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1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3
2 SÍNTESE DA OBRA ................................................................................................. 4
3 ANÁLISE CRÍTICA DOS VOTOS ............................................................................. 7
3.1 VOTO DE DEFESA: HANDY, ACATANDO A OPINIÃO PÚBLICA. ................... 7
3.2 CRÍTICA AO VOTO: KEEN E A APLICAÇÃO DA LEI ..................................... 10
4 CONCLUSÃO......................................................................................................... 13
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 14
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho traz uma análise crítica sob o aspecto jurídico da obra
“O caso dos exploradores de caverna”, do autor, professor e jurista estadunidense
Lon L. Fuller, que relata o caso de cinco homens presos em uma caverna que em
razão da falta de alimento sacrificaram a vida de um deles para se manterem vivos;
posteriormente alguns juízes votam a respeito de sua condenação.
Inicialmente introduzindo-se sobre o tema em questão, sobre a maneira em
que ele será trabalhado e explanado, assim como a abordagem a respeito de sua
importância.
Seguindo na análise do interessante caso dos exploradores, farse-á uma
síntese da obra e em seguida serão abordados dois dos cinco votos dos juízes
responsáveis pelo julgamento. Um dos votos escolhidos será defendido, utilizando-
se de conhecimentos jurídicos do direito brasileiro para que se possa embasar a
defesa do voto da melhor maneira possível. O outro voto escolhido será explicado
de maneira que se mostre a sua ineficácia e ineficiência de argumentos também sob
um aspecto jurídico e dentro das normas brasileiras.
Desta maneira se desenvolverá este trabalho, chegando-se ao fim do de seu
desenvolvimento a uma conclusão sólida resultante da sua análise crítica sob a
óptica jurídica.
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2 SÍNTESE DA OBRA
1 LON, Fulle L., O caso dos exploradores de caverna, 1 ed. São Paulo: Hunter Books, 2012, p. 16.
6
argumentação ele também leva em conta a questão contratual que encontra sua
regulamentação no direito civil. Em torno disso e de outros aspectos jurídicos do
caso, ele firma sua opinião de que os réus são inocentes do crime que lhes está
sendo imputado.
Por meio desta brilhante obra, o autor Fuller expõe de maneira inteligente os
diversos argumentos e posições que se pode ter a respeito do caso dos
exploradores, levando o leitor a vários questionamentos, instigando-o a querer
buscar e saber mais sobre questões jurídicas, analisando a delicada situação
exposta no livro e a argumentar a respeito do que considera justo.
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perante a lei esse contrato seja inválido3 foi a melhor estratégia de sobrevivência
sem provocar caos.
Handy levanta questionamentos neste ponto sobre a natureza jurídica do
contrato, pode-se dizer quanto a este que é um contrato plurilateral, que de acordo
com a definição de Carlos Roberto Gonçalves: ”Plurilaterais, são os contratos que
envolvem mais de duas partes, como o contrato de sociedade com mais de dois
sócios[...]”. 4
Handy usa esse meio para mostrar que todos eles estavam completamente
de acordo com o tratado, quando este foi firmado, ainda que ele valesse a vida de
um deles, porém estavam dispostos sacrificar um para salvar a vida de quatro, pois
de outro modo morreriam dentro da caverna, mas decidiram arriscar para que
pudessem ter uma chance de continuar vivos.
Finalizando a questão contratual, o juiz Handy prossegue fazendo várias
objeções. Ele faz um tipo de analogia muito interessante onde demonstra que
acredita que a lei não deve fugir de seu propósito, mas deve ter interpretações que
se adéqüem aos mais variados tipos de situações para que não fuja de sua
finalidade que é a justiça. Ele deixa isso claro quando diz:
Acho que deveríamos tomar como nosso modelo, o bom administrador que
adapta os procedimentos e princípios ao caso em questão, selecionando
dentre os formulários disponíveis, o mais adequado para alcançar o
resultado correto.5
e p. 64
9
6 FULLER, Lon L., O caso dos exploradores de cavernas, 1 ed. São Paulo: Hunter Books, 2012, p.65
e p.66
7 FULLER, Lon L., O caso dos exploradores de cavernas, 1 ed. São Paulo: Hunter Books, 2012, p.77
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O juiz Keen defende que a lei deve ser cumprida tal como está escrita,
levando-se em consideração apenas o fato, independente da situação, da
circunstância e da ocasião em que ele ocorreu.
Primeiramente em seu voto, o juiz expõe sua opinião na condição de
cidadão, deixando bem claro que na sua concepção a profissão de juiz e os seus
sentimentos e moralidade enquanto pessoa devem estar completamente
desvinculados. Ele coloca que em sua opinião de cidadão, se ele fosse o chefe do
Executivo ele concederia perdão total a estes homens, pois eles já sofreram demais,
porém como ele é apenas o juiz, sua função não é instruir o Executivo quanto às
decisões que deve tomar a respeito disso.
Essa é uma maneira correta de pensar, pois valores morais se divergem de
pessoa para pessoa não podendo assim, determinar as decisões judiciais. Partindo-
se deste pressuposto, Keen diz:
A segunda questão que gostaria de deixar de lado diz respeito a decidir se o
que estes homens fizeram foi “certo” ou “errado”, “bom” ou “mau”. Esta é
outra questão que é irrelevante ao cumprimento de minha função como juiz,
juramentado a aplicar não as minhas concepções de moralidade, mas o
direito desta terra.8
Porém o que se deve questionar neste posicionamento de Keen é: Até que
ponto é justo seguir a lei ao pé da letra, sem abertura para interpretações que se
adequem as diversas situações em que será aplicada?
Cabe aos juízes interpretar as leis para aplicá-las no caso em questão, afinal
mais vale um bom juiz do que uma boa lei, como afirma o Código Geral da Suécia:
“Mais vale um juiz bom e prudente do que uma lei boa. Com um juiz mal e injusto
uma lei boa de nada serve, porque ele a verga e a torna injusta a seu modo”9
A lei que aqueles homens deveriam cumprir para que não sofressem a
punição era clara quando dizia que “quem intencionalmente tirar a vida de outrem
será punido com a morte”, assim como a lei do ordenamento jurídico brasileiro sobre
8 FULLER, Lon L., O caso dos exploradores de cavernas, 1 ed. São Paulo: Hunter Books, 2012, p. 47
e p.48
9 FULLER, Lon L., O caso dos exploradores de cavernas, 1 ed. São Paulo: Hunter Books, 2012, p. 85
tirar a vida de outrem também é clara quando diz que: “Matar alguém: pena -
reclusão, de seis a vinte anos.10”
O que ocorre é que nem todos os crimes acontecem na mesma
circunstância ou pelos mesmos motivos por isso existe a jurisprudência, a
interpretação das leis e adequação dela é essencial para a concretização da justiça.
Faz sentido uma pessoa que matou por motivo fútil receber a mesma
sanção que uma pessoa que matou defendendo a própria vida ou por estar em
situação de perigo? Faz sentido quatro homens, dos quais o resgate custou a vida
de 10 operários, serem condenados à morte por terem tentado sobreviver? É certo
quatro homens que sacrificaram a vida de outro para se manterem vivos, morram
enforcados logo após o seu resgate, tornando vã a morte de seu companheiro?
Certamente que não.
É por isso as leis devem ser interpretadas de acordo com a situação em que
ocorreu o crime para que não venha ser injusta, aplicando a pena de maneira
proporcional aos acontecimentos que levaram ao ato, não deixando de punir quem a
violou, porém punindo de maneira correta, como acontece no nosso ordenamento
jurídico onde as circunstâncias do crime são fatores determinantes para a
rigorosidade da punição que será aplicada aos réus.
Como determinado no Código Penal Brasileiro, art 24º:
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se11
O principal argumento do juiz Keen é seguir a lei tal como ela é. Ele também
observa argumentos que considera falhos no voto do juiz Foster, utilizando-se
dessas falhas para fortalecer a sua opinião.
Ao final, a conclusão de Keen é que a condenação dos réus deve ser
reafirmada, porém ainda que esses réus devam sofrer algum tipo de punição porque
tiraram a vida de outrem, essa punição não deve ser a morte, pois mataram na
tentativa de viver.
Keen chegou a uma conclusão que pode ser equivocada, pois o juiz só leva
em consideração a lei em si recusando-se a interpretar a lei juntamente com a
realidade, desprezando qualquer outro fato do enredo do caso.
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4 CONCLUSÃO
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FULLER, Lon L., O caso dos exploradores de cavernas, 1 ed. São Paulo: Hunter
Books, 2012.