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Camilo Castelo Branco

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Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco (Mártires, Lisboa, 16 de Camilo Castelo Branco
Março de 1825 — Vila Nova de Famalicão, São Miguel de Seide, 1 de
Junho de 1890) foi um escritor português, romancista, cronista, crítico,
dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Foi ainda o 1.º Visconde de
Correia Botelho, título concedido pelo rei D. Luís. Foi um dos escritores
mais prolíferos e marcantes da literatura portuguesa.

Índice
Biografia
Vida
Sífilis, cegueira e suicídio
Descendência
Pseudónimos
Estilo literário
Camilo Carlos Castelo Branco, em fotografia de
Temas recorrentes em Camilo 1882.
Principais obras
Nome Camilo Ferreira Botelho
Ver também completo Castelo Branco
Referências Nascimento 16 de março de 1825 [1]
Bibliografia Mártires, Lisboa,
Portugal
Ligações externas
Morte 1 de junho de 1890 (65 anos)
São Miguel de Seide,
Famalicão,
Biografia Portugal

Há quem diga que, em 1846, foi iniciado naMaçonaria do Norte,[2] o que Nacionalidade portuguesa
é muito estranho ou algo contraditório, pois há indicações de que, pela Cônjuge Ana Plácido (1888, 2 filhos)
mesma altura, na Revolta da Maria da Fonte, lutava a favor dos Ocupação Escritor e romancista
Miguelistas como "ajudante às ordens do general escocês Reinaldo Magnum opus Amor de Perdição
MacDonell"[3],[4] que criaram a Ordem de São Miguel da Ala
precisamente para combater a Maçonaria. Do mesmo modo, muita da sua literatura demonstra defender os ideais legitimistas e
conservadores ou tradicionais, desaprovando os que lhe são contrários.

Teve uma vida atribulada, que lhe serviu muitas vezes de inspiração para as suas
novelas. Foi o primeiro escritor delíngua portuguesa
a viver exclusivamente dos seus escritos literários. Apesar de ter de escrever para o público, sujeitando-se assim aos ditames da
moda, conseguiu manter uma escrita muito original.

Dentro da sua vasta obra, também se encontra colaboração da sua autoria em diversas publicações periódicas como O Panorama[5], a
Revista Universal Lisbonense[6], A illustração luso-brasileira[7] (1856-1859), Revista Contemporânea de Portugal e Brasil [8]

(1859-1865), Archivo pittoresco (1857-1868), A Esperança [9] (1865-1866), Gazeta Literária do Porto [10] (1868) (também chamada
de Gazeta de Camilo Castelo Branco devido à sua extensa colaboração como redator), a revista literária República das Letras [11]

(1875), Ribaltas e Gambiarras[12] (1881), A illustração portugueza[13] (1884-1890), e a título póstumo nas publicações periódicasA
semana de Lisboa[14] (1893-1895), Serões[15] (1901-1911), Azulejos [16] (1907-1909) e Feira da Ladra[17] (1929-1943).

Vida
Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa, numa casa da Rua da Rosa (actualmente com os nºs 5 a 13),[1] a 16 de Março de 1825.
Oriundo de uma família da aristocracia de província com distante ascendência cristã-nova, era filho de Manuel Joaquim Botelho
Castelo Branco, nascido na casa dos Correia Botelho em São Dinis, Vila Real, a 17 de Agosto de 1778 e que teve uma vida errante
entre Vila Real, Viseu e Lisboa, onde faleceu a 22 de Dezembro de 1835, tomado de amores por Jacinta Rosa do Espírito Santo
Ferreira (Sesimbra, Santiago, 27 de Janeiro de 1799 - 6 de Fevereiro de 1827), com quem não se casou mas de quem teve os seus dois
filhos.

Camilo foi assim perfilhado por seu pai em 1829, como «filho de mãe incógnita». Ficou órfão de mãe quando tinha um ano de idade
e de pai aos dez anos, o que lhe criou um carácter de eterna insatisfação com a vida. Foi recolhido por uma tia de Vila Real e, depois,
por uma irmã mais velha, Carolina Rita Botelho Castelo Branco, nascida em Socorro, Lisboa, a 24 de março de 1821, em Vilarinho
de Samardã, em 1839, recebendo uma educação irregular através de doisPadres de província.

Na adolescência, formou-se lendo os clássicos portugueses e latinos e literatura


eclesiástica e contactando a vida ao ar livretransmontana.

Com apenas 16 anos (18 de Agosto de 1841), casa-se em Ribeira de Pena, Salvador,
com Joaquina Pereira de França (Gondomar, São Cosme, 23 de Novembro de 1826 -
Ribeira de Pena, Friúme, 25 de Setembro de 1847), filha de lavradores, Sebastião
Martins dos Santos, de Gondomar, São Cosme, e Maria Pereira de França, e instala-
se em Friúme. O casamento precoce parece ter resultado de uma mera paixão juvenil
e não resistiu muito tempo. No ano seguinte, prepara-se para ingressar na Camilo Castelo Branco (1850)
universidade, indo estudar com o Padre Manuel da Lixa, em Granja eVlha.

O seu carácter instável, irrequieto e irreverente leva-o a amores tumultuosos (Patrícia Emília do Carmo de Barros (Vila Real, 1826 -
15 de Fevereiro de 1885), filha de Luís Moreira da Fonseca e de sua mulher Maria José Rodrigues, eFreira
a Isabel Cândida).

Em 1860, refugia-se na Casa do Ermo, situada na Freguesia de Paços, Concelho de Fafe.

Ainda a viver com Patrícia Emília do Carmo de Barros, Camilo publicou n'O Nacional correspondências contra José Cabral Teixeira
de Morais, Governador Civil de Vila Real, com quem colaborava comoamanuense.

Esse posto, segundo alguns biógrafos, surge a convite após a sua participação na Revolta da Maria da Fonte, em 1846, em que terá
combatido ao lado da guerrilhaMiguelista.[4]

Devido a esta desavença, é espancado pelo «Olhos-de-Boi», capanga do Governador Civil.

As suas irreverentes correspondências jornalísticas valeram-lhe, em 1848, nova agressão a car


go de Caçadores 3.

Camilo abandona Patrícia nesse mesmo ano, fugindo para casa da irmã, residente agora em
Covas do Douro.

Tenta então, no Porto, o curso de Medicina, que não conclui, optando depois por Direito. A partir de 1848, faz uma vida de boémia
repleta de paixões, repartindo o seu tempo entre os cafés e os salões burgueses e dedicando-se entretanto ao jornalismo. Em 1850,
toma parte na polémica entreAlexandre Herculano e o clero, publicando o opúsculo O Clero e o Sr. Alexandre Herculano, defesa que
desagradou a Herculano.[18]

Apaixona-se por Ana Augusta Vieira Plácido e, quando esta se casa, em 1850, tem uma crise de misticismo, chegando a frequentar o
seminário, que abandona em 1852.
Ana Plácido tornara-se mulher do negociante Manuel Pinheiro Alves, um brasileiro que o inspira como personagem em algumas das
suas novelas, muitas vezes com caráter depreciativo. Camilo seduz e rapta Ana Plácido. Depois de algum tempo a monte, são
capturados e julgados pelas autoridades. Naquela época, o caso emocionou a opinião pública, pelo seu conteúdo tipicamente
romântico de amor contrariado, à revelia das convenções e imposições sociais. Foram ambos enviados para a Cadeia da Relação, no
Porto, onde Camilo conheceu e fez amizade com o famoso salteador Zé do Telhado. Com base nesta experiência, escreveu Memórias
do Cárcere. Depois de absolvidos do crime de adultério pelo Juiz José Maria de Almeida Teixeira de Queirós (pai de José Maria de
Eça de Queirós), Camilo e Ana Plácido passaram a viver juntos, contando ele 38 anos de idade.

Entretanto, Ana Plácido tem um filho, supostamente gerado pelo seu antigo marido, que foi seguido por mais dois de Camilo. Com
uma família tão numerosa para sustentar, Camilo começa a escrever a um ritmo alucinante.

Quando o ex-marido de Ana Plácido falece, a 15 de Julho de 1863, o casal vai viver para uma casa, em São Miguel de Seide, que o
filho do comerciante recebera por herança do pai.

Em Fevereiro de 1869, recebeu do governo da Espanha acomenda de Carlos III.[1]

Em 1870, devido a problemas de saúde, Camilo vai viver para Vila do Conde, onde se mantém até 1871. Foi aí que escreveu a peça
de teatro «O Condenado» (representada noPorto em 1871), bem como inúmeros poemas, crónicas, artigos de opinião e traduções.

Outras obras de Camilo estão associadas a Vila do Conde. Na obra «A Filha do Arcediago», relata a passagem de uma noite do
arcediago, com um exército, numa estalagem conhecida por Estalagem das Pulgas, outrora pertencente ao Mosteiro de São Simão da
Junqueira e situada no lugar de Casal de Pedro, freguesia da Junqueira (Vila do Conde). Camilo dedicou ainda o romance «A
Enjeitada» a um ilustre vilacondense seu conhecido, o Dr
. Manuel Costa.

Entre 1873 e 1890, Camilo deslocou-se regularmente à vizinha Póvoa de Varzim, perdendo-se no jogo e escrevendo parte da sua obra
no antigo Hotel Luso-Brazileiro, junto do Largo do Café Chinês. Reunia-se com personalidades de notoriedade intelectual e social,
como o pai de Eça de Queirós, José Maria de Almeida Teixeira de Queirós, magistrado e Par do Reino, o poeta e dramaturgo poveiro
Francisco Gomes de Amorim, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, António Feliciano de Castilho, entre outros. Sempre que vinha
à Póvoa, convivia regularmente com oVisconde de Azevedo no Solar dos Carneiros.

Francisco Peixoto de Bourbon conta que Camilo, na Póvoa, «tendo andado metido com uma bailarina espanhola, cheia de salero, e
tendo gasto, com a manutenção da diva, mais do que permitiam as suas posses, acabou por recorrer ao jogo na esperança de
multiplicar o anémico pecúlio e acabou, como é de regra, por tudo perder e haver contraído uma dívida de jogo, que então se
chamava uma dívida de honra».

A 17 de setembro de 1877, Camilo viu morrer na Póvoa de Varzim, aos 19 anos, Manuel Plácido Pinheiro Alves, primeiro filho de
Ana Plácido, que foi sepultado no cemitério doLargo das Dores. Vários biógrafos argumentam que Manuel Plácido não seria filho de
Camilo nem de Pinheiro Alves, aventando a hipótese de ser resultado duma relação de Ana Plácido com António Ferreira
Quiques.[19]

Camilo era conhecido pelo mau feitio. Na Póvoa mostrou outro lado. Conta António Cabral, nas páginas d'«O Primeiro de Janeiro»
de 3 de Junho de 1890: «No mesmo hotel em que estava Camilo, achava-se um medíocre pintor espanhol, que perdera no jogo da
roleta o dinheiro que levava. Havia três semanas que o pintor não pagava a conta do hotel, e a dona, uma tal Ernestina, ex-actriz,
pouco satisfeita com o procedimento do hóspede, escolheu um dia a hora do jantar para o despedir, explicando ali, sem nenhum
género de reservas, o motivo que a obrigava a proceder assim. Camilo ouviu o mandado de despejo, brutalmente dirigido ao pintor.
Quando a inflexível hospedeira acabou de falar, levantou-se, no meio dos outros hóspedes, e disse: - A D. Ernestina é injusta. Eu
trouxe do Porto cem mil reis que me mandaram entregar a esse senhor e ainda não o tinha feito por esquecimento. Desempenho-me
agora da minha missão. E, puxando por cem mil reis em notas entregou-as ao pintor. O Espanhol, surpreendido com aquela
intervenção que estava longe de esperar, não achou uma palavra para responder. Duas lágrimas, porém, lhe deslizaram silenciosas
pelas faces, como única demonstração de reconhecimento.»

Em 1885 é-lhe concedido o título de 1.ºVisconde de Correia Botelho. A 9 de março de 1888, casa-se finalmente com Ana Plácido.
Camilo passa os últimos anos da vida ao lado dela, não encontrando a estabilidade emocional por que ansiava. As dificuldades
financeiras, a doença e os filhos incapazes (considera Nuno um desatinado e Jor
ge um louco) dão-lhe enormes preocupações.

Sífilis, cegueira e suicídio


Desde 1865 que Camilo começara a sofrer de graves problemas visuais (diplopia e cegueira nocturna). Era um dos sintomas da
temida neurossífilis, o estado terciário da sífilis ("venéreo inveterado", como escreveu em 1866 a José Barbosa e Silva), que além de
outros problemas neurológicos lhe provocava uma cegueira, aflitivamente progressiva e crescente, que lhe ia atrofiando o nervo
óptico, impedindo-o de ler e de trabalhar capazmente, mergulhando-o cada vez mais nas trevas e num desespero suicidário.[20] Ao
longo dos anos, Camilo consultou os melhores especialistas em busca de uma cura, mas em vão. A 21 de Maio de 1890, dita esta
carta ao então famosooftalmologista aveirense, Dr. Edmundo de Magalhães Machado:

Illmo. e Exmo. Sr.,

Sou o cadáver representante de um nome que teve alguma reputação gloriosa n’este país durante 40 anos de
trabalho. Chamo-me Camilo Castelo Branco e estou cego. Ainda há quinze dias podia ver cingir-se a um dedo das
minhas mãos uma flâmula escarlate. Depois, sobreveio uma forte oftalmia que me alastrou as córneas de tarjas
sanguíneas. Há poucas horas ouvi ler no Comércio do Porto o nome de V. Exa. Senti na alma uma extraordinária
vibração de esperança. Poderá V. Exa. salvar-me? Se eu pudesse, se uma quase paralisia me não tivesse acorrentado
a uma cadeira, iria procurá-lo. Não posso. Mas poderá V. Exa. dizer-me o que devo esperar d’esta irrupção
sanguínea n’uns olhos em que não havia até há pouco uma gota de sangue? Digne-se V. Exa. perdoar à infelicidade
estas perguntas feitas tão sem cerimónia por um homem que não conhece.

Camilo Castelo Branco

A 1 de Junho desse ano, o Dr. Magalhães Machado visita o escritor em Seide. Depois de lhe examinar os olhos condenados, o médico
com alguma diplomacia, recomenda-lhe o descanso numas termas e depois, mais tarde, talvez se poderia falar num eventual
tratamento. Quando Ana Plácido acompanhava o médico até à porta, eram três horas e um quarto da tarde, sentado na sua cadeira de
balanço, desenganado e completamente desalentado, Camilo Castelo Branco disparou um tiro de revólver na têmpora direita. Mesmo
assim, sobreviveu em coma agonizante até às cinco da tarde. A 3 de Junho, às seis da tarde, o seu cadáver chegava de comboio ao
Porto e no dia seguinte, conforme o seu pedido, foi sepultado perpetuamente no jazigo de um amigo, João António de Freitas
Fortuna, no cemitério daVenerável Irmandade de Nossa Senhora da Lapa.[21]

Contemporâneo de Camilo Castelo Branco e íntimo amigo deste autor, o prolífero escritor português Alberto Pimentel foi o primeiro
dos biógrafos de Camilo, sendo a partir de então - especialmente pela obraRomance do Romancista(1890) - lembrado como uma das
[22].
principais referências que diz respeito aos estudos camilianos

Descendência
Filhos do primeiro casamento:

Rosa Pereira de França Botelho Castelo Branco (Ribeira de Pena, Friume, 25 de Agosto de 1843 - 10 de Março de
1848).
Filha natural de Camilo Castelo Branco e de Patrícia Emília do Carmo de Barros:

Bernardina Amélia Castelo Branco (Vila Real, São Pedro, 25 de Junho de 1848), casada emValbom a 28 de
Dezembro de 1865 comAntónio Francisco de Carvalho, do Porto, filho de António Francisco de Carvalho
Guimarães e de sua mulher Ana de Sousa

Filhos do segundo casamento:

Jorge Camilo Plácido Castelo Branco(Lisboa, 26 de Junho de 1863 - 10 de Setembro de 1900).


Nuno Plácido Castelo Branco(Vila Nova de Famalicão, São Miguel de Seide, 15 de Setembro de 1864), 1.º
Visconde de São Miguel de Seide.
Pseudónimos
Durante quase 40 anos, entre 1851 e 1890, escreveu mais de duzentas e sessenta obras, com a média superior a 6 por ano. Prolífico e
fecundo escritor, deixou obras de referência na literatura portuguesa.

Apesar de toda essa fecundidade, Camilo Castelo Branco não permitiu que a intensa produção prejudicasse a sua beleza idiomática
ou mesmo a dimensão do seu vernáculo, transformando-o numa das maiores expressões artísticas e a sua figura num mestre da língua
portuguesa. Além dos vários romances, deixou um legado enorme de textos inéditos, comédias, folhetins, poesias, ensaios, prefácios,
traduções e cartas – tudo com assinatura própria ou os menos conhecidospseudónimos, tais como:

Manoel Coco
Saragoçano
A.E.I.O.U.Y
Árqui-Zero
Anastácio das Lombrigas[23]

Estilo literário
Sua obra é predominantemente romântica.[24] Parece incontestável. No entanto, não o é totalmente.

Camilo gostaria de se situar acima das escolas literárias. Mas os modelos clássicos vão ter sempre peso na sua produção literária,
embora também se deixe impressionar pela literatura misteriosa e macabra de Ann Radcliffe. Foi imensamente influenciado por
Almeida Garrett. Contudo, a fidelidade à linguagem e aos costumes populares, ao cheiro do torrão (como aponta Jacinto do Prado
Coelho), vai permanecer como uma das suas maiores qualidades. Acrítica tem apontado que, se por um lado Camilo, nos enredos das
suas novelas, com as suas peripécias mais ou menos rocambolescas, está claramente numa filiação romântica, por outro lado, nas
explicações psicológicas, na maneira como analisa os sentimentos e ações das personagens, pelas justificações e explicações dos
acontecimentos, pela crítica a determinado tipo de educação, não pode ser considerado simplesmente como romântico.

Jacinto do Prado Coelho considera-o «ideologicamente flutuante […] Camilo mantém-se um narrador de histórias românticas ou
romanescas com lances empolgantes e situações humanas comoventes» e também diz que «o romantismo de Camilo é um
romantismo em boa parte dominado, contido, classicizado» e que há ao «lado do seu alto idealismo romântico a viril contenção da
prosa, um bom-senso ligado às tradições e a certo cânones clássicos, um realismo
sui generis, de vocação pessoal que parece na razão
direta da autenticidade do seu romantismo».

Eça de Queiroz publica a primeira versão deO Crime do Padre Amaro, já depois da sua exposição nasConferências do Casinoacerca
do realismo como nova expressão da arte. Isso faz com que Camilo, de certa maneira sentindo-se a perder terreno para o único
prosador que podia ser seu rival, enverede em duas novelas, Eusébio Macário e A Brasileira de Prazins, para tentar ser mais realista.
E o que é mais extremado do que o realismo? O naturalismo. O resultado é de um certo efeito cómico, porque Camilo, com a sua
particular maneira de escrever, não se contém e acaba por fazer uma paródia do naturalismo.

No prefácio de Eusébio Macário, Camilo afirma que não tentou ridicularizar a escola realista e alega: «[…] tenho sido realista sem o
saber. Nada me impede de continuar». E ainda: «Eu não conhecia Zola; foi uma pessoa da minha família que me fez compreender a
escola com duas palavras: "É a tua velha escola com uma adjetivação de casta estrangeira, e uma profusão de ciência (…) Além disso
tens de pôr a fisiologia onde os românticos punham a sentimentalidade: derivar a moral das bossas, e subordinar à fatalidade o que,
pelos velhos processos, se imputava à educação e à responsabilidade" compreendi e achei eu, há vinte e cinco anos, já assim pensava,
quando Balzac tinha em mim o mais inábil dos discípulos.»

Portanto: Camilo tenta apanhar o comboio da nova escolarealista e fá-lo de uma maneira que não é isenta de chacota.

Temas recorrentes em Camilo


a bastardia
a orfandade
os direitos do coração por oposição às convenções sociais
as relações familiares
o sentido metafísico de raiz cristã
o anticlericalismo

Principais obras
A Bruxa do Monte Córdova(1867)
Maria Moisés
A doida do Candal (1867)
Anátema (1851)
O Senhor do Paço de Ninães(1867)
Mistérios de Lisboa (1854)
Os Mistérios de Fafe (1868)
A Filha do Arcediago (1854) (eBook)
O Retrato de Ricardina(1868)
Livro negro do Padre Dinis(1855)
Os Brilhantes do Brasileiro(1869)
A Neta do Arcediago (1856) (eBook)
A Mulher Fatal (1870)
Onde Está a Felicidade?(1856)
Livro de Consolação (1872) (eBook)
Um Homem de Brios (1856)
A Infanta Capelista (1872) (conhecem-se apenas 3
O Sarcófago de Inês (1856) exemplares deste romance porqueD. Pedro II,
Lágrimas Abençoadas (1857) (eBook) imperador do Brasil, pediu a Camilo para não o
publicar, uma vez que versava sobre um familiar da
Cenas da Foz (1857) (eBook)
Família Real Portuguesa e da Família Imperial
Carlota Ângela (1858) (eBook) Brasileira)
Vingança (1858) O Carrasco de Victor Hugo José Alves (1872) (eBook)
O Que Fazem Mulheres(1858) (eBook) A Freira no Subterrâneo(1872)
O Morgado de Fafe em Lisboa(Teatro, 1861) O Regicida (1874) (eBook)
Doze Casamentos Felizes(1861) A Filha do Regicida (1875)
O Romance de um Homem Rico(1861) A Caveira da Mártir (1876) (ebook)
As Três Irmãs (1862) Novelas do Minho (1875-1877) (eBook)
Amor de Perdição (1862) (eBook) A viúva do enforcado (1877) (ebook)
Memórias do Carcere (1862) Eusébio Macário (1879)
Coisas Espantosas (1862) A Corja (1880)
Coração, Cabeça e Estômago(1862) A senhora Rattazzi (1880) (eBook)
Estrelas Funestas (1862) (eBook) A Brasileira de Prazins(1882)
Cenas Contemporâneas(1862) (eBook) O Assassino de Macario(eBook)
Anos de Prosa (1863) (eBook) D. Antonio Alves Martins: bispo de Vizeu (eBook)
A Gratidão (incluído no volumeAnos de Prosa) (eBook) Folhas Caídas (eBook)
O Arrependimento (incluído no volumeAnos de Prosa) O General Carlos Ribeiro(eBook)
(eBook)
Luiz de Camões (eBook)
Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado(1863) Sá de Miranda (eBook)
O Bem e o Mal (1863)
Salve, Rei! (eBook)
Estrelas Propícias (1863) (eBook)
Suicida (eBook)
Memórias de Guilherme do Amaral(1863)
O vinho do Porto (1884) (eBook)
Agulha em Palheiro (1863) (eBook)
Maria da Fonte (1885)
Noites de Lamego (1863)
Vulcões de Lama (1886)
Amor de Salvação (1864) (eBook)
Voltareis ó Cristo? (eBook)
A Filha do Doutor Negro(1864)
Theatro comico: A Morgadinha de Val d'Amores; Entre
Vinte Horas de Liteira (1864) a flauta e a Viola (eBook)
O Esqueleto (1865)
A espada de Alexandre(eBook)
A Sereia (1865)
O Condemnado : drama/ Como os anjos se vingam :
A Enjeitada (1866) drama (eBook)
O Judeu (1866) Nas Trevas : Sonetos sentimentaes e humoristicos
O Olho de Vidro (1866) (eBook) (eBook)

A Queda dum Anjo (1866) (eBook) O clero e o sr. Alexandre Herculano (1850)
O Santo da Montanha (1866) (digitalizado em Google)
Ver também
Casa-Museu de São Miguel Seide
Alberto Pimentel
António José da Silva
Eça de Queiroz
Jardim Camilo Castelo Branco, em Lisboa
Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco

Referências
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MARQUES (HENRIQUE) -As tiragens especiaes da Edição.
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Ligações externas
Camilo Castelo Branco, Antigo Estudante da Escola Médico-Cirúrgica do Porto e da Academia Politécnica do Porto
"Correia Botelho (Camilo Castelo Branco, visconde de)" inPortugal - Dicionário Histórico.
Monteiro Alves, Jofre de Lima,Genealogia de Camilo Castelo Branco. (em arquivo em
http://www.webcitation.org/603hOCdMv)
Biografia de Camilo Castelo Branco (Lisboa, 1825 - São Miguel de Ceide/V ila Nova de Famalicão, 1890), Centro de
Documentação de Autores Portugueses, Janeiro de 2005
Obras de Camilo Castelo Brancono Project Gutenberg USA

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