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AIDS,

TRANSEXUALIDADE
E SAÚDE:
A INFLUÊNCIA DA DIMENSÃO
SIMBÓLICA DA AIDS NA SAÚDE
DAS MULHERES TRANSEXUAIS
NO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO.
Orientadora: Profª. Drª Claudia
Mercedes Mora Cárdenas
Aluno: Alexandre Costa

Panorama da aids
Desde o ano de 1980 a junho de
2016, foram notificados
oficialmente no país 842.710 casos
de aids.
No Sinan foram notificados de 2007
até junho de 2016, 136.945 casos
de infecção pelo HIV e os últimos 5
anos a média anual de notificação
de novos casos de aids ficou em
aproximadamente 41,1 mil casos
(BRASIL, 2016a).
Dimensões da aids
Nas últimas décadas, as percepções
acerca da epidemia da aids
passaram por diversas
transformações até chegarem à
ideia atual sobre a doença e a sua
relação com determinados grupos.
O conjunto de fatores que
caracterizaram a aids desde o seu
descobrimento, possibilitaram que
ela assumisse dimensões que iam
para além das esferas técnica e
biomédica, formando também fortes
contornos sociais e simbólicos em
torno desse fenômeno.

Dimensão simbólica da aids


A aids diferencia-se de uma questão
médica comum e de uma simples
patologia, devido a diversidade dos
investimentos simbólicos
decorrentes dos meios de
informação, assim como as notórias
polêmicas coletivas que se
cristalizaram sobre esse fenômeno
(Herzlich & Pierret, 2005).
Dimensão simbólica da aids
A rede de percepções e
sentidos que se constroem em
torno da ideia da aids é a que
me refiro neste projeto como
“dimensão simbólica da aids”.
Ela é “construída por” e
“construtora de” imaginários,
discursos e metáforas sobre a
doença e daqueles que com
ela são vinculados.
Estas percepções e sentidos
exercem influência direta nas
formas como grupos e
indivíduos se identificam, se
relacionam e respondem
diante do fenômeno da aids.

“populações da aids”
Na década de 80 discurso médico
passou a anunciar a doença como
sendo uma marca pertencente a
“grupos de risco”.
Embora os usuários de drogas
injetáveis, garotos de programa e
prostitutas também tenham sido
identificados como parte desses
grupos, acreditava-se que o vírus
atingia especialmente os
homossexuais masculinos (BASTOS,
2006; GALVÃO, 2000), e nesse
ultimo, localizavam-se as mulheres
transexuais.
Aids e mulheres transexuais
Quando se pensa na possibilidade
de políticas públicas, novos modelos
preventivos da aids e nos cuidados
com a saúde de uma forma geral,
deve se trazer à tona as
especificidades de determinadas
populações, principalmente aquelas
que foram historicamente
vinculadas a patologias, como é o
caso das mulheres transexuais.
Esses processos de vinculação
geraram concepções que tendem a
considerá-las prioritariamente como
portadoras de uma “disforia de
gênero” ou/e identificá-las a priori
como potenciais portadoras de ISTs
e aids.
JUSTIFICATIVA
Sendo assim, é possível intender
que para se abordar as demandas
relacionadas a realidade presente
da epidemia, se faz necessário
compreender essa rede de
discursos, percepções e sentidos
que envolvem esse fenômeno,
seguindo o princípio de que, a
epidemia assumiu diferentes
dimensões, que não podem ser
abordadas de formas isoladas para
o enfrentamento da aids (Galvão,
2000).
Desta forma, produzir pesquisas a
partir das histórias de vida de
mulheres transexuais e
considerando as dimensões
simbólicas da aids, se mostra algo
relevante para se pensar novas
formas de prevenção, tratamentos,
promoção de saúde e qualidade de
vida dessa população.

questão
Mediante isso, para a pesquisa
proposta é levantada a seguinte
questão:
Como a dimensão simbólica da aids
afetou os processos de saúde-
doença e qualidade de vida de
mulheres transexuais no decorrer
de suas vidas?

Objetivo
 a) Analisar a influência da
dimensão simbólica da aids
na saúde de mulheres
transexuais no decorrer das
suas histórias de vida.
Objetivos
secundários
 b) interpretar histórias de
vida dessas mulheres,
focando nas relações entre a
experiência da aids e
determinantes sociais da
saúde como gênero,
orientação sexual, classe,
raça, geração e religião;
 c) observar se/como
percepções e sentidos foram
construídos a partir da ideia
da aids no decorrer da
história de vida dessas
mulheres;
 d) analisar se/como essas
percepções e sentidos,
modularam a experiência
desses sujeitos, em especial
em processos de saúde-
doença e qualidade de vida.
LOCAL
O local escolhido para a pesquisa é
a Região dos Lagos no Estado do
Rio de Janeiro.
Tal escolha se deve pelo fato de que
a experiência que tive na interação
com grupos voltados para a questão
da aids e com mulheres
transexuais, tenham advindo dessa
região.
Outra característica da região é a
ausência de programas de saúde e
prevenção de ISTs/aids voltados
para as mulheres transexuais,
indicando uma necessidade de se
problematizar esta questão.
Populacional Pesquisa
A população pesquisada será
composta por 5 a 8 mulheres
transexuais, com faixa etária entre
25 e 39 anos, residentes na Região
dos Lagos.
Critério de escolha pelas mulheres
transexuais, considerou os dados do
Relatório de Monitoramento Clínico
do HIV (BRASIL, 2016), em que
apontam para uma taxa de infecção
pelo HIV de 31,2% nessa população
no Brasil, sendo esse índice
extremamente alarmante, indicando
haver uma exposição dessas
mulheres a contextos de extrema
vulnerabilidade.

Recorte etário
Considerando o período do
descobrimento do vírus, emergência
da aids e seu desenvolvimento até
o presente. Pensar em pessoas que
tenha nascido após o
descobrimento e emergência da
aids, sendo essas já adultas hoje e
com idade suficiente para terem
vivenciado diversos períodos
diferentes de epidemia.
Tambem ao fato de que entre o ano
de 1980 a junho de 2016, a maior
concentração dos casos de aids
registrado no Brasil está nos
indivíduos com idade entre 25 e 39
anos para ambos os sexos (BRASIL,
2016), o que faz com essa faixa
etária possa ser interpretada como
relevante para a presente pesquisa.
Método de pesquisa
Com o objetivo de examinar os
efeitos e transformações em
histórias marcadas especificamente
pela questão do fenômeno da aids,
a proposta se concentra na
realização de uma pesquisa de
caráter qualitativo tendo como
principal metodologia a análise
sobre histórias de vida, por permitir
uma maior aproximação entre o
pesquisador e os indivíduos, assim
como, priorizar a perspectiva da
pessoa que está narrando suas
próprias experiências e
sentimentos, ou seja, a história
contada por quem a vivenciou.
Entrevistas
Serão divididas em três
encontros, tendo um eixo
de seguimento em cada
encontro, sendo o:

1º) Introdução: origem da


pessoa, pais, avós,
infância;

2º) Desenvolvimento:
fases e acontecimentos
no decorrer da vida;

3º) Finalização: visão do


presente e perspectivas
de futuro.
Exemplos de roteiro de
entrevista
Relação com a família nuclear:
• Como era a relação com os seus familiares
durante a sua infância?
• Com que idade e como foi a sua saída de
casa?
• Como é a relação com os seus familiares
hoje?

Religião:
• Quando você era criança você frequentava
alguma religião? Como era?
• Depois de adulta, como foi a sua relação
com a religiosidade?
• Atualmente, qual é o nível de importância
que a religião tem na sua vida?

Exemplos de roteiro de
entrevista
Relação com a família nuclear:
• Como era a relação com os seus familiares
durante a sua infância?
• Com que idade e como foi a sua saída de
casa?
• Como é a relação com os seus familiares
hoje?
Religião:
• Quando você era criança você frequentava
alguma religião? Como era?
• Depois de adulta, como foi a sua relação
com a religiosidade?
• Atualmente, qual é o nível de importância
que a religião tem na sua vida?

Cronograma

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