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Comparativo entre os textos de Jacobs e Landim

Começando por Jacobs, o texto intitulado “Necessidade de prédios antigos”


começa falando sobre a importância de se ter prédios antigos, como forma de
alojamento para futuras empresas, que primariamente não tenham tanto capital
assim para investir em aluguéis em prédios mais novos. Essa importância se dá
para os dias de hoje, onde tem se visto com mais frequência ruas com prédios
novos, onde se encontra na maioria das vezes bancos, restaurantes, lojas de
ramos infinitos, supermercados, entre outros, Com isso, pequenos restaurantes,
barzinhos de bairros, ou seja, comércio de baixo custo, estes por sua vez estão
cada vez mais deixando de existir, fazendo-se então os bairros perderem sua
identidade, fazendo também com que muitos locais fechem as portas por não ter
auxílio do bairro por sua vez, pois estão cada dia mais com menos atrativos de
locais destinados a prédios antigos.
Já Landim em seu texto “Preservação do patrimônio arquitetônico” faz uma
crítica para o crescimento desordenado das cidades, sem a preocupação de
preserva-las, a fim de não perder a identidade da cidade, do bairro. Esse
crescimento tem causado muitos ‘problemas’ para as cidades, pois cada vez
mais se está verticalizando as moradias, cada vez mais se tem menos espaço
para contemplar vistas de uma cidade, cada vez mais há mais insegurança nas
cidades por conta da individualidade dos indivíduos, com isso as ruas passam a
ser menos atrativas, a cidade vai perdendo sua identidade por assim dizer, por
ter seus prédios históricos deteriorados e com o tempo a criação de novos
prédios faz com que esses antigos não tenham valor, não que não tenham de
fato, mas é o que projetistas contemporâneos pensam, e com isso criam novos
espaços voltados somente para um grupo econômico, esquecendo totalmente
as raízes da cidade, esquecendo de até mesmo pesquisar sobre a população,
seus gostos, o que realmente serviria para aqueles indivíduos acostumados com
a vista da pequena cidade ou distrito.
Landim expõe uma fala interessante, que é que a cidade tem sua cara, seus
costumes, seu ritmo, e qualquer mudança nesse sentido acarreta em caos para
a população, que já acostumada a trafegar por alguma rua ou avenida, e
enxergar os mesmos prédios antigos e históricos, fazendo com que o cidadão
crie um elo com a cidade, em suas memórias, podendo até mesmo fazer parte

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da história daquele lugar. Através de monumentos históricos das cidades pode-
se orientar no quesito espaço, conhecer a cidade é saber que cada certos locais
marcaram a memória de alguém, virou lembrança de alguém, é algo para
alguém, em um trecho de Landim explica bem esse contexto “A cidade pode, por
sua vez, ser entendida como um conjunto de percepções que se inter-
relacionam”. Os textos se parecem em certos aspectos, pois tem um certo
pensamento sobre a cidade como um todo, para Jacobs, as cidades necessitam
de prédios mais antigos, para descaracterizar essa massa que se estendeu nos
últimos anos com essa onda de prédios altos e desconecto com o entorno,
visando somente o lucro, não respeitando a história local, com isso poderiam
restaurar interiores, e preservar as fachadas, para dar um ar de cidade mais
cuidadosa. Aspectos ligados aos preços de custos e manutenção desses
prédios antigos, não chegam aos pés dos prédios novos, com isso muitas salas
comerciais projetadas em edificações novas, estão vazias, pois o custo desses
locais custam muito alto, portanto se torna inútil centenas de metros quadrados
jogados no lixo, com a ideia do novo, os projetistas esquecem que para atingir o
lucro necessitam de pessoas, empresas, porém se essas pessoas e essas
empresas não forem de um poder aquisitivo alto, seus investimentos não
valeram de nada. Sendo assim, podendo reutilizar algum imóvel antigo para um
uso mais atual cairia muito bem para os dias de hoje, como fazer de uma
garagem uma loja, como fazer um apartamento antigo virar local de exposição
de arte, como uma casa antiga virar um museu, como temos um exemplo em
Criciúma-sc o museu Augusto Casagrande (O único museu da cidade), estes
exemplos citados são só algumas ideias no qual as cidades poderiam se dar
conta e pensar, planejar para que preservem suas casas e prédios antigos e
históricos, pois eles valem muito, e por serem antigos pertenceram a épocas (em
algumas cidades) históricas e também ser parte de lembranças de alguém.
Para Landim as ruas tem significados variados dependendo seu contexto,
e formas, a percepção varia, em um trecho do texto Landim relata que uma “rua
estreita e sinuosa repleta de veículos e pessoas, sons e odores, pode ser mais
convidativa do que uma avenida larga e arborizada”, podendo ter influencias
como hora do dia, se é transitada apenas por pessoas ou veículos, todos esses
aspectos influenciam no nossos sentidos. As pessoas por sua vez também

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fazem parte do cenário das cidades, fazendo com que tudo fique mesclado, tudo
isso faz parte da identidade da cidade. Essa preservação citada por Landim, não
tem a ver com fixar o tempo em suas edificações antigas, mas sim que a cidade
se reinvente de tempos e tempos mas que não perca sua identidade, que ela
possa ser atual mas preservando suas edificações, reinventando locais antigos
em novos, mais atrações convidativas para sua população, para que eles não
esqueçam tais lugares, tornando mais comum edificações antigas à novas, pois
não é o que se vê hoje em dia, muitas cidades como porto alegre por exemplo,
obtém inúmeras edificações antigas porém em péssimo estado, tornando essa
mescla com o novo, algo feio e que deve ser ‘atualizado’ porém essas
edificações dadas como feias e mau cuidadas, dão a cara para a cidade, sem
esses prédios, como mercado público, Usina do gasômetro, hotéis muito
conhecidos do centro da cidade, a cidade não seria lembrada como ela é, pelo
que ela possui, esses elementos são históricos, e fazem a identidade de porto
alegre. Como no caso da usina do gasômetro, está em ruína, porém milhares de
pessoas visitam o local por terem feito uma nova interação familiar, que seria a
orla do guaíba, um projeto muito bem pensado e que atrai muitas pessoas, como
em dias de semana, fins de semana principalmente, se tornando um local
aconchegante e atende as necessidades da população, um ótimo exemplo de
tornar o velho, novo.
Pensando em preservação e conservação de prédios antigos, foi criado
pela Organização americana NTHP (National Trust for Historic Preservation) o
ReUrbanism, projeto que empenha-se em conjunto com cidades como forma de
moldar o uso de edificações para fins de seu crescimento econômico, fazendo-
se assim seguir as ideias defendidas por Jane Jacobs. A ideia principal desse
projeto seria modificar a maneira como vemos a cidade, não só um lugar onde
moramos, mas sim porquê moramos lá, porquê gostamos da cidade. O site da
organização conta com o atlas do Reurbanismo, onde registrou 50 cidades a fim
de identificar pontos, locais, edificações históricas para que a população tenha
conhecimento desses locais, e torna-los de certa forma atrativos. Como o próprio
site diz “[...]O Atlas do Reurbano contém informações detalhadas sobre as
empresas e os moradores, edifícios e blocos que fazem as cidades funcionarem
para todos.” A NTHP realizou uma pesquisa em três cidades com uma grande

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extensão urbanística dos estados unidos, são elas: Seattle, São Francisco e
Washington D.C. com isso, eles perceberam que os bairros mais antigos com
uso misto são mais usados a pé, e também que pessoas mais jovens optam por
edificações mais antigas, outro ponto levantado é que a vida noturna é mais viva
em locais onde contém uma diversidade de prédios de várias idades, e também
que bairros mais velhos em quesito negócios com o uso misto, dispõe de uma
maior densidade populacional.
Contudo podemos concluir com uma frase famosa de Jacobs ““As cidades
precisam tanto de prédios antigos, que talvez seja impossível obter ruas e
distritos vivos sem eles”. (Ibid., p. 207). Esse pensamento fez muitos
investidores interpretarem de forma errônea, como foi o caso do bairro de North
End em Boston, onde suas edificações permanecem muito charmosas, porém o
custo das moradias é absurdamente caro, algo que Jacobs e Landim não
defendiam. Investidores, viram ali uma chance de ganhar dinheiro, preservando
bairros para benefício deles próprios, sem pensar no todo. Uma citação retirada
do site Market Urbanism explica bem a ideia anterior:
“[...]A preservação histórica agora é a culpada, garantindo que edifícios
antigos fiquem com aqueles que são ricos o suficiente para pagar ao
invés de prover espaço barato para novos negócios.”
Edificações antigas, bem preservada, acessível a todos, só tem a trazer
benefícios, Tanto Jacobs como Landim pensavam dessa forma, pensavam em
trazer uma crítica para a ‘Arquitetura contemporânea’ onde o que há em volta na
maioria das vezes, não entra em questão, onde a historia local não entra em
questão, onde a opinião populacional muitas vezes não entra em questão.
Portanto se mais ideias como a da NTHP começarem a se espalhar pelo mundo,
as cidades serão mais agradáveis e aconchegantes, tanto para quem já mora lá,
como pra quem pensa em visitar, fazendo assim, a preservação da história Local
eterna na memória dos indivíduos.

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REFERÊNCIAS

JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. In:__. Necessidade de


prédios antigos. cap. 10, p. 207-220.

LANDIM, Paula da cruz. Percepção e preservação do patrimônio arquitetônico.

Market Urbanism. Disponível em


<https://marketurbanism.com/2014/09/04/historic-preservation-bad-for
neighborhood-diversity/> Acesso em: 02 jun. 2019.

TANSCHEIT, Paula. Como o uso misto e a preservação de prédios


históricos qualificam os bairros. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/871981/como-o-uso-misto-e-a-preservacao-
de-predios-historicos-qualificam-os-bairros> Acesso em: 02 junho de 2019.

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