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PROGRAMA DE PLANIFICAÇÃO E GESTÃO EDUCATIVA

4º ANO – ANUAL. PEDGAGOGIA

2 HORAS (1HT + 1HTP)

TOTAL: 60 HORAS

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA :
A educação é hoje considerada como um promotor essencial do
desenvolvimento da sociedade, quer esta seja considerada sob ponto de
vista económico, político ou social. Quando se considera a necessidade de
promover o crescimento económico, de modernizar o sistema social e
político ou fazer dos cidadãos membros participantes, críticos e
responsáveis da sociedade, a educação aparece como elemento-chave,
nas medidas a tomar. É por isso que muito se tem investido desde os anos
50, na expansão da educação e em reformas educativas.

A maior parte dos Governos vêem a educação como investimento


importante, dedicando-se cada ano grandes somas de dinheiro ao
fornecimento da educação a todos os níveis. O Governo gasta dinheiro em
infra-estruturas, como edifícios escolares, no pagamento dos professores
e de outro pessoal, e no fornecimento de materiais e meios. Assegurar
que o dinheiro disponibilizado para a educação seja gasto de maneira
sensata é, portanto, uma necessidade séria para cada Governo.

É, pois, muito importante que o aparelho administrativo funcione bem e


de maneira rentável.

Assim, as escolas públicas são responsabilizadas, visto que os seus


recursos são fornecidos por terceiros. Para que possam continuar a existir,
tais escolas têm de demonstrar que utilizam seus recursos de modo
conducente à satisfação do público.

É de salientar também, que os directores dessas escolas, devem estar


conscientes de que são responsáveis não só perante o Governo, mas

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também perante os alunos, os pais e encarregados de educação e a
comunidade na qual a escola esta inserida.

Como já tínhamos acima referido, “ obviamente, não é tarefa fácil e não é


de estranhar que a reforma educativa tenha voltado a constituir tema de
debate importante, na primeira linha das preocupações da maioria dos
governos dos países desenvolvidos, justamente por ser reconhecer à
educação esse papel-chave na modelação do futuro, em termos de
desenvolvimento, equilíbrio social, coexistência internacional e espírito de
solidariedade. (GRILO et al, 1992).

Compreendendo toda a dinâmica de uma reforma educativa, é fácil de ver


que ela não pode ser devidamente implementada sem o concurso dos
serviços de planificação e gestão educativa.

1.1. OBJECTIVOS DA DISCIPLINA:

1.1.1. Objetivo Geral


Fornecer aos estudantes uma visão global do processo de planificação e
gestão educativa.

1.1.2. Objetivos específicos


No fim deste programa os estudantes devem ser capazes de:

- Identificar os diversos elementos que devem ser tomados em


consideração, durante a formulação e a execução do plano para atingir os
resultados esperados;

- Participar activamente na elaboração das estratégias de formulação e


execução dos instrumentos correspondentes;

- Identificar os elementos – chave que permitam a formulação e a


execução de um plano de educação;

- Adquirir uma ideia global do que é a gestão em geral, e a gestão


educativa em particular;

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- Conhecer princípios e práticas da gestão adaptáveis a organização
escolar;

- Identificar as principais características organizacionais das escolas e as


suas influências no processo docente educativo.

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PROGRAMA ANALÍTICO

I. INTRODUÇÃO À CADEIRA

1.1-Objectivos da disciplina
1.1.1.Objectivo geral.
1.1.2.Objectivos Específicos.
1.2-Conceitos
1.2.1-Gestão
1.2.2-Planificação
1.2.3-Educação
1.2.4-Desenvolvimento

1.3. Apresentação da disciplina

CAPÍTULO II: GESTÃO


2.1-O que é a gestão?
2.2-Quais são as suas funções básicas?
2.3-Quais são as suas funções alargadas?
2.4-Qual é o perfil do gestor eficaz?
CAPÍTULO III: GESTÃO EDUCATIVA
3.1-A escola como organização
3.2-As escolas eficazes
3.3-O Projecto Educativo da Escola
3.4-Autonomia da escola
3.5-A gestão da turma
3.6-O Director de escola

CAPÍTULO IV: PLANIFICAÇÃO


4.1-O que é a planificação

4.2-Tipos de planos

4.3-Importância da planificação

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4.4-Benefícios da planificação

4.5-Etapas da planificação

4.6-Fases do processo de planificação

CAPÍTULO V: PLANIFICAÇÃO EDUCATIVA


5.1-O que é a planificação educativa?

5.2-Os níveis de planificação educativa

5.3-A planificação estratégica

5.4-O diagnóstico da educação

5.5-A elaboração do plano da educação

5.6-A execução e avaliação do plano da educação

METODOLOGIA
A Cadeira de Planificação e Gestão Educativa é anual e foi concebida no
Plano Curricular do ISKA para ser ensinada no 4º Ano do curso de
Pedagogia, sendo uma cadeira de especialidade.

Por razões objectivas, a estrutura do programa está por 2 horas semanais


ao longo dos dois semestres, totalizando cerca de 60 horas/ano.

Durante o ensino da Cadeira, o Professor deverá aproveitar todas as


ocasiões para estimular os estudantes à investigação científica.

A Cadeira apresenta uma complexidade de conteúdos e por isso, alerta-se


ao Professor para a necessidade de orientar duma forma sistemática os
estudantes para o objectivo geral da Cadeira, de cada unidade e de cada
aula específica, visando ajudá-los a sistematizar os conhecimentos mais
importantes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Álvaro, D.S. (2013). O papel do Director de Escola face à Reforma
Educativa: Um estudo de caso- Instituto Médio Politécnico do Cacuaco.
Lisboa. Editora Pedagos.

- AMARO, Rogério Roque. “Desenvolvimento- um conceito ultrapassado


ou em renovação? Da teoria à prática e da prática à teoria.”

- Dicionário Temático “ LAROUSSE”, Psicologia (1999).

- Dicionário de Língua Portuguesa Prestígio de Plural Editoras/Porto


Editora.

- GRILO, E. Marçal et al. (1992). “ Algumas considerações sobre as


reformas da educação” in Colóquio/ Educação e Sociedade. Pp 11-27.

- Jean Piaget, para onde vai a educação? Rio de Janeiro, 1988

- LEIF, J. (1999). Vocabulário técnico e crítico da pedagogia e das ciências


da educação.

- NEIROTTI, NERIO & POGGI, Margarita (2005). Alianças e Inovações em


projecto de desenvolvimento educacional local. Brasília: Representação da
UNESCO no Brasil.

- UNESCO-GABINETE DE ESTUDOS E PLANEAMENTO DO MINISTÉRIO DA


EDUCAÇÃO/PORTUGAL (1998). As funções da administração da Educação.
Lisboa: Sodilivros.

- Whitehead, A., Os fins da educação, São Paulo, Nacional, 1966.

SAIBAS:

“ VOCÊ ESTÁ CONDENADO A CAMINHAR DE MÃOS DADAS COM A


EDUCAÇÃO “.

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“ TUDO CIRCULA EM VOLTA DA EDUCAÇÃO “.

“ NADA NO MUNDO SE ERGUE SEM EDUCAÇÃO “.

“ SEJA EDUCADO PARA EDUCAR!” TITILÁ

« Quem tem talentos, vence por méritos».

O DOCENTE

MsC. DOMINGOS SEBASTIÃO ÁLVARO

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PROGRAMA DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

1º ANO – ANUAL. PEDGAGOGIA

3 HORAS ( 2HT + 1HTP/ 4 UC )

TOTAL : 90 HORAS

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA :
A História da Educação parte do pressuposto de que, a educação
enquanto prática fundamental da existência histórico-cultural dos
homens, ela precisa ser ou continuar a ser pensada para nos permitir
estabelecer as inter-conexões históricas fundamentais; considerar cada
questão do ponto de vista de como surgiu a educação num determinado
período, as etapas fundamentais pelas quais ela passou, durante o seu
desenvolvimento e partindo dessa análise, compreender em que se
converteu o fenómeno educativo, na actualidade.

O ensino desta cadeira aos estudantes ligados às Ciências da Educação


mais especificamente aos cursos de Pedagogia, tem como um dos
principais objectivos oferecer-lhes os fundamentos básicos sobre o
desenvolvimento do processo educativo, ao longo dos tempos. Mais do
que possibilitar esse conhecimento teórico sobre a educação,permite aos
estudantes do Curso de Pedagogia uma postura que permeie toda a
prática pedagógica. Essa postura induzirá os estudantes a uma atitude de
reflexão permanente diante dos problemas educacionais, levando-os a
tratar duma maneira séria e atenta e oferecendo-os recursos para que os
enfrentem com maior rigor, lucidez e firmeza.

A ligação entre a teoria e a prática é fundamental na educação. Por isso,


partilhamos da ideia de que a Filosofia, a História e a Sociologia da
Educação são inseparáveis.

A análise sobre a História da educação põe em evidência a sua


importância mundial bem como, a experiência escolar e a sua influência
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no pensamento pedagógico e na prática escolar progressista da
humanidade. Por isso, o estudo desta cadeira não só deve desempenhar
um papel importante no aumento da cultura pedagógica dos estudantes
como também deve contribuir para o incremento da sua mestria
pedagógica.

OBJECTIVOS :
- Contribuir para elevar a cultura pedagógica dos futuros professores
angolanos e fortalecer a sua mestria pedagógica para influenciar o
pensamento pedagógico e a prática escolar em Angola.

- Oferecer uma análise histórica da educação através do estudo dos


diferentes períodos históricos desde à antiguidade até aos nossos dias.

- Conhecer a importância mundial da educação através da sua análise


histórica e da prática escolar e a influência do pensamento pedagógico
europeu nalguns países em vias de desenvolvimento.

- Analisar os problemas pedagógicos mais importantes que se debatem


no âmbito internacional contribuindo para a preparação dos professores
angolanos na solução dos problemas com que enfrentam na prática,
diariamente.

- Adquirir capacidades e habilidades para analisar os fenómenos


educativos no espaço e no tempo relacionando-os com o
desenvolvimento económico e social de Angola.

- Ordenar e sistematizar as ideias sobre a educação desde a antiguidade


até aos nossos dias e mostrar as perspectivas para o futuro.

- Evidenciar o caminho que a educação vem percorrendo através dos


séculos para melhor compreender a educação as suas causas e buscar
superar a crise educacional.

- Compreender a educação actual em Angola para possibilitar a formação


duma visão onde o passado serve para vislumbrar o futuro.

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- Possibilitar a construção dos melhores meios de tornar a educação num
instrumento de libertação e de desenvolvimento humano, no nosso País.

PROGRAMA ANALÍTICO

INTRODUÇÃO À CADEIRA

0.1- Significação, importância e objecto de estudo da história da


Educação.
0.2- A relação entre a História, Filosofia e a Socialogia da Educação.

CAPÍTULO I: A educação na Comunidade Primitiva

1- A origem da educação; 2- A educação nos primeiros tempos da


Comunidade Primitiva; 3- A educação no período da decomposição
da Comunidade Primitiva.

CAPÍTULO II: A educação na Sociedade Esclavagista

O Pensamento Pedagógico Oriental : Confúcio; O Pensamento


Pedagógico Grego : A educação em Esparta; A educação em Antenas; As
contribuições de Sócrates, Platão e Aristóteles à educaçaão; O
Pensamento Pedagógico Romano; As contribuições de Cícero e Quintiliano
à educação.

CAPÍTULO III: A educação Europeia na Época Medieval


O Pensamento Pedagógico no início da Época Medieval; A educação
Escolástica; A Educação Cavalheiresca; Santo Agostinho e São de Aquino;
O Pensamento Pedagógico Renascentista: As contribuições dos principais
pedagogos : Vitorino de Feltre; Erasmo Desidério; Juan Luis Vives;abelais;

Montaigne; Lutero; Jesuítas.


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CAPÍTULO IV: A educação na Época Moderna
O Pensamento Pedagógico Moderno ( Coménio; John Locke ); O
Pensamento Pedagógico Iluminista ( Rousseau; Kant; Pestalozzi; Herbert);

O Pensamento Pedagógico Positivista ( Durkheim; Spencer; Whitehed );

O Pensamento Pedagógico Socialista ( Morus; Marx, Engels e Lenin;


Lunatcharski; Kruspskaia; Makarenko; Vigotski ; Mao Tsé – Tung; Gramsci).

CAPÍTULO V: A educação na Época Contemporânea


O Pensamento Pedagógico da Escola Nova ( Kilpatrik; Decroly;
Montessori; Fenomenológico – existencialista ( Buber; Korczak; Gusdorf;
Pantillon ); O Pensamento Pedagógico Anti – Autoritário ( Freinet; Wallon;
Rogers; Lobrot); O Pensamento Pedagógico Crítico ( Althusser; Baudelot e
Establet; Bourdieu e Passeron ).

CAPÍTULO VI: A educação nos Países do Terceiro Mundo


As ideias sobre a educação nos Países Latino – Americanos; José Julian
Martí; Luzuriaga; Rosa Torres; Maria Teresa Nidelcoff, Emilia Ferreiro.

As ideias sobre a educação em África; Amílcar Cabral; Julius Nyerere.

CAPÍTULO VII: A educação em Angola


A educação no período colonial; A educação no período Socialista.

As ideias pedagógicas de Agostinho Neto; A educação depois dos


acordos de Bicesse; A Reforma Educativa em curso no País; A educação
tradicional em Angola.

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CAPÍTULO VIII: As Perspectivas Actuais sobre a educação

A educação permanente; A Tecnologia e a Ecologia; A Escola Única e


Popular; Uma nova Pedagogia; A UNESCO.

METODOLOGIA
A Cadeira de História da educação é anual e foi concebida no Plano
Curricular do ISCED para ser ensinada no 1º Ano de Pedagogia, sendo uma
cadeira de especialidade.

Por razões objectivas, a estrutura do programa está por 4 horas semanais


ao longo dos dois semestres, totalizando cerca de 120 horas por cada ano.

Durante o ensino da Cadeira, o Professor deverá aproveitar todas as


ocasiões para estimular os estudantes à investigação científica.

A Cadeira apresenta uma complexidade de conteúdos e por isso, alerta-se


ao Professor para a necessidade de orientar duma forma sistemática os
estudantes para os objectivos gerais da Cadeira, de cada unidade e de
cada aula específica, visando ajudá-los a sistematizar os conhecimentos
mais importantes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- António Gramsci, Os intelectuais e a organização da cultura,R. De


Janeiro, 1968.

- Abbagnando, N. & A. Visalbergi.,História da Pedagogia,Livros Horizontes,


Lisboa, ( s/ d );

- Bogdan, Suchodolski. A Pedagogia e as grandes correntes filosóficas, Ed.

- Edgar Faure, Apprendre à être, UNESCO/ Fayard, 1972.

- Jean Piaget, para onde vai a educação? Rio de Janeiro, 1988

- Georges Gusdorf, Professores para quê ? Morais, Lisboa, 1970

- Luzuriaga, Lorenzo, História da Educação e da Pedagogia,São Paulo, 1987

- Rousseau, J.J.- Émile ou de L´éducation, Paris, Garnier-Flammarion,1966

- Mário Aligliero, História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias.


S.Paulo, 1989.

- Larroyo, Francisco, História Geral da Pedagogia, T. II, S.P. 1974

- Moacir Gadotti, História das Ideias Pedagógicas, editora ática, 8ª edição,


S.Paulo, 2002.

- Mangando, O. & A.dos Santos, Raízes Históricas do Professorado em


Angola. 2011.Luanda.

- Mayer, Frederick, História do pensamento educacional, Zahar, Rio de


Janeiro, 1976-René Captiles, Makarenko: O nascimento da Pedagogia
Socialista, S. Paulo, scipione, 1989.

- Neto, Teresa da Silva, História da Educação e Cultura. Editora ALPIARÇA,


2010. Luanda.

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- Piletti, N. & Piletti, Claudino, História da Educação, 7ª edição, Editora
ática,2003.

- Piletti,N.,História da Educação no Brasil, 5ª edição, Editora ática, 1995.

- Sousa, Ngangula Miguel de, Avaliação da Aprendizagem.A Prova que


Não Prova Nada, 2ª Edição, Editora ARTGRAF, 2011. S. Paulo.

- Whitehead, A., Os fins da educação, São Paulo, Nacional, 1966.

SAIBAS:

“ VOCÊ ESTÁ CONDENADO A CAMINHAR DE MÃOS DADAS COM A


EDUCAÇÃO “.

“ TUDO CIRCULA EM VOLTA DA EDUCAÇÃO “.

“ NADA NO MUNDO SE ERGUE SEM EDUCAÇÃO “.

“ SEJA EDUCADO PARA EDUCAR!” TITILÁ

« Quem tem talentos, vence por méritos».

O DOCENTE

MsC. DOMINGOS SEBASTIÃO ÁLVARO

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1.1 – Introdução aos Vários Conceitos de Educação

A palavra EDUCAÇÃO tem sua origem nos verbos


latinos Educare e Edurece.Educare tem o significado de
alimentar, transmitir informações a alguém. Edurece tem
o significado de extrair, desabrochar, desenvolver algo que
está no indivíduo.

Licurgo, personagem tido por muitos como


lendário,afirmava que a educação espartana deveria ser a
primeira e fundamental função pública a ser cumprida não
somente pelo governo, mas também pela própria
sociedade. Seu objectivo era estritamente militarista,
devido a sua característica guerreira.Procure lembrar-se
das aulas de filosofia. Assim, você poderá entender melhor
esses dois verbos latinos. A máxima socrática “conheça-te
a ti mesmo”concebe a educação como Educere, pois
Sócrates pregava a introspecção, através da maiêutica. O
seu ideal educativo consistia na felicidade humana,obtido
através da alegria espiritual, mediante o domínio completo
da alma sobre o corpo.Já no Cristianismo, Santo Tomás
preconizava a importância da participação activa do aluno
na aprendizagem, bem antes de Pestalozzi e da “escola
nova”. Seu método fazia um apelo à faculdade de pensar e
de raciocinar dos alunos e leitores. Segundo Santo Tomás
de Aquino, “só Deus é o verdadeiro agente da educação,
da mesma forma que é a causa principal do ensino, pois a
doutrina humana, que o mestre procura comunicar, não
pode ser compreendida pelo aluno senão em virtude da luz
da razão que Deus infunde na sua mente”.Durante o
Iluminismo, a chamada “época das luzes”,o filósofo
Rousseau escreveu um clássico da pedagogia Emílio, no
qual expunha suas idéias e estabelecia as normas ideais

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para a educação da criança, desde o nascimento até a
juventude.Segundo ele, a educação é essencialmente um
processo com que se estimula o desabrochar e o
desenvolvimento das capacidades e virtudes humanas.
Já Pestalozzi surgiu como reformador das teorias
educacionais de Rousseau, as quais teriam como objetivo
a aquisição de idéias precisas e a capacidade de exprimi-
las de forma adequada e sintética.Influenciados pelos
iluministas, a “escola nova” floresce em 1889, com
Adolphe Ferrière. Sua característica fundamental refere-
se à filosofia naturalista, visando fins meramente terrenos,
e acentuadamente práticos e utilitários, nos quais os
interesses sociais quase sempre prevalecem sobre
os pessoais.John Dewey, filósofo americano, afirmava
que educação é uma reconstrução ou reorganização da
experiência, que esclarece e aumenta o sentido desta e
também nossa aptidão para dirigirmos o curso das
experiências subseqüentes.
Luzuriaga (2001), educador espanhol , afirmava ser a
educação “uma influência intencional e sistemática sobre
o ser juvenil, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-
lo. Mas significa, também, a ação genérica, ampla, de uma
sociedade sobre as gerações jovens, com o fim de
conservar e transmitir a existência colectiva”
(LUZURIAGA, 2001: 1).

Hoje, o mundo vive o que se chama educação pós-


moderna e multicultural.

A invasão da tecnologia electrônica, da automação e da


informação “causam certa perda de identidade nos

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indivíduos e o pós-moderno surge como crítica ao
modernismo, diante da desilusão causada pela
racionalização que levou o homem moderno à tragédia das
guerras e da desumanização” (GADOTTI, 1998: 311).

A educação pós-moderna trabalha mais com o significado


do que com o conteúdo, muito mais com a
intersubjectividade e a pluralidade do que com a igualdade
e a unidade. Não nega os conteúdos. Pelo contrário,
trabalha para uma profunda mudança deles na educação,
para torná-los essencialmente significativos para o
estudante” (Ibidem: 312).

Acredito que você já tenha percebido como o conceito de


educação varia, de época para época. E que os ideais
educativos são determinados pelos fatores históricos,
políticos e sociais de seu tempo. As mudanças que
ocorrem nas relações sociais, pressionadas pelo aumento
demográfico e a transformação nas áreas econômica e
tecnológica indicam novas técnicas que
deverão promover a evolução do processo educacional.

1.2 - O Estudo da História da Educação e Sua


Importância

A educação não é algo isolado, abstrato, mas está


relacionada estreitamente com a sociedade e a cultura de
cada época, as quais produzem ideais e tipos humanos que
a educação trata de realizar. É necessário,
portanto, relacionar a educação e as concepções sociais e
culturais de cada momento histórico.

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A educação não nasce com o homem. E sim é adquirida
no decorrer de sua vida. Ela pode, como processo social,
reforçar a coesão social, atuando como força
conservadora; ou, então, estimular ou libertar as
possibilidades individuais de autodireção e escolha entre
alternativas divergentes, em determinados momentos em
que se afrouxam os meios sociais coercitivos. Entre esses
dois extremos há, portanto,um meio-termo que deve ser,
do ponto de vista da sociedade e do indivíduo, a meta ideal
de todo processo educacional.

Durante o período medieval, os jesuítas, como Inácio de


Loyola, conceberam, sob a influência da doutrina cristã-
católica, fins bem definidos para a vida humana:
educacionais. Ou seja, aqueles relativos à preparação do
homem para cumprir os fins próprios da vida humana, os
quais foram localizados em outra vida, supraterrena ou de
alémtúmulo, que consistiria numa bem-aventurança pela
contemplação de Deus.

Com a Renascença, começa, no século XV, a nova fase


da educação. Uma nova forma de vida, uma nova
concepção do homem e do mundo baseada na
personalidade humana livre e na realidade presente. Vai
possibilitar uma educação mais despojada, mais prazerosa
e criativa, dando início a um domínio da natureza,
desenvolvendo técnicas, artes e estudos. Percorrendo as
diversas épocas da história do homem e do mundo, você
passará pelo Iluminismo, estilo de época que procurará
libertar o pensamento da repressão dos monarcas terrenos
e do despotismo sobre-natural do clero.

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A Revolução Francesa tentou plasmar o educando a
partir da consciência de classe, que era o centro do
conteúdo programático. Educadores como Fröebel,
Rousseau, Locke, Herbart e outros desenvolveram
grandes idéias a respeito da educação e inovadoras
pedagogias, a fim de resolver os problemas educacionais.

Procure conhecê-las e encontrará um valioso subsídio


para seu estudo e aprendizado. Compreendendo como os
homens construíram sua história no passado, você poderá
contribuir para construir a história do futuro.

EDUCAÇÃO NA ANTIGÜIDADE

2.1 – Características

Na unidade I, você pôde perceber as múltiplas inferências


do processo histórico na área educacional, e ter uma visão
panorâmica das idéias de educação de alguns brilhantes
educadores.

Agora você não precisa se sentir sozinho, pois encontrará


as idéias de centenas de pessoas que, como você, um dia,
estiveram ansiosas para conhecer melhor o mundo que as
cercava.
Venha se inteirar um pouco da cultura e educação antigas;
esse conhecimento vai oferecer a você oportunidades de
relacionar e identificar fatores que influenciam a educação

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nos nossos tempos. Essas civilizações antigas têm como
fundamento educacional a religiosidade. A educação
oriental afirmou principalmente os valores da tradição, da
meditação,destacando-se o taoísmo, o budismo, o
hinduísmo e o judaísmo.

A educação no Oriente antigo, apesar de diversificada


em relação a cada povo, ainda mantinha determinadas
afinidades com a educação primitiva, como o sentido
místico dos povos primitivos. A educação, portanto, era
identificada com a atividade religiosa, sendo considerada
um desdobramento da função sacerdotal. Outra
característica da educação primitiva era o sentido
rigidamente tradicionalista, considerando a actividade
educativa, não como instrumento de progresso, mas como
um processo de adaptação passiva das novas gerações ao
tradicional e imutável estilo de vida dos grupos sociais a
que pertenciam.

A doutrina pedagógica mais antiga é o taoísmo, que é uma


espécie de panteísmo, cujos princípios recomendam uma
vida tranqüila, pacífica, sossegada, quieta. Baseando-se no
taoísmo,Confúcio (551- 479 a.C.) criou um sistema moral
que exaltava a tradição e o culto aos mortos (GADOTTI,
1998: 22).

Nos sistemas chinês, hindu, egípcio e hebreu, a educação


centralizou-se no conhecimento de uma linguagem
tecnicamente complexa, de difícil dominação, e na posse
da sabedoria do passado contida em sua literatura. A
conduta das massas, na maioria dos povos orientais, ficava
a cargo da classe educada do sacerdócio.

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Ao indivíduo não se permite nenhuma variação das formas
estabelecidas. A conduta é prescrita nos mais minuciosos
detalhes. O resultado desse domínio de autoridade é uma
sociedade estável, porém estacionária.

A civilização, material e espiritualmente, não é


progressiva. A educação simplesmente procura recapitular
o passado, resumir no indivíduo a vida do passado, de
modo que ele não a possa modificar nem avançar além
dela.

2.2 - Chineses, Egípcios e Hebraicos

Na primeira parte desta unidade, você conheceu as


principais características da educação antiga e realizou
incursões pela literatura indicada pelo seu tutor.

Acredito também que tenha tido curiosidade em ler as


leituras complementares, cuidadosamente escolhidas para
você. Agora, é necessário que você preste ainda mais
atenção a esta lição, pois ela oferecerá mais oportunidades
de conhecer diferentes culturas e sua educação. Não
desanime! Tudo tem seu preço em termos de dedicação e
tempo!

O que você sabe sobre a educação chinesa?


Passe a prestar mais atenção aos filmes que retratam a
cultura chinesa. Não é verdade que a educação no período
agrícola era determinada pelo regime matriarcal?
A mãe iniciava os filhos no trabalho agrícola e nas tarefas
domésticas. Já no período dos príncipes feudais, a
educação se fazia, até os sete anos, na casa paterna e

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depois o indivíduo passava a viver com um nobre que lhe
ensinava as artes da guerra e as maneiras da paz.

Ao contrário do que preconizava a teoria, os adolescentes


terminavam sua educação nos rituais de iniciação, com a
tomada do barrete, que facilitava sua entrada na vida
pública.

Na época imperial, com a constituição de um Estado forte


e unitário, a educação tomou novos rumos. A doutrina de
Confúcio, grande pensador e reformador,trouxe para esse
período contribuições notáveis. Suas idéias foram de
caráter profundamente humano e regulavam todos os
pormenores da vida, a qual tratava de conduzir do modo
mais elevado possível.

Nesta época imperial, a educação chinesa era constituída


por dois grandes setores: a da massa do povo e a dos
funcionários mandarins. A primeira, de caráter elementar,
dada no lar, e a segunda, de tipo superior, constituía uma
preparação para os exames de mandarim.

E o que você diria da educação egípcia?


A civilização egípcia, uma das mais antigas do mundo,
desenvolve-se no vale do rio Nilo, onde se fixaram os
primeiros povoadores, os camitas, originários da Ásia.

A vida social dos egípcios obedecia ao sistema de classes.


A classe privilegiada era a dos sacerdotes, detentores da
riqueza e do saber, e, indiretamente, do poder político, que
estava sob sua dependência. Em seguida, por ordem
decrescente, havia os escribas, os soldados e, depois, os
trabalhadores, agricultores e operários.

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A educação egípcia era muito influenciada por esse
sistema de classes sociais, constituindo, praticamente,
privilégio dos sacerdotes e das classes letradas, entre as
quais se incluíam os médicos, os arquitetos e os escribas.
Toda a educação era dominada pelo espírito de religião e
misticismo.
E os hebreus? Foram os que mais conservaram as
informações sobre sua história. A educação hebraica era
rígida, minuciosa desde a infância; pregava o temor a
Deus e a obediência aos pais. O método que utilizava era a
repetição e a revisão: o Catecismo. Foi principalmente
através do Cristianismo que os métodos educacionais dos
hebreus influenciaram a cultura ocidental.

Como você pôde perceber, a educação hebraica tem em


comum com as outras culturas o fundamento religioso.
Nisso se encontram sua força e debilidade. Força, porque
deu a esse povo unidade e permanência que não tiveram as
anteriores; debilidade, porque lhe fechou o horizonte para
outras atividades e manifestações da vida e da cultura,
embora depois nela se destacassem, individualmente seus
membros(LUZURIAGA, 2001: 32).

A educação hebraica pode ser compreendida a partir de


duas fases históricas: a bíblica, com a participação na vida
da comunidade familiar, constando do ensino religioso e
doméstico e a outra fase, a talmúdica, ensinada nas
sinagogas e, mais tarde, nas escolas religiosas.

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