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EMPREENDEDORISMO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
PRÓ-REITORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇAO À DISTÂNCIA
ESCOLA TÉCNICA ABERTA DO PIAUÍ - ETAPI
CAMPUS TERESINA CENTRAL

EMPREENDEDORISMO

DISCIPLINA: EMPREENDEDORISMO – 45H


PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva

MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad

GOVERNADOR DO ESTADO
Wellington Dias

REITOR DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA


Francisco da Chagas Santana

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC


Carlos Eduardo Bielschowsky

COORDENADORIA GERAL DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL


Celso Costa

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PIAUÍ


Antonio José Medeiros

COORDENADOR GERAL DO CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA A DISTÂNCIA


DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Elanne Cristina Oliveira dos Santos

SUPERITENDÊNTE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NO ESTADO


Eliane Mendonça

ORGANIZAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO


Françoise W. Fontenele e V. Pacheco
7

Boas Vindas!

Caro (a) Cursista

Bem vindo (a) à disciplina EMPREENDEDORISMO.


Esta é a nossa “Apostila”, material elaborado com o
objetivo de contribuir para o desenvolvimento de seus estudos e
para a ampliação de seus conhecimentos acerca da citada
disciplina.
Este texto é destinado aos estudantes aprendizes que
participam do programa Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec
Brasil), vinculado à Escola Técnica Aberta do Piauí (ETAPI) do
Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Piauí
(IFPI), com apoio da Prefeitura Municipal dos respectivos pólos:
Alegrete do Piauí, Batalha, Monsenhor Gil e Valença do Piauí.
O texto é composto de quatro (04) Capítulos assim
distribuídos:

Na Unidade 1 - Empreendedorismo, conceitos, evolução


histórica, o indivíduo empreendedor e sua importância,
empreendedorismo por oportunidade x empreendedorismo por
necessidade.
Na Unidade 2 – Perfil Empreendedor, características
comportamentais dos empreendedores, e o intraempreendedor.
Na Unidade 3 – Empreendendo, o processo
empreendedor.
Na Unidade 4 – Planejando o Empreendimento, uma
boa idéia é o suficiente?, plano de negócio.
8

Quem sou?
Françoise W. Fontenele e V. Pacheco

Nasci em Parnaíba-PI e pouco depois fui morar em Teresina, a


capital do Estado. Logo muito cedo, aprendi a gostar da
administração. Convivendo com amigos e parentes que tinham
negócios, via o quão vasto e diversificado é este campo. Em 1996
iniciei, então, o curso de Bacharelado em Administração de
Empresas pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI e entre
uma atividade e outra, a participação na Empresa Júnior me
motivava mais ainda. Na busca por oportunidades não exploradas
no mundo empresarial, decidi em 1999 fazer uma especialização
em Administração Hospitalar pela Universidade de Ribeirão Preto –
São Paulo; não com o intuito de administrar um hospital, mas sim
com a idéia de montar uma consultoria especializada na área, que
prestaria serviços aos hospitais e clínicas do meu Estado. Em meio
a tudo isso, minha insistência pelo ramo empresarial me
impulsionava. Neste período, tive uma pequena confecção de
embalagens para presentes. Em 2000, uma seleção de instrutores
terceirizados me aproximou do SEBRAE, onde passei a ministrar
treinamentos para micro e pequenos empresários e desenvolvi o
material para a formação empreendedora de líderes públicos.
Neste mesmo ano conheci um programa de formação
empreendedora da ONU que era aplicado pelo SEBRAE – o
EMPRETEC. Participei do treinamento e após algum tempo, me
tornei facilitadora do Programa no Piauí e no Brasil. No final de
2007 conclui o Mestrado em Economia de Empresas pela
Universidade Federal do Ceará – UFC e atualmente, sou
professora dos cursos de Gestão do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI, onde ministro, entre outras, a
disciplina de Empreendedorismo.
9

Índice Geral

1. EMPREENDEDORISMO ........................................................ 12
1.1 Introdução ........................................................................ 12
1.2 Conceitos ......................................................................... 13
2.EMPREENDEDORISMO ......................................................... 19
2.1 Evolução Histórica .......................................................... 19
3.O indivíduo empreendedor e sua importância .................... 27
3.1 O Indivíduo Empreendedor e sua importância ............. 27
3.2 Empreendedorismo por oportunidade x necessidade . 36
4.Perfil Empreendedor .............................................................. 41
4.1 Introdução ........................................................................ 41
4.2 Intraemprendedorismo................................................... 50
5.Empreendendo – O processo empreendedor ...................... 56
5.1 Introdução ........................................................................ 56
6.Planejando o Empreendimento ............................................. 64
Uma boa idéia é o suficiente? .............................................. 64
7.Planejando o Empreendimento ............................................. 71
Plano de Negócio................................................................... 71
10

Índice de Figuras

Figura 1 -Fonte: IBGE; Elaboração SEBRAE/UDE ..................... 13


Figura 2 - Fonte: IBGE; Elaboração SEBRAE/UDE .................... 13
Figura 3 - Fonte: Idalberto Chiavenato. O Espírito Empreendedor,
2007. ........................................................................................... 21
Figura 4 - Fonte: Robert D. Hisrich, “Entrepreneurship and
Intrapreneurship. ......................................................................... 22
Figura 5 -Fonte GEM 2006 – Executive Report .......................... 23
Figura 6 -Fonte: Fundação Vanzolini – Marcelo Nakagawa ........ 34
Empreendedorismo –
introdução ao tema e
conceitos
Aula 1 11

Meta da Aula

Apresentar o tema
empreendedorismo e seus
principais conceitos.

Ao final desta aula, você deverá ser


Objetivos

capaz de:

1. conhecer o tema empreendedorismo;


2. conceituar empreendedorismo;
12

GLOSSÁRIO EMPREENDEDORISMO

1.1 Introdução
Custos - são
medidas monetárias Essa é uma palavra que está na moda:
dos sacrifícios
EMPREENDEDORISMO. Mas apesar de estar na “boca do
financeiros com os
quais uma povo”, poucos sabem o que ela significa e os seus efeitos.
organização, uma
Por muito tempo o empreendedorismo esteve
pessoa ou um
governo, têm de restritamente relacionado à abertura e desenvolvimento de
arcar a fim de
negócios. Hoje, vemos o empreendedorismo no campo
atingir seus
objetivos, sendo social, artístico, religioso, etc. Não há, necessariamente, a
considerados esses
obrigatoriedade do sujeito EMPRESA nessa conceituação.
ditos objetivos, a
utilização de um A divulgação em massa do empreendedorismo ganhou
produto ou serviço
impulso com as crescentes taxas de mortalidade das
qualquer, utilizados
na obtenção de empresas e ao mesmo tempo, com o grande numero de
outros bens ou
novas empresas que abriam – apesar dos inúmeros
serviços.
fracassos. Em meio a toda essa situação contraditória, os
Fonte: Wikipédia
efeitos eram: desemprego, busca pela redução dos custos,
tentativas de se manter no mercado.
Com o crescimento do desemprego os ex-funcionários
buscavam uma forma de sobrevivência, vender algo foi uma
alternativa. Surgiam então, os novos negócios – muitos
deles sem nenhuma experiência e com poucos recursos
financeiros (economias pessoais).
As Micro e Pequenas Empresas representam 99% do
tecido empresarial, geram 74,7% dos empregos e realizam
59,8% do volume de negócios nacional, (dados do SEBRAE,
2002).
Isso é mais do que o suficiente para voltarmos a atenção
para o EMPREENDEDORISMO!
Segundo pesquisa do Global Entrepeneurship Monitor –
GEM, coordenada pela London Business School da
Inglaterra e pelo Babson College dos Estados Unidos, o
13

Brasil está entre os sete – dentre 34 países - que mais


empreendem em criação de novas empresas.

Saiba Mais
Número de Empresas no Brasil (percentual)

Visite os sites sobre


empreendedorismo:

www.empreendedoris
mo.com.br
www.empreenderparat
odos.com.br
www.endeavor.org.br
www.entrepreneurship
.org
Figura 1 -Fonte: IBGE; Elaboração SEBRAE/UDE
www.dolabela.com.br

Número de Pessoas Ocupadas (percentual)

MÍDIA

Visite o endereço e veja


o vídeo de Waldez
Ludwing sobre
empreendedorismo:
www.youtube.com/watc Figura 2 - Fonte: IBGE; Elaboração SEBRAE/UDE
h?v=BB1ZwCVueco
Vale a pena assistir o
1.2 Conceitos
filme – “O Céu de
Segundo DOLABELA o termo “empreendedorismo” é
Outubro” – que traz a
história de um uma livre tradução da palavra entrepreneurship, utilizado
empreendedor que
para designar os estudos relativos ao empreendedor,
consegue transformar a
vida de toda a seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades e o
comunidade que vivia à
seu universo de atuação. O termo designa uma área de
sua volta, gerando
novas oportunidades, grande abrangência, além da criação de empresas: a
transformação e futuro.
geração do auto-emprego, empreendedorismo
Outra dica: “A Roda da
Fortuna”. comunitário, e funcional.
14

São muitos os conceitos sobre empreendedorismo, dentre


GLOSSÁRIO
eles:
Entrepreneurship –
palavra inglesa, • “Empreendedorismo designa os estudos relativos ao
derivada da palavra
francesa empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema
entreprenneur, que de atividades, seu universo de atuação”. (Wikipédia)
designa
empreendedorismo. • “Empreendedorismo é o principal fator promotor do
Fonte: Cadernos da SBDG desenvolvimento econômico de um país”. (Wikipédia)
– 23
• “Empreendedorismo é ousar, transformar, descobrir
Know-how - é o novas vidas em cima de produtos que já existem. É
conhecimento de
como executar alguma sonhar para frente, dar função e vida a produtos
tarefa. antigos. Enfim, empreendedorismo é provocar o
futuro, reunir experiências e ousadias, ir além do
tradicional”. (José Carlos Teixeira, consultor, Revista
do Banco do Nordeste-Notícias, 2000).
• “Empreendedorismo deve ser relacionado à
capacidade de se gerar riquezas acessíveis a todos...
Utilizo o termo empreendedorismo em seu sentido
amplo, considerando-o uma forma de ser, e não de
fazer. Assim, estão incluídos nesse conceito, por
exemplo, o empregado-empreendedor, (ou intra-
empreendedor) o pesquisador-empreendedor, o
empreendedor comunitário, o funcionário público
empreendedor, etc... O que importa é a maneira de se
abordar o mundo, qualquer que seja a atividade
abraçada”. (Fernando Dolabela)
• “Empreendedorismo – a habilidade de criar uma
atividade empresarial crescente onde não existia
nenhuma anteriormente.” (Brereto)
• “Empreendedorismo não é ciência nem arte. É uma
prática.” (Drucker)
• “...Pode-se definir mais simplesmente
empreendedorismo como a apropriação e a gestão
15

dos recursos humanos e materiais dentro de uma


visão de criar, de desenvolver e de implantar
Era uma vez...
resoluções permanentes, de atender às necessidades
“Três pedreiros dos indivíduos.” (Jasse)
preparavam tijolos em
uma construção. Um • “Em quase todas as definições de empreendedorismo
homem que passava se há um consenso de que nós estamos falando de um
aproximou do primeiro
e perguntou: tipo de comportamento que inclui: tomada de
- O que está fazendo, iniciativa, organização ou reorganização de
meu amigo¿
- Tijolo – respondeu mecanismos sócio-econômicos para transformar
secamente. recursos e situações em contas práticas e aceitação
Dirigindo-se ao
segundo pedreiro, o do risco e fracasso. O principal recurso usado pelo
homem perguntou-lhe empreendedor é ele mesmo...” (Shapiro, 1975)
a mesma coisa.
-Trabalhando pelo • “O processo de descobrir ou desenvolver uma
meu salário – foi a oportunidade para então, gerar valores através da
resposta.
Para o terceiro inovação e, agarrando tal oportunidade sem levar em
pedreiro, o passante conta um ou outro recurso (humano e capital), como
fez ainda a mesma
pergunta. também, sem levar em consideração a posição do
- O que está fazendo empreendedor dentro da nova ou já existente
meu amigo¿
Fitando o estranho empresa”. (Sexton e Kasarda, 1992).
com alegria, o operário • “Empreendedorismo é a habilidade de construir algo a
respondeu com
entusiasmo: partir praticamente do nada: fundamentalmente é algo
- Construindo uma humano e criativo. É encontrar energia pessoal para
catedral!”.
iniciar e construir uma empresa ou organização mais
Fonte: Belas Parábolas sobre
Empreendedorismo, Editora do que simplesmente assistir, analisar ou descrever.
Leitura, 2004.
Fazer tal afirmação sobre tal ponto de vista requer
uma voluntariedade em acalentar riscos – pessoais e
financeiros – e, então, fazer todo o possível para
colocar do seu lado as vantagens, reduzindo assim as
possibilidades do fracasso. Empreendedorismo é a
habilidade de construir um time para completar suas
habilidades e talentos, isto é, o toque para sentir uma
oportunidade onde os outros vêem caos, contradição
e confusão. É possuir o know how de encontrar,
ordenar e controlar recursos (quase sempre de
16

terceiros) e ter a certeza de que não se ficará sem


dinheiro no momento em que se precisar mais dele”.
(Timmons, 1985)

ATIVIDADE 1

1. A partir da leitura sobre empreendedorismo, defenda


o estudo ou não deste tema. Por que?
2. Como você conceituaria Empreendedorismo?
3. Dê olhada no seu bairro, na sua rua e perceba se há
a presença do Empreendedorismo. Comente com
isso se apresenta ressaltando aspectos pertinentes
aos conceitos de empreendedorismo.
4. Você consegue identificar sinais de
empreendedorismo em organizações que não são
comerciais que você conhece? Quais são esses
sinais/características?
5. Na estória, contida na caixa de texto “era uma vez” há
algum sinal de empreendedorismo? Qual e por que?

Informações sobre a próxima aula

Na próxima aula, iremos estudar a evolução histórica do


Empreendedorismo e seus principais estudiosos.

Leitura Recomendada

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo. Rio


de Janeiro: Campus, 2001.

Bibliografia Consultada
CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo : dando
asas ao espírito empreendedor : empreendedorismo e
viabilidade de novas empresas : um guia eficiente para
iniciar e tocar seu próprio negócio. 2.ed. rev. São Paulo :
Saraiva, 2007.
17

AGOSTINI, Júlio César, ANGONESE Rosângela


M.,BOGONI, Roseli T. Bogoni. Cadernos da Sociedade
Brasileira de Dinâmica de Grupo – 23.

SEBRAE. Saber Empreender – Manual do Participante.

RANGEL, Alexandre. Belas Parábolas sobre


Empreendedorismo. Editora Leitura, 2004.
2
18

Empreendedorismo –
evolução histórica e
estudiosos Aula

Meta da Aula

Conhecer a evolução histórica do


empreendedorismo e a
contribuição de alguns de seus
estudiosos.
Objetivos

Ao final desta aula, você deverá ser


capaz de:

1. Entender como foi o processo de


construção do empreendedorismo no
decorrer do tempo;
2. Reconhecer os estudiosos que
contribuíram para a divulgação do
empreendedorismo;
19

EMPREENDEDORISMO

2.1 Evolução Histórica

Aqueles que pesquisam sobre o assunto concordam em


dizer que a origem desse conceito está nas obras de
Richard Cantillon (1680-1734), banqueiro e economista do
século XVIII. O interesse de Cantillon pelos empreendedores
não era um fenômeno isolado no período. Nessa época,
Cantillon chamou de empreendedores àqueles indivíduos
que compravam matérias-primas (geralmente um produto
agrícola) por um preço certo e as vendiam a terceiros a
preço incerto, depois de processá-las, pois identificava uma
oportunidade de negócio e assumiam riscos (CERQUEIRA;
PAULA; ALBUQUERQUE, 2000). Ele entendia, no fundo,
que quando havia lucro além do esperado, isto ocorreu
porque o indivíduo havia inovado: fez algo de novo e de
diferente.
Um pouco mais tarde, o industrial, economista clássico
francês, Jean-Baptiste Say (1767-1832) considerou o
desenvolvimento econômico um resultado da criação de
novos empreendimentos. O empresário de Say é um agente
econômico racional e dinâmico que age num universo de
certezas, ou ainda, o empresário é representado como
aquele que, aproveitando-se dos conhecimentos postos à
sua disposição pelos cientistas, reúne e combina os
diferentes meios de produção para criar produtos úteis
(FILION, 1999; CERQUEIRA; PAULA; ALBUQUERQUE,
2000;FILION,2000).
Mas foi Schumpeter (1883-1950) quem deu projeção ao
tema, associando definitivamente o empreendedor ao
conceito de inovação e apontando-o como o elemento que
dispara e explica o desenvolvimento econômico. De acordo
com a visão schumpeteriana, o desenvolvimento econômico
20

processa-se auxiliado por três fatores fundamentais: as


inovações tecnológicas, o crédito bancário e o empresário
inovador. O empresário inovador é o agente capaz de
realizar com eficiência as novas combinações, mobilizar
crédito bancário e empreender um novo negócio.
O empreendedor não é necessariamente o dono do
capital (capitalista), mas um agente capaz de mobilizá-lo.
Mas a contribuição não veio apenas dos economistas.
Outros pesquisadores – psicólogos, sociólogos e
antropólogos – perceberam e estudaram esse movimento
empreendedor, contribuindo com sua percepção do mesmo.
O sociólogo Max Weber (1964-1920) via os empreendedores
como inovadores, pessoas independentes cujo papel como
líderes de negócio, exprimiam uma fonte de autoridade.

Segundo Chiavenato (2007), “...a visão de Weber


sobre empreendedorismo é freqüentemente identificada com
a Teoria do Carisma e, de acordo com essa interpretação,
sua principal contribuição é ter encontrado em sua análise
um tipo especial de ser humano, que faz pessoas o
seguirem simplesmente pela virtude de sua personalidade
extraordinária”.

O autor que realmente lançou a contribuição das


ciências comportamentais para o empreendedorismo foi,
indubitavelmente, o psicólogo da Universidade de Harvard
David McClelland.
Em suas pesquisas nas décadas de 1950 e 1960
sobre os empreendedores e os fatores motivacionais para
que indivíduos pudessem realizar seus objetivos, identificou
em diversas culturas, desde a Grécia Antiga, a civilização
pré-incaica no Peru, até a civilização moderna, os traços
comuns de identificação das pessoas que fizeram e fazem a
diferença no mundo.
21

Esses traços estão alinhados com as características


empreendedoras, o que reforça o conceito de que os
empreendedores do mundo moderno, identificados com os
desafios da economia e do mundo dos negócios, na
realidade já existiam e atuavam em épocas remotas e nas
mais diversas áreas do conhecimento humano.

Principais linhas de Pensamento do Empreendedorismo

Figura 3 - Fonte: Idalberto Chiavenato. O Espírito Empreendedor, 2007.


22

Quadro 1 – Desenvolvimento da teoria do empreendedor e


do termo empreendedor
Origina-se do francês: significa aquele que está entre ou estar entre.
Idade média: participante e pessoa encarregada de projetos de produção
em grande escala.
Século XVII: pessoa que assumia riscos de lucro (ou prejuízo) em um
contrato de valor fixo com o governo.
1725: Richard Cantillon – pessoa que assumi riscos é diferente da
que fornece capital.
1803: Jean Baptiste Say – lucros do empreendedor separado dos
lucros do capital.
1876: Francis Walker – distingui entre os que forneciam fundos e
recebiam juros e aqueles que obtinham lucro com
habilidades administrativas.
1934: Joseph Shumpeter – o empreendedor é um inovador e
desenvolve tecnologia que ainda não foi testada.
1961: David McClelland – o empreendedor é alguém dinâmico que
corre riscos moderados.
1964: Peter Drucker – o empreendedor maximiza oportunidades.
1975: Albert Shapero – o empreendedor toma iniciativa, organiza
alguns mecanismos sociais e econômicos, e aceita riscos de
fracasso.
1980: Karl Vésper – o empreendedor é visto de modo diferente por
economistas, psicólogos, negociantes e políticos.
1983: Gofford Pinchot – o intra-empreendedor é um empreendedor
que atua dentro de uma organização já estabelecida.
1985: Robert Hisrich – o empreendedorismo é o processo de criar
algo diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforço
necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e
sociais correspondentes e recebendo as conseqüentes
recompensas da satisfação econômica e pessoal.
Figura 4 - Fonte: Robert D. Hisrich, “Entrepreneurship and Intrapreneurship: Methods for
Creating New Companies That Have an Impact n the economic renaissance of an Area”. In
Entrepreneurship, Intrapreneurship, and Venture Capital. ed. Robert D. Hisrich (Lexington,
MA: Lexington Books, 1986), p. 96.

O movimento do empreendedorismo no Brasil começou a


tomar forma na década de 1990, quando entidades como
Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para Exportação
de Software) foram criadas.
As incubadoras de empresas, alternativas de
financiamentos, inclusão da disciplina de empreendedorismo
na grade dos cursos técnico e superiores, programas de
pós-graduação, treinamentos empresariais dão apoio ao
23

desenvolvimento do empreendedorismo têm contribuído


para sua propagação e crescimento do país.
A GEM - Global Entrepreneurship Monitor - pesquisa
organizada pela Babson College (EUA) e pela London
Business School (Inglaterra) - realizada anualmente mede o
empreendedorismo em 34 países de todos os continentes, e
tem mostrado que o Brasil se destaca entre os países
empreendedores do mundo.
De acordo com a pesquisa GEM – 2006, o Brasil ocupa o 5º
lugar no ranking de países empreendedores.

Figura 5 -Fonte GEM 2006 – Executive Report

A pesquisa da GEM no Brasil:

• aponta barreiras para o desenvolvimento da atividade


empreendedora;
• aponta fatores favoráveis à abertura de pequenos negócios, e
sugere uma série de propostas para dinamizar o
empreendedorismo nacional.

Do elenco de propostas constam:

• reduções da burocracia,
• acesso ao crédito,
• diminuição dos custos tributários e trabalhistas,
• melhoria do sistema de informações relativas à abertura e
condução dos negócios, e educação voltada ao empreendedorismo.
24

Bibliografia consultada
ATIVIDADE 2

Era uma vez... 1. Fazendo uma análise das dos estudiosos –


comportamentalistas e economistas – como você
BIC OU BIRO? resumiria as principais contribuições que eles deram
para o entendimento do empreendedorismo hoje?
Bic é sinônimo de 2. Consulte a internet e veja qual a última pesquisa
caneta esferográfica
GEM realizada e qual a posição do Brasil no ranking
em grande parte do
mundo – mas, se o de países empreendedores.
nome tivesse
3. Veja a ilustração abaixo e pesquise qual a carga
relação com os
inventores, o correto tributária paga pelo micro e pequeno empresário e
seria chamá-la Biro.
como isso atrapalha o desenvolvimento do
A idéia de uma
caneta com uma empreendedorismo.
esfera na ponta foi
de um húngaro
refugiado na
Argentina, Laszlo
Biro. Apesar do
sucesso inicial, o
produto ainda tinha
falhas de design e
sofria com cópias
generalizadas.
12 anos depois,
quando o francês
Marcel Bich
comprou a patente
de Biro e criou a
caneta Bic, o
produto se tornou Informações para a próxima aula
um fenômeno de
Na Aula 3, teremos a oportunidade de conhecer o
vendas!
empreendedor mergulhando dos diversos conceitos e
identificar a relevância que ele tem no desenvolvimento
econômico; além de diferenciarmos empreendedorismo por
oportunidade de empreendedorismo por necessidade.
25

Leitura recomendada
BRITO, F. e WEVER, L. Empreendedores Brasileiros –
Vivendo e Aprendendo com Grandes Nomes. Rio de
Janeiro: Negócio-Editora, 2003.

Bibliografia consultada

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo : dando


asas ao espírito empreendedor : empreendedorismo e
viabilidade de novas empresas : um guia eficiente para
iniciar e tocar seu próprio negócio. 2.ed. rev. São Paulo :
Saraiva, 2007.

HISRICH, Robert D. e PETERS, Michael P.


Empreendedorismo. 5.ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.

BERNARDI, L. A., Manual de Empreendedorismo e


Gestão – Fundamentos, Estratégias e Dinâmicas. São
Paulo: Atlas 2003.
3
O indivíduo empreendedor 26
e sua importância
Empreendedorismo por
oportunidade X Aula
necessidade

Meta da Aula

Conhecer os conceitos sobre empreendedor;


reconhecer a sua importância; diferenciar
empreendedorismo por oportunidade de
empreendedorismo por necessidade.
Objetivos

Ao final desta aula, você deverá ser


capaz de:

1.Conceituar empreendedor;
2. Reconhecer a importância do
empreendedor no desenvolvimento
econômico;
3. Diferenciar o empreendedorismo por
oportunidade do por necessidade.
27

O indivíduo empreendedor e sua


importância

3.1 O Indivíduo Empreendedor e sua


importância

A exploração das oportunidades e situações novas


oferecidas, tanto na Era Industrial quanto na da Informação
ou conhecimento, indica que deveria existir um ser capaz de
identificar tais situações em que poderia obter maior
produção, ganho, desempenho e resultados. Esse ser
estaria por detrás das principais transformações ocorridas e
seria o artífice das mudanças e alterações experimentadas
em praticamente todos os campos da vida humana. Mais
ainda, tal ser não seria apenas um agente do processo e sim
o motor e o combustível que movem a civilização humana.

Tal personagem já foi identificado por pesquisadores


nas principais culturas, grupos sociais, países e num sem
número de realizações do homem nos mais diversos
campos do pensamento e do conhecimento. Mas, numa
área em especial este personagem vem sendo objeto de
profundas avaliações e pesquisas, por sua reconhecida
importância estratégica para o desenvolvimento econômico.

Trata-se do empreendedor, um ser dotado de


características especiais para enfrentar adversidades e
explorar situações novas. O Empreendedor é alguém que
sabe onde, quando e como chegar na busca da sua
realização pessoal, de sua família, empresa ou comunidade
e, uma vez definidos os seus sonhos, ele os projeta com um
horizonte futuro de aproximadamente 15 anos.
Mas o Empreendedor não é um sonhador
inconseqüente. A partir da sua visão de futuro ele elabora
28

todo um planejamento que permita criar as condições


necessárias à efetiva realização dos seus projetos de vida,
seja no aspecto pessoal, familiar, profissional, acadêmico ou
empresarial.
Neste momento são estabelecidas as metas a serem
alcançadas para daqui a dez anos, cinco anos, um ano, seis
meses, um mês e... para o dia seguinte.

Para o Empreendedor, o novo dia que começa não é


“parte de uma rotina torturante a ser empurrada com a
barriga” e sim uma etapa a vencer, um degrau a subir rumo
à realização dos seus sonhos. É aí, nesse caráter
estratégico que reside não o único, mas certamente o maior
diferencial entre a “visão empreendedora” e o “lugar
comum”.

INOVAÇÃO
“Empreendedor é um visionário que tem iniciativa, que
sabe identificar oportunidades e estabelecer soluções
VISIONÁRIO
inovadoras”.
Marcelo Nakagawa

INICIATIVA
Ser um empreendedor não se limita às pessoas que
começam os seus próprios negócios. O comportamento
empreendedor existe em todos os setores, em todos os
níveis de carreira, em todos os momentos da vida.

Há algum tempo atrás, acreditava-se que o empreendedor


era aquele indivíduo – homem ou mulher – que possuía uma
empresa. Hoje, o conceito de empreendedorismo ganhou a
amplitude que melhor representa a sua ação; podendo
apresentar-se da seguinte forma:
• uma pessoa que cria uma empresa, qualquer que
seja ela;
29

• uma pessoa que compra uma empresa já


estabelecida e introduz inovações, assumindo riscos
e agregando valor;
• um funcionário que identifica ou cria um novo
negócio, introduz inovações em sua organização,
gerando vantagem competitiva e valor para os
acionistas.

Definições - Empreendedor:

 “O empreendedor é aquele que faz acontecer,


antecipa-se aos fatos e tem uma visão futura da
organização”. (Dornelas, 2001)

MÍDIA  “O empreendedor é aquele que destrói a ordem


econômica existente através da introdução de novos
produtos e serviços, pela criação de novas formas de
Você encontrará um organização, ou pela exploração de novos recursos e
ótimo vídeo sobre os materiais”. Joseph Schumpeter (1949)
desafios de ser um
empreendedor no
endereço abaixo:  “Alguém decidido, que toma iniciativa de reunir
http://www.youtube.co
m/watch?v=tLEqUsffS recursos de maneira inovadora, gerando uma
w8 organização relativamente independente, cujo
Vale a pena conferir! sucesso é incerto” Shapero (1977)

Veja também, no
endereço  “Qualquer indivíduo pode aprender a se comportar de
www.casosdesucesso.se forma empreendedora. O empreendedorismo é um
brae.com.br
histórias de sucesso de comportamento, e não um traço de personalidade”.
empreendedores. Drucker (1987)

 “É alguém capaz de identificar, agarrar e aproveitar


oportunidades. Para transformá-las em negócio de
sucesso, busca e gerencia de recursos”. Jeffrey
Timmons (1994)
30

 “É alguém que define metas, busca informações e é


obstinado”. Ferla Cunha (1996)
 “É um grande estrategista, inovador, criador de novos
métodos para penetrar e/ou criar novos mercados; é
criativo, lida com o desconhecido, imaginando o
futuro, transformando possibilidades em
probabilidades, caos em harmonia” Gerber (1996)

 “O espírito empreendedor não é um “dom” de poucos,


mas uma característica comum a todos e, portanto
pode ser desenvolvida.” Fernando Dolabela (2003)

 “Aquele capaz de deixar os integrantes da empresa


surpreendidos, sempre pronto para trazer e gerir
novas idéias, produtos ou mudar tudo o que já existe.
É um otimista que vive no futuro, transformando
crises em oportunidades e exercendo influência nas
pessoas para guiá-las em direção às suas idéias. É
aquele que cria algo novo ou inova o que já existe
sempre pesquisando. É o que busca novos negócios
e oportunidades com a preocupação na melhoria dos
produtos e serviços. Suas ações baseiam-se nas
necessidades do mercado”. Maria Inês Felippe
(1999)

 “É alguém que imagina, desenvolve e realiza visões”.


Louis Jacques Filion

 “Empreendedor é todo indivíduo que, estando na


qualidade de principal tomador das decisões
envolvidas, conseguiu formar um novo negócio ou
desenvolver negócios já existentes, elevando
substancialmente seu valor patrimonial, várias vezes
31

acima da média esperada das empresas congêneres


no mesmo período e no mesmo contexto sócio-
Contam os antigos, político-econômico, tendo alcançado com isso alto
que uma pequena rã prestígio perante a maioria das pessoas que
foi jogada em uma
panela de água conhecem essa empresa ou tem relacionamentos
fervente
Era uma vez...que
e logo com ela”. Oliveira (1995)
triscou na água, e
sentiu a quentura...
pulou fora  “Apresentam duas categorias de empreendedores, de
rapidamente.
Tranquilamente, acordo com seu campo de atuação: a) entrepreneur –
uma pequena rã é aquele empresário empreendedor dono do seu
colocada em panela
com água fria e próprio negócio; e b) intrapreneur – aquele
um pequeno fogo é empreendedor que trabalha como funcionário em
aceso embaixo da
panela, e a água se alguma empresa”. Gifford (1989)
esquenta muito
lentamente.
Pouco a pouco, a
água fica morna, e a Os estudos e pesquisas realizados em relação ao
rã, achando isso comportamento e à personalidade do empreendedor,
bastante agradável,
continua a nadar. também foco do presente estudo, fundamentam-se na
Agora, a água está crença de que o eventual sucesso do novo empreendimento
quente mais do que a
rã pode apreciar; ela dependerá principalmente do comportamento do
se sente um pouco empreendedor.
cansada, mas, não
obstante isso, não se
amedronta. O trabalho pioneiro realizado acerca das características
Agora, a água está comportamentais dos empreendedores foi conduzido pelo
realmente quente, e a
rã começa a achar Professor da Universidade de Harvard, David McClelland em
desagradável, mas 1961.
está muito
debilitada; então,
suporta e não faz McClelland realizou vários estudos sobre a questão da
nada. motivação e desenvolveu uma teoria sobre a motivação
A temperatura
continua a subir, até psicológica, baseado na crença de que o estudo da
quando a rã acaba motivação contribui significativamente para o entendimento
simplesmente cozida
e morta. do empreendedor.

Segundo sua teoria de motivação psicológica, as pessoas


são motivadas por três necessidades:
32

- necessidade de realização
- necessidade de poder
- necessidade de afiliação

Segundo McClelland, a necessidade de realização é a


necessidade que o indivíduo tem de por a prova seus limites,
de fazer um bom trabalho. É uma necessidade que mensura
as realizações pessoais. Pessoas com alta necessidade de
realização; são pessoas que procuram mudanças em suas
vidas, estabelecem metas e colocam-se em situações
competitivas, estipulando também para si, metas que são
realistas e realizáveis. Seus estudos comprovaram que a
necessidade de realização é a primeira necessidade
identificada entre os empreendedores bem sucedidos.
Segundo alguns psicólogos é a necessidade de realização
que impulsiona as pessoas a iniciar e construir um
empreendimento.

A necessidade de afiliação existe apenas quando há


alguma evidência sobre a preocupação em estabelecer,
manter, ou restabelecer relações emocionais positivas com
outras pessoas.

A necessidade de poder é caracterizada principalmente


pela forte preocupação em exercer poder sobre os outros.

Os indicadores comportamentais que caracterizam cada


uma dessas necessidades são descritos a seguir:

NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO:

• Competir com seus próprios critérios.


• Encontrar ou superar um padrão de excelência.
• Visar uma única realização.
• Usar feedback.
33

• Visar obter metas de negócio de longo prazo


• Formular planos para superar obstáculos pessoais
ambientais e de negócios.

NECESSIDADE DE AFILIAÇÃO

• Visar estabelecer laços de amizade ser aceito.


• Procurar fazer parte de grupos sociais.
• Sentir grande preocupação pelo rompimento de uma
relação interpessoal positiva.
• Possuir uma elevada preocupação com as pessoas
na sua situação de trabalho.

NECESSIDADE DE PODER

• Executar ações poderosas.


• Despertar fortes reações emocionais nas outras
pessoas.
• Estar sempre preocupado com a reputação, status e
posição social.
• Visar sempre superar os outros.

Esse perfil comportamental dos empreendedores resulta em


ações que podem ser notadas no dia-a-dia das pessoas, da
comunidade, do meio em que interage. São indivíduos que
vêem o mundo de forma diferenciada. Onde os outros vêem
problemas eles enxergam oportunidades! Acabam
transformando um limão numa limonada!
Grandes Empreendedores e suas “Barracas de Limonada”
34

Era jornaleiro aos 10 Faturamento de


anos
Walt US$ 25,3 bi em
Disney 2002

Entregava leite e Faturamento de


jornal aos 12 anos
Sam US$ 246,5 bi em
Walton 2002

Consertava relógios Faturamento de


de bolso aos 10 anos
Henry US$ 163,6 bi em
Ford 2002

Vendeu selos (13), Faturamento de


assinaturas de Michael US$ 28,3 bi em
jornais (16) e lavou Dell 2002
pratos
Aos 14 anos já era Faturamento de
presidente da Traf-
Bill US$ 28,3 bi em
O-Data Gates 2002

Figura 6 -Fonte: Fundação Vanzolini – Marcelo Nakagawa

Imaginem as transformações/influências que estes


empreendedores provocam onde agem! O número de novos
empregos gerados, o estímulo a novos concorrentes, a
construção de infra-estrutura, a entrada de novos
fornecedores, os novos clientes e perspectiva de novas
mudanças.
O desenvolvimento econômico está associado à
geração de emprego e renda, o que pode ser possibilitado
pela organização de novas empresas.
Podemos, então, dizer que os empreendedores
estimulam o desenvolvimento econômico.
Nos países em desenvolvimento, o
empreendedorismo pode dar uma grande contribuição para
a criação de novos postos de trabalho.
Não é raro vermos cidades pequenas com pouco ou
nenhum acesso à tecnologia (televisão, celular, exames de
ultra-som, alimentos diferenciados, etc), até o dia em que o
EMPREENDEDOR se instala na região e começa a fazer o
diferencial. Muitas vezes ele é o dono do mercadinho que
depois de algum tempo vira supermercado, e que acaba
influenciando nos costumes da comunidade que antes não
comia “presunto e sorvete em pote”; e agora já utiliza os
35

serviços de correspondente bancário que o supermercado


oferece.
E com isso, a operadora de telefonia móvel vê ali uma
oportunidade de negocio e implanta o seu sinal, o
representante de um determinado refrigerante que antes não
parava na cidade, agora enxerga o local como cliente em
potencial!
E assim... O EMPREENDEDOR vai modificando o
ambiente, as pessoas e o mundo!

Você já ouviu falar do Grameen Bank¿

Este banco é diferente de todos os outros que conhecemos no Brasil. Ele é especializado em
emprestar dinheiro para pessoas de baixa renda, um sistema que ficou conhecido como
microcrédito. O professor bengalês Muhammad Yunus pensava como poderia ajudar a reduzir a
pobreza em Bangladesh e imaginou que se as pessoas tivessem capital para investir em algo que
soubessem fazer, poderiam produzir e gerar sua própria venda. Esta iniciativa mudou a vida de
muitas pessoas e tornou-se uma experiência única como desenvolver lugares pobres, por meio do
desenvolvimento e financiamento da capacidade empreendedora das pessoas. O banco opera como
uma empresa privada auto-sustentável e gerou lucros em quase todos os anos de sua operação,
exceto no ano de sua fundação e em 1991 e 1992. O Grameen Bank ganhou o Prêmio Nobel da Paz
do ano de 2006, juntamente com seu fundador.

Muhammad Yunus
36

3.2 Empreendedorismo por oportunidade x


necessidade

De acordo com a pesquisa GEM – 2006, 1 em cada


10 brasileiros está empreendendo a criação de um negócio
próprio nos últimos 42 meses.
Será mesmo que há tanto brasileiro assim abrindo
seu próprio negócio?
Apesar da alta taxa de mortalidade das empresas, da
enorme carga tributária e outros obstáculos à abertura de
novos empreendimentos, é crescente o número de novos
negócios.

Seja de forma legalizada ou através do comércio


informal, as iniciativas empreendedoras são muitas:
sacoleiras, lanchonetes, restaurantes, cachorro quente, lan
house, etc.
Agora o que os diferencia está relacionado ao motivo
pelo qual montou aquele negocio...
Já pensou sobre isso? Ou melhor, já ouviu alguma
história como essas:

“Perdi o emprego, e agora?


Já sei!Vou fazer igual ao meu
amigo, que abriu um comércio e
está dando certo, vou investir todo
37

o Fundo de Garantia, é isso ai!”.

“Executivo deixa emprego estável,


depois de 20 anos, e troca o terno e a
gravata pelo sonho de se transformar
em sorveteiro”.

Alguns empreendem por necessidade – por estarem


desempregados ou em situação de privação – acabam
abrindo um negócio que resolva as suas dificuldades
naquele momento. Geralmente a idéia de negócio escolhida
é a que está “em moda” ou a do “vizinho” e por isso, não
analisam o mercado e deixam o planejamento de lado.
Outros empreendem por oportunidade – são aqueles
que abrem um negócio porque identificam uma atividade
inexplorada ou mal explorada, onde podem ser realizar
pessoalmente e financeiramente. Essas pessoas,
geralmente, planejam o empreendimento buscando
informações para reduzir o risco de quebra.
No Brasil o empreendedorismo por oportunidade está
em torno de 6%, ocupando a vigésima posição no ranking da
GEM-2006. O empreendedorismo por necessidade ficou em
5,6% em 2006. O Brasil passou de 4º para 6º colocado no
mundo no que diz respeito ao empreendedorismo por
oportunidade.
38

Em resumo, para cada indivíduo que empreende por


oportunidade existe um outro que empreende por
necessidade.
Que tal mudarmos esse quadro?

Empreendedorismo por oportunidade x necessidade de


2001 a 2006 no Brasil

ATIVIDADE 3

1. Como você definiria o empreendedor?


2. Você conhece alguma história que enfoque a
contribuição do empreendedor no
desenvolvimento econômico local?
3. Analisando a estória da rã (página 20), qual a
relação com o empreendedor.
4. Entreviste dois empreendedores e procure
identificar com foi criado o negócio – se por
necessidade ou por oportunidade – e quais as
dificuldades e/ou facilidades encontradas.

Informações para a próxima aula


Na Aula 4, teremos a oportunidade de conhecer o perfil
empreendedor reconhecendo os comportamentos e
caracterizando o intraempreendedor.
39

Leitura recomendada
DOLABELA, Fernando. Empreendedorismo uma forma de
ser. Ed. AED. Brasília.

Bibliografia consultada

228 p. Disponível em: <www.gembrasil.org.br>. Acesso em:


jun. 2009.

SEBRAE. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br>.


Acesso em: 2 jul. 2009.

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo : dando


asas ao espírito empreendedor : empreendedorismo e
viabilidade de novas empresas : um guia eficiente para
iniciar e tocar seu próprio negócio. 2.ed. rev. São Paulo :
Saraiva, 2007.
4
40
Perfil Empreendedor
Características
comportamentais do
empreendedor Aula

Meta da Aula

Conhecer o perfil empreendedor no tocante


aos comportamentos que compõem as suas
características.
Objetivos

Ao final desta aula, você deverá ser


capaz de:

1. Saber quais são as principais


características empreendedoras;
2. Reconhecer os comportamentos
empreendedores;
41

Perfil Empreendedor

4.1 Introdução

SILVIO SANTOS – Um empreendedor de Sucesso

Silvio Santos é um ícone da televisão


brasileira. Os anos passam, os ídolos
populares se sucedem, os concorrentes
mudam e ele permanece lá, como a
mais perfeita tradução de um domingo
à brasileira. É um dos rostos mais
conhecidos do país e também –
Rarraiiii! – a voz mais familiar aos
ouvidos de milhões. Silvio é ainda uma
versão do self-made Man, o homem
que conseguiu sozinho um lugar ao sol.
É até mesmo considerado por muitos um herói do
capitalismo nacional. De camelô tornou-se um grande
empresário, dono de nada menos que 33 empresas.

A sensibilidade do empresário para lançar programas de


apelo popular deve-se em boa parte à sua história de vida.
Não por destino, mas por opção, ele esteve em contato com
os humildes desde o início de sua carreira. Ao contrário do
que se pensa, Silvio não teve uma infância pobre nem
precisou largar os estudos para trabalhar.

Seu pai, o grego Alberto Abravanel, era proprietário de uma


loja de artigos para turistas e sua mãe, a imigrante turca
Rebeca, era dona-de-casa. A família, de origem judaica,
morava perto do centro do Rio de Janeiro, num imóvel
confortável. Silvio, o mais velho de uma prole de seis filhos,
fez o pré-primário quando isso era um luxo e prosseguiu nos
bancos escolares até se formar técnico em contabilidade.
Parou de estudar porque estava ansioso para dar vazão ao
talento de negociante que se manifestara precocemente.

Quando tinha 14 anos, Silvio viu o Estado Novo de Getúlio


Vargas cair e a democracia ser reimplantada no Brasil.
Alguns jovens aproveitaram a efervescência da época para
embarcar em projetos políticos. Ele enxergou o momento
sob outra perspectiva. Como as pessoas tinham de renovar
seus títulos de eleitor, resolveu vender capinhas de plástico
que servissem para guardar os documentos. Lembra até
hoje que elas custavam 3 cruzeiros e que as revendia por 5.
Animado, passou a vender canetas e outras bugigangas.
Aos 18 anos, Silvio já era um dos camelôs mais famosos do
42

centro do Rio de Janeiro. Ganhava três salários mínimos por


dia.

Não era o bastante. Ele percebeu que poderia explorar


comercialmente o tédio das pessoas que viajavam nas
barcas entre o Rio e Niterói. Convenceu, então, os
administradores do transporte a deixá-lo tocar um serviço de
alto-falantes em uma das barcas. Silvio executava músicas
durante o trajeto e, nos intervalos, veiculava anúncios que
vendia a bom preço. O negócio começou a ir tão bem que
ele montou um bar para atender os passageiros. Mas a
barca quebrou – e, com ela, também o negócio de Silvio.
Endividado, foi para São Paulo, onde se pôs a trabalhar
como locutor de comerciais radiofônicos. Nos intervalos,
vendia anúncios em calendários que mandava confeccionar
aos milhares.

Aqui um parêntese: ele já chegou à capital paulista com o


pseudônimo artístico. Quando morava no Rio, uma de suas
maneiras de ganhar dinheiro era participando de concursos
de locução. O vencedor sempre levava da rádio um prêmio
em dinheiro. Silvio ganhou doze seguidos, até que se viu
proibido de participar deles. Foi num desses concursos que
adotou o pseudônimo. Ao apresentar-se a um radialista
como Silvio Abravanel (sua mãe preferia Silvio a Senor),
ouviu que o nome não soava bem. "Vamos chamá-lo de
Silvio Santos", disse o sujeito, sem maiores explicações. E
assim foi.

Em São Paulo, com as finanças equilibradas, Silvio voltou a


ser dono de bar, no centro da cidade. Como investia tudo o
que ganhava em seus pequenos negócios, não se permitia
nenhum luxo, por menor que fosse. Aluguel de casa, por
exemplo, nem pensar. Dividia um quarto de pensão com um
ex-jogador de futebol. Foi expulso de lá depois de ser pego
pela proprietária com uma mulher na escada.

A grande virada veio no final de 1957. Um ano antes,


Manoel da Nóbrega, dono de um programa na mesma rádio
em que Silvio trabalhava, a Nacional, tornou-se sócio de um
comerciante chamado Walter Scketer, que imaginara um
projeto interessante: um baú de brinquedos que seria
vendido em forma de carnê por doze meses. O alvo eram
pais modestos, que assim poderiam proporcionar a seus
filhos um Natal inesquecível. Nóbrega entraria com a sua
credibilidade e com os anúncios. Scketer, com a sua
experiência em administração.

Quando chegou dezembro, porém, dos 800 compradores,


apenas 500 receberam os baús que haviam comprado.
Scketer sumiu do mapa, deixando Nóbrega a ver navios. As
43

rádios concorrentes e os jornais passaram a referir-se ao


sócio enganado como caloteiro e picareta. Desesperado,
Nóbrega vislumbrou a salvação em Silvio Santos. A princípio
hesitante, Silvio topou assumir a encrenca, pressionado pela
primeira mulher, Maria Aparecida, que viu naquilo tudo uma
boa possibilidade. Começava aí a história de sucesso do
Baú da Felicidade, base do império do empresário.

"Peru que fala" – Para impulsionar o Baú nos primeiros


tempos, Silvio bolou um esquema chamado Caravana do
Peru (como sempre ficava vermelho com as brincadeiras
que seus colegas faziam, seu apelido na rádio era o "peru
que fala"). A Caravana do Peru funcionava assim: Silvio
promovia shows em praças públicas, no qual havia sorteios
de prêmios e apresentações de artistas conhecidos. Entre as
atrações, ele vendia carnês. Foi nas caravanas que Silvio
lapidou seu estilo de apresentador com o qual hipnotiza as
platéias até hoje. É um estilo que, por sinal, intriga os
estudiosos. "Ele tem a capacidade de mostrar o ridículo e o
patético da personalidade humana, usando uma embalagem
familiar, que não choca", diz o professor Muniz Sodré, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A sua primeira experiência na televisão aconteceu em 1958,


como locutor de comerciais das finadas Lojas Clipper.
Quatro anos mais tarde, comprou seu primeiro horário
televisivo, na TV Paulista, para fazer o Vamos Brincar de
Forca. Silvio, aliás, jamais foi empregado de emissora
alguma. Sempre adquiriu espaços para veicular seu
programa – e seu programa nunca deixou de ser um
pretexto para vender os produtos oferecidos por suas
empresas. É só com olhos de negociante que ele enxerga o
mundo. Isso explica por que não constam de seu repertório
conceitos como função educativa da televisão,
responsabilidade social dos meios de comunicação ou
atrações que difundam cultura. Para muitos, trata-se de sua
maior limitação.

Silvio, que faz parte da vida dos brasileiros há quatro


décadas, foi ao longo desse tempo mudando de estatura. De
vendedor passou a locutor, de locutor virou apresentador e
de apresentador tornou-se grande empresário, cortejado por
poderosos. Durante a escalada, nada de essencial se
alterou em suas preferências e hábitos.

Ele não vai a festas nem a eventos. Visita o salão do


cabeleireiro Jassa, para jogar conversa fora. Assiste a filmes
em vídeo nos fins de semana. Vê uma média de vinte por
mês. Prefere comédias. Admira muito o ator e diretor
americano Woody Allen e diz que, se pudesse, o contrataria.
Porque ele faz filmes bons e baratos, justifica. Silvio veste-se
44

há quase trinta anos na mesma confecção, a Camelo, na


Zona Norte de São Paulo. Usa relógios comprados em
camelôs nos Estados Unidos, que custam no máximo 100
dólares. Em vez de guardar seus papéis numa pasta de
couro, usa uma sacola de papelão. Não são extravagâncias
de um milionário. Silvio é assim mesmo. O carro que usa
com mais freqüência é um Lincoln Continental branco, de
capota verde. Tem sete anos de uso e ele próprio o dirige.

Seu patrimônio pessoal, declarado à Receita Federal,


totaliza 879 milhões de reais. No comando de sua rede de
televisão, o SBT, Silvio conseguiu a façanha de se
transformar em um adversário que incomoda de verdade a
Rede Globo.

Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Histórias como essa, causam admiração pela


determinação, persistência, criatividade e ousadia. Pontos
que podem ser comuns a qualquer pessoa, mas que nem
sempre estão presentes nos comportamentos do dia-a-dia.
O que faz então que essas pessoas sejam
consideradas empreendedoras?
Há algo de particular presente no seu perfil?
Veremos...
Por volta dos anos 50, os estudiosos do
empreendedorismo já identificavam que a maior parte dos
novos negócios nascia em pequenas empresas, e que estas
eram dirigidas por pessoas que lutavam para conseguir
colocar de pé seu empreendimento. O interesse por
compreender as características das pessoas que
empreendem e têm sucesso passou a receber atenção e
financiamento para pesquisa.
Dentre os muitos estudos sobre estas características
que constituem o perfil empreendedor, iremos abordar o
trabalho do psicólogo e professor da Universidade de
Havard, David MacClelland por já serem utilizadas em
programas de treinamento comportamental como o
EMPRETEC.
45

A grande contribuição de David McClelland dentro do


campo do empreendedorismo, foi a sua iniciativa em tentar
especificar o que gerava os resultados positivos do
empreendedor. Através da identificação de
traços/características comuns nos empresários de sucesso,
o psicólogo conseguiu agrupá-los formando o que ele
chamou de Características do Comportamento
Empreendedor – CCE´s.
Os países escolhidos para verificar se as
características diferiam ou não, foram Malawi na África, Índia
na Ásia e Equador na América do Sul, por serem países em
desenvolvimento e de continentes distintos, além de
possuírem realidades sócio-culturais bastante distintas.

Nos países estudados, um grupo de jurados


composto por pessoas nativas, que eram consideradas os
empreendedores de maior sucesso por setor econômico
(indústria,comércio e serviços), sendo selecionados aqueles
que receberam o maior número de indicações. De cada
setor foram identificados 12 (doze) empreendedores de
sucesso e também 12 (doze) empreendedores que
receberam as menores indicações de êxito, perfazendo um
total de 216 (duzentos e dezesseis) empreendedores nos
três paises.
A técnica de entrevistas utilizada, através de
gravação, baseou-se em registros dos detalhes da vida
empresarial e também do retrospecto de suas atividades nos
últimos três anos. Através de análises o júri encontrou
diferenças entre as características da Índia em relação a
Equador e Malawi.
Contudo buscou-se identificar quais características
eram mais freqüentes nos três paises, chegando a 20 (vinte)
características comuns que foram associadas às respostas
46

das entrevistas permitindo um cruzamento de informações


maior, para posteriores análises.
Posteriormente foi obtida uma relação de nove
características que foram encontradas nos empreendedores
de sucesso e que os diferenciava do desempenho dos
demais. A partir daí foram divididas em três grupos:
 Pró-atividade
Iniciativa
Assertividade
 Orientação para a realização
Percepção e ação sobre as oportunidades
Orientação para a eficiência
Preocupação com a alta qualidade do trabalho
Planejamento sistemático
Monitoramento
 Comprometimento com os outros
Comprometimento com o trabalho contratado
Reconhecimento da importância dos relacionamentos
nos negócios

Na pesquisa foram identificados dois pilares centrais


MÍDIA
que estão na base de um comportamento empreendedor de
sucesso. O primeiro pilar demonstra que as pessoas
Assista ao filme: empreendedoras têm uma “necessidade de realização”,
“Mauá o Imperador e
“motivação para realização” ou “impulso de melhorar”, que
o Rei” e perceba como
a história do Barão de se caracteriza por certa “insatisfação”, além da valorização
Mauá está repleta de
da independência e do desejo de superar padrões de
comportamentos
empreendedores. excelência.
O outro pilar é a característica psicológica que se refere ao
lócus de controle ou “local de controle”, que, de forma
simples, responde à pergunta: quem é responsável pelo que
me acontece? Pessoas que possuem um forte lócus de
controle interno responsabilizam-se pessoalmente por seu
destino, acreditam que suas escolhas interferem diretamente
47

nos resultados. Por isto, tendem a ser relativamente


autoconfiantes, prezam a autonomia e a independência.
Estes são traços que distinguem o comportamento
empreendedor.
Estas pessoas comportam-se de maneira bastante
distinta das pessoas que possuem o lócus de controle
externo, que acreditam que os seus resultados dependem
mais da sorte e do acaso do que do seu esforço e intenção
própria.
O sujeito que possui lócus interno de controle
acredita que o seu êxito é antes um produto do bom
planejamento, esforço intenso e talento do que uma
conseqüência do destino ou das circunstâncias. Em tais
indivíduos, observa-se uma “iniciativa incomum e maior
controle sobre seu próprio comportamento; são mais bem-
sucedidos quando se trata de persuadir outras pessoas,
embora eles próprios não se deixem persuadir facilmente;
são mais diligentes em obter informações e conhecimentos
estratégicos acerca de sua própria situação; são mais bem
informados; desempenham bem tarefas que dependem de
habilidades específicas que podem ser aprendidas e não tão
bem aquelas que dependem da sorte ou do acaso; têm
autoconceitos mais claros; são mais confiáveis e são menos
vulneráveis ao fracasso”.
O trabalho de David MacClelland em parceria com a
empresa de consultoria MSI formatou o programa de
treinamento empreendedor EMPRETEC. Nele são
trabalhadas, de forma intensiva, as dez características
empreendedoras identificadas em sua pesquisa e seus
respectivos comportamentos.
48

AS CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO
EMPREENDEDOR – DAVID MACCLELLAND

BUSCA DE OPORTUNIDADE E INICIATIVA

- Faz as coisas antes de solicitado ou antes de forçado


pelas circunstâncias.
- Age para expandir o negócio a novas áreas, produtos
ou serviços.
- Aproveita oportunidades fora do comum para
começar um negócio, obter financiamentos,
equipamentos, terrenos, local de trabalho ou
assistência.

CORRER RISCOS CALCULADOS

- Calcula riscos deliberadamente e avalia alternativas.


- Age para reduzir os riscos ou controlar os resultados.
- Coloca-se em situações que implicam desafios ou
riscos moderados.

EXIGÊNCIA DE QUALIDADE E EFICIÊNCIA

- Encontra maneiras de fazer as coisas melhor, mais


rápido ou mais barato.
- Age para garantir que se satisfaçam ou excedam
padrões de excelência.
- Desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar
que o trabalho seja terminado a tempo e que atenda
os padrões de qualidade previamente combinados.

PERSITÊNCIA

- Age diante de um obstáculo significativo.


- Age repetidamente ou muda de estratégia a fim de
enfrentar desafios ou para superar obstáculos.
- Faz um sacrifício pessoal ou dispende um esforço
extraordinário para terminar um trabalho.

COMPROMETIMENTO

- Atribui a si mesmo e a seu comportamento as


causas de seus sucessos e seus fracassos e assume
a responsabilidade pessoal pelos resultados obtidos.
- Colabora com os empregados ou se coloca no lugar
deles, se necessário para completar um trabalho.
49

- Esforça-se para manter os clientes satisfeitos e


coloca em primeiro lugar a boa vontade, acima do
lucro a curto prazo.

BUSCA DE INFORMAÇÕES

- Dedica-se pessoalmente a obter informações de


clientes, fornecedores e concorrentes.
- Investiga pessoalmente como fabricar um produto ou
proporcionar um serviço.
- Consulta especialistas para obter assessoria técnica
ou comercial.

ESTABELECIMENTO DE METAS

- Estabelece metas e objetivos que são desafiantes e


com significado pessoal.
- Tem visão clara e específica do que quer a longo
prazo.
- Define objetivos de curto prazo e mensuráveis.

PLANEJAMENTO E MONITORAMENTO SISTEMÁTICOS

- Planeja dividindo tarefas de grande porte em sub-


tarefas com prazos definidos.
- Revisa constantemente seus planos levando em
conta os resultados obtidos e as mudanças
circunstanciais.
- Mantém registros financeiros e os utiliza para tomar
decisões.

PERSUASÃO E REDE DE CONTATOS

- Utiliza estratégias deliberadas para influenciar ou


persuadir os outros.
- Utiliza pessoas-chave como agentes para atingir seus
próprios objetivos.
- Age para desenvolver e manter relações comerciais.

INDEPENDÊNCIA E AUTOCONFIANÇA

- Busca autonomia em relação a normas e controles de


outros.
- Mantém seu ponto de vista mesmo diante da
oposição ou a resultados desanimadores.
50

- Expressa confiança na sua própria capacidade de


complementar uma tarefa difícil ou de enfrentar um
desafio.

AUTO-AVALIAÇÃO

Agora que você já conhece como o empreendedor se


comporta, procure fazer uma auto-avaliação com relação a
estes comportamentos a fim de identificar quais são mais
fracos no seu perfil e quais são mais fortes. Assim, você
poderá perceber quais as características empreendedoras
que estão mais presentes nas suas ações diárias e quais as
que você precisa desenvolver.
Causas mais comuns de falhas nos negócios

Fonte: Idalberto Chiavenato – Empreendedorismo – Dando Asas ao Espírito


Empreendedor.

4.2 Intraemprendedorismo

O termo intraempreendedor (tradução do Inglês -


intrapreneur) foi cunhado por Gifford Pinchot (1989) para
designar o “empreendedor interno”.
São aqueles que, a partir de uma idéia, e recebendo a
liberdade, incentivo e recursos da empresa onde trabalham,
51

dedicam-se entusiasticamente em transformá-la em um


produto de sucesso. Não é necessário deixar a empresa
onde trabalha, como faria o empreendedor, para vivenciar as
emoções, riscos e gratificações de uma idéia transformada
em realidade.
O empreendedor, muitas vezes, necessita dos
recursos de uma grande empresa para testar suas idéias.
Porém, gosta de ser seu próprio patrão e a organização de
uma grande empresa costuma dar pouco espaço para a
independência.
A solução para esse problema de relações pode estar
no surgimento dessa nova classe de empreendedores, os
intraempreendedores.

Os 10 mandamentos do intraempreendedor segundo -


Pinchot III, 1989

 · Vá para o trabalho a cada dia disposto a ser


demitido
 · Evite quaisquer ordens que visem interromper seu
sonho
 · Execute qualquer tarefa necessária a fazer seu
projeto funcionar, a despeito de sua descrição de
cargo
 · Encontre pessoas para ajudá-lo
 Siga sua intuição a respeito das pessoas que
escolher e trabalhe somente com as melhores
 · Trabalhe de forma clandestina o máximo que puder
– a publicidade aciona o mecanismo de imunidade da
corporação
 · Nunca aposte em uma corrida, a menos que esteja
correndo nela
 · Lembre-se de que é mais fácil pedir perdão do que
pedir permissão
52

 · Seja leal às suas metas, mas realista quanto às


maneiras de atingi-las
DICA!
 · Honre seus patrocinadores
No site do SEBRAE
há um teste no qual
você pode avaliar o Pinchot em uma entrevista à revista Você, apontou seis
seu perfil pontos fundamentais para se tornar um intraempreendedor.
empreendedor. Vá ao
endereço: São eles:
http://www.sebrae.co
m.br/atendimento/
teste-aqui-seu-perfil- 1. Encontre algo em que você realmente acredite, que esteja
empreendedor alinhado com seus valores e que você queira empreender.
e responda às
perguntas formu- 2. Faça um plano de negócios para ajudá-lo a transformar
ladas. Depois pense sua idéia em realidade.
sobre o resultado do
teste. 3. Tire suas dúvidas com outros empreendedores.
4. Esteja pronto para fazer qualquer trabalho necessário
para que sua idéia dê certo. Se tiver de varrer o chão, faça-
o. Muitas vezes, ninguém nos dá apoio quando fazemos
algo novo. Ou, o que é pior, enfrentamos muita resistência.
5. Monte uma equipe. Você precisa vender bem sua idéia
para deixá-la entusiasmada. E não deixe de ouvir as idéias
dos outros.
6. Encontre alguém para “apadrinhar” sua idéia, para lhe dar
suporte e até protegê-lo. Normalmente essa pessoa não é
seu chefe, ela está em outros departamentos da empresa.
Isso não significa que o suporte de seu chefe não seja
importante.

ATIVIDADE 4

1. Após fazer a leitura do texto que fala sobre


Silvio Santos, procure identificar nas os
comportamentos empreendedores praticados
por ele.
53

2. Com base na sua auto-avaliação das


características e comportamentos
empreendedores, procure traçar um plano de
melhorias para fortalecer os seus
comportamentos mais fracos. Procure escrever
de forma específica o que irá fazer para
fortalecer. (Ex: tenho como ponto fraco o
comportamento - “dedica-se pessoalmente a
obter informações de clientes, fornecedores ou
concorrentes” – como quero montar o meu
negócio, vou tirar 2h por dia para visitar alguma
empresa que já atue na área que quero
trabalhar, ou vou pesquisar junto aos clientes
quais as necessidades não satisfeitas pelo
mercado dentro da área que quero atuar).
3. Uma das características que mobilizam o
empreendedor na busca por resultados é o
Estabelecimento de Metas. Por falar nisso,
como estão as suas? Estabeleça um objetivo a
ser atingido por você para daqui a um ano e
outro para daqui a cinco anos. Lembre-se que:
os objetivos devem ser desafiantes,
mensuráveis, devem ter data para acontecer e
ter significado pessoal!
4. O quadro que traz as “causas mais comuns de
falhas nos negócios”, apontam os motivos de
quebra das empresas. Correlacione as
características empreendedoras que ajudariam
a evitar tais problemas.
5. Você conhece algum exemplo de
intraempreendedor? Fale sobre ele: resultados
que gera para a empresa e principais
características.
54

Informações sobre a próxima aula

Na próxima aula, iremos conhecer como se dá o processo


empreendedor.

Leitura Recomendada

SARAIVA, Alberto. Os mandamentos da lucratividade: as


histórias e ensinamentos de um negócio que parecia
impossível. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

Bibliografia Consultada

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo : dando


asas ao espírito empreendedor : empreendedorismo e
viabilidade de novas empresas : um guia eficiente para
iniciar e tocar seu próprio negócio. 2.ed. rev. São Paulo :
Saraiva, 2007.

HISRICH, Robert D. e PETERS, Michael P.


Empreendedorismo. 5.ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.

PINCHOT, Gifford e PELMAN, Ron.


Intraempreendedorismo na prática: um guia de inovação
nos negócios. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

PACHECO, Françoise. Uma análise do programa de


formação empreendedora EMPRETEC do SEBRAE –
2002 A 2004 no Piauí. Dissertação de Mestrado. 2008.
55

5
Empreendendo – O
processo empreendedor

Aula

Meta da Aula

Apresentar o processo empreendedor e os


fatores que influenciam na atividade
empreendedora.
Objetivos

Ao final desta aula, você deverá ser


capaz de:

1. Identificar as fases do processo


empreendedor;
2. Reconhecer os principais desafios do
processo empreendedor;
56

Empreendendo – O processo
empreendedor

5.1 Introdução

“Luisa era uma jovem que ia ser dentista, mas, sua


vida mudou completamente, até começar a acompanhar o
dia-a-dia da sua madrinha que tinha um
empreendimento em Ponte Nova. Com o passar dos anos
Luisa percebe que não tem mais vocação para ser dentista e
quando vai para Ponte Nova que é a cidade da Goiabada
cascão da madrinha, que para ela é a melhor goiabada do
mundo, Luísa planeja montar uma empresa igual a da sua
tia. No começo Luísa ficou um pouco receosa, pois ia abrir
um negocio igual a da sua madrinha, a idéia era o nome de
Goiabadas Maria Amália. Luisa não tinha conhecimento na
área de planejamento, organização e buscou ajuda com o
professor de empreendedorismo Pedro. Daí ela começa a
assimilar realmente quais as dificuldades e estratégias para
ser um bom empreendedor.

Só que surgiram problemas, pois Luisa esperava algo


mais rápido e menos burocrático na montagem de sua
empresa, só que ela percebeu que não era bem assim, e
Pedro começou a lhe dar informações sobre: plano de
marketing, estratégia de marketing, certificação de
qualidade, planos financeiros. Entre outros problemas que
enfrenta uma estudante de odontologia para se tornar uma
empreendedora, Luisa viu que não era tão simples como ela
imaginava. Pedro começou a perguntar sobre o
conhecimento dela em relação ao mercado, quem era o seu
cliente alvo, quais os projetos da empresa Goiabadas Maria
Amália, que tipo de cliente irá satisfazer para comprar o tal
produto, e com o passar do tempo Luisa foi buscando e
57

aprimorando seu conhecimento, vendo e revendo as rotinas


de planejamento de seu negócio. Com determinação depois
de 6 anos, até recusar ser a oradora da sua formatura por
não ter tempo mais, Luisa casou-se e tornou-se uma grande
empresária no ramo de goiabadas, ganhando até o prêmio
de Empreendedor Global - para as empresas que se
destacavam no volume de EXPORTAÇÕES. O volume de
exportações atingiu o valor de 8 milhões de dólares”.

Fonte: Adaptado do Livro “O Segredo de Luísa” – Fernando Dolabela

O empreendedorismo empresarial começa a atuar


quando pensamos em como seria a nossa vida se
pudéssemos dirigir uma empresa da maneira como
sonhamos.
Os empreendedores costumam desejar coisas
diferentes do seu empreendimento. Alguns desejam montar
negócios de muito sucesso que os façam ricos; outros
querem que seu negócio permita uma vida diferente com
mais autonomia e prazer; e a maior parte gostaria das duas
coisas.
O empreendedor é aquele que aproveita uma
oportunidade. A oportunidade surge quando o
empreendedor percebe que há uma necessidade que ainda
não foi atendida na oferta de produtos e serviços no
mercado ou um problema que foi identificado e ainda não foi
resolvido.
Acontecimentos pessoais e circunstanciais podem
resultar na abertura de uma empresa. Algumas pessoas
imaginam como seriam suas vidas se elas fossem seus
próprios patrões. Vislumbram como conduziriam suas
empresas. Mantêm latente um desejo de empreender que
pode ser despertado por um evento interno ou externo.
58

Outras situações, nem sempre agradáveis, como uma


demissão, podem determinar o momento de assumir o risco
de empreender. Observar outras pessoas parecidas com
você que montam um negócio de sucesso também funciona
como uma ignição para o empreendedorismo.
Vislumbrada a oportunidade e tomada a decisão de
implementá-la, devemos arregaçar as mangas e elaborar um
plano de negócio, que funcionará como um verdadeiro
“plano de vôo” da empresa que se inicia.

O processo Empreendedor

Da percepção da oportunidade até a estruturação do


empreendimento há um longo caminho a ser percorrido. As
fases que se sucedem da idéia inicial até a criação e
operação da empresa é o que se costuma chamar de
processo empreendedor.
Três fatores irão influenciar na construção desse
caminho, são eles:

Fatores pessoais: necessidade de realização


pessoal, valores pessoais, educação, experiência,
insatisfação com o trabalho, demissão, assumir riscos,
criatividade, etc.
Esses fatores estão intimamente ligados ao indivíduo,
como a necessidade de realização pessoal, ou seja, a
satisfação advém da construção desse objetivo empresarial;
a forma como foi educado – valorizando o emprego ou ser
dono do próprio negócio; a capacidade de arriscar –
impulsiona o indivíduo a empreender; a própria demissão
pode ser o pontapé para iniciar um negócio.
Fatores ambientais: oportunidade, modelagem,
incubadoras, políticas públicas, recursos, clientes,
fornecedores, investidores, etc.
59

Os fatores ambientais dizem respeito às ações que o


meio podem exercer sobre a iniciativa empresarial. A
presença de oportunidades que podem ser aproveitadas
pelo empreendedor; o processo de modelagem que consiste
em ter alguém ou algo com referência/exemplo a ser
seguido (um amigo que é empreendedor, um modelo de
negócio promissor); as políticas públicas que podem
favorecer essa iniciativa e sua continuidade; as incubadoras
de empresa que proporcionam um ambiente mais “seguro”
para o início empresarial; os recursos disponíveis, sejam
eles materiais, financeiros ou humanos; e a presença de
clientes, fornecedores e investidores para o negócio.
Fatores sociológicos: redes de relacionamento,
equipes, família e modelagem.
Representam o número de contatos/relacionamentos
que o indivíduo possui e que podem favorecer a iniciativa
empresarial; as equipes designam o grupo de pessoas com
habilidades complementares que podem estimular a
abertura do negócio; além de identificação com modelos
empresariais de sucesso que podem vir a influenciar essa
iniciativa; além de exemplos de sucesso empresarial nas
famílias.
Fatores organizacionais: equipe, estratégia,
produtos, cultura.
Estes fatores exercem influencia no momento de
administração do negócio – a equipe com sua competência
e forma de gerenciar; a estratégia utilizada para influenciar o
cliente; como os produtos serão trabalhados; a cultura são
os padrões de comportamento usados pela empresa para
funcionar.
O quadro a seguir, reproduz o Processo
Empreendedor em suas quatro etapas, e onde esses fatores
– pessoais, ambientais e sociológicos – influenciam.
60

Fases do Processo Empreendedor

Fonte: O processo Empreendedor – Sandra Mariano e Verônica Mayer

FASE 1 – Identificação da Oportunidade para Inovação

O indivíduo tem uma idéia, que surge a partir da


identificação de alguma inovação que pode ser
implementada, e dá origem a um novo negócio.

FASE 2 – Gatilho para a abertura da empresa – Evento


Inicial

Mesmo que o indivíduo esteja diante de uma oportunidade,


não há garantias de que ele sairá da intenção para a ação. A
decisão do indivíduo de implementar ou não a idéia
dependerá do surgimento de um gatilho que acione os
61

planos de criação de uma empresa. É hora de fazer o plano


de negócios.

FASE 3 – Criação da Empresa e Implementação

A Fase 3, que envolve a criação da empresa, é composta de


algumas subfases: validação da idéia; definição da escala de
operação e identificação dos recursos necessários;
elaboração do plano de negócio, que apresenta a
formatação do empreendimento para sua negociação interna
e externa; e a operacionalização do plano de negócio, dando
início à empresa.

FASE 4 – Administração do Negócio

o empreendedor irá desempenhar fortemente o papel de


administrador da empresa, garantindo sua consolidação e
sobrevivência a longo prazo. Os fatores que influenciam o
dia-a-dia da empresa, após a sua fundação, são os mesmos
que influenciaram a sua criação.
A capacidade de gerenciar as mudanças e a capacidade de
adaptação farão a diferença entre o sucesso e o fracasso do
empreendimento.

ATIVIDADE 5

1. Com base na estória contada no início desta aula –


“O segredo de Luísa” – destaque quais foram os
fatores (pessoais, ambientais, sociológicos e
organizacionais) que influenciaram o processo
empreendedor de Luísa.
2. Na sua opinião, quais fatores são mais decisivos para
influenciar o processo empreendedor e por que?
62

3. Teste-se como empreendedor e analise quais fatores


você tem no seu processo empreendedor em casa
etapa dele. Esquematize o seu processo
empreendedor.

Informações para a próxima aula


Na Aula 6, teremos a oportunidade de trabalhar o
planejamento do empreendimento, analisando se uma idéia
já é um negócio e os passos para o planejamento do
empreendimento – plano de negócio.

Leitura recomendada
DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. 30 Ed. São
Paulo: Editora de Cultura, 2006.

Bibliografia consultada

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo : dando


asas ao espírito empreendedor : empreendedorismo e
viabilidade de novas empresas : um guia eficiente para
iniciar e tocar seu próprio negócio. 2.ed. rev. São Paulo :
Saraiva, 2007.

MORI, Flavio De; TONELLI, Alessandra; LEZANA, Álvaro G.


R. Empreender: identificando, avaliando e planejando
um novo negócio. Florianópolis: ENE/ UFSC, 1998.
6
Planejando o 63

Empreendimento

Uma boa idéia é o Aula


suficiente?

Meta da Aula

Iniciar o planejamento do negócio pela


análise da idéia de negócio identificando se
esta é realmente uma oportunidade de
negócio.
Objetivos

Ao final desta aula, você deverá ser


capaz de:

1. Diferenciar idéia de oportunidade;


2. Avaliar uma oportunidade;
64

Planejando o Empreendimento

Uma boa idéia é o suficiente?

“Até o final do século XIX, o profissional mais importante num


matadouro era o açougueiro, um homem habilidoso, experiente e
bem remunerado que, sozinho, cortava e separava todas as
partes do boi. O problema desse processo centrado num único
indivíduo era a que a produção ficava limitada. Mas o cenário
mudou com a chegada da esteira rolante: enquanto a carcaça se
movia lentamente, diversos operários pouco habilidosos podiam
realizar uma pequena pata da tarefa. Isso permitiu o crescimento
da produtividade, maior agilidade e melhor controle da operação.
Foi essa performance que chamou a atenção de um mecânico em
visita a um abatedouro de Detroit. O homem ficou tão
impressionado que, apenas
alguns anos depois, implantou
um processo semelhante na
produção de carros. O mecânico
era Henry Ford, e o método, a
linha de montagem , que
revolucionou a indústria
automobilística e inaugurou a
indústria moderna”.

Fonte: Oportunidades Disfarçadas – Carlos Domingos, ed. Sextante, página.


194.

A grande maioria das pessoas acha que os negócios


de sucesso são promissores porque têm uma ótima idéia.
Isto é perigoso! Como dizia Alain Emile Chaktier “nada é
mais perigoso que uma idéia do que quando ela é a única
que temos”. Ou melhor, falando: quando ela é a única
COISA que temos!
Uma idéia boa aqui, pode não ser uma idéia boa ali!
Ou uma idéia boa na mão de alguém, pode não
funcionar na mão de outrem...
Não importa se a idéia é única ou repetida. O que
importa é se esta idéia atende aos pré-requisitos básicos do
mercado.
65

São eles:
1. Uma idéia precisa atender a uma necessidade – a idéia
pode ser bonita, funcionar em outros locais... mas se onde
você desejar aplicar, ela não satisfizer as necessidades...
Não é uma boa idéia.
2. As idéias são inúteis se alguém não tiver disposto a
pagar por ela – o negócio precisa ter retorno financeiro para
dá certo. Por isso, pode ser uma boa idéia e até haver a
necessidade, mas.... se as pessoas não estiverem dispostas
a pagar o que você está pedindo por ela... Não é uma boa
idéia aqui! Muitos produtos aparecem no mercado
atendendo uma necessidade, mas o público não aceita o
valor cobrado. E quando o empreendedor não tem com
baixar o valor... A idéia vai pelo ralo!
3. É preciso saber gerenciar a idéia – é preciso buscar
informações, atualização contínua, inovar sempre, atender
bem, minimizar os custos, mas não esquecer da qualidade,
agregar experiência, construir uma boa equipe, etc. Enfim,
estruturar-se bem para que a boa idéia funcione agora e
futuramente!
A idéia é algo livre, espontâneo, que não tem
comprometimento com nada e em dar certo. É fruto da
criatividade e de descobertas. Já a oportunidade é uma idéia
trabalhada, analisada, calculada e, se possível, testada, que
tem chances de sucesso, pois envolve uma análise
econômica de investimentos e retorno potencial.

Dessa forma, identificar uma oportunidade significa buscar


resposta para uma série de questões, como por exemplo:

• Existe uma necessidade de mercado que não é


suprida ou é suprida com deficiências?

• Como funcionam empresas similares?

• Qual a quantidade de potenciais clientes para este


negócio? Qual o seu perfil? Onde se localizam?
66

• Quais são os principais concorrentes? Quais os seus


pontos fortes e fracos?

• Existem ameaças?

• Quais os valores que o novo produto/serviço agregam


para os clientes?

• Será que o momento correto é realmente este?

• É possível inovar? em que aspectos?

• E outras…

Fonte: Sebrae/SP

Abaixo seguem exemplo de oportunidades que


surgiram no dia-a-dia dos seus descobridores:

“No início dos anos 1950, em sua casa em Los


Angeles, Ruth observava a filha Bárbara, de 10 anos brincar
no chão da sala. Foi quando algo chamou sua atenção: em
vez de se divertir com sua boneca bebê, a menina preferia
recortar imagens de mulheres adultas de revistas femininas.
Na época, as bonecas com aparência de bebê eram muito
populares entre as famílias americanas.Para as crianças,
significava diversão. E para os pais, uma forma de despertar
o lado materno das garotas para assumirem o papel de
mães no futuro. Naquele momento, Ruth percebeu que
talvez a menina sonhasse com algo mais: com o futuro
glamouroso das atrizes de Hollywood. Para atender à filha, e
quem sabe, a outras crianças de sua idade, ela se
emprenhou em desenvolver por conta própria um aboneca
com aparência adulta. Empolgada, Ruth apresentou o
projeto ao marido, Elliot. Ambos tocavam uma fábrica de
casinhas de madeiras. Porém, a boneca revelou-se custosa
demais para ser desenvolvida na época, e por isso foi
arquivada. Mas a idéia não abandonou a cabeça da mulher.
Alguns anos depois, em 1956, quando passeava pela Suíça,
Ruth viu em uma vitrine uma boneca do jeito que havia
sonhado: com rosto e corpo de mulher, chamada Lili. Ou
seja: era a comprovação de que já era possível concretizar
seu sonho. De volta aos EUA, Ruth
tratou de levar o projeto em frente,
usando Lili com referência para o
produto final. O lançamento
aconteceu em 1959, na feira de
brinquedos de Nova York. Para
67

batizar a novidade, Ruth usou o apelido da filha Bárbara:


Barbie. O sucesso foi tão grande, que de um simples
fabricante de casinhas de madeira, o negócio do casal se
transformou na gigante Mattel”.

“Todo fim de semana, Adriano Sabino velejava pelos lagos


de Brasília. Nessas ocasiões, podia presenciar a
preocupação dos pais com os filhos que entravam n água:
“Não vá para o fundo”; “Fique pertinho da mamãe”; e outros
alertas. Sabino imaginou que, se criasse algo para proteger
as crianças, os pais iriam se interessar. Foi então que ele se
lembrou de uma interessante
espuma utilizada na flutuação
de veleiros. Mesmo furada u
partida, não afundava de jeito
algum. Ao pesquisar a
composição do material,
descobriu se tratar de um
polietileno, não tóxico e à
prova de bactérias. Ou seja:
perfeito para um produto
infantil. Com a ajuda da
mulher, Sabino produziu uma
espécie de bóia em formato fino e comprido: estava criado o
espaguete, ou macarrão de piscina. A Toy Power, empresa
que Adriano e a mulher criaram para representar o produto,
já comercializou 12 milhões de unidades e exporta para
países da América do Norte, Mercosul e Comunidade
Européia”.

“Bill Gates, durante muito


temo o homem mais rico do
mundo, começou sua
fortuna a partir de uma
matéria publicada numa
revista. Em janeiro de 1975,
a publicação Popular
Electronics trouxe na capa a
seguinte manchete: “Chegou
o primeiro computador pessoal da História: Altair 8800”.
Lendo atentamente o artigo, Gates descobriu que o novo
computador ainda não tinha um sistema operacional, o
software que faz a máquina funcionar. Julgando-se capar de
criar o programa, Gates teve uma audácia fora do comum:
preocupado que alguém chegasse à sua frente, ligou para o
fabricante do Altair afirmando que já tinha o programa em
mãos, quando na verdade, não tinha nada. Lógico que a
68

empresa ficou extremamente interessada em conhecer o


programa. Gates inventou então uma série de desculpas
para adiar o encontro, já que precisava antes ter o produto.
É fato que Gates, então com 20 e poucos anos e
universitário de Harvard, conhecia alguma coisa de
computadores de grande porte existente na própria
universidade – porém, nada que o habilitasse a desenvolver
o complexo software. Com um amigo que trabalhava na
fabricação de computadores, Paul Allen, ele trabalhou dia e
noite tentando desesperadamente adaptar a linguagem dos
computadores de grande porte para as máquinas de uso
pessoal. Finalmente, depois de oito trabalhosas semanas, os
amigos chegaram a uma solução que julgavam razoável. E
aí o milagre aconteceu: sem nunca terem visto um Altair na
vida, os amigos colocaram o programa no computador e –
pasme! – ele rodou perfeitamente. Você pode dizer que é
sorte, mas eu sou mais a frase de Thomas Jefferson: ”Eu
acredito na sorte. E quanto mais eu trabalho, mais sorte eu
tenho”. A empresa adquiriu o programa dos rapazes e, com
o dinheiro, Gates e Allen puderam lançar, e 1976, a Micro-
soft (inicialmente com hífen mesmo, para deixar claro a
origem dos dois fundadores: um de hardware e outro de
software)”.

Fonte: Oportunidades Disfarçadas – Carlos Domingos. Ed. Sextante.

ATIVIDADE 6

1. Você já é capaz de diferenciar uma idéia de


uma oportunidade? Explique.
2. Você foi convidado por outros dois colegas da
sua turma para montar um negócio na área de
informática que segundo eles, será um
sucesso. Como você faria para avaliar essa
idéia? Discuta com eles quais seriam boas
idéias de negócio.
3. Analisando a cidade onde mora, procure
observar negócios que estejam funcionando e
observe os aspectos desta idéia de negócio
que garantem o seu sucesso (no caso de
69

sucesso) ou o seu fracasso (no caso de


negócios em decadência).

4. Desafio: procure identificar no seu dia-a-dia em


casa, no trabalho, no lazer, com a família...
Uma boa idéia! Explique-a e comente porque é
uma boa idéia.

Informações para a próxima aula


Na Aula 7, iremos trabalhar os passos para o planejamento
do empreendimento – plano de negócio.

Leitura recomendada

DOMINGOS, Carlos. Oportunidades Disfarçadas –


Histórias reais de empresas que transformaram
problemas em oportunidades. Ed. Sextante, 2009.

Bibliografia consultada

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo : dando


asas ao espírito empreendedor : empreendedorismo e
viabilidade de novas empresas : um guia eficiente para
iniciar e tocar seu próprio negócio. 2.ed. rev. São Paulo :
Saraiva, 2007.

HISRICH, Robert. D. e PETERS, Michael. P.


Empreendedorismo. 5ª ed. Editora: Bookman, 2004.

DOMINGOS, Carlos. Oportunidades Disfarçadas –


Histórias reais de empresas que transformaram
problemas em oportunidades. Ed. Sextante, 2009.

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo:


transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro:
Campus, 2001.
7
Planejando o 70
Empreendimento

Plano de Negócio Aula

Meta da Aula

Conhecer o passo a passo para o


planejamento da idéia de negócio.
Objetivos

Ao final desta aula, você deverá ser


capaz de:

1. Conhecer os caminhos para o


planejamento da idéia de negócio através
do plano de negócio;
2. Perceber se a idéia de negócio é viável
ou não através da análise do plano;
71

Planejando o Empreendimento

Plano de Negócio

Caso você queira viajar para tirar aquelas férias tão


desejadas... O que você precisa pensar antes mesmo de
fazer?
Espero que a resposta seja: planejar!
Ou melhor, falando: pensar para onde vou como vou,
com quem, quando, quanto irei gastar! Ou seja, o passo a
passo para que a sua idéia (viagem) se concretize.
O planejamento é fundamental para toda pessoa que
deseja atingir seus objetivos, sejam eles simples (com um
churrasco) ou complexos (como realizar um encontro
nordestino de profissionais de informática), com o intuito de
lograr êxito com mais eficiência e menos riscos.
Para um gerenciar um empreendimento sem
planejamento é como dirigir um automóvel com o pára-brisa
coberto com um pano preto... Você não consegue ver o que
vem pela frente: riscos, oportunidades boas, desafios,
possíveis desvios e contornos... Você só enxerga o ficou
para trás! Ou seja, o que já passou! Deixa de ser o motorista
do negócio e passa a ser um passageiro sentado no último
banco de um ônibus lotado.
O plano de negócio é uma ferramenta que
potencializa as chances de um negócio vir a dar certo.
Por muito tempo o Plano de Negócio foi visto como
uma exigência burocrática dos Bancos para tirar
financiamento. Hoje esta visão é bem menor pela difusão
nas escolas, treinamentos e universidades da real
importância desta ferramenta, que é um guia do
empreendedor. Fazendo uma analogia, para dirigirmos um
veículo precisamos estar habilitados para isso. Precisamos
ter um documento que comprove esta habilitação: carteira
72

de motorista! Agora me responda: como quer um


empreendedor dirigir o seu negócio sem estar habilitado
para isso? Qual a sua “carteira de habilitação no negócio”?
PLANO DE NEGÓCIO – que deve ser feito para lhe dá
condições de conhecer e gerenciar o seu negócio.
Identificando uma idéia ou oportunidade, com um
plano de negócios bem elaborado você pode detectar a
viabilidade de ir adiante. De acordo com Dornelas (2000) a
definição de um plano de negócio é geralmente usada para
descrever minuciosamente o negócio.
O plano de negócio ajuda o empreendedor a tomar
decisões com menor índice de riscos.
Dornelas (2000, p. 07) “O Plano de Negócios é
composto por várias seções que se relacionam e permitem
um entendimento global do negócio de forma escrita e em
poucas páginas”. Com o plano de negócios o empreendedor
vê a organização como um todo, e não como áreas
separadas e isoladamente, como marketing, recursos
humanos, financeiro, gestão.

Estrutura do Plano

Capa
É a primeira folha do plano e traz o título do
empreendimento, nome(s) do(s) empreendedor (es), cidade
e Estado.

Sumário
É o índice dos tópicos trabalhados no plano e suas
respectivas páginas.

Sumário Executivo
É um resumo do Plano de Negócio. É nesta parte que os
interessados no plano irão fazer a primeira leitura. Deve
conter de forma resumida os seguintes pontos:
73

 Resumo dos principais pontos do plano de


negócio.
Fale o que é o negócio, quais os seus principais
produtos/serviços, quem são seus clientes, fornecedores
e concorrentes, onde será localizada a empresa, qual o
capital investido, qual será o faturamento mensal, a
lucratividade e rentabilidade do negócio.

 Dados dos empreendedores, experiência


profissional e atribuições.
Aqui você irá descrever quem são os responsáveis pelo
negócio, suas responsabilidades, suas habilidades e
experiências.

 Dados do empreendimento.
Nome da empresa e caso já tenha CNPJ, o número.

 Missão da empresa.
É a razão de ser da empresa e o papel que ela
desempenha no seu ramo de atuação.
Ex: Locadora de veículos. Oferecer soluções em
transporte, por meio do aluguel de carros, buscando a
excelência.

 Setores de atividades.
Defina quais os setores sua empresa irá atuar: indústria,
comércio, serviço, agropecuária.

 Forma jurídica.
É a maneira pela qual a empresa será tratada pela lei:
sociedade, individual, outro.

 Enquadramento tributário.
São as formas para o cálculo e recolhimentos dos
impostos: regime normal ou simples. Além dos tributos
federais são devidos impostos para o Estado (ICMS) e o
Município (ISS).

 Capital social.
O capital social é representado por todos os recursos
(dinheiro, equipamentos, ferramentas, etc.) colocado(s)
pelo(s) proprietário(s) para a montagem do negócio.

 Fonte de recursos.
Aqui você irá determinar de que maneira serão obtidos
os recursos para a abertura da empresa. Para o início
das atividades, você pode contar com recursos próprios,
de terceiros ou com ambos.
74

Análise de Mercado
Nesta etapa você irá trabalhar os três mercados: clientes,
fornecedores e concorrentes.

 Clientes
No site do SEBRAE,
Quem serão meus clientes? Onde moram? Quanto
www. Sebrae.com.br,
você encontrará muitas ganham? São maioria homens ou mulheres? Qual sua
informações
escolaridade? Tem família grande ou pequena? Qual a
relacionadas ao plano
de negócio. idade? Onde costumam comprar? Quanto pagam pelo
produto ou serviço? O que é decisivo para que comprem
um produto ou serviço: preço, qualidade, atendimento,
marca, prazo? Seus clientes lhe encontraram com
facilidade?
Caso os seus clientes sejam empresas:
Em que ramo atuam ? Quantos funcionários tem? Tem
boa imagem no mercado? São bons pagadores? De
quem costumam comprar? Qual o preço que pagam? O
que é decisivo para efetuarem uma compra?

Concorrentes
Você pode aprender lições importantes observando a
atuação da concorrência. Procure identificar quem são
seus principais concorrentes. A partir daí, visite-os e
examine suas fraquezas e pontos fortes: localização,
atendimento, produtos e serviços, prazos de pagamento
e entrega, qualidade, preço.

Após colher estas informações e se pergunte:

Sua empresa poderá competir com as outras que já


estão há mais tempo no ramo?

O que fará com que as pessoas deixem de ir aos


concorrentes para comprar de sua empresa?

Há espaço para todos, incluindo você?

 Fornecedores
75

O mercado fornecedor compreende todas as pessoas e


empresas que irão fornecer as matérias-primas e
equipamentos utilizados para a fabricação ou venda de
bens e serviços.
Mesmo escolhendo um entre vários fornecedores, é
importante manter contato com todos, ou pelo menos
com os principais, pois não é possível prever quando um
fornecedor enfrentará dificuldades.
Verifique se é exigida quantidade mínima de compra e
Para Descontrair... lembre-se de evitar intermediários, sempre que possível.
Plano de Marketing
Compreende as seguintes etapas:

 Descrição de produtos e serviços


Descreva os principais itens que serão fabricados,
vendidos ou os serviços que serão prestados. Informe
quais as linhas de produtos, especificando detalhes como
tamanho, modelo, cor, sabores, embalagem,
apresentação, rótulo, marca, etc.

 Preço
Preço é o que consumidor está disposto a pagar pelo que
você irá oferecer. A determinação do preço deve
considerar os custos do produto ou serviço e ainda
proporcionar o retorno desejado.

 Estratégias Promocionais
Aqui você irá falar de todas as ações que serão utilizadas
com o objetivo de apresentar, informar, convencer ou
lembrar os clientes de comprar os seus produtos ou
serviços e não os dos concorrentes.
São elas: propaganda em rádio, revista, jornal, TV,
internet, carro de som, brindes, sorteios, participação em
feiras e eventos, etc.

 Estrutura de Comercialização
Como os seus produtos/serviços irão chegar até seus
clientes: vendedores externos, internos, representantes,
catálogos, telemarketing, etc.

Localização do Negócio

É hora de definir a localização do negócio. Lembre-se


que isso está muito relacionado ao ramo de atividade.
Verifique o valor do ponto, acessibilidade, higiene,
limpeza, área para estacionamento, segurança,
proximidade com os concorrentes, etc.
76

Plano Operacional

São os pontos chaves para o funcionamento do negócio.

 Layout
Você irá definir como será a distribuição dos diversos
setores da empresa, de alguns recursos (mercadorias,
matérias-primas, produtos acabados, estantes, gôndolas,
vitrines, prateleiras, equipamentos, móveis, matéria-
prima etc.) e das pessoas no espaço disponível.

 Capacidade de produção
Quanto pode ser produzido ou quantos clientes podem
ser atendidos com a estrutura existente.

 Processo de Funcionamento
É o momento de registrar como a empresa irá funcionar.
Você deve pensar em como serão feitas as várias
atividades, descrevendo, etapa por etapa, como será a
fabricação dos produtos, a venda de mercadorias, a
prestação dos serviços e, até mesmo, as rotinas
administrativas.
Identifique que trabalhos serão realizados, quem serão
os responsáveis, assim como os materiais e
equipamentos necessários.

 Necessidade de Pessoal
Faça uma projeção da necessidade de pessoal para o
funcionamento do negócio. Inclua o proprietário e o
sócio.

Plano Financeiro

Aqui você irá calcular o total de recursos necessários


para a empresa funcionar.

 Investimento Total
É formado pelo investimento fixo, capital de giro e
investimentos pré-operacionais.

Investimento Fixo
O investimento fixo corresponde a todos os bens que
você deve comprar para que seu negócio possa
funcionar de maneira apropriada. Relacione os
equipamentos, máquinas, móveis, utensílios,
ferramentas e veículos a serem adquiridos, a
quantidade necessária, o valor de cada um e o total a
ser desembolsado.
77

Capital de Giro
O capital de giro é o montante de recursos necessário
para o funcionamento normal da empresa,
compreendendo a compra de matérias-primas ou
mercadorias, financiamento das vendas e o
pagamento das despesas.

Investimentos Pré-Operacionais
Compreendem os gastos realizados antes do início
das atividades da empresa, isto é, antes que ela abra
as portas e comece a vender. São exemplos de
investimentos pré-operacionais: despesas com
reforma (pintura, instalação elétrica, troca de piso,
etc.) ou mesmo as taxas de registro da empresa.
e
 Estimativa do Faturamento Mensal da Empresa
Uma forma de estimar o quanto a empresa irá faturar por
mês é multiplicar a quantidade de produtos a serem
oferecidos pelo seu preço de venda, que deve ser
baseado em informações de mercado.

 Estimativa do custo unitário de matéria-prima,


materiais diretos
Aqui, será calculado o custo com materiais (matéria-
prima + embalagem) para cada unidade fabricada. Essa
informação é importante, caso você deseje abrir uma
indústria. Os gastos com matéria-prima e embalagem
são classificados como custos variáveis numa indústria,
assim como as mercadorias em um comércio. Como o
próprio nome diz, esses custos variam (aumentam ou
diminuem) de acordo com o volume produzido ou
vendido.

 Estimativa do custo de comercialização


Aqui serão registrados os gastos com impostos e
comissões de vendedores ou representantes. Esse tipo
de despesa incide diretamente sobre as vendas e, assim
como o custo com materiais diretos ou mercadorias
vendidas, é classificado como um custo variável. Para
calculá-los, basta aplicar, sobre o total das vendas
previstas, o percentual dos impostos e de comissões.

 Apuração dos custos de materiais diretos ou


mercadorias vendidas
Nesta etapa, você deverá apurar os Custos com
Materiais Diretos (para a indústria) ou o Custo das
Mercadorias Vendidas (para o comércio). O custo dos
materiais diretos ou das mercadorias vendidas
representa o valor que deverá ser baixado dos estoques
78

pela sua venda efetiva. Para calculá-lo, basta multiplicar


a quantidade estimada de vendas pelo seu custo de
fabricação ou aquisição.

 Estimativa dos custos com mão-de-obra


Hora de definir quantas pessoas serão contratadas (se
necessário) para realizar as diversas atividades do
negócio. Pesquise e determine quanto cada empregado
receberá. Não se esqueça de que, além dos salários,
devem ser considerados os custos com encargos sociais
(FGTS, férias, 13º salário, INSS, horas-extras, aviso
prévio, etc.). Sobre o total de salários, você deve aplicar
o percentual relativo aos encargos sociais, somando-os
aos salários, você saberá qual o custo total com mão-de-
obra.

 Estimativa do custo com depreciação


As máquinas, ferramentas e equipamentos se desgastam
ou se tornam ultrapassados com o passar do tempo.
Esse cálculo da perda deste valor, é chamado de
depreciação.
A Receita Federal considera, para efeito de vida útil, os
seguintes prazos:
 imóveis – 25 anos;
 máquina – 10 anos;
 equipamentos – 5 anos;
 móveis e utensílios – 10 anos;
 veículos – 5 anos;
 computadores – 3 anos.

 Estimativa dos custos fixos mensais


Os custos fixos são todos os gastos que não se alteram
em função do volume de produção ou da quantidade
vendida em um determinado período. Por exemplo:
aluguel, energia, honorários do contador, depreciação,
pró-labore, salários, etc. Esses valores são custos fixos
porque são pagos, normalmente, independente do nível
de faturamento do negócio.

 Demonstrativo dos resultados


É hora de verificar se a empresa irá ter lucro ou prejuízo.
Para isso, você deve reunir as informações sobre o
faturamento e subtrais das despesas com custos fixos e
variáveis.

 Indicadores de Viabilidade
Como o próprio nome diz, irão indicar se o negócio é
viável ou não. São eles:

Lucratividade
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Mede o lucro líquido em relação às vendas. É um dos


principais indicadores econômicos, pois está
relacionado à competitividade. Se sua empresa
possui uma boa lucratividade, ela apresentará maior
capacidade de competir, isso porque poderá investir
mais em divulgação, na diversificação dos produtos e
serviços, na aquisição de novos equipamentos, etc.

Lucratividade = Lucro Líquido x 100

Receita Total

Exemplo
Receita Total: R$ 100.000,00/ano
Lucro Líquido: R$ 8.000,00/ano
Lucratividade = R$ 8.000,00 x 100 = 8%

R$ 100.000,00

Isso quer dizer que sob os R$ 100.000,00 de receita


total “sobram” R$ 8.000,00 na forma de lucro, depois
de pagas todas as despesas e impostos, o que indica
uma lucratividade de 8%ao ano.

Rentabilidade
Mede se o negócio é atrativo ou não. É obtido sob a
forma de percentual por unidade de tempo (mês ou
ano). É calculada por meio da divisão do lucro líquido
pelo investimento total.

Rentabilidade = Lucro Líquido x 100

Investimento Total

Exemplo
Lucro Líquido: R$ 8.000,00/ano
Investimento Total: R$ 32.000,00
Rentabilidade = R$ 8.000,00 x 100 = 25% ao ano

R$ 32.000,00

Isso significa que, a cada ano, o empresário recupera


25% do valor investido através dos lucros obtidos no
negócio.
80

Prazo de retorno do investimento


Indica o tempo necessário para o empreendedor
recuperar o que investiu no negócio.

Prazo de Retorno do Investimento = Investimento total

Lucro Líquido

Exemplo
Lucro Líquido: R$ 8.000,00/ano
Investimento Total: R$ 32.000,00
Prazo de Retorno do Investimento = R$ 32.000,00 = 4 anos

R$ 8.000,00

Isso significa que, 4 anos após o início das atividades da


empresa, o empreendedor terá recuperado, sob a forma de
lucro, tudo o que gastou com a montagem.

Ponto de Equilíbrio
Indica o quanto a empresa precisa faturar para pagar
todos os seus custos em um determinado período.

Ponto de Equilíbrio = Custo Fixo Total

Receita Total – Custo Variável Total

Receita Total

Exemplo
Valores anuais:
Receita Total: R$ 100.000,00
Custo Variável Total: R$ 70.000,00
Custo Fixo Total: R$ 19.500,00
Ponto de Equilíbrio= R$19.500,00 = R$65.000

R$100.000,00 – 70.000,00

R$100.000,00

Isso quer dizer que é necessário que a empresa tenha uma


receita total de R$ 65.000,00 ao ano para cobrir todos os
seus custos e só assim, começar a gerar lucro.
81

ATIVIDADE

1. Um grande amigo seu acaba de receber uma


herança e quer empregar todo o dinheiro na
abertura de um negócio. Ele está muito
entusiasmado e com pressa. Quais conselhos
você daria para ele antes de abrir o negócio?

2. Faça uma pesquisa junto a especialistas no


assunto ou livros e revistas, sobre: a tributação
brasileira federal, estadual e municipal (quais
são elas, as suas alíquotas e as diferenças de
acordo com o enquadramento).

3. Entreviste três empreendedores e veja se eles


fizeram ou fazem um plano de negócio.
Procure identificar se isto ajudou ou prejudicou
este empreendedor.

4. Você recebeu um incentivo R$ 50.000,00 para


montar um negócio. A única exigência é que
você apresente um Plano de Negócio da sua
idéia empresarial e apresente ao seu
investidor. Bom trabalho!

Leitura recomendada
ROSA, Cláudio Afrânio. Como Elaborar um Plano de
Negócio. Brasília: SEBRAE, 2007.

Bibliografia consultada

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo : dando


asas ao espírito empreendedor : empreendedorismo e
viabilidade de novas empresas : um guia eficiente para
iniciar e tocar seu próprio negócio. 2.ed. rev. São Paulo :
Saraiva, 2007.

MORI, Flavio De; TONELLI, Alessandra; LEZANA, Álvaro G.


R. Empreender: identificando, avaliando e planejando
um novo negócio. Florianópolis: ENE/ UFSC, 1998.

ROSA, Cláudio Afrânio. Como Elaborar um Plano de


Negócio. Brasília: SEBRAE, 2007.
82

BIBLIOGRAFIA

AGOSTINI, Júlio César, ANGONESE Rosângela


M.,BOGONI, Roseli T. Bogoni. Cadernos da Sociedade
Brasileira de Dinâmica de Grupo – 23.

BERNARDI, L. A., Manual de Empreendedorismo e


Gestão – Fundamentos, Estratégias e Dinâmicas. São
Paulo: Atlas 2003.

BRITO, F. e WEVER, L. Empreendedores Brasileiros –


Vivendo e Aprendendo com Grandes Nomes. Rio de
Janeiro: Negócio-Editora, 2003.

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo : dando


asas ao espírito empreendedor : empreendedorismo e
viabilidade de novas empresas : um guia eficiente para
iniciar e tocar seu próprio negócio. 2.ed. rev. São Paulo :
Saraiva, 2007.

DOLABELA, Fernando. Empreendedorismo uma forma de


ser. Ed. AED. Brasília.

DOMINGOS, Carlos. Oportunidades Disfarçadas –


Histórias reais de empresas que transformaram
problemas em oportunidades. Ed. Sextante, 2009.

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo:


transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro:
Campus, 2001.

HISRICH, Robert D. e PETERS, Michael P.


Empreendedorismo. 5.ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.

MORI, Flavio De; TONELLI, Alessandra; LEZANA, Álvaro G.


R. Empreender: identificando, avaliando e planejando
um novo negócio. Florianópolis: ENE/ UFSC, 1998.

PACHECO, Françoise. Uma análise do programa de


formação empreendedora EMPRETEC do SEBRAE –
2002 A 2004 no Piauí. Dissertação de Mestrado. 2008.
83

PINCHOT, Gifford e PELMAN, Ron.


Intraempreendedorismo na prática: um guia de inovação
nos negócios. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

RANGEL, Alexandre. Belas Parábolas sobre


Empreendedorismo. Editora Leitura, 2004.

ROSA, Cláudio Afrânio. Como Elaborar um Plano de


Negócio. Brasília: SEBRAE, 2007.

SEBRAE. Saber Empreender – Manual do Participante.

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