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Prof.

Giuliano Contento de Oliveira


 Choque de juros dos EUA no final dos anos 1970:
retomada da hegemonia americana;
 Processos de abertura comercial e financeira;
 Contexto de intensificação da chamada 3ª Revolução
Industrial ou Revolução Tecno-científica;
 Processos de cathing-up na Ásia: Newly Industrialized
Countries > 1ª geração: Hong Kong, Singapore, South
Korea, and Taiwan; 2ª geração (Asian4 + China):
Tailândia, Indonésia, Malásia, Filipinas e China;
 Ascenção da China na economia mundial: “fábrica do
mundo” > mercado global de consumo de massa;
 Crises financeiras internacionais.
 Crise da dívida externa e alta inflação;
 Ajuste recessivo do BP;
 Planos de estabilização de preços;
 Problema interno da dívida externa > a expansão da
dívida pública;
 Anos 1980: primeira década perdida;
 Anos 1990: conquista da estabilidade de preços. Mas,
em relação ao crescimento econômico, segunda
década perdida;
 Brasil, assim, ficou praticamente de fora da 3ª
Revolução Industrial, submerso ao problema da dívida
externa e ao problema da alta inflação...
Inflação Mensal (%)
100,00
C
Collor 1
80,00

60,00
Real
Verão
40,00
Bresser Color 2
Cruzado
20,00

0,00

-20,00
1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

IGP-DI mensal de Jan/85 à Abril/97


Taxa de crescimento real do PIB (1980 - 1995)

10

-2

-4

-6
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995
Reservas Internacionais (Liquidez), em US$ bilhões, 1979/1999
70.000

60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

0
1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
 Anos 90 - Estabilização
◦ redução significativa das taxas de inflação
 Mas problemas e vulnerabilidades
persistem:
◦ Crescimento econômico comprometido
◦ Aumento das taxas de desemprego
◦ Vulnerabilidade externa
◦ Dívida pública com trajetória ascendente
 Plano Real: 3 fases:
a) Ajuste fiscal prévio
 Corte de despesas (PAI), aumento de impostos
(IPMF), diminuição de transferências (FSE)
b) Indexação completa da economia URV
 URV – unidade de conta com paridade fixa com o
dólar
 conversão dos preços e rendimentos
 Sistema bi-monetário, tentativa de simular efeitos
de uma hiperinflação em um moeda sem prejudicar
a outra e alcançar sincronia de preços
c) Reforma monetária – Real
 Quando preços “urvizados” troca URV por Real
 Queda rápida da inflação
◦ Mais lento que Cruzado
◦ Valorização cambial (real e nominal), entrada de recursos
externos e abertura comercial – camisa de força para
preços
◦ Bens tradeables x não tradeables – trajetórias diferentes
 Crescimento da demanda: Consumo e
Investimento
◦ Aumento do poder aquisitivo – fim do imposto
inflacionário
◦ Recomposição dos mecanismos de crédito
◦ Demanda reprimida
◦ Aumento do horizonte de previsão
◦ Ilusão monetária
R$/US$

0,700
0,900
1,100
1,300
1,500
1,700
1,900
2,100
Jul/94
Out/94
Jan/95
Abr/95

Câmbio Nominal
Jul/95
Out/95
Jan/96
Abr/96
Jul/96
Out/96
Jan/97
Abr/97

Deflacionado IGP
Jul/97
Out/97
Jan/98
Abr/98
Jul/98
Out/98
Jan/99
Deflacionado IPA
Taxa de Câmbio Nominal e Deflacionada, Jul/94 a Fev/00.

Abr/99
Jul/99
Out/99
Jan/00
 Combinação apreciação cambial, abertura e
demanda aquecida - aparecimento de déficits
comerciais
 Financiamento com queima de reservas e/ou
entrada de recursos (endividamento externo)
 Brasil dois problemas:
◦ Pauta de importação: excesso de bens de consumo –
dificuldade com capacidade futura de pagamento da
dívida
◦ Entrada de capital de curto prazo
Exportações e Importações, em US$ Milhões Acumulados Últimos 12 meses,
Jan/94 a Dez/99
65.000
60.000
55.000
50.000
45.000
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
abr/95

abr/96

abr/97

abr/98
jan/96

jan/97

jan/98

jan/99
jan/94
abr/94

jan/95

abr/99
jul/95

jul/96
jul/94
out/94

out/95

jul/97

jul/98

jul/99
out/96

out/97

out/98

out/99
Exportações Importações
 Juros altos e entrada de recurso mas com não
valorização cambial – ampliação de reservas
 Para evitar impacto monetário – esterilização:
ampliação da dívida pública interna, dado que
não se conseguia obter superávits fiscais
 A partir de então define-se uma trajetória de
stop and go em que os condicionantes externos
dão o ritmo da economia brasileira:
• crise externa > aumento dos juros > contração
econômica
• alívio externo > diminuição dos juros >
crescimento
 Depois da crise mexicana, de 1994-95...
 Crise asiática:
◦ Aumento dos juros e recomposição das reservas
◦ Pacote fiscal não cumprido
 Crise Russa:
◦ Também elevação juros e pacote fiscal, mas
reservas não se recuperam
 Dificuldades no Brasil
◦ Elevação dos spreads
◦ Sustentação cambial difícil – desvalorização
eminente
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000

0
Jan/93
Mai/93
Set/93

Jan/94
Mai/94
Set/94
Jan/95
Mai/95
Set/95 México

Jan/96
Mai/96
Set/96
Jan/97
Mai/97
Set/97
Jan/98
Ás ia

Mai/98
Set/98
Jan/99
Reservas Internacionais, em US$ milhões, Jan/93 a Fev/00

Rússia

Mai/99
Set/99

Jan/00
 Depois da crise russa – desvalorização eminente:
duas ressalvas para ela ocorrer:
◦ Calendário eleitoral (reeleição FHC)
◦ Exposição do setor privado à desvalorização cambial
(setor privado com passivos em moeda externa)
 2º semestre 1998 – preparação para
desvalorização
◦ Pacote com o FMI
◦ Governo assume risco cambial (dá hedge para setor
privado: mercado futuro e à vista de dólar, dívida pública
interna com clausula cambial) – socialização dos prejuízos
 Janeiro 1999 – cambio flutuante e desvalorização
 Desvalorização- riscos :
◦ volta da inflação - México
◦ contração econômica – Ásia
 Brasil adota sistema de metas para a inflação
◦ Inflação pequena elevação no curto prazo mas não
permanente
◦ Não grande contração como Ásia
 não grande efeito patrimonial da desvalorização
 Existe alguma substituição de importações,
 recuperação do crescimento reprimido por manutenção de
juros elevados
◦ Desvalorização permite queda da taxa de juros mas
inferior ao imaginado, juros mantidos altos em
função das dificuldades externas e da inflação
◦ Setor comercial externo – recuperação lenta,
 maior sensibilidade no curto prazo ao crescimento econômico
 Também problemas com termos de troca
 Dificuldade em se recompor mecanismos exportadores
◦ Problema nas Finanças Públicas
 Efeitos patrimoniais da desvalorização suportada por Governo
– ampliação do endividamento público
 Para evitar explosão da dívida pública necessário geração de
superávits fiscais primários, também para compensar
pagamentos de juros
 expressivo aumento da carga tributária federal não
compartilhada e implementação da LRF
A Política Econômica de FHC
Câmbio semi-fixo

1o Gov. FHC Fragilidade externa

Desequilíbrio fiscal

Câmbio flutuante

2o Gov. FHC Fragilidade externa

Ajuste fiscal
A Política Econômica de FHC
Inflation targeting

Tripé de Câmbio flutuante


Políticas
Austeridade fiscal

Crescimento econômico

Ficou devendo Crédito

Superação fragilidade externa


A Política Econômica de Lula
Inflation targeting

Tripé de Câmbio flutuante


Políticas
Austeridade fiscal

- Pelo menos até a crise, aprofundamento do tripé de


política econômica - “rompimento com a ruptura”...
- Aprofundamento da liberalização financeira – redução da
dívida externa, aumento do passivo externo líquido...
◦ Mudanças no cenário internacional
 Abundância da liquidez mundial
 Efeito-China
◦ Em relação ao ambiente interno
 Elevação das reservas internacionais e redução da fragilidade
externa
 Programas de transferência de renda e política de aumento do
salário mínimo
 Crescimento do crédito, do emprego e da massa de
rendimentos
◦ Consequências
 Taxa de crescimento econômico maior e menos volátil
 Mobilidade social – nova classe média
 Tendência à apreciação da taxa de câmbio
◦ Os efeitos da crise global deflagrada em 2008: recessão em
2009, mas recuperação mediante implementação de políticas
anticíclicas;
◦ Estratégia de crescimento baseada no consumo de massa,
mediante políticas de transferência de renda, aumento do
gasto social, recuperação do salário mínimo e acesso ao
crédito, vai explicitando seus limites e os problemas do lado
da oferta;
◦ Crescimento puxado pela demanda não propiciou
transformações do lado da oferta: condições macro
inadequadas (câmbio valorizado e taxa de juros alta) +
limitada capacidade de investimento público;
◦ No mais, inflação sistematicamente acima da meta central e
redução dos superávits fiscais primários depois de 2011,
tornando-se negativo em 2014;
◦ Depois da recuperação dos preços das commodities passado
o imediato pós-crise, verificou-se expressiva queda dos
preços das commodities a partir de 2011...
◦ Em uma economia, frise-se, cada vez mais dependente dos
ciclos de commodities...
◦ Tentativa, no primeiro governo Dilma, de avançar no lado da
oferta a partir de políticas de subsídios e renúncias fiscais
(desonerações). Para, assim, estimular a oferta. Estratégia,
como se sabe, naufragou;
◦ Além disso, governo Dilma passou a intervir na
rentabilidade das concessões públicas e nos preços
administrados pelo governo, o que atribuiu inviabilidade
a diversos projetos de investimento em infraestrutura;
◦ Contração do crescimento reduziu a arrecadação e
dificultou a gestão das finanças públicas;
◦ Deterioração das contas públicas a partir de 2012, diante
da desaceleração econômica e das desonerações fiscais;
◦ Nesse contexto macro adverso e político cada vez mais
difícil, ocorreu a tentativa de ajuste fiscal no segundo
mandato de Dilma > abandono da “nova matriz macro”
pelo tripé tradicional.
◦ Políticas contracionistas (fiscal e monetária), contudo,
exerceram impactos econômicos altamente adversos,
acentuando o quadro de deterioração fiscal;
◦ Desvalorização cambial, aumento do déficit fiscal e
elevação da dívida pública em 2015;
◦ Como se não bastante, forte recrudescimento da inflação;
◦ Resultado: forte recessão e elevação da inflação.
◦ Crescimento sem reformas estruturais
 Reforma administrativa
 Reforma tributária
 Reforma financeira
 Reforma do judiciário
 Reforma do sistema educacional – incluindo P&D

◦ Resultantes
 Produtividade total dos fatores
 Custo Brasil – produção, logística/distribuição etc.
 Problemas de gestão do setor público
 Competitividade internacional
BIBLIOGRAFIA

GREMAUD, A. P.; VASCONCELOS, M. A. S.; TONETO Jr., R. Economia


brasileira contemporânea. 5a ed. São Paulo: Atlas, 2004. cap.18.

GIAMBIAGI, F. et. al. Economia brasileira contemporânea. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2005. caps.7 e 8.

MELLO, G.; ROSSI, P. Do industrialismo à austeridade: a política macro


dos governos Dilma. Texto para Discussão 309, IE-Unicamp, jun.2017.

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