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Elementos da Comunicação

Todo texto tem alguém que o escreve, o emissor e alguém que o lê, o receptor. O que o
emissor escreve é a mensagem. O elemento que conduz o discurso para o receptor é o
canal (no nosso caso o, o canal é o papel). Os fatos, os objetos ou imagens, os juízos
ou raciocínios que o emissor expõe ou sobre os quais discorre constituem o referente.
A língua que o emissor utiliza (no nosso caso, o português) constitui o código.
Assim, através de um canal, o emissor transmite ao receptor, em um código comum,
uma mensagem, que se reporta a um contexto ou referente.
Funções da linguagem
A ênfase num elemento de comunicação determina a função da linguagem que lhe
corresponde:
ELEMENTO FUNÇÃO
Contexto Referencial
Emissor Emotiva
Receptor Apelativa
Canal Fática
Mensagem Poética
Código Metalingüística
Cada um desses elementos determina uma função da linguagem. Raramente se
encontram mensagens em que haja apenas uma; na maioria das vezes o que acontece é
uma mistura de várias funções predominando ora uma ora outra função.
Função Referencial
É a linguagem mais comum no dia a dia e privilegia o contexto. Não há preocupação
com o estilo, sua intenção é unicamente informar. É a linguagem das redações, do
discurso científico, jornalístico e da linguagem comercial. Exemplos:
Todo brasileiro tem direito à aposentadoria. Mas nem todos têm
direitos iguais. Um milhão e meio de funcionários públicos,
aposentados por regimes especiais, consomem mais recursos que os
quinze milhões de aposentados pelo INSS.
Função Emotiva
Ênfase no emissor e na expressão direta de suas emoções e atitudes.
Ela é lingüisticamente representada por interjeições, adjetivos, sinais de pontuação
(interrogação, exclamação, reticências) e agressão verbal (insultos, termos de baixo
calão) que representam a marca subjetiva de quem fala. Exemplos:
Oh! Como és linda, mulher que passas Não adianta nem tentar /
Que me sacias e suplicias Me esquecer /
Dentro das noites, dentro dos dias! Durante muito tempo em sua vida /
(Vinicius de Moraes) Eu vou viver.
(Roberto Carlos & Erasmo Carlos)
Função Apelativa
Esta função busca mobilizar a atenção do receptor, produzindo um apelo ou uma
ordem. Pode ser volitiva, revelando assim uma vontade (“Por favor, eu gostaria que
você se retirasse.”), ou imperativa que é a característica principal da propaganda.
Encontra no vocativo e no imperativo sua expressão gramatical mais autêntica.
Exemplos: Beba Coca-Cola.
Compre um e leve três Se o terreno é difícil, use uma solução inteligente:
Maria, venha cá! Mercedes-benz.
Função Fática
Se a ênfase está no canal, para checar sua recepção ou para manter a conexão entre
os falantes, temos a função fática. Nas fórmulas ritualizadas de comunicação os
recursos fáticos são comuns. Exemplos:
Bom dia! Alô, quem fala? Ah, é!
Atente para o fato de que o uso excessivo de recursos fáticos denota carência
vocabular, já que destitui a mensagem da carga semântica, mantendo apenas a
comunicação, sem traduzir informação. Exemplo:
- Você gostou dos contos do Machado?
- Só, meu. Valeu!
Função Metalingüística
A função metalingüística visa à tradução do código e à elaboração do discurso,
assim é a mensagem que fala de sua própria produção discursiva. Um livro
convertido em filme apresenta um processo de metalinguagem, uma pintura que
mostra o próprio artista executando a tela, um poema que fala do ato de escrever,
um conto ou romance que discorre sobre a própria linguagem. O dicionário é
metalingüístico por excelência. Exemplos:
Lutar com palavras A palavra é o homem mesmo. Estamos
é a luta mais vã. feitos de palavras. Elas são a única
Entanto lutamos realidade ou, ao menos, o único
mal rompe a manhã. testemunho de nossa realidade.
(Carlos Drummond de Andrade) (Otávio Paz)
Função Poética
Quando a mensagem se volta para o seu processo de estruturação tendo em vista
produzir um efeito estético, através de desvios da norma ou de combinações
inovadoras da linguagem temos a função poética, que pode ocorrer em prosa ou
verso, em qualquer modalidade discursiva que apresente uma maneira especial de
elaborar o código, de trabalhar a palavra. Exemplos:
Ponha um pouco de amor numa Porque o samba nasceu lá na Bahia
cadência E se hoje ele é branco na poesia
E vai ver que ninguém no mundo vence Se hoje ele é branco na poesia
A beleza que tem o samba, não Ele é negro demais no coração
(Vinícius de Morais)

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