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XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
RESUMO
Neste trabalho foi feito um estudo sobre a influência de defeitos de soldagem (penetração
incompleta da junta, mordedura e reforço excessivo) na resistência à fadiga de juntas
soldadas, típicas de alterações veiculares. Com este estudo objetivou-se gerar dados para o
estabelecimento de uma metodologia de inspeção de soldas realizadas em adaptações da
estrutura de veículos de carga. Ensaios de fadiga, simulando o carregamento e esforços em
uma junta soldada, no caso a do alongamento de chassis de caminhões, foram realizados
em corpos de prova retirados de chapas de testes. Os resultados obtidos mostraram que
existe um tamanho crítico para cada tipo de defeito, de forma que um critério de
aceitabilidade pode ser experimentalmente estabelecido, contrariando a metodologia de
inspeção atualmente em uso pelos órgãos credenciados.
ABSTRACT
It has been performed a study on the influence of welding defects such as incomplete joint
penetration, undercut, and excessive reinforcement on the fatigue resistance of welded joints
typical of vehicular alterations. With this study it is aimed to form a basis of data to establish a
methodology for inspection of welding performed on the adaptations of the structure of cargo
vehicles. Fatigue tests simulating the loading and straining of a welded joint have been
performed, for the case of lengthening a truck chassis, using samples taken from test plates.
The obtained results show that there is a critical size for each type of defect, in such a way
that an acceptability criterion can be experimentally established. This approach contradicts
the usual inspection procedure currently performed by the certified vehicular alterations
organizations.
(1)
- Engenheiro Mecânico, Msc em Soldagem, membro do LAPROSOLDA da Universidade Federal de
Uberlândia, 38400-902, Uberlândia, MG, tel (034) 239 4192, fax (034) 239 4206, e-mail: admilson@ufu.br
(2)
- Engenheiro Mecânico, PhD em Soldagem, professor/pesquisador do LAPROSOLDA da Universidade
Federal de Uberlândia, 38400-902, Uberlândia, MG, tel (034) 239 4192, fax (034) 239 4206, e-mail:
ascotti@ufu.br,
(3)
- Engenheira Mecânica, PhD em Comportamento Mecânico, professora/pesquisadora do LCMM da
Universidade Federal de Uberlândia, 38400-902, Uberlândia, MG, tel (034) 239 4192, fax (034) 239 4206, e-
mail: goulart@ufu.br
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XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
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INTRODUÇÃO
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na junta soldada. As tensões são amplificadas quando o defeito diminui a área da seção
resistente da junta, e são concentradas quando o defeito provoca um entalhe na junta.
Alguns tipos de defeitos provocam tanto amplificação quanto concentração de tensões.
Juntas soldadas com presença de defeitos e submetidas a tensões cíclicas, podem
falhar por fadiga. Segundo Shigley [7], a falha por fadiga começa em uma pequena trinca que
se desenvolve desde um ponto de descontinuidade do material. No caso de estruturas
soldadas, estas descontinuidades podem representar defeitos de soldagem. Iniciada a trinca,
o efeito de concentração de tensões torna-se maior, e consequentemente, a trinca progride
mais rapidamente. Como a área tensionada diminui de tamanho, as tensões atuantes
aumentam e finalmente a área remanescente falha subitamente. Portanto, importantes
considerações devem ser feitas, no projeto de soldas, quanto à qualidade dos materiais
empregados e procedimento de soldagem utilizado. A qualidade da solda determinará a sua
susceptibilidade a falhar por fadiga, para uma determinada aplicação. Shigley (7), apresenta
alguns fatores de redução da resistência à fadiga para vários tipos de juntas soldadas e
salienta que estes fatores devem ser utilizados em projetos de solda.
Aplicações de reforço, reparo ou adaptações de estruturas veiculares requerem um
projeto das soldas a serem implementadas. O código da AWS D1.1 [8], cita algumas
recomendações a serem seguidas, em casos onde a estrutura soldada deve ser reforçada
e/ou reparada. Em tais circunstâncias, as modificações a serem feitas devem alcançar os
requisitos de projeto inicialmente especificados pelo engenheiro. Em um projeto visando o
reforço e/ou reparo de uma estrutura, várias considerações devem ser feitas. Dentre estas,
uma análise das tensões atuantes na área afetada, ou seja, um levantamento da história do
carregamento inicial da estrutura e quando não for possível, este deve ser estimado, além de
outras considerações. Quanto à qualidade, todos os membros e soldas afetadas pelo
trabalho devem ser visualmente inspecionados de acordo com um plano de inspeção
abrangente. O método, extensão e critérios de aceitação de ensaios não destrutivos devem
estar especificados em contratos.
A performance de uma solda estrutural sob tensões cíclicas é uma importante
consideração que deve ser feita, principalmente quando o componente estrutural fizer parte
de um sistema veicular que pode colocar a segurança de pessoas em risco.
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
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utilizada uma proteção gasosa com 100% de CO2 e um eletrodo de diâmetro de 1 mm. Em
cada lado da chapa de teste foi dado um passe de solda, o qual foi suficiente para preencher
todo o volume do chanfro, sem falta de fusão em qualquer das paredes do chanfro. Os
parâmetros de soldagem foram mantidos praticamente constantes na execução de todos os
níveis deste defeito A variação na altura do encosto garantiu os diferentes níveis de falta de
penetração.
Para evitar a sobreposição do efeito do reforço sobre o defeito de penetração
incompleta, as duas faces da junta foram usinadas. Outra preocupação tomada foi a de
verificar se a redução da seção transversal da junta soldada, devido aos diferentes níveis de
penetração incompleta, poderia comprometer a resistência mecânica (estática) da junta, o
que mascararia os resultados. Para isto, ensaios de tração também foram realizados nos
corpos de prova com defeitos de penetração incompleta da junta, em todos os seus níveis.
Estes ensaios foram realizados de acordo com a norma da ABNT - NBR 6152 [9]. Os
resultados estão mostrados na Tabela 3.
Para a simulação do defeito de mordedura também foi utilizada uma junta em duplo
V, porém com uma das faces do chanfro com um ângulo de abertura maior. As soldagens
foram executadas nos dois lados da chapa de teste. Este procedimento, teve como objetivo
minimizar o empenamento da chapa de teste. Tal como o defeito de penetração incompleta,
o reforço excessivo do cordão de solda foi usinado. Esta usinagem se deu somente na face
oposta à presença do defeito. Para provocar o defeito em diversos níveis, o eletrodo foi
deslocado progressivamente da linha central, provocando a geração de entalhes num dos
lados do pé do cordão, em profundidades diferentes. A Figura 2 mostra um desenho
esquemático deste tipo de defeito. Para estas soldagens foi utilizado um arame eletrodo de
diâmetro de 1 mm com uma proteção gasosa com Ar + 25% de CO2. Isto proporcionou
maior controle e estabilidade do arco.
Para a simulação do defeito de reforço excessivo foi novamente utilizada uma junta
em duplo V. Este defeito foi obtido através de dois passes de solda no lado da chapa de teste
em que se pretendia gerar o defeito, enquanto foi dado somente um passe de solda no lado
oposto (o excesso de metal de solda no lado oposto foi retirado através de usinagem). As
diferentes alturas de reforço foram obtidas variando-se a velocidade de soldagem e a tensão
de soldagem do segundo passe. As soldagens foram feitas de forma que fosse alcançada
penetração total da junta. Foi utilizada uma proteção gasosa com Ar + 25% de CO2 e um
arame eletrodo de diâmetro de 1,2 mm.
A medição dos defeitos de mordedura e reforço excessivo foram feitas utilizando-se
medidores específicos para este tipo de levantamento dimensional. Para o defeito de
penetração incompleta da junta, a medição do defeito foi feita através de sistema digital de
imagem em 4 seções transversais do cordão de solda, para cada chapa de teste. Estas
seções foram polidas e atacadas quimicamente com uma solução de nital a 10%, afim de
caracterizar a seção do cordão de solda.
Para os ensaios de fadiga, os corpos de prova foram estabelecidos de acordo com a
norma de ensaio de fadiga ASTM E466 [10], e foram retirados na direção normal ao cordão
de solda. A Figura 3 mostra uma representação esquemática do corpo de prova e suas
dimensões.
Os ensaios de fadiga foram executados em um sistema universal de testes de
materiais, modelo MTS 810, de capacidade máxima de carga de 250 KN, projetado para
executar todos os testes mecânicos típicos de tração, compressão, flexão e fadiga. O
método de ensaio de fadiga utilizado foi o de tração-compressão com controle de carga. Os
testes foram executados em duas faixas de tensões diferentes, uma em torno de 85% da
resistência ao escoamento do material e outra em torno de 70% desta resistência. O ciclo de
tensões adotado para a execução destes ensaios de fadiga é o de um reverso completo, R =
-1.
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CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] - AWS, Standard for AWS Certification of Welding Inspectors, American Welding Society,
USA, 1988, 10 p.
[2] - AWS, AWS B2.1 Standard for Welding Procedure and Performance Qualification,
American Welding Society, USA, 1990.
[3] - AWS, Welding Inspection - American Welding Society, USA, 1980, 222 p.
[4] - ANSI/AWS, D8.8-89: Automotive Frame Weld Quality- Specification for Arc Welding,
American Welding Society, USA, 1989, 10 p.
[5] - Feder, D. K., A System of Weld Quality Levels for Open Cast Mining Equipment Tied to
ISO 5817/EN 25817, Welding in the World/Le Soudage dans le Monde, 1996, vol.38, pp. 207-
216.
[6] - AWS, Welding Handbook - Welding Technology, Vol. 1, Eighth Edition, American
Welding Society, USA, 1987.
[7] - Shigley, J. E. and Mischke, C. P., Mechanical Engineering Design, fifth edition, McGraw-
Hill, 1989.
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[8] - ANSI/AWS, D1.1-96: Structural Welding Code Steel, American Welding Society, USA,
1996, 440pp.
[9] - ABNT, NBR 6152: Materiais Metálicos - Determinação das Propriedades Mecânicas à
Tração, Associação Brasileira de Normas Técnicas, outubro de 1992, 13p.
[10] - ASTM, E 466-96: Conducting Force Controlled Constant Amplitude Axial Fatigue Tests
of Metallic Materials, Standard Practice for. American Society for Testing and Materials, USA,
1996, 4p.
[11] - Lawrence F. V. and Munse, W. H., Fatigue Crack Propagation in Butt Welds Containing
Joint Penetration Defects, Welding Research Supplement, May 1973
[12] - IIW, DOC. IIW/IIS - 778-83, (1983). Geometrical Defects in Arc Welded Joints in Steel
Materials - Classes of Requirements, Welding in the World, 1984, vol. 22, N. 1/2, pp. 34-52.
FIGURAS E TABELAS
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De 20 a 23 de Setembro de 1998
500
400
Nível 1
300 Nível 2
Resistência a Fadiga ( MPa )
Nível 3
Nível 4
200
100
90
80
70
60
50
1000 10000 100000 1e6
Vida ( ciclos )
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500
450
400
350
Resistência à Fadiga ( MPa )
300
250
200
150
100
1000 10000 100000 1e6
Vida ( ciclos )
350
Nível 2
300 Nível 3
Nível 4
Nível 1
250
Resistência a Fadiga ( MPa )
200
150
100
1000 10000 100000 1e6
Vida ( ciclos )
350
S/Reforço
300 C/ Reforço
250
Resistência a Fadiga ( MPa )
200
150
100
1000 10000 100000 1e6
Vida ( ciclos )
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4 PIJS2
3.75
3.5 MS2
3.25
3
2.75
2.5
2.25 S1 : 240-250 MPa
2
1.75
1.5
1.25 S2 : 200-225 MPa
1
0.75
0.5
0.25
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
700000
800000
900000
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
1e6
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Vida ( ciclos )
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