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Caxias do Sul
2015
Pedro Henrique Fantinelli Florão
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Nome e Titulação
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Nome e Titulação
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Nome e Titulação
DEDICATÓRIA
A qualidade de vida no trabalho é um assunto que vem tornando-se cada vez mais importante
para as organizações no mundo moderno. O presente trabalho buscou identificar a percepção
de qualidade de vida dos funcionários da medicina do trabalho do grupo Pró Salute. Como
principais referências científicas sobre este assunto foram citados, Afzal et al (2012,
Fernandes (1996), Pardee (1990), Pérez-Ramos (1990), Pedroso, Pilatti e Silva, (2010) e
Neto, Pires e Sciarpa (2007). Foi utilizado uma abordagem qualitativa e quantitativa com a
aplicação do questionário WHOQOL-BREF, desenvolvido pela OMS (Organização Mundial
da Saúde). Os dados estatísticos levantados por meio do questionário fechado foram
complementados de forma qualitativa por uma observação participante aberta. Os resultados
apontam para a existência de uma percepção positiva por parte dos funcionários acerca de sua
qualidade do trabalho. O domínio com melhor avaliação foi o domínio social Fica
possibilitado à administração do objeto de estudo, a partir deste trabalho, gerir este importante
aspecto do dia-a-dia das atividades profissionais dos colaboradores.
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO......................................................................................................................11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICOS.......................................................................................13
2.1 A História da Gestão de Pessoas.........................................................................................13
2.2 A História da Gestão de Pessoas no Brasil.........................................................................14
2.3 A História da QVT..............................................................................................................15
2.4 Teorias Motivacionais.........................................................................................................17
2.4.1 Teoria das Necessidades de Maslow................................................................................18
2.4.2 Teoria de Dois Fatores de Herzberg.................................................................................19
2.4.3 Teoria das Necessidades Sociais de McClelland.............................................................21
2.5 Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho......................................................................23
2.6 Modelos de QVT.................................................................................................................24
2.6.1 Modelo de Walton (1973)................................................................................................24
2.6.2 Modelo de Hackman e Oldhan (1974).............................................................................26
2.6.3 Modelo de Westley (1979)...............................................................................................27
2.6.4 Modelo de Nadler e Lawler (1983)..................................................................................27
2.6.5 Modelo de Eda Fernandes (1996)....................................................................................28
2.6.6 Abordagem Biopsicossocial e Organizacional (1996).....................................................29
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..........................................................................31
3.1 Métodos de Pesquisa...........................................................................................................31
3.2 Delimitação da população ou do objeto de estudo e amostragem......................................32
3.3Técnicas de coleta de dados.................................................................................................32
3.4 Técnicas de Análise de dados.............................................................................................33
4 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................... .34
4.1 Perfil Predominande da Amostra........................................................................................34
4.2 Questionário WHOQOL e Análise Geral dos Resultados Obtidos.....................................35
4.2.1. Domínio das Relações Sociais........................................................................................36
4.2.2 Domínio da Percepção Geral...........................................................................................38
4.2.3 Domínio Psicológico........................................................................................................49
4.2.4 Domínio Físico.................................................................................................................42
4.2.5 Domínio Ambiental..........................................................................................................45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................53
REFERÊNCIAS........................................................................................................................55
APÊNDICE A – Questionário para Determinação do Perfil Sociocultural da Amostra..........59
ANEXO A – Questionário WHOQOL-BREF (ADAPTADO)................................................60
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1 INTRODUÇÃO
obtidos pelo questionário, será utilizada de uma observação participante de modo à colher
dados qualitativos que ofereçam subsídios para ratificar ou retificar à pesquisa quantitativa,
conferindo maior precisão ao resultado desta.
A empresa que será estudado neste trabalho, teve a sua origem em 1988, fundado pelo
Dr. Virvi Ramos, que além de fundar a prestadora de planos de saúde Fátima, fundou
inclusive o Hospital Virvi Ramos e a Faculdade Fátima, todos integrantes do mesmo grupo. O
surgimento deste grupo organizacional, bem como o braço de negócio de medicina
ocupacional teve por sua justificativa uma necessidade mercadológica, explicitada pelos
empresários de Caxias do Sul e região.
Atualmente, a gestão do grupo é realizada pela diretoria, junto à matriz, os braços de
negócio são empresas separadas, contudo, cada um é de propriedade de algum integrante da
família, desta forma então, a empresa possui certa característica familiar, porém a alta cúpula
tem demonstrando-se preocupada com a profissionalização de sua administração, evidenciada
pela contratação de profissionais para assumir posições de gestão. O braço de negócio
estudado, a medicina ocupacional do Fátima, possui um gerente que se reporta diretamente à
diretoria, tendo autonomia para administrar este negócio.
Todas as tarefas administrativas como comercial, pós vendas, RH, contabilidade,
suprimentos, e TI, estão centralizados na matriz do grupo, deixando então a organização livre
para que possa a concentrar-se em seu core business1 que seria a prestação de serviços de
medicina do trabalho. Atualmente, esta realiza não apenas exames médicos ocupacionais, mas
também elaboração de programas de prevenção de riscos ambientais, programas de controle
médico da saúde ocupacional, e recentemente, um programa de gestão de afastamentos.
Quanto à estrutura deste trabalho, na primeira parte, é apresentada a fundamentação
teórica deste trabalho, onde serão apresentados algumas das principais abordagens sobre
qualidade de vida no trabalho. A segunda consistirá nos procedimentos metodológicos, , as
delimitações do objeto de estudo e as técnicas de coleta e análise de dados. Na terceira parte,
são analisados os dados levantados, e por fim, nas considerações finais, comenta-se o
resultado do estudo realizado.
1
Core Business: Negócio principal. Tradução do autor.
13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Fischer (2002) denomina que a gestão de pessoas tem como principal fonte o
surgimento das teorias organizacionais e o desenvolvimento das organizações empresariais
nos Estados Unidos. A origem da gestão de pessoas pode ser atribuída à criação do
departamento de pessoal, pela empresa NCR Company na década de 1890. A criação deste
departamento na época teve com o seu principal objetivo possibilitar aos gestores da empresa
que fizessem o que modernamente é conhecido como recrutamento e seleção de pessoal. O
papel destes departamentos de pessoal na época era puramente operacional, buscando apenas
o melhoramento dos processos técnicos relativos ao capital humano da empresa, dessa forma
este possuía uma visão mecanicista, onde buscava apenas o aumento da eficiência dos
processos, a redução de custos. Em 1930, os experimentos conduzidos por Elton Mayo,
anunciavam o inicio de uma nova fase para a administração de recursos humanos, uma vez
que este autor acabou por misturar a psicologia e administração, criando então a escola das
relações humanas, rompendo com a filosofia Taylorista em vigor.
Os dados levantados por Fischer (2002) são corroborados por Carvalheiro (2011), que
em seu relatório de estágio curricular afirma que a administração de pessoal até a década de
1940 tinha um viés industrial, sendo marcada pela preocupação única dos aspectos técnicos e
legais, não indo além das práticas de recrutamento, regulação dos salários dos trabalhadores e
das relações com os sindicatos trabalhistas. Os departamentos de pessoal na época então não
se assemelham em nada com o atual cenário da administração de recursos humanos, visto que
neste momento histórico a principal preocupação acerca do capital humano das organizações
era para com a resolução de problemas imediatos, sendo desconhecida qualquer atuação
estratégica dessa área, e muito menos de quaisquer fundamentos teóricos.
14
2
Prática de redução do quadro de pessoal da organização afim desta ter uma estrutura mais enxuta.
16
vigor até essa época. Diferentemente dos autores que até então pregavam o pensamento
mecanicista de Frederick Winslow Taylor, cujo principal objetivo era a melhora da eficiência
dos processos produtivos, Mayo e sua teoria das relações humanas colocava uma ênfase maior
no empregado, embora tivesse uma visão um tanto romântica.
Neto, Pires e Sciarpa (2007), citam inclusive que as primeiras pesquisa de qualidade
de vida no trabalho surgiriam então na década de 1930, e contrariavam os princípios
Tayloristas. Ao passo que o trabalho de Taylor focava o processo, e, inclusive, demonstrava
certa preocupação quanto à ergonomia e a organização do posto de trabalho do operário, estes
não demonstravam preocupação alguma para com o bem estar do operário.
O trabalho de Abraham Maslow na década de 1950, junto com a pesquisa de Frederick
Herzberg em 1960, deram nova força à QVT. Surgia então a escola comportamental. Em seu
trabalho, Vergara (1999) pontua que o trabalho e Maslow, gravitava em torno das
necessidades humanas, surgindo então a “Pirâmide das Necessidades de Maslow”, que
elencava as necessidades do ser humano, em primárias e secundárias. Essa ferramenta
classifica as necessidades primárias como sendo necessidades fisiológicas e de segurança,
sendo a sua satisfação imprescindível para que o indivíduo possa satisfazer suas necessidades
secundárias, que seriam as necessidades sociais, de estima e de auto realização.
Já em 1960, Frederick Herzberg, ao invés de Maslow, que levantou a relação entre as
diversas necessidades e a motivação do ser, concentrou-se na questão da satisfação do
indivíduo para a criação de sua teoria. Indrani e Devi (2014), argumenta que foi precisamente
nesta época o termo QVT ganhou importância, como forma de medir os efeitos do trabalho
quanto à saúde o bem-estar geral do funcionário. Vergara (1999 p.45), corrobora esta
afirmação ao dizer que “Um bom salário pode não ser garantia de satisfação no trabalho, por
exemplo. Se ausentes, os fatore higiênicos causam insatisfação.”
Neto, Pires e Sciarpa (2007) elucidam que ao final da década de 1970 houve o inicio
de uma nova fase na preocupação da qualidade de vida no trabalho. Sobretudo, nesse
momento, a QVT começou a ser vista como uma das formas de possível enfrentamento para
com as questões que qualidade total e produtividade. Isso é consequência da admiração, dos
ocidentais, do modelo japonês de administração, que teve influência de Demming e Juran.
Este modelo de gestão oriental veio a popularizar-se no mundo ocidental na década de
1970, com a crise do petróleo e a mudança de foco da administração, que até então,
preocupava-se com a eficiência do processo produtivo, ignorando quase que por completo o
elemento humano. Dentre as novidades trazidas pelos nipônicos, podemos destacar o ciclo de
controle de qualidade, que logo chamou atenção das organizações ocidentais, dando-lhe uma
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nova ferramenta para enfrentar o problema da qualidade. Esse fascínio para com o modelo
oriental de administração resultou em uma maior participação do funcionário no processo
decisório à partir da década de 1980. No Brasil, contudo, o interesse sobre o assunto da QVT
e suas ramificações é recente, segundo Neto, Pires e Sciarpa (2007).
Maximiano (2000) discorre que a motivação pode ser explicada como sendo um
propulsor quando considerado o desempenho e esforço de uma pessoa sob uma situação
normal, e em seguida, adicionados outros fatores que influenciem essa pessoa nesta
determinada situação. Assim, a motivação pode ser tanto um fator externo, como por
exemplo, uma recompensa monetária advinda do bom desempenho em uma tarefa, como um
fator interno como a realização de uma meta pessoal. Contudo, a motivação pode ser negativa,
nesse caso, a desmotivação, quando algum fator seja este externo, ou interno, vem a reduzir o
desempenho da pessoa em uma determinada tarefa.
Paschoal e Tamayo (2003), contudo argumentam que apesar do interesse das
organizações e da disponibilidade de literatura que demonstra a relação entre motivação,
satisfação com o trabalho e produtividade, o grande desafio das organizações quando criando
maneiras de motivar o funcionário é de conseguir conciliar os interesses da organização com
os interesses e objetivos individuais dos funcionários. Um reflexo de um funcionário
motivado é visto da forma mais inequívoca em um aumento da produtividade por este, bem
como da qualidade geral do trabalho realizado pelo colaborador.
A longo prazo, é possível notar outros impactos da motivação ou desmotivação no
funcionário, além do aumento ou redução de produtividade, respectivamente. Funcionários
mais motivados tendem a ser mais leais à organização, e empresas que possuam funcionários
adequadamente motivados geralmente possuem índices de rotatividade e absenteísmo mais
baixos que outras que não gerem de forma adequada a motivação de seu capital humano.
Schneider e Zalesny (1982) nos dizem que as teorias motivacionais baseadas em necessidades
lidam com a motivação como sendo um subproduto de necessidades não-satisfeitas, que
acabam sendo “gatilhos” responsáveis por causar um certo comportamento.
Schneider e Zalesny (1982) falam que essa capacidade da necessidade de criar ou
ativar um determinado comportamento é derivada de uma certa tensão ou desequilíbrio
consequente da não-satisfação de algo. Por conseguinte, é possível argumentar que a
demonstração de certos comportamentos por indivíduos advém de uma ação exploratória
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deste, que busca o comportamento mais adequado para satisfazer uma necessidade, reduzindo
então a tensão psicológica e devolvendo o equilíbrio ao ser.
Seguindo esta linha de raciocínio proposta por Schneider e Zalesny (1982), é possível
argumentar então que a motivação é derivada da interação de fatores intrínsecos ao indivíduo
e dos fatores do ambiente externo à este. Pérez-Ramos (1990) complementa ao dizer que as
teorias motivacionais de conteúdo pressupõe que a responsabilidade pelo surgimento de
determinada conduta pode ser atribuída à fatores situacionais. Dentro das teorias
motivacionais de conteúdo, podem ser citados os segundos autores como colaborações
importantes neste campos: Maslow e sua teoria das necessidades; McClelland e sua teoria da
realização social; Herzeberg e a teoria doas fatores. Estas teorias viriam mais tarde a tornar-se
a base do conceito de QVT.
A teoria criada por Maslow argumenta que todo o indivíduo tem necessidades que
devem ser satisfeitas, contudo, este fala que existe uma hierarquia das necessidades à serem
realizadas. Dessa forma, o autor separa as necessidades em duas categorias, chamadas de
necessidades primarias e secundárias. Maximiano (2000) fala que as necessidades primárias
correspondem as necessidades de primeira ordem, as quais todo o ser deve satisfazer para em
um primeiro momento garantir a perpetuação de sua existência, e para em um segundo
momento ser capaz de buscar a satisfação das suas necessidades secundárias. O autor
inclusive, cita que exemplos destas necessidades seriam alimentação, abrigo e segurança, indo
de encontro então para com a teoria econômica, que define estas como o fenômeno chamado
de “consumo autônomo”.
A ideia de Maximiano (2000) que diz que as necessidades primárias devem ser
satisfeitas é corroborada por Pérez-Ramos (1990) que dizem que as necessidades mais baixas
na hierarquia terão maior influência sobre o comportamento do indivíduo enquanto não forem
satisfeitas, impedindo que o ser busque a satisfação das necessidades de maior hierarquia.
Contudo, o mesmo autor fala que o criador desta teoria, Maslow, admite a existência
de variações quanto à importância de cada tipo de necessidade, variando conforme o contexto
onde situa-se o indivíduo. Assim, diferentes indivíduos tem necessidades que variam de grau,
importância e intensidade, e apesar do que fora anteriormente mencionado, existe a
possibilidade de manifestação de necessidades de ordem mais alta na hierarquia, sem que
necessidades em um grau mais baixo, como necessidades fisiológicas, tenham sido satisfeitas.
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A teoria de Herzberg, também conhecida como teoria dos dois fatores, o autor
demonstra uma preocupação em um primeiro momento com os fatores de higiene do local de
trabalho, ou seja, com a questão do ambiente e da segurança deste. Este autor concentra sua
teoria na fontes de motivação que sejam de alguma forma relevantes para a conclusão das
tarefas dentro de um ambiente de trabalho. Pardee (1990) nos diz que a conclusão dos estudos
realizados por Herzberg vem a propor que a satisfação ou insatisfação com o trabalho é
oriunda de fatores motivacionais e o que o autor chamou de “fatores de higiene.” Inclusive,
Pardee (1990) nos argumenta que o criador desta teoria, utiliza o termo “higiene” da forma
literal, no que seria uma forma de remover riscos do ambiente.
Limongi-França (2003) vai de encontro da teoria de Herzberg ao nos sinalizar que no
Brasil existe uma preocupação legal com a questão dos riscos, sendo exigência legal que toda
pessoa jurídica deve possuir um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), cujo
objetivo é atenuar ou remover por completo riscos à saúde ocupacional do funcionário em seu
local de trabalho. Inclusive, a obrigatoriedade de um Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO), que visa à controlar à saúde ocupacional do funcionário por meio de
exames médicos periódicos, inibindo então o surgimento de moléstias que tenham origem
diretamente relacionadas ao exercício da atividade profissional.
Pardee (1990) elucida inclusive que esta preocupação com a higiene do local de
trabalho não pode gerar por si só a motivação do funcionário, e que caso seja utilizada para
tentar motivar o funcionário, pode gerar efeitos adversos à longo prazo. Um ambiente que
possa vir à ser considerado higiênico não poderá fazer com que um indivíduo vá além de
contentar-se em trabalhar em um ambiente que possua pouca ou nenhuma insatisfação,
podendo então a higiene apenas impedir que o funcionário fique insatisfeito com o seu
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trabalho. As higienes inclusive, diferentemente dos fatores motivadores, são de mais fácil
controle, mensuração e manipulação, por serem tangíveis, não tendo a mesma carga de
subjetividade do que os fatores motivacionais, e inclusive, por serem exteriores ao indivíduo,
logo, independentes deste. É possível citar dentro destes atores a administração da
organização, a supervisão, relações interpessoais com os colegas de trabalho e superiores, a
vida pessoal do indivíduo, as condições do ambiente de trabalho.
Amoako e Dartey-Baah (2011) elucidam que a teoria de Herzberg argumenta que a
motivação do funcionário é advinda do desafio inerente a realização de uma tarefa que
demonstra ser desafiadora frente às capacidades do indivíduo, mas é no entanto, proveitosa,
ao possibilitar que este indivíduo possa vir a ser “dono” do seu próprio trabalho, crescer
dentro da organização. Dessa forma, a abordagem do modelo “higiene-motivação” ganha um
viés meritocrático, pois a ascensão do funcionário dentro da organização depende dos
esforços deste, e o seu crescimento interno vem a causar então satisfação com o seu trabalho
e, por sua vez, motivação.
Amoako e Dartey-Baah (2011) argumenta que os fatores motivacionais propostos por
Herzberg baseiam-se no conteúdo do trabalho realizado pelo indivíduo, sendo então o oposto
dos fatores de higiene, que são extrínsecos ao ser e a tarefa. Dessa forma, estes fatores são
carregados de um alto nível de subjetividade, possuindo uma grande inconsistência de um
indivíduo para o outro, pois cada ser esta inserindo dentro de um contexto diferente,
impossibilitando uma determinação precisa sobre o que seriam estes fatores. Contudo,
Amoako e Dartey-Baah (2011) elucidam que estes fatores não resultam de incentivos que,
podem ser entendidos como “uma cenoura amarrada a um graveto”, como a possibilidade de
um aumento salarial, mas sim que estes fatores são intrínsecos à necessidade fisiológica de
crescimento e reconhecimento do ser humano.
Apesar disto, Amoako e Dartey-Baah (2011) dizem inclusive que a inexistência destes
fatores não pode vir a causar grandes insatisfações quanto ao trabalho, mas que a presença
destes é responsável pelo um aumento na performance geral dos empregados, resultado de
uma maior motivação. Dentro destes fatores, encontramos os fatores psicológicos e sociais
como reconhecimento, crescimento, a natureza do próprio trabalho o realizado pelo
funcionário e a possibilidade de crescimento pessoal.
Stello (2011) fala que conforme segundo a teoria de Herzberg, o oposto da satisfação
não seria a insatisfação mas sim a ausência de satisfação. Da mesma forma que o oposto da
insatisfação não é a satisfação mas sim a ausência de insatisfações. Portanto, uma
preocupação da organização com a manutenção dos fatores de higiene impedem ou
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Pardee (1990) diz que a Teoria das Necessidades Sociais de McCelland propõe que
existe uma relação entre as necessidades de um ser, a intensidade desta necessidade, e o
ambiente em que esta pessoa está inserida. Dessa forma, o comportamento de um indivíduo é
afetado pelas suas necessidades, bem como a sua intensidade, causando então que o indivíduo
adote um certo comportamento que venha a satisfazer uma necessidade específica. É
interessante notar o forte vínculo entre esta teoria e os conceitos de aprendizado, pois é
argumentado que, como as necessidades são “aprendidas”, o comportamento que satisfaz essa
necessidade também é aprendido, e consequentemente, tende a ocorrer mais frequentemente.
Pardee (1990) cita inclusive que em seu trabalho, McClelland conseguiu enumerar
fatores que refletem uma alta necessidade de “realização”, sendo estes o fato de o indivíduo
gostar de situações em que este é responsável por encontrar a solução para um problema. De
poder escolher seus próprios objetivos e tomar riscos calculados, e de receber feedback sobre
o quão bem está realizando sua atividade. Dessa forma, é possível argumentar que a teoria de
McClelland se sobrepõe às necessidades secundárias de socialização, auto realização e estima,
conforme enumeradas por Maslow.
A teoria de McClelland então teria três pilares principais, que seriam as necessidades
de poder, realização e afiliação, sendo então que as pessoas possuem uma ou combinações
destas que acabam “motivando” um indivíduo para que adote um certo comportamento. Em
seu estudo acerca da motivação de estudantes do ensino fundamental, que estavam
matriculados em um programa de educação sobre agricultura, no estado americano da
Georgia, Anderson e Rohs (2001) nos dizem que conforme a teoria de McClelland, estudantes
que possuíam uma grande necessidade de realização não gostavam de atividades que eram
muito fáceis ou muito difíceis.
Anderson e Rohs (2001), citam inclusive que aqueles que possuem uma maior
necessidade de afiliação preocupavam-se com as experiências positivas advindas de uma
relação amistosa, demonstrando inclusive, certo receio quanto a problemas futuros nesta
relação. Estes indivíduos inclusive demonstraram maior aptidão a trabalhar em grupo,
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buscando resolver conflitos de forma pacífica, serem admirados pelos outros, e projetar uma
imagem favorável de si mesmos. Por ultimo, pessoas que possuam uma maior necessidade de
poder gastam mais tempo pensando e planejando formas para adquirir e por fim exercer poder
e a autoridade advindas deste. Esses indivíduos, tem maior propensão a assumir posições de
liderança, bem como persuadir outros e ganhar discussões.
Yu (1996) alega que a aplicabilidade da teoria das necessidades sociais contudo, é
limitada, e justifica essa afirmação ao apontar que primeiramente, o trabalho de McCelland
estaria carregado de um forte viés ocidental. Este discorre inclusive que apesar de o próprio
criador desta teoria reconhecer a importância das estruturas e contextos sociais dos objetos de
estudo, o autor falhou em ativamente pesquisar e mensurar as relações entre estas variáveis.
Dessa forma, a teoria das necessidades sociais teria sua aplicação limitada dentro de um
contexto intracultural.
A pesquisa realizada por Anderson e Rohs (2001) evidenciou que como um todo, os
estudantes demonstraram ter maiores necessidades de realização do que de afiliação, e
menores necessidades de poder, contudo, no geral, nenhum dos estudantes foi motivado de
forma significativa por necessidades de realização, poder ou afiliação, conforme indicara o
trabalho de McClelland. É importante destacar que no mesmo estudo, foi indicado que
estudantes do sexo feminino tinham maiores necessidades de poder do que estudantes do sexo
masculino, porém não havendo diferença significativa em suas necessidades de realização. É
interessante notar que esta pesquisa corrobora as afirmações de Yu (1996), ao indicar que não
houve diferença nas necessidades de poder, realização ou afiliação de estudantes quando
agrupados por série, mas demonstrando que estudantes em séries mais elevadas possuíam
necessidades de poder maiores.
Dentro dos resultados deste mesmo estudo podemos destacar inclusive que estudantes
que residiam em áreas urbanizadas e os que residiam em áreas rurais não demonstraram
diferenças acerca das necessidades de realização e afiliação, porém Anderson e Rohs (2001)
citam que J. P. Turner, em sua tese de doutorado, identificou que estudantes residentes em
área rurais, tinham maiores necessidades de poder. Nota-se inclusive que quando agrupados
por sua classificação étnica, não foram detectadas diferenças significativas acerca das
necessidades de afiliação. Porém, estudantes de etnia afro-americana possuíam necessidades
de poder e realização maiores do que estudantes de outros grupos étnicos, Turner também
identificou que estudantes de descendência caucasiana tinham maiores necessidades de
afiliação.
23
Findlay, Kallerberg e Warhurst (2013) falam que a qualidade de vida no trabalho não
depende apenas de variáveis estoque, como consideradas anteriormente, sendo o melhor
exemplo disto, o salário do funcionário. Estes argumentam, em seu trabalho “The Challenge
of Job Quality” que a QVT depende de outros fatores, contudo, elucidam que existem dúvidas
quanto a definição desta como algo objetivo, ou como um constructo mais subjetivo,
dependendo então da relação de cada indivíduo com o contexto em que está inserido.
Não obstante, estes autores colocam também que em uma revisão bibliográfica dos
artigos publicados sobre o assunto chega-se a um consenso acerca dos elementos chave da
qualidade de um trabalho. Abaixo estão enumerados os princípios que conferem “qualidade” a
um trabalho, conforme Findlay, Kalleberg e Warhurst (2013):
Chiavenatto (1999) evidencia que o modelo de QVT proposto por Richard Walton
possui oito categorias Os fatores citados por Walton, cobrem principalmente as dimensões
psicológicas e sociais do indivíduo, limitando-se, a um nível biológico, com as condições do
ambiente de trabalho do funcionário, sendo que este deve ser um local que não venha a
prejudicar a integridade física deste, seja por meio de riscos de acidentes de trabalho ou
condições nocivas.
Pedroso, Pilatti e Silva (2010) em seu trabalho, discorrem que apesar de Walton ter
desenvolvido um modelo teórico, este não desenvolveu uma ferramenta de avaliação, sendo
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que outros autores viriam depois a criar os diversos instrumentos de avaliação que podem ser
encontrados na literatura disponível sobre o tema. Estes autores inclusive mencionam que o
modelo criado por Walton ganhou popularidade no Brasil graças a tradução para o idioma
português feita por Eda Fernandes, sendo que hoje este é um dos modelos mais utilizados para
a realização de pesquisas de QVT no país.
Fernandes (1996) enumera em seu trabalho as oito dimensões do modelo teórico
proposto por Walton, conforme quadro abaixo:
Em uma pesquisa onde o modelo de Walton foi utilizado para avaliar a qualidade de
vida em uma organização militar, Campos e Silva (2006), utilizaram uma análise de
multivariáveis, e conforme o que os autores esperavam, houve grande correlação estatística
entre estas, que foi de acordo com a hierarquia das necessidades criada por Maslow. Pedroso,
Pilatti e Silva (2010) contudo ressaltam que apesar de abordar questões econômicas, sociais,
jurídicas e psicológicas, o modelo proposto por Richard Walton estaria incompleto, visto que
neste, os aspectos físicos e biológicos não foram explorados da mesma forma que os aspectos
socioeconômicos, jurídicos e psicológicos.
na QVT. Como necessidades para que o indivíduo consiga efetuar esse crescimento, foram
identificadas as seguintes: Variedade de habilidades, identidade da tarefa, significado da
tarefa, autonomia, feedback intrínseco e extrínseco. Por conseguinte, torna-se imprescindível
que o funcionário consiga realizar essas necessidades em sua plenitude para ser capaz de obter
uma boa percepção de qualidade de vida no trabalho.
Segundo Rodrigues (2007), no que tange a qualidade de vida no trabalho, podem ser
citados quatro obstáculos, sendo estes da ordem sociológica, psicológica, política e
econômica. Dentro da variável sociológica é possível citar a falta de engajamento do
empregado e a desorganização da empresa, essa dimensão busca então sanar estas questões.
Dentro da dimensão psicológica temos o fenômeno da alienação do funcionário, dessa forma,
Westley dizia que para combatermos este fenômenos devemos enriquecer a tarefa, dar um
significado a esta. Dentro da esfera política, há à questão da centralização do poder, que pode
vir a causar insegurança no funcionário quanto ao seu trabalho, para solucionar isso, os
funcionários devem ser capazes de participar das decisões da organização. Dentro dos
problemas de ordem econômica, podem ser citados a injustiça, responsável por criar um
sentimento de remuneração inadequada. Para solucionar isso, é possível utilizar-se da
participação nos lucros da empresa.
Fernandes (1996) elucida que o modelo de Westley explora as relações entre estes
quatro problemas típicos da era industrial e qual a influência que estes possuem sobre o
trabalho dos funcionários, inclusive, este modelo faz uma retrospectiva desde o século XIX
até o fim da década de 1970. Essa retrospectiva teve então como principal objetivo
demonstrar qual a relevância destes problemas e suas relações com o trabalho, e em seguida
identificar os agentes causadores destes problemas afim de poder oferecer soluções para saná-
los. Embora tenha sua abordagem limitada a essas quatro variáveis, é possível argumentar que
Westley implica que a qualidade de vida é algo binário em sua natureza, sendo que esta existe
ou não existe, não havendo meio-termo quanto a esse assunto.
Chiavenato (1999) discorre sobre o modelo de Nadler e Lawler e nos diz que este tem
como principal base, quatro fatores. Os fatores citados por Chiavenato (1999) seriam a
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melhora das condições físicas e psicológicas do local de trabalho; a melhora dos processos e
sistemas de recompensa da organização, de forma a influenciar positivamente o clima; a
reorganização do trabalho com a utilização de grupos autônomos e o aumento das tarefas; e a
inclusão dos trabalhadores dos escalões mais baixos no processo decisório da organização.
Esses fatores implicariam então que o indivíduo viesse a sentir-se como uma parte integrante
da organização, muito além de apenas do vínculo empregatício. Assim, isso sobrepõe a
percepção vigente na época de que o empregado não deveria envolver-se no processo
decisório, e ser apenas um mero executor de uma atividade.
Silva, Pedroso e Pilatti (2010) elucidam que Nadler e Lawler observaram que até
então, os gestores da época não consideravam a QVT como sendo algo útil, mas sim um
modismo passageiro. Dessa forma, Nadler e Lawler defenderam a criação e definição de um
conceito claro de QVT, onde este deveria abordar o que é QVT, quais resultados podem ser
obtidos com sua utilização e quais as condições e benefícios necessários para a utilização
desse conceito de forma a produzir resultados positivos.
Enquanto isso, Fernandes (1996) nos fala que um dos aspectos mais valorizados do
trabalho de Nadler e Lawler foi o resgate cronológico dos modelos de QVT, em que os
autores realizaram um levantamento histórico dos modelos de QVT e suas abordagens em
suas respectivas épocas. Dessa forma, os autores abordam as concepções de qualidade de vida
no trabalho, desde a época onde essa era entendida como uma variável (1959-1972), uma
abordagem (1969-1974), um método (1972-1975), um movimento (1975-1980), uma solução
para todas as chagas organizacionais (1979-1982) e por fim, a visão de futuro que se tinha da
QVT na época, que a considerava como uma moda passageira, que não teria motivo para ser
aplicada dentro da organização.
O modelo de QVT proposto por Eda Fernandes tem como base o trabalho de Richard
Walton e o modelo proposto por Westley. O principal objetivo deste modelo, denominado
“Auditoria Operacional de Recursos Humanos” vai além de simplesmente buscar a
mensuração dos níveis de QVT, preocupando-se inclusive com análise das informações
levantadas afim de propor melhorias para a QVT dos funcionários, conforme Santos (2012).
Dentro deste modelo, Fernandes (1996) diz que a QVT pode ser entendida como a gestão dos
aspectos que afetam o equilíbrio do clima organizacional que acaba por interferir não apenas a
produtividade da organização como um todo, mas também do bem-estar do profissional que
29
atua nesta organização. Para isso, pontua que os fatores a serem geridos são os fatores físicos,
tecnológicos e psicossociais.
Santos (2012) denomina que o trabalho de Fernandes fala sobre a existência de quatro
grupos de fatores para a QVT, sendo estes os fatores econômicos, políticos, psicossociais e
logísticos. Dentro dos fatores econômicos encontramos a preocupação com a remuneração do
capital humano da organização, buscando uma remuneração adequada para este,
considerando-se as habilidades, experiência do indivíduo, e inclusive, a equidade salarial
deste para com os outros membros da organização e profissionais que atuam na mesma área.
Dentro dos fatores políticos, encontram-se as normas da organização e os direitos desta para
com o seu funcionário ou vice-versa. No que tange a fatores psicossociais, são abordadas as
questões de autoestima, auto realização dos colaboradores, bem como fatores relacionados a
estes como o crescimento e desenvolvimento.
Dentro dos fatores logísticos propostos por Fernandes, Santos (2012) elucida que estes
seriam os aspectos relacionados ao ambiente de trabalho onde o funcionário exerce a sua
atividade, preocupando-se então com as questões de saúde e segurança, equipamento e
materiais. A mesma autora pontua inclusive que a aplicação deste modelo depende da
realização de seis fases, são elas: preparação, sensibilização, planejamento, execução,
apresentação de relatório apreciativo e o plano de ação.
Brito et al (2011) falam que a abordagem proposta por Limongi-França tem como
objetivo analisar o indivíduo e suas potencialidades dentro das dimensões biopsicossociais
deste, ou seja, os fatores biológicos, psicológicos e sociais que afetam a vida deste ser.
Contudo, dentro desta visão do ser, Pinto (2013) em sua dissertação de mestrado elucida que a
abordagem biopsicossocial e organizacional (BPSO-96) proposta por Limongi-França tem
quatro elementos chave, onde além das dimensões biológicas, psicológicas e sociais, inclui-se
a dimensão organizacional. A dimensão organizacional desta abordagem teria então como
foco as características específicas da organização e do ambiente organizacional a serem
estudados, bem como os fatores que compõe a relação entre empregados e empresa.
Pinto (2013) e Brito et al (2011) pontuam que a dimensão biológica dentro desta
abordagem tem como definição os aspectos físicos do indivíduo, sejam estes adquiridos pelo
ser humano no ato de sua concepção ou através de sua vida, dentro de um contexto
organizacional, os aspectos biológicos poderiam ser relacionados às questões de saúde
30
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Por conseguinte, este projeto foi classificado como sendo um estudo de caso. Yin
(2005) explicita que o estudo de caso tem como razão por trás de seu surgimento uma
necessidade de contribuir com o conhecimento aliada a uma necessidade de compreender um
determinado fenômeno, seja este social, individual, organizacional, ou de outra espécie. É
interessante notar que este tipo de método segue o paradigma fenomenológico, onde Roesch
(2006) argumenta que não existe objetividade no mundo e na realidade percebida pelo
indivíduo, visto que estes são construídos de forma social, e por fim, tem dentro de sua carga
de significado, certa subjetividade, visto que não estão imunes dos vieses criados pelos
homens.
Por tratar-se de uma pesquisa quantitativa, os dados levantados por este estudo foram
submetidos a uma análise estatística, visto que estes serão quantificáveis e livres de
subjetividade. Roesch (2007) elucida que dentro de uma pesquisa quantitativa, ocorre a
submissão dos dados coletados à uma análise estatística, sendo que em caso de o pesquisador
lidar com uma quantidade pequena de dados, a utilização de uma planilha eletrônica é
utilizada para a análise e organização dos dados. Portanto, para esta pesquisa, será empregado
o software Microsoft Excel, para a tabulação dos dados levantados, com base na frequência
das respostas.
No que tange à análise dos dados qualitativos coletados por meio da observação
participante aberta, aplicou-se a análise de conteúdo. Roesch (1999) argumenta que a análise
de dados é similar à certas formas de análise quantitativas, visto que este tipo de análise
também tem como objetivo descobrir com qual frequência ocorre um determinado fenômeno
bem como enumerar quais as relações entre os fenômenos.
34
No que tange ao estado civil dos respondentes, 51,72% responderam estar atualmente
casados ou em união estável, 31,03% afirmam ser solteiros e 13,79% separados/divorciados,
conforme o quadro 3 abaixo.
se essas frequências, observa-se que 75,84% dos respondentes buscaram ou ainda buscam um
maior nível de instrução formal.
Para a coleta de dados deste trabalho foi utilizado o questionário WHOQOL em sua
versão abreviada, com algumas adaptações feitas pelo autor. Conforme quadro 4 abaixo,
afirma-se que os funcionários possuem um nível de qualidade de vida no trabalho regular à
bom, sendo a média geral dentre todas os domínios do questionário de 3,75 e o desvio padrão
deste, de 0,29. Cabe salientar que o domínio social foi o domínio mais bem avaliado pelos
respondentes, obtendo uma média de 4,14 enquanto que o domínio físico obteve a menor
pontuação, com uma média de 3,47 e, inclusive, obtendo o maior desvio padrão, de 1,27.
36
Esta categoria visa buscar informações acerca da percepção geral dos envolvidos
acerca de sua qualidade de vida. A média desta categoria foi de 3,96. Conforme o quadro 5
abaixo, na primeira pergunta, que buscava aferir a percepção geral dos respondentes acerca de
sua qualidade de vida, a média foi 4, com um desvio padrão de 0,6. Conclui-se então que os
respondentes acreditam possuir uma boa qualidade de vida.
DOMÍNIO PSICOLÓGICO
PERGUNTA MÉDIA DESVIO
PADRÃO
Q13 - Você é capaz de aceitar sua aparência 4,21 0,82
física?
Q11 - Em que medida você acha que a sua vida 4,07 1,28
tem sentido?
Q14 - O quão satisfeito você está consigo 4 0,96
mesmo?
Q12 - O quanto você consegue se concentrar? 3,86 1,09
Q10 - O quanto você aproveita a vida? 3,69 0,66
Q15 - Com que frequência você tem 2,38 0,82
sentimentos negativos tais como mau humor,
desespero, ansiedade, depressão?
Média Geral do Domínio 3,7 0,67
Quadro 8: Resultados do Domínio Psicológico
Fonte: Dados da Pesquisa (2015)
qualidade de vida do trabalho seria a gestão dos fatores que afetam o equilíbrio do clima
organizacional, cuja percepção se dá principalmente através de aspectos psicológicos.
DOMÍNIO FÍSICO
PERGUNTA MÉDIA DESVIO
PADRÃO
Q6 - Quão bem você é capaz de se locomover? 4,79 0,41
Q9 - Quão satisfeito você está com sua 4,21 0,68
capacidade para o trabalho?
Q8 - Quão satisfeito você está com a sua 4,17 0,71
capacidade de desempenhar as atividades do
seu dia-a-dia?
Q5 - Você tem energia suficiente para o seu 4 0,80
dia-a-dia?
Q7 - Quão satisfeito você está com o seu sono? 3,83 1,04
Q3 - Em que medida você acha que a sua dor 1,76 1,02
(física) impede você de fazer o que precisa?
Q4 - O quanto você precisa de algum 1,55 1,12
tratamento médico para levar a sua vida diária?
Média Geral do Domínio 3,47 1,27
Quadro 9: Dados do Domínio Físico.
Fonte: Dados da Pesquisa (2015).
deambular sem quaisquer impedimentos à isso. Não são observáveis quaisquer dificuldades
dos respondentes quanto à sua capacidade de deambulação.
As questões 8 e 9 identificam a percepção do funcionário acerca de sua capacidade
para realização das tarefas habitualmente exercidas fora e dentro de seu âmbito profissional,
respectivamente. As médias foram de 4,17 e 4,21 respectivamente, com desvios padrões de
0,71 e 0,66 respectivamente. Por consequência da similaridade de ambas as perguntas, bem
como das pontuações, está explicitado o fato de que os respondentes estão bem satisfeitos
com sua capacidade para exercer suas atividades habituais, sejam estas dentro ou fora da
esfera profissional.
Os fenômenos observáveis pertinentes à questão 8 demonstram que não há indícios
claros de que os respondentes sejam incapazes de realizar suas atividades habituais no âmbito
profissional, com a exceção de casos isolados. Quanto à questão 9, as informações coletadas
através da observação vêm principalmente de relatos orais feitos pelos funcionários
pesquisados, sobre atividades que tem realizado fora do âmbito profissional, seja esta antes ou
após o horário de trabalho.
A questão 5 verificou junto aos respondentes à hipótese de que estes possuiriam
energia suficiente para exercer suas atividades habituais durante o decorrer de um dia. Com
uma pontuação satisfatória de 4 e um desvio padrão de 0,80 afirma-se que estes possuem a
energia necessária para realizar as suas atividades diárias. É observável junto à amostra em
seu ambiente de trabalho evidências que corroboram os dados levantados nesta questão.
Dificilmente os respondentes tem reclamado de cansaço excessivo ou de terem tarefas em
demasia. Contudo, a ocorrência de casos específicos não é descartada, visto que o gozo de
férias, ou afastamento das atividades profissionais, implica que a carga de trabalho deste
funcionário venha ser dividia por dois ou mais respondentes e, em casos específicos, possa ser
atribuída à um único respondente.
No geral, os respondentes do questionário demonstram possuir energia para realizar as
atividades do dia-a-dia, verifica-se isso através de informações também compartilhadas pelos
próprios onde alguns dos funcionários pesquisados afirmam frequentar academias ou outros
estabelecimentos com fins parecidos em horário após o expediente de trabalho.
Na questão 7, os respondentes avaliam a qualidade de seu sono, sendo a média da
questão de 3,83 com um desvio padrão de 1,04. Estes dados afirmam que a amostra do
questionário possui em geral uma qualidade de sono regular, porém com uma certa
variabilidade, sendo então possível afirmar que alguns dos funcionários não conseguem
44
para com os aspectos físicos do funcionário ao denominar que deve haver uma gestão dos
fatores físicos. Santos (2012) complementa essa afirmação ao elucidar que no modelo criado
por Eda Fernandes há preocupação com os fatores logísticos, que remetem às questões de
saúde e segurança do trabalho, dentre outras.
O domínio ambiental do instrumento de coleta de dados tem como objetivo medir qual
a satisfação dos respondentes da pesquisa para com os aspectos do ambiente que os circunda.
Salienta-se que é o maior domínio do instrumento de pesquisa, com 8 perguntas. Este obteve a
segunda pontuação mais baixa dentro de todos os domínios investigados, com uma média de
3,49 e um desvio padrão de 0,39. No quadro 9 abaixo são colocadas as perguntas que
integram este constructo e suas respectivas pontuações.
46
DOMÍNIO AMBIENTAL
PERGUNTA MÉDIA DESVIO
PADRÃO
Q23 - Quão satisfeito você está com as 4,10 0,94
condições do local em que você mora?
Q21 - Quão disponíveis para você estão as 3,66 0,67
informações que você precisa no dia-a-dia?
Q25 - Quão satisfeito você está com o seu meio 3,65 1,04
de transporte?
Q19 - Quão saudável é seu ambiente físico 3,58 0,78
(clima, barulho, poluição, atrativos)?
Q18 - Quão seguro você se sente em sua vida 3,58 0,82
diária?
Q24 - Quão satisfeito você está com o seu 3,34 1,04
acesso a serviços de saúde?
Q22 - Em que medida você tem oportunidades 3,24 0,74
de atividade de lazer?
Q20 - Você tem dinheiro suficiente para 2,72 1,31
satisfazer suas necessidades?
Média Geral do Domínio 3,49 0,39
Quadro 10: Perguntas e pontuações do domínio ambiental
Fonte: Dados da Pesquisa (2015).
de transporte que utiliza seria bom, e em outros, que a qualidade do serviço utilizado, não
seria de qualidade adequada.
Conforme Pardee (1990), a teoria dos dois fatores de Herzberg divide as coisas em
fatores satisfacientes e insatisfacientes. Os fatores insatisfacientes, no caso, os fatores
higiênicos, impediriam o surgimento da insatisfação. Verifica-se que a indisponibilidade de
um meio de transporte adequado pode vir à criar insatisfação, caso não seja sanada, visto que
isto pode vir a ser considerado um aspecto higiênico, conforme a teoria de Herzberg.
Verifica-se através da observação dos respondentes que a satisfação deste com o meio
de transporte é no geral, regular. Àqueles que dependem do transporte público tem
manifestado maiores insatisfações nesta questão, visto que estão sujeitos a ocorrência
fenomenológicas fora de seu controle (trânsito, falhas mecânicas no meio de transporte,
paralisações da categoria, etc.), reclamando inclusive da qualidade do serviço prestado,
remetendo muito à questão de atrasos e a disponibilidade do transporte. Os outros
respondentes que possuem transporte próprio, no geral demonstram-se satisfeitos, mas as
maiores insatisfações estão ligadas ao trânsito e a baixa disponibilidade de vagas de
estacionamento.
Na décima nona questão, os participantes da pesquisa responderam sobre as condições
gerais de seu ambiente físico em geral, acerca das propriedades físicas deste como poluição e
clima. Com uma média 3,58 e desvio padrão de 0,78 a amostra argumenta que o ambiente em
que encontra-se inserida é em geral sadio, podendo, de acordo com a percepção de cada
respondente ser muito sadio ou ainda, de certa forma, ser um ambiente de má qualidade.
Ao observar-se o local onde os colaboradores pesquisados desempenham suas
atividades profissionais, conclui se que no geral, este ambiente proporciona aos respondentes
certo conforto. O ambiente demonstra-se limpo e seguro, sem maiores ameaças à integridade
física dos respondentes. Não obstante, as condições climáticas da cidade de Caxias do Sul,
onde situa-se a organização estudada, são insatisfatórias. A grande variabilidade de clima e as
incertezas quanto às mudanças deste, geram insatisfação junto aos respondentes,
frequentemente manifestada através de comentários. Pontua-se inclusive que a piora nas
condições climáticas em geral, proporcionam riscos aos colaboradores pesquisados, ao afetar
à sua saúde, bem como outras esferas de suas vidas cotidianas, como o transporte.
A teoria dos dois fatores de Herzberg, conforme denomina Pardee (1990), preocupa-se
com o aspecto do ambiente em que o colaborador está inserido. Um ambiente sadio impediria
que o homem viesse a tornar-se insatisfeito. Dessa forma, torna-se imprescindível o
cumprimento das normas de segurança e saúde ocupacional, bem como a manutenção por
49
Na questão 24 mede-se a satisfação dos respondentes no que tange a seu acesso aos
serviços de saúde. Esta questão obteve média de 3,24 e o segundo maior desvio padrão da
categoria, junto com a questão 25, com um valor de 1,04. Conclui-se através dos dados
coletados que os respondentes da pesquisa acreditam possuir o acesso necessário aos serviços
de saúde, mas porém, outros afirmam ter dificuldades para utilizar-se destes serviços,
enquanto que outros acreditam que possuem acesso mais do que adequado à serviços de saúde
conforme sua eventual necessidade.
Por meio da observação, constata-se que os dados obtidos por meio da ferramenta de
coleta de dados quantitativos escolhida, são precisos. No geral, os respondentes tem
demonstrado não estarem satisfeitos, nem insatisfeitos quanto ao seu acesso à serviços de
saúde. Em ocorrências específicas, observadas pelo pesquisador, os colaboradores
pesquisados neste trabalho demonstraram estar insatisfeitos ou ainda muito satisfeitos com o
seu acesso à serviços de saúde. Ressalta-se no geral, os respondentes não tem manifestado
sinais de que estariam tendo dificuldade para utilizar-se dos serviços de saúde.
Não é necessário explicitar a importância da saúde de um funcionário, dentro da
literatura acadêmica, Brito et al (2011) apontam que na abordagem biopsicossocial criada por
Limongi-França, encontra-se a dimensão biológica, bem como a dimensão psicológica. A
saúde do funcionário depende então de um equilíbrio entre estas esferas.
Dentro da vigésima segunda questão, encontrada neste bloco, mede-se a capacidade
dos participantes da pesquisa de engajar-se em atividades de lazer. Obteve-se a segunda
média mais baixa do constructo, de 3,24 e um desvio padrão de 0,74 que é um dos mais
baixos dentro deste domínio. De forma geral, os respondentes afirmam ser capazes de
engajar-se em atividades de lazer sem maiores dificuldades, porém, o desvio padrão aponta
que há outros respondentes que acreditam não serem capazes de satisfazer plenamente suas
necessidades de lazer. Há inclusive casos específicos onde os participantes afirmam serem
capazes de satisfazer de forma adequada suas necessidades de lazer.
Dados provenientes da observação dos indivíduos inseridos no ambiente pesquisado
ratificam os dados coletados pelo questionário. Através da observação dos respondentes e
suas conversas no local de trabalho, observa-se que muitos tem acesso adequado à
oportunidades de lazer, frequentemente comentando sobre estas durante o horário de
expediente. Há casos específicos onde os respondentes afirmaram terem dificuldades de
usufruir de forma adequada de atividades de lazer, em virtude principalmente de sua(s)
atividade(s) profissional(ais).
51
trabalho. Pardee (1990) da como exemplo disso, respectivamente, o fato da teoria criada por
Herzberg denominar o salário como um aspecto higiênico, impedindo o surgimento de
insatisfação. Pérez-Ramos (1990) pontua que o trabalho de Maslow preocupa-se também com
à disponibilidade de recursos de um determinado ser, visto que estas estariam alocadas dentro
das necessidades de segurança, no que entende-se por “necessidades primárias.”.
Quase todos os modelos de qualidade de vida no trabalho pesquisados demonstraram
alguma preocupação com a questão econômica do colaborador, com exceção do modelo de
Hackmann e Oldham, que conforme Pedroso, Pilatti e Silva (2010) renegou os aspectos
econômicos, em favor de uma abordagem com um enfoque psicológico, e do modelo de
Nadler e Lawler, teve um maior enfoque nas questões psicossociais e em um resgate
históricos dos modelos de qualidade de vida no trabalho. Fernandes (1996) diz que o modelo
proposto por Walton preocupa-se com a compensação dos funcionários, devendo observar os
critérios de equidade salarial, justiça, a proporcionalidade dos ganhos e a partilha dos ganhos
advindos da produtividade.
Westley também aborda as variáveis econômicas em seu modelo, como evidência
Rodrigues (2007) ao pontuar que os problemas de ordem econômica podem vir à criar um
sentimento de injustiça quanto à remuneração, consequentemente, aumentando a insatisfação
para com esta. Fernandes (1996) complementa o trabalho de Rodrigues (2007) ao expressar
que o modelo de Westley buscou explorar as relações entre os problemas clássicos da era
industrial.
Santos (2012) pontua que o modelo criado por Eda Fernandes em 1996 também
demonstra preocupação com os fatores econômicos, pontuando que o princípio deste modelo
seria a gestão de aspectos que afetem o equilíbrio do clima organizacional. A preocupação
para com variáveis da ordem econômica evidência então a importância destas para a
qualidade de vida no trabalho do profissional. Por fim, Brito et al (2011) e Arellano (2008)
citam que a dimensão social do modelo de abordagem biopsicossocial e organizacional
preocupam-se com a condição sócio-econômico-cultural do indivíduo, reiterando então a
importância e a influência que a condição econômica de um ser tem em sua vida, bem como
em seu âmbito profissional.
53
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
uma vez que esta virá a afetar as relações entre as dimensões biopsicossociais do indivíduo.
Pardee (1990) enumera que Herzberg e sua teoria dos dois fatores considera o salário como
sendo um fator higiênico, impedindo o surgimento da insatisfação. Fernandes (1996) exalta
ainda mais a importância da esfera econômica no que tange à qualidade de vida no trabalho,
ao explicitar que o modelo de Walton considera que a compensação do funcionário pelo
trabalho realizado deve seguir certos fatores, como equidade tanto com o ambiente externo,
ou seja, o mercado, quanto com o ambiente interno à organização, levando em consideração
também a proporcionalidade entre os salários e a utilização de critérios considerados justos
afim de parametrizar a compensação dos indivíduos.
Não obstante, ressalta-se as limitações deste estudo, em primeiro lugar, o fato de ser
um estudo de caso, logo suas conclusões serem limitadas ao objeto de estudo, não podendo
ser estendidas a outros braços de negócio do grupo, nem à outras organizações. Em segundo
lugar, embora tenha utilizado uma abordagem qualitativa e quantitativa, o presente trabalho
carece de maior profundidade nos dados qualitativos obtidos, sendo sugerível que, no caso de
novo estudo, seja buscado um aprofundamento destes através de entrevistas com os
funcionários, visto que a qualidade de vida no trabalho pode ser considerada um fenômeno
mensurável à nível individual, visto que depende do inter-relacionamento das dimensões
biopsicossociais do indivíduo.
Por fim, destaca-se a importância desta pesquisa ao possibilitar à administração da
empresa que comece a gerir a qualidade de vida no trabalho, que torna-se cada vez mais
importante componente dentro das organizações, visto que comprovadamente afetas níveis de
produtividades, rotatividade, absenteísmo e geração de valor por parte do capital humano.
55
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Acesso em: 06 abr. 2015
59
60
Atenciosamente,
Pedro Henrique Fantinelli Florão
4) Estado Civil:
1 (__) Solteiro 2 (__) Casado/União Estável
3 (__) Separado/Divorciado 4 (__) Divorciado
WHOQOL-BREF
PERCEPÇÃO GERAL DE QUALIDADE DE VIDA
PÉSSIMA RUIM REGULAR BOA ÓTIMA
Q1 - Como você avalia sua qualidade de vida? 1 2 3 4 5
Q2 - Quão satisfeito você está com a sua saúde? 1 2 3 4 5
MAIS OU
DOMÍNIO FÍSICO NADA POUCO MENOS MUITO COMPLETAMENTE