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GUIA DE APOIO À FORMAÇÃO

PARA UMA GESTÃO CURRICULAR DIFERENCIADA NA FORMAÇÃO DE REGRESSO ÀS


AULAS

(PROFESSORES DO ENSINO PRIMÁRIO)

Equipa de professores da Escola Superior de Educação de Setúbal


José Duarte, Fernanda Botelho, Fátima Mendes, Helena Simões, Joana Brocardo, Ana
Sequeira e Nelson Matias

Novembro de 2020
ÍNDICE

1. Introdução

2. O desafio da diferenciação e o guia de apoio

3. Três ideias para apoiar a formação

ANEXO 1 – O mais importante que pode encontrar no Manual1

ANEXO 2 - Sugestão de conteúdos de formação para públicos específicos

ANEXO 3 - O que deve procurar nos Programas mínimos … para além dos conteúdos

ANEXO 4 - Ideias e planos para trabalhar diferente, com gente diferente … ou como gerir
soluções curriculares diferenciadas, para diferentes públicos, numa mesma sala

1Sempre que, neste documento, escrevermos Manual, estamos a referir-nos ao Manual de Orientações para
o retorno às actividades lectivas (PAT, 2020)

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1. Introdução
Esta publicação, que designamos por Guia de Apoio à Formação, integra-se, com outros
materiais de formação, como o Manual de Orientações para o retorno às actividades
lectivas e os Programas mínimos para a educação pré-escolar, o ensino primário e o
ensino secundário, no conjunto de materiais que o MED tem para apoiar a formação para
o regresso à escola e às actividades lectivas, de professores e alunos, que dela têm estado
privados, no âmbito da pandemia COVID-19.
A formação de professores em cascata, com 4 níveis, que está a ser posta em
funcionamento, para preparar este retorno às aulas presenciais, tem como preocupações
centrais, os cuidados sanitários da comunidade escolar e envolvente, as preocupações
com a segurança das crianças e jovens na escola e a gestão dos currículos, com base em
programas mínimos, desde a educação de infância ao ensino secundário.
Os destinatários desta formação, são um conjunto de agentes muito diversos, com funções
e responsabilidades diferentes na administração educativa, na escola e na comunidade,
tais como educadores, professores do ensino primário e secundário, directores de escolas,
técnicos de alfabetização de adultos, do PAAE e do Ensino Especial, técnicos da
administração escolar educativa municipal e provincial e coordenadores provinciais,
entre outros.
Dado o pouco tempo disponível para preparar todo o processo formativo e a importância
de assegurar algum sucesso na ‘desmultiplicação’ da formação, que se desenvolverá em
momentos muito próximos, sentimos a necessidade de proceder à elaboração de um
documento complementar de apoio ao Manual de Orientações e aos Programas mínimos,
que pudesse apoiar a gestão da formação.
Este documento, que se materializa no Guia de Apoio à Formação, pretende ajudar
formadores e professores a conhecerem melhor os recursos específicos que têm à
disposição, procurando contribuir para adequar as propostas de trabalho e gerir
diferentes respostas da formação, às necessidades diferentes deste público. Daí termos
optado por o organizar em dois documentos autónomos, embora possam existir alguns
aspectos que são comuns e que se mantêm nos dois: um dirigido à formação de
professores do ensino primário e outro dirigido à formação de professores do ensino
secundário.
Neste documento, reúnem-se as contribuições para apoiar a formação de regresso às
aulas, em particular, dos professores do ensino primário. No entanto, embora seja este
o grupo principal a que se dirige o Guia, nele são também dadas algumas indicações para
outros públicos específicos que poderão estar presentes na turma de formação do 1.º
nível, como os educadores do pré-escolar, os professores do ensino especial ou da
alfabetização de adultos e os formadores e técnicos da administração municipal e
provincial de educação.

2. O desafio da diferenciação e o guia de apoio


A formação a que este Guia diz respeito, decorrerá no nível 1, a distância, em cada uma
das capitais de província e nos restantes níveis (2, 3 e 4), presencialmente, nos municípios
e nas escolas. Assim, no nível 1 (formação a distância), os formandos estarão organizados
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em três turmas, sendo uma constituída por formadores que serão responsáveis pela
‘desmultiplicação’ da formação para os formadores municipais e, destes, para os
professores do ensino primário (PRI) e as outras duas, constituídas por professores que
serão responsáveis pela ‘desmultiplicação’ da formação para os professores do ensino
secundário (SEC).
Como referido atrás, o Guia é composto por dois documentos autónomos, dirigidos a
públicos diferentes. Este Guia, para professores do ensino primário, pretende diferenciar
o trabalho e responder aos interesses específicos dos professores do ensino primário e
tem como objectivo ajudar o formador a ir além de ‘passar um conjunto de orientações e
normas, iguais para todos os públicos’, mas informar, dar orientações e poder realizar
algumas actividades de gestão do currículo e/ou direcionadas para a prevenção e
segurança, que possam ir ao encontro dos interesses dos professores do ensino primário.
Este documento dirige-se, preferencialmente, aos formandos do 1.º nível, pensando neles
como futuros formadores dos formadores municipais, no 2.º nível, que serão depois
responsáveis pela formação dos professores do ensino primário. Por isso, deverão ser
distribuídos aos formandos do 2.º nível, que o terão como material de apoio, como futuros
formadores nos níveis 3 e, em seguida, no nível 4.

3. Três ideias para apoiar a formação


Num contexto de reduzido tempo de formação e de um processo de ‘desmultiplicação’
muito rápido, o formador precisa: (i) conhecer os recursos diferenciados mais relevantes
que tem à sua disposição, (ii) saber onde pode encontrar informações e orientações
específicas mais importantes, considerando diferentes públicos e (iii) ter orientações
sobre como pode organizar, na formação, uma actividade diferenciada, tendo presentes
na sala, públicos de classes iniciais ou de classes avançadas;
(i) Conhecer os recursos que tem à sua disposição (Manual, Programas Mínimos e
outros), o que passa por ter uma breve descrição do tipo de informação mais importante
que encontra nos diferentes capítulos do Manual (anexo 1) e da informação mais
relevante, para além da lista de conteúdos que encontra nos Programas Mínimos,
nomeadamente, a importância das indicações metodológicas e a importância de saber
selecionar os conteúdos considerados essenciais (anexo 3);
(ii) Saber onde estão informações ou orientações específicas importantes que possam
ser dirigidas ao ensino primário, o que passa por disponibilizar uma tabela de conteúdos
mais importantes e respectivo índice (anexo 2);
(iii) Ter orientações ou modelos sobre como pode organizar uma atividade
diferenciada, numa turma com professores que leccionam classes diferentes (p. ex., as
iniciais e as avançadas), o que passa por conhecer exemplos de tarefas que podem ser
propostas e exploradas, tendo em conta os aspectos de processo, como a organização dos
grupos, dos espaços e a organização do tempo, mas também os aspectos de conteúdo, face
ao público a que se dirige (anexo 4).

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ANEXO 1
O mais importante que pode encontrar no Manual

No capítulo 1 encontra as normas de organização e funcionamento da escola,


nomeadamente as sugestões para detectar, acompanhar e encaminhar os casos da COVID-
19, sugestões de medidas a adoptar na organização do espaço escolar, dentro e fora da
sala de aula, assim como os cuidados de higienização a manter. A reorganização das
actividades lectivas, nomeadamente os turnos dos professores e a divisão das turmas,
aconselhada em tempos de pandemia, são também aqui referidos. Os dois anexos
informam das orientações para os diferentes níveis de ensino e tarefas cometidas aos
diferentes actores e da forma como gerir casos de COVID nas escolas.
No capítulo 2 encontra algumas orientações gerais para a gestão dos programas
mínimos, tendo em conta o tempo reduzido de que os professores dispõem. Questões
como, seleccionar os conteúdos considerados essenciais, identificar os contributos das
várias áreas disciplinares, as articulações possíveis a realizar, assim como ter em conta a
inclusão e a equidade, são aqui referidas. Também aqui é realçada a importância de
pensar o regresso às aulas, para além dos conteúdos: ter em atenção as orientações
metodológicas, o recurso a diferentes tipos de actividades de aprendizagem (individuais,
de grupo ou autónomas, como o trabalho de casa), as fases didácticas de desenvolvimento
de uma aula, que devem ser incorporadas numa planificação e a avaliação pedagógica.
Para o ensino primário são exemplificadas, brevemente, algumas actividades a
desenvolver dentro e fora da sala de aula.
No entanto, alguns destes aspectos estão bem ilustrados, com exemplos, no capítulo 4, em
projectos possíveis de serem desenvolvidos no ensino primário, partindo de temáticas
atuais, relacionadas com a família, a saúde, a alimentação, o lixo e a higiene, entre outros.
O capítulo 3 chama a atenção para as novas atitudes que temos de ter em conta, em
tempos de pandemia e algumas actividades aconselhadas para o ensino primário, como a
realização de jogos, simulações e actividades de observação que contribuam para a
apropriação dos cuidados sanitários em íntima relação com os conteúdos curriculares. O
trabalho de casa, já referido no capítulo 2, surge como uma actividade autónoma que pode
ser desenvolvida para suprir os conteúdos não essenciais que não puderam ser
lecionados. Finalmente, é dada uma atenção especial à inclusão, ao trabalho com alunos
com deficiência e à prevenção da estigmatização e da discriminação.
O capítulo 4, Projectos educativos na escola e na comunidade, apresenta e desenvolve um
conjunto de 12 propostas de trabalho interdisciplinar que envolvem conteúdos
curriculares desde a 1.ª à 12.ª classe, partindo de temas tão diversos como a família, a
saúde, a higiene, a alimentação, os resíduos, a organização da escola e as epidemias. Estes
projectos, embora tenham sido pensados para as classes que identifica, podem ser
adaptados a outras classes, iniciais ou mais avançadas e isso pode ser um trabalho desta
formação de regresso às aulas que pode ser replicado com os seus colegas que lecionem
as mesmas classes, nas escolas.
É o caso dos projectos A nossa família e A higiene é importante para a saúde, dirigidos à 1.ª
e 2.ª classes, mas que podem ser pensados, com ligeiras adaptações, às classes de

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iniciação, mas também, à 3.ª e 4.ª classes, colocando desafios mais exigentes. Projectos
como, Recolher e separar o lixo, A minha escola ficou finalmente limpa ou Regressar à escola
em segurança e com confiança, são exemplos de projectos, elaborados a pensar numa 3.ª
e 4.ª classes, mas que, pelas mesmas razões, podem ser adaptados para as classes iniciais,
mas também para as classes mais avançadas (5.ª e 6.ª classes). E isto pode ter a ver apenas
com a natureza e o nível de dificuldade das perguntas que se colocam. De igual forma, os
projectos A comunidade onde eu vivo, Consumo de refrigerantes e alimentação saudável e
A saúde nas nossas mãos são dirigidos às classes mais avançadas do ensino primário (5.ª
e 6.ª), poderão ser adaptados a níveis mais elementares.
É neste capítulo 4 que pode encontrar ideias, quando se pensa em leccionar um
determinado conteúdo mínimo. Só que esse conteúdo não surge ‘isolado’ e sem contexto
mas, pelo contrário, aparece de forma articulada com outros, da mesma área disciplinar
ou de outras áreas. Cabe ao professor de cada classe, ‘tornar o projecto seu’, o que só pode
acontecer com a intervenção dele, elaborando perguntas mais adaptadas aos
conhecimentos dos seus alunos.

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ANEXO 2
Sugestões de conteúdos de formação para públicos específicos
A seguir apresenta-se o exemplo de uma tabela com alguns conteúdos de formação, tópicos
de desenvolvimento e páginas do Manual onde podem ser encontrados esses conteúdos,
que facilitarão o acesso a informação, ideias e material de apoio para actividades2, a
desenvolver com públicos diferentes, numa mesma sala. Nas Acções-Discussões indicam-
se questões a realçar ou sugestões para reflexão/discussão.
Para o efeito, consideramos como tema transversal da formação o Regresso às aulas –
Aprender com e na pandemia.
Tabela 1 - Destinatários: Professores do Ensino Primário3 (EP)
Páginas do
Conteúdo Tópicos de desenvolvimento Acções-Discussões
Manual
Segurança no Organização escolar. Acesso ao 10-12 Responsabilidades de
regresso às aulas recinto escolar; professores e
Higienização; directores
13-14
Casos suspeitos COVID; 12-13
Gestão de casos suspeitos Anexo 2
Orientações e Planificação e fases de uma aula 40-41 Comparar e discutir
actividades para (adaptar ao EP) potencialidades e
o Ensino Actividades diversas (trabalho dificuldades do
31-32
Primário (EP) individual, de grupo, …) na fase de trabalho individual e
32-37 (PRE) de grupo (na
desenvolvimento da aula
37-39 (PRI) formação e nas aulas)
Estratégias metodológicas
(preparação antes, fases didácticas
da aula, actividades e avaliação)
Gestão dos Saberes essenciais e articulação 39-40 Discutir: o professor
programas vertical e horizontal dos programas. pode fazer a
mínimos do As teleaulas e rádio-aulas, ponto de diferença?
30
Ensino Primário partida para a discussão. Importância dos
41-43
O TPC para consolidar e estudar projectos (saberes
50-51 articulados)
assuntos não lecionados na aula
Projectos para Temas, para classes de iniciação 59-61; 62-64 Projectos que podem
trabalhar (família, higiene e saúde), ser explorados antes
(iniciais)
conteúdos do intermédias (lixo, limpeza escola e (PRE) - Família e
saúde) e avançadas (COVID na 65-67; 68-71
Ensino Primário Higiene.
comunidade, alimentação saudável (intermédias)
e saúde). Adaptar um projecto a Projectos que podem
75-78; 79-82; ser explorados depois
outras classes: complexidade das
83-87; 88-92 (SEC) - COVID
questões, elaboração das respostas
ou os próprios conteúdos. (avançadas) democrática

2 Este material pode servir para o formador do 2.º nível usar na sua formação, mas também para os
formandos do 2.º nível terem essa informação e poderem utilizá-la, como recurso, posteriormente, no 3.º
nível, já no papel de formadores.
3 Muito do que aqui é referido, ajusta-se a educadores de infância, agentes de alfabetização e PAAE e Ensino

Especial, embora, mais à frente, sejam dadas algumas indicações mais específicas para estes públicos.

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Outras informações e orientações para públicos específicos
Como já foi referido antes, integram esta formação em cascata, fundamentalmente,
professores do ensino primário e, em menor número, professores do ensino secundário.
No entanto, embora em muito menor número, participam outros agentes educativos,
como educadores do ensino pré-escolar, técnicos e responsáveis das direcções e
repartições municipais e provinciais de educação, para além de professores que exercem
funções específicas como directores de escola, na alfabetização de adultos, no ensino
especial e outros.
Tendo em conta esta diversidade, dão-se, a seguir, algumas indicações relativamente a
recursos que podem ser mobilizados para actividades a desenvolver com esses públicos,
incluídas no Manual e algumas das quais referidas na tabela atrás incluída.
Educação Pré-Escolar/TUPI4
Para apoiar o trabalho a desenvolver na formação com educadores do Pré-Escolar,
nomeadamente das classes de iniciação, ver Educação Pré-Escolar – Orientações e
Actividades (Manual, pp. 32-37) e Algumas atitudes e actividades recomendadas às
direcções das escolas e aos professores e educadores dos diferentes níveis de ensino (Manual,
pp. 47-48).
Também se pode pensar e trabalhar sobre a articulação e continuidade entre os últimos
anos do pré-escolar e o início do ensino primário. Nesse sentido, ver Projectos para a 1.ª
e 2.ª classes, A nossa família (Manual, pp. 59-61) ou A higiene é importante para a saúde
(Manual, pp. 62-64).
Sugestão metodológica: A existência na turma de elementos do TUPI, pode ser
aproveitada para os convidar a relatar aspectos significativos da sua experiência,
integrando esses saberes no trabalho da formação, refletindo sobre potenciais
transferências dessa experiência para outros contextos, nomeadamente com as primeiras
classes do ensino primário, em escolas de zonas rurais e de grande isolamento.
Ensino/Educação Especial (EE)
Deve ser indicada aos professores do Ensino Especial,
bibliografia de apoio, recentemente editada, como elemento de
consulta para trabalho posterior, a realizar na escola e em
situações de formação, com colegas desta área: o Manual de
Educação Especial para Professores do Ensino Primário (PAT,
2018) e o Manual de Auxílio às famílias de crianças com
necessidades educativas especiais (Escola Superior Pedagógica do
Bengo, 2018).
No Manual de Orientações para o retorno às actividades lectivas,
agora editado, ver Ensino Especial, integração escolar e prevenção
da exclusão social (pp. 51-53). Aí encontra indicações sobre o que
deve ter em conta para a inclusão e a prevenção da estigmatização e da discriminação.

4 Todos Unidos pela Primeira Infância (TUPI)

8
P.A.A.E. e Alfabetização
Sugestão metodológica: Caso existam professores ou técnicos
destas áreas, convidá-los a identificar uma experiência
significativa da educação de adultos ou do PAAE, incorporá-la na
formação de forma articulada com alguns dos projectos
educativos, na escola e na comunidade (Manual, pp. 59-103).
Por exemplo, o Projecto Saúde e bem-estar físico e mental – de
olhos bem abertos (Manual, pp. 88-92), surgiu após uma leitura do
projecto, com o mesmo nome, inspirado no Projecto 3 – Saúde e
Qualidade de Vida do P.A.A.E. – Módulo I (pp. 128-176) e do
Módulo II (pp. 115-192).
Formadores e técnicos da administração educativa municipal ou provincial
As tarefas da responsabilidade das Direcções Municipais de Educação estão listadas na
página 19 do Manual de Orientações para o Retorno às Actividades Lectivas.
Sabemos que a formação em cascata irá envolver alguns formadores e técnicos da
administração educativa, nalguns casos logo em Dezembro (nível 1), na qualidade de
formadores provinciais, noutros casos em Janeiro e Fevereiro (nível 2 e seguintes) na
qualidade de formadores municipais que deverão assegurar a mobilização dos parceiros
(ONG, Igrejas, etc.), dos directores das escolas e dos pais e encarregados de educação.
Como podemos orientar estes técnicos relativamente à realização dessas tarefas?
Sugerem-se aqui algumas estratégias metodológicas para a formação em cascata, que
poderão ser implementadas com estes técnicos, quer na qualidade de formandos, quer na
qualidade de formadores. Por exemplo, quando uma “turma”/ grupo de formandos tem
um ou mais técnicos da DME, poderão ser-lhe atribuídas tarefas de enriquecimento do
trabalho de grupo pedindo-lhes que dêem contribuições sobre: (i) como poderão
identificar espaços adicionais alternativos para o funcionamento de actividades lectivas e
mobilizar os parceiros responsáveis por esses locais para a sua cedência; (ii) como irão
interagir com os directores das escolas na implementação das medidas de prevenção da
COVID-19, nomeadamente na recolha diária do lixo5 ou na criação de uma sinalética para
organizar a circulação de pessoas em cada escola6; (iii) como poderão sensibilizar os pais
e encarregados de educação para a importância da prevenção à COVID-19, na escola e na
comunidade, e para o retorno à escola, prevenindo o abandono escolar precoce. 7
Para uma boa implementação destas orientações metodológicas, sugere-se que os
técnicos presentes numa “turma”/grupo de formação, sejam inseridos em grupos de
trabalho que tenham um tema para o qual os seus contributos sejam pertinentes e tenham
maior “proximidade”. E que só sejam formados grupos exclusivamente constituídos por

5 Poderão consultar, por exemplo, o projecto educativo apresentado na página 65 do Manual de Orientações
6 O projecto educativo da página 99 do Manual de Orientações, dá ideias sobre o que poderá fazer-se.
7 O Manual apresenta na página 50 um conjunto de razões que justificam a importância acrescida dos

trabalhos para casa nestes tempos de pandemia e os pais devem ser sensibilizados para apoiarem a sua
realização pelos seus filhos.

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técnicos da DME quando o seu trabalho futuro, nesta formação em cascata, seja
exclusivamente dirigido para os directores de escolas e/ou para os parceiros da
comunidade educativa e/ou os pais e encarregados de educação, casos em que os
projectos e os temas acima identificados se podem tornar os temas essenciais desse seu
trabalho. Deverá ser sempre o seu trabalho futuro (quem serão os seus formandos no
nível seguinte da formação em cascata) a decidir que temas e em que trabalhos de grupo
os técnicos da DME deverão participar, enriquecendo-os com a sua contribuição
específica e perspectivando uma articulação da sua intervenção com a dos outros tipos de
actores/ participantes no trabalho de grupo.

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ANEXO 3

O que deve procurar nos programas mínimos, para além dos conteúdos

A importância das questões metodológicas nos programas - um exemplo da 3.ª classe


Para ‘dar e cumprir’ um programa, mínimo ou outro, não basta conhecer os conteúdos,
mas entre outros aspectos, deve ter em conta os objectivos e as questões da metodologia,
que envolvem responder, respetivamente, ao ‘para quê dar isto’ (o sentido/intenção) e
‘como dar isto’ (forma/processo).
No programa da 3.ª classe, semelhante na sua estrutura a todos os outros, sugere-se
privilegiar os conteúdos fundamentais tendo em conta o perfil de saída (Programa mínimo
do EP – 3.ª classe, p. 3) e as estratégias mais adequadas – dinâmicas de autoaprendizagem,
trabalho de grupo, trabalho de projeto, ensino por descoberta, jogos didáticos, fichas de
trabalho (Programa mínimo do EP – 3.ª classe, pp. 5-6). Nas actividades a realizar, sugere-
se ter em conta os vários níveis de aprendizagem, desde o reprodutivo ao aplicativo –
académico e social (Programa mínimo do EP – 3.ª classe, p. 7).
No nível reprodutivo, como o nome sugere, do aluno é esperado um
resultado/desempenho muito próximo do que aprendeu, enquanto no nível aplicativo se
espera que ele pense sobre o que aprendeu e mostre a aprendizagem aplicada a uma outra
situação/contexto diferente daquele em que aprendeu
Nos programas mínimos de cada uma das classes, encontra tabelas com os planos
temáticos de cada uma das áreas do Ensino Primário (LP, MAT, EM, etc.) que têm os
grandes temas e os tempos letivos sugeridos. Uma das indicações, apenas no caso da
Matemática, é não ‘esgotar’ os temas de uma só vez, mas abordá-los em dois momentos,
ao longo do ano letivo, o que tem a vantagem de, na falta de tempo, não ficar por dar o que
vem ao fim, que pode até ser mais importante que outro assunto que, cronologicamente,
vem antes. Cada grande tema tem os objectivos gerais, os subtemas, os objectivos
específicos, os conteúdos e as aulas/tempos sugeridos para cada conteúdo. É neste ‘jogo’
conteúdos-tempo que temos de identificar o que é realmente essencial, que será
exemplificado mais à frente.
Porque, neste regresso às aulas, por razões que se podem antecipar, teremos vários
constrangimentos naturais, como faltas dos alunos e professores por doença ou por
impossibilidade de se deslocarem em tempos de chuva, limitações no funcionamento de
alguns turnos/desdobramentos, face ao espaço disponível, etc. Perante os programas
mínimos, editados em maio de 2020 e face à falta de tempo para o cumprir integralmente,
os professores devem ter orientações para fazer escolhas: leccionar o que é considerado
essencial e deixar para mais tarde, ou propor como trabalho autónomo, em casa, o que
consideram secundário (ver Manual, pp. 30-32; 41-43).
Cada professor e, numa mesma escola, os professores que lecionam a mesma classe,
devem começar por olhar para o programa mínimo e decidir o que é essencial, em cada
área, ou seja, aquilo que constitui o alicerce para as aprendizagens seguintes e que tem de
ser lecionado. Já de seguida, apresentamos 3 exemplos, para 3 áreas disciplinares do
ensino primário (Matemática, Língua Portuguesa e Estudo do Meio), sobre como fazer

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escolhas relativamente aos conteúdos a leccionar, quando o tempo não permite abordá-
los todos.
Finalmente, o Manual complementa estas orientações metodológicas, referidas nos
programas mínimos, com o que designa de Estratégias Metodológicas do processo de
ensino-aprendizagem (Manual, pp. 31-32), onde se dão indicações para as diferentes fases
didáticas da aula, remetendo depois para o capítulo 4, onde se apresentam diversas
actividades de aprendizagem envolvidas em projectos de natureza interdisciplinar, com
temas privilegiadamente ligados com a saúde, a segurança, a higiene e os cuidados
sanitários face à COVD-19.
Fazer escolhas adequadas e leccionar o essencial, quando falta o tempo
Frequentemente, os programas não são cumpridos, referindo-se como causas prováveis,
por exemplo, serem demasiado longos, as condições climatéricas na época das chuvas
impedir o funcionamento de algumas salas de aula, por longos períodos, ou os professores
terem muitas faltas por razões de saúde. Nos tempos de pandemia que atravessamos e
que obrigaram à interrupção das aulas presenciais, os sistemas educativos procuram
agora recuperar algum do tempo perdido, recorrendo a programas que consideram
‘mínimos’, baseados no número de semanas de lecionação, mas salvaguardando as
competências previstas à saída de cada classe.
Mesmo assim, para enfrentar com alguma confiança os tempos de incerteza que se vão
viver, muitos professores e escolas serão chamados a fazer escolhas, quando o tempo para
leccionar todos os conteúdos, for considerado insuficiente. Aí o professor deverá saber
fazer as escolhas adequadas, garantindo que todos os alunos contactam, desenvolvem e
aprendem os conteúdos considerados essenciais e suporte das aprendizagens
posteriores. Podendo deixar ‘para trás’ ou propondo como trabalho para casa, mais ou
menos autónomo, temas que podem ser considerados secundários.
Os pequenos exemplos abaixo, podem ajudar o professor a, na falta de tempo para
cumprir todo o programa mínimo, saber como fazer escolhas diferentes do que apenas
‘cortar o que está no fim’, mas optando pelos saberes considerados essenciais, mesmo
que cronologicamente venham depois de outros, deixados para trás.
Área de Matemática
Por exemplo, quando se trabalham as operações (adição, subtração, multiplicação e
divisão), importa privilegiar: o cálculo mental, a decomposição dos números, a resolução
de problemas envolvendo a respetiva operação, a relação entre uma operação e a sua
inversa (adição – subtracção e multiplicação – divisão) e a construção e treino do
algoritmo, com números até 2 dígitos. Na falta de tempo, por exemplo, as propriedades
das operações, como conteúdo em si mesmo, pode deixar-se de lado, mas elas devem
surgir, em situações de uso, apenas para facilitar o cálculo mental e a resolução de
problemas. Assim como podem deixar-se para mais tarde os algoritmos das operações
com números mais longos (3 ou mais dígitos).
Área da Língua Portuguesa
Uma vez que a Língua Portuguesa não é para a maioria das crianças a sua língua materna,
importa desde sempre que o seu ensino se foque no desenvolvimento das competências
linguísticas e comunicativas dos alunos.
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Deste modo, criar situações comunicativas orais e escritas, simulando a realidade, torna-
se fundamental, permitindo aos alunos expandir vocabulário, criar construções frásicas,
consolidar o seu uso. A utilização de textos de outras disciplinas, de que é código
veiculador, contribui também para o seu desenvolvimento, designadamente, em
compreensão da leitura.
Neste sentido, desenvolver as competências de compreensão da leitura, de oralidade e de
escrita são de facto as aprendizagens essenciais da disciplina língua portuguesa.
Pese embora a importância do conhecimento do funcionamento da língua, e apenas a
título de exemplo, as regras do funcionamento da língua só serão eficazes se bem
utilizadas em situação. Por isso, mais do que dominar “etiquetas gramaticais”, importa
que os alunos vão utilizando e dominando a língua correctamente. Se tiver que optar,
abdique do ensino explícito da gramática e crie situações de prática de uso da língua.
Área do Estudo do Meio/Ciências da Natureza
Por exemplo, na abordagem do tema da organização e estrutura interna do corpo humano
e dos seus sistemas (digestivo, respiratório, urinário, circulatório e reprodutor) é
fundamental abordar, quer a sua constituição, quer o seu funcionamento. Por questões
de gestão de tempo não se deve centrar apenas a aprendizagem na memorização dos
órgãos que os constituem. A construção e exploração de modelos, a realização de
actividades práticas simples podem ser uma forma de aliar o conhecimento da estrutura
dos sistemas à compreensão sobre o seu funcionamento.

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ANEXO 4

Ideias e planos para trabalhar diferente, com gente diferente … ou como gerir
soluções curriculares diferenciadas, para diferentes públicos, numa mesma sala

Seguem-se três exemplos sobre como propor uma tarefa e organizar uma actividade
presencial (nos níveis 2 ou 3), numa turma com públicos leccionando diferentes classes
do ensino primário, tendo em conta os aspectos de forma, como a organização do espaço
e do tempo e os aspectos de conteúdo, seleccionados de entre os temas dos projectos do
Capítulo 4 do Manual.
Nas actividades descritas nos exemplos, é visível uma metodologia que lhes é transversal:
uma tarefa base, mais ou menos aberta, que depois de lançada no grande grupo, em
plenário, pode ser explorada de diferentes formas e com diferente profundidade, em dois
grupos diferentes, associados a diferentes classes do ensino primário (para as classes
iniciais ou avançadas, por exemplo).
Após um tempo de exploração, que é indicado aos participantes, regressa-se ao grande
grupo, para discutir em plenário a tarefa ou tarefas, começando por realçar os aspectos
transversais, progredindo dos mais simples aos mais complexos, das classes iniciais para
as mais avançadas, beneficiando uns e outros das diferentes contribuições, decorrentes
de saberes e experiências diferentes.

Planos de apoio à gestão diferenciada de uma sessão da formação

Exemplo Tema Manual (páginas) Público-alvo


1 A saúde nas nossas mãos 83-87 PRE – PRI (iniciais e
avançadas)
2 Recolher e separar lixo 65-67 PRI (iniciais e
avançadas)
3 A higiene é importante para a 62-64 PRI (iniciais e
saúde avançadas)

Legenda:
PRE (Educação Pré-Escolar); (PRI) Ensino Primário
Iniciais (classes iniciais – 1.ª e 2.ª classes); Avançadas (classes avançadas – 3.ª e 4.ª classes
e/ou 5.ª e 6.ª classes)
Recurso: Manual para o retorno às actividades lectivas (Capítulo 4 – Projectos Educativos
na Escola e na Comunidade)

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Exemplo1 (PRE-PRI): A saúde nas nossas mãos.
A turma tem educadores do pré-escolar e professores do ensino primário, uns
leccionando as classes iniciais e outros as classes mais avançadas.
No início da sessão é importante identificar o número de participantes dos tipos
considerados, neste caso, o número de professores que lecciona o pré-escolar/1.ª e 2.ª
classes e as 3.ª e 4.ª classes.
Adaptado do projecto A saúde nas nossas mãos (Manual, pp. 83-87)

Trabalho com todo o grupo (em plenário)


Lançamento de trabalho
A sessão tem início com um diálogo com os formandos sobre o significado da expressão
“A saúde nas nossas mãos”. O formador deve dar um tempo para a participação e salientar
que a expressão pode ter um significado mais restrito e literal, relacionado apenas com a
higiene, ou um significado mais global, relacionado com o que todos podemos fazer
individual e colectivamente, pela nossa saúde, em tempos de pandemia COVID 19.
A actividade que se propõe em seguida tem como objectivo introduzir o tema do trabalho
em pequeno grupo e criar uma dinâmica entre os formandos e não deve ser nunca
encarada numa perspectiva de avaliação de comportamentos. O formador lança as
questões: Durante quanto tempo lavamos as nossas mãos? Lavamos bem as nossas mãos?
A pares, os formadores devem procurar as respostas para as perguntas simulando o acto
de lavar as mãos: alternadamente, um formando, de olhos fechados, simula o acto de lavar
as mãos e o colega regista o tempo e observa e depois trocam de papéis. Devem ser
registados os tempos e as etapas da lavagem efectuadas e não efectuadas, de acordo com
as indicações dos serviços de saúde (pág. 86 do manual).

A partilha pode ser feita apenas oralmente, pedindo a participação de alguns formandos,
mas também pode ser construída uma tabela com os 6 movimentos presentes na figura,

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assinalando-se os que foram efetuados e os que não foram bem como o tempo da lavagem
simulada, de acordo com os dados recolhidos (ver tabela seguinte).
Tempo Palmas Costas Entre os Costas Polegares Ponta
Exemplos (simulação com das mãos dedos dos dos
(formandos) da lavagem palmas dedos dedos
das mãos) a b c d e f

A 10 s Sim Sim Sim Não Sim Não


O formador explora brevemente os resultados: comparar os tempos registados com os


tempos recomendados pelos serviços de saúde, identificar as etapas de lavagem das mãos
mais e menos frequentes (ver exemplo preenchido na tabela).
Mais uma vez deve ser reforçado que não se trata de avaliar e identificar quem lava bem
ou menos bem as mãos, mas sim de reconhecer a importância de nos questionarmos e de
como o auto-conhecimento pode ser um ponto de partida para a mudança dos nossos
comportamentos.
A partir desta introdução é feita a proposta de os formandos, em grupo, pensarem em
possíveis ideias/actividades que poderiam desenvolver nos seus contextos de trabalho
(classes do pré-escolar e do ensino primário, iniciais e classes do ensino primário, mais
avançadas), identificando também os recursos necessários para a sua concretização.
Tempo de duração (aproximado), do lançamento do trabalho, em grande grupo: 60
minutos.

Trabalho em pequeno grupo


Em seguida, os formandos separam-se em dois grupos com os seguintes objectivos:
Grupo de professores do pré-escolar e das classes iniciais – pensar em tarefas das
áreas de Matemática (Representação Matemática), Língua Portuguesa (Comunicação
linguística e literatura infantil) e Estudo do Meio (Meio Físico e Social) que possam ser
exploradas com os seus alunos e que tenham como ponto de partida a temática da higiene
das nossas mãos. Identificar os recursos necessários para cada caso.
Grupo de professores das classes avançadas – partindo do tema da saúde e do corpo
humano, tendo em conta os programas mínimos, pensar em tarefas das áreas de Estudo
do Meio (EM), Língua Portuguesa (LP) e Matemática (MAT) que possam ser exploradas
com os seus alunos e que tenham como ponto de partida a temática da higiene das nossas
mãos. Identificar os recursos necessários para cada caso.
No caso de cada um destes grupos ter muitos elementos, ainda poderá ser subdividido em
subgrupos, desde que se mantenham em cada um apenas professores do pré-
escolar/classes iniciais ou das classes avançadas.
Produto esperado – pelo menos, uma tarefa de cada uma das áreas disciplinares
identificadas, articuladas entre si e de acordo com a temática em estudo, que serão

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apresentadas no grande grupo. Para cada uma devem ser indicados os objectivos, de
acordo com os programas mínimos, o modo de as explorar na sala de aula e os recursos
necessários à sua implementação.
Tempo de duração aproximado, do trabalho em pequeno grupo: 45 minutos

Trabalho em grande grupo (em plenário)


Esta parte da sessão será orientada pelo formador, que dará a palavra a um relator de
cada grupo, para apresentar os produtos resultantes do trabalho anterior.
Depois de cada apresentação deve haver um tempo de discussão, de modo que os outros
participantes possam também dar contributos ou fazer perguntas.
No final, deve haver um momento de sistematização do trabalho realizado, evidenciando
os seguintes aspectos:
- A possibilidade de trabalhar todas as áreas disciplinares a partir de um mesmo
tema;
- A mesma temática de partida poder ser trabalhada com alunos de diferentes
classes, adequando as tarefas às classes e aos objectivos curriculares;
- As tarefas poderem ser articuladas entre si, embora sendo de áreas disciplinares
diferentes.
No caso de considerar que faz sentido, o formador pode apresentar o projecto A saúde nas
nossas mãos e as tarefas aí incluídas (pp. 83-87 do Manual).
Tempo de duração (aproximado) do trabalho em grande grupo: 45 minutos.

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Exemplo 2 (PRI iniciais-avançadas): Recolher e separar o lixo
A turma tem professores do ensino primário, uns leccionando as classes iniciais e outros
as classes mais avançadas.
No início da sessão é importante que o formador identifique o número de participantes
dos tipos considerados, neste caso, o número de professores que lecciona as 1.ª e 2.ª
classes e as 3.ª e 4.ª classes.
Adaptado do projecto Recolher e separar o lixo (Manual, pp. 65-67)

Trabalho com todo o grupo

Numa primeira parte da sessão é introduzido o tema, pelo formador, por exemplo a partir
do pequeno texto da p. 65.

Podem também ser apresentados pelo formador os objectivos gerais do projecto:


• Analisar criticamente informação escrita sobre a limpeza do ambiente.
• Identificar características dos resíduos, de modo a fazer a sua recolha selectiva.
• Valorizar a promoção de um ambiente livre de lixo.
• Desenvolver a consciência ambiental dos alunos, de modo a preservar o meio em
que vivem.
A partir da temática apresentada, é feita a proposta de os formandos, em grupo, pensarem
em possíveis ideias/actividades que poderiam desenvolver nos seus contextos de
trabalho (classes do ensino primário iniciais e classes do ensino primário mais
avançadas), identificando também os recursos necessários para a sua concretização.
Para que seja entendido o que se pretende, o formador pode apresentar como exemplo
uma proposta de trabalho pensada para os anos mais avançados, na área da Matemática:

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Tarefa 2. Resolver problemas (Manual, p. 66)
O excerto da notícia analisado na tarefa 1 pode ser o contexto para a resolução de um
conjunto de problemas como os seguintes:

Retirado de https://ecoangola.com/limpeza-de-praia-mussulo-em-luanda-angola/

1. Houve 126 voluntários que recolheram o lixo da ilha do Mussulo. Estes voluntários
foram organizados em grupos de 6 pessoas. Quantos grupos se formaram?
2. Na ilha do Mussulo foram recolhidos 52 sacos de resíduos. Numa outra campanha na
praia, em Benguela, foi recolhido o quádruplo do número de sacos. Quantos sacos
foram recolhidos na praia em Benguela.
3. Para a limpeza da praia de Benguela, os voluntários foram organizados em grupos de
5 pessoas e formaram um total de 35 grupos. Quantos voluntários participaram na
limpeza da praia?
4. Na ilha do Mussulo, o grupo da Eunice recolheu 24 garrafas de plástico, cada uma
com capacidade igual a 1,5 litros de água e o grupo do Justino recolheu 60 garrafas
de plástico com capacidade de 0,5 litro. O Justino virou-se para a Eunice e disse-lhe:
Se enchêssemos as garrafas com água, eu precisava de mais água do que tu! Descobre
se o Justino tem razão.

Ainda em grande grupo, podem ser analisados os problemas anteriores e identificar de


que modo se relacionam com os conteúdos das 3.ª e 4.ª classes, nomeadamente nos
programas mínimos.
Tempo de duração (aproximado), do lançamento do trabalho, em grande grupo: 30
minutos.

Trabalho em pequeno grupo


Em seguida, os formandos separam-se em dois grupos com os seguintes objectivos:
Grupo de professores das classes iniciais – pensar em tarefas das áreas de Matemática,
Língua Portuguesa e Estudo do Meio que possam ser exploradas com os seus alunos e que
tenham como ponto de partida a temática de Recolher e separar o lixo. Identificar os
recursos necessários para cada caso.
Grupo de professores das classes avançadas – analisar as tarefas de Matemática já
propostas e discutir a sua adequação às suas classes, tendo em conta os programas
mínimos e pensar em tarefas das áreas de Língua Portuguesa (LP) e Estudo do Meio (EM)

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que possam ser exploradas com os seus alunos e que tenham como ponto de partida a
temática de Recolher e separar o lixo. Identificar os recursos necessários para cada caso.
No caso de cada um destes grupos ter muitos elementos, ainda poderá ser subdividido em
subgrupos, desde que se mantenham, em cada um, apenas professores das classes iniciais
ou das classes avançadas.
Produto esperado – pelo menos, uma tarefa de cada uma das áreas disciplinares
identificadas, articuladas entre si e de acordo com a temática em estudo, que serão
apresentadas no grande grupo. Para cada uma devem ser indicados os objectivos, de
acordo com os programas mínimos, o modo de as explorar na sala de aula e os recursos
necessários à sua implementação.
Tempo de duração aproximado, do trabalho em pequeno grupo: 60 minutos

Trabalho em grande grupo


Esta parte da sessão será orientada pelo formador, que dará a palavra a um elemento ou
(um relator) de cada grupo, para apresentar os produtos resultantes do trabalho anterior.
Depois de cada apresentação deve haver um tempo de discussão, de modo que os outros
participantes possam também dar contributos ou fazer perguntas.
No final, deve haver um momento de sistematização do trabalho realizado, evidenciando
os seguintes aspectos:
- A possibilidade de trabalhar todas as áreas disciplinares a partir de um mesmo
tema;
- A mesma temática de partida poder ser trabalhada com alunos de diferentes
classes, adequando as tarefas às classes e aos objectivos curriculares;
- As tarefas poderem ser articuladas entre si, embora sendo de áreas disciplinares
diferentes.
No caso de considerar que faz sentido, o formador pode apresentar o projecto Recolher e
separar lixo e as tarefas aí incluídas (pp. 65-67 do Manual).
Tempo de duração (aproximado) do trabalho em grande grupo: 60 minutos.

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Exemplo 3 (PRI iniciais-avançadas): A higiene é importante para a nossa saúde
A turma tem professores do ensino primário, uns leccionando as classes iniciais e outros,
as classes mais avançadas.
No início da sessão, é importante identificar o número de professores que lecciona as 1.ª
e 2.ª classes e as 3.ª e 4.ª classes, ou até mesmo as 5.ª e 6ª classes.
Adaptado do projecto A higiene é importante para a nossa saúde (Manual, pp. 62-64)

Trabalho em grande grupo


Numa primeira parte da sessão, o formador introduz o tema, partindo do cartaz que se
encontra na página 62 do manual, estabelecendo um diálogo com os formandos sobre
cuidados a ter com a higiene pessoal (lavagem das mãos, limpeza dos sapatos antes de
entrar em casa ou na sala de aula, desinfeção das superfícies, como mesas e carteiras, etc.).

Deve ainda apresentar os objectivos da sessão


• Desenvolver a compreensão e expressão orais.
• Conhecer e saber utilizar cuidados de higiene.
• Elaborar um cartaz, sobre o tema.
• Elaborar tarefas das áreas de Língua Portuguesa, Matemática e Estudo do
Meio para as classes iniciais e avançadas do Ensino Primário

A partir da temática apresentada, o formador propõe aos formandos que, em grupo,


pensem em possíveis ideias/actividades que poderiam desenvolver nos seus contextos de
trabalho (classes iniciais do ensino primário ou classes mais avançadas), identificando
também os recursos necessários para a sua concretização.
Para uma melhor compreensão do que se pretende, o formador pode apresentar, como
exemplo, uma proposta de trabalho pensada para os anos iniciais, na área da Língua
Portuguesa e que se apresenta a seguir.
Tarefa 1. Os cuidados de higiene do Benjamim (Manual, p. 62)
O formador solicita a vários formandos que descrevam o que observam em cada uma das
imagens do cartaz. Em seguida, refere que o menino do cartaz se chama Benjamim e

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questiona vários formandos sobre a importância da higiene pessoal como contributo para
a saúde de cada um, em especial, no momento presente da pandemia COVID 19.
Podem ser feitas perguntas como:
- Porque é que o Benjamim deve lavar as mãos durante muito tempo?
- O Benjamim tem muito cuidado com a sua higiene pessoal. Sabes porquê?
- Porque se deve desinfectar a carteira da sala de aula?
- Porque é importante limpar os sapatos antes de entrar em casa?
Os formandos podem ir registando, no quadro, as palavras que consideram poder ser
novas aprendizagens dos seus alunos. Em trabalho de grupo8, os formandos escrevem
palavras e/ou frases simples sobre o tema, consoante o que consideram ser o nível de
desenvolvimento dos seus alunos:
Exemplos de palavras Exemplos de frases simples
sabão Eu lavo as mãos com sabão.
gel O álcool em gel é caro.
higiene Usar máscara é importante.
máscara ...

Em grande grupo, pode ser analisada esta proposta, as suas potencialidades e identificado
de que modo se relaciona com os conteúdos das 1.ª e 2.ª classes.
Tempo de duração (aproximado), do lançamento do trabalho: 30 minutos.

Trabalho em pequeno grupo


Em seguida, os formandos separam-se em dois grupos, com os seguintes objectivos:
Grupo de professores das classes iniciais – Elaborar tarefas das áreas de Língua
Portuguesa, Matemática e Estudo do Meio que possam ser exploradas com os seus alunos
e que tenham como ponto de partida a temática A higiene é importante para a nossa saúde.
Deverão identificar os recursos necessários para cada caso.
Grupo de professores das classes avançadas – Elaborar tarefas de Língua Portuguesa
que se adequem às suas classes, tendo em conta os programas mínimos, articulando-as de
forma a abrangerem as áreas da Matemática e Estudo do Meio. Por isso, deverão também
elaborar tarefas para estas áreas. Estas tarefas devem poder ser exploradas com os seus
alunos e terem como ponto de partida a temática da importância da higiene para a saúde
pessoal. Deverão ainda identificar os recursos necessários para cada caso.
Produto esperado – No mínimo, uma tarefa de cada uma das áreas disciplinares
identificadas (MAT, LP e EM), articuladas entre si e de acordo com a temática em estudo.

8O trabalho de grupo aqui referido, é apenas uma forma mais produtiva de trocar ideias e trabalhar, mas
dentro do plenário, e para as mesmas classes.

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Para cada uma, devem ser indicados os objectivos, de acordo com os programas mínimos,
o modo de a explorar na sala de aula e os recursos necessários à sua implementação.
Tempo de duração (aproximado), do trabalho em pequeno grupo: 60 minutos

Trabalho em grande grupo


Esta parte da sessão será orientada pelo formador, que dará a palavra a um elemento ou
(relator) de cada grupo, para apresentar os produtos resultantes do trabalho anterior.
Depois de cada apresentação, deve haver um tempo de discussão, de modo que os outros
participantes possam também dar contributos ou fazer perguntas.
No final, deve haver um momento de sistematização do trabalho realizado, evidenciando
os seguintes aspectos:
- a possibilidade de trabalhar todas as áreas disciplinares a partir de um mesmo
tema;
- a mesma temática de partida poder ser trabalhada com alunos de diferentes
classes, adequando as tarefas às classes e aos objectivos de cada programa;
- as tarefas poderem ser articuladas entre si, embora sendo de áreas disciplinares
diferentes.
No caso de considerar que faz sentido, o formador pode apresentar o projecto A higiene é
importante para a saúde, bem como as tarefas aí incluídas, que se encontram nas páginas
62 a 64 do Manual.
Tempo de duração (aproximado) do trabalho em grande grupo: 60 minutos.

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