• Experiência de Hawthorne. • A civilização industrializada e o homem. Revolução conceitual: ênfase nas pessoas.
A preocupação com a máquina e com o método de
trabalho (aspectos técnicos) e a preocupação com a organização formal e os princípios de Administração voltados para a organização (aspectos formais) dão lugar para a preocupação com o homem e o seu grupo social (aspectos psicológicos e sociológicos).
Década de 1930 – Estados Unidos.
Desenvolvimento da Psicologia – Psicologia do Trabalho.
A análise do trabalho e adaptação do trabalhador ao trabalho: Dominava o aspecto meramente produtivo. Verificação das características humanas que cada tarefa exigia do seu executante e a seleção científica dos empregados, por meio de testes, baseada nessas características. Temas predominantes: seleção pessoal, orientação profissional, métodos de aprendizagem e de trabalho, fisiologia do trabalho e estudo dos acidentes e da fadiga.
A adaptação do trabalho ao trabalhador: Crescente atenção
voltada para os aspectos individuais e sociais do trabalho, que predominam sobre os aspectos produtivos. Temas predominantes: estudo da personalidade do trabalhador e do gerente, da motivação e dos incentivos do trabalho, da liderança, das comunicações, das relações interpessoais e sociais dentro da organização. A Psicologia Industrial contribuiu muito para demonstrar a parcialidade dos princípios de Administração adotados pela Teoria Clássica.
I Guerra Mundial
Declínio da Europa na liderança no mundo e ascensão dos
EUA como potência mundial.
Nos EUA, os pressupostos democráticos eram
desenvolvidos e reafirmados, enquanto nos demais países o liberalismo econômico do século XIX passou, a partir da I Guerra Mundial, a ser substituído por uma crescente interferência do Estado na economia, com o surgimento de alguns governos totalitários (nos quais a Teoria Clássica encontrava um ambiente extremamente favorável). 1929 – Grande Depressão – “Crash” da Bolsa
Essa crise também provocou indiretamente uma
verdadeira reelaboração de conceitos e uma reavaliação dos princípios de Administração até então aceitos com todo o seu caráter dogmático e prescritivo. A busca da eficiência nas organizações passou a ser intensificada.
A Abordagem Humanística da Administração começou logo
após a morte de Taylor; porém, apenas a partir da década de 1930 encontrou enorme aceitação nos EUA, em razão de suas características democráticas.
Fora dos EUA, só bem depois do final da II Guerra
Mundial. Também denominada Escola Humanística da Administração, surgiu nos EUA como consequência das conclusões obtidas na Experiência de Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores.
Foi um movimento de reação e de oposição à Abordagem
Clássica da Administração, cujos princípios nem sempre foram pacificamente aceitos, principalmente pelos trabalhadores e sindicatos americanos.
Com a democracia americana, os trabalhadores e
respectivos sindicatos passaram a visualizar e interpretar a Administração Científica como um meio de exploração dos empregados a favor dos interesses dos patrões. • A necessidade de se humanizar e democratizar a Administração, libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Abordagem Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do povo americano. Neste sentido, a Teoria das Relações Humanas se revelou um movimento tipicamente americano e voltado para uma democratização dos conceitos administrativos.
• O desenvolvimento das ciências humanas,
principalmente a psicologia e a sociologia, bem como a sua crescente influência intelectual e suas primeiras tentativas de aplicação à organização industrial. Georges Elton Mayo foi um sociólogo australiano, um dos fundadores e principais expoentes do método “sociologia industrial” dos Estados Unidos.
Formou-se em Medicina na Universidade
de Adelaide, trabalhou na África e lecionou na Universidade de Queensland.
Ainda na Austrália, estudou as sociedades
aborígenes, que o tornaram sensível às múltiplas dimensões da natureza humana. Durante a Primeira Guerra Mundial, trabalhou na análise psicológica de soldados em estado de choque. 1924: a Academia Nacional de Ciências dos EUA iniciou estudos para verificar a correlação entre produtividade e iluminação do local de trabalho, dentro dos pressupostos clássicos de Taylor e de Gilbreth.
1927: o Conselho Nacional de Pesquisas iniciou uma experiência
em uma fábrica situada em Chicago, no bairro de Hawthorne, chamada Western Electric Company, para avaliar essa correlação, medida por meio da produção.
A experiência foi coordenada por Elton Mayo e acabou
analisando outros fatores, como: fadiga, acidentes de trabalho, rotatividade, etc., estendendo-se até 1932. A Western Electric fabrica equipamentos e componentes elétricos.
Na época, desenvolvia uma política de pessoal que valorizava o
bem-estar dos operários, mantendo salários satisfatórios e boas condições de trabalho. Na fábrica havia um departamento de montagem de relés de telefone constituído por moças (montadoras) que executavam tarefas simples e repetitivas, as quais dependiam de sua rapidez.
A empresa não estava
interessada em aumentar a produção, mas em conhecer melhor seus empregados. Dois grupos de operários: o grupo de observação trabalhava sob intensidade de luz variável, enquanto o grupo de controle tinha intensidade constante. O objetivo era conhecer o efeito da iluminação sobre o rendimento dos operários.
Encontrou-se uma variável distinta: fator psicológico.
Os operários se julgavam na obrigação de produzir mais quando
a intensidade de iluminação aumentava, e o contrário quando diminuía.
Comprovou-se a preponderância do fator psicológico sobre o
fator fisiológico: a relação entre condições físicas e a eficiência dos operários pode ser afetada por condições psicológicas.
Estendeu-se a experiência à verificação da fadiga no trabalho, da
mudança de horários, da introdução de intervalos de descanso, (aspectos basicamente fisiológicos). Abril de 1927 - selecionadas seis moças de nível médio para constituírem o grupo de observação: cinco montavam os relés, enquanto a sexta fornecia as peças necessárias para manter o trabalho contínuo.
A sala de provas era separada do restante do departamento
(onde estava o grupo de controle) por uma divisão de madeira.
A produção passou a ser o índice de comparação entre o grupo
experimental (sujeito a mudanças nas condições de trabalho) e o grupo de controle (constituído do restante do departamento que continuava a trabalhar sempre nas mesmas condições).
As moças foram esclarecidas quanto aos objetivos da pesquisa:
determinar o efeito de certas mudanças nas condições de trabalho (períodos de descanso, lanches, redução no horário de trabalho etc.). A pesquisa feita sobre o grupo experimental foi dividida em doze períodos:
1. Estabelecer a capacidade de produção em condições normais (2.400
unidades semanais por moça). – Duas semanas. 2. Isolamento do grupo experimental na sala de provas (verificar efeito da mudança de local de trabalho). – Cinco Semanas. 3. Separação do pagamento por tarefas do grupo experimental. – Oito Semanas. Aumento da Produção. 4. Intervalos de 5 minutos na manhã e na tarde. 5. Aumento dos intervalos de descanso para 10 minutos. 6. Três intervalos de 5 minutos pela manhã e o mesmo pela tarde. 7. Retorno a dois intervalos de 10 minutos (manhã + tarde) e lanche. 8. Saída do trabalho às 16:30 h e não mais às 17 h. 9. Saída do trabalho às 16 h. 10. Retorno à saída às 17 h. 11. Semana de 5 dias com sábado livre. (1 ano após o início do estudo) 12. Retorno às condições do 3º período. 12 semanas.(3.000 unidades semanais). Conclusões:
a) Gostavam de trabalhar na sala de provas, porque era
divertido e a supervisão branda.
b) Havia um ambiente amistoso e sem pressões, onde a
conversa era permitida.
c) Apesar de terem maior supervisão na sala de provas do que
no departamento, a característica e o objetivo da supervisão eram diferentes e as moças bem o sabiam.
d) Houve um desenvolvimento social do grupo experimental: as
moças faziam amizades entre si e passaram a se preocupar umas com as outras, acelerando sua produção quando alguma colega se mostrava cansada.
e) O grupo desenvolveu liderança e objetivos comuns.
A diferença de atitudes entre os grupos fez com que os pesquisadores se afastassem do interesse inicial da pesquisa e passassem a se fixar no estudo das relações humanas no trabalho.
A supervisão vigilante era constrangedora para as moças.
A empresa, apesar de sua política de pessoal aberta, pouco ou
nada sabia acerca dos fatores determinantes das atitudes das operárias.
Em setembro de 1928, iniciou-se o Programa de Entrevistas
(Interviewing Program), inicialmente no setor de inspeção, depois incluindo o setor de operações e, mais tarde, outros setores da fábrica. Em fevereiro de 1929, foi criada na empresa uma Divisão de Pesquisas Industriais para absorver e ampliar o programa de entrevistas, no sentido de entrevistar anualmente todos os empregados.
A empresa tinha mais de 40.000 empregados e, entre 1928 e
1930, foram entrevistados 21.126 empregados.
Em 1931, o sistema de entrevista sofreu uma alteração:
adotou-se a técnica da entrevista não diretiva, sem roteiro prévio, através da qual se permitia que os operários falassem livremente.
O Programa de Entrevistas revelou a existência de uma
organização informal dos operários. Organização Informal
•Produção controlada por padrões que os operários julgavam ser
sua produção normal e não era ultrapassada;
•Práticas não-formalizadas de punição que o grupo aplicava aos
operários que excediam aqueles padrões e que eram considerados sabotadores;
•Expressões que faziam transparecer a insatisfação quanto aos
resultados do sistema de pagamentos de incentivos por produção;
•Liderança informal de alguns operários que mantêm o grupo
unido e asseguram o respeito pelas regras de conduta;
•Contentamentos e descontentamentos com relação às atitudes
dos superiores a respeito do comportamento dos operários. Escolheu-se um grupo experimental – 9 operadores, 9 soldadores e 2 inspetores – que passou a trabalhar em uma sala especial com idênticas condições de trabalho do departamento.
Havia um observador dentro da sala e um entrevistador que
ficava do lado de fora e que entrevistava esporadicamente aqueles operários.
Essa experiência durou de novembro de 1931 a maio de 1932 e
visava analisar a organização informal dos operários.
O complexo sistema de pagamento era baseado na produção do
grupo, havendo um salário-hora com base em inúmeros fatores e um salário mínimo horário, para o caso de dedução.
Essa fase permitiu o estudo das relações entre a organização
informal dos empregados e a organização formal da fábrica. O observador constatou que os operários usavam de uma porção de artifícios:
•logo que montavam o que julgavam ser a sua produção normal,
reduziam seu ritmo de trabalho; •relatavam sua produção de forma que a produção em excesso de um dia pudesse ser somente acusada num dia deficitário; •apresentavam certa uniformidade de sentimentos e solidariedade grupal; •Consideravam delator o membro que prejudicasse algum companheiro e pressionavam os mais rápidos para "estabilizarem" a sua produção.
A experiência de Hawthorne foi suspensa em 1932 por motivos
não vinculados ao seu desenvolvimento. Nível de Produção é Resultante da Integração Social: O nível de produção não é determinado pela capacidade física ou fisiológica do empregado, mas por normas sociais e expectativas que o envolvem. Quanto mais integrado socialmente no grupo de trabalho, tanto maior será a disposição de produzir.
Comportamento social dos empregados: os trabalhadores
não agem ou reagem isoladamente, mas como membros de grupos. Cada indivíduo não se sentia livre para estabelecer a sua quota de produção, pois esta era estabelecida e imposta pelo grupo. A administração precisa tratar os empregados como membros de grupo e sujeitos às influências sociais desses grupos. Os trabalhadores reagem à administração, a suas decisões, normas, recompensas e punições como membros de grupos sociais. Recompensa e sanções sociais: Os operários que produzem acima ou muito abaixo da norma socialmente determinada perdem o respeito e a consideração dos colegas. Os trabalhadores preferiram produzir menos e, consequentemente, ganhar menos, do que por em risco as relações amistosas com os seus colegas.
Grupos informais: os pesquisadores se concentravam
quase que exclusivamente nos aspectos informais da organização (grupos informais, comportamento social dos empregados, crenças, atitude e expectativa, etc.). A empresa passou a ser visualizada como uma organização social composta de diversos grupos sociais informais, cuja estrutura nem sempre coincide com a organização formal da empresa, ou seja, com os propósitos e estrutura definidas pela empresa. As Relações Humanas: são as ações e atitudes desenvolvidas pelos contatos entre pessoas e grupos.
Cada indivíduo é uma personalidade altamente diferenciada que
influi no comportamento e atitudes dos outros com quem mantém contatos e é, por outro lado, igualmente bastante influenciado pelos outros.
Cada indivíduo procura ajustar-se a outros indivíduos e a outros
grupos definidos, pretendendo ser compreendido, ser bem aceito e participar, no sentido de atender aos seus interesses e aspirações mais imediatos.
Seu comportamento é fortemente influenciado pelo meio ambiente
e pelas várias atitudes e normas informais existentes nos vários grupos. A importância do conteúdo do cargo: defendia-se que a maior especialização não era a forma mais eficiente de divisão do trabalho. Observaram que os operários da sala de montagem de terminais frequentemente trocavam de posição para variar e evitar a monotonia, mesmo contra a política da empresa. A produção caia, mas a moral dos trabalhadores e do grupo elevava-se. A partir disso, passou-se a verificar que o conteúdo e a natureza do trabalho têm enorme influência sobre a moral do trabalhador.
Ênfase nos aspectos emocionais: Os elementos emocionais, não
planejados e mesmo irracionais do comportamento humano, passam a merecer um aspecto especial por parte de quase todas as grandes figuras da Teoria das Relações Humanas. Daí a denominação sociólogos da organização, dada por alguns autores humanistas. Para a Teoria das Relações Humanas, a motivação econômica é secundária na determinação do rendimento do trabalhador. Para ela, as pessoas são motivadas pela necessidade de “reconhecimento”, de “aprovação social” e “participação” nas atividades dos grupos sociais nos quais convivem. Daí o conceito de homem social. Como resultado da Experiência de Hawthorne, verificou-se que a colaboração na sociedade industrializada não pode ser entregue ao acaso, enquanto se cuida apenas dos aspectos materiais e tecnológicos do progresso humano.
Os métodos de trabalho tendem todos para a eficiência,
nenhum para a cooperação.
A cooperação humana não é o resultado das determinações
legais ou da lógica organizacional, mas tem causas mais profundas que a Experiência de Hawthorne revelou.
A partir dessa experiência, Mayo passa a defender alguns
pontos de vista... 1. O trabalho é uma atividade tipicamente grupal.
2. O operário não reage como indivíduo isolado, mas como membro
de um grupo social.
3. A tarefa básica da Administração é formar uma elite de
administradores capaz de compreender as pessoas e de se comunicar através de chefes democráticos, persuasivos e simpáticos.
4. Passamos de uma sociedade estabelecida para uma sociedade
adaptável, porém, negligenciamos a habilidade social.
5. O ser humano é motivado pela necessidade de “estar junto”, de
ser reconhecido e de receber adequada comunicação. – homem social x homo economicus. Surge um conflito social nessa sociedade industrial: a incompatibilidade entre os objetivos organizacionais da empresa e os objetivos pessoais dos empregados.
Ambos nunca se deram muito bem, principalmente quando a
preocupação exclusiva com a eficiência sufoca o trabalhador.
Para Mayo o conflito social deve ser evitado a todo custo
através de uma administração humanizada que faça um tratamento preventivo e cauteloso. As relações humanas e a cooperação constituem a chave para evitar o conflito social.
Mayo não vê possibilidades de solução construtiva e positiva
do conflito social. Função econômica: Equilíbrio Produzir bens ou serviços externo
Organização Industrial
Função social: Equilíbrio
Dar satisfações aos interno seus participantes Teoria Clássica Teoria das Relações Humanas
• Trata a organização como máquina. • Trata a organização como grupos humanos.
• Enfatiza as tarefas ou a tecnologia. • Enfatiza as pessoas e grupos sociais.
• Inspirada em sistemas de engenharia. • Inspirada em sistemas de psicologia.
• Autoridade centralizada. • Delegação de autoridade.
• Linhas claras de autoridade. • Autonomia dos empregados.
• Especialização e competência técnica. • Confiança e abertura.
• Acentuada divisão do trabalho. • Ênfase nas relações entre pessoas.
• Confiança nas regras e regulamentos. • Confiança nas pessoas.
• Clara separação entre linha e staff. • Dinâmica grupal e interpessoal.