Você está na página 1de 7

Arquitetura do Renascimento

Mentalidade

A abertura ao mundo resultante dos descobrimentos transformou a realidade e a forma de pensar dos
europeus.Este novo movimento cultural é uma reação ao teocentrismo característico da Idade Média,
procurando a renovação no pensamento anterior, a Antiguidade Clássica, valorizando as capacidades do
Homem, portanto uma nova mentalidade surge: o antropocentrismo.

Itália: o berço do Renascimento

O Renascimento iniciou-se nas repúblicas italianas mais ricas da época: Florença, Génova, Milão e
Veneza. Factores que contribuíram para que a cultura clássica renascesse na Itália:

 a riqueza das cidades italianas e a prática do mecenato;


 a presença em Itália de sábios gregos e bizantinos (Império Romano do Oriente), que
preservaram a cultura clássica;
 a existência de importantes escolas de Artes e Universidades;
 a presença de muitos vestígios e monumentos romanos que inspiraram os artistas.
A partir da Itália este novo movimento cultural e artístico espalhou-se pelo resto da Europa. Chegou a
França, às ricas cidades da Flandres, a Inglaterra, a Espanha e a Portugal.

Os novos valores da mentalidade renascentista


Os Intelectuais dos séculos XV e XVI inspiram-se na cultura clássica e valorizam as capacidades do ser
humano. A esta nova forma de ver o mundo e a vida chama-se humanismo. Os valores da mentalidade
renascentista:

 classicismo, defende o regresso aos valores da Antiguidade Clássica (Grécia e Roma), copiando
e reinterpretando os temas e as formas da literatura e da arte greco-romana;
 individualismo, valorização do homem e da sua obra.
 espírito crítico, valoriza a razão e o pensamento, pondo em causa os dogmas e o saber livresco.
A mentalidade renascentista defende um conhecimento multifacetado, isto é, o homem do Renascimento
devia estudar todas as áreas do saber, devia ser reconhecido socialmente, ter uma boa formação cívica,
intelectual e física. Em resumo, o “homem ideal” deveria saber estar e simultaneamente ser poeta, erudito
(culto) e guerreiro. Foram exemplo destes princípios Leonardo da Vinci e Leon Alberti, entre outros.

A valorização da experiência
Negando os dogmas (verdades absolutas e inquestionáveis) e o saber livresco, os humanistas defendiam
que todo o conhecimento devia ser confirmado pela experiência e pela razão.

Esta atitude permitiu o desenvolvimento de muitas ciências.

Um resultado prático desta forma de estar foi a teoria heliocêntrica de Copérnico. Até meados do século
XVI acreditava-se na teoria geocentrista, isto é, considerava-se que a Terra era o centro do Universo
(verdade dogmática, que não admitia contestação). Os estudos de Copérnico comprovaram que aquela
teoria estava errada pois, segundo ele, seria o Sol o centro do Universo e não a Terra (heliocentrismo).

Esta teoria teve uma forte oposição na época, principalmente por parte da Igreja.
Apesar do heliocentrismo ser uma teoria revolucionária na época, hoje sabe-se que o Sol é apenas o
centro do sistema solar, bem distante do centro do Universo, no entanto, Copérnico, não tinha, na época,
possibilidade de chegar a esta conclusão, mas foi capaz de provar o erro grosseiro do geocentrismo.

CONCEITOS:
Renascimento: Movimento cultural que vigorou na Europa nos séculos XV e XVI. Caracteriza-se pela
valorização das capacidades do ser humano e pelo regresso aos valores artísticos e literários da
Antiguidade Clássica (Grécia e Roma).
Mecenato: Protecção e apoio dados por alguém (com poder económico) às letras, às ciências e às artes,
bem como aos seus autores.
Teocentrismo: Mentalidade característica da Idade Média que colocava Deus no centro do Universo e do
pensamento.
Antropocentrismo: Coloca o Homem como centro do pensamento e das preocupações, mesmo que não
abandone as crenças religiosas.
Humanismo: valor da mentalidade renascentista que valorizava o ser humano e as suas capacidades.
Classicismo: Tendência artística e literária inspirada nos modelos da Antiguidade Clássica (Grécia e
Roma).
Espírito crítico: Princípio segundo o qual não se devem aceitar teorias ou factos sem os compreender e
sem apurar a sua veracidade.
Heliocentrismo: Teoria defendida por Copérnico, segundo a qual o Sol é uma estrela fixa em volta da qual
giram os planetas.

O quadro Político, Econômico e Social na Idade Moderna e


o Renascimento

No século XIV, a baixa Idade Média entrava em pleno declínio e, com ela, parte do sistema feudal. O
Sacro Império Romano-Germânico, que lutara anteriormente contra o papado para obter o controle da
Itália e conseguir a união da Europa, encontrava-se muito debilitado, fragmentado entre diferentes
famílias nobres rivais sobre as quais se estendia a autoridade quase honorária do imperador.
A crise afetava também a Igreja Católica, que, primeiro, em 1309, teve sua sede pontifícia transferida
temporariamente para Avignon, no sul da França, e depois sofreu as conseqüências do chamado cisma do
Ocidente, no qual o mundo cristão se dividiu entre os partidários do papa Urbano VI e os do antipapa
Clemente VII.

Evolução política
A reorganização política teve início na Itália no final do século XIII, com sua desvinculação do poder imperial
e sua fragmentação em diversas cidades-estados, que passaram do regime comunal ou municipal para o
senhorial, exercido por algumas famílias nobres, como os Gonzaga, os Sforza e os Medici. Mais tarde essas
cidades se converteram no centro dos vários estados italianos da época moderna — as repúblicas de
Veneza e de Florença, o ducado de Milão, o reino de Nápoles e os estados pontifícios, que mantiveram
entre si constantes conflitos na tentativa de conquistar a hegemonia.

Essa fragmentação não ocorreu em outros territórios europeus onde, ao contrário, se estabeleceram
diversas monarquias nacionais e autoritárias: a Espanha dos reis católicos, a Inglaterra de Henrique VII e
a França de Luís XI. Isso se deveu, em primeiro lugar, à consolidação da autoridade do soberano frente ao
poder da nobreza. Esses novos estados modernos caracterizaram-se pela centralização, a organização
administrativa, a crescente burocratização e a criação de um exército poderoso.

Na implantação desses regimes autoritários, teve grande importância a mudança produzida na mentalidade
política, que, baseando-se no direito romano e na filosofia aristotélica, legitimaria a autoridade suprema do
monarca e a existência de um estado forte e organizado. A grande figura do pensamento político da época
foi o florentino Nicolau Maquiavel, autor de O príncipe (1513), no qual elaborou uma teoria política que
separava pela primeira vez a moral dos indivíduos da moral, ou razão, de estado.
Economia e sociedade
Embora a base da economia continuasse a ser a agricultura, conquistaram grande impulso a indústria têxtil,
a mineração e, sobretudo, as atividades comerciais, graças ao ápice do desenvolvimento das cidades
mediterrâneas (Veneza, Marselha, Nápoles) e do norte da Europa (Antuérpia, Amsterdam, Hamburgo). A
crescente importância do setor comercial resultou na fortuna de famílias como as dos Medici, os Strozzi ou
os Fugger, que lhes permitiram intervir de forma direta na política ou dar seu apoio financeiro às monarquias
que atravessavam crises econômicas.
O descobrimento da América representou um fato transcendental para a vida econômica do Renascimento.
Abriram-se novos mercados, floresceram cidades da orla atlântica, como Sevilha e Lisboa, e fluíram os
metais e as riquezas, que proporcionaram grandes benefícios a burgueses e banqueiros e permitiram que
a Espanha realizasse uma ampla política de intervenção em grande parte da Europa e do Mediterrâneo.
No entanto, a excessiva afluência de tesouros americanos ao continente europeu favoreceu uma alarmante
alta dos preços devido à abundância da moeda em circulação.

O desaparecimento das grandes pestes medievais, o auge da vida urbana e certos melhoramentos nas
condições de vida das populações ocasionaram um crescimento demográfico expressivo em quase toda a
Europa ocidental, conseqüência da alta taxa de natalidade e do declínio da mortalidade infantil. As principais
zonas de povoamento eram o norte da Itália, os Países Baixos e o centro da França.

No topo da estrutura social estava a nobreza, que se havia instalado nas grandes cidades, em luxuosos
palácios ou mansões, seguida pela alta burguesia, enriquecida pelo comércio e pelos negócios financeiros.
Os camponeses, que constituíam a classe menos favorecida, viviam em condições extremamente
desfavoráveis. Recorreram muitas vezes a revoltas, criando um clima de instabilidade social.

Um mundo em transformação
O espírito renascentista expressou-se desde cedo no humanismo, movimento intelectual que teve início e
alcançou seu apogeu na Itália, protagonizado por Giannozzo Manetti, Marsilio Ficino e Lorenzo Valla, entre
outros. Os humanistas buscaram respostas para as questões do momento e para isso recorreram tanto ao
cristianismo como à filosofia greco-latina. Criaram assim um sistema intelectual caracterizado pela
supremacia do homem sobre a natureza e pela rejeição das estruturas mentais impostas pela religião
medieval. A intenção do humanismo era desenvolver no homem o espírito crítico e a plena confiança em
suas possibilidades, condições que lhe haviam sido proibidas durante a época medieval.

Da Itália, o humanismo difundiu-se até o norte e estendeu-se por quase toda a Europa graças à invenção
da imprensa, que facilitou a divulgação dos textos clássicos e das novas idéias com grande rapidez. O mais
destacado humanista do norte da Europa foi Erasmo de Rotterdam, autor de Encomium moriae (1509; O
elogio da loucura), obra em defesa da tolerância e da liberdade de pensamento que resumiu a essência
moral do humanismo. Entre os humanistas espanhóis destacou-se Juan Luis Vives.
Há outros tópicos quanto ao Renascimento, siga as setas acima do título desta postagem e os Links
abaixo.

ARQUITETURA
Na renascença italiana formada nos mesmos princípios da geometria harmoniosa em que se baseavam a
pintura e a escultura, a arquitetura recuperou o esplendor da Roma Antiga.

Os arquitetos renascentistas mais notáveis foram Leon Battista Alberti, Filippo Brunelleschi, Donato
Bramante, Andrea Palladio e Michelangelo Buonarotti.
Alberti (1404-72) escritor, pintor, escultor e arquiteto, foi o maior teórico da Renascença e deixou tratados
de pintura, escultura e arquitetura. Ele menosprezava o objetivo religioso da arte e propunha que os artistas
buscassem no estudo das ciências, como a história, a poesia e a matemática, os fundamentos de seu
trabalho. Alberti escreveu o primeiro manual sistematizado de perspectiva, oferecendo aos escultores as
normas das proporções humanas ideais.
Outro renascentista de múltiplos talentos foi Brunelleschi (1377-1446). Excelente ourives, escultor,
matemático, relojoeiro e arquiteto, ele é mais conhecido, porém, como o pai da engenharia moderna.
Brunelleschi não só descobriu a perspectiva matemática como lançou o projeto da igreja em plano central,
que veio substituir a basílica medieval. Somente ele foi capaz de construir o domo da Catedral de Florença,
chamada então da oitava maravilha do mundo. Tal técnica constitui em construir duas células, uma
apoiando a outra, encimadas por uma claraboia estabilizando o conjunto. No projeto da Capela Pazzi, em
Florença, Brunelleschi utilizou motivos clássicos na fachada, ilustrando a retomada das formas romanas e
a ênfase renascentista na simetria e na regularidade.
Em 1502, Bramante (1444-1514) construiu o Tempietto (Pequeno Templo) em Roma, no local onde São
Pedro foi crucificado. Embora pequeno, é protótipo perfeito da igreja com plano central encimado por domo,
expressando os ideias renascentistas de ordem, simplicidade e proporções harmoniosas.
Famoso por suas vilas e seus palácios, Palladio (1508-80) teve enorme influência sobre os séculos
posteriores através do seu tratado Quatro Livros de Arquitetura. Pioneiros do neoclássico se basearam no
manual de Palladio. A “Villa Rotonda” incorporou detalhes gregos e romanos, como pórticos, colunas
jônicas, domo plano, como o do Panteon, e aposentos dispostos simetricamente em torno de uma rotonda
central.
Destaca-se também, Michelangelo Buonarotti (1475-1564) que em seus últimos anos dedicou-se à
arquitetura, supervisionando a reconstrução da Basílica de São Pedro, em Roma. Acreditava que “os
membros da arquitetura são derivados dos membros humanos”. As unidades arquitetônicas deveriam
cercar simetricamente um eixo central vertical, assim com braços e pernas flanqueiam o tronco humano.
Outro exemplo desse estilo inovador é a Colina Capitolina em Roma, o primeiro grande centro cívico da
Renascença. Quebrou as normas renascentistas ao desenhar essa praça com ovais interligados e
variações do ângulo reto.Sendo um dos percursores do Maneirismo.
Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo edifício baseia-se em relações matemáticas
estabelecidas de tal forma que o observador possa compreender a lei que o organiza de qualquer ponto
em que se coloque.

“Já não é o edifício que possui o homem, mas este que, aprendendo a lei simples do espaço, possui o
segredo do edifício”. (Bruno Zevi, Saber Ver a Arquitetura)

As principais características da arquitetura renascentista são:

 Ordens Arquitetônicas;
 Arcos de Volta-Perfeita;
 Simplicidade na construção;
 A escultura e a pintura se desprendem da arquitetura e passam a ser autônomas;
 Construções: palácios, igrejas, vilas (casa de descanso fora da cidade), fortalezas (funções militares) e
planejamento urbanístico.

ARQUITETURA RENASCENTISTA NA EUROPA, EXCETO A ITÁLIA


O Renascimento caracterizou-se como um movimento praticamente restrito ao universo cultural italiano
durante seus dois primeiros séculos de evolução (entre os séculos XIV e XVI, aproximadamente), período
durante o qual, no restante da Europa, sobreviviam estilos arquitetônicos, em geral, ligados ao gótico ou ao
tardo-românico.

No seu auge, na Itália, a estética clássica começou a ser difundida em diversos países europeus devido a
motivos diversos (como guerras, anexações de territórios, pelo fato de os artistas italianos viajarem pela
Europa ou serem contratados por cortes diversas).

Independente das razões, é certo que esta difusão fatalmente se dará já pela assimilação de certos ideais
anticlássicos trazidos pelo Maneirismo, estilo em voga naquele momento (início do século XVI). É um
momento em que a tratadística clássica está plenamente desenvolvida, de forma que os arquitetos, de uma
forma geral, possuem um bom domínio das regras compositivas clássicas e de sua canonização, o que
lhes permite certa liberdade criativa.

Esta leve liberdade de que gozam os artistas do período será naturalmente absorvida pela produção
renascentista dos países fora do espectro cultural italiano. Há que se notar, porém, que existem estudiosos
que não consideram o Maneirismo como um movimento ligado ao Renascimento, mas um estilo novo e
radicalmente contrário a este.

Desta forma, a produção dita maneirista dos demais países europeus pode vir, eventualmente, a não ser
considerada como uma arquitetura genuinamente renascentista. Em certo sentido é possível dizer, segundo
tal ponto de vista, que tais países “pularam” diretamente de uma produção tipicamente medieval para uma
arquitetura pós-renascentista (como na França).

Como as formas de difusão diferem de país para país, ainda que a arquitetura produzida por aqueles países
neste momento seja efetivamente renascentista, existe um Renascimento diferente para cada região da
Europa (pelo menos do ponto de vista arquitetônico). Será possível falar em um Renascimento francês,
um Renascimento espanhol e um Renascimento flamenco, por exemplo.

Em Portugal, as formas clássicas irão se difundir apenas durante um breve período, sendo logo substituídas
pela arquitetura manuelina, uma espécie de releitura dos estilos medievais e considerada por alguns como
o efetivo representante do Renascimento neste país, ainda que prossiga uma estética distante do
classicismo (insere-se, de fato, no estilo gótico tardio).

Florença é o berço do Renascimento


Metrópole italiana é considerada o centro do humanismo europeu, com figuras como Dante, Giotto e
Leonardo da Vinci. Exposição em Bonn atravessa 700 anos de arte e história em Florença.

"Alegoria da Divina Comédia", de Domenico di


Michelino, 1465
Florença é considerada a "pérola da Toscana",
um local de peregrinação obrigatório para todo
entusiasta da cultura e história europeias.

Logo na área de entrada, o visitante se depara


com uma obra prima, a Alegoria da Divina
Comédia. No centro, numa atitude de árbitro,
encontra-se Dante Alighieri, autor do
monumental poema e figura-chave do
humanismo. À sua direita abre-se o Inferno,
atrás dele está o Paraíso, e à esquerda
erguem-se, majestosas, as cúpulas e torres da cidade de Florença. Normalmente, a célebre pintura de
1465, de Domenico di Michelino, fica meio escondida, numa nave lateral da catedral florentina, mas em
Bonn o visitante pode contemplá-la bem de perto.

Florença por volta de 1300 ela era uma metrópole mercantil com potencial de crescimento. Desde o
princípio, arte e dinheiro andavam de mãos dadas: assim, a mais fina seda, entremeada de fios de ouro, é
exposta lado a lado com documentos de negócios e com a moeda local, o florim.
Embora não fosse gigantesca, com 100 mil habitantes ela contava entre as maiores metrópoles da Idade
Média. Desde cedo travavam-se negócios com terras distantes, os contatos comerciais se estendiam até a
Pérsia. Os numerosos artistas residentes tão pouco se mantinham alheios às influências orientais: os
pintores Giotto e Fra Angelico criaram obras que assombram os pesquisadores até hoje.

Entre os testemunhos da arte sacra florentina encontram-se quadros e esculturas de São João Batista, o
patrono da cidade, assim como numerosos retratos de Nossa Senhora. A catedral é um importante centro
religioso: sua cúpula, uma obra prima do arquiteto renascentista italiano Filippo Brunelleschi, pode ser vista
em Bonn, em toda a complexidade, numa maquete de madeira e em filme.
As letras também são um componente importante no perfil de Florença: poetas como Dante, Petrarca e
Boccaccio lá viveram e criaram uma literatura com base na língua do povo. Entre os numerosos objetos
eruditos expostos na Bundeskunsthalle está um manuscrito em pergaminho da Divina Comédia de Dante,
de 1396.
Renascença e o dinheiro dos Médici
Florença atinge seu apogeu cultural na Renascença: lá foram criadas obras de fama universal, como
a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Contribuindo para sua consagração como centro das artes, o comércio
alcança sua época de ouro, e, com a conquista da vizinha Pisa, os florentinos passam a ter acesso direto
ao mar.
Para Annamaria Giusti, historiadora de arte e uma das curadoras da mostra, a instituição do mecenato é o
que compõe o espírito da cidade. "Florença já era rica no século 12. O mais tardar a partir do século 13, o
comércio passa a florescer." E os negociantes empregavam seus bens para embelezar o local e apoiar
artistas.
"Para os habitantes, as artes estavam acima de tudo. Não importava quanto custasse: a beleza tinha
prioridade", relata Giusti, que também dirige o departamento de arte moderna do Palazzo Pitti, antiga
residência do rei da região da Toscana, transformada em museu de arte.
O humanismo florentino propôs um novo olhar sobre a Antiguidade Clássica, declarando o homem a medida
de todas as coisas. Nas artes plásticas, os conceitos de espacialidade e perspectiva central encarnam essa
nova visão.

"Minerva e o centauro", Sandro Botticelli, 1482-3


Porém o poder do dinheiro não deixa de se fazer sentir. O que seria de Florença sem a família de banqueiros
dos Médici, que a partir de 1434 marcam decisivamente a vida cultural e política local? Seu poder se faz
sentir em toda a cidade: eles financiam mosteiros e igrejas, patrocinam cientistas e artistas como Sandro
Botticelli, cujo têmpera Minerva e o centauro é um dos pontos altos da mostra em Bonn.
Santa Maria del Fiore
A Catedral de Santa Maria del Fiore é o "Duomo" de Florença, Itália, e
está localizada na praça homônima.
Era já em 1971 a quinta igreja da Europa em grandeza. Possui 153
metros de comprimento e 90 metros de largura no transepto,
enquanto o tambor da cúpula possui 54 metros.
A construção iniciou-se em 1296 com projeto de Arnolfo di
Cambio sobre as fundações da antiga Catedral de Santa Reparada.
Após a morte de Arnolfo, passou pela supervisão de Giotto di
Bondone, depois por Francesco Talenti e teve sua cúpula construída
por Filippo Brunelleschi. Ao fim das obras da cúpula em 1436, a
catedral foi consagrada pelo papa Eugênio IV.
É a catedral da arquidiocese de Florença e pode acomodar até trinta
mil pessoas. [2]
História
O Duomo de Florença, como o vemos hoje, é o resultado de um trabalho que se estendeu por seis
séculos. Seu projeto básico foi elaborado por Arnolfo di Cambio no final do século XIII, sua cúpula é obra
de Filippo Brunelleschi, e sua fachada teve de esperar até o século XIX para ser concluída. Ao longo deste
tempo uma série de intervenções estruturais e decorativas no exterior e interior enriqueceriam o
monumento, dentre elas a construção de duas sacristias e a execução de esculturas e afrescos por Paolo
Uccello, Andrea del Castagno, Giorgio Vasari e Federico Zuccari, autor do Juízo Final no interior da cúpula. Foi
construída no lugar da antiga catedral dedicada a Santa Reparata, que funcionou durante nove séculos até
ser demolida completamente em 1375.

Interior da nave

Vista lateral do Duomo com a cúpula e a torre do sino


Em 1293, durante a República Florentina, o notário Ser Mino de Cantoribus sugeriu a substituição de
Santa Reparata por uma catedral ainda maior e mais magnificente, de tal forma que "a indústria e o poder
do homem não pudessem inventar ou mesmo tentar nada maior ou mais belo", e estava preparado para
financiar a construção. Entretanto, esperava-se que a população contribuísse, e todos
os testamentos passaram a incluir uma cláusula de doação para as obras. O projeto foi confiado a Arnolfo
em 1294, e ele cerimoniosamente lançou a pedra fundamental em 8 de setembro de 1296.
Arnolfo trabalhou na construção até 1302, ano de sua morte, e embora o estilo dominante da época fosse
o gótico, seu projeto foi concebido com uma grandiosiddade clássica. Arnolfo só pôde trabalhar em duas
capelas e na fachada, que ele teve tempo de completar e decorar só em parte. Com a morte do arquiteto o
trabalho de construção sofreu uma parada. Um novo impulso foi dado quando em 1330 foi descoberto o
corpo de São Zenóbioem Santa Reparata, que ainda estava parcialmente de pé. Giotto di Bondone então foi
indicado supervisor em 1334, e mesmo que não tivesse muito tempo de vida (morreu em 1337) ele decidiu
concentrar suas energias na construção do campanário. Giotto foi sucedido por Andrea Pisano até 1348,
quando a peste negra reduziu a população da cidade de 90 mil para 45 mil habitantes.

Interior da cúpula, com afresco de Giorgio Vasari e Federico Zuccarirepresentando o Juízo Final
Video mostrando a entrada principal com as portas de bronze.

O relógio de Uccello
Sob Francesco Talenti, supervisor entre 1349 e 1359, o campanário foi concluído e preparou-se um novo
projeto para o Duomo, com a colaboração de Giovanni di Lapo Ghini: a nave central foi dividida em quatro
espaços quadrangulares com duas alas retangulares, reduzindo o número de janelas planejadas por
Arnolfo. Em 1370 a construção já estava bem adiantada, o mesmo se dando com o novo projeto para
a abside, que foi circundada por tribunas que amplificaram o trifólio de Arnolfo. Por fim Santa Reparata
terminou de ser demolida em 1375. Ao mesmo tempo continuou-se o trabalho de revestimento externo
com mármores e decoração em torno das entradas laterais, a Porta dei Canonici (sul) e a Porta della
Mandorla (norte), esta coroada com um relevo da Assunção, última obra de Nanni di Banco.
Contudo, o problema da cúpula ainda não fora resolvido. Brunelleschi fez seu primeiro projeto em 1402,
mas o manteve em segredo. Em 1418, a Opera del Duomo, a centenária empresa administradora dos
trabalhos na Catedral, anunciou um concurso que Brunelleschi haveria de vencer, mas o trabalho não
iniciaria senão dois anos mais tarde, continuando até 1434. Foram utilizados aproximadamente quatro
milhões de tijolos para a construção do duomo, e a mesma é, até os dias de hoje, a maior cúpula
autoportante de alvenaria do mundo[3].
A Catedral foi consagrada pelo Papa Eugênio IV em 25 de março (o Ano Novo florentino) de 1436, 140 anos
depois do início da construção. Os arremates que ainda esperavam conclusão eram a lanterna da cúpula
(colocada em 1461) e o revestimento externo com mármores brancos de Carrara, verdes de Prato, e
vermelhos de Siena, de acordo com o projeto original de Arnolfo.

A fachada[editar | editar código-fonte]


A fachada original, desenhada por Arnolfo di Cambio, só foi começada em meados do século XV,
realizada de fato por vários artistas em uma obra coletiva, mas de toda forma só foi terminada até o terço
inferior. Esta parte foi desmantelada por ordem de Francesco I de Medici entre 1587 e 1588, pois era
considerada totalmente fora de moda naquela altura. O concurso que foi aberto para a criação de uma
nova fachada acabou em um escândalo, e os desenhos subseqüentes que foram apresentados não foram
aceites. A fachada ficou, então, despida até o século XIX, mas estatuária e ornamentos originais
sobrevivem no Museu Opera del Duomo e em museus de Paris e Berlim.
Em 1864, Emilio de Fabris venceu um concurso para uma nova fachada, que é a que vemos hoje, um
enorme e magistral trabalho de mosaico em mármores coloridos em estilo neogótico, com uma volumetria
dinâmica e harmoniosa. Pronta em 1887, foi dedicada à Virgem Maria, e é ricamente adornada com
estatuária de elegante e austero desenho. Em 1903 terminaram-se as monumentais portas de bronze,
com várias cenas em relevo e outras decorações.

Interior[editar | editar código-fonte]


Sua planta é basilical, com três naves, divididas por grandes arcos suportados por colunas monumentais.
Tem 153 metros de comprido por 38 metros de largura, e 90 metros no transepto. Seus arcos se elevam
até 23 metros de altura, e o cume da cúpula, a 90 metros.
Suas decorações internas são austeras, e muitas se perderam no curso dos séculos. Alguns elementos
acharam abrigo no Museu Opera del Duomo, como os coros de Luca della Robbia e Donatello. Subsistem
também os monumentos a Dante, a John Hawkwood, a Niccolò da Tolentino, a Antonio d'Orso, e os bustos de
Giotto (de Benedetto da Maiano), Brunelleschi (de Buggiano - 1447), Marsilio Ficino, e Antonio Squarcialupi.
Sobre a porta de entrada há um relógio colossal com decoração em pintura de Paolo Uccello, e acertado
de acordo com a hora italica, uma divisão do tempo comumente empregada na Itália até o século XVIII,
que dava o por-do-sol como o início do dia.
Os vitrais são os maiores em seu gênero na Itália entre os séculos XIV e XV, com imagens de santos
do Velho e Novo Testamento. O crucifixo é obra de Benedetto da Maiano, a talha do coro de Bartolommeo
Bandinelli, e as portas da sacristia são de Luca della Robbia.

Você também pode gostar