Você está na página 1de 20

Professor: Paulo Henrique Barbosa Galdino

Disciplina: Geometria Analítica

Planos no Espaço

2019/01
Planos no Espaço
Da Geometria Euclidiana podemos afirmar que um plano 𝜋, no espaço ℝ3 , fica
determinado se tivermos:

1) um ponto 𝐴 ∈ 𝜋 e um vetor 𝑛 perpendicular a 𝜋;

2) um ponto 𝐴 ∈ 𝜋 e dois vetores 𝑢 e 𝑣 não colineares paralelos a 𝜋;

3) três pontos não alinhados 𝐴, 𝐵 e 𝐶 pertencentes a 𝜋;

4) duas retas não paralelas 𝑟 e 𝑠, contidas em 𝜋;

5) duas retas paralelas, não coincidentes, 𝑟 e 𝑠, contidas em 𝜋;

6) uma reta 𝑟 ⊂ 𝜋 e um ponto 𝐴 ∉ 𝑟.

Cada uma dessas situações será exemplificada e cada um desses planos será
representado por uma equação do primeiro grau nas variáveis 𝑥, 𝑦 e 𝑧. Além disso,
iremos observar que todas essas situações são equivalentes.
Equação Geral do Plano
Seja um ponto 𝐴(𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) pertencente ao plano 𝜋, que é perpendicular ao vetor
𝑛 = 𝑎𝑖 + 𝑏𝑗 + 𝑐𝑘.

Para qualquer ponto 𝑋(𝑥 , 𝑦 , 𝑧) pertencente a esse plano, é correto afirmar-se que
os vetores 𝑛 e 𝐴𝑋 são perpendiculares, ou seja,

𝑛 ∙ 𝐴𝑋 = 0 .
Substituindo-se as coordenadas dos vetores em 𝑛 ∙ 𝐴𝑋 = 0, obtém-se

𝑎 , 𝑏 , 𝑐 ∙ 𝑥 − 𝑥0 , 𝑦 − 𝑦0 , 𝑧 − 𝑧0 = 0

𝑎 𝑥 − 𝑥0 + 𝑏 𝑦 − 𝑦0 + 𝑐 𝑧 − 𝑧0 = 0

𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 − 𝑎𝑥0 − 𝑏𝑦0 − 𝑐𝑧0 = 0 .

Tomando-se d = −𝑎𝑥0 − 𝑏𝑦0 − 𝑐𝑧0 , tem-se que a Equação Geral do Plano é:

𝜋 ∶ 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 + 𝑑 = 0 .

Observe que os coeficientes de 𝑥, 𝑦 e 𝑧, na equação geral do plano, são exatamente


as coordenadas do vetor 𝑛 = (𝑎 , 𝑏 , 𝑐) denominado Vetor Normal, que não pode ser
nulo.
Exemplo 27:
1) Encontre a equação geral do plano 𝜋 que tem como vetor normal 𝑛 = (4,5,6) e,
passa pelo ponto 𝐴(1,0,2).
2) Determine a equação geral do plano paralelo aos vetores 𝑢 = (1 , 2 , 1) e
𝑣 = (2 , 0 , −1) e contém o ponto 𝐴(1 , 1 , 1).

OBSERVAÇÃO: o problema do item 2) pode ser resolvido de outra forma, basta


usarmos o fato dos vetores 𝑢 , 𝑣 e 𝐴𝑋 serem coplanares, como mostra a figura
abaixo.
Ou seja,
𝑥−1 𝑦−1 𝑧−1
𝐴𝑋 , 𝑢 , 𝑣 = 1 2 1 =0
2 0 −1
−2𝑥 + 3𝑦 − 4𝑧 + 3 = 0 .

Como 𝑋(𝑥 , 𝑦 , 𝑧) é um ponto qualquer do plano, essa equação apresenta todos os


pontos do plano 𝜋, isto é, temos a equação geral do plano
𝜋 ∶ −2𝑥 + 3𝑦 − 4𝑧 + 3 = 0 .
Exemplo 28:
1) Encontre a equação geral do plano 𝜋 que passa pelos pontos 𝐴(1,1,1), 𝐵(1,2,3)
e 𝐶(4,3,2).

2) Determine a equação geral do plano π que contém as retas

𝑦−2 𝑧+3 𝑥 = −1 + 2𝑡
𝑟 ∶ 𝑥−1= = 𝑒 𝑠 ∶ 𝑦 = 2𝑡 𝑡∈ℝ .
2 −3
𝑧 = 3 − 6𝑡

3) Encontre a equação geral do plano π que contém as retas

𝑥 =2−𝑡
𝑦 = 2𝑥 + 2
𝑟 ∶ 𝑦 = 3 − 2𝑡 𝑡 ∈ ℝ 𝑒 𝑠: .
𝑧 = 3𝑥 + 1
𝑧 = −1 − 3𝑡

4) Encontre a equação geral do plano π que passa pelo ponto 𝐴(3 , 2 , 1) e que
𝑥 = 1 + 2𝑡
contém a reta 𝑟 ∶ 𝑦 = 2 + 𝑡 𝑡 ∈ ℝ.
𝑧 = 3 + 3𝑡
OBSERVAÇÃO:
Resumidamente, dadas as condições para se determinar um plano π, será sempre
possível obter-se dois vetores não colineares 𝑢 e 𝑣 paralelos a π e um ponto 𝐴 ∈ 𝜋.

Daí temos três soluções básicas:

1) 𝑢 × 𝑣 = 𝑛 e daí, 𝜋 ∶ 𝑛 ∙ 𝐴𝑋 = 0 ;

2) 𝜋 ∶ 𝑢 , 𝑣 , 𝐴𝑋 = 0 ;

3) 𝑢 × 𝑣 = 𝑛 = (𝑎 , 𝑏 , 𝑐) e daí, substituindo-se as coordenadas do ponto 𝐴 na


equação 𝜋: 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 + 𝑑 = 0, obtém-se o valor de 𝑑, ficando assim
determinada a equação geral de 𝜋.
Plano que passa pela Origem:
Um plano π passa pela origem dos eixos coordenados se, e somente se, o termo
constante de sua equação geral for nulo, ou seja:

𝜋 ∶ 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 = 0

Ângulo entre dois Planos:


Sejam 𝜋1 e 𝜋2 dois planos com vetores normais dados , respectivamente, por
𝑛1 = (𝑎1 , 𝑏1 , 𝑐1 ) e 𝑛2 = (𝑎2 , 𝑏2 , 𝑐2 ) .

Geometricamente,
O ângulo entre os dois planos é definido então como sendo o menor ângulo
formado entre as direções dos vetores normais de 𝜋1 e 𝜋2 .

Em decorrência dessa definição, para calcularmos o ângulo entre os planos 𝜋1 e 𝜋2 ,


usamos a fórmula

𝑛1 ∙ 𝑛2
cos 𝛼 = , 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 0 ≤ 𝛼 ≤ 𝜋 2 .
𝑛1 𝑛2

Exemplo 29:
Determine o ângulo formado entre os planos 𝜋1 ∶ 4𝑥 − 6𝑦 + 10𝑧 − 3 = 0 e
𝜋2 ∶ 3𝑥 + 𝑦 + 4𝑧 + 13 = 0.
Posicionamento de um Plano em relação
aos Eixos e Planos Coordenados:
Para estudarmos o posicionamento de um plano 𝜋: 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 + 𝑑 = 0, em
relação aos eixos e planos coordenados, utilizamos o vetor normal desse plano.

Como o vetor normal 𝑛 é perpendicular ao plano π, caso 𝑛 seja paralelo ou


perpendicular a um dos eixos ou planos coordenado, o plano π será,
respectivamente, perpendicular ou paralelo a esse eixo ou plano.
1) PLANOS PARALELOS AOS EIXOS COORDENADOS:

Um plano 𝜋: 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 + 𝑑 = 0 é paralelo a um dos eixos coordenados se, e


somente se, um dos coeficientes dos termos não constantes, de sua equação, for
nulo.

a) Quando o plano é paralelo ao eixo das abscissas (𝑂𝑥) tem equação:

𝜋: 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 + 𝑑 = 0, pois 𝑛 = (0 , 𝑏 , 𝑐) ⊥ 𝑂𝑥.
b) Quando o plano é paralelo ao eixo das ordenadas (𝑂𝑥) tem equação:
𝜋: 𝑎𝑥 + 𝑐𝑧 + 𝑑 = 0, pois 𝑛 = (𝑎 , 0 , 𝑐) ⊥ 𝑂𝑦.

c) Quando o plano é paralelo ao eixo das cotas (𝑂𝑧) tem equação:


𝜋: 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑑 = 0, pois 𝑛 = (𝑎 , 𝑏 , 0) ⊥ 𝑂𝑧.
2) PLANOS PARALELOS AOS PLANOS COORDENADOS:

Um plano 𝜋: 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 + 𝑑 = 0 é paralelo a um dos planos coordenados se, e


somente se, dois dos coeficientes dos termos não constantes, de sua equação, forem
nulos.

a) Quando o plano é paralelo ao plano 𝑥𝑂𝑦 tem equação:

𝜋: 𝑐𝑧 + 𝑑 = 0, pois 𝑛 = (0 , 0 , 𝑐) ⊥ 𝑥𝑂𝑦.
b) Quando o plano é paralelo ao plano 𝑥𝑂𝑧 tem equação:
𝜋: 𝑏𝑦 + 𝑑 = 0, pois 𝑛 = (0 , 𝑏 , 0) ⊥ 𝑥𝑂𝑧.

c) Quando o plano é paralelo ao plano 𝑦𝑂𝑧 tem equação:


𝜋: 𝑎𝑥 + 𝑑 = 0, pois 𝑛 = (𝑎 , 0 , 0) ⊥ 𝑦𝑂𝑧.
Exemplo 30:
Dê o posicionamento dos planos em relação aos eixos e planos:

a) 𝜋1 ∶ 2𝑥 − 3𝑦 − 2 = 0

RESPOSTA: 𝑛1 = (2 , −3 , 0), portanto, o plano 𝜋1 é paralelo ao eixo das cotas ou, de


outra forma, é perpendicular ao plano 𝑥𝑂𝑦.

b) 𝜋2 : 4𝑥 − 5 = 0

RESPOSTA: 𝑛2 = (4 , 0 , 0), portanto, o plano 𝜋2 é perpendicular ao eixo das


abcissas ou, de outra forma, é paralelo ao plano 𝑦𝑂𝑧.

c) 𝜋3 ∶ −2𝑦 + 𝑧 − 3 = 0

RESPOSTA: 𝑛3 = (0 , −2 , 1), portanto, o plano 𝜋3 é paralelo ao eixo das abcissas ou,


de outra forma, é perpendicular ao plano 𝑦𝑂𝑧.
d) 𝜋4 ∶ 𝑥 + 𝑦 − 5𝑧 = 0

RESPOSTA: 𝑛4 = (1 , 1 , −5), portanto, o plano 𝜋4 passa pela origem dos eixos


coordenados.

e) 𝜋5 ∶ 3𝑦 − 1 = 0

RESPOSTA: 𝑛5 = (0 , 3 , 0), portanto, o plano 𝜋5 é perpendicular ao eixo das


ordenadas ou, de outra forma, é paralelo ao plano 𝑥𝑂𝑧.

f) 𝜋6 ∶ 𝑥 − 𝑧 = 0

RESPOSTA: 𝑛6 = (1 , 0 , −1), portanto, o plano 𝜋6 é paralelo ao eixo das ordenadas


ou, de outra forma, é perpendicular ao plano 𝑥𝑂𝑧 e passa pela origem.

g) 𝜋7 ∶ 𝑧 = 0

RESPOSTA: 𝑛7 = (0 , 0 , 1), portanto, o plano 𝜋7 é perpendicular ao eixo das cotas


ou, de outra forma, é paralelo ao plano 𝑥𝑂𝑦.
Posicionamento entre Planos:
No espaço, temos que o plano 𝜋1 : 𝑎1 𝑥 + 𝑏1 𝑦 + 𝑐1 𝑧 + 𝑑1 = 0 e o plano
𝜋2 : 𝑎2 𝑥 + 𝑏2 𝑦 + 𝑐2 𝑧 + 𝑑2 = 0 podem ser paralelos ou concorrentes.
No paralelismo, os planos podem ainda ser coincidentes e na concorrência temos o
caso especial de perpendicularismo.
a) PLANOS PARALELOS
O plano 𝜋1 é paralelo ao plano 𝜋2 se, e somente se, os seus vetores normais
𝑛1 = (𝑎1 , 𝑏1 , 𝑐1 ) e 𝑛2 = (𝑎2 , 𝑏2 , 𝑐2 ) forem paralelos, ou seja, obedecerem à
condição de paralelismo:
𝑎1 𝑏1 𝑐1
= = .
𝑎2 𝑏2 𝑐2
Geometricamente, temos:

No caso da coincidência, as equações dos planos são proporcionais, ou seja,


𝑎1 𝑏1 𝑐1 𝑑1
= = = .
𝑎2 𝑏2 𝑐2 𝑑2
Exemplo 31:
Os planos 𝜋1 ∶ 2𝑥 − 3𝑦 + 𝑧 − 1 = 0 e 𝜋2 : 4𝑥 − 6𝑦 + 2𝑧 − 11 = 0 são paralelos
não coincidentes e o plano 𝜋3 ∶ 6𝑥 − 9𝑦 + 3𝑧 − 3 = 0, além de ser paralelo aos
dois, coincide com o plano 𝜋1 .

VERIFIQUE ESTAS AFIRMAÇÕES!!


b) PLANOS PERPENDICULARES
Os planos 𝜋1 e𝜋2 são perpendiculares quando suas direções são perpendiculares e
isso acontece se, e somente se, os seus vetores normais 𝑛1 e 𝑛2 forem
perpendiculares, ou seja, 𝑛1 ∙ 𝑛2 = 0.
Geometricamente, temos:
Exemplo 32:
Encontre o valor real 𝑚 para que os planos 𝜋1 ∶ 𝑚𝑥 − 𝑦 + 2𝑧 + 3 = 0 e
𝜋2 : 3𝑥 + 4𝑦 − 𝑚𝑧 + 2 = 0 sejam perpendiculares.

Você também pode gostar