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Abstract This article treats the inversion of positive cultural values into negative
ones by the comparative analysis of both Clockwork Orange poster and film.
Key words Stanley Kubrick; the 70´es; graphic design; production design;
Clockwork Orange
O nome do diretor e do filme parecem ter sido cuspidos pela janela menor; o título
sombreado, com volume, dando idéia de que o mesmo está próximo de nós,
prestes a nos alcançar.
O recurso tão marcante dos cílios 5, numa retórica outra, a inverter o significado
primeiro, talvez queira evidenciar a presença da ironia como princípio construtor /
norteador da estética de Laranja Mecânica.
A que remetiam esses caracteres visuais e auditivos (não nos esqueçamos aqui da
fala utilizada por Alex e gang 6 e da música), tão bem utilizados pelo designer de
produção do filme e o fotógrafo que fabricou a modelo 7 ? Afinal, “design gráfico
(creio poder estender essa definição aos designers de produção também) é
utilizado para informar, identificar, sinalizar, organizar, estimular, persuadir e
entreter, resultando na melhoria da qualidade de vida das pessoas”. Quais seriam
os fatores sociais determinantes da criação destas mensagens?
Em 1969, dois anos antes de Laranja Mecânica 8, o homem chega à Lua, depois de
anos de pesquisa. Além da conquista espacial, nesse período os computadores
estavam sendo desenvolvidos a todo vapor. Mente artificial, robôs e seres
extraterrestres foram ocupando o imaginário humano. Seres e máquinas eficazes
e super eficientes. Logo depois da conquista da Lua, David Bowie lança o álbum
Space Oddity (1969) e, em seguida, Hunky Dory (1971) e The rise and fall of Ziggy
Stardust and the spiders from Mars (1972) que trouxeram, principalmente este
último, Bowie numa personagem vinda do espaço, de imagem dúbia. Andrógina
também; adorada pelos seus inúmeros fãs.
III
No cartaz, então, Alex irrompe pelo triângulo maior, sob as “asas” dele. Já
a mulher tem as entranhas estraçalhadas pelo vértice do triângulo menor – numa
referência à dominação masculina na sociedade também.
Referências Bibliográficas
5) MANRIQUE, M. Stanley Kubrick y la pintura del siglo XVIII In: Cinemais. Rio
de Janeiro, Ed. Cinemais, no. 38, jan / mar 2005.
Referências Cinematográficas
* Josette Monzani é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC /SP, com pós-
doutoramento em realização na ECA /USP, sob a supervisão do Prof. Ismail Xavier. É profa. de
cinema do Bacharelado em Imagem e Som da UFSCar. Tem vários artigos sobre cinema
publicados em livros e periódicos nacionais e está lançando o livro Gênese de Deus e o Diabo
na Terra do Sol (São Paulo, AnnaBlume / Fapesp).
6 O roteiro foi baseado no romance homônimo de Anthony Burguess, no qual as gangs fazem uso de um
idioleto próprio.
7 Como bem afirmou POUND (ABC da Literatura. São Paulo: Cultrix, 1979): “os artistas são as antenas da
raça”.
8 Cabe lembrar que 2001: uma Odisséia no Espaço, do mesmo Kubrick, é de 1969.
9 “Acho que eu selecionava minhas cores a partir da experiência visual com LSD, acrescentada àquilo que
havia aprendido como impressor, confessa Wes Wilson (...)” In: PERRONE, C. Psicodélicas. Um tipo muito
louco.São Paulo: Rosari, 2003, p.9.
10 “Toda letra psicodélica é freak, convivendo em um espaço freak. Em vez de construção tem-se
comportamento (...). E o comportamento desses tipos, que parecem muito loucos, é na verdade orgânico,
biológico. Sim, em tempos de revolução sexual, o corpo está na berlinda, mas não se trata do corpo
esculpido, mecanicamente construído para ser visto, como acontece nos anos 2000”. In: PERRONE, C.
Psicodélicas. Um tipo muito louco. São Paulo: Rosari, 2003, p.14.
11Cf. HORKHEIMER, M. e ADORNO, T. Dialéctica del iluminismo. Buenos Aires: Sur, 1970 (em especial p.146
a 200); e HORKHEIMER, M. Crítica de la razón instrumental. Buenos Aires: Sur, 1969.