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FRAGMENTOS (Pre socraticos)

Fragmentos[1]

Tales de Mileto (c. 624-574 a.C): (Doxografia)


1- Tales afirmava que a terra flutua sobre a água. Mover-se-ia como um navio; e quando se diz que
ela treme, em verdade flutuaria em conseqüência do movimento da água. (Sêneca. Nat. Quaest.
111,4)
2- Outros julgavam que a terra repousa sobre a água. Esta é a mais antiga doutrina por nós
conhecida e teria sido defendida por Tales de Mileto. (Aristóteles. De Coelo. 813, 294a 28)
3- A maior parte dos filósofos antigos concebia somente princípios materiais como origem de todas
as coisas ( ... ) Tales, o criador de semelhante filosofia, diz que a água é o princípio de todas as
coisas. (Aristóteles. Metafísica. 1,3).

Anaximandro (c.547-610 a.C):


1- Todas as coisas se dissipam onde tiveram a sua gênese, conforme a necessidade; pois pagam
umas às outras castigo e expiação pela injustiça, conforme a determinação do tempo.
2- O ilimitado é eterno.
3- O ilimitado é imortal e indissolúvel.
Anaxímenes de Mileto (c.585 a.C-c.528-525 a.C):
1- Como nossa alma, que é ar, nos governa e sustém, assim também o corpo e o ar abraçam todo o
cosmos.

Heráclito de Éfeso (séc. VI a.C):


8- Tudo se faz por contraste: da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia. 10- Correlações:
completo e incompleto, concorde e discorde, harmonia e desarmonia, e de todas as coisas, um, e de
um, todas as coisas.
12- Para os que entram nos mesmos rios, correm outras e novas águas. Mas também são exaladas
do úmido.
49a- Descemos e não descemos nos mesmos rios; somos e não somos.
50- (Heráclito afirma a unidade de todas as coisas: do separado e do não separado, do gerado e do
não gerado, do mortal e do imortal, da palavra (Iogos) e do eterno, do pai e do filho, de Deus e da
justiça). É sábio os que ouviram, não a mim, mas as minhas palavras (Iogos), reconheçam que todas
as coisas' são um.
88- Em nós, manifesta-se sempre uma e a mesma coisa: vida e morte, vigília e sono, juventude e
velhice. Pois a mudança de um dá o outro e reciprocamente.

Pitágoras (séc. VI a.C): (Doxografia)


4- O que Pitágoras dizia a seus discípulos, ninguém pode saber com segurança, pois nem o silêncio
era casual entre eles. Contudo, eram especialmente conhecidas, conforme o juízo de todos, as
seguintes doutrinas: 1) a que afirma ser a alma imortal; 2) que transmigra de uma a outra espécie
animal; 3) que dentro de certos períodos, o que já aconteceu uma vez, torna a acontecer, e nada é
absolutamente novo, e 4) que é necessário julgar que todos os seres animados estão unidos por laços
de parentesco. De fato, parece ter sido Pitágoras que introduziu por primeira vez estas crenças na
Grécia.

Parmênides de Eléia (séc. VI-Va.C):


3- Pensar e ser é o mesmo.
6- Necessário é dizer e pensar que só o ser é; pois o ser é, e o nada, ao contrário, nada é: afirmação
que bem deves considerar. ( ... )
8- Resta-nos assim um único caminho: o ser é. Neste caminho há grande número de indícios: não
sendo gerado, é também imperecível; possui, com efeito, uma estrutura inteira, inabalável e sem
meta; jamais foi nem será, pois é, no instante presente, todo inteiro, uno, contínuo. Que geração se
lhe poderia encontrar? Como, de onde cresceria? Não te permitirei dizer, nem pensar o seu crescer
do não-ser. Pois não é possível dizer nem pensar que o não-ser é. Se viesse do nada, qual
necessidade teria provocado seu surgimento mais cedo ou mais tarde? Assim pois, é necessário ser
absolutamente ou não ser. ( ... )

Anaxágoras (c.500-428 a.C):


1- Todas as coisas estavam juntas, ilimitadas em número e pequenez; pois o pequeno era ilimitado.
E enquanto todas as coisas estavam juntas, nenhuma delas podia ser reconhecida devido a sua
pequenez. Pois o ar e o éter prevaleciam sobre todas as coisas, ambos ilimitados. Pois, no conjunto
de todas as coisas, estas são as maiores, tanto em quantidade como em grandeza.

Diógenes de Apolônia (séc. Va.C):


1- Quem começa um discurso, deve, parece-me, tomar um ponto de partida incontestável e exprimi-
Io de maneira simples e digna.
2- A minha maneira de ver, para tudo resumir, é que todas as coisas são diferenciações de uma
mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente. Porque se as coisas que são agora neste mundo
- terra, água, ar e fogo e as outras coisas que se manifestam neste mundo -, se algumas destas coisas
fosse diferente de qualquer outra, diferente de sua natureza própria, e não permanecesse a mesma
coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma
maneira, misturar-se umas às outras, nem fazer bem ou mal umas às outras, nem a planta poderia
brotar da terra, nem um animal ou qualquer outra coisa vir à existência, se todas as coisas não
fossem compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, através de diferenciações,
de uma mesma coisa, ora em uma forma, retomando sempre à mesma coisa.

Demócrito de Abdera (c.460-370 a.C):


3- Aquele que quiser viver em tranqüilidade não se deve agitar demasiado, nem em sua vida
particular, nem em sua vida coletiva; o que faz, não deve ir além de sua própria força e de sua
natureza; e deve tomar cuidado para que quando vier a fortuna e tentar seduzi-I o, através de sua
opinião, à desmedida, possa afasta-Ia e guardar somente aquilo que estiver de acordo com suas
forças. Pois a plenitude comedida é mais segura do que a desmedida.
181- Melhor (educador) para a virtude mostrar-se-á aquele que usar o encorajamento e a palavra
persuasiva, do que o que se servir da lei e da coerção. Pois quem evita o injusto apenas por temor à
lei, provavelmente cometerá o mal em segredo; quem, ao contrário, for levado ao dever pela
convicção, provavelmente não cometerá o injusto nem em segredo nem abertamente. Por isso, quem
agir corretamente com compreensão e entendimento, mostrar-se-á corajoso e correto de
pensamento.
264- Não se deve temer mais aos outros do que a si próprio, como não se deve praticar o mal sob
pretexto de que ninguém ou a Humanidade inteira o saberá. Muito mais, é a nós próprios que
devemos temer, e nada de mal deve ser a lei da alma.
9- Em verdade, nada aprendemos que seja infalível, mas somente o que nos vem através da
disposição momentânea do nosso corpo e dos átomos que nos atingem ou se lhe opõem.

[1] Todas as citações dos pré-socráticos, bem como a numeração correspondente, foram extraídas de
BORNHEIM, G. (org.) Os filósofos pré-socráticos. 5" ed. S. Paulo: Cultrix, 1985
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FONTE (ARANHA, M.L.; MARTINS, M.H.P. Filosofando. S.Paulo: 2004, págs.118-119;
FRANÇA, L. Noções de história da filosofia. R.Janeiro: Agir, 1949, págs.34 e 39; MARCONDES,
D. Textos básicos de filosofia. R.Janeiro: Jorge Zahar, 2005, págs.11-12; JAPIASSÚ, H.,
MARCONDES. Dicionário básico de filosofia. R.Janeiro: Jorge Zahar, 1996)

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