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Anais do ZOOTEC`2005 – 24 A 27 de maio de 2005 – Campo Grande-MS

TRATAMENTO DE EFLUENTES DA PISCICULTURA

Zaniboni Filho, E.1

1. Resumo
A produção de pescados no Brasil tem apresentado um crescimento ainda
maior do que o observado em escala mundial. Apesar da necessidade da
utilização de água de qualidade para o cultivo de organismos aquáticos, a
atividade de piscicultura gera efluentes que causam a degradação ambiental.
As técnicas de tratamento recomendadas para os efluentes são totalmente
dependentes da composição e do volume gerado. No Brasil, os sistemas de
piscicultura utilizados apresentam grande variação e dessa forma, os efluentes
produzidos apresentam composição e volume variável. A fase mais crítica do
cultivo, no tocante a produção de poluentes, consiste no momento da retirada
dos peixes ao final do cultivo, quando o efluente apresenta a maior carga
poluidora. O método mais simples e efetivo para a redução da carga de
poluentes produzida num viveiro de cultivo consiste na retenção da fração de
água concentrada durante a despesca, sem a completa drenagem do viveiro
entre as sucessivas safras de produção. Além disso, há alternativas para o
tratamento do efluente gerado através da utilização de peixes filtradores para a
redução da carga de nutrientes, ou ainda, com o uso de macrófitas aquáticas.
Nesse trabalho é apresentada uma caracterização dos efluentes gerados pelos
principais sistemas de produção utilizados pela piscicultura brasileira e uma
listagem de procedimentos operacionais para a redução da carga poluidora dos
efluentes produzidos pelos cultivos.

1
Professor Adjunto – Oceanógrafo, MSc. Biologia de Água Doce e Pesca Interior; Dr. Ecologia
e Recursos Naturais – zaniboni@cca.ufsc.br – Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de
Água Doce / Departamento de Aqüicultura / Universidade Federal de Santa Catarina – Rodovia
SC 405, No.3532 – CEP: 88066-292 – Florianópolis – SC – Brasil.
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2. Abstract
Fish production in Brazil has presented a still bigger growth than the
observed in a world-wide scale. Despite the need of good water quality for the
culture of aquatic organisms, fish farming generates effluents that may cause
environmental degradation. The recommended techniques to the treatment of
the discharged effluents from the fish farming are totally dependent on its
composition and volume. In Brazil, the fish farming systems used present great
variation and because of this, the effluent produced present changeable
composition and volume. The most critical phase of farming, in regards to
pollutants production, consists of the moment of the harvest, when the effluent
presents the highest polluting load. The simplest and effective method to the
reduction of pollutants loads of effluents produced in a fish pond consists of the
retention of the intent water fraction during the harvest, without the complete
draining of the pond between successive production cycles. Moreover, there are
alternatives for the treatment of the effluent generated by the use of filter-
feeding fishes to the reduction of the nutrients loads, or still, by the use of
aquatic macrophytes. The present work presents a characterization of the
effluent discharged by the main fish production systems used by the Brazilian
fish farms and presents some operational procedures for the reduction of the
polluting loads of the effluent discharged by the farms.

3. Introdução
O acentuado crescimento da aqüicultura nos últimos anos torna atividade
de cultivo um importante agronegócio na escala mundial (Alvarado, 2003).
Enquanto a produção mundial originada dos cultivos cresceu 187% no período
entre 1990 e 2001, o incremento do montante oriundo da pesca foi de apenas
7,8% (Borghetti et al., 2003). Nesse mesmo período, a produção de pescados
no Brasil apresentou um crescimento muito acelerado, com valor estimado de
925% (Borghetti et al., 2003). Os motivos para o acelerado crescimento da
produção de pescados vão além da necessidade de aumento da produção de
alimentos para o abastecimento de uma população mundial em elevação, uma
vez que se observa uma tendência de mudança de hábito alimentar, buscando
o consumo de alimentos saudáveis, entre eles os pescados (Ribeiro et al.,
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2000). O ritmo de crescimento da aquicultura brasileira tem apresentado


valores ainda maiores que os observados em escala mundial, revelando uma
taxa de crescimento anual de 29,7% nos últimos cinco anos (Borghetti et al.,
2003).
A água é um dos recursos mais importantes do planeta. Vários autores têm
discutido a respeito das limitações desse recurso e traçado estimativas
preocupantes quanto à disponibilidade de água para a população crescente.
Em regiões que apresentam uma rede hídrica abundante, como o Brasil, é
esperada uma maior dificuldade para a percepção da fragilidade e das
limitações deste recurso, porém, para os países localizados em regiões áridas
ou semi-áridas, as limitações de água não se tratam de uma previsão
alarmista, pois os recursos já se encontram sob forte estresse. Além do
crescimento populacional, o modelo de desenvolvimento adotado indica que a
demanda de água continuará aumentando exponencialmente com o
crescimento econômico.
Apesar do cultivo de peixe estar totalmente dependente da utilização de
água isenta de poluentes, de acordo com Bastian (1991), a piscicultura é uma
atividade causadora de potencial degradação ambiental. A combinação entre
elevadas densidades de estocagem de peixes e altas taxas de alimentação
deterioram a qualidade da água dos viveiros de cultivo, produzindo um
ambiente rico em nutrientes e sólidos suspensos, compostos principalmente
por fitoplâncton, restos de ração e matéria fecal, aumentando assim a demanda
química de oxigênio (DQO) (Ghate et al., 1997).
Considerando o sistema de cultivo usado para o bagre americano (Ictalurus
punctatus), Tucker e Lloyd (1985) reconhecem que o efluente apresenta uma
importante fonte de poluição, particularmente no que se refere à DQO e o
nitrogênio total. Baseando a qualidade do efluente produzido nesses cultivos
com as exigências contidas na legislação do estado do Alabama (Estados
Unidos), 75% dos tanques de cultivo excedem o valor permitido para sólidos
em suspensão, 80% ultrapassa o valor permitido para fósforo total, 25%
referente à amônia total e 2% no tocante a demanda bioquímica de oxigênio
(DBO), sendo que a maioria desses poluentes é liberada durante a retirada dos
peixes e drenagem do tanque (Schwartz e Boyd, 1994).
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No Brasil já começam a surgir alguns casos isolados para os quais a


implantação de unidades de piscicultura encontra dificuldades junto aos órgãos
ambientais, inclusive com a proibição de sua instalação, devido à qualidade do
efluente gerado pelo sistema de cultivo adotado. A caracterização do efluente
gerado pelos sistemas intensivo e extensivo de piscicultura, bem como
algumas alternativas de manejo e tratamento do efluente são apresentadas por
Zaniboni Filho (1997).
As técnicas de tratamento recomendadas para os efluentes são totalmente
dependentes da composição e do volume gerado. Os sistemas de piscicultura
utilizados no Brasil apresentam grande variação e dessa forma, os efluentes
produzidos apresentam composição e volume variável. Essa realidade exige
que se utilizem distintas técnicas de tratamento para os diferentes sistemas de
produção.
Esse trabalho objetiva apresentar uma caracterização genérica dos
efluentes gerados pelos principais sistemas de cultivo de peixes empregados
no país, e discutir a eficiência da utilização de algumas alternativas de
tratamento.

4. Sistemas de produção e caracterização dos efluentes gerados

Para uma melhor compreensão das variáveis envolvidas na produção do


efluente, precisamos caracterizar os principais sistemas de produção utilizados
no Brasil. Existem diversas classificações quanto ao sistema de cultivo de
peixes, mas para atingir aos objetivos deste trabalho faz-se necessário
descrever o policultivo consorciado com suínos, o cultivo intensivo e extensivo
desenvolvidos em viveiros, e a produção em sistemas de tanques-rede ou
gaiolas.

4.1. Cultivo extensivo


O cultivo extensivo está totalmente dependente da produção natural do
viveiro, que pode ser incrementada com a adição de nutrientes químicos ou
orgânicos. Neste caso, a densidade de estocagem dos peixes é limitada pela
produção natural de alimento, e caso seja maior que a capacidade suporte do
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viveiro, atua negativamente no crescimento dos peixes. Este sistema está


normalmente associado à pequena vazão de água pois é importante que os
nutrientes sejam retidos no tanque para garantir a produtividade primária. Caso
haja um aumento da renovação de água esses nutrientes são perdidos
juntamente com a água efluente. Certamente existem variações dentro do
sistema extensivo de cultivo, pois quanto maior é a adição de nutrientes no
viveiro, maior deve ser a renovação de água para garantir uma qualidade
adequada, necessária para a sobrevivência e o bom desenvolvimento dos
peixes.
O manejo dos viveiros exige um aporte periódico de adubo químico e/ou
orgânico para estimular o desenvolvimento dos produtores primários, sendo
parte utilizada para o crescimento dos peixes e parte eliminada juntamente com
a água renovada e/ou infiltrada. A pequena renovação de água faz com que o
próprio tanque de cultivo atue como uma lagoa de decantação, ocorrendo a
oxidação e sedimentação da matéria orgânica residual (fezes, organismos
mortos, adubo orgânico, etc.). Por outro lado, o elevado tempo de residência da
água permite que parte destes nutrientes sedimentados seja removida pelos
peixes e/ou reutilizados no metabolismo das comunidades planctônicas e
bentônicas. A retirada de água pelo fundo, freqüentemente utilizada no cultivo
de peixes, promove a saída do tanque da camada mais pobre em organismos
planctônicos e com menor concentração de oxigênio dissolvido. No sistema
extensivo, grande parte dos nutrientes introduzidos no tanque é decantada,
podendo ser retirados no final do cultivo dos peixes.
As características do sistema extensivo de cultivo produzem um efluente
com algumas particularidades, entre elas: Produção de reduzido volume de
efluente em relação à área de cultivo; elevada turbidez da água, causada
principalmente pela alta concentração de organismos planctônicos; baixa
concentração de oxigênio dissolvido,
Devido ao pequeno volume de efluente produzido e as características
apresentadas, o maior problema relacionado ao efluente gerado pelo sistema
extensivo ocorre durante a fase de drenagem do viveiro para despesca,
quando há um incremento do volume produzido e da carga de nutrientes
liberada.
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4.2. Policultivo consorciado com suínos


Como regra geral, o policultivo consiste na criação simultânea de diferentes
espécies de peixes que apresentam hábito alimentar e comportamento distinto,
de modo a não haver competição pelo espaço ou pelo alimento. O aporte
contínuo de dejetos de suínos ao tanque permite que algumas espécies
utilizem diretamente o esterco como alimento, além de garantir a eutrofização
da água necessária para o desenvolvimento da cadeia trófica. Este é um dos
principais sistemas de produção utilizado pela piscicultura desenvolvida na
região Sul do Brasil, onde é produzido mais da metade dos pescados de água
doce cultivados no país.
É recomendada uma proporção de 60 suínos/ha de área alagada, com o
aporte médio de 35 kg de matéria seca/ha/dia. Esse sistema tem possibilitado
uma conversão alimentar de 2 a 4 kg de matéria seca/kg de peixe produzido e
uma produtividade entre 2 e 6 ton/ha/ano (Tomazelli Jr. e Casaca, 1998).
Para garantir que os peixes removam os nutrientes introduzidos no sistema,
quer pela ingestão direta, ou indiretamente pelo consumo dos organismos
desenvolvidos com a eutrofização da água, é recomendada pouca ou nenhuma
renovação da água. Nas condições observadas no estado de Santa Catarina,
Tomazelli Jr. & Casaca (1998) registram que a maioria dos viveiros de cultivo
tem um tempo de residência da água entre 45 e 90 dias, ou possuem um
abastecimento de água suficiente apenas para repor as perdas por infiltração e
evaporação.
O modelo utilizado garante que a maioria dos viveiros apresente qualidade
de água compatível com a classe 2 (critérios estabelecidos pela Resolução
CONAMA No. 020, de 18/6/1986 – substituída pela Resolução CONAMA No.
357, de 17/3/2005), embora o hábito de drenar totalmente o viveiro para a
despesca dos peixes, acarreta em problemas na qualidade do efluente gerado
durante a liberação da água residual (Tomazelli Jr. e Casaca, 1997).
O efluente gerado pelo policultivo consorciado apresenta semelhança com o
produzido pelo sistema extensivo de cultivo e apresenta recomendações
similares de tratamento e manejo.
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4.3. Cultivo semi-intensivo


O sistema permite uma maior densidade de estocagem de peixes que o
sistema extensivo, já que além do aproveitamento do alimento produzido
naturalmente no viveiro há uma complementação através do fornecimento de
alimento artificial. Neste caso, há necessidade de uma maior taxa de
renovação de água para garantir as condições limnológicas adequadas ao bom
desenvolvimento da biomassa estocada. Neste sistema, é observada uma
relação direta entre a taxa de renovação de água, a capacidade de carga do
viveiro e a dependência do alimento artificial. A maior circulação de água
possibilita a estocagem de maior biomassa de peixes, porém, dificulta o
desenvolvimento planctônico e promove a drenagem dos nutrientes. A
adubação do viveiro é aconselhada somente quando a renovação da água é
pequena o suficiente para possibilitar a utilização dos nutrientes pela
comunidade planctônica aquática.
A qualidade do efluente gerado vai variar entre aquele produzido no sistema
extensivo e intensivo, dependendo das características do cultivo. Apesar das
variações observadas, o grande problema com a qualidade do efluente
produzido está relacionado com a drenagem do viveiro para a despesca.

4.4. Cultivo intensivo em tanques


O sistema intensivo de cultivo é caracterizado pela elevada densidade de
estocagem e dependência total do alimento exógeno, sendo inclusive
desconsiderada a produção natural de alimento do tanque de cultivo. A
quantidade de alimento deve ser aumentada de acordo com o crescente
consumo, ou seja, regulada conforme o tamanho dos peixes, a densidade de
estocagem e a temperatura da água. O fator limitante deste sistema é portanto
a qualidade da água do tanque. Desta forma, é utilizada uma grande taxa de
renovação de água para a retirada dos metabólitos e resíduos alimentares
presentes na água.
A elevada densidade de estocagem de peixes exige que uma grande
quantidade de alimento artificial seja introduzida diariamente ao tanque,
gerando uma quantidade proporcional de matéria orgânica formada por fezes e
restos de alimento. A grande taxa de renovação de água promove uma intensa
movimentação da água e pequeno tempo de residência no tanque, inibindo o
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desenvolvimento planctônico. Grande parte da matéria orgânica produzida no


sistema de cultivo se encontra na forma particulada e apresenta um pequeno
tempo de sedimentação, sendo acumulada no fundo do tanque.
Nesse sistema de produção é comum o fornecimento de uma taxa de
alimentação que promova a saciedade dos peixes, embora seja observada
uma relação direta entre a quantidade de poluentes produzidos pelo cultivo e a
taxa de alimentação (Tabela 1).

Tabela 1 – Produção de peixes e de nutrientes em relação a taxa de


alimentação em viveiros fertilizados para o cultivo de tilápias (alimento utilizado
contém 30% proteína bruta e 1% P; Biomassa de peixe produzida contém 16%
de proteína bruta e 0,34% P)

Taxa de Produção de Alimentação Nutriente perdido


Conversão
alimentação peixes fornecida (kg/ha/ano)
alimentar
(% saciedade) (ton/ha/ano) (ton/ha/ano) N P

50 21,551 ± 658 18,938 ± 0 0,88 ± 0,03 353± 17 115 ± 2


75 24,779 ± 2415 26,782 ± 680 1,10 ± 0,09 651± 30 184 ± 2
100 22,996 ± 1508 32,685 ± 2,167 1,42 ± 0,05 980± 74 249 ± 17
Fonte: Diana et al. (1994, apud Lin e Yi, 2003)

O efluente gerado pelo sistema intensivo de cultivo apresenta algumas


particularidades, são elas: grande volume produzido em relação a área de
cultivo; baixa concentração de sólidos em suspensão; pequena densidade de
organismos planctônicos; baixa concentração de oxigênio dissolvido.

Pelas características do efluente gerado pelo sistema intensivo, o principal


problema está relacionado ao elevado volume de água produzido. Ao analisar a
qualidade da água descartada, há necessidade de separar o efluente em dois
tipos, possibilitando facilitar a aplicação de medidas de tratamento. A maior
parte dos resíduos produzidos é particulada e ficam retidos no fundo do tanque,
sendo rotineiramente retirados através de raspagem do fundo, gerando um
pequeno volume de água com elevada carga de poluentes. Desta forma, o
grande volume de água que deixa o tanque apresenta baixa concentração de
resíduos e pode ser direcionada para um sistema simplificado de tratamento.
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4.5. Cultivo em tanques-rede e gaiolas


O cultivo em gaiolas e tanques-rede tem ganho importância no cultivo
comercial de peixes no Brasil, havendo várias iniciativas implantadas em
reservatórios de usinas hidrelétricas. Consiste numa das técnicas de cultivo
intensivo, que possibilita uma elevada densidade de estocagem de peixes com
uma total dependência do alimento artificial introduzido ao sistema. Os peixes
são mantidos em caixas construídas com telas ou redes, colocadas em
grandes corpos de água. A renovação de água nos tanques varia com a
hidrodinâmica local e a malha das estruturas que aprisionam os peixes. A
densidade de estocagem máxima depende da qualidade de água e da
capacidade de renovação da água das unidades de cultivo. O fundo dos
tanques deve ser vazado para permitir a saída dos resíduos alimentares e das
fezes, garantindo a manutenção da qualidade da água do ambiente. Os
tanques devem ser colocados em áreas com profundidade suficiente para que
os resíduos alimentares depositados no sedimento não interfiram na qualidade
da água do cultivo.
De acordo com Pearson & Gowen (1990), cerca de 20% do alimento
utilizado para alimentação dos peixes estocados em tanques-rede é perdido,
antes de ser ingerido. A taxa de utilização da dieta por peixes cultivados em
tanques-rede é de 14,8% para o nitrogênio e de 11% para o fósforo, em teste
realizado num lago da China (Guo e Li, 2003). A produção de 1 tonelada de
peixe em tanques-rede fornece entre 10 e 20 kg de fósforo, e 75 kg de
nitrogênio (Haakanson et al., 1988). A deposição de matéria orgânica
particulada no fundo dos corpos de água, imediatamente abaixo das unidades
de cultivo, provoca redução na concentração de oxigênio dissolvido, podendo
atingir valores entre 0 e 1,5 mg/l (WDF, 1990). As alterações qualitativas e
quantitativas da fauna bêntica são bem conhecidas, causando um aumento das
populações resistentes a poluição orgânica (Levings, 1994). A grande
dificuldade no cultivo em tanques-rede, considerando a estrutura utilizada
atualmente, é a impossibilidade de tratamento do efluente produzido.
Estudos realizados num lago chinês revelaram que as unidades de cultivo
interferem no ambiente até a uma distância de 50m, havendo nessa região
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uma redução na diversidade biológica dos organismos planctônicos e


bentônicos, sendo observada uma forte correlação negativa (r=0,936) entre a
distância dos tanques-rede e a biomassa fitoplanctônica (Guo e Li, 2003).
A regulamentação da quantidade de peixes que podem ser cultivados num
determinado ambiente depende das características de cada corpo receptor. Há
necessidade de o ambiente degradar e assimilar esta carga de poluentes sem
sofrer profundas alterações. Alguns países têm adotado medidas restritivas
para reduzir a poluição causada pelo cultivo em tanques-rede, entre elas há
recomendações que limitam a produção em até 1,3 toneladas de peixe/ha/ano
ou ainda, que o incremento da concentração de nitrogênio na água do
ambiente onde se desenvolve o cultivo seja inferior a 1% (Levings, 1994).

5. Efluente gerado na drenagem do viveiro e despesca


Independente do sistema de cultivo utilizado, exceto aquele realizado em
tanques-rede, a retirada dos peixes e a drenagem do viveiro consiste na fase
onde ocorre a maior concentração de poluentes no efluente da piscicultura.
O método mais comum para a retirada dos peixes dos tanques de cultivo é
através da passagem de rede de arrasto, apesar de produzir uma série de
desvantagens. Esse procedimento prejudica a qualidade da água durante a
despesca uma vez que suspende os sedimentos do fundo, onde está
acumulada a maior concentração de nutrientes e de matéria orgânica do
tanque. Além disso, a passagem de redes apresenta pequena eficiência na
captura de algumas espécies, tais como as tilápias, que apresentam habilidade
para o escape da rede de arrasto através do sedimento lodoso.
A Tabela 2 apresenta os valores médios de qualidade do efluente de vários
tanques de engorda de bagre americano (Ictalurus punctatus), obtidos por
Boyd (1978), mostrando claramente a variação observada durante o
abaixamento do nível da água e a posterior retirada dos peixes com a utilização
de redes de arrasto.
Considerando a necessidade de reduzir o volume de água do viveiro para
facilitar a retirada dos peixes, verifica-se que este manejo pode ser feito sem
grandes alterações da qualidade do efluente gerado, uma vez que a maior
carga de nutrientes é liberada na fase final da retirada dos peixes, com a
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passagem das redes de arrasto e a movimentação de pessoal. A Tabela 3


apresenta os valores percentuais de poluentes liberados no efluente de um
viveiro hipotético, com área de 1 ha e profundidade média de 1m, segundo
Boyd (1978).

Tabela 2 - Qualidade do efluente produzido por tanques de engorda de bagre


americano (Ictalurus punctatus) durante a drenagem de cerca de 95% da água
do viveiro e a posterior despesca com redes de arrasto.
Parâmetros analisados Drenagem Despesca
Material em suspensão (ml/l) 0,08 28,5
Demanda bioquímica de oxigênio (mg/l) 4,31 28,9
Demanda química de oxigênio (mg/l) 30,2 342
Ortofosfato solúvel (µg/l) 16 59
Fósforo total (mg/l) 0,11 0,49
Amônia total (mg/l) 0,98 2,34
Nitrato (mg/l) 0,16 0,14
FONTE: (Boyd, 1978)

Tabela 3 - Valor percentual de poluentes liberados pelo efluente de um tanque


hipotético de engorda de bagre americano (Ictalurus punctatus), considerando
apenas a fase de despesca do viveiro com uso de rede de arrasto.
Valor liberado durante a
Parâmetros analisados
fase de despesca (%)
Material em suspensão 94,9
Demanda bioquímica de oxigênio 26,0
Demanda química de oxigênio 37,3
Ortofosfato solúvel 66,7
Fósforo total 18,8
Amônia total 11,2
Nitrato 4,3
FONTE: (Boyd, 1978)

Lin e Yi (2003) discutem uma série de experimentos realizados nos cultivos


comerciais de tilápia realizados em sistemas semi-intensivos na Tailândia.
Esses testes objetivam avaliar o efeito de distintos procedimentos para a
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retirada dos peixes ao final do cultivo na quantidade de resíduos liberados ao


ambiente. O procedimento tradicional utilizado para a despesca consiste em
realizar uma drenagem completa do tanque seguida pela retirada dos peixes.
Quando esse procedimento é comparado com a drenagem do tanque desde
100cm até 50cm de lâmina de água seguido da passagem de duas vezes a
rede para a despesa e a posterior drenagem da água, demonstra a redução de
vários parâmetros de qualidade de água do efluente, exceto fósforo total e
nitrogênio total (Tabela 4). Uma variação da técnica tradicional de despeça
consiste na inclusão de 75g/m³ de hidróxido de sódio 24 horas antes do
esvaziamento do tanque para a despesca, de modo a garantir a precipitação do
fósforo e da matéria orgânica. A adoção da calagem prejudicou a retenção dos
nutrientes no viveiro e aumentou a carga poluidora do efluente. Uma técnica
que produziu uma melhoria na retenção dos nutrientes foi a drenagem do
tanque até manter uma lâmina de água de 25cm, quando é procedida a
despesca com redes e a água é mentida no tanque para ser utilizada no
próximo cultivo. Esse manejo reduziu ainda mais a carga poluidora do efluente
(Tabela 5). A calagem do viveiro antes do início da drenagem parcial foi
importante para reduzir a descarga de fósforo total do efluente, embora tenha
elevada a concentração de vários parâmetros de qualidade da água.
Um teste de cultivo utilizando a água residual da engorda – 25cm de lâmina
de água do tanque – demonstrou semelhança no desempenho de crescimento
de tilápias e da qualidade da água dos tanques que receberam efluente
residual com aqueles cultivados em condições normais (Lin et al., 1999).
Hollerman & Boyd (1985) apresentam resultados comparativos da
produtividade de viveiros de engorda de bagre americano (Ictalurus punctatus),
obtidos em viveiros totalmente drenados a cada ano, e outros onde os peixes
foram retirados sem a secagem do viveiro. Os resultados mostraram que os
valores de qualidade de água foram semelhantes, revelando que a drenagem
anual dos viveiros não aumenta a produção dos peixes.
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Tabela 4 – Valores médios da qualidade do efluente de tanques de engorda


de tilápia em sistema semi-intensivo mediante diferentes procedimentos de
manejo para a despesca.
Matéria Sólidos
Sólidos Nitrogênio Fósforo
DBO5 sedimentável suspensos
Manejo totais total total
(kg/ha) total totais
(ton/ha) (kg/ha) (kg/ha)
(m3/ha) (ton/ha)
Rede1 1577 210,5 43,1 38,2 58,7 7,2
Drenagem2 590 28,5 16,8 7,0 106,9 10,7
1. Passagem da rede de arrasto duas vezes para retirada dos peixes e posterior drenagem do tanque.
2. Esvaziamento da água do tanque e posterior retirada dos peixes.
FONTE: (adaptado de Lin et al., 2001).

Tabela 5 – Porcentagem de redução da descarga de poluentes através do


efluente de tanques de engorda de tilápia em sistema semi-intensivo, de
acordo com os diferentes procedimentos de manejo para a despesca.
Matéria Sólidos Nitrogênio
Sólidos Fósforo
Manejo DBO5 sedimentável suspensos total
totais total
total totais
Calagem/drenagem1 37 56 47 60 -30 -40
Cal./drenagem parcial2 73 100 82 100 17 38
Drenagem3 63 86 61 82 45 -44
Drenagem parcial4 76 99 82 100 65 8
1. Inclusão de 75g/m³ de hidróxido de sódio, 24 horas antes do completo esvaziamento do tanque para a
despesca.
2. Inclusão de 75g/m³ de hidróxido de sódio, 24 horas antes do esvaziamento parcial, até a manutenção
de 25cm de lâmina de água, retirada dos peixes com o uso de rede e manutenção da água para o
próximo cultivo.
3. Esvaziamento da água do tanque e posterior retirada dos peixes.
4. Esvaziamento da água do tanque até a manutenção de 25cm de lâmina de água, com retirada dos
peixes com o uso de rede e manutenção da água para o próximo cultivo.
* Valores negativos indicam o aumento porcentual dos resíduos liberados através do efluente.
FONTE: (adaptado de Lin et al., 2001).

Sendo a inclusão de fertilizantes na água uma prática comum para


incrementar a produção primária dos viveiros, a reutilização da água de cultivo
promove uma redução da quantidade de adubo que deve ser introduzido no
viveiro e diminui a poluição gerada pela atividade (Boyd, 1990).

6. Efeito dos efluentes da piscicultura sobre o ambiente


A qualidade da água liberada pelos tanques de cultivo, proveniente de
chuvas, drenagem e trocas de água, é semelhante a qualidade observada na
água superficial dos tanques. O impacto dos efluentes da piscicultura sobre os
corpos de água receptores, depende da diferença da concentração dos
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parâmetros de qualidade entre a água dos tanques e a do riacho, além da


proporção de água originária do tanque e do riacho (Boyd, 1990). Dessa forma,
o potencial poluente de um determinado sistema de cultivo pode ser variável de
acordo com o local de instalação.
As características do efluente gerado pela atividade de piscicultura são
bastante semelhantes àquelas do efluente doméstico, isto é, apresentam
elevada demanda bioquímica de oxigênio e grande concentração de sólidos em
suspensão, compostos nitrogenados e fosfatados. Esta similaridade permite
uma analogia dos impactos provocados pelos cultivos, contribuindo para a
eutrofização dos rios, riachos e lagos.
No processo de cultivo de peixes, várias substâncias químicas vêm sendo
utilizadas para o controle de parasitas e doenças, ou mesmo para garantir a
manutenção das estruturas de cultivo. Embora essas substâncias não
interfiram no desenvolvimento dos peixes, afetam alguns crustáceos que são
base da cadeia trófica, sendo transferidas ao longo da rede alimentar (Levings,
1994).

7. Alternativas para o tratamento do efluente


Embora exista uma grande similaridade entre o efluente doméstico e o
produzido pela piscicultura, que permitiria a aplicação direta de sistemas
convencionais de tratamento dos efluentes residenciais, os custos do
tratamento é muito elevado para os escassos lucros obtidos pela piscicultura
(Bird, 1993).
Existem várias alternativas bem sucedidas para o tratamento do efluente da
piscicultura que são detalhadas por Zaniboni Filho (1997), entre elas: desviar a
água para lagoas aeradas de decantação; aproveitar o efluente na irrigação de
canteiros agrícolas; passar a água residual através de canteiros com macrófitas
aquáticas; utilizar lagoas de evaporação para os efluentes mais poluídos.
Abaixo serão apresentadas algumas experiências realizadas no tratamento
de efluentes que revelam as potencialidades no reaproveitamento dos
nutrientes perdidos no cultivo de peixes e as possibilidades de redução do
impacto ambiental causado pela atividade de piscicultura.
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7.1. Uso de peixes filtradores


A utilização de peixes filtradores pode ser muito eficiente na retirada de
sólidos em suspensão e na redução da DQO. Num experimento realizado por
Pereira (2000), alevinos de tilápia (Oreochromis niloticus) foram estocados por
seis dias em tanques contendo 9,7mg/100ml de sólidos em suspensão,
passados seis dias haviam reduzido a concentração inicial em 66%, enquanto
nos tanques controle – sem peixes – a diminuição foi de apenas 23%. O valor
da DQO ao serem estocados os peixes era de 249 mg/l, sendo observada uma
redução de 74 e 56% para os tanques com e sem tilápias, respectivamente.
Alguns peixes como a tilápia (Oreochromis niloticus) e a carpa prateada
(Hypophthalmichthys molitrix) apresentam habilidade de controlar explosões
populacionais de algas. Esses peixes apresentam distintas estratégias para a
remoção do fitoplâncton, variando a capacidade de apreensão das algas de
acordo com o tamanho que estas se encontram. A tilápia desenvolve um muco
na região dos rastros branquiais que auxiliam na apreensão de bactérias de até
1µm e pequenos organismos fitoplanctônicos de 5 µm (Popma et al., 1982),
enquanto as partículas consumidas pela carpa prateada raramente possuem
tamanho inferior a 10µm (Cremer e Smitherman, 1980). Num teste específico
realizado por Turker et al. (2003) revelou que a tilápia do Nilo e carpa prateada
reduzem significativamente as populações de algas verdes e cianobactérias
presentes na água, tendo a tilápia maior especificidade na predação de algas
pequenas quando comparado às carpas prateadas, entretanto as carpas foram
mais eficientes na captura de organismos maiores que 25µm. Esses autores
mostraram ainda que ambas as espécies podem ser utilizadas no controle
biológico da cianobactéira Microcystis, que está freqüentemente associada com
o surgimento de “off-flavor” em peixes de cultivo – também conhecido como
“sabor de barro” que é atribuído a alguns peixes provenientes de ambientes
eutrofizados, quer sejam ambientes naturais ou artificiais.
O conhecimento e manejo correto das populações algais do tanque de
cultivo permite aumentar a capacidade suporte dos meios de cultivo de peixes,
além de proporcionar um produto de melhor qualidade. Essa informação pode
ser utilizada com o objetivo de tratar os efluentes, onde o manejo da
concentração das algas pode ser realizado com relativa precisão. Nos
ambientes com predomínio de carpa prateada se observa um decréscimo nas
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populações de Oscillatoria sp (> 15µm) e Cylindrospermosis sp (100µm),


enquanto ocorre um aumento populacional de Chorella vulgaris (9µm) e
Cryptomonas sp (15µm). O comportamento das populações algais é
exatamente o contrário quando o cultivo é realizado com Tilapia rendalli
(Starling e Rocha, 1990).

7.2. Uso de macrófitas aquáticas


O tratamento de efluentes baseado na utilização de macrófitas aquáticas
está normalmente associado ao uso de plantas flutuantes ou enraizadas.
Dentre as primeiras, as mais utilizadas são a samambaia da água (Azolla
filiculoides), o aguapé (Eichornia crassipes) e algumas espécies do gênero
Lemna. Essas duas últimas têm atraído atenção global nos últimos anos (Reed
et al., 1995), sendo capazes de retirar nutrientes da água com grande eficiência
e reduzir a quantidade de sólidos em suspensão (Caicedo et al., 2000). Dentre
as macrófitas aquáticas enraizadas, tem sido utilizado o lotus (Nelumbo
mucifera) e a taboa (Typha sp) para o tratamento de efluentes compostos por
água doce, e Spartina sp para efluentes de cultivos realizados em água salobra
ou salgada. O tratamento de efluentes da piscicultura também tem sido
realizado com a utilização de plantas terrestres, tais como as gramíneas da
variedade “Bermuda” (Cynodon dactylon) e “Bahia” (Paspalum notatum).
A eficiência das macrófitas na remoção dos nutrientes contidos nos
efluentes acontece de forma complexa e não deve ser analisada isoladamente,
uma vez que existem outros mecanismos envolvidos, como atividade
bacteriana e processos físico-químicos que incluem a sedimentação, absorção
e precipitação. As macrófitas fornecem superfície e substrato para crescimento
bacteriano e alteram o ambiente físico-químico da água e da rizosfera
(Tavares, 2004). Essa combinação tem proporcionado excelentes resultados
na redução dos níveis de poluentes (amônia, amônio, fosfato, DBO, DQO,
sólidos em suspensão, coliformes e metais pesados) dos corpos de água
(Godfrey et al., 1985).

7.2.1. Macrófitas aquáticas flutuantes


A utilização dos aguapés no tratamento de efluentes demonstra uma grande
habilidade na diminuição da DBO, material em suspensão e nitrogênio (Orth e
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Saptkota, 1988), porém, a remoção do fósforo geralmente não excede 65% da


quantidade presente no efluente, sendo ainda variável em função das
necessidades da planta. Além disso, as plantas produzem grande quantidade
de biomassa (30g/m² de matéria seca ao dia), apresentam baixo valor
nutricional, baixa digestibilidade, alto custo na coleta, alto grau de evaporação
e a remoção dos nutrientes diminui em temperaturas baixas (Benton et al.,
1978).
As macrófitas do gênero Lemna têm demonstrado uma grande habilidade
na assimilação de nutrientes e nas disponibilização de condições favoráveis
para a decomposição biológica da matéria orgânica (Brix e Shierup, 1989),
demonstrando em regiões temperadas, altas taxas de remoção de DBO e de
sólidos suspensos (Bonomo et al., 1997). Um trabalho realizado no estado de
Santa Catarina tratou o efluente composto pela água residual do cultivo de
tilápias com Lemna valdiviana, revelando que após 13 dias de tratamento as
taxas de remoção foram de 100% para amônia total e nitrito, 66,8% para
nitrato, 96,3% para fósforo total, 90,8% para DQO, 99,4% para sólidos
suspensos totais e 98,7% para a turbidez (Mohedano, 2004).
A biomassa produzida por essas macrófitas possui um alto valor protéico
(entre 30 e 49% da matéria seca) (Oron et al., 1984) e baixa quantidade de
fibras (Hammouda et al., 1995), podendo ser utilizada como rica fonte de
alimento para peixes e outros animais (Skilicorn et al., 1993).
Tavares (2004) testou a comparação do desempenho de alevinos de tilápia
(Oreochromis niloticus) alimentados exclusivamente com ração comercial (40%
de proteína bruta) e a alimentação composta por 50% da ração comercial +
50% de Lemna sp seca e moída. Passados 50 dias do teste de alimentação
realizado a campo, foi observado crescimento semelhante entre os peixes e
uma redução de 35% dos custos de produção no tratamento alimentado
parcialmente com a macrófita seca e moída.

7.2.2. Macrófitas aquáticas enraizadas


O direcionamento do efluente proveniente dos viveiros de engorda de
peixes para canteiros de arroz demonstrou que a produtividade do arroz foi
semelhante àquela obtida com um manejo convencional de fertilização, embora
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tenha removido 32% do nitrogênio total e 24% do fósforo total contido no


efluente da piscicultura (Lin e Yi, 2003).
Outra possibilidade é a utilização das plantas para retirada dos nutrientes
contidos no sedimento do fundo dos viveiros de cultivo ou dos tanques de
sedimentação. Um teste com o plantio de lótus (Nelumbo mucifera) sobre o
sedimento de um tanque utilizado para o cultivo de tilápia (Oreochromis
niloticus) revela a capacidade da planta em retirar o equivalente a 300kg de
nitrogênio e 43kg de fósforo/ha/ano do substrato do tanque (Lin e Yi, 2003).

7.3. Hidroponia
Uma alternativa para a retirada dos nutrientes contidos nos efluentes da
piscicultura é sua utilização no abastecimento de canteiros hidropônicos. A
possibilidade pode ser a simples integração entre os dois cultivos, onde o
efluente dos tanques de piscicultura é direcionado para as calhas de cultivo das
plantas, ou ainda, um sistema de policultivo, onde as plantas e os peixes são
cultivados num mesmo ambiente. O primeiro sistema possibilita uma utilização
bastante ampla em relação às espécies vegetais cultivadas, haja vista que o
efluente da piscicultura apresenta a maioria das características indicadas para
a água de abastecimento dos canteiros hidropônicos. O cultivo simultâneo de
plantas e peixes no mesmo tanque foi testado entre tilápias (Oreochromis
aureus) e alface (Lactuca sativa) e revelou-se economicamente vantajoso
(Zweig, 1986).

7.4. Plantas terrestres


Uma alternativa recomendada para o tratamento dos efluentes da
piscicultura é a passagem da água servida através de canteiros de gramíneas
antes da descarga ao ambiente natural ou de proceder a recirculação da água.
Testes com efluentes de cultivo contendo distintas concentrações de poluentes
orgânicos passando através de canteiros com grama da variedade “Bermuda”
(Cynodon dactylon) ou “Bahia” (Paspalum notatum), realizados por Ghate et al.
(1997), revelam que a eficiência na retenção dos sólidos suspensos é maior
quanto maior a concentração destes no efluente, passando de 18% quando a
concentração dos sólidos em suspensão é de 30mg/l para valores entre 62 e
82% quando os sólidos suspensos do efluente estão acima de 200mg/l. Apesar
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dessa habilidade, os autores observaram que a passagem do efluente pelo


canteiro de gramíneas não alterou a concentração de fósforo total e do
nitrogênio amoniacal.

7.5. Reutilização da água de cultivo


O efluente produzido pelo sistema intensivo de cultivo é o que produz maior
fonte de poluição para as águas naturais e tem sido utilizado como fonte de
nutrientes para sistemas integrados para o cultivo semi-intensivo de tilápias
(Lin e Yi, 2003). O sistema recomendado consiste no redirecionamento do
efluente para tanques de sedimentação, para recolhimento do material
particulado, principalmente das fezes e restos de ração. Esse sedimentado é
conduzido para viveiros externos onde são cultivados peixes filtradores. Num
teste com a produção de 50 toneladas de híbridos de bagre africano (Clarias
gariepinus x C. macrocephalus) alimentados com ração comercial, o simples
direcionamento do efluente para viveiros de cultivo permitiu a produção de 10,6
toneladas de tilápia (Oreochromis niloticus) (Lin e Diana, 1995). Essa produção
de tilápias, segundo os autores, é semelhante àquela obtida num sistema de
cultivo com a utilização de fertilizantes químicos ou esterco de galinha.
Um outro experimento foi realizado ao longo de três meses com o efluente
de tanques de engorda de tilápia do Nilo, alimentadas com ração comercial,
sendo direcionado para viveiros externos destinados a produção de alevinos da
mesma espécie. Uma produção aproximada de 24,9 ton/ha/ano de tilápias com
tamanho comercial proporcionou a produção de 7,1 ton/ha/ano de alevinos
nutridos exclusivamente pelo efluente, possibilitando uma utilização de 20,5%
do nitrogênio e de 28% do fósforo produzido pelos tanques de engorda (Yi,
1997).
Uma outra possibilidade de aproveitamento é o cultivo de duas espécies de
peixes dentro de uma mesma unidade de cultivo, separada por telas. Na
porção do tanque mais próxima a entrada de água é cultivada a espécie
principal, sendo alimentada com ração e em densidade elevada, enquanto na
parte mais próxima a saída da água é produzida uma espécie filtradora que se
alimenta exclusivamente dos resíduos e nutrientes liberados pelo cultivo
principal. O teste com o uso de 1/3 da área do viveiro destinada para a engorda
de híbridos de bagre africano e 2/3 estocados com tilápia do Nilo, numa
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proporção de 6,3 bagres:1 tilápia, proporcionou a produção de 78 ton/ha/ano


de bagre e 6 ton/ha/ano de tilápia (Yi et al., 2003). Os autores discutem que
essa produção de tilápias é semelhante àquela obtida num sistema
convencional de cultivo com a adubação orgânica ou inorgânica, além do que,
melhorou a qualidade do efluente produzido nos tanques de engorda dos
bagres.

8. Conclusões

O acelerado desenvolvimento da piscicultura brasileira, exige um esforço


concentrado do governo e da comunidade científica nacional, buscando
detalhar a qualidade do efluente produzido pelos diferentes sistemas de cultivo
utilizados no país. É igualmente necessária uma análise da eficiência de cada
um dos sistemas de tratamento de efluentes, considerando a situação nacional,
para permitir ao piscicultor uma avaliação da relação custo/benefício de cada
sistema. Do ponto de vista legal, a definição do grau de poluição gerado por
cada sistema de cultivo de peixes e da eficiência obtida pelas diferentes
técnicas de tratamento do efluente, permite o estabelecimento de normas
básicas para o desenvolvimento da piscicultura, inclusive, com definição das
características do efluente padrão permitido para a indústria piscícola. A
obtenção dessas informações básicas é imprescindível à elaboração de
programas regionalizados de desenvolvimento da piscicultura, de acordo com
as características de cada corpo de água e com os usos destinados a essa
água.
A metodologia utilizada na retirada dos peixes ao final do cultivo pode ser
determinante na quantidade de poluentes produzidos pelo cultivo, haja vista
que 95% dos sólidos sedimentáveis e 26% da DBO são liberados durante a
fase de despesca (Boyd, 1978). O método mais simples e efetivo para a
redução da carga de poluentes produzida num viveiro de cultivo consiste na
retenção da fração de água concentrada durante a despesca, sem a completa
drenagem do viveiro entre as sucessivas safras de produção (Lin e Yi, 2003). A
retenção de apenas 7,5cm de lâmina de água durante a despesca, sem a
completa drenagem do viveiro, pode reduzir potencialmente em 70% a carga
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de nitrogênio, fósforo e de matéria orgânica produzida pelo cultivo (Tucker et


al., 1996). A construção de canais para drenagem dos efluentes contendo
macrófitas aquáticas tem apresentado resultados significantes na redução da
carga de poluentes (Schwartz e Boyd, 1995), embora a passagem do efluente
em canteiros contendo gramíneas tenha sido menos efetiva (Ghate et al.,
1997).

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