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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ------------- DA COMARCA DE PORTO

VELHO - RO.

Marcelo, ----, ----, marceneiro, --, domiciliado no estado Rondônia, ----, vem, a
presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu bastante procurador e advogado, ----, OAB
----, domiciliado nesta cidade, no endereço ----, onde recebe comunicações de estilo, com fulcro
no art. 186 do Código Civil c/c art. 14 do CDC e demais cabíveis da Lei Adjetiva pátria, propor a
presente...

AÇÃO DE RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO C/C DANOS MORAIS E MATERIAIS

Em face de G Eletrônicos Ltda, inscrita no CNPJ sob o n. ----, sediada e domiciliada


em Porto Velho/RO, no endereço ----, CEP ----, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir
aduzidos:

I - DOS FATOS

Em 08 de setembro de 2018, o autor comprou um aparelho de ar condicionado


produzido pela Requerida para instalar em sua residência, dado que o verão havia chegado e as
temperaturas estavam bem acima da média dos últimos verões. Acontece que desde o momento
em que foi instalado, após ser devidamente entregue pela Requerida, passou a apresentar
problemas de funcionamento não alcançando o motivo para qual foi adquirido que é de refrescar
o ambiente, nas tentativas de fazê-lo funcionar ele apresentava comportamentos de desarmes
elétricos e desligamentos inesperados sem ação humana para tal. Em virtude disto, no dia 15 de
setembro de 2018, o Autor entrou em contato com o fornecedor que devidamente o assistiu
tecnicamente. Nessa ocasião foi trocado o termostato do aparelho, conforme dito pelo técnico o
não resfriamento do ambiente e o mau funcionamento do aparelho estava sendo causado por
causa dessa peça específica. Todavia entretanto o problema persistiu, fazendo com que o Autor
entrasse em contato diversas vezes com a Requerida para tentar resolver a situação
amigavelmente. Mas passado 30 (trinta) dias sem solução, dormindo mal, sentindo calor, o Autor
fez requerimento formal para a substituição do produto por outro novo. Mas para a surpresa
total do Autor a Requerida negou a substituição alegando que enviaria um novo técnico até o
local para uma nova análise do produto defeituoso e que isso só poderia ser agendado para 15
(quinze) dias posteriores ao contato. Em virtude do verão cada vez mais agressivo o Autor não
tem tido noites de sono com qualidade e em conseqüência tem tido dias difíceis em seu trabalho
e rotina, tendo em vista que sua aquisição foi justamente para atenuar as conseqüências do
verão em sua vida.

II - DO DIREITO

O Código de Defesa do Consumidor define, de maneira bem alva, que o


adquirente de produtos deva ser acolhido pelas suas regras e entendimentos:

"Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestações de serviços."

Com esse enunciado, o Código de Defesa do Consumidor abarca que deve


responder todos os fornecedores, sendo eles pessoas jurídicas ou físicas. Com isso Excelência fica
evidente a Requerida deve ser responsabilizada sob a égide da Lei n. 8.078/90, visto que trata de
um fornecedor de produtos que, causou transtornos e danos efetivos ao Autor.

III - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Também nota-se que o Autor deva ser beneficiado com a inversão do ônus da
prova, pelo que diz o inciso VIII do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, como mostra a
narrativa dos fatos, esta encontra apoio nos documentos anexos, sendo os tais, áudios e
requerimentos on-line, os mesmo demonstram todo o interesse do Autor e o desinteresse da
Requerida em resolver a situação, conforme disposição legal:

"Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

(...)

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a


inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando,
a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;"

O requerimento ainda encontra respaldo em diversos estatutos de nosso


ordenamento jurídico, a exemplo do Código Civil, que evidenciam a pertinência do pedido de
reparação de danos.

IV - A RESPONSABILIDADE DA PARTE REQUERIDA

Os defeitos e vícios apresentados por produtos de consumo duráveis tem


atrelados a si solidariamente ao fornecedor como descrito nos termos do artigo 18 do CDC:

“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou


não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o
valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem
ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes
de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das
partes viciadas.”

Explicitamente se houver mais de uma empresa envolvida no negócio, todas elas


terão responsabilidade solidária, cabendo ao autor escolher qual delas acionar.

Sendo assim Excelência, diz o art. 18 CDC, que ao adquirir um produto se o


consumidor perceber que ele apresenta defeito, lhe é garantido que:

“§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias,


pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I- a substituição do produto por outro da mesma espécie, em


perfeitas condições de uso;

II- a restituição imediata da quantia paga, monetariamente


atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.”


V - DO DANO MATERIAL E MORAL

Tão alva como a neve é a percepção nesse caso que a Requerida não teve o
menor interesse em resolver o problema de forma definitiva, seja pelo real conserto do produto,
seja por sua substituição para que o Autor tenha satisfeito o anseio que o levou a comprar o
mesmo, trazendo assim toda sorte de transtornos físicos que as altas temperaturas do verão
provocam, assim como o impedindo de dormitar com o mínimo de conforto pra que tenha em
sua rotina dias produtivos, a literatura médica nos elucida em ralação ao que noites mal
dormidas causam ao corpo humano.

O desgaste imposto de forma brutal ao Autor, como já foi relatado, atinge o ápice
pelo fato de que este procurou a Requerida em vários momentos na tentativa de resolver o
problema, todavia entretanto sem êxito algum, sentindo-se o Autor impotente, e isso atingiu de
pronto e profundamente sua alma.

É notória a responsabilidade objetiva da Requerida, a qual independe do seu


grau de culpabilidade, uma vez que incorreu em uma lamentável falha, gerando o dever de
indenizar, pois houve defeito relativo à prestação de serviços. O Código de Defesa do Consumidor
consagra a matéria em seu artigo 14, dispondo que:

"Art. 14. O fornecedor de serviço responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos".

Em relação ao dano moral puro, está comprovado que a requerida, com sua
conduta negligente, violou diretamente o direito do Autor de ter seu ambiente confortável, de
ter sua paz interior e exterior inabaladas por situações que esse não provocou. A indenização por
danos morais deve nesse caso representar uma forte punição e também servir como remédio
para desestimular a prática abusiva de ilícitos mostrando não somente a Requerida, mas também
servir de aviso a outras empresas para que reflitam sobre o trato com clientes e evitem causar
prejuízos a estes.

VI - DOS PEDIDOS

Diante do exposto acima e dos documentos arrimados nos autos, vem perante
Vossa Excelência requerer as seguintes demandas:

a) A citação da Requerida para que responda a presente ação, dentro do prazo


estipulado em Lei, sob pena de revelia e confissão;
b) A produção de provas por todos os meios disponíveis e em especial por
depoimento da Requerida e do Autor, em audiência oportuna;

c) A procedência do pedido, com a condenação imediata da Requerida a trocar


imediatamente o produto defeituoso por outro novo;

d) Que a Requerida seja condenada por Vossa Excelência a pagar ao Autor um


quantum a título de danos morais o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), em atenção a
condição da requerida, principalmente por seu poderio econômico, pela gravidade de sua
atitude inerte ao problema apresentado e por sua repercussão na vida cotidiana do Autor, este
pedido não incorrerá em argumento que o Autor pleiteia enriquecimento sem causa;

e) A condenação da Requerida nas custas judiciais e honorários advocatícios,


estes a serem fixados por Vossa Excelência no que tange Art. 85 § 2º e § 6º do CPC, 20% sobre o
valor da condenação.

Nesses termos,

Pede deferimento.

Porto Velho - RO, 20 de fevereiro de 2019.

Advogado

OAB/RO Nº ----

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