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SARA JULIA RODRIGUES DE CARVALHO

“CASO DOS EXPLORADORES DA CARVERNA – UMA ANÁLISE CRÍTICA SOB


O ASPECTO JURÍDICO”
RESUMO

No decorrer do presente trabalho, a obra “O caso dos exploradores de cavernas”, do


autor Lon L. Fuller será explorada sob uma visão jurídica. A obra conta a história de
cinco homens que ficaram presos em uma caverna e tiveram que tomar decisões
difíceis para sobreviver.
O trabalho vai explanar a obra completa e vai trazer a defesa do voto de um dos
juízes que trabalharam no caso e a crítica ao voto de outro juiz, sempre se utilizando
de bases jurídicas brasileiras. Desta forma pretende-se trabalhar o caso de maneira
que se encontre no direito brasileiro as bases para a crítica e a defesa dos votos, de
modo consistente.

Palavras-chave: aspecto jurídico, justiça, lei, argumentos, interpretação.


Sumário

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3
2 SÍNTESE DA OBRA ................................................................................................. 4
3 ANÁLISE CRÍTICA DOS VOTOS ............................................................................. 7
3.1 VOTO DE DEFESA: HANDY, ACATANDO A OPINIÃO PÚBLICA. ................... 7
3.2 CRÍTICA AO VOTO: KEEN E A APLICAÇÃO DA LEI ..................................... 10
4 CONCLUSÃO......................................................................................................... 13
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 14
3

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho traz uma análise crítica sob o aspecto jurídico da obra
“O caso dos exploradores de caverna”, do autor, professor e jurista estadunidense
Lon L. Fuller, que relata o caso de cinco homens presos em uma caverna que em
razão da falta de alimento sacrificaram a vida de um deles para se manterem vivos;
posteriormente alguns juízes votam a respeito de sua condenação.
Inicialmente introduzindo-se sobre o tema em questão, sobre a maneira em
que ele será trabalhado e explanado, assim como a abordagem a respeito de sua
importância.
Seguindo na análise do interessante caso dos exploradores, farse-á uma
síntese da obra e em seguida serão abordados dois dos cinco votos dos juízes
responsáveis pelo julgamento. Um dos votos escolhidos será defendido, utilizando-
se de conhecimentos jurídicos do direito brasileiro para que se possa embasar a
defesa do voto da melhor maneira possível. O outro voto escolhido será explicado
de maneira que se mostre a sua ineficácia e ineficiência de argumentos também sob
um aspecto jurídico e dentro das normas brasileiras.
Desta maneira se desenvolverá este trabalho, chegando-se ao fim do de seu
desenvolvimento a uma conclusão sólida resultante da sua análise crítica sob a
óptica jurídica.
4

2 SÍNTESE DA OBRA

O caso dos exploradores de caverna, conta o interessante caso de quatro


homens que estão sendo julgados pela morte de Roger Whetmore.
Esses cinco homens, incluindo Roger, eram membros da Sociedade
Espeleológica e certo dia saíram juntos para explorar uma caverna, porém nesta
expedição algo inesperado aconteceu e deixou os homens em uma situação
extremamente delicada: após terem adentrado o interior da caverna e já terem se
distanciado da única saída desta, houve um grande desabamento que bloqueou a
saída da caverna, deixando o grupo preso e sem possibilidade de saída até que
pudessem ser resgatados. Logo que não retornaram para seus lares, suas famílias
comunicaram a outros membros da sociedade que sabiam a localização do grupo e
logo enviaram uma equipe de resgate necessária para retirar os homens do interior
da caverna.
Logo as operações de resgate se iniciaram e percebeu-se a dificuldade que
se encontraria pela frente. A entrada estava muito bloqueada e durante o processo
houve um novo desabamento que matou 10 operários que trabalhavam no resgate,
por este motivo as operações foram suspensas até que se tivesse certeza de que
seria realmente seguro continuar. Neste ínterim o mantimento dos homens do
interior da caverna, que já era escasso, se acabou e eles não conseguiriam chegar
vivos ao fim do resgate sem que se alimentassem.
Á partir da necessidade de alimentar-se, Roger Whetmore teve a ideia de
sacrificar a vida de um deles, para que os outros o comessem e sobrevivessem
durante o tempo necessário. Por acaso Roger havia trazido dados em sua bolsa, e
firmaram um combinado de jogar a sorte para decidir qual deles haveria de ser
morto para alimentar os outros.
No dia de colocarem o plano em prática, Roger, o mentor da ideia, hesitou e
decidiu não participar do “sorteio”, porém os demais o fizeram do mesmo modo e um
deles jogou por Roger, afinal não desmanchariam o trato na última hora. O resultado
não foi favorável a Roger e ele foi sorteado para ser morto e servir de alimento aos
parceiros, que assim o fizeram.
5

Findadas as operações de resgate e livres da caverna, os homens passaram


a ser julgados pelo assassinato de Roger Whetmore, pela Corte de Instâncias
Gerais do Condado de Stowfield. Segundo a lei que estava em vigência quando este
caso aconteceu: ““Quem intencionalmente tirar a vida de outrem, será punido com a
morte.” N.C.S.A(N.S.) § 12-A.” 1
Partindo-se da observação da lei vigente e analisando-se a situação em que
se encontravam os homens na circunstância em que o homicídio ocorreu, os juízes
Truepenny, Foster, Tatting, Keen e Handy discorreram a respeito de sua opinião
sobre a condenação desses homens, utilizando os argumentos que consideravam
justos para consolidar seu voto de condenar ou não condenar os indivíduos.
O primeiro juiz, Truepenny, concorda com as decisões da primeira instância
de seguir com a condenação dos réus, para não ir contra os princípios da lei, porém
ele espera que o chefe do Executivo conceda algum tipo de clemência àqueles
homens para que assim a justiça seja de fato cumprida.
O juiz Foster, defende de maneira convicta que os réus devem ser
absolvidos e que não devem ser condenados de maneira nenhuma, justificando sua
opinião por meio de argumentos como o estado de natureza em que os homens se
encontravam naquela ocasião e seguindo a linha de raciocínio da legítima defesa.
O juiz Tatting por sua vez, não se utiliza de fortes argumentos para condenar
ou absolver os réus, pois ele retira sua participação do caso, sendo assim, ele passa
parte do seu comentário questionando a respeito das colocações do juiz Foster e em
razão de sentir simpatia pelos réus e pena pela situação que eles passaram, mas ao
mesmo tempo sentir extrema aversão ao assassinato, ele retira sua participação do
caso, por encontrar-se dividido.
O juiz Keen defende fielmente a letra da lei, concordando completamente
com a condenação dos exploradores. Ele afirma que não se deve colocar em
discussão se a atitude foi boa ou má, mas sim se a atitude corresponde àquilo que a
lei condena; e ele também se utiliza de pontos dos argumentos de Foster que ele
considera fracos e ineficazes para desenvolver sua opinião.
Para finalizar a obra, o último voto é o do juiz Handy. Este leva em conta a
opinião pública e defende em seu argumento que ela não deve ser ignorada, uma
vez que a maioria opta para a não condenação dos réus; dentro de sua

1 LON, Fulle L., O caso dos exploradores de caverna, 1 ed. São Paulo: Hunter Books, 2012, p. 16.
6

argumentação ele também leva em conta a questão contratual que encontra sua
regulamentação no direito civil. Em torno disso e de outros aspectos jurídicos do
caso, ele firma sua opinião de que os réus são inocentes do crime que lhes está
sendo imputado.
Por meio desta brilhante obra, o autor Fuller expõe de maneira inteligente os
diversos argumentos e posições que se pode ter a respeito do caso dos
exploradores, levando o leitor a vários questionamentos, instigando-o a querer
buscar e saber mais sobre questões jurídicas, analisando a delicada situação
exposta no livro e a argumentar a respeito do que considera justo.
7

3 ANÁLISE CRÍTICA DOS VOTOS

3.1 VOTO DE DEFESA: HANDY, ACATANDO A OPINIÃO PÚBLICA.

O juiz Handy, defende os réus utilizando-se de diversos argumentos muito


bem colocados. Para iniciar seu voto de defesa, ele faz referência à questão
contratual dizendo que até então nenhum dos juízes havia levantado a natureza
jurídica que os homens celebraram no interior da caverna, porém o juiz Tatting, em
seu voto, fez um breve comentário a respeito do contrato firmado pelos homens e
manifesta seu repúdio em relação a tal contrato dizendo:

Que código desordenado e odioso é este![...]


É um código em que o homem pode fazer um acordo válido no
qual confere poderes a seus companheiros para comer o seu
próprio corpo.”²

É certo que fazer da vida de alguém objeto de contrato, além de ser


completamente ilícito, vai também contra o art. 5º da Constituição Federal de 1988,
onde consta que o direito à vida deve ser garantido a todos. 2 Porém voltando-se
para a situação real que os homens encontravam-se naquela caverna, estando eles
em situação de perigo e risco de vida, pode-se garantir que firmar um
acordo/contrato foi a atitude mais sensata que poderiam ter tomado nessa terrível
circunstância em que se encontravam, não por vontade própria, mas por força da
natureza que não poderia ter sido evitada.
. Eles estavam presos e famintos e o resgate tardaria a conseguir salvá-los,
então nestas condições, de acordo com a teoria de Hobbes, que afirma que o
homem seu estado de natureza age instintivamente e utiliza-se de qualquer meio,
principalmente a violência, para conseguir o que quer, logo eles começariam a agir
por instinto para matar a fome e lutariam um contra o outro ferozmente para
sobreviver. Porém com o contrato não precisariam se utilizar da violência instintiva
para decidir quem iria morrer para salvar os demais, afinal todos concordaram em
fazê-lo e nesta ocasião não tinham opções para sobreviver, então mesmo que

2 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, art 5º.


8

perante a lei esse contrato seja inválido3 foi a melhor estratégia de sobrevivência
sem provocar caos.
Handy levanta questionamentos neste ponto sobre a natureza jurídica do
contrato, pode-se dizer quanto a este que é um contrato plurilateral, que de acordo
com a definição de Carlos Roberto Gonçalves: ”Plurilaterais, são os contratos que
envolvem mais de duas partes, como o contrato de sociedade com mais de dois
sócios[...]”. 4
Handy usa esse meio para mostrar que todos eles estavam completamente
de acordo com o tratado, quando este foi firmado, ainda que ele valesse a vida de
um deles, porém estavam dispostos sacrificar um para salvar a vida de quatro, pois
de outro modo morreriam dentro da caverna, mas decidiram arriscar para que
pudessem ter uma chance de continuar vivos.
Finalizando a questão contratual, o juiz Handy prossegue fazendo várias
objeções. Ele faz um tipo de analogia muito interessante onde demonstra que
acredita que a lei não deve fugir de seu propósito, mas deve ter interpretações que
se adéqüem aos mais variados tipos de situações para que não fuja de sua
finalidade que é a justiça. Ele deixa isso claro quando diz:
Acho que deveríamos tomar como nosso modelo, o bom administrador que
adapta os procedimentos e princípios ao caso em questão, selecionando
dentre os formulários disponíveis, o mais adequado para alcançar o
resultado correto.5

Assim, ele acredita na interpretação da lei que é capaz de adequá-la para


que ela não seja injusta, ao contrário do que pensa o juiz Keen que se auto intitula
como sendo imparcial e defende de maneira convicta e incisiva, que a lei é para ser
seguida tal como está escrita, se o fato corresponde ao que está escrito não importa
a circunstância em que aconteceu.
Seguindo o voto, encontramos outro ponto fundamental de seus
argumentos: a opinião pública. Logo que o caso ganhou repercussão na mídia, a
questão que as pessoas se posicionavam contra ou a favor era sobre a condenação
dos réus pela morte de Whetmore. As pessoas tinham as opiniões mais diversas

3 CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO, art 123.


4 GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro – Parte Geral, 11 ed. Volume 1. São Paulo:
Saraiva, 2013, p.330.
5 FULLER, Lon L., O caso dos exploradores de cavernas, 1 ed. São Paulo: Hunter Books, 2012, p.63

e p. 64
9

possível, entretanto a maioria delas posicionou-se contra a condenação dos


homens, e em torno disso Handy desenvolve seu raciocínio de defesa.
Handy menciona que de todos os ramos do governo, o poder Judiciário é o
que mais tem possibilidades de perder contato com o homem comum, pois as
pessoas reagem diante das situações conforme algumas características das
mesmas, enquanto os juízes dividem em fragmentos todas as situações que lhes
são apresentadas. A maioria dos demais juízes julga a opinião pública como não
sendo relevante, porém Handy defende sua importância no âmbito jurídico e não se
pode negar que ela tenha sim certa influência nas decisões do poder judiciário, não
devendo regê-lo nem determinar suas decisões, mas devendo ser acatada e
observada minuciosamente, pois tem sua importância e pode ajudar no
direcionamento das decisões, uma vez que cada um se posiciona do lado daquilo
que, dentro de seus princípios, considera justo.

Para reforçar a importância da opinião pública neste caso, Handy enfatiza


que noventa por cento das pessoas expressaram sua opinião de que os réus
deveriam ser perdoados ou receber uma punição simbólica, e afirma que isto é claro
e que se poderia saber sem enquete, apenas baseado no bom senso ou mesmo na
observação de que naquele Tribunal havia, aparentemente quatro homens e meio
que partilham da opinião comum. Desta forma fica claro a decisão que eles devem
tomar para preservar uma harmonia razoável e descente entre eles e a opinião
pública. 6
Observando esta colocação de Handy, é inevitável imaginar a reação de
indignação das pessoas e o sentimento de injustiça que recairia sobre a população,
se a decisão do Tribunal fosse contra a opinião de noventa por cento da população.
De acordo com a prudente opinião do juiz Handy, os réus não devem ser
condenados, pois isso seria injusto e não usaria do bom senso para com o problema
em questão, o que o deixa perplexo, pois afirma que aqueles homens já sofreram
mais tormento e humilhação do que a maioria de nós suportaria em mil anos.7

6 FULLER, Lon L., O caso dos exploradores de cavernas, 1 ed. São Paulo: Hunter Books, 2012, p.65
e p.66
7 FULLER, Lon L., O caso dos exploradores de cavernas, 1 ed. São Paulo: Hunter Books, 2012, p.77
10

3.2 CRÍTICA AO VOTO: KEEN E A APLICAÇÃO DA LEI

O juiz Keen defende que a lei deve ser cumprida tal como está escrita,
levando-se em consideração apenas o fato, independente da situação, da
circunstância e da ocasião em que ele ocorreu.
Primeiramente em seu voto, o juiz expõe sua opinião na condição de
cidadão, deixando bem claro que na sua concepção a profissão de juiz e os seus
sentimentos e moralidade enquanto pessoa devem estar completamente
desvinculados. Ele coloca que em sua opinião de cidadão, se ele fosse o chefe do
Executivo ele concederia perdão total a estes homens, pois eles já sofreram demais,
porém como ele é apenas o juiz, sua função não é instruir o Executivo quanto às
decisões que deve tomar a respeito disso.
Essa é uma maneira correta de pensar, pois valores morais se divergem de
pessoa para pessoa não podendo assim, determinar as decisões judiciais. Partindo-
se deste pressuposto, Keen diz:
A segunda questão que gostaria de deixar de lado diz respeito a decidir se o
que estes homens fizeram foi “certo” ou “errado”, “bom” ou “mau”. Esta é
outra questão que é irrelevante ao cumprimento de minha função como juiz,
juramentado a aplicar não as minhas concepções de moralidade, mas o
direito desta terra.8
Porém o que se deve questionar neste posicionamento de Keen é: Até que
ponto é justo seguir a lei ao pé da letra, sem abertura para interpretações que se
adequem as diversas situações em que será aplicada?
Cabe aos juízes interpretar as leis para aplicá-las no caso em questão, afinal
mais vale um bom juiz do que uma boa lei, como afirma o Código Geral da Suécia:
“Mais vale um juiz bom e prudente do que uma lei boa. Com um juiz mal e injusto
uma lei boa de nada serve, porque ele a verga e a torna injusta a seu modo”9
A lei que aqueles homens deveriam cumprir para que não sofressem a
punição era clara quando dizia que “quem intencionalmente tirar a vida de outrem
será punido com a morte”, assim como a lei do ordenamento jurídico brasileiro sobre

8 FULLER, Lon L., O caso dos exploradores de cavernas, 1 ed. São Paulo: Hunter Books, 2012, p. 47
e p.48
9 FULLER, Lon L., O caso dos exploradores de cavernas, 1 ed. São Paulo: Hunter Books, 2012, p. 85

Código Geral da Suécia, 1734.


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tirar a vida de outrem também é clara quando diz que: “Matar alguém: pena -
reclusão, de seis a vinte anos.10”
O que ocorre é que nem todos os crimes acontecem na mesma
circunstância ou pelos mesmos motivos por isso existe a jurisprudência, a
interpretação das leis e adequação dela é essencial para a concretização da justiça.
Faz sentido uma pessoa que matou por motivo fútil receber a mesma
sanção que uma pessoa que matou defendendo a própria vida ou por estar em
situação de perigo? Faz sentido quatro homens, dos quais o resgate custou a vida
de 10 operários, serem condenados à morte por terem tentado sobreviver? É certo
quatro homens que sacrificaram a vida de outro para se manterem vivos, morram
enforcados logo após o seu resgate, tornando vã a morte de seu companheiro?
Certamente que não.
É por isso as leis devem ser interpretadas de acordo com a situação em que
ocorreu o crime para que não venha ser injusta, aplicando a pena de maneira
proporcional aos acontecimentos que levaram ao ato, não deixando de punir quem a
violou, porém punindo de maneira correta, como acontece no nosso ordenamento
jurídico onde as circunstâncias do crime são fatores determinantes para a
rigorosidade da punição que será aplicada aos réus.
Como determinado no Código Penal Brasileiro, art 24º:
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se11

Utilizando-se brevemente dessa consideração consideração do direito penal,


pode-se observar que situação dos homens naquele momento de tensão dentro da
caverna entra em concordância com o conteúdo deste artigo, uma vez que eles não
estavam lá por vontade própria, mas sim por uma catástrofe natural que de modo
nenhum eles poderiam ter evitado, ademais estavam em uma situação que pode ser
considerada de perigo a mercê da própria sorte naquela caverna. Não se pode
afirmar que é justo tirar uma vida, porém neste caso onde desta vida dependiam
outras quatro, pode-se tornar mais leve a pena, uma vez que o crime tem justificativa
plausível.

10< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm> CÓDIGO PENAL, art 121,


acessado em: 04/04/2015.
11 < http://penalemresumo.blogspot.com.br/2010/06/art-24-estado-de-necessidade.html> CÓDIGO

PENAL, art 24, acessado em: 04/04/2015.


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O principal argumento do juiz Keen é seguir a lei tal como ela é. Ele também
observa argumentos que considera falhos no voto do juiz Foster, utilizando-se
dessas falhas para fortalecer a sua opinião.
Ao final, a conclusão de Keen é que a condenação dos réus deve ser
reafirmada, porém ainda que esses réus devam sofrer algum tipo de punição porque
tiraram a vida de outrem, essa punição não deve ser a morte, pois mataram na
tentativa de viver.
Keen chegou a uma conclusão que pode ser equivocada, pois o juiz só leva
em consideração a lei em si recusando-se a interpretar a lei juntamente com a
realidade, desprezando qualquer outro fato do enredo do caso.
13

4 CONCLUSÃO

Tendo em vista os aspectos jurídicos da obra “O caso dos exploradores da


caverna”, foi possível chegar a tais considerações, entretanto a riqueza de ideias e
argumentações da obra levam cada leitor a uma opinião e posicionamento
diferentes, e isso foi mostrado no presente trabalho por meio da manifestação de
duas opiniões referentes aos votos dos juízes do caso.
Além de se poder ter uma opinião a respeito da atitude dos réus, Fuller ainda
faz com que se vá além, observando as opiniões dos que estão responsáveis por
julgar o caso.
Procurou-se por meio do desenvolvimento deste trabalho, dar embasamento
jurídico para consolidar um posicionamento individual a respeito do polêmico caso
dos exploradores, defendo ou criticando não apenas baseando-se em princípios
pessoais, mas procurando fundamentar tudo de maneira eficaz.
14

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FULLER, Lon L., O caso dos exploradores de cavernas, 1 ed. São Paulo: Hunter
Books, 2012.

GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro – Parte Geral, 11 ed.


Volume 1. São Paulo: Saraiva, 2013.

CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO.

CÓDIGO PENAL BRASILEIRO, disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-


lei/del2848compilado.htm> acesso em: 04/04/2015.

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