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A escala de locus de controle

interno-externo de Rotter:
um estudo exploratório *

JOSÉ AUGUSTO DELA COLETA**

1. Introdução; 2. Metodologia; 3. Resul-


tados; 4. Conclusões.

Tendo em vista os recentes progressos na área de atribuição de causalidade, per-


cepção de controle e relações interpessoais no âmbito da Psicologia Social, e a
necessidade de instrumentos adaptados para examinar estes fenômenos, o presente
artigo trata de estudo exploratório com a escala de locus de controle interno-
externo de Rotter, em urna amostra de 155 universitários, envolvendo a tradução,
estabelecimento de normas e análise de itens corno forma de estudo da representa-
tividade dos mesmos no escore global dos sujeitos na escala. Os resultados indicaram
que a média dos escores não é diferente daquelas encontradas em estudos com
amostras semelhantes nos EUA. Todos os itens guardam relação significativa a .05
com o escore total do sujeito, o que é urna expressão da boa qualidade de cada item
e da escala corno um todo. Entretanto, corno resultado mais interessante,
verifica-se, ao se considerar o número de respostas internas ou exterruzs às diferentes
questões que envolvem itens pessoais e impessoais, a existência de relação altamente
significativa entre as duas variáveis - referência pessoal ou não da questão é res-
posta interna ou externa. Estes resultados são interpretados corno fortemente
influenciados pela social desirability, e sugestões de novas pesquisas são formuladas
para o estudo desta variável nas escalas de locus de controle.

1. Introdução

Os estudos de percepção social desde longa data vêem-se implicados com o tema
percepção de controle, deveras importante para o estudo da percepção pessoal,
atribuição de causalidade, aprendizagem social, ensino e psicoterapia, entre outros.
A percepção de controle (Lefcourt, 1976) é defrnida como uma expectativa
generalizada de controles internos ou externos dos eventos reforçadores, ofere·
cendo dados para a análise casual dos fatores de sucesso ou fracasso.
Com o elevado número de pesquisas nesta área e o conseqüente aumento na
quantidade de conhecimentos sobre o assunto, nos anos 6Q foi introduzido na

• Trabalho apresentado no XVII Congresso Interamericano de Psicologia. Lima, Peru, 01 a 06


de julho de 1979.
•• Psicólogo do ISOP e professor da Universidade Federal Fluminense.

Arq. bras. Psic., Rio de Janeiro, 31 (4): 161-181, out./dez.1979


literatura pSicológica o constructo de Iocus de controle, que pretende explicar a
percepção das pessoas a respeito da fonte de controle, se própria do sujeito
(interna) ou pertencente a algum elemento fora de si próprio (externa).
Depreende-se destes dados que esta é uma variável importante na predição, con-
trole e modificação do comportamento humano.
De acordo com este constructo, as pessoas tenderiam a perceber o controle
sobre as ocorrências de maneira geral como, num extremo, dependentes de suas
próprias capacidades ou esforços, e, no outro extremo, como dependentes de
outras pessoas, de entidades, do acaso, todas fora de seu próprio controle.
Deixa-se claro aqui que os indivíduos posicionar-se-iam a respeito de locus de
controle em um contínuo que variaria desde a internalidade absoluta até a exter-
nalidade total.
Para a mensuração do posicionamento dos sujeitos do continuum Iocus de
controle muitas escalas foram desenvolvidas, sendo mais empregada aquela cons-
truída por Rotter (1966). A escala de Rotter de locus de controle interno-externo
é um questionário de 23 iteIl$ de escolha forçada com duas opções em cada item,
compreendendo ainda seis filler items. Este instrumento foi adaptado da escala
original de James de 60 itens, e é corrigido na direção da externalidade, isto é,
quanto maior for o escore do sujeito, mais externo será o indivíduo.
Existem muitos estudos e padrões para diferentes países e populações, con-
forme a tabela 1 (Lefcourt, 1976), mas não consta da literatura afIm nenhuma
forma de tradução, adaptação e padronização para a população brasileira. Os
estudos de atribuição de causalidade, percepção de controle, relações interpessoais
e outros, em Psicologia Social, necessitam de um instrumento de medida do con~
tructo locus de controle; assim, convencidos de sua utilidade em outros ramos de
ciência psicológica, desenvolvemos este estudo exploratório da escala de Rotter de
locus de controle, que compreende a tradução, estabelecimento de normas e
padrões para uma amostra de alunos universitários, e análise dos itens, como for-
ma de estudo da confIabilidade e representatividade dos diferentes itens do resul-
tado global dos sujeitos na escala.

2. Metodologia

A escala desenvolvida por Rotter (1966) para a medida da internalidade ou exter-


nalidade de locus de controle foi inicialmente traduzida e certas expressões
adaptadas à linguagem corrente empregada em nosso meio (anexo 1).
Uma amostra de 155 sujeitos universitários de terceiro e quarto semestres de
curso de engenharia, todos com idade entre 19 e 22 anos, do sexo masculino,
responderam às escalas em aplicações coletivas, em salas com 30 a 35 sujeitos.
Os dados das respostas foram codifIcados e perfurados em cartões IBM para
processamento eletrônico dos dados visando obter:

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Tabela 1
The Rotter internai - externai Iocus of controI
Norms for the Rotter internaI-externaI
Iocus of controI scaIe (retirado de Lefcourt, 1976)
Scores are in the externaI direction, the higher the score the more externaI
Subjects N Mean SD
Students at a southem negro college 62 M
involved in protest movements 54 F
(Gore in Rotter, 1963).
1. Attend rally for civil rights. 10,3 3,1
2. Sign petition. 9,2 3,4
3. Join a silent marcho 7,4 2,9
4. Join Freedom Riders. 8,1 3,8
5. None ofthe above. 10,0 3,9
lnmates of correctional institution
(Lefcourt & Ladwig, 1965a).
1. Negro. 60 8,97 2,97
2. White. 60 7,87 3,03
Negro college students-male and female
(Strickland, 1965).
1. Active-engaged in civil rights groups. 53 7,49 3,49
2. lnactive. 105 9,64 3,70
1. 1964 Service Corps. 72F 7,92 3,84
27 M 8,00 3,97
2. 1965 Service Corps. 68 F 8,26 3,49
34M 8,00 3,08
3. 1965 Control Group. 46 F 9,37 3,76
49M 8,67 3,89
4. 1966 Service Corps. 79 F 9,54 4,20
21 M 7,38 4,73
5. 1966 Control Group 47 F 8,79 3,76
(Hersch & Scheibe, 1967). 38 M 8,84 3,70
(Service Corps were college students attending chronIc wards of mental institutions).
(Control Groups were college students attending summer school).
Undergrads (Levy, 1"967): 24 M
& 24 F 9,77 4,11
Male & female smokers-mean age 213 7,0 3,50
or 40.1: average of 13.4 years 95 M 6,59 3,65
of education (Lichtenstein & Keutzer, 1967). 118 F 7,42 3,44
College males (Zytowski, 1967). 62 6,82 2,49
Undergrads introductory psychology 46M 9,8 1,42
(Feather, 1968). 88 F 11,44 1,69
Undergrads (Hansher, Geller, & 60M 10,1 3,95
Rotter, 1968). 113 F 11,0 3,96
Undergrads - male and female; 1338 8,4 4,12
males made up 70% of sample with no
significant sex differences (Julian &
Katz, 1968).

Escala de locus 169


High school students (Hsieh, Shybut & Lotsof, 1969).
1. Anglo-american. 131M 8,58 3,89
108 F
2. American-born Chinese. 38 M 9,79 3,07
42 F
3. Hong-Kong students. 241 M 12,07 3,96
102 F
Male addict patients-negro and white
(Bersins & Ross, 1973). 97 6,79 3,90
Female undergrads (Crego, 1970). 99 7,97 3,8
First year female undergrads unable to relate
in interpersonal situations (Dua, 1970).
1. Pretest. 30 14,03 4,27
2. Posttest. 30 9,66 3,59
Female student nurses (Lefcourt & Steffy, 1970). 37 7,14 3,28
Female undergrads (Strickland, 1970). 180 8,34 3,85
Undergrads enrolled in introductory psychology, 198 9,56
male and female (Biondo & MacDonald, 1971).
Male soldiers (Cone, 1971).
1. Mental clinic outpatients - ali male soldiers. 102 12,64 8,33
2. Stockade prisoners-soldiers. 110 12,20 7,84
3. Same as 2 but tested 2 months later. 98 12,87 7,76
Administrators (Harvy, 1971).
1 - 5 years 14 7,57 2,88
6 - 10 years 7 6,43 2,52
11 years 27 5,41 3,15
1 - 10 years 21 7,19 2,75
Mal~ V A psychiatric patients 169 8,1 4,2
(Kish, Solberg & Uecker, 1971).
Male undergrads (Lefcourt & Telegdi, 1971). 90 8,16 4,38
Hospitalized male veterans (Palmer, 1971).
1. Psychiatric. 89 5,0 2,77
2. Nonpsychiatric. 88 4,0 2,70
Males in introductory psychology classes 646 9,2 3,48
(Phares, 1971).
Undergrads in psychology or social science classes
(Schneider & Parsons, 1970).
Males:
United States 95 9,76
West Germany 44 9,75
Denmark 124 9,83
Japan 67 13,45
Females:
United States 74 10,38
West Germany 24 10,96
Denmark 147 9,94
Japan 41 14,40

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a) distribuição do n6mero de sujeitos que alcançaram O, 1,2, ... 22,23 pontos
na escala. É conveniente lembrar que a escala de Rotter de locus de controle
interno-externo é corrigida no sentido da externalidade, isto é, cada vez que o
sujeito responde a um item de maneira externa recebe um ponto. Deste modo,
quanto maiores forem os graus obtidos, mais externos serão os sujeitos;
b) número de sujeitos que responderam interna ou externamente cada um dos
itens, de acordo com gabarito da própria escala;
c) cálculo do coeficiente de correlação bisserial de pontos (rpb) para cada item,
visando conhecer o ajustamento de cada uma das questões à escala e sua contri-
buição à nota fmal alcançada pelo sujeito. Se um item guarda alta inter-correlação
com a nota global do sujeito, pode-se dizer que este item mede a característica
estudada, e que contribui para o grau obtido pelo sujeito.

Para o cálculo do rpb foi empregada a fórmula seguinte (Magnusson, 1969):

rpb
XE-XI
SX (E + l) ..;pq
onde:
XE = média dos escores totais das pessoas que responderam ao item de
forma externa.
XI = média dos escores totais das pessoas que responderam ao item de
forma interna.
SX (E+l) = desvio padrão dos escores totais de todos os sujeitos.
P = proporção de sujeitos que responderam de forma externa ao item.
Q = proporção de sujeitos que responderam de forma interna ao item
(q=l-p).

Para testar a significância estatística dos coeficientes de correlação obtidos


utilizou-se a fórmula (Young & Veldman, 1968):

~
-2
t = rpb 2
1-rpb

com g.l. = n.interno + n.externo - 2

3. Resultados

As respostas dos 155 sujeitos deste estudo indicam resultados bastante similares
àqueles encontrados com amostras semelhantes nos EUA, com a média igual a
10,54 e o desvio padrão de 3,67 (veja-se tabela 2 e gráfico 1). ~ interessante

Escala de locu$ 171


Tabela 2
Distribuição do número de sujeitos que obtiveram O, 1,2 .... 22,23 pontos

Pontos N Pontos N Pontos N

O O 8 11 16 3
1 2 9 19 17 5
2 2 10 10 18 3
3 11 11 19 O
4 1 12 15 20 O
5 6 13 16 21 O
6 11 14 19 22 O
7 12 15 8 23 O

Média: 10.5419
Desvio padrão: 3.672461

Gráfico 1
Distribuição do número de sujeitos que alcançaram O, 1, 2 .... pontos
na escala de Rotter

19

IS

10

2 1 4 S 6 7 8 9 10 11 12 IJ 14 IS 16 17 18 19 20 21 22 23 E5core

172 A.B.P.4/79
lembrar que há uma tendência a escores mais baixos (a média e mediana inferiores
a 11,5, a metade dos pontos na escala), cabendo perguntar se existe maior número
de sujeitos que efetivamente se comportam como mais Internos, ou se a interna-
lidade é uma característica mais valorizada na sociedade, levando os sujeitos a
responder de forma como gostariam de parecer e não como são na realidade,
apesar da insistência neste fato nas instruções à escala.
Ao analisarem-se as freqüências de respostas aos diferentes itens (tabela 3),
pode-se notar que, em reforço ao anteriormente exposto, na maior parte das vezes
a maioria dos sujeitos escolhe a resposta contrária à orientação da correção, ou
séja, escolhem as opções que não lhes garantem pontos, respondendo de forma
interna.

Tabela 3
Número de sujeitos que responderam de forma interna ou externa a
cada item

Resposta Resposta
Itens Gabarito
A B
1 59 96
2 A 28 127
3 B 40 115
4 B 35 120
5 B 44 111
6 A 102 53
7 A 74 81
8 12 143
9 A 43 112
10 B 130 25
11 B 72 83
12 B 42 113
13 B 112 43
14 27 128
15 B 114 41
16 A 23 132
17 A 76 79
18 A 107 48
19 141 14
20 A 79 76
21 A 61 94
22 B 51 104
23 A 53 102
24 39 116
25 A 67 88
26 B 88 67
27 8 147
28 B 118 37
29 A 63 92

Escala de locus 173


É curioso notar como em alguns itens a maioria dos sujeitos responde de
forma interna e, em outros, a maioria responde de forma externa. Este fato
poderia indicar certo comprometimento da escala como elemento de mensuração
do constructo de locus de controle.. mas também indicaria problemas com o tema
dos itens, o que sugere uma análise mais profunda, onde a relação de respostas
internas/respostas externas, foge significativamente da relação de sujeitos mais
internos/sujeitos mais externos.
Uma análise de conteúdo da~ questões mostra que, entre aquelas envolvendo
pessoalmente o sujeito (quando faço planos ... ; o que me acontece ... ), há maior
freqüência de pessoas que escolhem o item interno ao externo, fato que não
ocorre nos itens impessoais, onde o sujeito não está diretamente envolvido (o
cidãdão médio ..., as pessoas são ...) (tabela 4).

Tabela 4
Itens pessoais e impessoais e maioria de respostas internas ou externas

Internas Externas

Pessoais 7
Impessoais 8 8

Assim, verifica-se que nos 16 itens redigidos de forma impessoal, em oito


deles a maioria dos sujeitos escolhe a opção interna e, nos demais, a opção
externa, enquanto que nos sete itens onde pelo menos uma opção é redigida de
forma pessoal, a maioria escolhe as respostas internas em todos eles.
Estes dados sugerem que os sujeitos parecem ter uma tendência a responder
interna ou externamente, de acordo com suas características pessoais, mas nas
situações onde se vê questionado pessoalmente, responde comportando-se como
interno, o que parece ser mais compensador do ponto de vista social.
Ao se considerar o número de respostas internas ou externas às diferentes
questões que envolvem itens pessoais e impessoais (tabela 5), verifica-se a exis-
tência de relação altamente significativa (~ = 121,04, p < .001) entre as duas
variáveis - referência pessoal ou não da questão e resposta interna x resposta
externa. Esta é uma prova cabal de que a forma de redação dos itens é um dos
fortes determinantes da escolha da resposta pelo sujeito e, conseqüentemente, da
possível determinação de internalidade-externalidade do locus de controle para os
sujeitos.
Assim, o sujeito responderia às questões com redação impessoal, seguindo
mais diretamente o seu nível particular de internalidade/externalidade de locus de

174 A.B.P.4/79
Tabela 5
Número de respostas internas ou externas aos itens
pessoais ou impessoais

Respostas internas Respostas externas Total

Pessoais 738 347 1085

Impessoais 1192 1288 2480

Total 1930 1635 3565

x' gl=1 = 121,04


p <.001

controle, mas nos casos de questões pessoais tenderia fortemente a indicar a opção
interna, que socialmente lhe garantiria maior recompensa, atestando sua força, sua
capacidade e seu domínio da situação.
Seria interessante estudai:" uma variante desta escala de Rotter, com todas as
questões pessoais, e outra com todas as impessoais, comparando os resultados com
os obtidos com a escala original, projeto que no momento estamos executando.
Observações críticas no sentido de itens impessoais x itens pessoais da escala
já foram muito bem expressas por Ickes & Layden (I 978) e merecem pesquisas
mais aprofundadas do que simples observações formais destes autores, que
levantam ainda as seguintes dúvidas referentes às escalas de locus de controle:

a) locus de controle confundido com locus de causalidade;


b) nos itens de produto negativo com locus de controle interno, não se pode
precisar se significa que o sujeito causou o evento negativo ou se este pode ser
evitado e portanto controlado;
c) na escala de Rotter (I966), com a inclusão de itens pessoais e impessoais, as
diferenças de atribuição por autores ou observadores pode perfeitamente mascarar
ou distorcer os resultados.

A preocupação central deste trabalho, entretanto, é o cálculo do coeficiente


de correlação ponto bisserial, para o estudo da confiabilidade dos itens e da
consistência da escala.
Os resultados mostraram que, apesar dos problemas e dúvidas anteriormente
apontadas, todos os itens guardam uma relação significativa a pelo menos .05 com
o escore total do sujeito, o que é uma expressão da boa qualidade de cada item e

Escala de locus 175


da escala como um todo (tabela 6). Deve-se lembrar também que os itens, na sua
quase totalidade, apresentam valores absolutos de rpb maiores que +0,20, limite
freqüentemente utilizado para a decisão de adequabilidade ou não do item.

Tabela 6
Coeficientes de correlação rpb entre cada item e o
resultado global do sujeito

Itens
1-----------------------
2 0.277747
3 0.301161
4 0.331793
5 0.186420
6 0.161924
7 0.453343
8-----------------------
9 0.261700
10 0.298294
11 0.443889
li 0.350835
13 0.363717
14 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
15 0.461142
16 0.343636
17 0.431585
18 0.569979
19 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
20 0.316933
21 0.287467
22 0.387492
23 0.338040
24 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
25 0.438632
26 0.371254
27 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
28 0.333587
29 0.303509

4. Conclusões

Os resultados dos tratamentos estatísticos impostos às respostas dos sujeitos


indicam que a escala de locus de controle interno e externo de Rotter apresenta
índices significativos de confiabilidade em seus itens, o que recomenda a sua
utilização como instrumento de mensuração deste constructo.

176 A.B.P.4/79
Ao mesmo tempo, os resultados (tabelas 3, 4 e 5) e as críticas de Ickes &
Layden (1976) anteriormente mencionadas, sugerem a necessidade de novos
estudos com a referida escala, buscando solução para' os problemas de controle x
causalidade, e da referência pessoal x impessoal dos itens, indispensáveis à garantia
de objetividade e adequação desta escala aos propósitos a que se destina.
Por outro lado, há necessidade de que estudos de normalização em outras
subpopulações e principalmente a diferenciação de subgrupos característicos sejam
conduzidos em nosso meio para que se possa melhor conhecer a adequação deste
constructo a nossa cultura e aos nossos problemas.

Résumé

Suivant les progrés recents de la psychologie sociale, dans l'étude de l'attribution


de causalité, de la perception du contrôle, et des relations interpersonnelles, le
besoin se fait sentir d'instrumments appropriés à l'analyse des ces phénomenes
l'auteur a traduit l'échelle de locus de contrôle interne-externe de Rotter et
l'adaptée pour l'application sur un échantillon de 155 étudients d'université. Les
résultats obtenus, incluant l'analyse des items, montrent que la moyenne des
scores n'est pas differente de celle d'échantillons semblables, aux :etats Unis. Tous
les items maintiennent une relation significative a 95%, avec le score total du sujet,
ce qui montre le qualité de chacun des items et d'ensemble de l'échelle.
Cependant, le plus interessant cest qu'on peut verifier l'existence d'une relation
tres significative entre les deux variables (réference personnelle de la question ou
non et réponse interne ou externe) revelée par le nombre de réponses internes ou
externes aux différentes questions qui se rapportent à des aspects personnels ou
impersonnels. L'auteur interprete ces resultats comme l'effet de la social'
desirability et suggere la réalisation d'experiénces complementaires pour l'étude de
cette variable dans les Echelles de Loais de Contrôle.

Bibliografia

Ickes, W. & Layden, M. A. Attributional Styles. In: Harvey J. H., Ickes, W. & Kidd, R. F. New
directions in attribution research. New Jersey, Lawrence Erlbawn, 1978. v. 2.
Lefcourt, H. M. LoCus o[ control; current trends in theory and research. New Jersey,
lawrence Erlbaum, 1976. 211p.
Magnusson, D. Teoria de los tests. MéXiCO, Editorial Trillas, 1969. 318p.
Rotter, J. B. Generalized expectancies for internai versus externai control of reinforcement.
Psychological Monographs. 80 (609), 1966.
YouÍlg, R. K. & Veldman, D. J. Introducci6n a la estadistica aplicada a las ciências de la
conducta. México, Editorial Trillas, 1968.

Escala de locus 177


Anexo 1
Inventário de Relações Sociais

Este é wn questionário para descobrir a forma pela qual certos fatos importantes
em nossas sociedades afetam as diferentes pessoas. Cada item consiste em wn
par de alternativas marcadas a ou b. Por favor, selecione uma (e somente uma)
afirmação de cada par, na qual você mais firmemente acredita.
Esteja certo de selecionar aquela que você realmente acredita ser verdade, e
não aquela que você gostaria ou poderia escolher ·como verdade. Isto é uma
medida de opinião pessoal: obviamente, não há resposta certa ou errada.
Procure responder aos itens cuidadosamente, mas não gaste tempo demais
num só item. Certifique-se de encontrar uma resposta para cada opção. Ponha wn
círculo em volta da letra a ou b, dependendo de qual você escolheu como sendo a
afirmação mais verdadeira, em cada item numerado.
Em alguns casos você pode descol-lir que acredita em ambas as afirmações ou
então em nenhuma Nesses casos, ~rtifique-se de optar por aquela que mais se
aproxima de sua opinião. Procure, também, optar com independência, isto é, não
se deixe influenciar pelas escolhas anteriores.

Lembre-se:
Escolha a alternativa que você acredita ser a mais verdadeira.

Eu acredito mais frrmemente que:

F 1. a) As crianças envolvem-se em problemas porque seus pais as castigam


demais.
b) O problema com a maioria das crianças, atualmente, é que seus pais
são muito permissivos com elas.

I 2. *a) Muitos dos infortúnios na vida da pessoa são parcialmente devidos à


má sorte.
b) O infortúnio das pessoas resulta dos erros que elas cometem.

I 3. a) Uma das razões principais pela qual temos guerras é porque as


pessoas não se interessam bastante por política.
*b) Sempre haverá guerras. Não importa o quanto as pessoas tentem
impedi-las.

I - itens com referência impessoal


P - itens com referência pessoal
F - Filler items

178 AB.P.4/79
4. a) Mais cedo ou mais tarde, as pessoas obtêm neste mundo o respeito
que merecem.
*b) Infelizmente, o valor de um indivíduo passa muitas vezes sem ser
reconhecido, não importa o quanto ele lute para isso.

I 5. a) A idéia de que professores são injustos com estudantes é uma boba-


gem.
*b) Grande parte dos estudantes não percebe o quanto as suas notas são
influenciadas por acontecimentos acidentais.

I 6. *a) Sem os momentos oportunos não se pode ser um líder efetivo.


b) Pessoas capazes que não conseguem se tornar líderes não aprovei-
taram suas oportunidades.

I 7. *a) Não importa quanto esforço você faça; há pessoas que simplesmente
não gostam de você.
b) Os que não conseguem se fazer queridos não sabem COIl'Ü se dar bem
com os outros.

F 8. a) O fator hereditário desempenha o papel principal na determinação


de nossa personalidade.
b) É a experiência de cada um na vida que determina o que somos.

P. 9. *a) Freqüentemente verifiquei que o que está para acontecer, acon-


tecerá.
b) Confiar no destino nunca acarretou conseqüências tão boas para
mim quanto tomar uma decisão de seguir um modo de ação defi-
nido.

I 10. a) No caso de um aluno bem preparado, raramente existe, se é que


existe, o que se pode chamar de uma prova inadequada.
*b) Muitas vezes as perguntas de provas tendem a ser tão pouco relacio-
nadas com a matéria do curso, que nem adianta estudar.

I 11. a) Tornar-se um sucesso é questão de muito trabalho; a sorte tem


pouco ou nada a ver com isso.
*b) Conseguir um bom emprego depende principalmente de se estar no
lugar certo, na hora- certa.

I 12. a) O cidadão médio pode exercer certa influência nas decisões do


governo.
*b) Este mundo é governado pelos poucos que estão no poder, e um
cidadão qualquer não pode fazer muito a respeito disso.

Escala de locus 179


P 13. a) Quando faço planos, estou quase certo de que posso executá-los.
*b) Nem sempre é prudente planejar com muita antecedência porque
muitas coisas acabam sendo, de urna maneira ou de outra, questão de
boa ou má sorte.

F 14. a) Há certas pessoas que simplesmente não são boas.


b) Em cada pessoa encontra-se algo de bom.

p 15. a) No meu caso, conseguir aquilo que quero tem pouco ou nada a ver
com a sorte.
*b) Tirando a sorte, muitas vezes podemos decidir muito bem o que
fazer.

I 16. *a)Quem consegue ser chefe, depende freqüentemente de ter tido bas-
tante sorte para estar no lugar certo e em primeiro lugar.
b) Conseguir pessoas para fazer as coisas certas depende de habilidade;
a sorte pouco ou nada tem a ver com isso.

I 17. *a)No que diz respeito a acontecimentos mundiais, somos, na maioria


das vezes, vítimas de forças que não podemos entender nem contro-
lar.
b) O povo pode controlar eventos .no mundo, participando ativamente
nos assuntos políticos e sociais.

I 18. *a) A maioria das pessoas não percebe o quanto suas vidas são controla-
das por acontecimentos acidentais.
b) Realmente não existe essa tal de sorte.

F 19. a) Dever-se-ia sempre estar disposto a admitir os próprios erros.


b) Geralmente é melhor ocultar nossos erros.

I 20. *a) ~ difícil saber se uma pessoa realmente gosta ou não de você.
b) A quantidade de amigos que você tem depende de quanto você seja
uma pessoa legal.

I 21. *a) Mais cedo ou mais tarde, as coisas ruins que nos acontecem são
contrabalançadas pelas boas.
b) A maioria dos infortúnios resultam de falta de habilidade, da igno-
rância, da preguiça ou de todas as três.

I 22. a) Com bastante esforço pode-se eliminar a corrupção política.


*b) ~ difícil as pessoas conseguirem muito controle sobre aquilo que os
políticos fazem em seus escritórios.

180 A.B.P.4/79
P 23. *a) Às vezes, não consigo entender como os professores chegam às notas
que dão.
b) Há uma ligação direta entre o quanto eu estudo e as notas que tiro.

F 24. a) Um bom líder espera que as pessoas decidam por elas mesmas o que
devem fazer.
b) Um bom líder deixa claro para todos quais são as suas tarefas.

P 25. *a) Muitas vezes sinto que tenho pouca influência sobre as coisas que me
acontecem.
b) Para mim é impossível acreditar que o acaso ou a sorte tenham um
papel importante em minha vida.

26. a) As pessoas são solitárias porque não procuram ser amigáveis.


*b) Não adianta muito se você se esforça demais em agradar às pessoas:
se elas gostam de você, gostam de você.

F 27. a) Há uma ênfase demasiada em educação física nas escolas.


b) Esportes de equipe são um meio excelente de se formar o caráter.

P 28. a) o que me acontece é o resultado de minhas próprias ações.


*b) Às vezes sinto que não tenho bastante controle sobre o rumo que
minha vida está tomando.

P 29. *a) Na maioria das vezes não consigo entender porque os políticos se
comportam da forma como o fazem.
b) Na maioria das vezes, as pessoas são responsáveis por maus governos,
tanto em nível nacional quanto local.

* "Respostas externas."

Escala de locus 181

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