A linguagem escrita na educação a distância: possibilidades de comunicação
e constituição do sujeito/aluno
Em linhas gerais, o artigo apresentado visa questionar como as transformações
digitais dos tempos de hoje trouxeram à tona questionamentos acerca da relação professor – aluno na esfera das aulas virtuais do ensino a distância. Para entender as transformações, Vanessa Nogueira realizou uma pesquisa focando nas mensagens trocadas nos fóruns virtuais de alunos do primeiro semestre de pedagogia à distância da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
A partir das reflexões estabelecidas por pesquisadores franceses da análise do
discurso, como Pechêux e Orlandi, o artigo busca descrever como o sujeito/ aluno utiliza as ferramentas de informação e comunicação e como ele se apresenta na língua escrita. Baseando-se no conceito de formações imaginárias, cunhado por Lacan, a autora questiona se essa interação à distância poderia estar propondo também uma nova forma de subjetivação do aluno que viria ressignificar os modelos já conhecidos de educação.
A autora propõe os fóruns dos cursos de ensino à distância como um espaço de
início de uma reestruturação necessária na educação por conta do boom do desenvolvimento tecnológico vivido nos últimos anos. É inegável a necessidade de inserir as interações sociais e educacionais nas salas de aula presenciais também. Assim como os cursos à distância se preocupam com a criação de espaços informais de discussão e interação. Como no ensino à distância, não é possível controlar a frequência dos alunos, a autora defende que a participação nos fóruns possibilita a avaliação do envolvimento dos alunos no curso, assim como possibilita que os alunos se transformem em sujeitos e subjetifiquem os outros alunos do curso. E é por meio da linguagem escrita que a relação entre seres afastados geograficamente vai se tornar possível.
A autora percebeu, ao final de sua pesquisa, que os alunos resgatavam muitas de
suas histórias passadas e memórias afetivas para interagirem nos fóruns, o que condiz com o que Silva (2008, p. 79) afirmava que para que a comunicação fosse efetiva, seria preciso haver uma “liberdade de troca, associações s significações.” Por tanto, talvez o espaço virtual esteja permitindo que, num certo anonimato, os alunos sintam uma liberdade maior para apresentar sua própria história e possibilitarem assim um ambiente de troca coletiva de conhecimento.
A maior circulação de informação no meio virtual possibilitou uma democratização
do conhecimento e vem criando uma nova cultura digital com comportamentos muito próprios. A própria interação frequente que temos cada vez mais nas redes sociais também possibilitaram que a língua escrita nos âmbitos informais fosse se aproximando um pouco da oralidade. Ainda que não seja o foco de pesquisa da pesquisadora, é inegável que a própria interação em redes como o facebook ou o whatsapp criaram um outro espaço de subjetivação e até mesmo de socialização entre pessoas que moram nos mais diversos lugares. Criando assim a possibilidade de criar vínculos, afetos ou, até mesmo, oportunidades de trabalho, que estejam todas baseadas nas informações digitais.
Referências: SILVA, Marco. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2000.