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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

CURSO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS


INTRODUÇÃO AO DIREITO

RELAÇÕES JURÍDICAS, PERSONALIDADE, FATO, ATO E NEGÓCIO JURÍDICO

PROFESSOR:​ LAILSON BRAGA BAETA NEVES;


GRUPO:​ CAROLINE CARLOS CARVALHO;
ISADORA FOLCO;
JÚLIA FURBINO;
MARIANA CORREIA PEDROSA;
NATÁLIA GOMES;
RODRIGO LEMOS GONÇALVES;

Belo Horizonte
2019
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1. INTRODUÇÃO

Ao dissertar-se sobre fatos e atos jurídicos, faz-se necessário o estabelecimento


das diferenças básicas entre esses, por meio de uma definição que exponha os pontos
principais abordados em cada conceito. A ideia de fato jurídico abrange o
acontecimento natural ou humano que cria, modifica e/ou extingue direitos e obrigações
às pessoas. Dessa maneira, o fato jurídico é aquele que ocorre de maneira natural,
quando ocorre sem a intervenção humana, como o nascimento ou uma tempestade e
quando o fato jurídico possui participação humana, tem a denominação de ato jurídico.
Por sua vez, o ato jurídico divide-se em três: o ato jurídico no sentido estrito, negócio
jurídico e ato ilícito. O ato ilícito é o ato praticado com a infração de um dever legal ou
contratual, resultando em dano para outrem, o que gera o dever de indenizar. Por outro
lado, o ato ilícito produz efeitos jurídicos não desejados pelo agente, mas impostos pela
lei. Por fim, os atos jurídicos em sentido estrito são aqueles que derivam de um
comportamento humano, nos quais os efeitos jurídicos são fundamentalmente previstos
na lei neste tipo de ato, a manifestação de vontade não se subordina ao campo da
autoria privada, ou seja, o agente não possui a faculdade de moldar os efeitos que sua
manifestação da vontade produzirá.
Outro conceito a ser abordado são os negócios jurídicos, que, ao contrário dos
atos jurídicos, em sentido estrito, condicionam seus efeitos jurídicos, principalmente à
livre manifestação de vontade dos agentes. A lei determina os elementos de validade
do ato jurídico levando em consideração a capacidade do agente, a licitude do objeto, a
forma da lei e a possibilidade, que também será abordada mais a fundo neste trabalho.
Os atos jurídicos também podem ser gratuitos ou onerosos, unilaterais, bilaterais
ou plurilaterais, principais ou acessórios, formais ou informais, impessoal ou de intuito
personal, intervivos ou causa morfis, de modo a configurar diferentes consequências
destes atos.
Por fim, as relações jurídicas, que envolvem o vínculo entre duas ou mais
pessoas, ao qual as normas jurídicas atribuem efeitos obrigatórios,também serão
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abordadas de modo a evidenciar seus elementos: sujeito passivo, ativo, o vínculo, e o


objeto da relação. Também é importante apontar o contraste entre as relações jurídicas
e as situações jurídicas, evidenciando seus diferentes focos.
Todos os fatores citados contribuem de maneira geral para a constituição de uma
relação jurídica e suas ramificações, de modo a representarem seu papel nos
constituintes do direito.

2. RELAÇÕES JURÍDICAS

Pode-se definir como relação jurídica como uma relação dinâmicas entre
sujeitos, que surge em virtude de contratos, atos ilícitos, promessas e recompensas,
casamentos, etc. A partir desse vínculo, nasce os direitos e deveres.
Ao contrário do conceito de situação jurídica, no qual o sujeito está disponível em
relação a um objeto, as relações jurídicas existem em razão das pessoas, e não dos
objetos, sendo estes fins para sua obtenção.

2.1 Elementos das relações Jurídicas

Os elementos da relações jurídicas estão conceituados a seguir:

a) Sujeito: pessoas entre as quais a relação jurídica se estabelece. Dentro de


sujeito pode-se classificar como sujeito ativo (titular do direito) e o sujeito
passivo (responsável pelo cumprimento das obrigações).
b) Objeto: Pode ser um bem material, como um imóvel, carro, dentre outros;
pessoas, como filhos; ou um certo bem imaterial, como honestidade, honra,
etc., podendo ainda constitui-se por uma prestação. O objeto pode ser direto
ou imediato (ato jurídico por si mesmo) ou indireto ou mediato (um bem).
c) Fato jurídico: o fato que a lei atribui um especial efeito. Um dos elementos
essenciais para da relação jurídica é a garantia, sendo definida como o
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aparato no qual se apoia o titular do direito para exercer sobre o titular do


dever jurídico. Ela funciona como uma pressão, afim de de tomar efetivo de
direito.
d) Vínculo: surge em decorrência do fato gerador, que irá funcionar como uma
ligação entre o sujeito e o objeto e respaldando o direito subjetivo com uma
garantia para a efetivação daquele dever jurídico descrito na lei.

2.3 Espécies de relação jurídica

Existem diferentes espécies de relações jurídicas, dependendo do seu objeto e


dos sujeitos ligados pelo vínculo jurídico.

2.3.1 Relações jurídicas patrimoniais e existenciais


As patrimoniais possui caráter econômico, se estabelecendo entre o credor e o
devedor. Já as relações existenciais possui caráter não econômico, como as relações
familiares, como afeto, amparo moral recíproco, etc.

2.3.2 Relações jurídicas familiares


Se estabelecem entre pais e filhos, ou entre casados. Podem possuir relações
patrimoniais e existenciais.

2.3.4 Relações jurídicas sucessórias


Apresenta como objeto os direitos hereditários, de caráter patrimonial.

2.3.5 Relações jurídicas na esfera do Direito Público


Podem se estabelecer, como exemplo, entre um Estado arrecadador e o
contribuinte. São de caráter de credenciador, entretanto, com o Direito Público.

2.3.6 Relações jurídicas empresariais


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Atuação de uma pessoa natural ou jurídica como empresário em um vínculo de


direito, constituindo atos e negócios jurídicos. Ocorre uma relação empresarial quando
uma pessoa participa do vínculo profissionalmente, com a atividade voltada para a
circulação de bens e serviços.

Existem diferentes relações jurídicas permeando todo o orçamento jurídico. As


citadas acima servem como demonstração sobre a sua estrutura básica,
compreendendo o elo entre pessoas (sujeito) e o objeto.
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3. PERSONALIDADE

A personalidade, como regra, é uma característica fundamental dos sujeitos dos


direitos. No entanto, alguns sujeitos de direitos são destituídos de personalidade, ou
seja, pela força de lei (dotados de direitos e deveres pelo ordenamento), existem entes
que, embora não sejam pessoas, são sujeitos de direitos e deveres.
A ideia de sujeito de direito e pessoa é diferente. Sujeito de direito é todo ente ao
qual se conferem direitos e deveres, pode ser uma pessoa, física ou jurídica, ou não.
Pessoa. Portanto, toda pessoa é sujeito de direito, mas nem todo sujeito de direito será
pessoa. Por exemplo: o nascituro (feto em desenvolvimento), que não é pessoa, mas
possui direitos desde a concepção.
Há duas compreensões para o termo responsabilidade:

1º - Atributo jurídico conferido ao ser humano e a outros entes (pessoas


jurídicas), em virtude do qual se tornam capazes, podendo ser titulares de
direitos e deveres nas relações jurídicas. Por ser dotada de personalidade, a
pessoa é elemento subjetivo da estrutura das relações jurídicas;

2º - A personalidade é um valor, que de acordo com Perlingieri “o valor


fundamental do ordenamento jurídico e está na base de uma série aberta de
situações existenciais, nas quais se traduz sua incessantemente mutável
exigência de tutela”

A personalidade não é natural, algo concebido pelo direito. Visto que entes não
humanos, pessoas jurídicas, como patrimônios, são concedidos como personalidade.
No entanto, em relação ao ser humano, a personalidade humana se adquire pela
condição humana, ou seja, todo ser humano é pessoa. Além de ser um atributo natural,
inato.
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A personalidade das pessoas naturais e físicas começa no nascimento e


permanece por toda existência da pessoa e se perde com a morte. Além disso, uma
pessoa nunca perderá sua personalidade.
Em contrapartida, as pessoas jurídicas possuem sua personalidade vinculada ou
bem a uma lei ou bem ao registro. As pessoas jurídicas de Direito Privado se atrelam ao
registro, e as de Direito Pública, à Lei, como regra geral.
Os principais atributos ou os elementos que caracterizam a personalidade são a
vida, honra, nome, capacidade, estado, corpo físico, psique, dignidade, etc. Exemplo, a
pessoa humana é composta por todos esse atributos. Abaixo são explicados alguns
destes atributos:

a) Capacidade: aptidão inerente a cada pessoa para que possa ser sujeito ativo ou
passivo de direitos e obrigações;
b) Estado: conjunto de designações dadas pelo Direito para delimitar as relações
familiares, sociais, políticas de uma pessoa;
c) Nome: é uma característica da pessoa (física ou jurídica), como está é
denominada;
d) Honra: indica a própria dignidade de uma pessoa, que vive com honestidade e
probidade, pautando seu modo de vida nos princípios da moral;

O direito da personalidade se iniciou no século XIX, decorrente da doutrina


francesa e visava proteger o ser humano, sua dignidade. Os direitos da personalidade
são gerais, pois são conferidos a todos. Além disso, não possuem natureza econômica,
não possuem prazos, são absolutos, intransferíveis a terceiros, irrenunciáveis,
intransmissíveis, impenhoráveis, necessários, essenciais e preeminentes (prevalecem a
todos os demais direitos subjetivos).
No Brasil, a Constituição Brasileira é a principal sede dos direitos da
personalidade. Esta presume, subentendida a cláusula geral de tutela da
personalidade, ao nomear como valor fundamental da República a dignidade da pessoa
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humana, que deverá ser protegida e promovida individual e socialmente. Além disso, o
Código Civil de 2002 aborda de forma sutil aos direitos da personalidade.
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4. FATO JURÍDICO

Primeiramente, é importante conceituar o que é um “fato”. “Fato” remete a algo


que foi feito, que aconteceu. Fato é, portanto, todo acontecimento no mundo,
designando eventos que aconteceram.
Mas, nem todo fato está relacionado ao Direito e ao mundo jurídico. Tudo aquilo
que acontece no mundo jurídico é um fato jurídico e tende a ser previsto nas normas
jurídicas. De acordo com o advogado e jurista Renan Lotufo, os fatos jurídicos são todo
e qualquer fato de ordem física ou social, inserido em uma estrutura normativa,
correspondendo a um modelo de organização e comportamento, configurado por uma
ou mais normas jurídicas.
Em um sentido amplo, o fato jurídico é todo acontecimento natural ou humano
que modifica, cria, conserva ou extingue relações jurídicas, abrangendo não apenas os
acontecimentos naturais (fatos jurídicos em sentido estrito), mas também ações
humanas lícitas ou ilícitas, e também fatos que, mesmo com atuação humana, não
possui manifestação de vontade, mas mesmo assim produz efeitos jurídicos.
a) Aquisição de direitos: a aquisição de direitos pode se dar de forma
originária ou derivada, gratuita ou onerosa, a título universal ou singular e
simples ou complexa.
b) Modificação de direitos: essa modificação pode ocorrer no conteúdo ou
objeto das relações jurídicas (modificação objetiva) ou no que se refere a
seus titulares (modificação subjetiva).
c) Conservação de direitos: os atos jurídicos podem ser destinados ao
resguardo de direitos, podendo ser atos de conservação, atos de defesa
do direito lesado ou atos de defesa preventiva.
d) Extinção de direitos: os fatos e atos jurídicos podem levar à extinção de
direitos, como é visto em caso de alienação, renúncia, abandono,
falecimento do titular, perecimento do objeto, entre outros.
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4.1. Classificação dos Fatos Jurídicos


Os fatos jurídicos podem ser divididos em: fatos jurídicos em sentido
estrito; atos-fatos jurídicos e atos jurídicos em sentido amplo.

4.1.1. Fatos jurídicos em sentido estrito


São também conhecidos como fatos naturais, ou seja, acontecem
independentemente da vontade ou atuação humana, sendo classificados em ordinários
e extraordinários.
● Ordinários: por exemplo, nascimento, morte e decurso do tempo;
● Extraordinários: por exemplo, terremoto ou tempestade.

4.1.2. Atos-fatos jurídicos


Os atos-fatos jurídicos, diferentemente dos fatos jurídicos em sentido estrito, dão
importância à consequência do ato, apesar de não levar em consideração a vontade de
praticar.

4.1.3. Atos jurídicos em sentido amplo


São as ações humanas responsáveis por criar, modificar, transferir ou extinguir
direitos. Nesse caso, é levado em consideração a vontade para se chegar ao resultado
juridicamente previsto.
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5. ATO JURÍDICO

De acordo com Fiúza (2008), ato jurídico é todo fato jurídico humano, ou seja,
toda ação ou omissão do homem, voluntária ou involuntária, que cria, modifica ou
extingue relações ou situações jurídicas. No sentido amplo o ato jurídico pode ser
dividido em atos jurídicos em sentido estrito, negócios jurídicos e atos ilícitos.

5.1 Ato jurídico em sentido estrito

Toda ação lícita, sem finalidade específica, cujos efeitos jurídicos são produto
mais da Lei do que da vontade do agente é definida como um ato jurídico em sentido
estrito. Ação humana, combinada com o ordenamento jurídico são os elementos do ato
jurídico em sentido estrito. A diferença entre o ato jurídico e o os negócios jurídicos está
no fato de o negócio jurídico não ser ato de autonomia privada, gerador de efeitos que
derivam da vontade do agente. Um exemplo de ato jurídico em sentido estrito é o
registro de nascimento de um filho pelo pai.

5.2 Ato ilícito

Ato jurídico ilícito é toda atuação humana, omissiva ou comissiva, desejada


(dolosa) ou indesejada (culposa) que produz efeito contrário ao Direito. Para o Direito
Civil, tais efeitos são os danos, os prejuízos, cuja consequência para o agente será a
reparação, a indenização.
Pode se dizer que ato ilícito é conduta humana violadora da ordem jurídica. Este
tipo de ato implica sempre lesão a direito pela quebra de dever jurídico. Como espécie
do gênero ato jurídico, cria, modifica ou extingue relações ou situações jurídicas. De
qualquer forma, gera sempre nova relação ou situação jurídica, assim o agente do ilícito
toma o dever de reparar o dano causado.
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5.3 Atos Jurídicos

5.3.1 Condições de validade dos atos jurídicos

Para ser válido e produzir efeitos, um ato jurídico deve estar, totalmente,
conforme à Lei, portanto, há quatro condições a que se deve submeter:
1ª) sujeito capaz;
2ª) objeto possível;
3ª) motivo lícito;
4ª) forma prescrita ou não defesa em lei.
Sujeito capaz são pessoas possuidoras da capacidade de fato. Em princípio,
aquelas pessoas maiores de 18 anos ou emancipadas, desde que não sejam
interditadas, nem silvícolas. Sendo absolutamente incapazes, deverão ser
representadas por seus pais, tutor ou curador, conforme o caso. Se relativamente
incapazes, deverão ser assistidas pelos pais, tutor ou curador.
Objeto possível é aquele realizável, tanto material quanto juridicamente. O
Código Civil de 2002 diz que, além de possível, o objeto deve ser lícito e determinado
ou determinável.
O motivo que leva as partes à prática do ato, desde que comum a ambas, deve
ser lícito. Motivo é o conjunto de razões subjetivas, internas, que levam as pessoas a
praticar um ato.
Além do sujeito, do objeto e do motivo, cuida a Lei da forma pela qual se realiza
dado ato jurídico. Às vezes, a Lei não se importa com a forma pela qual se realiza um
ato e, então, terá ele forma livre, ou seja, será realizado por escrito ou verbalmente ou,
ainda, de forma tácita. Em alguns casos, porém, a Lei exige que determinado ato se
realize por certa forma, chamamos a estes atos de formais, ou solenes. Assim, pode-se
dizer que os atos jurídicos devem obedecer a forma que a Lei determine (prescreva),
ou, quando nada determinar (prescrever), não se devem realizar pela forma que a Lei
proibir (defender).
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Quanto à forma, esta será expressa ou tácita. A expressa será verbal, escrita ou
mímica. Tácita é a realização de ato sem qualquer exteriorização de vontade.

5.3.2 Classificação dos atos jurídicos

a) Gratuitos e onerosos - Atos jurídicos gratuitos são aqueles praticados


independentemente de qualquer contraprestação. Os atos onerosos, ao revés, não se
praticam por mera liberalidade. O agente que o pratica espera algo em retorno na
promessa de recompensa.
b) Unilaterais, bilaterais e plurilaterais - Unilateral é o ato jurídico que se perfaz com
uma só declaração de vontade. O ato jurídico plurilateral exige, assim como o bilateral,
mais de uma declaração de vontade. A vontade dos declarantes não é, contudo,
conflitante. Uma não vem em sentido contrário à outra.
c) Inter vivos e causa mortis - Chama-se ato jurídico inter vivos aquele que é destinado
a produzir efeitos durante a vida das partes. Já o ato jurídico causa mortis pressupõe a
morte de uma das partes para produzir seus efeitos.
d) Principais e acessórios - Ato jurídico principal é o que existe por si mesmo,
independentemente de qualquer outro. Acessório é o ato jurídico cuja existência
depende da do principal. Não tem existência jurídica autônoma. Se o principal não
existir, o acessório tampouco existirá.
e) Formais e informais - Informal é o ato para cuja realização basta a emissão livre de
vontade, ou seja, a Lei nada mais exige, além do consentimento, para que o negócio se
considere perfeito e acabado. Formal é o ato para cuja realização a Lei exige, de regra,
a observância da forma escrita, seja por instrumento público ou particular. Em outras
palavras, além do acordo de vontades, a Lei exige uma formalidade.
f) Impessoais e intuitu personae - Serão impessoais os atos jurídicos, quando
realizados independentemente de quem sejam as partes. Já nos atos intuitu personae,
a pessoa do agente assume relevância especial, porque o ato se realiza em função de
suas qualidades pessoais.
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g) Causais e abstratos - Causais são aqueles atos que estão sempre vinculados a sua
causa. Sendo ela lícita, será lícito o ato. Sendo ilícita, será ilícito o ato; sendo defeituosa
a causa, defeituoso será o ato. O mesmo não ocorre quanto aos atos jurídicos
abstratos, que se desvinculam da causa que lhes deu origem.
h) De disposição e de administração - Ato de disposição é aquele que transcende a
mera administração patrimonial. Já o ato de administração restringe-se à mera
administração patrimonial.
i) Constitutivos e declaratórios - Ato constitutivo é aquele que constitui relação ou
situação jurídica, no sentido de criá-la, modificá-la ou extingui-la. Neste último caso,
fala-se em ato constitutivo negativo. Os atos declaratórios, por sua vez, nada criam,
modificam ou extinguem; tão-somente confirmam a existência ou inexistência de
relação ou situação jurídica.

5.3.3 Elementos dos atos jurídicos

Por elementos dos atos jurídicos devemos compreender certas características


que todo ato possui ou pode possuir. Reúnem-se em três categorias distintas, já
apontadas desde o período romano. São, a saber, elementos essenciais, naturais e
acidentais.
Elementos essenciais são aqueles que integram a própria essência do ato, como
o preço e o produto integram a compra e venda, a forma escrita integra o testamento, a
diversidade de sexos integra o casamento etc.
Naturais são elementos que, embora não façam parte da essência do ato,
decorrem naturalmente dele. Assim é a entrega do produto na compra e venda.
Perceba-se que, mesmo sem a entrega ou tradição da coisa, existirá compra e venda.
Acontece que, uma vez celebrada, é decorrência natural que o vendedor entregue o
produto ao comprador.
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Por elementos acidentais, entendem-se aquelas características que o ato pode


ou não conter. Nesta categoria temos a condição, o encargo e o termo. São eles a
condição, o termo e o encargo, que passaremos a estudar em seguida.

5.3.4 Modalidades dos atos jurídicos

Os atos jurídicos se dividem em quatro modalidades, segundo contenham


apenas elementos essenciais e naturais ou se, além deles, contenham elementos
acidentais.
a) Atos jurídicos puros e simples - O ato jurídico será puro e simples quando contiver
apenas elementos essenciais e naturais, sem qualquer elemento acidental, ou seja,
condição, termo ou encargo.
b) Atos jurídicos condicionais - São condicionais os atos jurídicos cujos efeitos, ou seja,
a criação, modificação ou extinção de direitos e deveres, estiverem subordinados ao
implemento de condição. Em outras palavras, o ato só produzirá efeitos dependendo de
evento futuro e incerto, que poderá ou não ocorrer.
c) Atos jurídicos a termo - Ato jurídico a termo é o ato cujo início ou fim vêm
determinados, precisados no tempo.
d) Atos jurídicos modais ou com encargo - Haverá ato jurídico modal quando o benefício
conferido a uma pessoa vier acompanhado de um ônus, ou seja, de um encargo.

5.3.5 Forma dos atos jurídicos

Forma é a maneira pela qual se realiza o ato. Posto isso, observamos que os
atos jurídicos podem realizar-se por expresso ou tacitamente.
Expressa será a forma quando o ato se realizar verbalmente, por escrito ou por
mímicas.
A forma será tácita quando a realização do ato decorrer do silêncio de uma das
partes. Aqui, aplica-se a regra geral de que quem cala consente. Mas para que esta
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regra seja aplicada, é preciso que esteja bem claro que o silêncio quer dizer "sim". E o
silêncio só significa consentimento quando as circunstâncias e os costumes do lugar o
autorizarem e se não for necessária a declaração de vontade expressa.
A forma pode ser ainda presumida, quando resultar de certas circunstâncias, das
quais se pode presumir ter-se realizado o ato.

5.3.6 Causa e motivo dos atos jurídicos

É importante entender a distinção entre causa e motivo, pois tratam-se de


conceitos essenciais para compreensão profunda e interpretação de certos atos
jurídicos.
Há várias espécies de causa, dentre elas podemos destacar a causa eficiente e
a causa final. Causa eficiente é aquilo que enseja o ato e causa final é a atribuição
jurídica do ato, relacionada ao fim prático que se obtém como decorrência dele.
Motivo, por outro lado, é a razão intencional determinante do ato. O motivo é
irrelevante, salvo disposição expressa em sentido contrário.
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6. NEGÓCIO JURÍDICO

Negócio jurídico é um acordo entre partes, em que manifestam a sua vontade em


relação a um determinado aspecto negocial. A sua finalidade é a aquisição,
modificação, ou extinção do direito. O negócio jurídico forma uma regra de conduta das
partes envolvidas, com a finalidade de atender aos seus interesses. É a manifestação
de vontade dos sujeitos de uma relação jurídica.
A declaração de vontade não é totalmente livre, devido a limitações impostas
pela ordem jurídica. Além disso, tem-se alguns requisitos para que não seja anulada.

6.1 Classificação do negócio jurídico

O negócio jurídico pode ser compreendido em categorias:

a). Quanto à manifestação de vontade:


● Unilateral: há declaração de vontade apenas de uma das partes, exemplo:
testamento. Pode ser receptício (quando quem recebe o efeito sabe da vontade
da outra parte) ou não receptício (quando não se sabe da vontade da outra
parte).
● Bilateral: quando as vontades de ambas as partes são recíprocas. Pode ser
simples (só uma das partes tem obrigação) ou sinalagmaticos (há reciprocidade
de direitos e obrigações).
● Plurilateral: contratos que envolvem mais de duas partes.

b). Quanto às vantagens:


● Gratuitos: apenas uma das partes tem vantagem patrimonial.
● Onerosos: há comprometimento patrimonial de todas as partes.
● Bifrontes: pode ser tanto gratuito ou oneroso, dependendo da vontade das
partes.
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● Neutros: sem alguma vantagem ou desvantagem para as partes.

c). Quanto à formalidade:


● Solenes: negócio jurídico formal.
● Não-solenes: as partes têm liberdade de fazer, são não formais.

d). Quanto ao conteúdo:


● Patrimoniais: são negócios que se submetem a aferição econômica.
● Extrapatrimoniais: são dos direitos personalíssimos e a família.

e). Quanto ao tempo em que produzem seus efeitos:


● Inter vivos: efeito é sobre a condição de estar vivo.
● Causa mortis: efeito para depois da morte da parte.

f). Quanto aos efeitos:


● Constitutivos: tem eficácia a partir da conclusão.
● Declarativos: tem eficácia depois do fato da declaração de vontade.

g). Quanto à existência:


● Principal: não depende de outro negócio para existir.
● Acessório: ó existe se o contrato principal existir.
● Derivado: precisa de outro negócio para existir, não necessariamente o principal.

h) Quanto ao exercício de direito


● De disposição: são amplos direitos sobre o objeto.
● Simples administração: não há alteração na substância do objeto.

6.2 Elementos do negócio jurídico


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Os elementos são tudo que compõe a sua existência no campo jurídico:

a). Elementos essenciais: imprescindíveis para que exista o negócio jurídico.


● Agente capaz: aquele que tem ciência do que faz e das consequências, se for
absoluta ou relativamente incapaz, deve ser representado ou assistido.
● Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: deve respeitar os limites
legais, possível no mundo jurídico e pode ser quantificado.
● Forma prescrita ou defesa em lei: deve ser de acordo com o previsto em lei e
caso a lei não regule o tema, as partes devem decidir.

b). Elementos naturais: consequências que vem da própria natureza do negócio, não
precisa mencionar.

c). Elementos acidentais: pode ser adicionado para modificar alguma consequência
natural.

6.3 Planos do negócio jurídico

a). Plano de existência: requisitos para um negócio jurídico, não havendo algum desses
elementos, o negócio não existe.
● Partes (ou agentes)
● Manifestação da vontade das partes
● Objeto
● Forma definida

b). Plano de validade: os substantivos citados anteriormente recebem adjetivos.

c). Plano de eficácia: examina a eficácia jurídica.


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7. CONCLUSÃO

Conclui-se que os temas abordados são de grande importância dentro do Direito


Civil, logo indispensáveis para regular a vida dos cidadãos comuns nas suas relações
jurídicas recíprocas . Através dos conceitos abordados é possível se ter uma noção de
alguns elementos presentes em um contrato.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAVALCANTI, B. N. B. ​A relação jurídica processual (conceito, características,


estrutura).

FIUZA, C. ​Direito civil​: curso completo. Revista, atualizada e ampliada. 11 ed. Belo
Horizonte: Del Rey, 2008.

MARQUES, A. N. G. ​Direito à honra​. Disponível em:


<https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/artigos-discursos-e-entrevistas/artigos/20
10/direito-a-honra-andrea-neves-gonzaga-marques>. Acessado em: 06 mai 2019.

https://iggalvao05.jusbrasil.com.br/artigos/381888308/classificacao-dos-negocios-juridic
os-segundo-diferentes-doutrinadores

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