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CENTRO DE ESTUDOS GERAIS

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA – LAGEMAR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA E GEOFÍSICA MARINHA

IVO BRUNO M. PESSANHA

O COMPLEXO GEOIDAL LESTE BRASILEIRO -


CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS
E GEOFÍSICAS.

NITERÓI
2003
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO DE ESTUDOS GERAIS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA – LAGEMAR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA E GEOFÍSICA MARINHA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

O COMPLEXO GEOIDAL LESTE BRASILEIRO -


CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS
E GEOFÍSICAS.

IVO BRUNO M. PESSANHA

Orientador: Prof. Jorge Jesus Cunha Palma, Dr.


Co-orientador: Prof. Marcelo Sperle Dias, Dr.

NITERÓI
2003

ii
IVO BRUNO M. PESSANHA

O COMPLEXO GEOIDAL LESTE BRASILEIRO -


CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS
E GEOFÍSICAS.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Geologia e Geofísica Marinha
da Universidade Federal Fluminense, como
requisito para obtenção do grau de mestre.
Área de concentração: Geologia e Geofísica
Marinha.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Jorge Jesus Cunha Palma, Dr. - Orientador


Universidade Federal Fluminense

Prof. Marcelo Sperle Dias, Dr. - Co-orientador


Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Prof. Cleverson Guizan Silva, Dr.


Universidade Federal Fluminense

Dr. Cláudio Lima,


Petróleo Brasileiro S.A.

NITERÓI
2003

iii
FICHA CATALOGRÁFICA

PESSANHA, IVO BRUNO MACHADO

O COMPLEXO GEOIDAL LESTE BRASILEIRO -


CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS E GEOFÍSICAS.

Niterói, RJ – Universidade Federal Fluminense – UFF, Centro de Estudos Gerais, Instituto de Geociências,
Laboratório de Geologia Marinha - LAGEMAR. 2003

Dissertação: Mestrado em Geologia e Geofísica Marinha

1. Anomalias Gravimétricas
2. Hotspot
3. Margem Continental Leste Brasileira

iv
AGRADECIMENTOS

Ao Professor Dr. Jorge Jesus Cunha Palma, pela orientação, dedicação e disponibilidade
que mostrou ao longo de todo o desenvolvimento deste trabalho.

Ao Professor Dr. Marcelo Sperle Dias, pelas sugestões e críticas construtivas que em muito
enriqueceram este trabalho.

Aos meus pais pelo apoio e incentivo, que tanto tem me ajudado na realização do meus
objetivos.

Aos meus amigos pelas palavras de motivação e pelas ajudas nos momentos mais críticos.

À toda equipe do Laboratório de Geologia Marinha - LAGEMAR, onde encontrei um


ambiente amistoso e acolhedor ao qual me proporcionou grande desenvolvimento nas mais
diversas áreas do conhecimento.

À todos aqueles que direta ou indiretamente contribuiram para a elaboração e conclusão


deste trabalho.

E por fim, especialmente à minha esposa que sem o companheirismo e cumplicidade,


jamais teria sido possível a realização deste trabalho.

v
Even if there is only one possible unified theory, it is just a
set of rules and equations. What is it that breathes fire into
the equations and makes a universe for them to describe? The
usual approach of science of constructing a mathematical
model cannot answer the questions of why there should be a
universe for the model to describe. Why does the universe go
to all the bother of existing?
Stephen Hawking.
A Brief History of Time

vi
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................................ VIII

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................................ XII

RESUMO ................................................................................................................................................................ XIII

ABSTRACT ............................................................................................................................................................. XIV

1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................ 1

2 - OBJETIVO ............................................................................................................................................................. 2

3 - RELEVÂNCIA ........................................................................................................................................................ 3

4 - ÁREA DE ESTUDOS ............................................................................................................................................... 4


4.1 - FISIOGRAFIA................................................................................................................................................ 4
4.1.1 - PLATAFORMA CONTINENTAL ............................................................................................................... 7
4.1.2 - TALUDE CONTINENTAL ....................................................................................................................... 8
4.1.3 - SOPÉ CONTINENTAL ........................................................................................................................... 9
4.1.4 - MONTES SUBMARINOS DA BAHIA......................................................................................................... 9
4.1.5 - PLATAFORMA DE ABROLHOS E BANCO ROYAL CHARLOTTE ................................................................ 12
4.1.6 - CADEIA VITÓRIA/TRINDADE .............................................................................................................. 14
4.2 - SEDIMENTAÇÃO ........................................................................................................................................ 15
4.3 - BACIAS SEDIMENTARES ............................................................................................................................ 18

5 - CONTEXTO TEÓRICO ......................................................................................................................................... 27


5.1 - BATIMETRIA PREDITA ............................................................................................................................... 27
5.2 - ANOMALIA AR-LIVRE E ALTURA DO GEOIDE ........................................................................................... 27
5.3 - HOTSPOTS E PLUMAS MANTÉLICAS .......................................................................................................... 30

6 - UTILIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................................. 33


6.1 - BATIMETRIA .............................................................................................................................................. 33
6.2 - GRAVIMETRIA ........................................................................................................................................... 34
6.3 - SÍSMICA .................................................................................................................................................... 34

7 - ANÁLISE DOS MAPAS ......................................................................................................................................... 37

8 - INERPRETAÇÃO SÍSMICA ................................................................................................................................... 49

9 - DISCUSSÃO ......................................................................................................................................................... 88

10 - CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................... 93

11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................................... 95

vii
LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1 - Feições da margem continental leste brasileira; plataforma, talude e sopé
continental. Figura extraída de Palma (1984)............................................................5
Figura 4.2 - Complexidade do relevo da margem continental brasileira. Figura
extraída de França (1979)........................................................................................... 6
Figura 4.3 - Montes Submarinos da Bahia distribuídos em três cadeias
aproximadamente paralelas entre si, na direção NW-SE. Figura extraída
de Bryan e Cherkis (1995)........................................................................................ 11
Figura 4.4 - Toponímia da área de estudos. Figura extraída de Jinno (1998).............................. 13
Figura 4.5 - A megasseqüência continental. Figura extraída de Chang et al (1990). .................. 17
Figura 4.6 - Bacias sedimentares do Espírito Santo e Bahia Sul (Cumuruxatiba,
Jequitinhonha, Jacuípe e Camamu-Almada). Figura modificada de
Asmus e Guazelli (1981). ......................................................................................... 19
Figura 4.7 - Carta Estratigráfica da Bacia do Espírito Santo. Extraído de
PETROBRAS (1994). .............................................................................................. 20
Figura 4.8 - Carta Estratigráfica da Bacia Cumuruxatiba. Extraído de PETROBRAS
(1994). ...................................................................................................................... 22
Figura 4.9 - Carta Estratigráfica da Bacia do Jequitinhonha. Extraído de
PETROBRAS (1994). .............................................................................................. 23
Figura 4.10 - Carta Estratigráfica da Bacia de Almada. Extraído de PETROBRAS
(1994). ...................................................................................................................... 24
Figura 4.11 - Carta Estratigráfica da Bacia de Camamu. Extraído de PETROBRAS
(1994). ...................................................................................................................... 25
Figura 4.12 - Carta Estratigráfica da Bacia de Jacuípe. Extraído de Bizzi et al
(2001). ...................................................................................................................... 26
Figura 6.1 - Mapa da região de estudos com localização dos perfis sísmicos LEPLAC
II em vermelho e LEPLAC VII em verde. ...............................................................36
Figura 7.1 - Mapa batimétrico derivado de altimetria de satélites. Fonte dos dados
Sandwell e Smith (2000). .........................................................................................38
Figura 7.2 - Mapa de anomalia ar-livre da região de estudos. Fontes dos dados
Sandwell e Smith (1999). .........................................................................................40

viii
Figura 7.3 - Mapa da região de estudos com o CGLB ao centro. Fontes dos dados
Sandwell e Smith (1999). .........................................................................................41
Figura 7.4 - Mapa de batimetria derivada da altimetria de satélites da região de
estudos. Assinalados os montes submarinos da Bahia (1), banco Royal
Charlotte e banco de Abrolhos (2) e cadeia Vitória-Trindade(3). Fontes
dos dados Sandwell e Smith (2000). ........................................................................43
Figura 7.5 - Montes submarinos da Bahia. Fontes dos dados Sandwell e Smith (1999
e 2000). ..................................................................................................................... 44
Figura 7.6 - Plataforma de Abrolhos e banco Royal Charlotte. Fontes dos dados
Sandwell e Smith (1999 e 2000). .............................................................................45
Figura 7.7 - Cadeia Vitória - Trindade. Fontes dos dados Sandwell e Smith (1999 e
2000)......................................................................................................................... 47
Figura 7.8 - Mapa batimétrico da região da Cadeia Vitória-Trindade com as
isócronas traçadas a cada 2.5 Ma. Fontes dos dados Sandwell e Smith
(1999 e 2000) e Müller et al. (1993)........................................................................ 48
Figura 8.1 - Perfil 501-0001. Destacando a existência de um paleocanal à esquerda
do primeiro monte submarino, detalhe A e a continuidade da Z.F. Bode
Verde, detalhe B. ...................................................................................................... 50
Figura 8.2 - Perfil 501-0002. Destacando os altos que chegam a deformar os
sedimentos sobrejacentes, detalhe A e a presença de um desnível com
características semelhantes ao visto no perfil 501-0001 e
geograficamente alinhado a este e a Z.F. Bode Verde detalhe B. ............................ 52
Figura 8.3 - Perfil 501-0003. Destacando as soleiras básicas que em alguns casos
intercepta as camadas sedimentares, detalhe A e presença de degraus, e
grandes desníveis que talvez estejam relacionados a plugs magmáticos
detalhes A e B........................................................................................................... 55
Figura 8.4 - Perfil 501-0004. Destacando a presença degraus e plugs magmáticos,
detalhe A e um arqueamento do embasamento na porção final do perfil
detalhe B................................................................................................................... 57
Figura 8.5 - Perfil 501-0005. Destacando o embasamento com degraus associados à
presença de montes submarinos, detalhe A e as áreas onde o
arqueamento do embasamento é mais pronunciado, dificulta-se

ix
consideravelmente a definição do limite sedimento/embasamento, tal o
grau de perturbação existente detalhe B................................................................... 60
Figura 8.6 - Perfil 501-0006. Destacando a ocorrência de estruturas abaixo do limite
embasamento/sedimento interpretado, detalhe A e pontos de maior
arqueamento do embasamento detalhe B. ................................................................62
Figura 8.7 - Perfil 501-0007. Destacando um arqueamento pronunciado do
embasamento presente próximo ao monte submarino Hotspur, detalhe A
e a maior ocorrência de soleiras e intrusões que perturbam toda coluna
sedimentar detalhe B. ............................................................................................... 65
Figura 8.8 - Perfil 501-0008A. Destacando o embasamento mais irregular com
degraus maiores, detalhe A....................................................................................... 67
Figura 8.9 - Perfil 501-0009. Destacando um alto do embasamento que altera grande
parte do pacote sedimentar, detalhe A e um pequeno monte submarino
detalhe B................................................................................................................... 69
Figura 8.10 - Perfil 500-0018. Destacando altos do embasamento nas imediações do
banco Besnard, detalhe A e um soerguimento do embasamento
coincidente com soleiras e intrusões detalhe B. ....................................................... 71
Figura 8.11 - Perfil 500-0010. Destacando a presença de estruturas abaixo do
embasamento interpretado detalhe A, e a presença de soleiras e
intrusões que penetram por toda coluna sedimentar, chegando a aflorar,
detalhe B................................................................................................................... 74
Figura 8.12 - Perfil 501-0013. Destacando o aspecto irregular do embasamento
detalhes A e B........................................................................................................... 76
Figura 8.13 - Perfil 501-0014 iniciado ao sul da cadeia de montes submarino
Vitória/Trindade e estendendo-se até as proximidades do monte
submarino Hotspur. .................................................................................................. 78
Figura 8.14 - Perfil 500-0019 iniciado nas proximidades do monte Dogaressa na
cadeia Vitória-Trindade, e estendendo-se até a porção sul da cadeia
Ferraz. Destacando o aspecto irregular do embasamento detalhes A e B. ..............80
Figura 8.15 - Mapa de batimetria gerado a partir dos perfis sísmicos. ........................................ 82
Figura 8.16 - Mapa de profundidade do embasamento, mostrando a significativa
correlação com os maiores valores de anomalia ar-livre vistos na figura
7.2. ............................................................................................................................ 84

x
Figura 8.17 - Mapa de espessura sedimentar, mostrando as cunhas sedimentares
referentes às bacias do Espírito Santo e Bahia Sul (Cumuruxatiba,
Jequitinhonha e Camamu-Almada). ......................................................................... 85
Figura 8.18 - Mapa de distribuição de soleiras e intrusões magmáticas na área de
estudos. ..................................................................................................................... 86

xi
LISTA DE TABELAS

Tabela 6.1 - Comparação (rms) dos valores de gravimetria em mGal de malhas


elaborado por dados de cruzeiros e as últimas versões dos dados
compilados por Sandwell e Smith. ........................................................................... 34

xii
RESUMO

A margem continental leste brasileira apresenta uma fisiografia típica de margens


continentais do tipo passiva derivada de processo de rifteamento, que foi posteriormente
modificada por um conjunto de feições, aqui denominado Província Magmática de Abrolhos
(PMA), em que se destacam a plataforma de Abrolhos, o banco Royal Charlotte, os montes
submarinos da Bahia e a Cadeia Vitória/Trindade, além de montes submarinos isolados e corpos
magmáticos intercalados aos sedimentos.
O presente estudo concentrou-se na investigação da correlação espacial e temporal entre
PMA e anomalias gravimétricas, anteriormente nomeadas Complexo Geoidal Leste Brasileiro
(CGLB), entre elas o Alto Geoidal de Abrolhos (AGA).
Para tanto foram utilizados dados de batimetria derivada da altimetria de satélites,
gravimetria e sísmica multicanal. A partir da interpretação dos perfis de sísmica multicanal e dos
mapas e blocos diagramas elaborados, pôde-se observar as distintas características do
embasamento e coluna sedimentar, bem como das anomalias gravimétricas correspondentes ao
longo de diferentes setores da Província Magmática de Abrolhos.
As anomalias gravimétricas puderam ser primariamente diferenciadas em rasas (crustais)
e outras mais profundas.. As mais profundas podem ser separadas em dois setores, norte e sul. O
setor norte de alinhamento NW-SE apresenta um menor valor de altura do geóide, está
diretamente relacionado com os montes submarinos da Bahia e se estende até a Z.F. Bragation.
Diferentemente, o setor sul é constituído de um proeminente alto geoidal alinhado na direção W-
SW-ENE e não está justaposto a nenhuma feição topográfica proeminente. Estas anomalias
gravimétricas aparentemente estão relacionadas a duas diferentes fontes mantélicas de idades e
profundidades diferentes, o que é sugerido pelas diferenças de amplitude e alinhamentos,
respectivamente.
Entretanto, não se pode eliminar por completo a hipótese de serem estas anomalias de
diferentes setores de uma única pluma, e que tiveram suas fases de atividade em diferentes
épocas, sendo 80 Ma para o setor norte, enquanto o setor sul pode ser considerado ainda em
atividade. A isso associa-se ainda a existência pretérita de zonas de fraquezas com direções de
alinhamento distintos, NW-SE e W-E para as regiões norte e sul respectivamente.
As evidências de que toda a região de estudos vêm sendo constantemente influenciada
por eventos magmáticos desde o Terciário sugerem que, independente da gênese destes eventos
estar relacionada a apenas uma ou a várias fontes, é fundamental levá-las em consideração no
estabelecimento de modelos geológicos e na aplicação destes seja em pesquisa acadêmica, seja
na indústria de Óleo e Gás. Haja vista a importância do conhecimento da evolução destas
anomalias térmicas, considerando-se a influência destas no processo de geração (maturação da
matéria orgânica) e acumulação (modificações estruturais) nas bacias sedimentares da região.
Evidenciou-se neste trabalho a necessidade de continuidade do estudo destas feições, de
forma a permitir o desenvolvimento de modelos geofísicos e geofísicos capazes de estimar a
natureza, origem e os efeitos destas anomalias térmicas nos ambientes deposicionais da margem
continental leste brasileira.

xiii
ABSTRACT

The Eastern Brazilian continental margin is a typical passive continental margin derived
from a rifting process that has been modified by a set of features, here named Abrolhos
Magmatic Province (AMP). Abrolhos continental shelf, Royal Charlotte bank, Bahia seamounts,
and Vitória/Trindade ridge, along with isolated seamounts, and igneous bodies interbedded
within the sedimentary sequences are the main components of such Province.
This study is based on satellite altimetry derived bathymetric data as well as gravity and
multichannel seismic data in order to investigate the spatial and temporal relationship between
AMP and a group of gravity anomalies formerly designated as East Brazilian Geoidal Complex.
Among these anomalies is the Geoid High of Abrolhos.
The interpretation of seismic profiles and bathymetric, gravity, and isopach maps allowed
to unravel distinct characteristics of the oceanic basement and sedimentary sequences so as
related gravity anomalies along the different sectors of the Abrolhos Magmatic Province.
Gravity anomalies could be primarily classified as shallow (crustal) and deeper ones.
Deeper anomalies can be separated into a northern and a southern sector. Northern sector strikes
NW-SE with a smaller geoid high, can be directly related to Bahia seamounts and extends
southeasterly up to Bragation fracture zone. Contrarily southern sector is a prominent WSW-
ENE striking geoid high, which is not related to any important topographic feature. So
apparently these two anomalies are related to distinct mantle sources differing in age and in
depth as suggested by amplitude and strike, respectively.
Nevertheless it can not be discarded the hypothesis that these two anomalies come from
different parts of a single plume that have been actives in different times; 80 Ma. for the northern
sector while the southern sector can be considered still in activity nowadays. It has to be added
that there existed yet weakness zones striking NW-SE and W-E in northern and southern regions,
respectively
Evidences that the whole study area has been constantly influenced by magmatic events
since the Tertiary suggest that it is of fundamental importance to take them into account while
establishing geological models and in the application of such models either in academic research
or in oil and gas industry no matter the origin of such events to be related to a single or multiple
sources. Knowledge of the evolution of these thermal anomalies is important since it is
considered their influence in the process of oil and gas origin and accumulation (structural
changes) in the sedimentary basins of the region.
It became evident in this work the need of continuing the study of these features in order
to allow the development of geological and geophysical models capable to estimate the nature,
origin, and effects of these thermal anomalies in depositional environments of the eastern
Brazilian continental margin.

xiv
1 - INTRODUÇÃO

A margem continental brasileira apresenta uma fisiografia geral resultante do processo de


rifteamento, característico de margens continentais divergentes. Entretanto alguns setores
sofreram influência de eventos tectono-magmáticos anômalos, responsáveis por soerguimentos
crustais em bacias sedimentares e formação de feições proeminentes que alteram
significativamente as características fisiográficas, estruturais e térmicas da margem continental
local.
No setor leste da margem continental brasileira, a plataforma de Abrolhos e o banco Royal
Charlotte, resultantes de acreções de material magmático (Asmus, 1970), os montes submarinos
da Bahia, que segundo Bryan & Cherkis (1994) têm sua origem relacionada à hotspots, e a
Cadeia Vitória/Trindade, são alguns dos exemplos de modificações ocorridas neste setor da
margem continental. A região da margem continental leste brasileira afetada por estas e outras
feições como montes submarinos isolados e corpos magmáticos intrudidos e interestratificados
será denominada aqui Província Magmática de Abrolhos (PMA).
Estudos da estrutura crustal da cadeia Vitória/Trindade propõem que a existência do Alto
Geoidal dos Abrolhos (AGA) seja a expressão atual do efeito térmico da pluma mantélica de
Trindade (Rangel, 1998). O AGA é a mais proeminente de um conjunto de anomalias
gravimétricas que ocorrem na Província Magmática dos Abrolhos (PMA), e que foram
anteriormente denominadas de Complexo Geoidal Leste Brasileiro (CGLB) (Pessanha et al.,
2001).
Neste trabalho são investigadas as anomalias gravimétricas presentes no Complexo
Geoidal Leste Brasileiro (CGLB) e em conjunto com o mapeamento das feições morfoestruturais
de origem magmática, bem como das intrusões e soleiras básicas presentes nos sedimentos da
região de estudos, averiguando-se as correlações espacial e temporal entre as anomalias
gravimétricas e a distribuição destas feições magmáticas.

1
2 - OBJETIVO

O presente estudo pretende investigar as anomalias gravimétricas presentes na margem


continental leste brasileira, conhecidas com Complexo Geoidal Leste Brasileiro (CGLB), entre
elas uma citada na literatura como alto geoidal de Abrolhos (AGA). Concomitantemente,
planeja mapear as feições morfo-estruturais de origem magmática, bem como, intrusões e
soleiras básicas que ocorrem nos sedimentos da região de estudos. A partir disto, se planeja
averiguar a existência de correlação espacial e temporal entre estas anomalias gravimétricas e a
distribuição destas feições magmáticas, no intuito de contribuir para a caracterização, e para um
melhor entendimento destas anomalias topográficas, magmáticas e gravimétricas.

2
3 - RELEVÂNCIA

Do ponto de vista científico, o estudo das anomalias gravimétricas do Complexo Geoidal


Leste Brasileiro, e sua correlação com os eventos tectono-magmáticos presentes na região,
contribui para o entendimento da gênese, evolução e distribuição espacial e temporal de
importantes feições da margem continental leste brasileira, que constituem a Província
Magmática de Abrolhos (PMA).
Do ponto de vista exploratório, o presente trabalho é relevante na medida em que pretende
contribuir para o entendimento da configuração e evolução do arcabouço estrutural das bacias
sedimentares do Espírito Santo e sul da Bahia, em especial no que se refere aos efeitos da
atividade tectono-magmática, fundamental para o estabelecimento de modelos geológicos e na
aplicação destes, uma vez conhecida sua importância no processo de geração (maturação da
matéria orgânica) e acumulação (modificações estruturais).

3
4 - ÁREA DE ESTUDOS

4.1 - FISIOGRAFIA

A região de estudos está compreendida entre as latitudes 10º e 25º S a as longitudes 50º e
20º W no âmbito da margem continental leste brasileira. Embora existam registros de que os
primeiros dados coletados nesta região datem da época do famoso cruzeiro do CHALLENGER,
entre os anos de 1872 e 1876, foi a partir de um esforço conjunto da DHN (Diretoria de
Hidrografia e Navegação) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico) pelo qual surgiu o Programa de Geologia e Geofísica Marinha (PGGM) que
através das operações GEOMAR, estabeleceram um ponto a partir do qual a geologia marinha
passou a avançar em progressão geométrica no Brasil (Chaves et al., 1979).
O Projeto REMAC (Reconhecimento Global da Margem Continental Brasileira) foi um
amplo esforço envolvendo as principais instituições de pesquisa nacionais (PETROBRAS,
DNPM, CPRM, DHN, CNPq) ao qual se deve grande parte do conhecimento existente hoje
sobre a fisiografia da margem continental brasileira.
Além das feições clássicas de margem divergentes ou do tipo atlântico, envolvendo
plataforma, talude e sopé continental, a margem continental leste brasileira distingue-se pela
complexidade de relevo, responsável por bruscas quebras de gradiente, presença de platôs
marginais e feições topográficas salientes, como bancos e montes submarinos, no talude e no
sopé (fig. 4.1 e fig. 4.2). Os montes submarinos podem ocorrer isolados (São Tomé, Almirante
Saldanha e Hotspur), em pequenos grupamentos (Stocks e Gröll) ou ainda alinhados em cadeias
(Ferraz e Vitória/Trindade).

4
5
Figura 4.1 - Feições da margem continental leste brasileira; plataforma, talude e sopé continental. Figura extraída de França (1979).
Figura 4.2 - Complexidade do relevo da margem continental brasileira, responsável por bruscas quebras de gradiente, presença de platôs marginais e feições topográficas salientes, como bancos e montes submarinos, no
talude e no sopé. Figura extraída de França (1979). 6
4.1.1 - PLATAFORMA CONTINENTAL

A plataforma continental é o prolongamento da própria massa continental em direção ao


oceano. Tem uma configuração em geral bastante aplainada, suavemente inclinada (gradiente de
1:500), e é certamente das províncias da margem continental, a mais bem estudada. Isto se
justifica por sua importância econômica e estratégica, além de ser o local mais favorável para a
pesca e rota obrigatória dos navios, especialmente os de pequena cabotagem (Chaves et al.,
1979).
A plataforma continental na região de estudos apresenta uma declividade média de 1:600,
sendo que o valor máximo de 1:100 ocorre ao largo de Aracajú e no trecho entre Salvador e
Canavieiras, enquanto o mínimo de 1:3.500, no trecho Bahia Sul até o Espírito Santo. A largura
máxima alcançada é de 246 km nos Abrolhos (BA), a mínima de 8 km em Salvador (BA), e a
média de 53,5 km (França, 1979). Na margem continental leste brasileira a linha da quebra da
plataforma passa, em geral, entre as isóbatas de 60 e 80 m. O valor médio da largura da
plataforma nesta é inferior aos valores correspondentes das regiões norte e sul. Segundo
Summerhayes et al (1976 apud França 1979), isto se deve entre outros fatores à própria
configuração estrutural desta faixa do bloco sul-americano, às dimensões restritas e ao caráter
tropical das bacias de drenagem da faixa emersa adjacente, em conseqüência das reduzidas taxas
de erosão terrestre e de sedimentação marinha.
Ao longo de praticamente toda esta área da plataforma continental existem canais
marginais que constituem depressões estreitas e alongadas, mormente alinhadas na direção leste-
oeste, com extensões variadas atingindo até dezenas de metros, que em sua maioria estão
localizadas entre as isóbatas de 20 e 80 m. Para alguns não se reconhece atualmente qualquer rio
associado, de modo que, suas origens poderiam estar relacionadas aos processos erosivos de
alguma corrente fluvial, em tempos de mais baixo nível do mar e clima diferente, mais úmido
(Ramos, 1975 apud França 1979).
Em alguns trechos da costa existem canais de maior magnitude, sendo importantes feições
para o entendimento do balanço entre processos sedimentares e erosivos em diversas alturas de
nível do mar. O Canal de Maceió, que se estende desde a isóbata de 20 m até aproximadamente
6 km da cidade homônima, influenciando até a isóbata de 2.800 m já no talude da região, é um
bom exemplo disto. Outras feições que também denotam particularidades da plataforma desta
região, como os Cânions São Francisco, Sapucaí Japaratuba, Vaza-Barris, Real, Salvador,
Itaparica, Camamu e Belmonte, os Bancos de Abrolhos e Banco Royal Charlotte, serão tratados
nos próximos capítulos.
7
4.1.2 - TALUDE CONTINENTAL

Contíguo à plataforma o talude continental apresenta um gradiente superior ao da


plataforma. A transição entre estas duas províncias fisiográficas é delineada por uma feição
denominada de quebra da plataforma devido à brusca mudança de gradiente. Com gradientes
que podem chegar a valores extremos de até 30º, o talude constitui a porção mais íngreme do
assoalho marinho, se estendendo geralmente entre profundidades de 65-200 m e 1.300-3.200 m,
sendo que, em áreas de fossas oceânicas pode atingir mais de 8000 m. Em contraste com a
plataforma, o talude apresenta um relevo bem acentuado, chegando a atingir centenas de metros
junto aos cânions submarinos (Chaves et al., 1979).
O talude da região de estudos apresenta larguras entre 140 km próximo ao Platô de
Pernambuco e 14 km na plataforma de Abrolhos, onde o gradiente atinge 28º (1:2,5). O Platô de
Pernambuco é uma notável feição do talude limitado pelas isóbatas de 800 e 2.400 m, uma área
total de 2.940 km2, está dividida em dois patamares cujo desnível mede mais de 1.000 m.
Ao longo desta região o talude apresenta-se entrecortado por cânions de várias dimensões,
que em sua maioria estão confinados entre as isóbatas de 200 e 2.000 m. Alguns destes, como
os cânions São Francisco e Japaratuba, com gradientes no talvegue da ordem de 2º, limitados por
paredes em “V” que alcançam localmente desníveis de 800 m e gradientes de 8º. Mesmo
apresentando dimensões menores, os Cânions Sapucaia e o Vaza-Barris são rastreados até a
isóbata de 3.600 m influenciando moderadamente a plataforma externa e o talude (Chaves et al.,
1979).
Outro grupo de cânions ocorre um pouco mais ao sul, formado pelos Cânions Salvador,
Itaparica e Camamu, que incidem até a plataforma interna. O Cânion Salvador é o maior deles,
apresentando gradientes de 1º entre 20 e 200 m, 2º entre 200 e 2.000 m e 0,7º entre 2.000 e 2.400
m, sendo que ao nível de 200 m a largura entre as paredes do canal é de 10 km, provocando
desníveis de até 1.000 m nas proximidades da isóbata de 20 m, diferentemente dos Cânions
Itaparica e Camamu que expõem desníveis bem menos acentuados na ordem de 400 m (França,
1979).

8
4.1.3 - SOPÉ CONTINENTAL

O sopé continental, ao contrário do talude, é uma das províncias mais difícil de ser
caracterizada. Os gradientes variam entre 1:50 e 1:1.000, de forma que a borda superior,
contígua ao talude é bem mais fácil de ser determinada do que a inferior que se estende até o
limite com a planície abissal. Por este motivo tem sido usado, como critério geral, que os
gradientes acima de 1:1.000 pertencem ao sopé, e abaixo deste valor, à planície abissal. A
profundidade é variável de 1.370 a 5.100 m embora o relevo seja monótono, excetuando-se
alguns cânions que avançam até a borda da margem continental, e as montanhas e cadeias de
montes submarinos (Chaves et al., 1979).
O sopé continental na região de estudos é considerável, medindo o mínimo de 280 km na
região do Platô de Pernambuco e 850 km de valor máximo ao largo da região de Abrolhos. A
sua porção terminal é limitada em toda a região por um significativo aumento no gradiente, que
passa de 1:800, no intervalo central entre as isóbatas de 4.400 e 4.800 m, para até 1:250 nas
isóbatas de 4.800 e 5.200 m (França, 1979).
O limite superior do sopé continental aprofunda-se gradativamente em direção ao sul.
Atinge 3500 m ao largo de Salvador, passa a 4.000 m, próximo do Banco Royal Charlotte,
reduz-se a 3.200 m ao longo da plataforma de Abrolhos, antes de deparar-se com os flancos da
Cadeia Vitória/Trindade.
Além da Cadeia Vitória/Trindade outras importantes feições de origem tectono-magmática
ocorrem nesta província fisiográfica, como: os Montes Submarinos da Bahia e os montes
submarinos existentes na área entre os Bancos de Abrolhos e Royal Charlotte .

4.1.4 - MONTES SUBMARINOS DA BAHIA

Os montes submarinos da Bahia, situados ao largo do litoral de Sergipe e norte da Bahia,


foram descobertos como cadeia de montes submarinos no levantamento aeromagnetométrico do
o projeto CENTRATLAN, (convênio entre a Marinha Brasileira - Marinha Norte Americana
,Cherkis et al., 1992), embora o primeiro monte submarino a ser estudado nesta área tenha sido
o monte submarino Stocks, descoberto durante os cruzeiros de 1925 - 1927 do programa alemão
METEOR.
Segundo França (1979), os montes submarinos estão restritos ao intervalo inferior do sopé
continental, onde na porção norte os montes mais proeminentes ultrapassam os 3.000 m em
9
relação à topografia local. O pico mais elevado está situado próximo de uma ampla feição de
forma triangular que se eleva da cota de 4800 m com escarpamentos concêntricos bastante
íngrimes, cerca de 6º (Cherkis et al., 1992).
Estes montes submarinos são tópicos de estudos específicos desde o início da década de
80, em trabalhos como os de Fleming et al. (1982) e Gorini & Fleming (1982) entre outros.
Segundo Bryan e Cherkis (1995), este grupo de montes submarinos que nas cartas GEBCO de
1978 era considerado composto por cerca de doze picos, hoje é aceito como formado por algo
próximo de 50 picos.
Os Montes Submarinos da Bahia estão distribuídos em três cadeias aproximadamente
paralelas entre si, na direção NW-SE (fig. 4.3), sendo a cadeia mais ao norte e a cadeia Ferraz, ao
sul, relativamente bem delimitadas, com montes que atingem profundidades da ordem de 980 m
e apresentam topos relativamente lisos.
A cadeia de montes submarinos Ferraz é interceptada pela Zona de Fratura Bode Verde no
ponto coincidente com o canal submarino de Pernambuco, onde sofre uma mudança na direção
de alinhamento de 140o/125o (Cherkis et al., 1992). Entre essas duas cadeias de montes
submarinos existe uma terceira, com o mesmo alinhamento NW-SE, porém menos extensa e
constituída de montes submarinos com menores elevações (fig. 4.3).
A presença dos montes submarinos da Bahia exerce considerável controle na dinâmica da
circulação profunda da região. A Água de Fundo Antártica é barrada pela cadeia Ferraz e sofre
importante constrição ao fluir através da estreita passagem entre os montes submarinos,
originando um canal preferencial de escoamento, com profundidade de mais de 100 m superior à
do fundo oceânico circunvizinho (Cherkis et al., 1992).

10
C d e
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Figura 4.3 - Montes Submarinos da Bahia, compostos por 45 picos distribuídos em três cadeias aproximadamente paralelas entre si, na direção
NW-SE. A cadeia mais ao norte, uma central e a cadeia Ferraz. Figura extraída de Bryan e Cherkis (1995).

11
4.1.5 - PLATAFORMA DE ABROLHOS E BANCO ROYAL CHARLOTTE

A plataforma de Abrolhos se caracteriza por um notável aumento de largura da plataforma


continental que se estende ao longo de 260 km de costa entre Alcobaça (BA) e Regência (ES),
tendo 48.000 km2 de área que pode ser dividida em duas porções. A externa que é mais íngreme
entre as cotas de 50 e 80 m com gradientes médio de 1:1.300 e a interna entre as cotas de 20 e 50
m com gradientes médio de 1:2.250. Na região mais interna observa-se uma topografia suave
resultante do preenchimento holocênico, contrastando com o restante da área, onde é comum a
existência de pequenos bancos em numerosa quantidade, entrecortados por canais estreitos de
paredes escarpadas (França, 1979). Ainda segundo este autor, nesta região o talude continental
definido entre as cotas batimétricas de 200 a 3.200/3.800 m sofre abrupta redução de largura,
chegando a medir apenas 18 km em contraste com o valor médio de 90 km para esta região da
margem.
Entre os Bancos de Abrolhos e Royal Charlotte, contíguo ao Platô da Bahia, o talude
bifurca-se em dois extensos vales, em conseqüência de um grupo de montes submarinos
postados perpendicularmente à costa em meio ao talude e o sopé continental . Este grupo
formado pelos montes submarinos com topos rasos, Sulphur (9 m), Minerva (34 m), Lothrop (48
m), Rodger (44 m) e Morgan (48 m), já foi considerado como Cadeia dos Abrolhos, mas
atualmente os montes são identificados isoladamente (fig. 4.4). Existe ainda o monte submarino
Hotspur (27 m) localizado um pouco mais ao sul, em frente ao arquipélago de Abrolhos (França,
1979).
O Banco Royal Charlotte tem uma área de 8.400 km2, se estendendo por apenas 50 km ao
longo da linha de costa e chega a avançar 115 km em direção ao oceano, estabelecendo um
aspecto aproximadamente retangular à fisiografia. A superfície praticamente plana com
gradiente suave de 1:2500, é cortada por vários canais de 30 a 40 m de profundidade,
concentrados principalmente na parte interna do banco. O mais importante destes canais ocorre
entre 40 e 60 m de profundidade com cerca de 40 km de extensão, orientado na direção NW
(França, 1979).

12
-13º

-15º

-17º

-19º

-21º
-11º

-23º
-29º
-31º
-33º
-35º
-37º
-39º
-41º

Figura 4.4 - Toponímia da área de estudos, ilustrando os Bancos de Abrolhos e Royal Charlotte, o Platô da Bahia, as cadeias de montes submarinos da Bahia e Vitória/Trindade, os montes submarinos Sulphur, Minerva,
13
Lothrop, Rodger, Morgan e Hotspur. Figura extraída de Jinno (1998).
4.1.6 - CADEIA VITÓRIA/TRINDADE

A Cadeia Vitória/Trindade é formada por um conjunto de bancos e montes submarinos que


se alinham numa estruturação de 1.100 km na direção leste-oeste entre os paralelos de 20o S e
21o S e meridianos 29o 50’ W e 38o 30’ W. Estes montes submarinos se elevam do assoalho
oceânico e atingem profundidades em geral menores que 60 m e foram denominados Vitória,
Eclaireur, Champlain, Congress, Montague, Jasseur, Colúmbia, Davis e Dogaressa (fig. 4.4)
Entre o último banco e a ilha da Trindade se ergue outra montanha submarina, com topos
bifurcados, que se posicionam a 87 e 110 m de profundidade em relação ao nível do mar (França,
1979).
A ilha de Trindade é a parte subaérea de uma montanha submarina que se eleva de 5.000 m
de profundidade, na bacia oceânica, até 600 m de altitude (Pico do Desejado) e a
aproximadamente 48 km a leste desta, no topo de um edifício vulcânico, está o pequeno
arquipélago de Martin Vaz (Guazelli e Carvalho, 1981).
Segundo Guazelli e Carvalho (1978), a leste da Ilha de Trindade e Martim Vaz, não existe
no fundo oceânico qualquer feição que justifique a extensão para leste da Cadeia Vitória
Trindade. Entretanto ocorre uma concentração de picos no embasamento com pequenas
amplitudes e calhas pouco definidas, alinhados desde as ilhas até a longitude de 19º W, o que
constitui a Zona de Fratura de Vitória/Trindade.
Trabalhos mais recentes adotam a nomenclatura de zona de fratura Martin Vaz (ZFMV).
Onde a ZFMV seria uma zona de fratura de pequeno deslocamento no eixo da cordilheira
mesoceânica coincidente com as linhas de fluxo sintético de abertura do Atlântico Sul entre as
latitudes de 21o e 22o S e as longitudes de 23o a 30o W (Alves et al., 1997).
No extremo noroeste da Cadeia Vitória/Trindade, entre esta e a plataforma de Abrolhos,
ocorre uma feição de superfície plana com profundidades da ordem de 200 m e com 3.000 km2,
denominada Banco Besnard (fig. 4.4).
A presença da Cadeia Vitória/Trindade tem como uma de suas conseqüências a
diferenciação de duas regiões caracterizadas por espessuras estratigráficas distintas. Esta cadeia
forma uma barreira diferenciando as condições oceanográficas físicas, bem como, as seqüências
sedimentares, ao norte e ao sul. Atualmente o fundo submarino ao norte da cadeia é cerca de
400 m mais raso que ao sul. Segundo Gorini e Carvalho (1984), o embasamento oceânico
também acompanharia este desnível.

14
4.2 - SEDIMENTAÇÃO

A estratigrafia geral das bacias da margem leste brasileira, no intervalo entre o Jurássico e
o Cretáceo, foi inicialmente proposta por Ponte e Asmus (1976) como dividida em três
megasseqüências: inferior clástica não marinha, média evaporítica, e superior carbonática e
clástica marinha. Posteriormente Asmus e Guazelli (1981) no escopo do projeto REMAC,
utilizaram uma divisão em quatro megasseqüências: do continente, do lago, do golfo e do mar.
Mais recentemente trabalhos como os de Chang et al (1990 e 1991) têm utilizado a classificação
de Ponte et al (1978), onde a estratigrafia, como detalhado a seguir, é dividida em cinco
megasseqüências: continental, evaporítica transicional, plataforma carbonática rasa,
transgressiva marinha e regressiva marinha.
A megasseqüência continental é constituída por três seqüências sin-rifte. A sin-rifte I, que
ocorreu durante o Jurássico superior, com a ruptura do Gondwana ao norte da Bacia do Espírito
Santo. Nesta fase uma enorme depressão se formou e foi preenchida por um complexo de leques
aluviais e depósitos grossos fluviais com quantidade subordinada de evaporitos, representando
ambientes locais de lagos interiores (playas). Com seu início no Cretáceo inferior a fase sin-rifte
II, é caracterizada por uma série de meio-grabens subsididos ao longo da margem e lagos
profundos e estratificados que foram preenchidos por folhelhos e turbiditos associados com
clásticos flúvio-deltaicos. A fase sin-rifte III foi depositada durante o Barremiano, com presença
de camadas de coquinas de grande extensão e continuidade lateral, intercaladas com
siliciclásticos de grossos a finos (fig. 4.5).
A megasseqüência transicional evaporítica foi depositada durante o Aptiano, composta por
sedimentos típicos de transição entre ambientes continentais e marinhos. Depositada sobre uma
ampla discordância que foi localmente peneplanizada por cunhas relativamente delgadas de
clásticos grossos, ela foi gradualmente inundada pelo oceano ao sul, propiciando posteriormente
a formação de uma suíte completa de evaporitos.
A megasseqüência carbonática de plataforma rasa foi depositada durante o Albiano, com a
abertura da passagem marinha. Uma extensa plataforma carbonática de alta energia se instalou
fornecendo oncolitos, pelotas, oolitos e bioclastos. Calcários dolomitizados são abundantes na
parte basal da plataforma, entretanto não são encontradas estruturas como recifes. Na parte
central calcilutitos e calcissiltitos intercalados com margas e folhelhos são as fácies dominantes.
A megasseqüência marinha transgressiva foi depositada no final do Albiano. Com o
gradual aumento da profundidade, os calcilutitos maciços passam a estar estratificados com

15
margas e folhelhos, posteriormente, quando a bacia atingiu profundidades da ordem de 200-300
m, radiolários e foraminíferos planctônicos tornam-se abundantes. A sedimentação turbidítica
arenosa está presente por toda a margem, tendo sido identificados dois modelos de sedimentação
turbidídica: um primeiro sistema canalizado e confinado em depressões e um segundo composto
por corpos muito contínuos alcançando, por vezes, 200 km2.
A megasseqüência marinha regressiva é composta por sistemas deposicionais sincrônicos
(fan-delta, fluvio-deltaico, plataforma terrígena, plataforma carbonática, talude e bacia), em
alguns locais este sistema progradante é substituído por construções agradacionais de plataforma
carbonática de alta energia. Ao longo da margem estas plataformas carbonáticas se alternam
com sistemas siliciclásticos. O mesmo ocorre nos sistemas de águas profundas, enquanto na
Bacia de Campos ocorrem corpos turbidíticos arenosos extensos, as Bacias de Sergipe-Alagoas
são mais pobres em areia.

16
Figura 4.5 - A megasseqüência continental evoluindo de um complexo de leques aluviais e depósitos grosseiros fluviais para uma série de meio-
grabens subsididos ao longo da margem e lagos profundos e estratificados, culminando em camadas de coquinas de grande extensão e
continuidade lateral, intercalada com siliciclásticos de grosseiro a fino. Figura extraída de Chang et al (1990).

17
4.3 - BACIAS SEDIMENTARES

A região de estudos compreende as bacias sedimentares do Espírito Santo e Bahia Sul


(Cumuruxatiba, Jequitinhonha, Jacuípe e Camamu-Almada). Estas bacias têm idades
Mesozóica/Cenozóica e ocupam a planície costeira, a plataforma continental e o talude da
margem continental leste brasileira.
Segundo Guazelli e Carvalho (1981), o arcabouço estrutural destas bacias é constituído por
falhas normais paralelas à linha de costa e escalonadas em direção ao oceano, formando uma
sucessão de horsts e grabens, com rejeitos que chegam a 5.000 m. Ainda segundo estes autores,
alguns altos estruturais originados por blocos do embasamento elevados que se apresentam
oblíquos ou normais à linha de costa, exercem os limites bacinais. Os altos de Vitória, Abrolhos,
Royal Charlotte e Olivença, são os limites entre as bacias de Campos, Espírito Santo,
Cumuruxatiba, Jequitinhonha e Camamu-Almada, repectivamente (fig. 4.6).
Segundo o modo de rifteamento, a margem leste brasileira pode ser dividida em dois
diferentes estilos: dômico (bacias de Campos e Santos) e interdômico (bacias de Bahia Sul e
Sergipe-Alagoas), de acordo com a presença de vulcanismo e ausência de sedimentos pré-rift
(Chang et al., 1990). Ainda segundo este autor, um dos contrastes mais marcantes na
estratigrafia do estágio rift é a presença de rochas vulcânicas nas bacias ao sul do Espírito Santo
e ausência destas ao norte, esta diferenciação se deveria mormente ao grau de extensão a que
estas regiões foram submetidas e a abrangência da área afetada.
As bacias do Espírito Santo e Mucuri foram individualizadas por critérios meramente
geográficos não implicando necessariamente em diferenças geológicas, uma vez que suas
unidades litoestratigráficas têm continuidade e comportamento similar. Estas bacias abrangem
em conjunto de quase 218.000 km2 (LEPLAC, 1998). Seu limite norte, com a Bacia de
Cumuruxatiba, é no Alto de Alcobaça, e o limite sul, com a Bacia de Campos, se dá no Alto de
Vitória.
Estas bacias estão localizadas ao longo do litoral centro-norte do Estado do Espírito Santo
e sul do Estado da Bahia, atingindo até a lâmina d’água de 3.000 m. Os trabalhos exploratórios
foram iniciados ainda em 1959 e segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), até 1998
foram descobertas 51 acumulações de hidrocarbonetos, sendo 46 em terra e 5 no mar.
O embasamento das bacias do Espírito Santo e Mucuri compreende um complexo de
rochas ígneas e metamórficas da Província Mantiqueira.

18
Figura 4.6 - Bacias sedimentares do Espírito Santo e Bahia Sul (Cumuruxatiba, Jequitinhonha, Jacuípe e Camamu-Almada). Figura modificada
de Asmus e Guazelli (1981).

19
Figura 4.7 - Carta Estratigráfica da Bacia do Espírito Santo. Extraído de PETROBRAS (1994).

20
Na base da formação são freqüentes as intercalações de rochas vulcânicas e
vulcanoclásticas da Formação Cabiúnas e toda a seqüência sedimentar é afetada, a partir do
Eoceno, pelo vulcanismo Abrolhos, que chegou a configurar a plataforma de mesmo nome, além
de, provavelmente, ser responsável, em parte, pela Cadeia Vitória-Trindade (LEPLAC, 1998)
(fig. 4.7).
As bacias de Cumuruxatiba e Jequitinhonha estão localizadas ao longo do litoral centro-sul
da Bahia, abrangendo parte da planície costeira com uma área de 42.000 km2, dos quais 14.500
km2 emersos e 27.500 km2 na parte submersa, chegando a 2.000 m de profundidade. Estas
bacias estão separadas pelo banco vulcânico de Royal Charlotte, e limitam-se ao norte com a
Bacia de Camamu-Almada e ao sul com a Bacia do Espírito Santo respectivamente, a através do
Alto de Olivença e o Alto dos Abrolhos. Segundo a ANP já foram perfurados 69 poços nestas
bacias, tendo resultado em uma descoberta em cada uma delas (ANP, 2003).
A deposição nestas bacias se iniciou no Neocomiano e este pacote sedimentar também é
afetado pela Formação Abrolhos (LEPLAC, 1998) (fig. 4.8 e fig. 4.9).
As Bacias de Jacuípe, Camamu-Almada situam-se ao largo do litoral do Estado da Bahia,
abrangendo parte da planície costeira, plataforma e talude continental. Estas bacias ocupam uma
área de 107.000 km2, chegando até o limite da cota batimétrica de 3.000 m. Foram pesquisadas
através de 76 poços (34 em terra), que segundo a ANP até a terceira rodada de licitações tinham
sido descobertas 5 acumulações de óleo e gás (ANP, 2003). Estas bacias estão limitadas por um
sistemas de falhas onde: ao norte, a falha de Vaza-Barris separa a Bacia de Sergipe da Bacia de
Jacuípe, que está separada, ao sul, da Bacia de Camamu-Almada pela Falha de Itapoã; a Falha da
Barra, por sua vez, representa o limite com a Bacia do Recôncavo. Ao sul, o Alto de Olivença
separa a Bacia de Almada da Bacia de Jequitinhonha.
As bacias de Almada e Camamu, diferentemente do observado até aqui para as outras
bacias, não apresentam ocorrências de vulcanismo ao longo do Terciário, como pode ser visto
em suas cartas estratigráficas figuras 4.10 e 4.11, respectivamente.
A Bacia de Jacuípe foi instalada a partir do Barremiano, e em contraste com as duas bacias
anteriores, apresenta a o ocorrência de vulcanismo não só no Eoceno como também no
Oligoceno inferior (fig. 4.12).

21
Figura 4.8 - Carta Estratigráfica da Bacia Cumuruxatiba. Extraído de PETROBRAS (1994).

22
Figura 4.9 - Carta Estratigráfica da Bacia do Jequitinhonha. Extraído de PETROBRAS (1994).

23
Figura 4.10 - Carta Estratigráfica da Bacia de Almada. Extraído de PETROBRAS (1994).

24
Figura 4.11 - Carta Estratigráfica da Bacia de Camamu. Extraído de PETROBRAS (1994).

25
Figura 4.12 - Carta Estratigráfica da Bacia de Jacuípe. Extraído de Bizzi et al (2001).

26
5 - CONTEXTO TEÓRICO

Neste capítulo são abordados os aspectos teóricos dos dados utilizados e dos modelos
existentes para a interpretação da natureza e origem de anomalias térmicas do manto.

5.1 - BATIMETRIA PREDITA

A utilização de dados de batimetria derivada da altimetria de satélites tem se mostrado


como importante e eficiente ferramenta no processo de entendimento da distribuição, localização
e inter-relação das feições fisiográficas. Sandwell e Smith (1996) justificaram a utilização dos
dados de batimetria derivados de altimetria de satélite em conjunto com os dados de batimetria
adquiridos por navios por estes últimos apresentarem esparsa distribuição e incoerências, uma
vez que estes dados foram levantados por diversos países com diferentes navios, equipamentos
de navegação e chefes científicos, nos últimos 30 anos. Especificamente para a área de estudos
os mapas do Atlas Digital GEBCO (IOC-IHD) evidenciavam grandes erros de cruzamento,
mascarando feições e por vezes criando feições inexistentes.
As anomalias ar-livre referentes aos comprimentos de onda entre 15 e 200 km são
altamente correlacionadas com as feições batimétricas (Sandwell e Smith, 1996). Os testes de
precisão e resolução realizados no trabalho de Smith e Sandwell (1997) para o pior cenário
possível: uma área a mais de 160 km distante dos dados de navio mais próximos com montes
submarinos com alturas inferiores a 1 km em profundidades de 6.500 m numa região que
normalmente apresenta profundidades da ordem de 4.000 m, mostrou pela comparação entre os
dados, que a batimetria predita reconstituiu aproximadamente 70 % do relevo real obtendo uma
resolução da ordem de 12 km.
A aplicabilidade destes dados de batimetria para trabalhos em escalas regionais pode ser
verificada em diversos trabalhos anteriores como: Sandwell e Smith (1999) e Sandwell et al
(2001).

5.2 - ANOMALIA AR-LIVRE E ALTURA DO GEOIDE

O campo gravitacional da Terra possui inúmeras superfícies equipotenciais, uma para cada
valor de potencial gravitacional. A superfície equipotencial que coincide com o nível médio do
mar, desconsiderando as variações localizadas de pressão, salinidade, correntes de longa escala,
el Niño, entre outras, é conhecida como Geóide. Na altimetria de satélites, embora o satélite
27
esteja a centenas de quilômetros de altura, mede as variações do nível do mar em relação a um
nível de referência que se encontra próximo da superfície da Terra, o elipsóide de referência.
Desta forma, a diferença entre a distância medida do satélite à superfície do geóide e a distância
calculada à superfície do elipsóide de referência naquele ponto, é conhecida como altura do
geóide. A primeira derivada vertical da superfície do geóide resulta na anomalia gravimétrica ar-
livre. Segundo Mendonça (1992), a anomalia gravimétrica obtida a partir destes dados contém
desde os pequenos comprimentos de onda, associados às fontes rasas, os quais são os principais
alvos de investigação da geofísica de exploração.
A diferenciação entre a altura do geóide e a anomalia gravimétrica ar-livre, no que diz
respeito à relação comprimento de onda versus profundidade da fonte da anomalia, é que a
anomalia gravimétrica magnifica os maiores graus harmônicos do potencial gravitacional. Isto
soma-se ao fato de a altura do geóide apresentar um decaimento menos intenso com a distância a
partir da fonte da anomalia do que a anomalia ar-livre. Desta forma, a altura do geóide é mais
sensível às fontes mais profundas enquanto que a gravimetria às fontes mais rasas, propiciando
assim, que estes dados se complementem mutuamente.
Na literatura corrente a falta de padronização na utilização de termos como altura do
geóide, anomalia do geóide, altura residual do geóide, muitas vezes resulta na dificuldade de
intercorrelação entre os trabalhos de diferentes autores. Na realidade, os termos altura residual
do geóide e anomalia do geóide consistem na subtração de parte do espectro de freqüências do
dado de altura do geóide, uma faixa de harmônicos esféricos, freqüentemente referentes ao
modelo de geóide local.
Desde o trabalho de Haxby e Turcotte (1978), os dados de geóide vêem sendo utilizados
como importante ferramenta na investigação da origem e comportamento isostático de notórias
feições fisiográficas. Recentes compilações, Cazenave et al (1988) e Grevemeyer (1999),
demonstram a abrangência do uso destes dados, com trabalhos nos montes submarinos New
England, Córner, Great Meteor, Bahia, Pernambuco, nas cadeias Walvis, Bermuda, Crozet e
Vitória-Trindade entre outros.
Discutindo a respeito da variação da resposta dos dados de geóide em relação a um típico
monte submarino de 50 km de largura e 4 km de altura devido a distância entre o monte
submarino e a cordilheira mesoceânica no momento de sua implantação, Watts e Ribe (1984)
concluíram que para um monte submarino formado próximo à cordilheira mesoceânica a
anomalia seria de 2 m enquanto que para este mesmo monte submarino formado 100 Km mais
distante a anomalia seria de 5 m.

28
Haxby e Turcotte (1978) já alertavam que processos magmáticos posteriores ao de
formação das placas tectônicas interfeririam na relação entre altura do geóide versos idade da
crosta e cota batimétrica.
Segundo Cazenave et al (1988), para o Atlântico e para o oeste do Índico (baixas
velocidades de expansão) existe uma correlação sistemática entre cadeias de montes submarinos
usualmente associadas a altos do geóide com amplitudes de 5 a 10 m e profundidades
anormalmente baixas para o assoalho oceânico, onde este efeito é originado pelo afinamento
litosférico após reaquecimento por fontes como as plumas mantélicas.
A partir de dados de altura do geóide filtrados para a faixa entre 25 km e 100 km, Gilbert et
al (1989), demonstra o bom resultado deste comprimento de onda para a localização das zonas
de fraturas presentes no Atlântico entre 20º N e 50º S.
A profundidade da fonte geradora das variações da altura do geóide foi associada com o
comprimento de onda destas anomalias em trabalhos de diversos autores, embora não se tenha
chagado a um consenso. A idéia inicial de divisão do espectro do geóide em comprimentos de
onda, grande (> 3.000 km), médio (300 - 3.000 km) e curto (< 300 km), tentando associá-los às
diferentes profundidades de ocorrência e às extensões dos fenômenos no trabalho de Vogt et al
(1984), mostrou-se frustrada. Embora vários autores tenham descrito que os maiores
comprimentos de onda, os coeficientes harmônicos de graus 2 e 3, sejam preponderantemente
originados pela morfologia do limite entre núcleo e manto inferior, os graus de 4 a 10 (600 -
2.000 km) estão relacionados a contribuições do manto e também feições como zonas de
subducção e que as anomalias acima de grau 14 (< 300 km) estejam intrinsecamente
relacionadas a fontes mais rasas.
Segundo Cserepes et al (2000) a experiência tem mostrado que o comprimento de onda
responsável pela caracterização da elevação estrutural e do mecanismo de compensação está
entre 400 km e 4.000 Km. Onde os comprimentos de onda menores que 400 Km são
conseqüência da flexura elástica da litosfera, variação de espessura crustal e da presença de
montes submarinos, enquanto os comprimentos de onda maiores que 4.000 Km são originados
por heterogeneidades de densidades no manto inferior e do esfriamento litosférico. Entretanto,
Black e Mcadoo (1988) num estudo realizado em diferentes áreas dos oceanos, verificaram que a
função admitância para comprimentos de onda inferiores a 800 km indica que as cargas são
suportadas pela resistência mecânica da placa litosférica, enquanto que para comprimentos de
onda maiores há indícios de esfriamento litosférico ou processos dinâmicos sublitosféricos.
Segundo Grevemeyer (1999) valores de admitância menores que 2 mKm-1 significam áreas

29
compensadas a pouca profundidade segundo o modelo de isostasia de Airy, enquanto que valores
entre 2 e 6 mkm-1 corresponde a reaquecimentos da litosfera inferior por hotspot e feições com
valores maiores que estes são associadas a mecanismos de profundidades superiores as
litosféricas, possivelmente associadas a suporte dinâmico por forças convectivas.

5.3 - HOTSPOTS E PLUMAS MANTÉLICAS

Os hotpots são anomalias térmicas em profundidades superiores à litosférica. Em geral


resultam na formação de montes submarinos, ilhas vulcânicas e “guyots” compondo cadeias com
larguras típicas de 1000 - 1500 km e alturas características de 500 - 1200 m, os hotspots estão
presentes em crostas de todas as idades geológicas, nos continentes e oceanos, ocupando uma
considerável área de superfície da Terra (Crough, 1983). Ainda segundo este autor eles são a
principal forma de movimentação vertical nas bacias oceânicas, agentes importantes de
elevações continentais e um importante mecanismo de transferência de calor entre a litosfera e o
manto mais profundo.
A teoria da existência de hotspots foi proposta pela primeira vez por Wilson (1963) para as
ilhas do Hawaii, que se apresentavam linearmente dispostas com gradual variação de idades,
poucos anos depois Morgan (1971 e 1972) colaboraria com a teoria propondo a existência de 16
e 20 hotspots, respectivamente. Em 1976, Burke e Wilson (1976) apresentaram uma listagem
com 117 hotspots, e deste em diante inúmeros foram os trabalhos sobre este tema e diversas
novas listagens foram publicadas.
O mecanismo mais aceito como responsável pelos hotspots foi proposto por Courtney e
White (1986) onde plumas de material aquecido e menos denso ascenderiam até a litosfera.
Griffiths (1986), sugere que instabilidades térmicas ou químicas na base do manto podem
originar bolhas de menor densidade, formando diápiros que ascendem com velocidades iguais à
da expansão do assoalho oceânico.
Courtillot et al (2003) defendem a existência de três tipos de hotspot segundo suas origens;
os da camada D”, os próximos à zona de transição 670 Km e os do manto superior que podem
estar ligados a astenosfera como respostas passivas de quebras litosféricas com subseqüente
diminuição de pressão. Em consonância com isto, Maia e Diament (1991) assumem a hipótese
de interações entre zonas de fraquezas litosféricas preexistentes e movimentos de convecção
rasos próximos ao manto superior, ressaltando que isto não impossibilita a ocorrência de células
convectivas menores. Segundo Cserepes e Yuen (2000), as plumas intermediárias podem ter
diâmetros de 400 - 500 km e formar cabeças de 1000 - 1500 Km com temperaturas bem maiores
30
do que as plumas da camada D”, justificando as diferenças geoquímicas e a grande variação
isotópica. Esta hipótese é suportada pelos dados do trabalho de Zhao (2001), que a partir da
tomografia 3D do manto, confirmou que estruturas de hotspot como Hawaii e Islândia estão
sobre anomalias de velocidade com origens na camada D”, e que em menor escala é possível
detectar plumas originadas na zona de transição do manto.
Hager et al (1985) associou as baixas velocidades de propagação das ondas sísmica a altos
valores de altura do geóide, da mesma forma que os altos valores de velocidade estariam
relacionados aos baixos valores de altura do geóide. Esta associação foi suportada pelo grande
valor de correlação matemática (r > 0.99) entre a distribuição de hotspots e as anomalias de
velocidades médias do manto inferior.
Cazenave et al (1988) expõem que para o Atlântico e para o oeste do Índico (baixas
velocidades de expansão) existe uma correlação sistemática entre cadeias de montes submarinos
usualmente associadas a altos do geóide com amplitudes de 5 a 10 m e profundidades
anormalmente baixas para o assoalho oceânico, onde este efeito é originado pelo afinamento
litosférico após reaquecimento por fontes como as plumas mantélicas. Rangel (1998), no seu
estudo sobre estrutura crustal da cadeia Vitória/Trindade, por modelagem flexural, propõe a
possibilidade que a existência de uma anomalia a qual denominou de Alto Geoidal dos Abrolhos
(AGA) represente a expressão atual do efeito térmico da pluma mantélica de Trindade.
Watts e Ribe (1984) associaram um aumento no valor de altura do geóide numa área de
ocorrência de montes submarinos como sendo originado por uma coluna relativamente mais
aquecida de material menos denso alongado no sentido do movimento da placa litosférica. O
recente trabalho de Malamud e Turcotte (1999) sobre mecanismos que expliquem os 36 % de
fluxo de calor atribuídos ao manto, e que não tinham origem definida, consideram duas
hipóteses: convecção secundária próxima à superfície das placas tectônicas ou a existência de um
grande número de pequenas plumas rasas, sem grande significado topográfico, algo em torno de
5.200 plumas.
As incompatibilidades nas reconstituições dos movimentos das placas litosféricas, que
utilizam os hotspots como pontos de referências, as divergências quanto às datações e
associações dos diferentes grupos de radioisótopos às fontes do material magmático, e mesmo
citações como “o traçado dos hotspots não indica a movimentação das placas, mas sim o estado
de estresse da litosfera” (Sheth, 1999), faz com que se discuta o próprio significado tectônico dos
hotspots, evidenciando a busca por hipóteses alternativas.

31
Anderson (2001) sugere que a tectônica de placas não seria um efeito dos processos
convectivos do manto, mas sim a origem do movimento de convecção, sendo um sistema
dissipativo e auto-organizado SOFFE (far-from-equilibrium self-organized system) onde
converteria a energia potencial em força mecânica ridge push, slab pull, as zonas de subducção e
as raízes cratônicas esfriam o manto criando gradientes de temperatura e pressão que governam a
convecção mantélica. Segundo Foulger (2002) a teoria de hotspot é incompatível com as feições
de primeira ordem observadas na Islândia, onde a grande quantidade de vulcanismo e melhor
explicada pela passagem da antiga zona de subducção da Caledônia sob o eixo da cordilheira
mesoceânica, sendo a Islândia resultado de processos relativamente rasos oriundo da tectônica de
placas. Ainda sobre a Islândia outros indícios assumidos como evidências da teoria de pluma
são contra provados como: baixo fluxo de calor local (Stein e Stein, 2003), as quantidades de
vulcanismos e a diferenciação isotópica do hélio que não determina obrigatoriamente diferentes
fontes de material, mas diferenças da forma de exposição, corroborando os resultados de
Anderson (2001) e Meibom (2003).
Imersa nesta atmosfera, num processo de consolidação da teoria de hotspot e plumas
mantélicas ou no nascedouro/resgate de teorias alternativas, é possível deparar-se em forums de
discussão da comunidade científica com declarações como:
“We are told that the hypothesis yields “quantitative testable predictions”, but what
exactly are these? Plumes have been proposed to come from almost any depth, to be stationary
or move, to be long- or short-lived, to rise vertically or tilt, to have narrow or broad conduits, to
have no plume head, a single head or multiple heads, to produce steady or variable flow, and to
have high or low 3He/4He. In stark contrast to the plate tectonic model, none of the original
predictions of the plume model has been found to be true. What observations could conceivably
cause the plume hypothesis to be rejected? If the answer is “none” then it is not a hypothesis,
but a data independent, a priori assumption.”

Gill Foulger, in AGU pp.1.13 February 2003 Vol 44

32
6 - UTILIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Para alcançar os objetivos estabelecidos foram utilizados dados de batimetria, gravimetria


e sísmica multicanal. As características dos dados e a metodologia empregada na realização dos
mapas e blocos diagramas podem ser vistas a seguir:

6.1 - BATIMETRIA

Os dados de batimetria utilizados aqui são os dados compilados nos trabalhos de Smith e
Sandwell (1994 e 1997) na versão 8.2 de novembro de 2000. Nestes trabalhos os dados de
altimetria de satélites foram requeridos principalmente para complementar as informações nos
comprimentos de onda entre 25 e 160 km diminuindo os vazios de informação existentes
localmente, causados pela distribuição esparsa que é intrínseca dos dados de cruzeiros. Estes
dados também foram úteis para identificação de eventuais problemas como: erros de navegação e
erros de medição, nos dados de cruzeiros, para comprimentos de onda maiores que 160 km.
Especificamente para esta versão 8.2, anteriormente ao processo de filtragem e inversão de
Nettleton, descrito em Smith e Sandwell (1997), foi realizada uma nova solução a partir da
gravimetria, que segundo os autores, entre outras vantagens, tem uma melhor definição das
amplitudes para montes submarinos e estipula dois fatores de escala, alteração que já se havia
visto ser necessária no trabalho de Smith e Sandwell (1994). Enfim, segundo estes autores, os
dados aqui utilizados possuem resolução horizontal mínima de 12 km.
Os mapas de batimetria de toda a região de estudos foram elaborados com os dados
gridados em células quadradas de 2 minutos de grau, utilizando-se a metodologia de mínima
curvatura implementada com uma tensão horizontal de 0.75. A tensão horizontal pode variar de
0, que é a mínima curvatura propriamente dita, a 1, onde o resultado se aproxima do de uma
interpolação linear. Não foi necessário determinar o valor de blanking distance, uma ver que os
dados já se encontravam regularmente distribuídos numa malha de 2 minutos de grau para toda a
área a ser mapeada. Juntamente com os valores de profundidade, também foi elaborado um
malha em escala de cinza para a intensidade luminosa, com uma variação de -1 a 1 a partir do
gradiente horizontal na direção NE-SW Assim, foi possível adicionar um efeito 3D nos mapas
que são efetivamente 2D.

33
Nos mapas de detalhe, elaborados para as três subdivisões da área de estudos, os dados
foram gridados em células quadradas de 0.5 minutos de grau. Para todo o processamento
utilizou-se o GMT v3.2 (Wessel & Smith, 1999).

6.2 - GRAVIMETRIA

Os dados de anomalia gravimétrica ar-livre e altura geoidal são provenientes dos trabalhos
de Sandwell e Smith (1995 e 1997) na versão 9.2 de abril de 1999. De forma que, segundo estes
mesmos autores, os dados possuem resolução capaz de identificar feições com comprimento de
onda superior a 24 km. Estes dados apresentam acurácia necessária para a finalidade requerida
neste trabalho, como pode ser visto na tabela 6.1, onde é feita uma avaliação baseada na
diferença rms (root mean square) entre os valores de gravidade ar-livre do mapa derivado de
satélite e três perfis de cruzeiros.
Inicialmente os dados anomalia ar-livre e altura geoidal foram convertidos para, mGal e
metros, respectivamente, e em seguida os mapas de anomalia ar-livre e altura geoidal foram
elaborados segundo metodologia semelhante à descrita para o mapa de batimetria, diferenciando-
se apenas o valor de tensão horizontal, que para este caso foi de 0.25.

Tabela 6.1 - Comparação (rms) dos valores de gravimetria em mGal de malhas elaborado por
dados de cruzeiros e as últimas versões dos dados compilados por Sandwell e Smith.

Cruzeiros V7.2 V8.2 V9.2


Conrad 2802 4.42 4.17 4.00
Conrad 2912 5.85 5.66 5.44
Ewing 921 4.07 3.64 3.56

6.3 - SÍSMICA

Os dados de sísmica multicanal foram cedidos pelo BNDO - Diretoria de Hidrografia e


Navegação da Marinha do Brasil (DHN). Estes dados são referentes ao projeto LEPLAC
ORIENTAL, obtidos nas campanhas: LEPLAC II e LEPLAC VII.

34
O LEPLAC II foi um levantamento geofísico básico do Projeto LEPLAC, que recobriu a
região oceânica adjacente aos estados do Espírito Santo e Bahia. Em três etapas, realizadas entre
5 de agosto e 24 de outubro de 1988, foram coletadas cerca de 8.500 km de dados de sísmica de
reflexão multicanal e gravimetria e 3.750 km de dados magnetométricos. Enquanto que os 5.500
km de dados geofísicos do LEPLAC-VII foram coletados entre 20 de março e 15 de maio de
1990. Do volume total de dados adquiridos na campanha, cerca de 3.700 km de dados
geofísicos foram utilizados no mapeamento do LEPLAC ORIENTAL (LEPLAC, 1998).
Os perfis recobrem grande parte da área de estudo, sendo 3 strike e 11 perfis dip que estão
separados por aproximadamente 50 milhas náuticas (M), perfazendo o talude e parte do sopé
continental da região de estudos (fig. 6.1). Estes dados foram adquiridos com sistemas de
posicionamento global por satélite (GPS), intervalo de tiro de 50 m, enguias (streamers) de pelo
menos 2.000 m de comprimento, 98 canais, e utilizando-se canhões de ar (airguns) de 2265
plegadas cúbicas à pressão de 1800 psi, como fonte emissora.
Os perfis sísmicos foram disponibilizados impressos na escala 1:500.000, com exagero
vertical de 13.34 vezes. Uma vez rasterizados e armazenados em arquivos digitais no formato
TIF, com definição de 400 dpi, deu-se início à interpretação que foi realizada conjugando os
perfis impressos e seus arquivos digitais, objetivando identificar e digitalizar os principais
refletores.
A partir da interpretação dos perfis sísmicos que se ateve ao posicionamento do assoalho
oceânico, embasamento acústico e localização das ocorrências de diques e soleiras, foram
elaborados (com GeoSoft) mapas e blocos diagramas da batimetria, do embasamento e da
espessura sedimentar.

35
501-0013
501-0001
501-0002

501-0003
501-0004
501-0005
501-0006
501-0007
501-0008A

500-0518 501-0009
501-0010

0
50
00

00
500-0519
30

40
0
100

00
501-0014

00
35
0

25
150 0
200

Figura 6.1 - Mapa da região de estudos com a batimetria contornada a cada 500 m até a profundidade de 4.000 m. Localização dos perfis sísmicos
LEPLAC II em vermelho e LEPLAC VII em verde.

36
7 - ANÁLISE DOS MAPAS

Neste capítulo são analisados os mapas de batimetria e gravimetria elaborados com os


dados descritos no capítulo anterior. Os dados de sísmica multicanal serão abordados
detalhadamente no próximo capítulo.
No bloco diagrama de batimetria (fig. 7.1) e nos mapas (figs. 7.2, 7.3, 7.4) os dados da área
continental emersa não foram utilizados, estando esta indicada pela cor cinza. Para a batimetria
as valores de profundidade estão representados pelas diferentes cores do mapa, de acordo com a
barra graduada, variando de 0 a -7.000 m.
A configuração da plataforma continental (fig. 7.1) está bem caracterizada pelo
delineamento de sua quebra (shelf break), evidenciando a variação existente na sua extensão ao
longo costa. Chama atenção a diferença ao largo de Salvador onde a largura mede 8 km, para a
região de Abrolhos onde a plataforma continental tem mais de 240 km. Os gradientes do talude
continental também são bastante diferentes nas duas regiões, sendo visualmente muito mais
íngreme na região de Abrolhos.
Ao sul de Abrolhos a escarpa característica do talude é interrompida precocemente,
apresentando um gradiente bem mais suave evidenciando a diferenciação morfológica devido à
presença do platô de São Paulo.
As faixas de cores, indicativas da variação das cotas batimétricas, sucedem-se com um
caracter significativamente paralelo à linha de costa até a proximidade da cota de 3.000 m. A
partir desta cota percebe-se uma declividade mais suave condizente com o sopé continental.
Mormente na região compreendida entre os montes submarinos da Bahia e a cadeia
Vitória/Trindade, as isóbatas perdem o paralelismo indicando um intumescimento.
As feições fisiográficas da área como: os bancos; os montes submarinos isolados,
alinhados ou agrupados; bem como o canal submarino Columbia; e os altos batimétricos
relacionados à Z.F. Bode Verde; são bem visualizadas no mapa (fig. 7.1 e 7.4).
No mapa de gravimetria ar-livre (fig. 7.2) observa-se uma clara distinção entre um padrão
associado à plataforma e ao talude continental, em tons de vermelho para o padrão em tons de
verde na porção oceânica. Quando examinado detalhadamente em comparação ao mapa
batimétrico, percebe-se uma estreita correlação entre os maiores valores de anomalia ar-livre
(>250 mGal) com as principais feições fisiográficas da PMA. Enquanto que os menores valores
de anomalia ar-livre (<-70 mGal), identificam claramente, para a região oceânica, as calhas das
zonas de fraturas como: Bode Verde, Cardno, Bagration, Santa Helena, Hotspur e Martin Vaz,
37
SALVAD
OR

M
S
BA
HI
A

PLATAF
O Z F BODE VERDE
ABROL RMA
HOS

DE O
RIO DE Ô L
JANEIR
O AT AU
PL O P
S Ã

CA CADEIA
NA VITORIA
LS /TRINDA
UB DE
MA
RIN
OC
OL
UM
BIA

Figura 7.1 - Bloco diagrama de batimetria. Área continental emersa é indicada pela cor cinza que preenche o polígono formado pela linha de costa e
as bordas do mapa. Os valores de profundidade estão representados pelas diferentes cores do mapa, de acordo com a barra graduada, variando de 0 a
-7.000 m. Fonte dos dados Sandwell e Smith (2000).

38
com seu padrão de valores altos e baixos linear e paralelamente dispostos, cortando o mapa das
cadeias mesoceânicas até a margem continental. E para a porção próxima ao continente, estas
anomalias negativas são indicativas de feições como: bulge flexural, underplate e regiões de
espessamento do pacote sedimentar.
Na porção central do mapa de anomalia gravimétrica ar-livre (fig. 7.2), entre a cadeia
Vitória/Trindade e os montes submarinos da Bahia, visualiza-se o Complexo Geoidal Leste
Brasileiro (CGLB), onde percebe-se algumas regiões anômalas com valores entre 140-250 mGal,
dispostas como que inscritas num círculo, com formatos são completamente distintos daqueles
vistos no restante do mapa. São anomalias circulares ou alongadas, como em frente ao banco
Royal Charlotte e ao norte do monte Colúmbia, respectivamente, que truncam a assinatura das
zonas de fraturas que nas outras regiões do mapa, como ao sul da cadeia Vitória/Trindade, se
propagam até bem mais próximo da costa, nesta área extinguem-se no limite da existência destas
anomalias.
No mapa de altura do geóide (fig. 7.3) percebe-se uma nítida gradação dos maiores valores
na região dos flancos da cordilheira mesoatlântica para os menores valores próximo à linha de
costa. De forma que as linhas de mesmo valor de altura do geóide configuram-se num
alinhamento que obedece basicamente um paralelismo com cordilheira mesoatlântica, ou em
última análise, com a própria linha de costa. As feições fisiográficas da Província Magmática
dos Abrolhos (PMA) também são correlacionáveis com algumas das anomalias existentes no
mapa.
Entretanto, neste mapa a feição que mais chama a atenção e que inclusive apresenta maior
diferença relativa aos valores de altura do geóide próximos, está no centro da área, entre as
latitudes 14º S e 22º S, localizando-se no sopé continental, com valores de altura do geóide entre
-5 m e 0 m.
Esta região anômala apresenta o limite leste coincidente com uma pronunciada mudança de
comportamento dos valores de altura do geóide. Estes valores mostram nitidamente para as
regiões oceânicas o traçado das zonas de fraturas desde a cordilheira mesoatlântica até porções
próximas da margem continental, como pode ser observado na ZF Bode verde. Entretanto na
região Complexo Geoidal Leste Brasileiro (CGLB) esta assinatura é interrompida muito mais
distante em direção ao oceano, como também já fora observado no mapa de anomalia ar-livre
para as zonas de fraturas: Cardno, Bagration, Santa Helena, Hotspur e Martin Vaz.

39
Figura 7.2 - Mapa de anomalia ar-livre da região de estudos, evidenciando uma diferenciação na porção central do mapa, onde não é perceptível a
continuidade da assinatura gravimétrica das zonas de fraturas. Fonte dos dados Sandwell e Smith (1999).

40
Z. F. BODE VERDE

Z. F. CARDNO

Z. F. BAGRATION

Z. F. ST. HELENA
Z. F. HOTSPUR

Z. F. MARTIN VAZ

Figura 7.3 - Mapa da região de estudos com o CGLB ao centro. Explicitando nitidamente a interrupção da assinatura das zonas de fraturas e do
paralelismo das isolinhas de altura geoidal e a linha de costa. Fonte dos dados Sandwell e Smith (1999).

41
O CGLB se apresenta composto por um corpo maior levemente alongado no sentido
WSW-ENE com valores entre -5 m e 0 m ao norte do monte submarino Columbia, e outro bem
menor com orientação NW-SE e valores entre -5 m e -2,5 m na continuação em direção SE dos
montes submarinos da Bahia. Estes se conectam no cruzamento com a Z.F. Bragation
interferindo na tendência regional do comportamento da altura do geóide, que ali decresce da
cordilheira mesoatlântica em direção a margem continental.
Como foi possível observar, as feições fisiográficas existentes na região de estudos são
particularmente bem mapeadas pelos diferentes dados utilizados. Assim, no intuito de detalhar a
correlação destes dados, no mapa batimétrico da figura 7.4 encontram-se assinalados os três mais
importantes grupos de feições para o presente estudo, os quais trataremos com maior detalhe: os
montes submarinos da Bahia (1); os bancos Abrolhos e Royal Charlotte (2); e a cadeia
Vitória/Trindade (3).
Na figura 7.5 podemos observar os montes submarinos da Bahia nos mapas de batimetria,
de anomalia ar-livre e de altura do geóide. Na batimetria podemos destacar a configuração dos
montes submarinos em três cadeias alinhadas no sentido NW-SE, onde gradualmente de norte
para sul os picos tornam-se menos massivos e mais individualizados. Os altos batimétricos
associados à Z.F. Bode Verde são excepcionalmente altos quando comparados a qualquer outra
Z.F. próxima. As feições batimétricas mais proeminentes podem ser observadas também nos
outros dois mapas da figura 7.5. Entretanto no mapa de anomalia ar-livre além destas feições,
percebe-se que existem pelo menos mais três anomalias com amplitudes maiores que 95 mGal
também alinhadas no sentido NW-SE.
No mapa de altura do geóide (fig. 7.5) também é possível visualizarmos as feições
descritas na batimetria, embora estas já não estejam tão bem individualizadas. Entretanto a
feição mais proeminente está no setor SE do mapa atingindo mais de -6,5 m. Esta feição
correlaciona-se com a maior das três anomalias percebidas no mapa de ar-livre e induz ao
pensamento de que valores ainda maiores podem ser encontrados na direção SE. O que é fato e
pode ser observado na figura 7.3.
Nos mapas da região dos bancos de Abrolhos e Royal Charlotte (fig. 7.6) podemos
observar além destes a presença dos montes submarinos Minerva, Rodgers, Morgan e Hotspur,
bem como uma região de gradiente mais suave compreendida entre os bancos de Abrolhos e
Royal Charlotte e o monte submarino Minerva; denominada de Platô da Bahia.

42
1

Figura 7.4 - Mapa de batimetria da região de estudos. Assinalados os montes submarinos da Bahia (1), banco Royal Charlotte e banco de
Abrolhos (2) e cadeia Vitória-Trindade(3). Fonte dos dados Sandwell e Smith (2000).

43
MS STOCKS

MS GROLL

C
A
D
E
I
A
Z. F. BODE VERDE
F
E
R
R
A
Z

Figura 7.5 - Montes submarinos da Bahia. No sentido horário, batimetria (m), anomalia ar-livre (mGal) e altura do geóide (m). Altos valores de
anomalia ar-livre e altura geoidal na porção SW, embora alinhados, sem correlação na batimetria. Fonte dos dados Sandwell e Smith (1999 e 2000).

44
BANCO
ROYAL
CHARLOTTE
MS MINERVA
MS RODGERS
MS MORGAN
PLATÔ
DA BAHIA

MS HOTSPUR

PLATAFORMA

ABROLHOS

Figura 7.6 - Bancos de Abrolhos e Royal Charlotte. No sentido horário, batimetria (m), anomalia ar-livre (mGal) e altura do geóide (m). Os altos
valores de anomalia ar-livre e altura geoidal, estão explicitamente ligados aos eventos magmáticos. Fonte dos dados Sandwell e Smith (1999 e
2000).

45
Ainda na figura 7.6 podemos observar nos mapas de anomalia ar-livre e altura do geóide a
correspondência dos maiores valores destes com os altos topográficos, mesmo que a altura do
geóide não as individualize tão bem. Enquanto que os menores valores (<-75 mGal) estão
associados as maiores acumulações sedimentares. O fato dos valores de anomalia ar-livre
diminuírem das bordas dos bancos Abrolhos e Royal Charlotte para a linha de costa, em
associação com o caracter bastante aplainado da superfície destes bancos, sugere que as bordas
apresentem características magmáticas como as dos montes submarinos próximos e que o
restante tenha sido preenchido por processos preponderantemente sedimentares, já que os
diferentes contrastes de densidades entre as rochas magmáticas das bordas e os sedimentos
justificariam os valores de anomalia ar-livre .
Na figura 7.7 podem ser observados os mapas referentes à região da cadeia
Vitória/Trindade. Esta é formada por bancos e montes submarinos alinhados que perfazem 1100
km na direção W-E entre os paralelos de 20º S e 21º S e meridianos 29º 50’ W e 38º 30’ W.
Estes montes submarinos estão sobre crostas oceânicas com idade entre 120 Ma e 75 Ma (fig.
7.8), são eles: Vitória, Champlain, Congress, Montague, Jaseur, Davis, Dogaressa e Columbia,
mais as ilhas de Trindade e Martin Vaz. No mapa batimétrico podemos ainda observar: os
montes submarinos São Tomé e Almirante Saldanha; o banco Besnard, o platô de São Paulo, e o
canal submarino Columbia.
Ainda na figura 7.7 os menores valores presentes no mapa de anomalia ar-livre evidenciam
as acumulações sedimentares próximas à cadeia Vitória/Trindade, enquanto que os maiores
valores estão relacionados a ela própria. Entretanto uma região com valores entre 150 e 190
mGal pode ser observada ao norte do monte submarino Columbia. Esta mesma região se
apresenta em destaque também no mapa de altura do geóide. Neste último, apenas os montes
submarinos mais a leste apresentam os maiores valores observados, bem como, a anomalia que
se estende de NE para SW e que inclui o monte submarino Columbia, mostra-se gradualmente
menos marcante deste em diante para oeste ao longo dos montes submarinos.

46
MS CHAPLAN
BANCO MS JASEUR
BESNARD I. MARTIN VAZ
MS DAVES MS COLUMBIA

I. TRINDADE
MS VITÓRIA
MS MONTAGUE MS DOGARESSA

MS SÃO TOMÉ

MS ALTE. SALDANHA

Figura 7.7 - Cadeia Vitória - Trindade. No sentido horário, batimetria (m), altura do geóide (m) e anomalia ar-livre (mGal). Clara tendência de
aumento dos valores de anomalia ar-livre e altura geoidal ao norte do MS Colúmbia e Trindade. Fonte dos dados Sandwell e Smith (1999 e 2000).

47
Figura 7.8 - Mapa batimétrico da região da Cadeia Vitória-Trindade com as isócronas traçadas a cada 2.5 Ma. Evidenciando a gradual diminuição
da idade do assoalho oceânico, da margem continental em direção à cordilheira mesoatlântica. Fonte dos dados Sandwell e Smith (2000) e Müller

48
8 - INTERPRETAÇÃO SÍSMICA

Neste capítulo são analisados os dados de sísmica multicanal que como visto no capítulo 6
(fig. 6.1), são compostos por 14 perfis, onde 3 destes são strike e os 11 perfis dip estão separados
por aproximadamente 50 M, perfazendo o talude e parte do sopé continental da região de
estudos. Inicialmente serão apresentados os perfis dip no sentido de norte para sul, com o intuito
de observarmos as variações locais ao longo da área de estudo. Posteriormente veremos os
perfis strike, que estão ordenados da costa para as maiores profundidades.
Na porção norte da área, os montes submarinos da Bahia condicionam significativamente a
circulação local. No perfil 501-0001 (fig. 8.1) o formato côncavo e a expressiva diferença
sedimentar presente entre dois montes submarinos da cadeia Ferraz, evidenciam o confinamento
causado por estes às correntes, aumentando a velocidade do fluxo e sua competência. Entretanto
a existência de um paleocanal à esquerda do primeiro monte submarino (fig. 8.1 detalhe A) é um
indício de que a posição do canal submarino de Pernambuco possa ter variado ao longo do
tempo. O embasamento ao longo deste perfil é bastante irregular e se apresenta escalonado em
três níveis distintos, um dos limites é o da cadeia Ferraz e o outro pela característica e posição
geográfica pode ser a continuidade da Z.F. Bode Verde (fig. 8.1 detalhe B). O pacote sedimentar
é espesso com ocorrência de soleiras e diques básicos intercalados aos sedimentos (fig. 8.1
detalhe A) por quase toda a extensão do perfil.
No perfil 501-0002 (fig. 8.2), a aproximadamente 50 M ao sul, as características do pacote
sedimentar são similares às descritas acima, com presença de diques e intrusões básicas ao longo
de grande extensão do perfil. O embasamento também é irregular apresentando uma série de
altos que chegam a deformar os sedimentos sobrejacentes (fig. 8.2 detalhe A). A presença de um
desnível com características semelhantes ao visto no perfil 501-0001 e geograficamente alinhado
a este e a Z.F. Bode Verde (fig. 8.2 detalhe B), pode ser indicativo do prolongamento desta ainda
mais para oeste. Embora não seja perceptível no registro de anomalia ar-livre (fig. 8.2), o lado
mais elevado desta zona de fratura se mostra coincidente com uma das anomalias ar-livre
destacadas na figura 7.5. Na mesma porção do perfil, a identificação de uma depressão em
superfície associada à calha de canal, indica a continuação do canal submarino de Pernambuco
mais para o sul, denotando inclusive a persistência do caracter confinado do fluxo mesmo não
havendo mais o controle estrutural.

49
501-
0001

501-0013

Cadeia Ferraz ZF Bode Verde

CS de Pernambuco

Intrusões e Soleiras

A B

50
Figura 8.1 - Perfil 501-0001. Destacando a existência de um paleocanal à esquerda do primeiro monte submarino, detalhe A e a continuidade da Z.F. Bode Verde, detalhe B.
2

Figura 8.1 detalhe A - Discordância erosiva indicativa de paleocanal (1), com a presença inclusive de um dique marginal(2).

Figura 8.1 detalhe B - Degrau do embasamento (1) possivelmente correlacionavel com a ZF Bode Verde. Refletores
descontínuos com grande diferença de impedância acústica interceptando as camadas sedimentares, interpretados como
rochas básicas ocorrendo na forma de soleiras e diques (2).

51
501-00
02

501-0013

Cadeia Ferraz

Z.F Bode Verde

CS de Pernambuco
Intrusões e Soleiras

A B

Figura 8.2 - Perfil 501-0002. Destacando os altos que chegam a deformar os sedimentos sobrejacentes, detalhe A e a presença de um desnível com características semelhantes ao visto no perfil 501-0001 e 52
geograficamente alinhado a este e a Z.F. Bode Verde detalhe B.
1

Figura 8.2 detalhe A - Camadas sedimentares alteradas devido a irregularidade do embasamento (1).

Figura 8.2 detalhe B - Desnível do embasamento possivelmente correlacionável com a ZF Bode Verde (1). Camadas
sedimentares bastente alteradas (2).

53
Na porção final do perfil, nos dados de magnetometria são observadas anomalias indicavas
da presença dos montes submarinos da cadeia Ferraz, bem como podemos observar que a
polaridade destas anomalias se inverte para o último monte, podendo isto ser evidência da
diferença de idades de implantação destes, haja vista as periódicas inversões do campo
magnético global. Isto é possível devido ao magnetismo remanente, característica de alguns
tipos de rochas que permite registrar a polaridade do campo magnético global no momento de
sua formação, mais especificamente no alinhamento dos minerais magnéticos.
As características de espessura do pacote sedimentar e sua tendência de afinamento para
leste se mantêm na área do perfil 501-0003 (fig. 8.3). Entretanto a região parece ter sido mais
afetada por eventos magmáticos. As soleiras básicas estão distribuídas por grande parte da
coluna sedimentar, apresentando maiores espessuras e comprimentos, em alguns casos
interceptando as camadas sedimentares (fig. 8.3 detalhe A). O embasamento é irregular com
presença de degraus, e grandes desníveis que talvez estejam relacionados a plugs magmáticos
(fig. 8.3 detalhes A e B). Embora estes grandes degraus não sejam individualizados pelo perfil
de gravimetria e sendo apenas o primeiro deles detectado no perfil de magnetometria da figura
8.3. Quando correlacionamos estes altos com o mapa de anomalias ar-livre ambos estão
localizados em regiões de valores de anomalia ar-livre maiores que os circundantes.
Principalmente o segundo deles, mais próximo da cadeia Ferraz, que está na região de uma das
anomalias destacadas na figura 7.5. Neste perfil, semelhantemente ao anterior, na porção
terminal a magnetometria registra a presença de dois montes submarinos, onde as polaridades
das anomalias referentes a cada um deles são invertidas, evidenciando uma possível diferença de
idades, ou simplesmente um efeito de borda devido a massividade do maior deles.
Na região do perfil 501-0004 (fig. 8.4) as características gerais do embasamento são
bastante semelhantes as anteriores; embasamento irregular, presença degraus e plugs magmáticos
(fig. 8.4 detalhe A). Entretanto nesta área é possível percebermos um arqueamento do
embasamento na porção final do perfil, que influi diretamente na batimetria, ficando esta
também com um aspecto arqueado (fig. 8.4 detalhe B). A ocorrência de magmatismo também
pode ser observada neste perfil pela presença de soleiras e intrusões, que em alguns locais
chegam a perturbar os sedimentos mais recentes (fig. 8.4 detalhe A). Na porção inicial do perfil
ocorrem feições de deslisamentos e/ou desmoronamentos, evidenciando a natureza escarpada do
talude continental nesta área, e mais adiante podemos notar a presença de cadeias de pressão,
resultantes da compressão gerada por estes deslisamentos e/ou desmoronamentos dos
sedimentos.

54
501-0003

501-0013

Cadeia Ferraz

CS de Pernambuco

Intrusões e Soleiras

A B

Figura 8.3 - Perfil 501-0003. Destacando as soleiras básicas que em alguns casos intercepta as camadas sedimentares, detalhe A e presença de degraus, e grandes desníveis que talvez estejam relacionados a plugs 55
magmáticos detalhes A e B.
1

Figura 8.3 detalhe A - Refletores descontínuos com grande diferença de impedância acústica interceptando as camadas
sedimentares, interpretados como rochas básicas ocorrendo na forma de soleiras (1).

2
1 1
2

Figura 8.3 detalhe B - Grandes desníveis do embasamento (1)Refletores descontínuos com grande diferença de
impedância acústica interceptando as camadas sedimentares, interpretados como rochas básicas ocorrendo na forma de

56
501-0004

501-0013 500-0019

Intrusões e Soleiras

A B

Figura 8.4 - Perfil 501-0004. Destacando a presença degraus e plugs magmáticos, detalhe A e um arqueamento do embasamento na porção final do perfil detalhe B. 57
1
2

2
2

Figura 8.4 detalhe A - Degraus do embasamento influenciando em toda a coluna sedimentar (1). Possíveis intrusões (2)

Figura 8.4 detalhe B - Arqueamento do embasamento com efeito direto sobre a batimetria (1). Sedimentos mais
recentes alterados (2).

58
Neste perfil, como no anterior, os plugs magmáticos possuem correlação com anomalias
ar-livre presentes na figura 7.5. Sendo que, especificamente para este perfil, toda a porção de
embasamento arqueado também tem associação com anomalias ar-livre. Entretanto, na porção
inicial do perfil de magnetometria existe uma anomalia com a qual não foi correlacionada com
nenhuma feição interpretada. Seguindo mais 50 M para o sul na região do perfil 501-0005 (fig.
8.5), as características do embasamento tornam-se gradualmente diferentes das observadas nos
perfis da porção mais norte da área de estudos. Neste perfil o embasamento se mostra menos
irregular, com degraus associados especificamente à presença de montes submarinos (fig. 8.5
detalhe A). A tendência de arqueamento observada na porção final do perfil anterior, neste se
mostra presente por toda a extensão do perfil. Sendo que, é possível observar que a seção de
embasamento arqueado mais pronunciada, a partir do segundo monte submarino, também se
correlaciona geograficamente com uma expressiva anomalia ar-livre presente em frente ao banco
Royal Charlotte (fig. 7.2). O pacote sedimentar, em função do arqueamento do embasamento,
apresenta um drástico afinamento na porção mediana do perfil. Soleiras e intrusões são
observadas ao longo de grande parte do perfil perturbando toda a coluna sedimentar (fig. 8.5
detalhe A), sendo que nas áreas onde o arqueamento do embasamento é mais pronunciado
dificulta-se consideravelmente a definição do limite sedimento/embasamento, tal o grau de
perturbação existente (fig. 8.5 detalhe B).
Na região do perfil 501-0006 (fig. 8.6) são mantidas as características observadas no perfil
anterior. O embasamento se mostra menos irregular, com degraus associados a montes
submarinos e um notável arqueamento na porção mediano-final do perfil. Em alguns trechos do
perfil se torna muito difícil determinar o limite entre o embasamento e os sedimentos, como nos
pontos de maior arqueamento do embasamento (fig. 8.6 detalhe B) e na região do banco de
Royal Charlotte, onde inclusive é observada uma anomalia ar-livre que pode ser o registro de
alguma estrutura que tenha, ao longo dos tempos, aprisionado parte da sedimentação local
contribuindo para a formação da feição conhecida como platô da Bahia. A seção mais
proeminente do arqueamento do embasamento está, mais uma vez, associada a anomalias ar-
livre presentes em frente ao banco Royal Charlotte (fig. 7.2). No detalhe A da figura 8.6,
podemos observar a ocorrência de estruturas abaixo do limite embasamento/sedimento
interpretado, coincidentemente na região de maior presença de soleiras e intrusões.

59
501-0005

501-0013 500-0019

BC Royal Charlotte MS MS

Intrusões e Soleiras

A B

Figura 8.5 - Perfil 501-0005. Destacando o embasamento com degraus associados à presença de montes submarinos, detalhe A e as áreas onde o arqueamento do embasamento é mais pronunciado, dificulta-se 60
consideravelmente a definição do limite sedimento/embasamento, tal o grau de perturbação existente detalhe B.
2

Figura 8.5 detalhe A - Região extremamente alterada proporcionando grande dificuldade para a localização do limite do
embasamento (1). Monte submarino (2).

Figura 8.5 detalhe B - Região extremamente alterada proporcionando grande dificuldade para a localização do limite do
embasamento (1).

61
501-0006

501-0013 500-0019

BC Royal Charlotte MS

Intrusões e Soleiras

A B

Figura 8.6 - Perfil 501-0006. Destacando a ocorrência de estruturas abaixo do limite embasamento/sedimento interpretado, detalhe A e pontos de maior arqueamento do embasamento detalhe B. 62
1 1

Figura 8.6 detalhe A - Ocorrência de estruturas abaixo do embasamento interpretado (1).

Figura 8.6 detalhe B - Excepcional afinamento da espessura sedimentar (1).

63
No perfil 501-0007 (fig. 8.7), 50 M ao sul do anterior, as características do embasamento
se mantêm menos irregular e com degraus associados a montes submarinos. Entretanto não
ocorre neste perfil um arqueamento pronunciado do embasamento como observado
anteriormente, estando presente apenas num trecho de 50 km coincidente com a passagem do
perfil próximo ao monte submarino Hotspur (fig. 8.7 detalhe A).
A maior ocorrência de soleiras e intrusões está restrita a uma pequena área do perfil, sendo
substituída lateralmente por um padrão distinto, possivelmente indicativo de embasamento
alterado, com ocorrência de intrusões que perturbam toda coluna sedimentar (fig. 8.7 detalhe B).
Na seção próxima aos bancos Minerva e Hotspur pode-se observar uma feição superficial do tipo
calha de canal, indicativa da passagem de correntes provavelmente oriundas da região do platô
da Bahia.
Na região do perfil 501-0008A (fig. 8.8) o embasamento apresenta-se mais irregular com
degraus maiores (fig. 8.8 detalhe A) e uma tendência de soerguimento na porção mediano-final,
que pode ser correlacionada com anomalias no mapa ar-livre (fig. 7.2). As soleiras e intrusões
podem ser observadas ao longo de toda a extensão do perfil, embora sejam mais evidentes na
região próxima aos degraus do embasamento (fig. 8.8 detalhe A).
Na região mais ao sul, no perfil 501-0009 (fig. 8.9), existe um alto do embasamento logo
no início do perfil que altera grande parte do pacote sedimentar (fig. 8.9 detalhe A), e parece ter
desencadeado algum tipo de movimento de massa, dado o aspecto das camadas sedimentares.
Na porção mediano-final do perfil o embasamento se mostra arqueado e bastante irregular, com
degraus, soleiras e intrusões. Toda esta seção do perfil, em que o início é marcado por degraus
bem evidentes, e por um pacote sedimentar perturbado, onde é possível observar, inclusive, um
alto do embasamento referente a um pequeno monte submarino que chega a aparecer no perfil
como eco lateral (fig. 8.9 detalhe B), está associada a anomalias gravimétricas ar-livre (fig. 7.2).
No perfil 500-0018 (fig. 8.10), semelhantemente ao 501-0006 (fig. 8.6), próximo ao início
do perfil, nas imediações do banco Besnard ocorrem altos do embasamento, onde é
extremamente difícil precisar a localização do limite entre o embasamento e o pacote sedimentar,
uma vez que este último se encontra bastante alterado (fig. 8.10 detalhe A). A presença destes
altos pode ser observada também pela anomalia magnética registrada no local. O embasamento
se apresenta novamente irregular na seção final do perfil, sendo possível observar alguns degraus
e um soerguimento do embasamento coincidente com o aumento de soleiras e intrusões (fig. 8.10
detalhe B).

64
501-0007

501-0013

BC Abrolhos MS Minerva

Intrusões e Soleiras

A B

Figura 8.7 - Perfil 501-0007. Destacando um arqueamento pronunciado do embasamento presente próximo ao monte submarino Hotspur, detalhe A e a maior ocorrência de soleiras e intrusões que perturbam toda coluna 65
sedimentar detalhe B.
2
1

Figura 8.7 detalhe A - Arqueamento do embasamento (1) e presença de soleiras (2).

2 2
1 1

Figura 8.7 detalhe B - Refletores com características semelhantes aos anteriormente interpretados como soleiras, mas
apresentando grande continuidade, sendo provevelmente indicativo de um embasamento alterado (1). Camadas
sedimentares bastante alteradas provavelmente devido a ocorrência de intrusões (2).

66
501-0008A

501-0014 500-0019

MS Hotspur

Intrusões e Soleiras

Figura 8.8 - Perfil 501-0008A. Destacando o embasamento mais irregular com degraus maiores, detalhe A. 67
3 3
2

Figura 8.8 detalhe A - Presença de degraus do embasamento (1). Soleiras distribuidas pela coluna sedimentar (2) e
camadas sedimentares alteradas como provável indício da ocorrência de intrusões (3).

68
501-0009

501-0014

BC Abrolhos MS

Intrusões e Soleiras

A B

Figura 8.9 - Perfil 501-0009. Destacando um alto do embasamento que altera grande parte do pacote sedimentar, detalhe A e um pequeno monte submarino detalhe B. 69
2 1

Figura 8.9 detalhe A - Pronunciado degrau do embasamento (1), provavelmente responsável por algum tipo de
movimentação de massa, dados o aspecto inclinado das camadas sedimentares (2).

1 4

Figura 8.9 detalhe B - Embasamento com muitos degraus (1) associados, inclusive, a montes submarinos. Eco lateral
evidenciando um monte submarino (2). Sedimentos bastante alterados (3) com presença de soleiras ao longo da coluna
sedimentar (4).

70
500-0018

500-0014 500-0019

BC Besnard

Intrusões e Soleiras

A B

71
Figura 8.10 - Perfil 500-0018. Destacando altos do embasamento nas imediações do banco Besnard, detalhe A e um soerguimento do embasamento coincidente com soleiras e intrusões detalhe B.
1

Figura 8.10 detalhe A - Pacote sedimentar bastante alterado (1), impossibilitando a localização do topo do embasamento.

Figura 8.10 detalhe B - Presença de irregularidades no embasamento (1) e indicativos de intrusão (2).

72
Nesta porção do perfil podemos notar a existência de algumas estruturas abaixo do
embasamento interpretado, semelhante ao observado no perfil 501-0006 (fig. 8.6). As
semelhanças existentes entre estes dois perfis talvez sejam oriundas da localização destes, uma
vez que ambos passam ao lado de cadeias de montes submarinos. Embora o perfil 500-0018
esteja bem mais afastado da cadeia Vitória/Trindade do que o perfil 500-0006 da cadeia de
Abrolhos.
O perfil 500-0010 (fig. 8.11) também passa ao lado da cadeia Vitória/Trindade, inclusive
interceptando os montes submarinos Besnard, Chaplan, Montague, Jasseur e Daves. De forma
que é possível observarmos a presença de estruturas abaixo do embasamento interpretado nas
proximidades destes montes submarinos (fig. 8.11 detalhe A). Entretanto estas estruturas não
são visualizadas na segunda metade do perfil, onde este se afasta da cadeia Vitória/Trindade. Na
porção final do perfil a feição mais importante observada é o arqueamento apresentado pelo
embasamento. Onde podemos visualizar um comportamento mais irregular do embasamento
associado à presença de soleiras e intrusões que penetram por toda coluna sedimentar chegando a
aflorar (fig. 8.11 detalhe B). Nos perfis de anomalia ar-livre e de magnetometria são
evidenciadas anomalias associadas aos montes submarinos. Além disso, é perceptível a inversão
de polaridade no sinal da anomalia magnética indicando que o último monte pode ter tido sua
implantação em época de campo magnético distinto dos outros.
O perfil 501-0013 (fig. 8.12), é um perfil strike iniciando no MS Hotspur e estendendo-se
até as imediações dos montes submarinos da Bahia. Este perfil é interceptado pelos perfis, 501-
0007, 501-0006, 501-0005, 501-0004, 501-0003, 501-0002 e 501-0001. Embora a qualidade do
registro não esteja muito boa, é possível observarmos intervenções magmáticas ao longo de toda
sua extensão, ao mesmo tempo em que é possível fazermos um resumo do que foi visto nos
perfis dip. A partir do norte para o sul, é possível observar o afinamento do espesso pacote
sedimentar perturbado com soleiras e intrusões, e denotando o aspecto irregular do embasamento
(fig. 8.12 detalhes A e B). Na interseção com o perfil 501-0004 (fig. 8.4) a ocorrência de um
plug magmático que apresenta estreita correlação com anomalias ar-livre (fig. 7.2). Deste em
diante contínuo afinamento do pacote sedimentar até as imediações dos montes submarinos
Morgan e Hotspur nos perfis 501-0006 e 501-0007, respectivamente.

73
501-0010

501-0014 500-0019

BC Besnard MS Chaplan MS Montague MS Jaseur MS Daves

Intrusões e Soleiras

A B

Figura 8.11 - Perfil 500-0010. Destacando a presença de estruturas abaixo do embasamento interpretado detalhe A, e a presença de soleiras e intrusões que penetram por toda coluna sedimentar, chegando a aflorar, 74
detalhe B.
1
1

Figura 8.11 detalhe A - Reflexões indicativas de estruturas abaixo do limite interpretado para o embasamento (1).

1 1

Figura 8.11 detalhe B - Embasamento com comportamento irregular, apresentando alguns degraus (1). Intrusões
penetrando por toda a coluna sedimentar (2).

75
501-0013
501-0007 501-0006 501-0005 501-0004 501-0003 501-0002 501-0001

MS Hotspur MS Morgan Intrusões e Soleiras

A B

Figura 8.12 - Perfil 501-0013. Destacando o aspecto irregular do embasamento detalhes A e B. 76


3

Figura 8.12 detalhe A - Presença de um proeminiente alto do embasamento (1). Pacote sedimentar bastante alterado com
presença de soleiras (2) e intrusões (3) por toda coluna sedimentar

1
1

Figura 8.12 detalhe B - Coluna sedimentar com presença de soleiras (1) e embasamento irregular (2).

77
14
-00
501
501-0010 501-0009 501-0008A

MS Vitória MS Hotspur

Figura 8.13 - Perfil 501-0014 iniciado ao sul da cadeia de montes submarino Vitória/Trindade e estendendo-se até as proximidades do monte submarino Hotspur. 78
No perfil 501-0014 (fig. 8.13), iniciado ao sul da cadeia de montes submarino
Vitória/Trindade e estendendo-se até as proximidades do monte submarino Hotspur, pode-se
observar o espesso pacote sedimentar menos perturbado e o padrão menos irregular do
embasamento. Estas características são compartilhadas pelos perfis 501-0010, 500-0518, 501-
0009 e 501-0008A nas regiões em que interceptam o perfil 501-0014.
O perfil 500-0019 (fig. 8.14) é o último perfil utilizado no presente trabalho, iniciado nas
proximidades do monte Dogaressa na cadeia Vitória-Trindade, e estendendo-se até a porção sul
da cadeia Ferraz, intercepta os perfis, 501-0010, 500-0518, 501-0009, 501-0008A, 501-0007,
501-0006, 501-0005, 501-0004, 501-0003, 501-0002 e 501-0001 em suas porções mais distais.
Este perfil nos oferece a oportunidade de visualizarmos o comportamento geral do embasamento
para pontos de toda a área de estudo a praticamente a mesma distância da costa. Desta forma, é
possível observarmos o arqueamento apresentado pelo embasamento na região de estudos. O
máximo deste arqueamento ocorre na região dos perfis 501-0005, 501-0006 e 501-0007, entre o
monte submarino Hotspur e o banco Royal Charlotte, local de ocorrência de uma expressiva
anomalia ar-livre (fig. 7.2). Nas extremidades sul e norte do perfil pode-se observar a
característica mais irregular do embasamento, apresentando uma série de degraus, e sua
correlação com o aspecto perturbado do pacote sedimentar (fig. 8.14 detalhes A e B), onde estão
presentes soleiras e intrusões básicas que comumente transpassam grande de parte do pacote
sedimentar. Alguns destes degraus do embasamento sugerem feições associadas às porções não
cisalhantes de zonas de fraturas. Entretanto, mesmo no mapa de anomalias ar-livre que nos
permite visualizar o traçado das zonas de fraturas inclusive nas áreas com sedimentos, a distância
deste perfil ao ponto mais próximo identificável como parte integrante de uma zona de fratura
indetermina qualquer tentativa de associação mais específica.
A partir da digitalização dos horizontes de batimetria e embasamento interpretados nos
perfis sísmicos foram gerados os mapas e blocos diagramas de: batimetria (fig. 8.15),
profundidade do embasamento (fig. 8.16) e espessura sedimentar (fig. 8.17).
O mapa de batimetria gerado a partir dos perfis sísmicos se mostra coerente com o mapa
batimétrico gerado por altimetria de satélite (fig. 7.1), reafirmando a fisiografia da região de
estudos. Na figura 8.15, ao sul da cadeia de montes submarinos Ferraz, é bastante evidente,
principalmente no bloco diagrama, o relevo rebaixado indicando a erosão ou não deposição
causada pelo canal submarino de Pernambuco.

79
19
500-00
500-0014 500-0018 501-0009 501-0008A 501-0007 501-0006 501-0005 501-0004

MS

Intrusões e Soleiras Intrusões e Soleiras

A B

Figura 8.14 - Perfil 500-0019 iniciado nas proximidades do monte Dogaressa na cadeia Vitória-Trindade, e estendendo-se até a porção sul da cadeia Ferraz. 80
1 1 1

Figura 8.14 detalhe A - Embasamento apresentando uma série de degraus (1), que poderiam ser indicativos da continuidade
das zonas de fraturas.

1 1 1

Figura 8.14 detalhe B - Embasamento apresentando uma série de degraus (1), que poderiam ser indicativos da
continuidade das zonas de fraturas.

81
Profundidades em tempo duplo (segundos)

Figura 8.15 - Mapa de batimetria gerado a partir dos perfis sísmicos, reafirmando a fisiografia da região de estudos. Ao sul da cadeia Ferraz é
bastante evidente o relevo rebaixado indicando a erosão ou não deposição causada pelo canal submarino de Pernambuco, bem como o gradiente
batimétrico mais suave do banco de Abrolhos até as proximidades do monte submarino Columbia.

82
O gradiente batimétrico mais suave presente em frente aa plataforma de Abrolhos e que se
estende até as proximidades do monte submarino Columbia também pode ser observado.
Os altos do mapa de profundidade do embasamento (fig. 8.16), mostram uma significativa
correlação com os maiores valores de anomalia ar-livre vistos na figura 7.2, e que não obtinham
justificativa nas variações do relevo de fundo. Na região em frente ao banco Royal Charlotte,
por exemplo, existe um pronunciado alto do embasamento, como pode ser visto no mapa e no
bloco diagrama, chegando a 6.2s, enquanto que a profundidade do embasamento nas vizinhanças
esta em torno de 6.8s. A ligação deste alto com as anomalias ar-livre que ocorrem no mesmo
local é clara, e o mesmo acontece ao norte do monte submarino Columbia, onde mais uma vez
ocorre um alto do embasamento, sendo que desta vez é menos pronunciado (6.6s), como pode
ser observado na figura 8.16. Outro fato que deve ser observado é a falta de qualquer indicio das
calhas das zonas de fraturas da região, subsidiando a hipótese de que algum processo tectono-
magmático tenha ocorrido mais recentemente. Entretanto, isto também pode ser um reflexo da
maior parte dos dados utilizados nesta gridagem possuírem uma orientação E-W, estando assim,
paralelos a direção preferencial das zonas de fraturas da região.
No mapa de espessura sedimentar (fig. 8.17), as feições de maior expressão são as cunhas
sedimentares referentes às bacias do Espírito Santo e Bahia Sul (Cumuruxatiba, Jequitinhonha e
Camamu-Almada). De forma que estas regiões de maior espessura sedimentar podem ser
correlacionadas aos menores valores anomalias ar-livre presente na figura 7.2. Na figura 8.17 as
bacias sedimentares chegam a ter espessuras máximas de sedimento maiores que 2.3s, estando
todo este pacote sedimentar encaixado entre feições de conhecida gênese por processos tectono-
magmáticos.
A partir da interpretação dos 14 perfis de sísmica multicanal quanto à presença de soleiras
e intrusões magmáticas, foi elaborado um mapa de distribuição destas feições na área da região
de estudos (fig. 8.18). Embora freqüentemente as soleiras e as intrusões ocorram juntas, as
intrusões são mais difíceis de reconhecer por sua característica vertical, que muitas vezes
dependendo dos dados fica abaixo do nível de resolução (Badley, 1985). Ainda segundo este
autor as soleiras básicas podem ser lateralmente muito extensas chegando a centenas de
quilômetros quadrados, entretanto o mais comum é que tenham poucas dezenas de quilômetros,
onde o mais característico são as altas amplitudes e o padrão discordante.

83
Profundidades em tempo duplo (segundos)

Figura 8.16 - Mapa de profundidade do embasamento, mostrando a significativa correlação com os maiores valores de anomalia ar-livre vistos na
figura 7.2.

84
Profundidades em tempo duplo (segundos)

Figura 8.17 - Mapa de espessura sedimentar, mostrando as cunhas sedimentares referentes às bacias do Espírito Santo e Bahia Sul (Cumuruxatiba,
Jequitinhonha e Camamu-Almada).

85
13
501-00
501-0001
1
501-0002

501-0003
501-0004
501-0005
501-0006
501-0007
501-0008A
501-0009
500-0018
501-0010

19

014
-0
500-00

501

Figura 8.18 - Mapa de distribuição de soleiras e intrusões magmáticas na área de estudos. A cor laranja nas seções dos perfis identifica a presença
de soleiras e intrusões magmáticas. Localizadas desde as imediações do banco Royal Charlotte e cadeia de Abrolhos até os montes submarinos da
Bahia, e em frente ao banco de Abrolhos, entre os montes submarinos Jaseur e Columbia. A cor vermelha indica uma região de embasamento
elevado.

86
As linhas cor de laranja identificam as seções dos perfis que apresentaram soleiras e
intrusões magmáticas e a superfície cor de laranja é a extrapolação do que seria a região afetada
por estas estruturas segundo as interpretações discutidas anteriormente. Pode-se observar a
ocorrência em duas áreas principais. A maior delas se estendendo desde as imediações do banco
Royal Charlotte e cadeia de Abrolhos até os montes submarinos da Bahia, e uma menor em
frente aa plataforma de Abrolhos, entre os montes submarinos Jaseur e Columbia.
Se observarmos o hiato existente entre as duas áreas mapeadas e compararmos com o mapa
de profundidade do embasamento (fig. 8.16), aparentemente a porção mais elevada do
embasamento se molda entre elas. A região de ocorrência desta porção mais elevada do
embasamento esta representada na figura 8.18 pela superfície vermelha. Como se pode observar,
a co-existência do alto do embasamento e das rochas vulcanoclásticas interestratificadas aos
sedimentos ocorre apenas numa área estreita. De forma que isto pode ser explicado tanto pela
dificuldade de identificação das rochas vulcanoclásticas nas regiões de espessura sedimentar
muito delgada, quanto pela hipóteses destes serem diferentes respostas de um mesmo evento
magmático ou mesmo de eventos magmático distintos.

87
9 - DISCUSSÃO

Neste capitulo são discutidos os aspectos mais importantes dos resultados obtidos a partir
dos dados de batimetria, gravimetria e sísmica multicanal, segundo a influência destes para os
objetivos do presente trabalho.
A presença dos maiores valores de anomalia ar-livre (>250 mGal) sobre as principais
feições fisiográficas, mormente naquelas de origem tectono-magmática da PMA, corrobora
estudos prévios como os de Guazelli e Carvalho (1981) e Cherkis et al (1992) que já
correlacionavam os altos valores de anomalia ar-livre, as características de acreção da plataforma
continental e as relações de contato com os sedimentos sobrejacentes, para sugerir ao substrato
do Banco Royal Charlotte origem vulcânica com idade possivelmente relacionada à do
vulcanismo que originou a Plataforma de Abrolhos.
O CGLB representado por suas anomalias com formatos elípticos, dispostas como que
inscritas num círculo na região entre a cadeia Vitória/Trindade e os montes submarinos da Bahia
(fig. 7.2) , entre as latitudes 14º S e 22º S, aparecem no mapa de altura do geóide (fig. 7.3), como
a feição que apresenta os maiores valores de altura do geóide. Esta região anômala se apresenta
composta de um corpo maior alongado no sentido WSW-ENE com valores entre -5 m e 0 m,
denominado Alto Geoidal de Abrolhos por Rangel (1998), e outro bem menor com orientação
NW-SE e valores entre -5 m e -2,5 m, que se conectam em 16º S, no cruzamento com a Z.F.
Bragation. Assim, esta região constitui uma intumescência, ou seja, uma pronunciada mudança
de comportamento dos valores de altura do geóide, interferindo na tendência regional do
comportamento da altura do geóide, que ali decresce da cordilheira mesoatlântica em direção à
margem continental. Em outras regiões este gradiente de redução da altura do geóide é
tipicamente de 5 a 10 m para distâncias de 1.000 a 2.000 Km a partir das cordilheiras
mesoceânicas (Cazenave et al., 1983). Bowin et al (1984), apresenta um mapa de anomalia
residual do geóide cortada na harmônica de grau 10, onde se observa uma anomalia residual do
geóide de valor 2 m coincidente com o alto da figura 7.3 do presente trabalho.
A assinatura das zonas de fraturas, que nas regiões ao norte dos montes submarinos da
Baiha e ao sul da cadeia Vitória/Trindade se propagam até bem mais próximo da costa, nesta
área extinguem-se no limite desta intumescência da altura do geóide, como também já fora
observado no mapa de anomalia ar-livre (fig. 7.2). Gilbert et al. (1989) corroboram mostrando
os limites das extensões das zonas de fraturas coincidentes com o Complexo Geoidal Leste
Brasileiro, utilizando dados com comprimento de onda entre 25 km e 100 km. Isto pode ser a
88
evidência de algum mecanismo que tenha causado o reaquecimento regional, e conseqüente
alteração do padrão morfo-estrutural do embasamento. Entretanto, quando olhamos para o setor
correspondente da margem africana, as zonas de fraturas também se extinguem simetricamente,
o que pode denotar que estas descontinuidades do eixo de expansão da cadeia mesoatlântica
formaram-se em época posterior ao início da abertura do Atlântico neste setor.
No mapa de profundidade do embasamento (fig. 8.16) observa-se que na região em frente
ao banco Royal Charlotte, existe um pronunciado alto do embasamento chegando a 6.2s,
enquanto que a profundidade do embasamento nas vizinhanças está em torno de 6.8s. A ligação
deste alto com as anomalias ar-livre que ocorrem no mesmo local é clara, e o mesmo acontece ao
norte do monte submarino Columbia, onde mais uma vez ocorre um alto do embasamento, sendo
que desta vez é menos pronunciado (6.6s). Esta atenuação no valor máximo do alto do
embasamento para a área ao norte do monte submarino Columbia, ao menos em parte, pode ser
explicada pelo comprimento dos perfis sísmicos que alcançam apenas a primeira metade do
AGA. Entretanto, no mapa batimétrico (fig. 7.4) observa-se que o intumescimento relativo ao
AGA alcança seu ápice justamente nesta área e ressaltando o paralelismo existente ali entre o
embasamento e a batimetria (fig. 8.9 e fig. 8.11), pode-se assumir que a tendência do
embasamento é realmente decrescer da área ao norte do monte submarino Columbia em direção
a segunda metade do AGA.
Estas observações de altos do embasamento coincidem com o padrão de distribuição de
soleiras e diques mapeados na região (fig. 8.18). Feições semelhantes a estas foram identificadas
anteriormente em trabalhos executados durante os projetos REMAC (J. C. Carvalho,
comunicação verbal) e LEPLAC (K. Jinno, comunicação verbal) e mais recentemente Gomes et
al (2000). No presente estudo, o mapeamento sistemático destas feições mostrou a existência de
uma nítida transição da conformação geral dos perfis de norte para sul, diferenciando-se uma
região ao norte do perfil 501-0005 (fig. 8.5), outra entre este e o perfil 501-0007 (fig. 8.7) e uma
última deste último em diante.
Na região ao norte do perfil 5001-0005, a espessa coluna sedimentar (aproximadamente
2s) apresenta-se com numerosas intrusões e soleiras magmáticas. Outra característica marcante
deste setor são os freqüentes desníveis do embasamento que atingem em alguns casos variações
de mais de 1s (fig. 8.4 detalhes A e B). Na região central, entre os perfis 501-0005 e 501-0007, a
espessura sedimentar é bem menor (menos de 1s), o embasamento deixa de apresentar grandes
degraus, a não ser os associados aos montes submarinos e se torna muito difícil a detecção de
soleiras e intrusões. Na terceira região, ao sul do perfil 501-0007, as características apresentadas

89
assemelham-se às vistas na primeira região, entretanto os degraus presentes no embasamento são
menores (fig. 8.8) e nota-se uma tendência de arqueamento nas porções mediano-final dos perfis.
Estas anomalias crustais compostas de altos do embasamento e corpos magmáticos
interestratificados, estão estritamente relacionadas a altos valores ar-livre (fig. 7.2), e podem ser
caracterizadas como fontes rasas, uma vez que estas não se mostram presentes no mapa de altura
do geóide (fig. 7.3). Diferentemente, as anomalias que ocorrem próximas aos montes
submarinos da Bahia e a mais extensa das anomalias da região, localizada próximo ao monte
submarino Columbia (fig. 7.3), aparentemente não encontram justificativa de tal modo, bem
como, não podem ser atribuídas diretamente a nenhuma feição fisiográfica. Estas anomalias são
feições de origem bem mais profundas.
As feições morfo-estruturais presentes na região de estudo têm freqüentemente sido
atribuídas a fenômenos como hotspots e plumas mantélicas. A natureza do fenômeno que deu
origem a estas feições em termos de número de fontes e de suas profundidades, são duas das
questões fundamentais que ainda hoje aguardam uma resposta. Em termos do número de fontes,
quando analisamos os mapas de ar-livre e altura do geóide, principalmente este último,
naturalmente a primeira abordagem é a de uma única e extensa anomalia térmica responsável por
todas estas feições já descritas. Entretanto existem alguns pontos que testemunham contra esta
hipótese. A maior amplitude de altura do geóide na região do AGA em comparação com a
presente na área dos montes submarinos da Bahia, denota que ao contrário desta última, o AGA
ainda está em atividade, o que corrobora as idades das ultimas reativações da ilha de Trindade
datada de aproximadamente 3 Ma (Cordani, 1970 e Cordani e Blazecovic, 1970 apud Ferrari e
Ricomini, 1999).
As idades dos montes submarinos que compõem a cadeia Vitória/Trindade é ainda hoje um
tema controverso que só será efetivamente esclarecido por datação. Alguns trabalhos como o de
Rangel (1998) que estabeleceu por modelagem tectonofísica idades variando gradativamente de
105 Ma para o monte submarino Vitória a 10 Ma para o monte submarino Columbia (tabela 2) e
Ferrari e Ricomini (1999) que pela análise dos alinhamentos da cadeia Vitória/Trindade em
associação com as variações das velocidades dos centros de expansão do assoalho oceânico,
chegou a idades variando gradualmente de 43.5 Ma a 3.9 Ma do banco Besnard a ilha de
Trindade, mostram resultados discrepantes entre si.
Os montes submarinos da Bahia têm idades estimadas em 62 Ma obtida pelo método
40 39
Ar/ Ar (Cherkis, 1992) e 71 Ma por modelagem (Bryan & Cherkis, 1995).

90
Entretanto, pode-se imaginar que numa anomalia desta extensão existam setores que
apresentem seus picos de atividade em diferentes épocas. Mas resta ainda os contrastes nas
direções de alinhamento entre as regiões do AGA (WSW-ENE) para o presente nos montes
submarinos da Bahia (NW-SE). A existência de zonas de fraquezas pretéritas nas respectivas
direções, ou mudanças no padrão geral de expansão do assoalho oceânico são explicações
possíveis. Entretanto, neste contexto, a possibilidade destas feições serem originadas por duas
diferentes anomalias térmicas com épocas distintas de atividades, ganha força no sentido de,
desta maneira, estas se apresentarem em diferentes profundidades. Assim, se o AGA situar-se
em profundidade próxima a litosférica estaria sendo influenciado apenas pelo deslocamento
relativo entre as placas sul-america e Africana, enquanto que a anomalia dos montes submarinos
da Bahia teria estado numa profundidade superior, próximo a camada D” do limite entre núcleo
e manto influenciado pelo deslocamento absoluto (SE-NW) da placa sul-americana.
Outro importante aspecto quanto à inter-relação do AGA e a cadeia Vitória/Trindade, é o
fato do centro do alto geoidal não ser coincidente com o último evento magmático desta (Ilhas de
Trindade e Martin Vaz), o que contraria em parte a hipótese da evolução a partir do modelo de
head e tail de Griffiths (1986). Uma vez que por este modelo o AGA deveria estar sob o último
monte submarino criado. O afastamento do centro da anomalia dos pontos de extrusão indicaria,
mais provavelmente, um direcionamento causado pela preexistência de zonas de fraquezas.
Segundo Ferrari e Riccomini (1999), a tendência do material das plumas de migrar para as
porções de litosfera afinadas, pode ter sido responsável pelo mecanismo associado à cadeia
Vitória/Trindade, o que corrobora a hipótese de associação de um hotspot com a ZF de Martin
Vaz proposta por Rangel (1998).
Watts e Ribe (1984), mostra que para um monte submarino formado próximo à cordilheira
mesoceânica a anomalia seria de 2 m enquanto que para este mesmo monte submarino formado
100 Km mais distante a anomalia seria de 5 m. Entretanto, na figura 7.3 observando os montes
submarinos da cadeia Vitória/Trindade, os valores de altura do geóide aumentam ao longo desta
até o monte submarino Columbia e, a partir daí, diminuem no sentido das ilhas de Trindade e
Martin Vaz, contrariando a tese dos montes terem sido formados pelo mecanismo de hotspot.
Entretanto, que característica diferencia a Z.F. Martin Vaz das outras presentes na região para
apenas ela ter sido utilizada como conduto magmático? A resposta a esta pergunta pode estar na
clássica discussão sobre uma ou outra zona de fratura estar ou não soldada em segmentos de sua
extensão não cisalhante (ativos).

91
O caráter recente destas reativações térmicas e de suas conseqüentes alterações no
arcabouço estrutural local ressalta a importância do mapeamento destas feições no âmbito da
indústria do petróleo. Segundo Planke et al (1999, 2000 e 2003), a identificação de depósitos
vulcânicos e a avaliação dos impactos causados na história da bacia são dois importantes
aspectos na exploração de petróleo, e que um dos impactos causados pela presença de soleiras
básicas nos sedimentos é a formação de feições em forma de disco, através de complexos de
escape hidrotermal (freqüentemente maiores que de 10 km de diâmetro), onde as bacias
sedimentares são influenciadas mesmo após longo tempo da formação destas soleiras e dos
complexos de escapes hidrotermais, que podem ser utilizados como dutos de rota de migração
preferencial. Filho e Rodrigues (1999) destacam a importância do conhecimento da evolução
destas anomalias térmicas, tendo em vista a influência destas no processo de geração (maturação
da matéria orgânica) e acumulação (modificações estruturais) nas bacias sedimentares da região.

92
10 - CONCLUSÃO

A província magmática de Abrolhos se integra num setor da margem leste brasileira, entre
as latitudes 14º e 21º S, composta por feições morfoestruturais de origem tectono-magmática
como: os montes submarinos da Bahia, os bancos de Abrolhos e Royal Charlotte, a cadeia
Vitória/Trindade, montes submarinos isolados, degraus e arqueamentos do embasamento, bem
como, soleiras, intrusões interestratificadas nos sedimentos. Pode-se dizer, que estas feições
estão diretamente relacionadas com um complexo de anomalias gravimétricas regionais, o
Complexo Geoidal Leste Brasileiro, da seguinte forma: os maiores valores de anomalia ar-livre
(>250 mGal) estão condicionados às principais feições fisiográficas; anomalias com menores
amplitudes e que não se encontram presentes no mapa de altura do geóide estão relacionadas,
primordialmente a fontes rasas de origem crustal, como altos e degraus do embasamento; por
fim, as anomalias presentes no mapa de altura do geóide estão efetivamente vinculadas a
fenômenos de maiores profundidades.
As anomalias gravimétricas mais profundas podem ser separadas em dois setores, norte e
sul. O setor norte de alinhamento NW-SE apresenta um menor valor de altura do geóide, está
diretamente relacionado com os montes submarinos da Bahia e se estende até a Z.F. Bragation.
Diferentemente, o setor sul é constituído de um proeminente alto geoidal alinhado na direção W-
SW-ENE e não está justaposto a nenhuma feição topográfica proeminente. Estas anomalias
gravimétricas aparentemente estão relacionadas a duas diferentes fontes mantélicas de idades e
profundidades diferentes, o que é sugerido pelas diferenças de amplitude e alinhamentos,
respectivamente. Isto corrobora as interpretações dos perfis sísmicos que denotam a divisão da
região em três diferentes áreas. A área ao norte caracterizada por um embasamento irregular e
presença de soleiras intercaladas aos sedimentos e intrusões, provavelmente associada ao evento
dos montes submarinos da Bahia. A área ao centro é caracterizada por um proeminente alto do
embasamento, provavelmente associado ao evento magmático da plataforma de Abrolhos. Por
fim, uma área ao sul, possivelmente associada ao AGA e caracterizada por um embasamento
irregular e presença de soleiras intercaladas aos sedimentos e intrusões que chegam a aflorar,
denotando assim a diferença de idade para a área norte. Entretanto, não se pode eliminar por
completo a hipótese de serem estas anomalias diferentes setores de uma única pluma, e que
tiveram fases de atividade em diferentes épocas 80 Ma para o setor norte, enquanto o setor sul
pode ser considerado ainda em atividade, se associado ainda a existência pretérita de zonas de
fraquezas com direções de alinhamento distintos, NW-SE e W-E para as regiões norte e sul
93
respectivamente. Dessa forma, o presente estudo corrobora a hipótese de Rangel (1998) da
existência de uma anomalia térmica terciária, presente próximo ao monte submarino Columbia e
que tem atuado de forma preponderante para a formação da cadeia Vitória/Trindade. Embora,
não obrigatoriamente, segundo o modelo clássico de hotspot, já que uma vez controlado o
alinhamento pela estruturação da zona de fratura de Martin Vaz, não haveria a obrigatoriedade
da gradação das idades dos montes submarinos.
Os dados de sísmica multicanal foram extremamente valiosos para o presente estudo. A
utilização destes dados, não só conferiram confiabilidade às observações feitas no mapa de
batimetria derivada de altimetria satélite, pela coerência mútua encontrada, como evidenciaram,
pela observação das anomalias magnéticas, as diferenças de idades relativas entre alguns montes
submarinos, e ainda elucidaram a origem de feições observadas no mapa de anomalia
gravimétrica ar-livre como efeito de altos do embasamento.
Diferentes efeitos como: soleiras e diques, montes submarinos, altos do embasamento e a
inexistência de continuidade das zonas de fraturas; evidenciam que toda a região de estudos vêm
sendo constantemente influenciada por eventos magmáticos desde o Terciário. Assim,
independente da gênese destes eventos estar relacionada a apenas uma ou a várias fontes, é
fundamental levá-las em consideração no estabelecimento de modelos geológicos e na aplicação
destes seja no meio acadêmico ou na indústria de Óleo e Gás.
Evidenciou-se neste trabalho a necessidade de estudos destas feições, de forma a permitir o
desenvolvimento de modelos geofísicos com perfeitas condições de serem parametrizados, para
que seja possível, assim, a quantificação dos efeitos destas anomalias térmicas nos ambientes
deposicionais da margem continental leste brasileira. Para tanto se faz necessário, entre outros,
levantamentos para datações radiométricas, composição isotópica.

94
11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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