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METODOLOGIAS ATIVAS NOS CURSOS

EAD
15.02.2016

As metodologias ativas constituem estratégias, métodos e técnicas promotores da


aprendizagem ativa. Aprendizagem ativa pode ser definida com base na atuação direta
do aluno no processo – ele se envolve e vai além do ver-ouvir-anotar; principalmente,
pensa sobre o que está fazendo. O papel do professor também serve como referência: o
docente sai da condição de transmissor de informações e passa a ser aquele que orienta
os estudos, oferecendo oportunidades, materiais e estratégias adequados para a
aprendizagem, ao mesmo tempo em que identifica as potencialidades dos estudantes e
os ajuda a desenvolvê-las.

Educação a distância e metodologias ativas se aproximam em pontos chave: na


flexibilidade espacial para realização de atividades, na autonomia conferida ao estudante
e na possibilidade de realizar projetos e outras tarefas em grupos.

A EAD brasileira ainda conta muitos cursos desenvolvidos a partir da transposição de


conteúdos e técnicas utilizadas em similares presenciais, arrastando para a EAD as
questões sobre a qualidade da aprendizagem. Outro aspecto a observar é a aproximação
dos modelos presencial e EAD, em combinações variadas do tempo destinado a
atividades presenciais e a distância. Considerando-se este cenário, e tendo em vista a
melhoria da aprendizagem, cabe a reflexão sobre o uso de metodologias ativas na EAD,
considerando-se as características desta modalidade.

Nos cursos a distância, o controle de horários e ritmo de desenvolvimento é transferido


para o estudante, solicitando dele mais responsabilidade, organização e constância. Em
paralelo, a abordagem pedagógica pode oferecer oportunidades interessantes para o
desenvolvimento do protagonismo e da autonomia do aluno, na medida em que solicite
interação com colegas e tutores, exposição de opiniões, pesquisas e colaboração na
realização de tarefas.
O quadro abaixo mostra demandas para a aprendizagem ativa, válidas para educação a
distância ou presencial:

Fonte: Curso Metodologias Ativas – Princípios e Ações. Sandra Rodrigues, out 2015.

Partindo de objetivos bem definidos, os Fóruns, Chats, Wikies e projetos desenvolvidos


em grupo podem tornar-se estratégias eficazes para aprendizagem ativa e
desenvolvimento de competências.

O acompanhamento apropriado para essa trajetória é fator crítico. Apresentar questões


provocadoras que propiciem o debate, incentivar a colocação das dúvidas, checar a
compreensão dos conceitos e mediar as discussões nos grupos são atribuições
indispensáveis do professor que acompanha a turma mais de perto.

Metodologias ativas chegam a educaçao


a distancia
Profissionais que trabalham na área educacional em todo o país reuniram-se na semana passada em
Foz do Iguaçu, no 23º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Educação a Distância. O
tema “metodologias ativas” esquentou as discussões entre representantes dos mais diversos setores:
escolas, faculdades, universidades corporativas, editoras e fornecedores de tecnologias.
Nos debates de que participei, a maioria compartilha a visão de que as metodologias ativas vieram
para ficar, embora revolucionar a sala de aula não implique necessariamente abandonar por completo
o modelo tradicional. Ensinar na cibercultura requer estimular o estudante a se envolver com o
conhecimento e aprender de forma cada vez mais proativa, o que depende da integração de
estratégias didáticas, de acordo com cada objetivo pedagógico.
Ou seja, não se trata de usar métodos ativos por mero modismo ou por pura experimentação, no
improviso. Para cada estratégia didática, há metodologias mais apropriadas do que outras, com
resultados específicos.
Por exemplo, se o professor busca problematizar questões e desenvolver competências ligadas à
postura investigadora, reflexão crítica e busca de soluções criativas, o PBL (aprendizagem baseada
em problemas) e os estudos de caso costumam funcionar bem. Se pretende reforçar competências
de relacionamento interpessoal, capacidade de diálogo, respeito às diferenças ou habilidades de
comunicação, as dinâmicas de grupo podem ser eficazes. Atividades de simulação e de laboratório
seriam preferíveis para a experimentação de conhecimentos práticos.
Nessa diversidade de métodos há lugar para a arte, como por exemplo em trabalhos com role-playing,
encenações teatrais ou apresentações musicais. E, por que não, para a exposição do professor, seja
em videoaulas ou presencialmente, quando se requer expor um conteúdo ou explicar uma resolução
de um desafio para todo o grupo. Tudo muito bem encadeado por uma trilha de aprendizagem
consistente e o mais personalizada possível.
A educação a distância - modalidade que mais cresce no país no ensino superior – está ajudando a
acelerar as mudanças na sala de aula tradicional. Mas não no padrão totalmente online. No congresso,
confirmei uma tendência para modelos híbridos, nos quais o estudante tenha atividades a distância,
com vídeos e exercícios interativos, e também encontros presenciais. Esse movimento valoriza o
professor, que pode aproveitar os momentos com a turma para atividades mais ricas do que exposição
de conteúdos, como debates, orientações e avaliações.
O desafio da educação a distância dos próximos anos, para implementar plenamente as metodologias
ativas, está menos nas tecnologias e mais nas competências de alunos e professores. Do aluno,
precisaremos mais autonomia, autodisciplina e uma certa maturidade. Do professor, que atue como
um arquiteto cognitivo, selecionando os melhores materiais e estratégias para cada momento da trilha
de aprendizagem.

Como aplicar a
aprendizagem ativa na
educação a distância

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Em artigo, professora defende que a EaD tem vocação para promover protagonismo dos estudantes.
Veja dicas de como fazer isso

por Sandra Rodrigues 13 de junho de 2016

A aprendizagem ativa ocorre quando o aprendiz interage com o tema em estudo, lendo e
perguntando sobre ele, relacionando o que encontra com o que já sabe, levantando
hipóteses e dizendo o que pensa. Essas ações estão relacionadas a motivação,
envolvimento e engajamento. Nesse caminho, o estudante reflete sobre o que está
pensando e, numa espécie de checagem, avalia o que já sabe e decide se precisa ou
não de mais inputs para compreender um novo conceito ou responder a uma indagação.

Essa reflexão sobre o próprio conhecimento e o processo pessoal de aprendizagem é o


que chamamos de metacognição. Conhecer a própria forma de pensar e de aprender
tende a tornar o aprendiz mais confiante, porque ele se apropria dos percursos que
funcionam melhor para o seu caso: havendo um objetivo claro, saberá que é capaz de
alcançá-lo, e de que modo. O ganho em autoconfiança torna possível maior liberdade
para tomar decisões – maior autonomia. Aqui chegamos a outro ponto: maior autonomia
é um dos ingredientes para que o aluno desenvolva o protagonismo, característica
importante durante seu período escolar/acadêmico e mais ainda depois, como
profissional e cidadão.

Os conceitos envolvidos na aprendizagem ativa são válidos para situações de


aprendizagem em geral, e educação a distância, com suas particularidades, oferece um
excelente conjunto de possibilidades.

EaD e a vocação para aprendizagem ativa

A EaD esteve relacionada à aprendizagem ativa mesmo nos primórdios, quando a


instrução se dava por correspondência e o aluno tinha que aprender com base apenas
em textos e imagens impressas. Era assim nos cursos de eletrônica, por exemplo. A
capacidade de colocar em prática o que estava escrito era treinada do único modo
possível: na interação física com o objeto – o aluno “colocava a mão na massa” para
construir o que havia sido proposto.

Hoje contamos com o enorme diferencial dado pela internet e tudo o que ela proporciona,
e os modelos de EaD cresceram e evoluíram através dela. As diferenças entre eles se
dão pela combinação entre concepção pedagógica, tipo de entrega de conteúdo e
demanda de presença dos alunos nos pólos presenciais; as possibilidades de arranjo vão
desde programas autoinstrucionais e exclusivamente a distância, até os cursos em que o
aluno realiza a maior parte das atividades no polo; entre os extremos, diferentes
proporções de presencialidade, moldadas conforme a demanda.

Cursos do sistema educacional formal (técnicos, de graduação e de pós-graduação)


estão entre esses últimos. Neles, o uso de internet é requisito indispensável e o ambiente
virtual de aprendizagem é largamente empregado como interface entre a instituição e o
aluno. Fóruns de discussão e construções colaborativas – textos, projetos e outros – são
recursos frequentemente utilizados. Essas características mais comuns estabelecem
caminhos “naturais” para aprendizagem ativa: o estudante precisa elaborar ideias e
manifestar-se nos fóruns e chats, porque geralmente é avaliado por isso; tem a chance
de produzir em colaboração com os colegas, desenvolvendo projetos, construindo wikis e
outros; pode ser incentivado a realizar pesquisas na internet ou fora dela e apresentar o
que encontrou em formatos alternativos, como um portfólio, um pequeno vídeo ou
num hangout – uma vez que a turma está distribuída em locais geograficamente
distantes.

Distância transacional

Comunicação influi decisivamente na aprendizagem. Na EaD, aluno e professor estão


separados física e/ou temporalmente, e eventuais problemas de compreensão entre
professor e estudante podem adquirir um significado maior. Esse aspecto foi considerado
na primeira tentativa de descrição de uma teoria da educação a distância, proposta por
Michael Moore no início da década de 1970; ele considerou também que a separação
geográfica afeta o comportamento de professores e alunos e o ensino-aprendizagem.
Moore criou a expressão distância transacionalpara nomear esse espaço de
comunicação entre o professor e o aluno, atribuindo a ele uma dimensão psicológica. A
distância transacional é um espaço a ser transposto, nas palavras de Moore. O desafio
dos programas em EaD é diminuir a distância transacional, minimizando os efeitos
desfavoráveis à aprendizagem.

Distância transacional é afetada por três variáveis:

Diálogo – quanto mais possibilidades de interação, menor será a percepção de distância


transacional. Vale lembrar que diálogo é a interação com uma finalidade mútua.

Estrutura – relacionada à rigidez ou flexibilidade de uma atividade educacional – o quanto


a atividade permite a intervenção do aluno. Quanto mais flexibilidade, menor a distância
transacional percebida.

Autonomia – relacionada à liberdade para tomar decisões. Maior autonomia é exigida do


aluno quando a estrutura é mais rígida e o diálogo é menor. A percepção de distância
transacional não é medida numa razão direta – a capacidade do aluno para assumir a
responsabilidade por esta autonomia também influi.

A percepção de distância transacional é subjetiva – estudantes diferentes podem ter


percepções de distância transacional diferentes para uma mesma atividade. O ideal seria
desenhar os cursos conhecendo também o comportamento dos alunos com relação a
essas variáveis.

Presença social

Dissemos que comunicação é decisiva na aprendizagem; quando se trata de


comunicação mediada por tecnologia – característica da EaD atual –, surge outro
elemento, relacionado às sensações de presença física e de estar sozinho ou com
alguém. Esse conceito é conhecido entre os pesquisadores como presença social, fator
que atua no envolvimento do estudante e também na percepção de distância
transacional. O aluno estará socialmente presente quando não houver barreiras de
distância transacional e ele se sentir engajado em atividades de interesse comum a um
grupo. Dito de outra forma, quanto maior a sensação de presença social, menor a
percepção de distância transacional. Nesta perspectiva, a interação com os colegas
ganha mais importância, e atividades que demandam colaboração com ampla interação
entre os componentes de um grupo tendem a contribuir para uma percepção de presença
social maior (mais favorável).

Aprendizagem ativa, presença social e distância transacional


As oportunidades para aprendizagem ativa na educação a distância podem ser
relacionadas à flexibilidade da atividade proposta e à frequência de diálogo que o
programa proporciona: atividades mais flexíveis tenderiam a aumentar as intervenções e
interações do aluno. Também podemos relacionar a aplicação de atividades para
aprendizagem ativa com presença social e distância transacional, como nos exemplos a
seguir.

Hoper Educação
Hoper Educação

É importante destacar que a modalidade a distância, por si só, não garante a


aprendizagem ativa. Um curso desenhado com esse fim pode não produzir o resultado
desejado se não contar com profissionais devidamente capacitados, por exemplo. Em
linhas gerais, valem para a EaD as mesmas regras básicas utilizadas na educação
presencial: ter professores preparados e comprometidos, objetivos de aprendizagem bem
definidos, atividades adequadas aos conteúdos e objetivos, e uma avaliação condizente.

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