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Da memória da fome à obesidade como sintoma. Sobre estética, corpo e


sofrimento psíquico

Chapter · January 2012


DOI: 10.13140/2.1.1570.7205

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2 authors:

Junia Vilhena Joana de Vilhena Novaes


Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Universidade Veiga de Almeida (UVA)
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DA MEMÓRIA DA FOME À OBESIDADE COMO SINTOMA. SOBRE ESTÉTICA, CORPO E


SOFRIMENTO PSÍQUICO.

Junia de Vilhenai

Joana de Vilhena Novaes11

I-INTRODUÇÃO

O que faz com que em um país aonde ainda existem tantas pessoas passando
fome a obesidade já seja um problema de saúde pública? Qual a relação que podemos
estabelecer entre comida, sofrimento psíquico e memórias da fome?

Antes de iniciarmos este trabalho é importante retraçar o seu percurso e


esclarecer, desde logo, que a fome permanece como um tabu em nossa sociedade. Título
de um dos mais famosos livros de Josué de Castro, a fome é um tema proibido. Não
estamos nos referindo a campanhas ou a projetos que busquem eliminá-la. Estes,
felizmente, são cada vez em maior número e vêm logrando bastante êxito no Brasil.

Falamos da fome como um tabu -, fonte de vergonha moral e de humilhação


pessoal, a experiência da fome, quando possível, deve ser recalcada, negada ou
reprimida. Falamos também de seu papel na estruturação (ou falta de) dos vínculos mais
arcaicos na relação da mãe com seu bebê.

Este trabalho parte de duas origens distintas -, fruto dos diferentes interesses das
autoras e que, como nas experiências bem sucedidas dos diálogos entre campos de
investigação, convergiram para uma proposta de dialogar acerca da fome e do comer.

Foi a partir das inúmeras pesquisas feitas por Joana Novaes (Novaes 2011,2010,
2006, 2005) acerca das regulações sociais que incidem sobre o corpo e suas diferentes
formas de vivê-las que surgiu a ideia deste trabalho.

A estética nos dias de hoje assume um papel distinto de outros tempos. Com o
arsenal de técnicas corporais disponíveis acessíveis a todas as classes sociais, gerou-se a
crença de que “só é feio quem quer”; e no Brasil, particularmente no Rio de Janeiro, a
forma mais representativa de feiura é a gordura. Um observador atento pode,
2

facilmente, identificar no imaginário social a gordura como algo que leva,


simultaneamente, o sujeito a uma exclusão social sem culpa, bem como a ser
moralmente culpabilizado pelo mau “cuidar” do seu corpo.

Como então entender a questão da obesidade, cada vez mais presente nas
camadas populares? Longe de desconsiderar o custo de alimentos saudáveis e menos
calóricos o que buscamos investigar foi a relação entre comida e sofrimento psíquico
bem como entre estética e memória da fome.

Trabalhando com o tema da inclusão social e seus efeitos na subjetividade


(Vilhena, 2002,2007, 2009) Junia propôs a Joana retomar seu último estudo acerca das
mulheres de classe sociais carentes (Novaes 2010) e fazer uma releitura, à luz dos
escritos de Josué de Castro, da fome bem como de suas implicações psíquicas e sociais.

Concordando ambas que a fome é uma das experiências mais devastadoras que
existe para o ser humano, pudemos perguntar quais seriam algumas das formas de lidar
com ela bem como com sua memória.

Buscamos, inicialmente, tecer uma malha teórica aonde o trabalho


posteriormente se apoiará. Para tal, introduzimos algumas das postulações de Josué de
Castro acerca da fome e suas repercussões.

Prosseguimos estabelecendo um paralelo entre alimentação e estruturação


psíquica. Entendendo a comida para além da necessidade vamos buscar a dimensão
corporal da experiência psíquica.

É na clínica com pacientes obesas que vamos buscar os subsídios para investigar
a relação entre comida e sofrimento psíquico. Para ilustrar, vamos recorrer a alguns
relatos feitos por pacientes obesas em dois serviços de atendimento psicológico a
transtornos alimentares: um hospital da rede pública e uma clínica universitária.
Buscamos, neste momento, ilustrar a dinâmica do trauma que opera de diferentes
formas nestas mulheres.

Abordar o tema da memória da fome demanda uma explicação adicional.


Certamente, esta faz parte dos processos de estruturação psíquica ao qual nos referimos
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anteriormente. Mas queremos aborda-la, igualmente, em outra dimensão. Sua


representação social e as implicações da mesma na estética e nos usos do corpo de
mulheres de classes populares.

Por vivermos em uma sociedade profundamente imagética, onde a aparência


toma um valor nunca antes visto o corpo, frequentemente, torna-se também uma prisão.
Torna-se, igualmente, o porta voz de nossas angústias e ansiedades. Contudo, sem negar
a gordura em nenhum momento, estas mulheres parecem ter suas vidas bem menos
prejudicadas pela estética do que suas companheiras de classes mais abastadas.

Se o sofrimento psíquico a todas nivela, a estética é menos tirânica nas classes


populares. Nossa hipótese é que tal modulação existe também porque a memória da
fome faz com que os padrões de beleza sejam mais flexíveis.

II- SOBRE A FOME

O silêncio em torno da fome, seu tabu, interdita a sua nomeação. A partir deste
ponto, ou seja, frente à privação de um objeto que não pode tornar-se simbólico, pode-
se pensar sobre os possíveis efeitos para a estruturação psíquica do bebê desde suas
relações mais primitivas.

A fome age não apenas sobre os corpos das vítimas da seca, consumindo sua
carne, corroendo seus órgãos e abrindo feridas em sua pele, mas também age sobre seu
espírito, sobre sua estrutura mental, sobre sua conduta moral. Nenhuma calamidade
pode desagregar a personalidade humana tão profundamente e num sentido tão nocivo
quanto a fome, quando atinge os limites da verdadeira inanição. Excitados pela
imperiosa necessidade de se alimentar, os instintos primários são despertados e o
homem, como qualquer outro animal faminto, demonstra uma conduta mental que pode
parecer das mais desconcertantes (Castro, 1957 p.43).

Ao tomar em suas obras o conceito freudiano de tabu, Josué de Castro relaciona-


o “a alguma coisa que não podemos definir nunca. Alguma coisa que escapa, em parte,
ao nosso sentir civilizado” (1959, p.11), indicando com precisão os limites do discurso
da ciência e os efeitos do real sobre a cultura. Para o autor o tema é ponto tão delicado e
perigoso que se constituiu num dos tabus de nossa civilização.
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Atento leitor dos escritos sociais de Freud, Josué de Castro ressalta a


impossibilidade de naturalizarmos a fome e chama a atenção para o interjogo envolvido
na sua perpetuação. Quais são os fatores ocultos desta verdadeira conspiração de
silêncio em torno da fome indaga o autor. Segundo ele, trata-se de um silêncio
premeditado pela própria alma da cultura. Ao lado dos preconceitos morais, os
interesses econômicos das minorias dominantes também trabalhavam para escamotear o
fenômeno da fome do panorama espiritual moderno. Segundo Castro “a fome é, a
expressão biológica de males sociológicos” (1959 p.77).

No prefácio de seu livro Homens e Caranguejos (1957) Josué de Castro desvela


de forma dramática e poética a sua descoberta da fome nas populações que viviam à
margem do rio Capiberibe:

Cedo me dei conta desse estranho mimetismo: os homens se assemelhando em


tudo aos caranguejos. Arrastando-se, acachapando-se como caranguejos para poderem
sobreviver. A impressão que eu tinha, era de que os habitantes dos mangues - homens e
caranguejos nascidos à beira do rio - à medida que iam crescendo, iam cada vez se
atolando mais na lama. [...] No mangue, tudo é, foi ou será caranguejo, inclusive o
homem e a lama... São seres anfíbios - habitantes da terra e da água, meio homens e
meio bichos. Alimentados na infância com caldo de caranguejo - este leite de lama-, se
faziam irmãos de leite dos caranguejos. (p.11-12)

É na constatação de que a fome, longe de ser um problema local, ultrapassava


todas as barreiras que Josué de Castro vai construir o que seria, talvez, um dos mais
originais estudos acerca do assunto: A Geografia da Fome (1946). Nela o autor aponta
na experiência da fome mais do que a privação do alimento, relacionando-a às
experiências culturais e aos modos de organização coletiva, revelando que o mundo
passa fome, mas que sua causa não é natural.

Em sua desconstrução da problemática, inventariou preconceitos emblemáticos


que impediam o Ocidente de entendê-la, como a ideia de que esta é resultado das
intempéries da natureza ou de que é a superpopulação que cria e mantém a fome em
certas áreas do mundo.
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Ao falar dos homens - caranguejo dos mangues o autor sintetiza:

Vê-los agir, falar, lutar, viver e morrer, era ver a própria fome modelando com
suas despóticas mãos de ferro, os heróis do maior drama da humanidade - o drama da
fome (1957 p.12).

Mas vejamos como podemos entender esta operação em sua dimensão psíquica
mais profunda.

III- A DIMENSÃO PSÍQUICA DA ALIMENTAÇÃO.

A articulação entre os registros do corpo e do psíquico é bastante antiga,


apresentando-se desde os primórdios do pensamento freudiano. Atualmente, as
pesquisas contemporâneas buscam resgatá-la de certo limbo teórico ao enfocarem o
papel da experiência somática, as “realidades corporais fundadoras”, segundo Anzieu,
(1988) na constituição do psiquismo originário. Partimos do pressuposto colocado por
Freud (1923), de que o self é, desde suas origens, um self corporal - sua matriz
fundadora encontra-se no âmbito das experiências somáticas -, buscando desenvolver-se
a partir das trocas intersubjetivas com o ambiente social, que lhe provê uma matriz
simbólica significante.

Na psicanálise, como relembra Martins (2010) o alimentar-se, pensado para


além do campo da necessidade, associa a fome ao desejo e à vontade de viver. Deste
modo, a experiência da fome - pensada como um correlativo da satisfação deste anseio -
é o que inaugura a condição desejante do homem. O laço social humano, disse Freud
1930[1929] inspirado nos poetas, está fundado na fome e no amor, como laço que
representa simultaneamente a tensão reconhecimento /desconhecimento recíproco.

O primeiro ambiente que recebe a criança tem a importância de inaugurar para


ela o encontro com a realidade e a sua interiorização, ferramenta para a afetividade.
Quando o ambiente falha, como nos casos de abandonos precoces, ou privação extrema,
a clínica nos revela sujeitos com grande dificuldade de estar em intimidade psíquica
com o outro, ‘casos difíceis’. Faltam-lhes as ferramentas para o contato, para ligarem-se
às próprias emoções e às emoções dos outros.
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As falhas nos processos de localização da psique no corpo estão relacionadas aos


cuidados dispensados pela mãe ao bebê no exercício de sua função de handling
(Winnicott, 1960). Se a frustração da experiência instintiva provoca desesperança ou um
sentimento de futilidade, explica Winnicott, acontece um enfraquecimento da fixação da
psique no corpo e uma sensação de não ser encarnado (despersonalização). A
continuidade desses estados dissociativos impede a elaboração imaginativa do
funcionamento corporal e de sua posterior simbolização, além da conquista de um
estado de integração através do qual as fronteiras do corpo tornam-se também as
fronteiras da psique. Os transtornos da oralidade e/ou psicossomáticos enquanto uma
psicopatologia encontrariam aí suas raízes.

Essa reação de recolhimento faz face ao traumatismo original, reencontro com


os objetos primeiros. Há uma repetição particular nesses pacientes, uma compulsão que
falha ao tentar elaborar o traumático. Eles utilizam bastante a capacidade motora para
não pensar, sistema de proteção contra o sofrimento insuportável. A compulsão
alimentar, que a tudo devora, repete com grande atividade e desespero a tentativa de
interiorização do objeto. A ‘afetividade’ desmesurada que une o obeso compulsivo ao
alimento seria então uma tentativa de tamponamento à incapacidade de interiorização e
à dificuldade afetiva? (Cremasco,2010)

A contribuição da Psicanálise está em oferecer seu olhar, que toma os


transtornos alimentares como manifestações de um sofrimento psíquico, organizações
defensivas extremamente poderosas que enclausuram a mente num corpo-cárcere, pelas
formas atuadas e violentas de expressão corporal, pelos sucessivos actings out, típicos
da era contemporânea, onde a elaboração ponderada do pensar é trocada pelas ações
impulsivas da concretude psíquica, impossibilitando o psiquismo dessas mulheres de
atender seus desejos, que ficam perdidos e negados.

IV A OBESIDADE COMO FALTA

A clínica com indivíduos com síndrome metabólica aponta para sujeitos


poliqueixosos e dentre as múltiplas queixas, além de inúmeras doenças psicossomáticas,
tais como: fibromialgia, gastrite e doenças tópicas, aparece, de forma recorrente, a
depressão como um sintoma/resposta à compulsão alimentar.
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O corpo gordo é só a ponta do iceberg. O que impele, o que “com-pulsiona” o


obeso aos episódios de devoração? A comer um “a mais” que o devora, o mata aos
poucos? Nossas pacientes relatam que, frequentemente, pouco importa o que estão
comendo, pouco importa o que seja, desde que comam até sentir-se completamente
cheias. Que buraco é esse de que falam?

Comendo cada vez mais, cada vez mais cheias, embora nunca cheias o
suficiente, comem mais, buscam ficar sem espaços a serem preenchidos, sem faltas;
talvez horror às hiâncias que apontam ao que estamos condenados por sermos seres de
fala. Para o desejo do sujeito não existe objeto, é um vazio constitutivo, irredutível. O
sujeito constitui-se numa alteridade, mas quando busca constituir-se e definir-se não
encontra nada que o definiria definitivamente, só o que acha é essa falta. Falta radical e
fundamental que doravante o constitui.

É daí que partimos para pensar que real se configura na obesidade? Não parece
tratar-se de um real que abre essa relação. Parece mais se dar um curto-circuito direto
corpo/linguagem: de um lado um corpo partido entre o sentido invariável, a imagem que
sofre distorção gradativa, e um não-sentido, um real impossível e violento, de outro lado
uma linguagem que não alcança esse corpo, linguagem impotente, sempre correndo
atrás de domar algo violento. (Rocha, Vilhena & Novaes 2009).

Pensemos nos momentos de crises de devoração, quando o obeso


compulsivamente come sem parar, momento, inclusive, onde não há um corpo, seja
gordo ou magro, não há um obeso, não há um sujeito, não há nada senão aquele
devorar, aquele estranho prazer de devorar sei lá o quê. Poderíamos pensar, também,
como veremos a seguir, como esta “carência” só pode ser imaginariamente suprida
através de um comer compulsivo?

Enquanto compulsão, a obesidade evidencia uma distância de si para si máxima,


ele não tem controle sobre si ao comer. O obeso traz também o inverso oposto do culto
ao corpo, da valorização estética, da agilidade. O obeso empaca aos poucos, até a
imobilidade quase total. Mas não se trata, numa leitura romântica, de entendê-la como
movimento de resistência às exigências contemporâneas. Está mais próxima de uma
forma de escravidão, quando a liberdade vacila no seio do sujeito. A obesidade está
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inserida nesse contexto, mas causa extremo sofrimento ao sujeito, ao qual não resta
outros modos de protestar que não adoecendo (Vilhena, Novaes & Rosa prelo).

Nestes casos, algo do trauma vivido parece insistir e como sabemos, a partir dos
achados de Freud, que identificou tal mecanismo com aguda precisão, aquilo que não é
elaborado, repete.

Nessas pacientes, é comum observar uma depressão que resiste ao tratamento,


pelo menos no tocante ao emagrecimento que demora a ocorrer e, portanto, não está de
acordo com o cronograma das pesagens e reavaliações médicas, - são, normalmente,
chamados de “casos-problema” e, via de regra, suscitam pouca empatia, impaciência e
irritação por parte da equipe médica.

São descritas como poliqueixosas, sem motivação, com uma personalidade


aderente e com humor demasiadamente deprimido. Além disso, parecem somatizar com
maior frequência.

No setting, são pacientes que demandam um tempo maior para refazer esse luto,
através da rememoração de conteúdos bastante primitivos. Após relatarem o que
identificam como deflagrador/motivo para terem engordado, quer seja: abandono,
morte, perda ou simplesmente a rejeição sofrida por suas mães que as deixaram, na
maioria das vezes, aos cuidados de outrem, passam grandes períodos nos quais apenas
choram.

“Desde que perdi meu filho sinto um nervoso Dra. E daí desando a comer feito
uma louca desesperada” (M.- 34 diarista)

Contudo, apesar de histórias escabrosas envolvendo surras, torturas físicas,


agressões morais, estupros recorrentes, testemunho de chacinas e crimes hediondos e
tendo como vítimas, na maior parte das vezes, parentes próximos, nossas pacientes
apresentam uma capacidade de resiliência, desafiando qualquer teoria e apontando para
a singularidade do sujeito.

Para outras, vítimas de toda a sorte de abusos praticados por pais, padrastos,
irmãos ou namorados, nas quais comparece, em meio a este show de horrores, até
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mesmo casos onde as pacientes eram obrigadas a comer alimentos estragados, em


função do estado de miséria em que se encontravam, percebemos, surpresas, que
resistiram e mostram não somente uma adesão incrível ao tratamento, bem como à vida.

Desde o estupro notei que venho engordando, sempre tive tendência para
engordar, mas dali em diante nunca mais consegui parar. É como se um monstro
tomasse conta de mim e controlasse a minha boca (R. – 28, auxiliar de enfermagem)

Resta a constatação e a indagação de como isso tudo pode ser ainda mais
facilmente superado, digerido e elaborado do que a ausência da mãe.

Para nossas pacientes, na amostra pesquisada e até o presente momento, nada


parece comparar-se ao desamparo e a vacância deixados pela figura materna. Na sua
ausência, somente a comida parece dar conta desse apagamento, ainda que temporário,
posto que retorna, mortiferamente, sempre ao ponto de partida.

Maria, evangélica, de 38 anos e parece confirmar nossa suspeita. Vítima de um


estupro, após a sua primeira experiência amorosa e já tendo um histórico de agressões
sofridas pelo pai, com uma mãe que se não a defendia, pelo menos não abandonou a
família, tais quais os muitos casos relatados. A partir do relato de sua história,
percebemos que paciente usou algum tipo de recurso interno que a permitiu buscar na
igreja um pai mais justo, embora rigoroso na moral adotada pela paciente.

Não sei praticamente o que é ter prazer sexual, aliás, há muito tempo abdiquei
disso Dra. Sirvo ao senhor que é o meu pastor e nunca me faltará, pois com os homens
só tive decepção, primeiro com meu pai: um homem mal, ignorante e perverso que
judiava de mim e dos meus irmãos e depois com o Genilson, meu primeiro namorado,
de quem fiquei noiva e perdi a virgindade quando ele me estuprou aos vinte e dois anos
e depois ainda descobri que me traía com outra. Depois disso, nunca mais quis saber
de sexo, até namorei alguns rapazes da igreja, mas sem ter relações, pois passou a me
embrulhar o estômago, além do mais, segundo as leis do senhor, não é direito antes do
casamento. À noite, a maioria das pessoas vai pra cama, já eu, de madrugada, assalto
a geladeira! Bate um desespero mesmo Dra., uma aflição que sobe pelo corpo e só
10

acalma depois que me sinto bem cheia e dá aquela moleza – aí então posso me deitar”.
(R.- 38, empregada doméstica).

Uma outra vítima de estupro,nos diz:

Minha maior conquista na terapia Dra, depois de ter sofrido o estupro, foi
voltar a amar e acreditar que posso ter um filho, pois mesmo antes do estupro
desconhecia o que era atenção e carinho. Somente quando fui buscar tratamento
psicológico pude perceber o que é ter alguém que me ouve e se preocupa comigo. Não
que eu não pensasse em engravidar, tanto é assim que sempre procurei emprego como
babá, mas confesso sempre me deu medo de sufocar a criança, pois se com os meus
sobrinhos e afilhados já sufoco de tanto zelo e preocupação – imagine com o meu
próprio filho?! (E.-40, diarista)

Se por um lado, as contingências de vida desta mulher deixaram-lhe sequelas


importantes, que a obrigam ter que fazer uso de psicotrópicos para amenizar, por
exemplo, os sintomas da síndrome do pânico adquiridos após o trauma vivido com o
estupro, por outro, apesar das severas críticas e do ressentimento que tem em relação
aos pais, ela demonstra uma capacidade, inquestionável, de estabelecer vinculações
afetivas o que, consequentemente, a faz ter planos como casar e ter filhos.

Como resultante da sua capacidade de ligar-se à vida, consegue, pela via da


autoestima e da vaidade e porque não dizer, do narcisismo, ter investimento libidinal e
manter-se suficientemente integrada para aderir ao projeto de emagrecimento e,
portanto, suportar a privação de certos alimentos, necessária para perda de peso. O que
certamente não é pouco!

Em seus estudos sobre a violência contra a mulher Vilhena (2001,2005) aponta a


intimidação, coação, ameaças, negação ou minimização do abuso, isolamento,
culpabilização da vítima, dominação, controle econômico, manipulação dos filhos e
abuso sexual como os elementos da “pedagogia da violência”, que tem como resultado
as respostas de medo, depressão, culpa, passividade, e baixa auto-estima desenvolvidas
pelas vítimas de estupro.
11

Coube ao movimento feminista o mérito de trazer o estupro ao debate como um


crime de gênero, política sexual e poder. O clássico livro de Susan Brownmiller (1975),
Against our Will: Men, Women and Rape permitiu a desmistificação do caráter
patológico ou de exceção da violência contra a mulher, demonstrando como o estupro é
parte funcional do patriarcado – longe de ameaçá-lo, nas palavras da autora, “é sua
própria sanção, sua tropa de choque”. (1975 p.315).

Segundo Brownmiller, o machismo e a misoginia forjam uma “psicologia de


massa” que encorajaria o estupro. Da ocupação de territórios por exércitos inimigos,
frequentemente acompanhada do estupro das mulheres locais, ao sexo forçado mesmo
dentro do casamento, a autora vai apontando como, em nosso imaginário, chegou-se à
imagem da mulher responsável pelo próprio estupro.

A mulher “que na verdade queria” ou aquela que “fez por onde” permite
trivializar o estupro, considerá-lo excitante para o imaginário, não apenas pornográfico,
como também legal, quando a vítima é, frequentemente, transformada em ré. É neste
sentido que autora define o estupro como um crime do patriarcado – um ato que não
apenas subordina brutalmente as mulheres à vontade dos homens, como limita sua
liberdade e alimenta a ideologia de que as mulheres precisam de proteção. (Vilhena &
Zamora 2005)

Parece então haver um consenso de que a violência sexual contra a mulher é em


realidade um crime de gênero – não sem razão o discurso feminista repudia o termo
violência doméstica, por entender que este descaracteriza a essência do problema.

No campo jurídico tal opinião é compartilhada por diversas mulheres que


apontam o Direito Constitucional e não o Penal, como a arena apropriada para os
embates a serem travados. Enquanto o segundo recoloca e reafirma a condição de vítima
da mulher o Direito Constitucional constitui um campo de positividade, onde homem e
mulher podem, enquanto sujeitos, reivindicar, positivamente, direitos. Trata-se, em
suma, de ressaltar a importância da construção de um espaço público politizado pelas
mulheres, como sujeitos em uma construção positiva e não defensiva da cidadania,
como assinalam Vilhena & Zamora (2005).
12

É também na área penal que vamos nos defrontar com uma das maiores
dificuldades. A exigência de que a vítima do estupro implique-se, retrospectivamente,
na experiência. Para o tribunal, a vítima é a testemunha-chave de acusação: ao precisar
dar provas do ato é colocada como testemunha do mesmo.

No entanto, ela está relatando a violação de sua própria condição de sujeito.


Quando é chamada como testemunha de sua violação, o que lhe está sendo pedido é que
ela repita esta experiência, o que não raramente gerará uma extrema angústia ... Na
natureza das funções legais de “testemunha” e “reclamante”, ela está sendo convocada a
repetir o estupro e, simultaneamente, alienar-se da experiência de ser estuprada ou
identificar-se com a posição da vítima: ela mesma. De qualquer forma, ela está sendo
novamente estuprada. (Vilhena 2001 p.60).

Com tudo isto, o que tais casos suscitam pensar é que algo característico ao
trauma consegue ser transposto e a capacidade de ligação não é completamente perdida,
logo, pode ser restabelecida. Esta parece ser a pista deixada até o presente momento.

V. POR QUE COMER?

A importância destas observações nos auxilia a pensar no problema da


insensibilidade presente nos distúrbios da oralidade. Insensibilidade que aparece nos
sintomas anoréxicos como uma recusa a sentir estímulos dolorosos. Na obesidade, a
insensibilidade surge ligada à capa de gordura que reveste e insensibiliza a carne. Mais
do que uma “perda da libido”, como assinala Freud [1933], tratar-se-ia de uma
estagnação da libido, o que geraria uma insensibilidade ao nível psíquico e corporal.

Mulheres fundidas com uma figura materna imaginária, que caminham na


contramão da natureza o tempo todo, escondendo seus atrativos femininos, negando a
fome, a dor, a vontade sexual, assim como as suas necessidades afetivas em geral e
escolhem a comida e o corpo como representantes-fetiches de um afeto que, na verdade,
nada tem a ver com a alimentação em seu sentido concreto.

Tenho vergonha de trocar de roupa na frente do meu marido, e sei que ele tem
amantes fora de casa, embora diga que gosta do meu corpo e me procure, mas a
verdade é que depois da minha segunda gravidez engordei muito e não consegui
13

retomar, nem tenho vontade de mais nada, nem ter relações...(J- 37, empregada
doméstica)

Na obesidade, como também na anorexia e na bulimia, existe a ideia fantasiosa


de que o alimento ou a culinária (ocupando o lugar do afeto) adquiririam a função
defensiva e grandiosa de “corrigir” um déficit, uma falta percebida no mundo interior e
dessa maneira, estariam, portanto, revestidos de um poder enorme que culminaria no
controle de suas vidas e de seus familiares e nas fantasias de triunfo onipotente além da
vida e morte.

Como até sentir uma tontura, até ficar zonza Dra, depois da comilança me sinto
perdida e normalmente durmo, então quando acordo choro, pois me sinto culpada, mas
na hora só penso que a comida é a minha grande companheira, embora saiba que é
também a minha grande inimiga (E. 39 – faxineira).

Assim, os distúrbios alimentares desviam o caráter corretivo que a


cozinha exerce sobre a natureza, dirigindo sua finalidade para um uso fetiche, uma
paixão escravizante pautada pelo sentido adicto de suas vinculações. Adicto,
etimologicamente, quer dizer “escravo”, mas também tem o sentido de “não-dito”. A
anoréxica/ bulímica/obesa torna-se escrava do seu não-dizer e da sua mudez pulsional.

A paixão pelo alimento, pela culinária e a paixão estruturante do vínculo nutrício


com a figura da mãe internalizada, nos remetem à ideia de que o comer e seus rituais
estão comprometidos com modelos alimentares e identidades culturais.

Segundo Flandrin e Montaria (1998 p.116) “a cozinha é um meio fundamental


de correção da natureza...” Ou, nas palavras de Freud, veneno é comida que faz
adoecer. (1933 p.151).

VI. A MEMÓRIA DA FOME

“A gente não pode emagrecer demais senão os vizinhos acham que estamos
passando fome, endividados ou na rua da amargura” (V. 48, empregada doméstica).
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Na sociedade de consumo cuidar do próprio corpo e da aparência deixou de ser


entendido como um luxo ou privilégio de poucos, para ser algo que deve ser
incorporado ao cotidiano do sujeito. O discurso é democrático, uma vez que o corpo
passou a ser uma moeda de troca valiosíssima e, por conta disso, vemos
disponibilizadas inúmeras práticas corporais (ex: malhação, intervenções estéticas,
cirurgias plásticas, dietas etc.) que auxiliam ao sujeito enfrentar o crivo social e das
quais não se justifica deixar de se engajar, não importando a classe social do sujeito em
questão.

O imaginário cultural forja subjetividades, fazendo-se necessário para entendê-lo


os mapas de navegação social que norteiam as mulheres desta classe social. Uma
comparação dos usos do corpo nas classes médias e alta, quando comparadas às
chamadas camadas populares, investigou como ambas viviam a “gordura” em uma
sociedade lipofóbica (Novaes, 2010).

Observamos que enquanto as mulheres das classes médias e altas, não iam à
praia, (Novaes, 2005), não saíam de casa, malhavam compulsivamente e negavam
qualquer referência a uma sexualidade mais ativa, um simples olhar nos trajes femininos
nas comunidades da Rocinha, Chapéu Mangueira, Parque da Cidade e Rio das Pedras
ou mesmo nas ruas das cidades, mostrou-nos mini saias, decotes, roupas justíssimas que
parecem em nada querer ocultar as “gorduras” que estas mesmas mulheres buscam
eliminar nas academias de ginástica destas comunidades ou na compra dos inúmeros
aparelhos vendidos através do shoptime ou programas similares. Haveria assim um lidar
de forma bastante distinta com a sexualidade, com o próprio corpo o que determinaria
sociabilidades bem distintas. (Novaes 2010)

Os resultados apontam para o que supomos ser uma relação mais liberta, menos
persecutória e de menos vergonha na forma de lidar com a própria gordura. Ao
contrário de uma hipótese inicial, de que talvez não houvesse por parte dessa população
a percepção da gordura para que ela comparecesse exposta sem pudores e não
correspondendo ao que a literatura tradicional utilizada nos informava, qual seja, de que
as camadas menos favorecidas esperam da figura do médico dizer o que é melhor para o
seu corpo.
15

Pelo menos no que diz respeito à estética corporal, as mulheres das comunidades
carentes entrevistadas, estão longe de ter uma relação de alienação com o próprio corpo
ou tampouco esperam do saber médico dizer que corpo devem ter. Mostraram-se, como
veremos abaixo, com uma percepção precisa e bastante acurada da própria imagem
corporal.

Sei que estou gorda. É o que eu digo para o médico lá do posto, na cesta básica
por acaso vem queijo cottage, pollenguinho light, maçã da Mônica e pão integral light?
Claro que não! Vem fubá, maisena, leite integral, macarrão, etc. Aí é o que eu digo,
saber o que comer eu sei, mas ser magra é caro. (L, 36, manicure)

Na casa da minha patroa o marido dela é médico, então quando começa a me


atazanar cobrando que tenho que perder peso, vou logo dizendo: lá em casa estamos
aceitando doações, produto, diet é muito caro!. (W, 57, empregada doméstica)

Tal fato pode ser creditado à democratização da informação, como apontam


(Vilhena, Medeiros e Novaes, 2006) posto que as entrevistadas, apesar de privadas de
alguns bens de consumo, através da mídia tinham amplo acesso à dietas, exercícios e
toda sorte de práticas corporais que compõe o que o ethos contemporâneo entende como
as formas de um viver saudável, ou, posto de outra forma, - as formas de bem viver.

Quando perguntadas sobre modelos de corpo ideal, demonstram ter um padrão


estético bem mais curvilíneo que em nada se assemelha às modelos da passarela
mencionadas com tanta admiração pelas classes dominantes.

A escolha de um modelo midiático que não seja emblemático da ditadura


estética da magreza reafirma novamente o que mencionamos anteriormente a respeito
da marca do discurso dessa classe estar referida ao desejo manifesto de ser objeto de
desejo masculino. Em frases como: “homem gosta é de carne para comer, mulher com
corpão tipo a Ivete ou reforçada que nem a Mulher melancia” proferida por uma de
nossas entrevistadas, isto fica claro, ou então, - “eu sou igual a Preta Gil, sou a mulher
churrasco, aqui tem carne pra todo mundo”, parece evidente o fenômeno inverso à
queixa mencionada por nossas entrevistadas de classe média alta, que sinalizavam
serem vítimas de um olhar social que dessexualiza as pessoas gordas.
16

Finalmente, quando mencionam não poderem emagrecer demais, caso contrário


a magreza excessiva será confundida com miséria, fica patente que além de hábitos
alimentares, existem também representações em torno da comida que diferem de acordo
com as classes sociais.

Mais ainda, reafirmam que o corpo que temos é um corpo de classe.

“Se ficar muito magrinha, igual madame, vão dizer que falta comida...”

“Dieta, eu heim! Já não basta o que passamos?”

“Filho meu não vai fazer regime. Já chega o regime que a vida impõe”

Conforme aponta Vilhena (2002,2004), o contexto, o território e a geografia em


que se vive ou na qual se está inserido é um agente formador de subjetividades bastante
relevante.

O espaço é assim um campo de construção da vida social onde se entrecruzam,


no tempo plural do cotidiano, os fluxos dos acontecimentos e os fixos, o incontável
arsenal de objetos técnicos. Desse modo cada espaço é global e particular, expressa o
mundo e as condições próprias e singulares de sua constituição (2004 p.98).

A vida numa favela é tão difícil, cheia de imprevistos e incertezas que é


necessário muito jogo de cintura para sobreviver por aqui. Um dia falta água, noutro é
deslizamento e enchente que leva o barraco dos colegas ou pode ser também a polícia
que sai metendo o pé na porta na casa de trabalhador honesto.(C. 62, costureira).

O grande diferencial encontrado neste universo diz respeito ao fato dessas


mulheres não sentirem-se privadas de certos prazeres desautorizados nas classes mais
abastadas. Aqui, uma estética corporal que não esteja em consonância com o modelo
estético vigente não é sinônimo de privação ou qualquer restrição aos espaços de
sociabilidade e lazer.

Jogo de cintura, criatividade, uma relação mais lúdica e menos persecutória com
o corpo, gordura associada à prosperidade e seu inverso: magreza excessiva à vergonha,
miséria e privação. Tudo isso, mencionado para descrever as representações e os usos
17

que o corpo assume nas chamadas camadas menos favorecidas da população sem jamais
deixar de sublinhar que em nenhum momento negam a sua gordura ou deixam de se
importar com ela.

VII Considerações Finais

Acreditamos, conforme já afirmamos anteriormente (Vilhena &Novaes 2010),


que o corpo do qual nos ocupamos é bastante distinto daquele tratado pela medicina.
Este não é apenas um organismo, um agregado de carnes e órgãos, algo estritamente da
ordem da natureza. O corpo para a psicanálise não pode jamais vir desacompanhado de
suas narrativas. Não se trata de um organismo vivente, mas de um corpo que fala, goza,
silencia e ensurdece, sempre à espera de um deciframento.

Foi isto que buscamos aqui demonstrar. Enquanto o médico busca curar a
doença da obesidade, de nosso lugar procuramos entender a dor, aqui compreendida
como a tristeza que precisa ser partilhada, para que estas mulheres consigam legitimar
o lugar do seu sofrimento e nos digam do que falam seus corpos.

Não há como não ouvir estas mulheres dentro do espaço social onde constroem
suas vidas. É a partir do entendimento do que significa a vida em espaços marcados pela
carência que é possível pensar o viver, o trabalhar, formar os laços sociais e identificar-
se com os semelhantes. É a partir de um lugar que falamos e que somos ouvidos; que
respeitamos e somos respeitados, que nos sentimos incluídos ou à margem.

Por isto, este corpo que é tantas vezes maltratado, torturado e explorado, não se
deixa reduzir a ser apenas isto; é também um corpo do prazer negado em quase todas as
outras esferas da vida, do lúdico e do político. Nas sábias palavras de uma entrevistada:

...Portanto, você não pode subir aqui o morro esperando encontrar o mesmo
corpo. Nosso corpo é esperto, temos que improvisar desde cedo. Pobre que não
improvisa não vive, se lasca todo. E você sabe como é: viver não é só comer e
trabalhar, como diz aquela música dos Titãs, - a gente não quer só comida, a gente
quer comida, diversão e arte.
18

VIII- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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i
JUNIA DE VILHENA

Psicanalista.Membro efetivo do CPRJ Dra em Psicologia Clínica.Professora do


Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Coordenadora do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa
e Intervenção Social – LIPIS da PUC-Rio. Membro do GT da ANPEPP "Processos de
subjetivação, Clinica Ampliada e Sofrimento Psíquico Pesquisadora da Associação
Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Pesquisadora correspondente
do Centre de Recherches Psychanalyse et Médecine, CRPM-Pandora. Université Denis-
Diderot Paris VII WWW.juniadevilhena.com.br

11 JOANA DE VILHENA NOVAES

Psicanalista. Pós-doutora em Psicologia Médica (UERJ). Pós-Doutora em


Psicologia Social (UERJ). Doutora em Psicologia Clínica (PUC-Rio). Coordenadora do
Núcleo de Doenças da Beleza da PUC-Rio. Pesquisadora e psicoterapeuta do
Laboratório Interdisciplinar de pesquisa e Intervenção Social - LIPIS. Consultora da
UNILEVER. Pesquisadora correspondente do Centre de Recherches Psychanalyse et
Médecine -Université Denis-Diderot Paris 7 CRPM-Pandora.
WWW.joanadevilhenanovaes.com.br
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