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REDAÇÃO

Desafios Para Reabilitação De Usuários De Drogas No


Brasil
INSTRUÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema “Desafios Para Reabilitação De Usuários De Drogas No Brasil”, apresentando proposta de
intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I

É fácil tornar-se um dependente químico, mas é difícil fazer o caminho inverso, especialmente quando se
depende do Sistema Único de Saúde

Por Natalia Cuminale


Publicado em 12 nov 2010
Especialistas que conhecem a fundo os efeitos do crack no organismo dizem que não basta uma tragada para
que o usuário fique viciado, mas tornar-se um dependente químico é um processo rápido. Fazer o caminho
contrário, contudo, é difícil. Estima-se que a taxa de sucesso dos tratamentos de desintoxicação gira em torno
de 25% a 30%.

Ana Cecília Marques, coordenadora do departamento de dependência química da Associação Brasileira de


Psiquiatria, explica que o tratamento anticrack é dividido em três fases: desintoxicação, diagnóstico dos fatores
que levaram o indivíduo à dependência e controle dessa mesma dependência, que pode incluir uso de
medicação. “Na última fase, o usuário precisa fazer essa manutenção, porque a dependência é uma doença
crônica”, diz. “Ele não vai ter alta: precisa fazer retornos periódicos. Além disso, é necessário avaliar seu
processo de reinserção na sociedade.”

O caminho para livrar-se da droga pode ser mais tortuoso se depender do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Infelizmente, no Brasil, não temos um tratamento público para a maior parte dos dependentes químicos”, diz
Ana Cecilia. Atualmente, para atender esses doentes, o governo federal mantém 8.800 vagas em hospitais
psiquiátricos, 243 centros de atenção psicossocial álcool e drogas (Caps-AD), Núcleo de Saúde da Família e 35
Consultórios de Rua. É pouco se considerada a estimativa do Ministério da Saúde de 600.000 usuários somente
de crack no país. A rede de saúde mental faz parte do SUS, que tem ações do âmbito federal, estados e
municípios – é sempre este que responde pelo atendimento.

TEXTO II

Abordagem multidisciplinar para reabilitação de dependentes químicos


Desintoxicar o dependente químico é apenas parte do tratamento. Além de depender da vontade do
paciente, o uso de medicamentos, isolado, pouco consegue ajudar uma pessoa completamente
desorganizada, desde seus cuidados básicos de higiene até suas relações sociais e laços afetivos.
Daí o consenso de que é necessária uma abordagem multidisciplinar para que o tratamento seja eficaz.
Desintoxicação, psicoterapia, terapia ocupacional e assistência social são apenas partes do tratamento. E há
ainda quem defenda um componente religioso nessa recuperação do indivíduo. Porém, em regra, essa
abordagem multidisciplinar ainda está completamente desarticulada no Brasil.
Além da articulação, há necessidade de grande dedicação por parte de quem aplica o tratamento. O
atendimento ao usuário exige habilidade e disponibilidade emocional dos profissionais envolvidos, o que
demanda grandes investimentos, inclusive em treinamento.
Essa necessidade é agravada ainda pelas recaídas, muito comuns, por outras doenças associadas, por problemas
afetivos e com a lei. E o tratamento dessas questões é tão importante quanto livrar o dependente do abuso das
drogas.
Segundo o psiquiatra e consultor da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, José Manoel Bertolote, “o
sucesso de qualquer tratamento para dependência química passa pela vontade do usuário de se manter
afastado da droga”. Ele se aproxima do conceito de abordagem multidisciplinar, ao lembrar que “a
desintoxicação tem seu papel, no sentido de reduzir os danos a que está sujeito o usuário, mas é uma
contribuição modesta. Um sólido sistema de apoio médico, psiquiátrico, social, familiar e psicológico é
essencial”.
Os médicos confirmam que não existe medicação para reduzir o desejo por crack ou cocaína. Por isso, dizem
que não se pode passar às famílias e dependentes a ideia de que, sozinhos, medicamentos vão resolver o
problema. Isso sem contar que, a cada passo da medicina, o mercado de drogas ilícitas diversifica seus produtos,
deixando os cientistas para trás.

TEXTO III

Política para atender dependentes químicos é insuficiente no Brasil


Sob críticas de especialistas, governo aposta em ampliar atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial
para tratar viciados em álcool e drogas. Estratégia não privilegia a internação forçada e sim o tratamento
voluntário

Fabiana e Daniel* são protagonistas de um drama vivido por suas famílias e outros 28 milhões de brasileiros: a
dependência química. Viciados em crack, os dois já fizeram inúmeras tentativas de largar o vício. As internações
forçadas, feitas pelas famílias em clínicas privadas, foram inócuas. Agora, juntos, eles buscam tratamento na
rede pública do Distrito Federal.

O casal tenta – pela segunda vez – se livrar do vício com a ajuda do programa desenvolvido dentro de um Centro
de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD). O órgão centraliza a maior parte do tratamento – médico,
social e psicológico – oferecida aos dependentes. A estratégia não inclui internação forçada, apenas tratamento
voluntário.

A política defendida pelo governo federal não agrada a todos. Muitas famílias alegam que obrigar o dependente
a se tratar é a única forma de protegê-lo. Para muitos especialistas, isso não funciona. Outros defendem
múltiplas alternativas. No fim, todos concordam que a rede existente é insuficiente para atender à demanda
que, infelizmente, é crescente.

De acordo com o 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), divulgado pelo Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas em dezembro, cerca de 2,6 milhões de
brasileiros usaram cocaína, crack ou oxi no último ano. E cerca de 28 milhões de brasileiros convivem com algum
parente dependente químico.

A rede de atendimento, em todo o País, é formada por 345 Caps AD, sendo que apenas 43 deles funcionam 24
horas. Nessas 43 unidades, há leitos para pacientes (430). Nos outros, é possível ter consultas, participar de
atividades laborais, oficinas e receber medicações. A rede é capaz de atender 8,8 milhões de pacientes por ano,
segundo o ministério.

“O problema é tão grave e tem tanto volume, que exige uma rede diversa de diferentes equipamentos, que seja
aberta, acolhedora, qualificada e em número suficiente. Não tem nenhum serviço isolado que dará conta de
tudo e é um enorme desafio fazer essa rede crescer”, afirma o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da
Saúde, Helvécio Magalhães.

Para Fabiana e Daniel, as experiências em comunidades terapêuticas (que têm mais de 4 mil leitos) foram
terríveis. “Eu me sentia preso, distante de tudo”, conta Daniel. Os dois dizem que lá não encontravam apoio
para “voltar ao mundo real”. Não conseguiam nem lidar com o filho de um ano, que nasceu no auge de consumo
de drogas pelos pais.

TEXTO IV

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