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– ESTUDO DE CASO –
Resumo: O trabalho teve como tema a perícia em obras de engenharia civil, com o objetivo
de esclarecer o processo da perícia na construção, considerando seus aspectos técnicos e
legais. Especificamente, conhecer os requisitos básicos para concepção de um laudo
pericial e apresentar um estudo de caso listando os problemas patológicos identificados,
assim como as possíveis soluções a serem adotadas para a sua recuperação. Inicialmente,
na revisão de literatura, apresentam-se as terminologias básicas e conceitos diversos de
autores que militam pela Engenharia Legal. Prossegue com um breve histórico e
conceituação da perícia, a qual abrange a Engenharia Diagnóstica, mostrando ser,
juntamente com a Engenharia de Avaliações, um dos pilares da moderna Engenharia Legal.
Posteriormente, desenvolvem-se os diversos tipos de ações da perícia; de que modo ela
pode ser utilizada como meio de prova; o campo de trabalho e a atribuição profissional com
opções de atuação do Engenheiro Legal e legislação específica; definição e ética do perito,
seus direitos e deveres; o papel do assistente técnico durante as fases do processo pericial;
exposição da perícia no Código de Processo Civil (CPC), abrangendo a nomeação do perito,
quesitos, realização da perícia, laudo, esclarecimentos, inspeção judicial, prazos,
jurisprudência e o Processo Judicial Digital (PROJUDI); fixação dos honorários periciais;
inspeção predial; compreensão sobre as patologias encontradas nas construções;
comparação (diferença) entre manutenção preventiva e corretiva e, por fim, apresentação de
um estudo de caso, contendo seus resultados e considerações. Para efetivar o relato de
caso, selecionou-se a obra Unidade de Saúde Familiar de Realeza, por ser de fácil acesso
ao (a) seu (sua) executor (a) e pelas inúmeras patologias que, após a realização da perícia
e verificação minuciosa da edificação em análise, puderam ser identificadas. É possível
recomendar a importância da discussão sobre o processo de projeto, suas etapas e
desenvolvimento. Por meio da perícia e exibição do laudo técnico, juntamente com a
colaboração do relatório fotográfico, possibilitou-se reconhecer as principais origens e
causas do aparecimento de patologias nos processos construtivos, bem como sugerir
técnicas de reabilitação para atingir a melhoria e prolongar a vida útil da construção. Diante
disso, conclui-se que a melhor contribuição para redução do índice de patologias e maior
durabilidade das edificações é a de que haja coerência e qualidade no projeto e execução,
aliados a manutenção e conservação da estrutura.
Abstract: The work had as its theme the inspection of civil engineering structures, with the
aim of clarifying the process of the inspection in buildings, considering its technical and legal
aspects. Specifically, knowing the basic requirements for the design of an expert witness
report and presenting a case study listing the identified pathological problems, as well as the
possible solutions to be adopted for their restoration. Initially, in the review of literature, the
basic terminologies and the several conceptions of the authors that practice Legal
Engineering are presented. It proceeds with a brief historic and the investigation
conceptualization, which encompasses the Diagnostic Engineering, proving to be, along the
Evaluation Engineering, one of the pillars of the modern Legal Engineering. Afterwards,
many kinds of actions of the investigation have been developed; in such a way it can be used
as a means of proof; the working field and the attributions extended to professionals with the
Legal Engineer’s career options and specific legislation; expert witness definition and ethics,
their rights and duties; the technical assistant’s role during the steps of the investigation
process; presenting the investigation in the Civil Procedure Code (Código de Processo Civil
– CPC), encompassing the expert witness nomination, requirements, the investigation
conduction, the expert witness report, clarifications, official inspection, deadlines,
jurisprudence and the Official Digital Process (Processo Judicial Digital – PROJUDI); the
expert’s fees setting; land inspection; comprehension of the pathologies found in buildings;
difference between preventive and corrective maintenance and at last the presentation of a
case study which contains its results and considerations. This report has become effective by
selecting the Family Health Unit building from the city of Realeza, for providing an easy
access to its executor and for the several pathologies that have been identified after the
investigation and strict verification of the building under analysis. It is possible to recommend
the importance of the discussion of the project process, its steps and development. Through
the investigation and the display of the expert witness report, along the photographic report
cooperation, it was possible to recognize the main origins and causes of the appearance of
pathologies in the constructive process, as well as suggesting rehabilitation techniques to
achieve improvements and extending the service time of the building. Therefore, the
conclusion is that the best contribution for the decrease in pathologies rate and more service
time of the buildings is the consistency and quality of the project and its execution, allied to
the maintenance and conservation of the structure.
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, devido ao aumento do crédito imobiliário e programas governamentais de
fomento para desenvolvimento da infraestrutura do país, ocorreu um crescimento
inesperado na atividade da construção civil. Desse modo, acresceram-se também as
oportunidades de trabalho neste mesmo setor. Juntamente a isso, houve um maior
2. REFERENCIAL TEÓRICO
(2) Instrumento que o Estado coloca à disposição dos litigantes, com a intenção de
administrar a justiça (MAIA NETO, 1999).
2.2.1.2 Anomalia
2.2.1.3 Arbitramento
(1) “Avaliação ou estimação de bens, feitos por árbitro ou perito nomeado pelo
juiz” (FIKER, 1989 apud OLIVEIRA, 2009, p.11).
(2) Este tipo de atividade envolve a tomada de decisão ou posição entre as
alternativas tecnicamente questionáveis ou que decorrem de aspectos intangíveis (ABNT,
NBR 13752, 1996).
(2) “É o auxiliar da parte, aquele que tem por obrigação concordar, criticar ou
complementar o laudo do perito, através de seu parecer (...)” (MAIA NETO, 1997, apud
VIVIAN, 2005, p.2).
2.2.1.5 Avaliação
2.2.1.6 Benfeitoria
(1) Lei do direito material, ou seja, regula os próprios bens da vida (FIKER,
2008).
(2) O Código de Processo Civil fixa as regras dos procedimentos para o
andamento do processo (FIKER, 2001 apud OLIVEIRA, 2009).
2.2.1.9 Conservação
Segundo a NBR 13752 (ABNT, 1996, p.3), conservação é o “ato de manter o bem
em estado de uso adequado à sua finalidade, que implica maiores despesas que as de uma
simples manutenção”.
2.2.1.10 Construção
2.2.1.12 Custo
2.2.1.13 Dano
2.2.1.14 Defeitos
2.2.1.15 Degradação
2.2.1.16 Depreciação
(1) “Perda de valor de um bem, devido a modificações em seu estado ou
qualidade” (ABNT, NBR 14653-1, 2001, p.4).
(2) Rebaixar o valor de; não dar ou não se dar o seu devido valor (DICIONÁRIO
DO AURÉLIO ONLINE, 2008 - 2016).
(1) A NBR 14653-1 (ABNT, 2001, p.4) especifica que a engenharia legal é a
“parte da engenharia que atua na interface técnico-legal envolvendo avaliações e toda
espécie de perícias relativas a procedimentos judiciais”.
(2) Ramo de especialização da engenharia dos profissionais que possuem
registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), atuando na interface
direito/engenharia, colaborando com juízes, advogados e as partes, para esclarecer
aspectos técnico-legais envolvidos em processos (DEUTSCH, 2011).
2.2.1.19 Exame
“Inspeção, por meio de perito, sobre pessoa, coisas, móveis e semoventes, para
verificação de fatos ou circunstâncias que interessem à causa” (ABNT, NBR 13752, 1996,
p.4).
2.2.1.20 Inspeção
2.2.1.21 Laudo
2.2.1.22 Manutenção
2.2.1.23 Patologia
(1) Seu objetivo é verificar o laudo oficial, de forma clara e objetiva, visando
esclarecer a verdade acima dos interesses das partes (FIKER, 2009).
(2) Opinião, sugestão ou esclarecimento técnico emitido por
profissional legalmente habilitado de acordo com assunto de
sua especialidade (ABNT, NBR 13752, 1996).
2.2.1.25 Perda
2.2.1.26 Perícia
2.2.1.27 Perito
2.2.1.28 Projeto
(1) A NBR 5674 (ABNT, 1999, p.2) estabelece a definição de projeto como
“descrição gráfica e escrita das características de um serviço ou obra de engenharia ou de
arquitetura, definindo seus atributos técnicos, econômicos, financeiros e legais”.
(2) Determina o plano geral para edificar, compreendendo informação
característica para a concretização (ENGENHARIACIVIL.COM, 2001 - 2016).
2.2.1.29 Prova
2.2.1.30 Quesitos
(1) São perguntas escritas e articuladas que os advogados das partes, e
algumas vezes juízes e promotores de justiça, formulam relativamente aos
fatos objeto da perícia, no sentido de melhor elucidá-los ou encaminhar os
fatos levantados no curso do processo (CURI, 1998 apud TAKAHASHI,
2002, p.21).
(2) Bustamante (1996) define quesitos como “Questionamentos dirigidos aos peritos
e assistentes técnicos, pelos quais se dará o balizamento da perícia.”
2.2.1.31 Vistoria
2.3 Considerações
Nos primórdios a perícia não existia, pois no Império não admitiam a necessidade de
qualquer tipo de auxílio para as tomadas de decisões. Porém, no período republicano a
prática pericial começou a se fazer presente no Brasil (TAKAHASHI, 2002).
Deutsch (2011), em seu livro, relata que com o surgimento da industrialização e a
modificação da legislação em vigor, nasce à nova Constituição e democratização brasileira,
iniciando assim um renovado período judicial, com a introdução das perícias.
Não se pode historiar perícia de engenharia no Brasil sem comentar sobre sua
precursora, a perícia de avaliações.
A Engenharia de Avaliações aparece nacionalmente em 1850, quando de fato surge
o interesse pela propriedade privada sobre a terra com a promulgação da Lei das Terras
(Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850).
Em 1918, o engenheiro Vitor da Silva Freire já abordava conceitos relacionados ao
máximo rendimento do espaço e argumentos sobre profundidade dos terrenos.
Enquanto atuava como engenheiro avaliador, em 1928, o engenheiro Luís Carlos
Berrini desenvolvia seus estudos avaliativos, resultando nas primeiras publicações na
Revista Engenharia, entre 1936 e 1938.
Na década de 1930 regulamentou-se o exercício profissional de engenheiros,
arquitetos e agrimensores, por meio do Decreto Federal nº 23.569, de 11 de dezembro de
1933. A partir deste Decreto houve a atribuição dos referidos profissionais para elaboração
de perícias e arbitramentos.
No ano de 1939, quando se estabelece o Código Civil, são previstos, por meio dos
artigos, a nomeação de um perito do juiz e dos assistentes técnicos, designados ou não
pelas partes, nas ações judiciais.
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem
como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste código,
para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e
influir eficazmente na convicção do juiz.
De acordo com Maia Neto (1999), o campo de trabalho com maior abrangência para
quem quer atuar nessa área está ligado às perícias no âmbito do Poder Judiciário, que
ocorrem quando o material em questão envolver conhecimento técnico, podendo ser
solicitada pelas partes ou determinada pelo juiz.
Se a participação do profissional acontecer por nomeação do juiz, a sua função será
a de perito, de acordo com o CPC, enquanto que nas ocasiões em que for indicado pelas
partes ou seus advogados, este atuará como assistente técnico, a quem passará a referir-se
ao longo do trabalho pericial.
Para que haja a realização das perícias, o profissional deve, primeiramente, ter
registro no CREA. A partir disso, com o treinamento frequente e experiência adquirida,
obtém-se a habilitação profissional.
A regulamentação das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo
encontram-se na legislação, mais especificamente na Lei Federal nº 5.194, de 24 de
dezembro de 1966, onde em seu artigo 7º determina as atribuições profissionais, além de
prever, nos artigos 13 e 68, a validade dos trabalhos quando são realizados por profissionais
legalmente habilitados (MAIA NETO, 1999).
Quanto às pessoas que não dispõe de habilitação legal, a referida lei especifica:
Art. 15. São nulos de pleno direito os contratos referentes a qualquer ramo
da engenharia, arquitetura ou da agronomia, inclusive a elaboração de
projeto, direção ou execução de obras, quando firmados por entidade
pública ou particular com pessoa física ou jurídica não legalmente habilitada
a praticar a atividade nos termos desta lei.
O CPC, em seu artigo 156 da Lei Federal nº 13.105, de 16 de março de 2015, trata
do perito prevendo como ocorre a escolha dos profissionais:
Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender
de conhecimento técnico ou científico.
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente
habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.
§ 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta
pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em
jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a
conselhos de classe, ao ministério público, à defensoria pública e à ordem
dos advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos
técnicos interessados.
§ 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para
manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a
atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados.
§ 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos
termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado para
realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação
dos profissionais que participarão da atividade.
§ 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo
tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair
sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor
do conhecimento necessário à realização da perícia.
2.3.6 O Perito
Art. 149. São auxiliares da justiça, além de outros cujas atribuições sejam
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe
de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o
intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o
distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.
Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar
o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo
alegando motivo legítimo. § 1º A escusa será apresentada no prazo de 15
(quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou do impedimento
supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la. § 2º Será
organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização
dos documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para
que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a
capacidade técnica e a área de conhecimento.
Como motivo legítimo para o perito não dar continuidade com a perícia, se evidencia,
por exemplo, não se considerar apto para realizar determinada perícia; ocorrência de força
maior; a perícia ser relativa com assuntos que intervieram de algum modo com o
interessado.
O Instituto de Avaliações e Perícias de Engenharia do Pará (IAPEP (2015) - entidade
filiada ao IBAPE) apresenta que o perito deve sempre que possível:
- Manter pesquisa de preço de mercado imobiliário atualizada;
- Estudar e buscar estar sempre “por dentro” do comportamento do mercado imobiliário
local;
- Sustentar uma pequena biblioteca sobre temas pertinentes à engenharia legal;
- Trocar opiniões e experiências com colegas militantes na mesma área;
- Fazer cursos de atualização frequentemente;
- Manter um escritório autônomo, com uma completa infraestrutura básica;
- Trabalhar respeitando os critérios normativos e a ética profissional.
“Ferramentas do perito/avaliador: informática; estatística básica; matemática financeira;
legislação vigente para projeto, construção, etc.; normas técnicas; Código Civil Brasileiro;
orçamento; mercado imobiliário; pesquisa de valores” (IAPEP, 2015, p.21).
Art. 7º. O perito judicial, inscrito nos quadros do conselho nacional dos
peritos judiciais da república federativa do Brasil, obriga-se a cumprir
rigorosamente os deveres consignados neste código de ética e.disciplina.
Parágrafo único. O código de ética e disciplina regula os deveres do perito
judicial, inscritos no conselho nacional dos peritos judiciais da República
Federativa do Brasil, para com o poder judiciário, a comunidade, o cliente, o
outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de
assistência jurídica gratuita, o dever geral de urbanidade e os respectivos
procedimentos disciplinares.
Em seu livro, Fiker (2011) declara que quando o processo depender do aval técnico
ou científico, o juiz nomeará um perito judicial. Portanto, não há necessidade das partes
indicarem um assistente técnico, mas é interessante.
A função desempenhada pelo assistente técnico é acompanhar a perícia em todas
as fases, colaborando com o perito no que for possível e elaborar seu parecer técnico, que é
uma análise sobre o laudo pericial, expondo sua concordância ou discordância a que diz
respeito ao conteúdo do trabalho.
O assistente técnico opina o laudo seguindo o parâmetro técnico e segundo o
interesse do seu cliente, dentro das especificações que regem o Código de Ética
Profissional.
Conforme a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015:
A indicação do perito também poderá ser feita pelas partes, conforme o artigo 471:
Maia Neto (1999) explicita que os quesitos são perguntas formuladas pelos
advogados, e, por vezes pelo juiz e Promotor de Justiça ao perito e também aos assistentes
técnicos, referentes aos fatos periciados, no sentido de esclarecer e encaminhar as dúvidas
surgidas no processo.
A Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, declara que quando o juiz nomeia o perito,
é responsabilidade das partes arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso,
indicar os assistentes técnicos e formularem os quesitos. Se isso não ocorrer, poderão
perder a oportunidade de questionar ao longo da diligência.
O artigo 472 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, impõe que o juiz poderá
dispensar a prova pericial quando as partes manifestarem sobre as questões de fato,
pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. Com isso,
descartará a realização de perícias em casos em que ela não se fazia necessária, em
função de incontáveis evidências técnicas que podem ser repassadas ao juiz através de um
laudo particular bem estabelecido, que ofereça elementos precisos ao julgamento da
questão.
Maia Neto (1999) aponta que finalizados os procedimentos iniciais, perito e
assistente técnico deverão comparecer ao local da perícia para averiguações necessárias
ao esclarecimento dos fatos periciados individualmente ou em conjunto.
Ao decorrer do trabalho, tanto o perito quanto o assistente técnico podem utilizar de
todos os meios para obtenção de informações essenciais ao desempenho da função,
ouvindo testemunhas, solicitando documentos, utilizando projetos, mapas, planilhas,
fotografias, desenhos ou outros elementos necessários para o objeto da perícia.
Isto quer dizer que ninguém poderá impedir o trabalho ao decorrer da perícia, mas se
acontecer, o profissional, por meio de petição, tem a obrigação de comunicar ao juiz,
solicitando uma ordem para realizar a diligência, podendo também demandar reforço
policial.
Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz,
pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. §
1º As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo
do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o
assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu
respectivo parecer. § 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15
(quinze) dias, esclarecer ponto: I – sobre o qual exista divergência ou
Poderá ocorrer, por parte do juiz, a determinação para que seja realizada uma nova
perícia, mesmo que já tenham sido realizadas duas outras, não ficando a matéria
suficientemente esclarecida.
Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a coisa quando:
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos
que deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis
despesas ou graves dificuldades;
III - determinar a reconstituição dos fatos.
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção,
prestando esclarecimentos e fazendo observações que considerem de
interesse para a causa.
Maia Neto (1999), apresenta a relação dos prazos que devem ser cumpridos, não
somente para os profissionais que atuam na perícia, como também para os advogados,
mostrando que o assistente técnico é fundamental na diligência do seu cumprimento, pois
com isso ajudará o cliente que o contratou ou o advogado que confiou para que fosse
contratado.
- Quesitos suplementares:
Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo
dentro do prazo, o juiz poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela
metade do prazo originalmente fixado.
2.4.8 Jurisprudência
Quando na prática pericial não se encontram as regulamentações específicas no
Código de Processo Civil e no Código Civil (CC), pode-se solicitar jurisprudências sobre os
temas elementares (DEUTSCH, 2011).
O mesmo autor aponta que a jurisprudência, atualmente, é empregada para indicar a
associação de decisões judiciais já praticadas e também é voltada para o exercício e
preocupação com o justo. No Brasil, a expressão é designada a prática que ocorre nos
Tribunais.
A jurisprudência tem como base as sentenças emitidas pelos juízes. Os magistrados,
na análise e reconstituição de fatos e moldando-os ao ordenamento jurídico e as normas já
existentes, desempenham uma lacuna da lei.
A Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 apresenta que:
2.4.9 PROJUDI
Maia Neto (1999) apresenta que caso não haja concordância com o valor dos
honorários propostos, a parte deve recorrer à petição contendo as razões da divergência,
que serão analisadas pelo perito, que poderá reduzi-los, sendo a prerrogativa de
arbitramento do juiz.
Não há uma regra fixa para cobrança de honorários, pois esta é uma característica
individual, que varia entre o meio profissional.
Yee (2008) define que, dentro da prova pericial, os pareceres consistem nas
argumentações que os assistentes técnicos disponibilizam quando intimados da
apresentação do Laudo Pericial.
De acordo com o autor, cabem aos peritos judiciais a resposta dos quesitos
formulados e esclarecimentos dos elementos importantes ao juízo; e aos assistentes
técnicos, a apresentação de pareceres relacionando o conteúdo do laudo exposto pelo
perito. Não há impedimentos para que os esclarecimentos de perícias e/ou dos quesitos
suplementares sejam respondidos por peritos, na forma de pareceres.
2.7 Quesitos
O IBAPE/SP define inspeção predial como uma avaliação que tem como objetivo
identificar a condição geral da edificação e seus sistemas construtivos, analisando o
desempenho, funcionalidade, vida útil, segurança, estado de conservação, manutenção,
utilização e operação, ponderada às expectativas dos usuários. A partir da inspeção predial,
o síndico poderá obter uma visão ampla e detalhada do estado de conservação e
manutenção da edificação, entendendo quais são os pontos críticos que deverão ser
corrigidos.
É importante citar que a inspeção predial também é um tipo de vistoria, e para que
seja realizada deverão ser consideradas as seguintes etapas:
A patologia das construções é definida por Thomaz (1989) apud Pelacani (2010),
como uma ciência que visa estudar os defeitos dos materiais, componentes, elementos ou
da edificação como um todo, diagnosticando suas causas e determinando seus mecanismos
de evolução, formas de manifestação, medidas de prevenção e recuperação.
Deutsch (2011) declara que as patologias e/ou vícios construtivos podem se
manifestar imediatamente ou levar anos para que se façam presentes. Nestes casos, são
conhecidos como vícios ocultos ou redibitórios, ou seja, a coisa torna-se inapropriada ao fim
a que se destina, ou lhe diminui o valor.
2.9.1 Origens
2.9.1.1 Exógena
Grandiski (2001) apud Pelacani (2010, p.82) acrescenta que são causas com origem
fora da obra e provocadas por fatores produzidos por terceiros:
2.9.1.2 Endógena
A Figura 1 apresenta uma adaptação feita a partir do livro de Deutsch (2011), sobre o
sistema de combinação das etapas do método construtivo.
2.9.1.3 Natureza
3. DESCRIÇÃO DO MÉTODO
Esta pesquisa se classifica como uma pesquisa aplicada, qualitativa, bibliográfica (livros,
publicações e NBR’s) e descritiva (documental, de campo, exploratória e estudo de caso).
Moresi (2003, p.8) define que:
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com relação ao telhado, ele está sendo trocado (novamente). No início foi adotada
telha ecológica, pois seu uso ajuda a proteger o meio ambiente e traz vantagens para o
consumidor, como fácil manuseio e instalação, economia de tempo e material, resistência e
impermeabilidade. Porém, por esse tipo de telha ser mais leve e geralmente maior que a
normal, é preciso colocar a quantidade correta de parafusos nas telhas e o espaçamento
entre elas deve ser rigorosamente perfeito, senão as pontas e o meio da telha podem ceder
ao longo do tempo (CLIQUE ARQUITETURA, 2010 – 2016).
Na obra estudada, acredita-se que como houve falhas na execução da telha
ecológica, fazendo com o que o telhado cedesse, realizou-se a troca deste, substituindo a
telha ecológica por telha metálica.
As telhas metálicas oferecem maior resistência e durabilidade; vencem grandes
vãos; resistem à corrosão; são leves, tendo por consequência um menor esforço nas
Devido a provável má instalação das esquadrias, o requadro não ficou no nível e não
foi corrigido com a vedação das esquadrias. A água da chuva infiltra pelo espaço existente
entre a esquadria e o requadro. Com tanta umidade o mofo acaba surgindo e se
proliferando.
Uma possível solução é limpar a área, vedar a esquadria com silicone ou requadrá-la
e instalá-la novamente para evitar que a água infiltre e cause o mofo.
No caso da Figura 24, o descolamento da cerâmica pode ter sido proveniente da não
impermeabilização das vigas baldrames – erro de execução, o que causa estufamento na
alvenaria de vedação.
5. CONCLUSÕES/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do crescente desenvolvimento com que o setor da construção civil tem se deparado,
bem como o surgimento de novas técnicas e tecnologias, pode-se garantir que, por um lado,
esta área está reunindo condições para realizar cada vez mais trabalhos de alta qualidade.
Em contrapartida, o campo da construção sofre grandes apreensões, desde a falta de
qualidade dos projetos a serem executados até a de mão de obra qualificada para a
execução das edificações, sendo esta, certamente, o mais grave dos problemas.
Como a elaboração de projeto aponta, por vezes, déficit de estudo necessário, e sua
execução é realizada, em diversas ocasiões, num curto espaço de tempo, estes geralmente
ficam incompletos ou imprecisos, conduzindo assim, para possíveis causas de surgimento
de patologias antes de findada a vida útil que foi calculada.
Em obras que apresentam falhas ou patologias construtivas, observam-se erros não
só técnicos, mas também de caráter humano. Na edificação em estudo verificou-se que os
problemas encontrados na cobertura foram a fonte geradora de várias outras patologias na
edificação, como infiltração, goteiras, eflorescência nas paredes e vigas internas, e
REFERÊNCIAS
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Qualidade – Requisitos. Rio de Janeiro, 2008, 28p.
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Dispõe sobre o Código de Processo Civil.
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FIKER, J. Manual Prático de Direito das Construções. 3 ed. São Paulo: Livraria e Editora
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VERÇOZA, E. J. Patologia das Edificações. Porto Alegre: Editora Sagra, 1991, 172p.
VIVIAN, D. O Papel do Assistente Técnico no Processo Civil. 2005. 13p. Artigo - Centro
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YEE, Z. C. Perícia Civil – Manual Prático. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2008, 175p.