPENSIVO ao recurso especial interposto perante a __ª Colenda Câmara de Direito
Privado deste Egrégio Tribunal de Justiça, pendente de análise de admissibilidade,
conforme as razões anexas.

I – Da competência para apreciação do pedido de atribuição de efeito


suspensivo (art. 1.029, §5º, III, do CPC)

O presente recurso especial fora interposto em __.__.____ e ainda está pendente de


decisão acerca de sua admissibilidade por este Egrégio Tribunal de Justiça, motivo pelo
qual a competência para apreciar e julgar pedidos de atribuição de efeito suspensivo recai
sobre este Órgão Julgador, nos termos do art. 1.029, §5º, inciso III, do Código de Processo
Civil, in verbis:

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal,
serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas
que conterão:
(…)
§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá
ser formulado por requerimento dirigido:
(…)
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a
interposição do recurso a e publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o
recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

Oportuno registrar, ademais, que o Colendo Superior Tribunal de Justiça vem


aplicando reiteradamente o referido dispositivo:

28
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. INTERPOSIÇÃO DE DOIS
RECURSOS. PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. PEDIDO DE
CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO. RECURSO PENDENTE DE ADMISSIBILIDADE.
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL A QUO. DECISÃO MANTIDA.

1. De acordo com o art. 1.029, § 5º, do CPC/2015, no período compreendido entre a interposição do
recurso e a publicação da decisão de sua admissão, compete ao presidente ou vice-presidente do
tribunal local a análise do pedido de concessão de efeito suspensivo ao recurso especial.
2. Agravo interno a que se nega provimento1 – Sublinhamos.

II – Da presença dos requisitos autorizadores para a concessão e efeito


suspensivo ao presente recurso especial (art. 300, caput, e art. 1.029, § 5º)

Inicialmente, importa esclarecer que os arts. 300, caput, e 1.029, § 5º, ambos do
Código de Processo Civil, autorizam a concessão de efeito suspensivo ao recurso especial,
desde que presentes a probabilidade de provimento do recurso e o perigo na demora da
tutela jurisdicional.
Nesse sentido são as lições doutrinárias de Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio
Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero “a concessão de tutela provisória em recurso
extraordinário e em recurso especial submete-se à demonstração da probabilidade de
provimento do recurso e do perigo na demora da tutela jurisdicional (art. 300, CPC)2 –
Sublinhamos.

Corrobora, outrossim, o entendimento jurisprudencial do Colendo Superior Tribunal


de Justiça:

PROCESSO CIVIL E CIVIL. AGRAVO INTERNO NO PEDIDO INCIDENTAL DE TUTELA


PROVISÓRIA DE URGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. TUTELA DE URGÊNCIA QUE OBJETIVA A
ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS.
1. A concessão de efeito suspensivo ao recurso especial depende do fumus boni juris, consistente na
plausibilidade do direito alegado, e do periculum in mora, que se traduz na urgência da prestação
jurisdicional.
2. A ausência do “periculum in mora” basta para o indeferimento do pedido, sendo, portanto,
desnecessário apreciar a questão sob a ótica do “fumus boni juris”, que deve se fazer presente
cumulativamente.
3. Agravo interno não provido3 – Sublinhamos.

1
AgInt no Recurso Especial nº 1.623.337/PR, Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
julg. em 10.11.2016, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
2
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil. São Paulo; Editora
Revista dos Tribunais, 2015, p. 972.
3
AgInt no TutPrv no Recurso Especial nº 1.342.640/SP, Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julg. em 08.11.2016, disponível na internet <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

29
Assentada essa premissa, registre-se que, da simples leitura das razões recursais
apresentadas pelo Requerente, é possível identificar a probabilidade do provimento do
recurso, na medida em que, conforme entendimento reiterado e, inclusive, sedimentado por
meio de regime de recursos repetitivos pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, o prazo
prescricional para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota
promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do
título, in verbis:

AGRAVO INTERNO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO INTERNO.


RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. NOTA PROMISSÓRIA. PRAZO PRESCRICIONAL. ART.
206, §5º, I, DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. O Superior Tribunal de Justiça firmou, sob o rito do art. 543-C do Código de Processo Civil, a tese
de que “o prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem
força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título” (REsp 1.262.056/SP,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/12/2013, DJe de
03/02/2014).
2. In casu, a ação monitória, ajuizada em 08.10.2008, está fundada em nota promissória com vencimento
em 10.06.2001. Em razão da regra de transição do art. 2.028 do Código Civil de 2002, observa-se que,
no dia da vigência do referido diploma legislativo, 11.01.2003, não houve o transcurso de mais da
metade do antigo prazo prescricional – 20 (vinte) anos – para a realização da cobrança do débito inserto
naquele instrumento (art. 177 do CC/16). Desse modo, é de rigor a incidência do lapso de 5 (cinco) anos
a partir do dia 11.01.2003, o prazo para reger a prescrição da pretensão de cobrança de dívidas líquidas
constantes de instrumento particular, consoante o art. 206, §5º, I, do Código Civil de 2002.
3. Agravo interno a que se nega provimento4 – Sublinhamos.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C


DO CPC. AÇÃO MONITÓRIA APARELHADA EM NOTA PROMISSÓRIA PRESCRITA. PRAZO
QUINQUENAL PARA AJUIZAMENTO DA AÇÃO. INCIDÊNCIA DA REGRA PREVISTA NO ART. 206,
§ 5º, INCISO I, DO CÓDIGO CIVIL.
1. Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: “O prazo para ajuizamento de ação monitória
em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao
vencimento do título”.
2. Recurso especial provido5 – Sublinhamos.

Portanto, D. Julgador, ao contrário do que restou consignado no v. acórdão


recorrido, a pretensão da Recorrida, veiculado por meio de ação monitória movida na
origem, já foi acobertada pelo manto da prescrição, conforme reiterado entendimento
jurisprudencial do Colendo Superior Tribunal de Justiça, o que demonstra a probabilidade
de êxito do presente recurso.

4
AgInt no AgInt no Recurso Especial nº 1.474.396/MG, Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça de São Paulo, Rel. Min.
Raul Araújo, julg. em 25.10.2016, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
5
REsp nº 1.262.056/SP, Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julg. em 03.02.2014,
disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

30
Por outro lado, está igualmente demonstrado o perigo na demora da tutela
jurisdicional, visto que, na origem, a Recorrida iniciou a execução provisória do v. acórdão
recorrido, o que irá submeter a Recorrente à expropriação de seu patrimônio de vultosa
quantia. Em outras palavras, a empresa Recorrente está na iminência de sofrer
expropriação de quantia extremamente alta, o que acarretará, certamente, a paralisação de
seu funcionamento.
Registre-se, D. Julgador, que em caso extremamente análogo ao versado nestes
autos o Colendo Superior Tribunal de Justiça concedeu efeito suspensivo ao apelo extremo
em casos de iminente expropriação de vultosa quantia. Senão, vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO A RECURSOS


ESPECIAL. CARACTERIZAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS CAUTELARES ESPECÍFICOS LIMINAR
DEFERIDA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
(…)
3. Verifica-se que está caracterizado o fumus boni iuris, na medida em que a Corte Especial deste
Tribunal Superior, por ocasião do julgamento da Sentença Estrangeira 348/EX, de relatoria da Ministra
Eliana Calmon (DJ de 21.5.2007), pacificou entendimento no sentido de que as disposições contidas na
Lei 9.307/96 têm incidência imediata nos contratos em que estiver incluída cláusula arbitral, inclusive
naqueles celebrados anteriormente à sua vigência. Na oportunidade, a Ministra Relatora entendeu, com
respaldo na orientação consagrada no REsp 712.566/RJ (3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ de
5.9.2005) e na SEC 5.847-1, do Supremo Tribunal Federal (Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ de
17.12.1999), que, embora o contrato tenha sido firmado em data anterior à edição da Lei 9.307/96, a
referida lei deve ser aplicada imediatamente, ante sua natureza processual.
(…)
5. Nos autos do próprio recurso especial, o Ministério Pública Federal opinou no sentido do provimento
do recurso especial, a fim de que seja reconhecida a aplicabilidade da cláusula arbitral constante do
contrato celebrado entre as partes, com a extinção do processo sem julgamento de mérito.
6. Infere-se, portanto, que está devidamente demonstrada a possibilidade de êxito da tese sustentada pela
requerente em suas razões de recurso especial.
7. Da análise sumária dos autos, nota-se que a execução provisória da sentença, com a penhora on
line de valor de elevada monta, poderá causar à requerente dano de difícil reparação ou, até mesmo,
grave prejuízo, em virtude do provável desequilíbrio econômico-financeiro do contrato celebrado entre
as partes e do possível comprometimento do funcionamento da empresa e do cumprimento de suas
obrigações contratuais.
(…)
9. Ainda que em cognição sumária, estão configurados os requisitos autorizadores para concessão do
pedido liminar na presente medida cautelar, mormente porque a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, efetivamente, orienta-se no sentido de ser devida a aplicação imediata da Lei de Arbitragem –
Lei 9.307/96 -, inclusive aos contratos celebrados anteriormente à sua vigência, quando estiver incluída
cláusula arbitral. Assim, tendo em vista a presença dos requisitos autorizadores da tutela cautelar, deve
ser mantido o deferimento do pedido liminar para atribuir efeito suspensivo ao recurso especial.
10. No julgamento da medida cautelar não se esgota o objeto do recurso especial com a análise de cada
uma das alegadas violações de lei federal ou de divergência jurisprudencial. Apenas é analisada, na
ocasião, a existência dos pressupostos legais autorizadores da cautelar, sem que haja um exame
aprofundado da controvérsia, o que, aliás, somente é realizado quando do julgamento do recurso
especial.

31
11. Agravo regimental desprovido6 – Sublinhamos.

Diante disso, restou claramente demonstrado a presença dos requisitos de


probabilidade de provimento do recurso e perigo na demora na prestação da tutela
jurisdicional, nos termos do art. 300, caput, do CPC, motivo pelo qual a concessão do efeito
suspensivo ao presente recurso especial é medida que se impõe.

III – Do Requerimento

Diante do exposto, o Requerente requer a V. Exa. seja acolhido o presente


requerimento, para o fim de conceder efeito suspensivo ao recurso excepcional, visto que
estão presentes todos os requisitos autorizadores, nos termos do art. 300, caput, e art. 1.029,
§5º, ambos do CPC.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

6
AgRg na Medida Cautelar nº 14.130/RJ, Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Denise Arruda, julg. em
07.10.2008, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

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7.3.3. RECURSO ESPECIAL ADESIVO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE (…)

(Recorrente), (qualificação do Recorrente), por seus procuradores abaixo assinados,


nos autos da ação de resolução contratual c/c danos materiais movida em face de
(Recorrida), (qualificação da Recorrida), com fundamento no artigo 105, inciso III, alínea
“a”, da Constituição Federal, nos artigos 1.029 e 1.035 do Código de Processo Civil e
artigos 255 e 257 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, vem a presença de
V. Exa. interpor o presente RECURSO ESPECIAL ADESIVO, em face do v. acórdão de
fls. ___, conforme as razões anexas.

O Recorrente requer a intimação da Recorrida para que apresente suas


contrarrazões, no prazo legal, nos termos do art. 1.030, do CPC, para posterior recebimento
do presente recurso, visto estarem presentes todos os requisitos para sua admissibilidade e,
ato contínuo, a remessa dos autos ao Colendo Superior Tribunal de Justiça para proceder
com o seu devido processamento e julgamento.

Finalmente, nos termos do art. 1.007, do CPC, o Recorrente requer a juntada dos
inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas
relacionadas ao porte de remessa e retorno.

Eventualmente, na hipótese de os autos serem eletrônicos:

(Finalmente, nos termos do artigo 1.007, § 3º, do CPC, o Recorrente deixa de


recolher as custas referentes ao porte de remessa e retorno, tendo em vista a transmissão
integralmente eletrônica dos autos entre o Tribunal a quo e o Colendo Superior Tribunal de
Justiça, recolhido na íntegra, contudo, o preparo recursal, conforme comprovante anexo.)

Termos em que,
Pede deferimento.

Local e data.
Advogado (OAB).

33
Colendo Superior Tribunal de Justiça (…)
Razões de Recurso Especial.

Recorrente: (…)
Recorrida: (…)

Egrégio Tribunal
Colenda Turma
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Exposições dos fatos e do direito (art. 1.029, I, do CPC)

Nos autos de origem, a Autora - Fulana ajuizou demanda de resolução contratual c/c
danos materiais em face da Recorrido, pretendendo, em síntese, a declaração de resolução
do contrato firmado entre as partes e o ressarcimento dos danos sofridos em razão de
diversos descumprimentos de cláusula contratuais por parte da Recorrido.

Devidamente processada a demanda, o D. Juízo de primeiro grau entendeu por bem


julgar improcedente os pedidos formulados pela Autora – Fulana, ocasião em que fora
interposto o devido recurso de apelação, devolvendo a análise da matéria ao Tribunal a quo.

Em grau recursal, o Tribunal a quo reformou a r. sentença de primeiro grau no


sentido de acolher o pedido de resolução contratual, fixando os danos materiais em R$
XXX.XXX,XX (xxxxxxxxxxxxx) e os honorários advocatícios no valor irrisório de R$
XXX,XX (xxxxxxxxxxxxxx).

Irresignada, a ora Recorrida interpôs recurso especial buscando a reforma do v.


acórdão proferido pelo Tribunal a quo e a consequente improcedência integral da presente
demanda. Instada a apresentar suas contrarrazões, o Recorrente, patrono da Autora –
Fulana, interpôs o presente recurso especial adesivo para o fim de reformar o capítulo do v.
acórdão que fixou os honorários advocatícios, na medida em que, como se verá a seguir, se
mostraram demasiadamente irrisórios.

Em apertada síntese, são os fatos ocorridos nestes autos.

34
II – Demonstração do cabimento do recurso interposto (art. 1.029, II, do CPC).

Data maxima venia, o v. acórdão recorrido proferido pelo Tribunal a quo merece
reforma especificamente no capítulo que fixou os honorários advocatícios, por contrariar
frontalmente o disposto no art. 85, §2º, do Código de Processo Civil.

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.


(…)
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
da causa, atendidos:
I – o grau de zelo do profissional;
II – o lugar de prestação do serviço;
III – a natureza e a importância da causa;
IV – o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviços – Sublinhamos.

É clara a contrariedade do citado dispositivo legal pelo v. acórdão recorrido, na


medida em que os honorários advocatícios foram fixados de forma irrisória em relação ao
valor da condenação, sem a necessária observância ao princípio da razoabilidade.

III – Do mérito recursal

A despeito dos respeitáveis fundamentos lançados no v. acórdão recorrido proferido


pelo Tribunal a quo, no específico capítulo que fixou os honorários advocatícios de
sucumbência, tal entendimento, data maxima venia, não pode prevalecer, pois não reflete o
melhor direito aplicável à espécie.

Com efeito, D. Julgador, o v. acórdão recorrido, ao dar provimento ao recurso de


apelação interposto pela Autora – Fulana fixou os honorários advocatícios no valor de R$
XXX,XX (xxxxxxx) sem levar em consideração o valor da condenação, em total
desrespeito ao disposto no art. 85, §2º, do CPC e o princípio da razoabilidade.

Segundo as lições de Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins


Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello:

35
Ao fixar os honorários advocatícios, o juiz levará em conta o percentual mínimo de 10% e máximo de
20% sobre o valor da condenação ou sobre o proveito econômico obtido; não sendo possível sua
liquidação, o valor da causa atualizado servirá como base para a fixação. (…) Trata-se de levar em
conta parâmetros objetivos ligados a todo o trabalho despendido pelo profissional, especialmente o
desenrolar do tramite processual, o tempo de sua duração e a instrução probatória (complexidade da
causa), bem como se a ação terá exigido viagens do advogado a outras comarcas1.

Registre-se, D. Julgador, que a presente demanda se mostrou extremamente


complexa durante sua tramitação, com a realização de duas perícias, impugnações de
laudos, tramitação em grau recursal (fato que demandou a realização de viagens pelo
Recorrente), com mais de sete anos de tramitação processual.

É evidente, pois, a complexidade e o árduo trabalho que o Recorrente despendeu na


presente causa.

Nesse sentido, a orientação jurisprudencial deste Colendo Superior Tribunal de


Justiça é no sentido de que os honorários advocatícios de sucumbência devem ser fixados à
luz dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, respeitando-se os critérios
estabelecidos na legislação aplicável (art. 85, § 2º, do CPC):

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS. POSSIBILIDADE DE REVISÃO QUANDO IRRISÓRIOS OU EXORBITANTES E
VERIFICÁVEIS DE PLANO. VALOR ÍNFIMO (R$ 5.000,00) DE 1,48% DO VALOR DA CAUSA (R$
336.076,09). INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 7/STJ. HONORÁRIOS MAJORADOS PARA 10% DO
VALOR DA CONDENAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL PARCIALMENTE PROVIDO PARA FIXAR OS
HONORÁRIOS EM 3% DO VALOR DA CONDENAÇÃO.
1. A jurisprudência desta Corte Superior entende que, excepcionalmente, em sede de Recurso Especial,
se admite a revisão de honorários advocatícios quando fixados em valor exorbitante ou irrisório.
2. No caso dos autos, a verba honorária arbitrada nas instâncias ordinárias foi no valor de R$ 5 mil, o
que perfaz 1,48% do valor da causa, comportando majoração para 10% desse mesmo valor, como se
consignou na decisão ora agravada.
3. Agravo Regimental da FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO parcialmente provido para fixar os
honorários em 3% do valor da condenação2 – Sublinhamos.

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO RENOVATÓRIA. DECADÊNCIA CONFIGURADA. EXTINÇÃO DO


PROCESSO COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. VALOR.
MAJORAÇÃO. NECESSIDADE.
1. Cinge-se a controvérsia a definir se o valor arbitrado a título de honorários advocatícios pelo
Tribunal local é de tal modo irrisório, tendo em vista os parâmetros orientadores das alíneas “a”, “b” e
“c” do parágrafo 3º do artigo 20 do Código de Processo Civil, que justifique a intervenção excepcional
desta Corte.

1
WAMBIER. Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva; MELLO, Rogerio
Licastro Torres de. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: RT, 2016, p. 189.
2
AgRg no Agravo em Recurso Especial nº 80.158/SP, Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julg. em 16.06.2016, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

36
2. O Superior Tribunal de Justiça, afastando a incidência da Súmula nº 7/STJ, tem reexaminado o
montante fixado pelas instâncias ordinárias a título de honorários advocatícios quando irrisório ou
abusivo.
3. No caso, em ação renovatória julgada extinta com resolução do mérito, em virtude do reconhecimento
da decadência em agravo de instrumento interposto no Tribunal de origem, os honorários advocatícios,
que foram arbitrados em R$ 1.000,00 (mil reais), revelam-se irrisórios, visto que o valor da causa é de
R$ 1.013.388,12 (um milhão treze mil trezentos e oitenta e oito reais e doze centavos).
4. Recurso especial conhecido e provido3.

Desse modo, Exa., é evidente que a fixação dos honorários advocatícios no valor de
XXX,XX (xxxxxxxxxx) mostra-se manifestamente irrisório ante o valor total da
condenação (XXX.XXX,XX), principalmente considerando o zelo do Recorrente ao
patrocinar a causa e a complexidade da demanda, cuja fase instrutória, repita-se, contou
com duas perícias e a tramitação somou mais de sete anos.

Diante do exposto, resta claramente demonstrado que, data maxima venia, o v.


acórdão recorrido merece reforma no que toca o capítulo que fixou os honorários
advocatícios, na medida em que viola, frontalmente, o disposto no art. 85, §2º, do Código
de Processo Civil e os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

IV – Das razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida


(art. 1.029, inciso III, do CPC).

Diante do exposto, o Recorrente requer a V. Exa.:

i) Seja, inicialmente, oportunizado ao Ministério Público vista dos autos pelo prazo
de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 248, do Regimento Interno do Superior Tribunal de
Justiça;

ii) Caso constatado eventual vício ou ausência de algum documento exigível, seja o
Recorrente intimado para sanar o vício, no prazo de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 932,
parágrafo único, do CPC4;

iii) Seja, ao final, conhecido e provido o presente recurso adesivo, para o fim de
reformar o v. acórdão recorrido, no específico capítulo que fixou os honorários advocatícios
de sucumbência, nos termos da fundamentação contida neste arrazoado, fixando-se o valor

3
Recurso Especial nº 1.574.297/PR, Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julg. em
01.03.2016, disponível na internet <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.
4
Enunciado n. 593 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Antes de inadmitir o recurso especial ou recurso
extraordinário, cabe ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido conceder o prazo de cinco dias ao recorrente para que
seja sanado o vício ou complementada a documentação exigível, nos termos do parágrafo único do art. 932.”.

37
dos honorários no percentual de 20% sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85,
§2º, do Código de Processo Civil.

iv) Finalmente, em caso de provimento do presente recurso e dos honorários


advocatícios não serem fixados em seu grau máximo, o Recorrente requer a majoração dos
honorários considerando o disposto nos §§ 2º ao 6º, do art. 85, do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

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