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11/06/2019 Governo Bolsonaro se blinda e adota cautela com Moro, mas prevê agitação política - 11/06/2019 - Poder - Folha

GOVERNO BOLSONARO (HTTPS://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/ESPECIAL/2018/GOVERNO-BOLSONARO)


LAVA JATO (HTTPS://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/ESPECIAL/2014/PETROLAO)

Governo Bolsonaro se blinda e adota cautela com


Moro, mas prevê agitação política
Presidente não se pronunciou sobre vazamento, e auxiliares recomendam aguardar
revelação de novos diálogos

11.jun.2019 às 2h00

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2019/06/11/)

Bruno Boghossian

BRASÍLIA O governo Jair (https://www1.folha.uol.com.br/especial/2018/governo-bolsonaro/)Bolsonaro


(https://www1.folha.uol.com.br/especial/2018/governo-bolsonaro/) adotou cautela em relação ao

vazamento de conversas (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/site-publica-mensagens-que-


mostram-colaboracao-entre-moro-e-deltan-na-lava-jato.shtml) entre o ex-juiz Sergio Moro e o

procurador Deltan Dallagnol. A equipe do presidente


(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/demissao-de-moro-jamais-foi-discutida-diz-porta-voz-de-bolsonaro-apos-

quer evitar movimentos prematuros, antes que fique clara a


vazamentos.shtml)

dimensão completa do caso.

Embora aliados do presidente tenham defendido o ministro da Justiça


(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/se-nao-for-possivel-manter-coaf-no-ministerio-da-justica-paciencia-afirma-

e afirmado que Bolsonaro confia em Moro, seus


moro.shtml)

auxiliares recomendaram que o presidente aguarde a revelação de outros


trechos dos diálogos entre o ex-juiz da Lava Jato
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/justica-federal-autoriza-devolucao-de-r-681-milhoes-recuperados-pela-lava-

jato.shtml) e integrantes da força-tarefa da operação. 

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/governo-bolsonaro-se-blinda-e-adota-cautela-com-moro-mas-preve-agitacao-politica.shtml 1/7
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O presidente Jair Bolsonaro conversa com o vice, Hamilton Mourão, em evento nesta segunda-
feira (10) - André Coelho/Folhapress

Em evento durante a tarde desta segunda (10),  Bolsonaro ignorou o caso e


não deu entrevistas. Mais cedo, filhos do presidente defenderam o ministro
da Justiça. Eduardo e Carlos publicaram mensagens
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/filhos-de-bolsonaro-saem-em-defesa-de-moro-e-criticam-vazamento-de-

mensagens.shtml) nas redes sociais para enaltecer seu trabalho na Lava Jato.  

No fim da tarde, o Palácio do Planalto informou que Bolsonaro não se


pronunciaria sobre o assunto. O porta-voz do governo, general Otávio Rêgo
Barros, disse que o presidente conversaria com Moro antes de se manifestar.
Ele acrescentou que “jamais” se discutiu uma possível demissão
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/demissao-de-moro-jamais-foi-discutida-diz-porta-voz-de-bolsonaro-apos-

vazamentos.shtml) do ministro.

Horas depois, segundo a TV Globo, o secretário de Comunicação do governo,


Fábio Wajngarten, afirmou que o presidente dera uma declaração sobre o
caso: “Nós confiamos irrestritamente no ministro Moro”. Assessores políticos
de Bolsonaro afirmam que Moro continua sendo uma das figuras mais

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populares do país. Eles temem, porém, que uma defesa precipitada seja
atropelada por informações ainda desconhecidas. A estratégia seria, então,
blindar o presidente de desgastes

A ordem, além disso, é afastar o presidente de qualquer ato pregresso de


Moro. A avaliação é que o conteúdo das conversas, até agora, não tem relação
com o governo e com a atuação do ex-juiz como ministro. Segundo um
aliado, um passo apressado levaria a crise para dentro do Planalto.

Mensagens divulgadas no domingo (9) pelo site The Intercept Brasil


mostram que Moro e Deltan trocavam colaborações
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/entenda-os-episodios-da-lava-jato-discutidos-por-moro-e-deltan-em-

conversas-vazadas.shtml) quando
integravam a força-tarefa da Lava Jato. Os dois
discutiam processos em andamento e comentavam pedidos feitos à Justiça
pelo Ministério Público Federal.

Após a publicação das reportagens, a equipe de procuradores da operação


divulgou nota (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/associacao-dos-procuradores-defende-lava-jato-e-
condena-obtencao-ilicita-de-dados.shtml) chamando a revelação de mensagens de “ataque

criminoso à Lava Jato”.  O pacote de diálogos inclui mensagens privadas e de


grupos da força-tarefa no aplicativo Telegram de 2015 a 2018. Parte deles se
refere ao processo do tríplex em Guarujá (SP) em que o ex-presidente Lula
foi condenado (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/04/stj-forma-maioria-para-reduzir-pena-e-lula-pode-
sair-da-prisao-ainda-neste-ano.shtml).

A equipe do governo, no entanto, prevê agitação no Congresso com a


divulgação das conversas entre o ex-juiz e Deltan. Um assessor diz que os
parlamentares certamente farão “um carnaval”.

RESUMO DOS DIÁLOGOS EM 3 PONTOS

1. Troca de colaborações entre o então juiz Sergio Moro e o procurador


Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato
2. Dúvidas de Deltan a respeito da solidez das provas que sustentaram a
primeira denúncia apresentada contra o ex-presidente Lula

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3. Conversas em um grupo em que procuradores comentam a solicitação


feita pela Folha para entrevistar Lula na cadeia

Nesta segunda, a bancada oposicionista na Câmara já declarou


(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/oposicao-pede-afastamento-de-moro-e-diz-que-obstruira-votacoes-no-

que pretende obstruir todas as votações, na tentativa de emperrar


congresso.shtml)

propostas de interesse do governo. Além disso, deputados devem apresentar


requerimento de convocação para que o ministro tenha que dar explicações
à Casa.

A cúpula do Congresso considera muito provável a abertura de uma CPI


(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/congresso-ve-cpi-sobre-moro-como-provavel-e-planalto-se-afasta.shtml)

(Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o conteúdo das


conversas. Já na noite de domingo, líderes partidários relataram essa
possibilidade ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/bolsonaro-tera-de-nos-aturar-por-dois-anos-e-vice-versa-dizem-maia-e-

alcolumbre.shtml) (DEM-RJ).

O cenário foi discutido numa reunião na manhã desta segunda entre Maia, o
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/bolsonaro-
tera-de-nos-aturar-por-dois-anos-e-vice-versa-dizem-maia-e-alcolumbre.shtml) (DEM-AP), e o presidente

do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli.

Aliados dos chefes da Câmara e do Senado dizem acreditar que há chance de


criação de uma comissão que investigue uma suposta aliança ilegal entre
Moro e o Ministério Público Federal nos processos da Lava Jato. Eles evocam
um clássico clichê das CPIs: todos sabem como começam, mas ninguém sabe
como acabam.

O governo estima, por ora, que pautas como a reforma da Previdência


(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/previdencia/) não sofrerão abalo significativo. O

Planalto deve concentrar sua atenção e sua força política nessas discussões,
o que significa que deve poupar energia na defesa de Moro no Congresso.

Nesse cenário, a ala política do governo preferiu por enquanto a prudência,


enquanto ministros militares defenderam Moro. O general Augusto Heleno

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(Gabinete de Segurança Institucional) acusou adversários de tentar “macular


a imagem” do ex-juiz. O vice-presidente Hamilton Mourão
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/conversa-privada-e-conversa-privada-diz-mourao-sobre-mensagens-de-

moro.shtml) afirmou que Moro tem a confiança de Bolsonaro e é respeitado pela


população. 

Apesar da cautela, os principais integrantes do Planalto buscam defender a


operação e o ex-juiz, até porque as investigações da Lava Jato e o desgaste da
classe política fizeram parte do discurso que elegeu Bolsonaro.

Os auxiliares do presidente, no entanto, querem reduzir os potenciais danos


políticos causados pelo episódio.

A ala mais pragmática do Planalto defende que Moro não seja indicado para a
primeira vaga aberta no STF (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/bolsonaro-diz-que-vai-indicar-
(Supremo Tribunal Federal), no ano que vem, mas
sergio-moro-para-vaga-no-stf.shtml)

espere até 2021, quando o ministro Marco Aurélio deve se aposentar.

Na opinião de um auxiliar de Bolsonaro, essa estratégia daria tempo a Moro


para criar uma marca no Ministério da Justiça e mitigar a imagem de que
atuou politicamente para ganhar uma cadeira na corte.

Os cuidados adotados por Bolsonaro até agora podem se refletir na proteção


política dada a Moro, segundo os congressistas. Em episódios recentes, o
governo não gastou seu capital político em favor dos interesses do ministro.

O ex-juiz enfrentou um território hostil no Congresso ao brigar pela


manutenção do (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/senado-aprova-texto-base-de-mp-de-bolsonaro-
situacao-do-coaf-ainda-e-discutida.shtml)Coaf (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/senado-aprova-texto-

base-de-mp-de-bolsonaro-situacao-do-coaf-ainda-e-discutida.shtml) (Conselho
de Controle de
Atividades Financeiras) no Ministério da Justiça, sem a ajuda do Planalto.
Também houve pouco empenho do presidente na articulação do pacote
anticrime (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/06/por-previdencia-governo-adia-campanha-publicitaria-de-
pacote-anticrime-de-moro.shtml), que endurece leis contra o crime organizado e a

corrupção.

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Líderes parlamentares avaliam que a crise desencadeada pela divulgação das


mensagens deve atrasar ainda mais a tramitação dos projetos. Em
comentários reservados, eles dizem que parte das propostas representa uma
tentativa de dar amparo legal às medidas tomadas pela Lava Jato.

O relator do pacote na Câmara, deputado Capitão Augusto (PL-SP),


apresentará seu parecer ao grupo de trabalho criado para discutir o assunto
na quinta (13). Caberá ao presidente da Câmara definir se criará uma
comissão especial para discutir o texto ou se ele será levado logo ao plenário.

“Esperávamos votar neste semestre, e o que pode acontecer é postergar para


o semestre seguinte”, disse à Folha o relator do pacote na Câmara.

No Senado, Eliziane Gama (Cidadania-MA) também afirma que a nova crise


deve atrasar os trabalhos no Senado.

“O Congresso é muito sensível a qualquer fato político novo. O pacote


anticrime, que sofria resistências localizadas e partidárias, vai exigir agora
mais debates e negociações para ser aprovado”, disse a senadora, que
apresentou as medidas de Moro na Casa.

Colaboraram Igor Gielow, Talita Fernandes, Daniel Carvalho e Angela Boldrini

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