Você está na página 1de 11

TEMAS PARA MEDITACAO

Os mais variados temas podem ser aproveitados para este exercício. Vamos
estabelecer algumas condições indispensáveis para o bom êxito a ser
alcançado, cujo emprego e importante:
1) Tomar uma postura, e permanecer nela, sem fazer movimento do corpo,
braços, etc.
2) Por os olhos fixamente sobre um ponto, a fim de ter toda a tensão psíquica
voltada para o assunto. Seria conveniente fechar os olhos c fixar o olhar sobre
a direção da ponta do nariz. Se causar mal-estar, fixa-lo mais distante. Pode
fazer-se, tambérn, com os olhos abertos mas, neste caso, ha perigo de
desatenção.
3) Escolher um lugar silencioso, se possível, e permanecer só. Procurar
pronunciar intimamente as palavras que formam as orações construídas,
buscando dar-lhes uma forma regular e gramaticalmente perfeita, tanto quanto
possível.
4) Realizar o exercício tantas quantas vezes se puder.
5) O tempo e indeterminado. A princípio bastam alguns segundos, depois
minutos. Uma meditação de 5 minutos já e ótima.
6) Os temas podem ser os mais variados, desde os mais simples aos mais
complexos.
A princípio escolhem-se os mais simples: por exemplo meditar sobre um dos
aforismos que oferecemos em nossas obras de oratória.
Toma-se um pensamento, e medita-se sobre ele. Realiza-se um discurso
interior, analisando todas as ideias, contidas na ideia exposta. Pode tomar-se
uma palavra e analisa-la, e assim complexionar o exercício, a pouco e pouco,
tanto quanto for possível.
Nunca desanimar encontrando dificuldades no princípio, porque estas são
naturais.
Não encontramos apoio as iniciativas inventivas, como as tem outros países.
Nosso povo, que tem revelado uma grande capacidade criadora, que muitos
brasileiros, por ignorância ou cegueira, não podem ver, não consegue ordenar
uma ampla ação, com modificações técnicas que facilitem e melhorem a
produção, porque, entre nos, embora pareça incrível, tudo se faz, para que os
inventores nacionais sejam coartados em sua ação.
No Brasil, todo inventor e recebido de antemão com desconfiança.

Provoca desde logo uma reação pessimista. Somos um povo colonialista


passivo, descrente das nossas possibilidades, sem fé em nos mesmos, e
nenhum inventor (a não ser que seu nome seja estrangeiro) encontra ambiente
favorável. Há muita coisa extraordinária criada por inventores nacionais, sem o
menor aproveitamento. Jamais um Santos Dumont poderia vencer se tivesse
vivido no Brasil. Este aspecto e muito importante, e não deve ser esquecido
quando se pretende estudar algum tema de economia ou de tecnologia.
Temos, em São Paulo, organismos valiosos, técnicos de real valor, e o mesmo
se verifica em todo o pais, mas não encontram o menor apoio para levar avante
os seus inventos. E ate mesmo são obstaculizados pela ação do governo, que
cria as maiores dificuldades, a par do desinteresse de grande parte dos nossos
industriais, que só desejam leis protecionistas, que lhes permitam permanecer
numa forma incipiente, primitiva e sobretudo paleotecnica de produção, mas
que lhes assegura importantes lucros.
REGRAS PRÁTICAS SOBRE O DISCURSO
Oferecem os retóricos de todos os tempos uma serie de regras práticas que
passaremos a compendiar:
a) O exórdio pode ser construído com palavras nossas ou com palavras
pronunciadas por um orador que nos precedeu, ou com a frase ou palavra
pronunciada por um dos ouvintes, durante um aparte, ou durante um aplauso,
etc.
b) Se pretendemos louvar alguém, iniciaremos mostrando o nosso dever em
face da amizade, ou do respeito, ou da reverência, segundo o caso.
Se quisermos justificar nosso ato, basta dizermos poucas palavras sobre a
virtude que deve ser louvada, ou sobre o gesto nobre que deve ser aplaudido,
ou sobre os grandes momentos que sempre devem ser lembrados, ou sobre os
grandes factos que devem ser conhecidos.
c) Se desejamos responder a acusações injustas ou a atos indignos, devemos
iniciar expondo nosso direito a resposta.
Exs.: “Nada e mais indigno que uma ofensa infundada” .
“Ha crimes, que pela sua frieza e hediondez, espantam,
estarrecem, apavoram” .
“Repelir uma afronta e um dever que cabe a um homem de brio” .
d) Se queremos elogiar uma pessoa que o merece, devemos iniciar mostrando
que e justo elogiar as grandes obras, ou pessoas.
Certas atitudes do orador, aqui, soam bem. Por ex.:
“Sei que minhas palavras, embora elogiosas, mas justas, não poderão alcançar
a grandeza de quem me quero referir.
“Os factos são mais eloquentes que as palavras e os
elogios são muitas vezes pálidos ante a grandeza da obra elogiada” .
e) Se pretendemos falar de quem o auditório desconhece, convém fazer uma
rápida descrição da pessoa, mas bem rápida, deixando para depois a analise
dos factos realizados.
Exs.: “Quero vos falar de um homem, cuja dignidade e um exemplo para todos.
Esse homem e...
f ) Ao louvar alguém, pode-se, desde inicio, mostrar-se embaraçado, o que e de
bom efeito.
“São tantas e tantas as grandes obras de benemerência de F . . . . que não
sabemos por onde começar a enumera-las, pois nos vem de roldão as imagens
das suas realizações . . . ”
g) Ao exordio pode seguir-se a narração, se o tema o exigir, como nos casos
anteriormente examinados, em que os factos devem corroborar as nossas
afirmativas.
h) Se não cabe lugar a narração, a divisão, que devera seguir-se, pode constar
de um balanço expositivo do que e favorável e do que se apresenta de
desfavorável. Só após essa exposição, e que entra a justificação ou
confirmação.
i) Nos elogios a pessoas, podemos chamar a atenção para a família a qual
pertence, mostrando-o como um digno continuador dos antepassados. Se e
modesta, ao facto de ser o realizador das suas próprias qualidades, que se
devem ao seu exclusivo esforço.
Se estudioso, ao esforço dispendido por noites a dentro no manuseio dos
livros, o abandono aos prazeres fáceis, o intuito de elevar-se pelo
conhecimento para ser útil aos seus concidadãos. Tem boa saúde, deve-a a
vida disciplinada e honesta.
E doente, ao excesso de trabalho e as preocupações, etc. Se perdoou, deve-se
a magnanimidade de sua alma. Se castigou, a grandeza de sua justiça.
Estas normas devem ser honestamente empregadas, e não com o intuito de
satisfazer interesses mesquinhos.
Toda pessoa realiza em sua vida atos dignos, a par de outros de valor inferior.
E preciso ter o máximo cuidado na analise dos factos antes de descrevê-los.

Portanto, sintetizando as normas fundamentais expostas, deve o orador:

1) Cuidar de sua cultura geral;

2) Cuidar de sua posição filosófica;

3) dominar plenamente a Lógica e a Dialética.

Para realização dos dois últimos itens, propomos ao leitor nossas obras:
“Filosofia e Cosmovisão”, “Lógica e Dialética”, e “Psicologia”.

A primeira oferece uma visão geral do mundo (cosmovisão) filosófica.


Acostumará o leitor ao uso das ideias colocadas dualisticamente, isto é, ante
suas oposições, permitindo-lhe ver como o funcionamento de nosso espírito
nos leva a sempre nos colocarmos em uma das duas possibilidades
pensamentais, e cair, por isso, em unilateralidades abstratas. O segundo
oferece o panorama da lógica de maneira prática e segura, dando as
regras fundamentais para um pensamento formal conexionado, e permite,
finalmente, pela dialética e decadialéctica, o estudo dos aspectos que não
pertencem a uma formalidade, mas que são imprescindíveis para que
elas se deem, o que oferece uma base para uma visão concreta.

Com o terceiro, poderá ter uma visão geral da psicologia, do funcionamento


do nosso psiquismo, o que oferece, não só uma grande base cultural,
como também o habilita a empregar praticamente os conhecimentos e a
saber aproveitar as oportunidades para dar mais solidez e segurança ao que
diz.

_____________________________________

Os que não são dotados de boa memória, devem, no entanto, sem deixar-se
arrastar a um estado de excessiva preocupação, nem de dúvidas sobre
suas possibilidades, fazer alguns dos exercícios indicados, e executar as
providências, que passaremos a aconselhar.
a) Podemos iniciar por um exercício simples: olhar um objeto, fechar depois os
olhos, e passar a descrevê-lo mentalmente. Abrir logo após os olhos, e
verificar o que esquecemos e o que lembramos.

Executar esse exercício tantas vezes quantas for possível.

b) Abrir as páginas de um jornal, ler os cabeçalhos; fechar em seguida os


olhos, e rememorar mentalmente, ou acompanhado por palavras, as frases
lidas. Verificar logo depois, quais as frases esquecidas e quais as lembradas.

c) Tomar uma dezena, por exemplo, 45, e multiplicá-la mentalmente por


uma unidade, 6 ou 7, e realizar a operação. Dado o resultado, verificar se
está certo. Conseguindo o leitor fazer com facilidade essa operação,
amplifique-a, trabalhando, por exemplo, com uma multiplicação de duas
dezenas. Pode fazer exercícios, começando sempre pelos mais simples,
até os mais complexos, de adição, subtração e divisão.

d) Leia um pensamento, duas, três, quatro vezes. Depois repita-o de cór.


Obtida a memorização, medite sobre ele, e desenvolva exposições, à
maneira dos exercícios sintéticos e analíticos.

e) Leia um bom livro em voz alta e corrija os defeitos de pronúncia


imediatamente.

f) Ao ler um livro de pensamentos, medite imediatamente sobre cada um.


Não leia simplesmente ao corrido. Faça pausas, e medite sobre as
associações que surgem.

Algumas horas depois, procure memorizar o que leu e as meditações que


teve oportunidade de fazer.

Depois de algumas experiências, procure nos dias sucessivos recordar-se dos


temas que meditou, e rememorize as suas palavras e junte novas, com
novos argumentos.

g) Há à sua frente um grupo de pessoas. Observe-as. Imediatamente procure


recordá-las na ordem em que estão, da direita para a esquerda, e vice-
versa. Verifique logo depois se acertou ou errou. Pode, também, usar uma
fotografia de família ou de um grupo de amigos.

Recorde, na oficina em que trabalha, na rua em que mora, como estão


dispostos os objetos. Verifique sempre a memorização.

h) De todos os exercícios acima, procure complicá-los somente quando


tenha conseguido dominar os mais simples.

i) Foi ao cinema, assistiu a um filme, procure memorizá-lo desde o início


ao fim.
j) Se alguém lhe puder ler algumas páginas, logo após procure memorizar o
que elas continham, e verifique quanto acertou e quanto não.

k) Leu algum trecho de um livro, memorize se estava na página da


direita ou da esquerda, se no alto, no centro ou em baixo, e verifique
logo depois se acertou ou não.

l) Viu dois objetos diferentes, procure mentalmente ver os aspectos


semelhantes e os diferentes. Verifique corno procedeu.

m) Ler alguns versos e decorá-los. Começar por uma quadra, depois duas,
finalmente um soneto, por exemplo. Procurar reproduzidos mentalmente, de
vez em quando.

n) Tome de uma folha e escreva um termo, e depois acrescente todas as


palavras (verbos, adjectivos, etc.), que lhe possam corresponder, bem como
as afins ou derivadas, como as associadas por contiguidade e por
semelhança.

Faça uso de um dicionário, e escreva inclusive frases, de sua autoria, sobre as


diversas acepções que possa tomar o termo.

o) Ao assistir a uma palestra ou conferência, ou ao ler um artigo, etc.,


faça logo, de memória, uma síntese, e preferentemente a escreva.

p) Estude lógica e dialéctica para aprender os meios de correlacionar os


conceitos com todos os que têm afinidade com eles.

Os exercícios de memória devem ser feitos constantemente. Não deve


passar um dia sem fazê-los.

EXERCÍCIOS PARA DAR BRILHO E VIGOR A VOZ

Oferecemos, ainda, neste capítulo algumas normas proveitosas.

1) Pronuncie rapidamente as seguintes frases, embora sem nexo,


evitando atropelar as sílabas:

Comprei poucas capas pretas práticas perto da praça Petrópolís.

Pilhei pingues ponchos para preparar.

Paralelepípedos pretos pontilham pelas portadas.

Muita gema come Camélia Cremer.

Traguei três tragos torvos na Taverna do Tigre.


Tres, tras, tros, trus, tris, trema, treme, tremi, tremei, tremó.

Chove a chuva chata.

Atrabilário turvo o Tibúrcio tribunício.

2) Trágica e tétrica tragédia lúgubre repercute por bairros inteiros provocando


terror.

Torva perfídia torturou o coração de Raul.

O olhar lacrimejante da Virgem repercute nos corações.

Resultariam trágicos tais tristes presságios agourentos.

13) Sempre inspire antes de falar. Antes de pronunciar qualquer palavra,


encha primeiro o pulmão de ar. Faça isso constantemente, até tornar-se
num hábito, numa segunda natureza. Ser-lhe-á de muita utilidade.

19) Leia um discurso, e procure pronunciar as palavras com os tons


claros e expressivos. Primeira providência é procurar sentir, como se
fossem suas, as palavras do discurso. Segunda providência é ler
pausadamente fazendo as entonações e repetindo as frases para corrigir-
se na busca do melhor som.

Procure inflexões (matizes de sons), passando de um tom para outro.

22) Procure, nas conversações que mantiver, mudar as inflexões da sua


voz, para aproveitar as ocasiões para exercitada.

23) Não deixe de cantarolar sempre que possa para ajudar a impostação da
voz.

CINQUENTA REGRAS IMPORTANTES

1) E preferível um discurso curto, com muitas ideias, eficiente portanto, que


um longo discurso, que termina por cansar.
Não esquecer nunca que o auditório moderno gosta dos discursos curtos,
expressivos, que não usem excessivos circunlóquios de início.
Deve-se pôr de lado tudo quanto não é imprescindível.

Se a beleza é importante para o discurso, nunca devemos sacrificar a


clareza e simplicidade e, sobretudo, as ideias, pela beleza da frase.

Convém entrar logo no assunto, após uma breve introdução, evitando


repetições ou excesso de argumentação que cansam o auditório.

2) Evitar o estilo didático, a aridez da exposição e as frases demasiado


longas. Expor com clareza e colorido, em frases preferentemente curtas e
incisivas.
3) Entre a excessiva eloquência e clareza das ideias, preferir sempre a
ultima. A beleza, no discurso moderno, é um meio e não um fim.

O fim é persuadir o ouvinte ao que se deseja dizer. A beleza contribui, mas


não ê suficiente para convencer, se não estiver amparada em ideias claras
e precisas.

4) Nunca se deve falar do que não se conhece bem. Desta forma se


evitam certos erros que podem provocar o ridículo, e pôr o auditório em
oposição ao orador.

5) Não espere que as grandes ideias lhe surjam no momento do discurso.


Elas podem vir, mas às vezes, também, não. Deve acostumar-se, pelo
constante exercício, a desenvolver a sua inspiração, para que, no momento
preciso, esteja ela ao seu dispor.

O constante manuseio das obras já por nós indicadas, os exercícios de


meditação e os exercícios sintéticos e analíticos dar-lhe-ão capacidade de
criar quando for necessário.

6) Deseje com bastante ardor o que quer. Tudo quanto se deseja, com
bastante persistência e fé, acaba por adquirir-se.

Tenha fé em si mesmo, fortaleça a confiança em suas possibilidades, e não


se deixe abater por nenhum malogro. Lembre-se que nossa vida, também, é
cheia de vitórias. Saiba aproveitá-las.

7) Estude quanto possa. Aproveite todo tempo disponível para aumentar os


seus conhecimentos. Um orador deve ser um conhecedor do que diz.

Nunca deixe de fazer os exercícios de memorização, para aumentar o seu


cabedal de conhecimentos. Quando tenha disponibilidade, faça balanço do
que sabe sobre um assunto, e verifique o que não sabe e o que precisa
saber.

8) Como orador, evite as superstições. Não considere que um objeto ou


facto qualquer lhe possa facilitar ou obstaculizar o uso da palavra. Creia
sempre na sua vontade, e em si mesmo.

9) Tudo que leia de interessante, o que ouça de importante, o que medite de


profundo, anote numa caderneta e releia, uma ou outra vez, as notas,
fazendo-lhes críticas e análises.

10) Evite ser um joguete das circunstâncias. Lembre-se que sua


personalidade deve ser forte. Um orador com personalidade, sem afetações, é
mais hábil que qualquer outro para persuadir.
11) Faça análise das frases oratórias, e verifique se não são rotineiras.
Evite o lugar-comum, o excessivamente repetido.

12) Procure ver todas as coisas pelo numero maior de ângulos.

Ao considerar um facto, examine como o veriam homens de diversas ideias.


Analise logo o “porque” dessas visualizações diferentes. Anote o que cada
parte deixa de considerar e o que é acentuado e supervalorizado. Aprenderá,
assim, a conhecer os pontos fracos e os pontos fortes de cada opinião.

13) Tudo quanto fizer procure fazer com cuidado e com a máxima
perfeição. As menores coisas devem ser feitas com a máxima atenção.

Desta maneira exercitará sua capacidade atencional e consequentemente


fortalecerá sua memória.

14) Alimente o seu entusiasmo e otimismo. Um orador deve sempre revelar


saúde e força e muita confiança no que diz para poder persuadir.

15) Rememore todos os seus julgamentos e verifique quando foi justo e


quando não o foi. Analise-os, e discuta consigo mesmo as opiniões que
apresentar. Balanceie as opiniões, ponha razoes defensivas para o que
ataque, sopese-as para que não lhe escape nunca o que justifica os
atos humanos. Faça tudo isso com ordem.

16) Escolha alguma coisa para estudar e o faça com afinco e


persistência. Seja conhecedor bastante, pelo menos, de uma matéria.

17) Evite dizer o que não sente, o que não está em seu coração.
Acabará por denunciar-se. Se quer seguir um rumo, uma ideia, um credo,
seja sincero no que segue, e dê-lhe toda a sua afetividade. A confiança no
que sente e no que diz infunde aos outros confiança.

18) Quando fale em público, convença-se que realiza um grande ato


social. Lembre-se que todos esperam suas palavras e que está,
automaticamente, num plano superior. Tenha confiança em si, e comece a
falar firme e com segurança. Suas palavras seguras lhe auto-estimularão a
prosseguir com segurança. Exercite bem o início dos discursos.

19) Capte, desde início, a confiança do auditório. Siga as regras que


demos na organização técnica do discurso moderno.

20) Exercite sempre a unidade da oração. Não permita que seu discurso seja
rico num ponto e pobre noutro. Dê-lhe a coerência que é necessária.

Recorde as regras já apresentadas. Releia-as sempre, e exercite-se nelas.

21) Procure ser justo em seus actos e pratique o bem. Terá forças interiores
que se revelarão nos momentos preciosos.
Quem é interiormente forte, revela, através de suas expressões, a força que
o anima. Há muitos que dominam a palavra, mas sentimos logo às
primeiras frases que não sentem o que dizem, bem como não praticam
o que pregam.

22) Dê sempre relevo ao que diz de mais importante. Mas evite a ênfase
exagerada. Pronuncie com segurança e firmeza, fazendo as pausas
necessárias. Não há necessidades de patetismo, de volume excessivo de
voz. Basta que revele a certeza que tem no que diz. Todos respeitam
sempre o homem sincero, note bem.

23) Evite dizer com arrebatamento o que tem pequeno valor.

24) Só use a ênfase e a fogosidade naquelas partes do discurso em que


são necessárias. Nunca inicie com “toda a força” .

25) Se fizer os exercícios respiratórios, sua voz alcançará a regularidade


e evitará o exagero. Por isso não deixe de fazê-los.

26) Um orador deve infundir simpatia. E só a infundem aqueles que


cultivam a simpatia para com os outros. Procure desenvolver sua
capacidade simpatética, procurando nos outro o que é digno de ser amado.
Não se iluda: quem está carregado de antipatias e de ressentimentos, revela-
o logo e provoca aversão.

27) Tenha sempre palavras de ânimo para com os outros. Procure


sempre ser justo, mas lembre-se que a benevolência deve ser
empregada desde que não ofenda a justiça nem prejudique a ninguém.
Seu espírito acabará impregnado de tamanha força, que as suas
palavras estarão carregadas de um entusiasmo que infundirá respeito aos
outros.

28) Interesse-se sempre pelos outros, pense no que lhes pode ser melhor.
Crie à sua volta um ambiente de simpatia. São forças que alimentarão a
sua confiança em si.

29) Evite o pessimismo negro. Os pessimistas são “desmancha-prazeres”.

Seja sempre delicado e cortês. Atrairá para si o respeito.

30) Tome sempre parte em todas as obras sociais que estiverem ao seu
alcance. Seja ativo e converse com os outros, e sempre tenha palavras de
esperança e de optimismo.

Revele confiança, pois despertará confiança. Todos acabarão confiando em si.

31) Procure ter ideias próprias, não se preocupe em ser propriamente


original, pensando de modo totalmente diferente dos outros.
Aceite o que julga certo, e aplauda. Quando tenha que discordar de alguém
não esqueça que deve ser cortês. Aceite o que é positivo da parte do
adversário, e confesse sua aceitação. Mas critique com energia o que está
errado. Todos acatarão as suas palavras, e até o próprio adversário. Evite os
elogios fáceis ao adversário.

32) Medite sempre todo e qualquer pensamento que lhe merecer a


atenção. Examine os termos, e procure os conteúdos. Analise-os
cuidadosamente, sem pressa.

33) Entre as ideias que lhe surgem, quando pretende falar, examine quais
são aquelas que conhece com segurança. Escolha estas, e deixe de lado
as outras.

34) Evite parecer aos outros apenas um repetidor de ideias. Dê sempre um


cunho pessoal ao que diz. Ponha seu sangue, o calor de seu corpo,
torne suas as ideias.

35) Estude lógica e aprenda a raciocinar sem erros.

36) Evite expressar pensamentos confusos, débeis, indecisos. Não mostre


que vacila. Revele confiança no que diz.

37) Autoanalise-se e procure descobrir em si todos os defeitos que lhe


impedem agradar aos outros. Depois procure libertar-se deles.

38) Não aceite as ideias que lhe expõem sem examiná-las.

39) Evite divagações e perder o fio do que diz. Evite a difusão, que é perder-
se em pormenores. Só associe ao discurso o que sirva para fortalecê-lo.
Evite perder-se em comentários.

40) Sacrifique tudo, menos a clareza. Nunca é demais repetir.

41) Lembre-se sempre que a oratória moderna exige lógica, consistência,


firmeza no que se diz. Ideias claras e bem fundadas.

42) Ao ler um artigo num jornal, faça interiormente a crítica. Será conveniente
que a escreva. Depois releia, e retire todas as palavras menos importantes,
reduzindo tudo à essência do pensamento. Faça tais exercícios para
alcançar a clareza e a sobriedade.

43) Evite as discussões desordenadas. Quando estiver com amigos, faça


todo o possível que, ao conversar sobre um assunto, não se mude logo para
outro. Deve-se deixar de falar num tema, quando não se tem mais nada que
dizer. Se conseguir um grupo de amigos assim, poderá transformá-lo num
“grupo de oratória”, que será de benéficos resultados para todos.
44) Lembre-se sempre desta frase de W. Drumond: “Quem não raciocina ê
um fanático; quem não pode raciocinar é um tolo; quem não se atreve a
raciocinar é um escravo”.

46) Para o pleno desenvolvimento das qualidades mentais aconselhamos


os nossos livros: “ Filosofia e Cosmovisão”, por dar uma visão geral dos
temas principais da filosofia, sob ângulos novos; “Lógica e Dialética”, por
estudar os modos de raciocinar em sua maior plenitude; “Psicologia Geral”,
pelo conhecimento que oferece da alma humana, e finalmente nosso “Curso de
Integração Pessoal”, no qual oferecemos os mais seguros exercícios de
[domínio interior e de coesão do espírito, bem como de aprofundamento
e ampliação de nossas capacidades intelectuais e afectivas.

47) Pratique o optimismo e o riso. Um dos melhores alimentos da alma é a


alegria. Ela areja e ilumina ainda as ideias. A alegria tem um papel
vivificante e estimulador de ideias, de entusiasmo e de confiança. Dá força
de persuasão ao que se diz.

48) Enriqueça seu vocabulário, procurando a afinidade entre as palavras.

Aproveite o que oferecemos, e procure outros termos e reúna todas as


palavras que são delas decorrentes.

49) Tudo quanto escrever, corrija lendo alto, e evite os sons desagradáveis ou
a expressão chã.

50) Se puder organize um “grupo de oratória”, ou inscreva-se em um.

Aproveite todas as oportunidades para desembaraçar-se e adquirir a


palavra fácil, fluente.

“Há povos, cujos sofrimentos os animam a realizar mais do que esperavam.


Em face dos perigos e das adversidades, se erguem, formando um todo
unido, que se atira ao embate e realiza o inesperado. A dor que os
acomete leva-os a realizações estupendas, e vencem os obstáculos.”

Heteronomia
substantivo feminino
1 sujeição a uma lei exterior ou à vontade de outrem; ausência de
autonomia
2 qualidade ou estado do que é heterônomo
3 Rubrica: filosofia.
segundo Kant (1724-1804), sujeição da vontade humana a impulsos
passionais, inclinações afetivas ou quaisquer outras determinações que
não pertençam ao âmbito da legislação estabelecida pela consciência
moral de maneira livre e autônoma

Você também pode gostar