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Teoria da Elasticidade e da Plasticidade – TEP Prof.

José Divo Bressan

TEORIA DA ELASTICIDADE E DA PLASTICIDADE

INTRODUÇÃO

Atualmente, na prática da engenharia, os processos industriais de fabricação


estão sendo modelados matematicamente de modo crescente com o emprego de
computadores. O modelamento analítico ou numérico dos processos de fabricação
tem grande potencial para aumentar a velocidade e qualidade dos processos, como
também reduzir os custos atravez dos seguintes fatores :
- redução do número de iterações nas tentativas experimentais (erro-acerto),
- permite a construção rápida de um modelo ( ou prototipo),
- gera um embasamento físico para um controle de tempo real do processo,
- melhora a visualização do processo.
Os processos de fabricação envolvem algumas das combinações dos seguintes
tipos de comportamento dos materiais :
- escoamento do tipo fluido (fundição de metais, injeção de polímeros, etc.)
- transferência de calor (solidificação de metal fundido, conformação a
quente de metais, compactação a quente e sinterização de pós metálicos ou
cerâmicos, soldagem, tratamentos térmicos de aços)
- deformação plástica (conformação de metais, usinagem dos metais)
- evolução da microestrutura e propriedades (fundição de metais, soldagem,
conformação a quente de metais, tratamentos térmicos ) .
O Modelamento do Processo termo-mecânico requer a formulação matemática
adequada para as seguintes condições :
a- comportamento do material durante o processo analisado (deformação
elástica e/ou plástica, escoamento de fluido e transferência de calor) , e
b- condições de contorno apropriadas para o problema (tensões e
deformações em extremidades livres ou de contato, atrito na interface
peça-matriz de conformação ou cavaco e ferramenta, etc.)
O modelamento matemático analítico ou simulação numérica permite o
cálculo das "variáveis de campo" como tensões de escoamento plástico, componentes
de tensões e de deformações, temperatura, etc., das quais podemos prever os seguintes
resultados de interesse na análise dos processos como :
- distorções geométricas do produto e tensões residuais,
- parâmetros da microestrutura para previsão do limite de escoamento,
tenacidade, etc. : tamanho de grão, estado do precipitado, etc.,
- defeitos microestruturais : acabamento superficial, porosidades e trincas.
Os métodos ou técnicas de solução matemática dos modelos de processos
podem ser classificados em,
- métodos analíticos
- simulação numérica com malhas (elementos finitos e diferenças finitas)
A técnica apropriada depende do tipo de condições de contorno e do nivel de
precisão desejada na solução do problema.
A análise dimensional também é uma ferramenta util para verificar a consistência
da solução e para transferir as soluções de um material para outro. Concluindo,
podemos definir o Modelamento do Processo como sendo uma descrição matemática
do comportamento físico do material durante o seu processamento.

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1. ANÁLISE TENSORIAL

Embora os processos de conformação de metais sejam diversos, o principal


objetivo é produzir uma mudança de forma desejada e uma peça sem defeitos
internos. Portanto, como mencionado acima, os aspectos de maior importância para o
engenheiro são: calcular as forças e tensões necessárias para produzir a operação,
calcular as deformações produzidas internamente no material trabalhado bem como
suas propriedades. Deve-se reconhecer que as propriedades do material afetam o
processo, e o processamento altera as propriedades do material.

1.1 Tensão e Tensor Tensão

A conformação de metais involve deformação, e portanto, a análise dos


processos de conformação requer o estudo de tensão e da deformação.
Geralmente, a tensão é definida considerando-se o “estado de tensão num
ponto” como mostrado abaixo:

δF

P
δA

A força δF atua no ponto P dentro da área δA. A definição de tensão é dada por :

S = lim δF
δA→0
δA

Considerando-se as componentes normal e tangencial da força,


δFn δF

δA

P δFt

temos a definição de tensão normal,

δF
σ = n
n δA

e tensão tangencial ou tensão de cisalhamento,

δFt
τ=
δA

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Exemplo: tração simples y


F
σx =
A

F F
A
x

Se o ponto P for representado por um cubo elementar de dimensões dx , dy e


dz , e que se encontra em equilíbrio, o caso geral será:
z
F1

•P
y
dz
dx
dy F2

x F3

Cada uma dessas forças F1, F2 e F3 poderão ser decompostas nas componentes
paralelas aos eixos de coordenadas x, y, z .
z

σ zz

Fig.1 – Cubo elementar do sólido


y em equilíbrio com as
componentes de tensões.

Portanto, o Estado de Tensão no ponto P dentro do material, no cubo


elementar, é dado por 9 componentes de tensão: σxx, σyy, σzz, τxy, τyx, τyz, τzy, τxz, τzx.
Esse conjunto de tensões é chamado Tensor Tensão de Cauchy e é designado por σij.
Na notação tensorial temos:

σ xx τ yx τ zx 
  Tensor Tensão
σ ij = τ xy σ yy τ zy  de Cauchy
τ τ σ 
 xz yz zz 
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Definição de Tensor: “é uma grandeza física que se transforma, de acordo


com determinadas Leis, com a mudança do sistema de coordenadas”. O número de
componentes do tensor é dado por c = 3n onde n é a ordem do tensor. Por exemplo:

massa → tensor de ordem zero →c = 30 = 1 componente


força → tensor de primeira ordem →c = 31 = 3 componentes
tensão → tensor de segunda ordem →c = 32 = 9 componentes
módulo de elasticidade → tensor de quarta ordem →c = 34 = 81 componentes

1.2 Tensão Resultante num Plano Qualquer

Daqui em diante simplificaremos a


σRz N notação para :
- σx
C
σx = σxx
σR σy = σyy
σz = σzz
- σy
σRy
B y
σRx

A - σz
x

seja o plano ABC com normal N e cuja tensão resultante é σR. Essa tensão σR
poderá ser decomposta em σRx , σRy , σRz , de modo que :

σR2 =

O equilíbrio implica na ausência de efeitos de translação e rotação, pois


estamos considerando apenas os efeitos de mudança de forma. Para equilíbrio de
forças devemos ter:

∑Fx = 0 → - σx . AOBC + σRx . AABC - τzx . AOAB - τyx . AOAC = 0


∑Fy = 0 → =0
∑Fz = 0 → =0

sabendo-se que temos as relações entre as áreas projetadas e a área ABC,

AOBC = AABC cos


AOAC = AABC cos
AOAB = AABC cos

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substituindo acima e rearranjando teremos:

σRx =
σRy =
σRz =

ou na notação tensorial:

 σ Rx    cos ( N , x )
    cos ( N , y )
 σ Ry  =    
 σ  
 Rz   cos ( N , z )

Cossenos Diretores

Define-se os Cossenos Diretores da direção normal ao plano qualquer como,


z

N ( l, m, n )
l = cos (N,z)
m = cos
n = cos (N,x) (N,y)

temos que: x

= 1

1.3 Equilíbrio de Momentos

Para equilíbrio de momentos, isto é, não levando em conta a rotação e a


translação, devemos ter :

ΣMx( P ) = 0 , isto é,
δx
y
δz

•P
δy

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 1 ∂τ yx  δy  1 ∂τ yx  δy
τ yx + ∂y  δx δz + τ yx − ∂y  δx δz =
 2 ∂y  2  2 ∂y  2
 1 ∂τ xy  δx  1 ∂τ xy  δx
= τ xy + ∂x  δy δz + τ xy − ∂x  δy δz
 2 ∂x  2  2 ∂x  2

simplificando, temos,

Portanto, a condição para equilíbrio de momentos é que as tensões de cisalhamento


sejam simétricas. De modo análogo temos: τyz = τzy e τxz = τzx. Portanto, o Tensor
Tensão tem somente seis componentes independentes, a saber : σx, σy, σz, τxy, τyz, τzx .

 
σ ij =   o Tensor Tensão é
  simétrico
 

1.4 Equações Diferenciais de Equilíbrio

As equações diferenciais de equilíbrio de forças válido para qualquer ponto


dentro do corpo sólido, conforme Fig.1 acima, são as seguintes ,

Onde X, Y e Z são as componentes das forças de campo como


gravitacional, centrífuga ou magnética. Na ausência das forças de campo, as equações
acima se simplificam para as seguintes ,

No caso de Estado Plano de Tensão as equações se simplificam ainda mais pois


temos σz = τxz = τyz = 0 , e portanto, as equações se reduzem para as duas primeiras.

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1.5 Tensão Normal Num Plano Qualquer

( l’, m’, n’ )
σN
N ( l, m, n )
ϕ σR
σN

σR
τ

τ σN = σR cos ϕ
= σR ( ll’ + mm’ + nn’ )
= ( σRl’ ) l + ( σRm’ ) m + ( σRn’ ) n

Portanto, σN =

Obs: ângulo entre duas retas no espaço:

z
r ( lr, mr, nr )
cos ϕ =
ϕ
s ( ls, ms, ns )

1.6 Tensão de Cisalhamento Num Plano Qualquer

( l, m, n ) σR

σN Pela soma vetorial:


v
σ R =


τ ( ls, ms, ns ) σv
 R =

Portanto, o módulo da componente σRx deverá ser igual a soma da


decomposição de σN e τ no eixo x, isto e’:

σ Rx = σ Nx + τ x σ Rx − σ N . l
então, ls =
= σ N .l + τ.ls τ
de modo análogo,

σ Ry − σ N . m σ Rz − σ N . n
ms = e ns =
τ τ

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( l, m, n ) ( l’, m’, n’ )
σN
σR
ϕ
( ls, ms, ns )
τ

τ=
∴ τ = σ R (l s l' + ms m' + n s n') = (σ R l') l s + (σ R m') ms + (σ R n') n s

Portanto, τ=
Na notação matricial, a tensão de cisalhamento no plano considerado é dado por,

σ Rx 
 
τ = [ ls ms n s ] . σ Ry 
σ 
 Rz 

   
∴ τ = [ ls ms ns ] .   . 
   
   

De modo análogo,

 σ x τ xy τ xz  l 
   
σ N = [ l m n ] .  τ xy σ y τ zy .m
τ  n 
 xz τ zy σ z   

ou σN =

1.7 Rotação do Sistema de Coordenadas

Dado o Tensor Tensão σij no sistema de coordenadas x, y, z, queremos


determinar o Tensor Tensão σij’ de um movimento para novas coordenadas x’, y’, z’.

z σij → σij’
z’

σ′Rz O plano π é perpendicular


Plano π
y a x’, logo,

x’ = N ( l1, m1, n1 )
σ′Ry
y’
x’
σ′Rx x
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No plano π atuará uma resultante σ’R tal que N ( l1, m1, n1 ) e :

σ Rx ' = σ x + τ xy + τ xz
σ Ry ' = τ xy + σy + τ yz
σ Rz ' = τ xy + τ yz + σz

Por outro lado, a componente de σR′ na direção x’ será σx que e’ coincidente


com a normal a π.

σ Rx ' = σ x ' = σ Rx ' l1 + σ Ry ' m1 + σ Rz ' n 1

substituindo-se as equações acima, temos,

σ x , = σ x l 21 + σ y m 21 + σ z n 21 + 2 τ xy l 1 m1 + 2 τ yz m 1 n 1 + 2 τ xz l 1 n 1

De modo analogo temos σy’, σz’, etc…

Da análise matemática, sabemos que a mudança de coordenadas pode ser


determinada por:

σ ij ' = R . σ ij . R T ou σ ij ' = ∑ ∑ l im l jn σ mn

onde R e’ a matriz rotação,

l1 l2 l3
T
R = e R = m1 m 2 m 3 “Matriz Transposta”
n1 n2 n3

l1 = cos ( x’, x ) l2 = cos ( y’, x ) l3 = cos ( z’, x )


m1 = cos ( x’, y ) m2 = cos ( y’, y ) m3 = cos ( z’, y )
n1 = cos ( x’, z ) n2 = cos ( y’, z ) n3 = cos ( z’, z )

1.8 Tensões Principais

Girando o plano ABC até que σN ≡ N , isto e’ τ = 0 neste plano , então :

σN =

Neste caso, a tensão σi = σR será chamada de tensão principal. A tensão


principal atua no plano principal cuja direção de sua normal e’ a direção principal. Ou
seja, para qualquer estado de tensão sempre existirá um sistema principal de
coordenadas cujas direções atuam as tensões principais σi , i = 1, 2, 3. Isto e’, existem

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tres direções principais distintas. As componentes de cada tensão principal com


relação ao sistema de coordenadas x, y, z qualquer, sera’:

σNx = σRx = σi cos ( i, x )


σNy = σRy = σi cos ( i, y )
σNz = σRz = σi cos ( i, z )

Por outro lado temos:

σRx = σx cos ( i, x ) + τxy cos ( i, y ) + τxz cos ( i, z ) = σi cos ( i, x )


σRy = τxy cos ( i, x ) + σy cos ( i, y ) + τyz cos ( i, z ) = σi cos ( i, y )
σRz = τxz cos ( i, x ) + τyz cos ( i, y ) + σz cos ( i, z ) = σi cos ( i, z )

Este sistema de equações escrito na forma matricial fica:

 (σ x − σ i ) τ xy τ xz  cos ( i, x ) 0
 
 τ xy (σ y − σ i ) τ yz  cos ( i, y )  = 0
   
 τ xz τ yz (σ z − σ i ) cos ( i, z )  0

cuja solução trivial e’ : cos

A solução não trivial requer que:

 (σ x − σ i ) τ xy τ xz  0
 
 τ xy (σ y − σ i ) τ yz  = 0
 τ xz τ yz (σ z − σ i ) 0

Desenvolvendo temos:

σi3 - ( σx + σy + σz ) σi2 + ( σx σy + σx σz + σz σy - τxy2 - τxz2 - τyz2 ) σi -


- σx σy σz - 2 τxy τxz τyz + σx τyz2 + σy τxz2 + σz τxy2 = 0

ou, de modo simplificado:

é uma equação do 3o grau com 3 raizes : σ1, σ2, σ3 que são as tensões principais.

O Tensor Principal será:

 0 0 
 
σ ij =  0 0 
0 0 
 

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Portanto, reduzimos de 9 para 3 componentes distintas. Isto é, o Estado de


Tensão fica determinado conhecendo-se as tres tensões principais.

Obs.: se σ1 ≠ σ2 ≠ σ3 →
se σ1 = σ2 ≠ σ3 →
se σ1 = σ2 = σ3 →

1.9 Tensões Normal e Tangencial em Termos das Tensões Principais


σ3
Seja o plano ABC com direções ( l, m, n )
em relação ao sistema principal de
C N ( l, m, n ) coordenadas 1, 2, 3.

σN A resultante σR no plano ABC tera’ as


τ componentes:

B σ2 σ Rx = σ1 . l + 0 + 0 = σ1 . l
σ Ry = 0 + σ 2 . m + 0 = σ 2 . m
σ1 A σ Rz = 0 + 0 + σ3 . n = σ3 . n

por outro lado, σN = σRx l + σRy m + σRz n , então:

σN =

de modo análogo, para τ com direções ( l’, m’, n’ ),

τ = σRx l’ + σRy m’ + σRz n’


τ = σ1 l l’ + σ2 m m’ + σ3 n n’

temos também que:

σR2 =

∴ τ2 =
=

∴ τ2 =

1.10 Invariantes do Tensor Tensão

Os coeficientes I1 , I2 , I3 da equação principal são chamados de invariantes


pois não se alteram com a mudança do sistema de coordenadas, isto e’:

I1 =

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I2 =

I3 =

em outras palavras, I1 = σx + σy + σz = σ1 + σ2 + σ3 e’ invariante à


transformações de coordenadas ortogonais, assim como também I2 e I3 mantém o
valor constante.

1.11 Pressão Média

Define-se Pressão Média ou Pressão Hidrostática,

σm = = = −p

portanto, I1 = - 3 p = 3 σm

1.12 Tensor Esférico e Tensor Desviador

Podemos decompor o tensor σij em duas componentes a saber:

σij =

onde: σijE = Tensor


σijD = Tensor

 0 0  
σ ij E
= 0 0 σ ij D
= 
   
0 0   

chamando σx’ = σx - σm ; σy’ = σy - σm ; σz’ = σz - σm , podemos reescrever


σijD da seguinte forma:

 σx ' τ xy τ xz 
D  
σ ij =  τ xy σy ' τ yz 
τ τ yz σ z ' 
 xz

os invariantes do Tensor Esférico são:

E
I1 = I1 = 3 σ m
2
E I1 2
I2 = = 3σm
3
2
E I 3
I3 = 1 = 3σm
3

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os invariantes do Tensor Desviador são:

I1 = σ x ' + σ y ' + σ z ' = (σ x − σ m ) + (σ y − σ m ) + (σ z − σ m ) = 0


D

D I12
I2 = I2 − = − σ x ' σ y ' − σ y ' σ z ' − σ x ' σ z ' + τ xy 2 + τ yz 2 + τ xz 2
3
= [ ]

=
1
6
{ (σ x − σ y ) + (σ y − σ z ) + (σ z − σ x )
2 2 2
}+τ xy
2 2
+ τ yz + τ xz
2

D I1 I 2 2 3
I3 = I3 − + I1
3 27
1
= { (2 σ1 − σ 2 − σ 3 ) + (2 σ 2 − σ1 − σ 3 ) + (2 σ 3 − σ1 − σ 2 ) } = 0
27

1.13 Tensão Equivalente ou Representativa

O Estado de Tensão pode ser definido pelo invariante de 2a ordem I2D como,

(σ )2 =

onde: σ = Tensão Equivalente ou representativa do estado de tensão.

então: σ =

para tensões principais:

σ =

Exemplos:

a) Para tração simples: σ2 = σ3 = 0 ∴ σ =

b) Cisalhamento puro: σx = σy = σz = 0

{ 0 + 0 + 0 + 6 (τ ) }
1
1 2
σ = xy
2 = =
2

σ =
σ = 
σ =

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1.14 Círculo de Mohr

O Círculo de Mohr também é conhecido como círculo das transformações,


i.e’, representa o lugar geometrico das tensões de todos os planos possíveis dentro do
cubo elementar. Já sabemos que:

σR2 = σN2 + τ2 (1)

para eixos de coordenadas principais temos:

σR1 = σ1 cos ( N, 1 )
σR2 = σ2 cos ( N, 2 ) (2)
σR3 = σ3 cos ( N, 3 )

substituindo (2) em (1),

σR2 = σN2 + τ2 = σ12 cos2 ( N, 1 ) + σ22 cos2 ( N, 2 ) + σ32 cos2 ( N, 3 )

sabemos também que:

σN = σ1 cos2 ( N, 1 ) + σ2 cos2 ( N, 2 ) + σ3 cos2 ( N, 3 )

e cos2 ( N, 1 ) + cos2 ( N, 2 ) + cos2 ( N, 3 ) = 1

Temos então 3 equações com 3 incognitas, e portanto:

2
σ + τ 2 − σ N ( σ 2 + σ3 ) + σ 2 σ3
cos ( N,1) = N
2

( σ 2 − σ1 ) ( σ 3 + σ1 )

2
σ N + τ 2 − σ N ( σ 3 + σ1 ) + σ 3 σ1
cos ( N, 2 ) =
2

( σ 3 − σ 2 ) ( σ1 + σ 2 )

2
σ N + τ 2 − σ N ( σ1 + σ 2 ) + σ1 σ 2
cos 2 ( N, 3 ) =
( σ1 − σ 3 ) ( σ 2 + σ 3 )

rearranjando, temos:

2 2
 σ + σ3   σ + σ3 
 σN − 2  +τ = 2  + (σ1 − σ 2 ) (σ1 − σ 3 ) cos ( N,1) − σ 2 σ 3
2 2

 2   2 

2 2
 σ + σ1   σ + σ1 
 σN − 3  +τ = 3  + (σ 3 − σ 2 ) (σ1 − σ 2 ) cos ( N, 2 ) − σ 3 σ1
2 2

 2   2 

2 2
 σ + σ2   σ + σ2 
 σN − 1  +τ = 1  + (σ1 − σ 3 ) (σ 2 − σ 3 ) cos ( N, 3 ) − σ1 σ 2
2 2

 2   2 

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A primeira equação define um círculo no sistema de coordenadas τ , σN para


certo valor de cos ( N, 1 ). O raio correspondente do círculo será :

R1 = ,

cujo centro do círculo terá coordenadas ( ; ) . Os valores máximo e mínimo


serão:
π σ1 − σ 2
(R 1 )min → ( N,1) = → (R 1 )min =
2 2
(R 1 )max → ( N,1) = 0

R1

0
σ 2 + σ3
2

de modo análogo temos R2 e R3. Então podemos construir os 3 círculos:

( R1 )min ( R2 )max

( R3 )min

0 1 2 3

A localização do ponto P que representa o estado de tensão no plano dado, e'


obtido através da representação geométrica. O método de construção geométrica e'
mostrado na figura abaixo. Partindo-se dos cossenos diretores que definem o plano
considerado, obtem-se os ângulos entre a normal ao plano e as direções principais 1 e
3, isto e', traçamos os ângulos (N,1) e (N,3) conforme figura abaixo. Os pontos de
cruzamento das retas dos referido ângulos com os círculos, definem os raios dos arcos
que são traçados até se cruzarem no ponto P.

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Representa as tensões no
plano ABC cujos cossenos
τ diretores são:
l = cos ( N, 1 ),
P m = cos ( N, 2 ),

R1

R3
• •
0 1 σN σ1; σ2; σ3 são tensões
principais

Qualquer plano dentro do cubo elementar estará representado por um ponto P


dentro do círculo maior e fora dos outros dois circulos menores:

τmax
τ

0 σ3 σ1 σN

σ1 − σ 3
τ max =
2

Obs.: as direções principais são determinadas pelas equações:

 + + =0
 + + =0
 + + =0

2 2 2
onde: l i + m i + n i = 1

l i = cos (x , σ i ) ; m i = cos (y, σ i ) ; n i = cos (z, σ i )

O círculo de Mohr para o Tensor Desviador será :

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τ ← para σijD
para σij → τ

σ1’ =
σ2’ =
0 σN σ3’ =

σ =

Círculo de Mohr para “Estado Plano de Tensões”

Se uma das tres tensões (σx, σy, σz) for zero, por exemplo σz = 0, temos o
estado plano de tensões. Nesse caso, as transformações de tensões serão como segue:

σy y
τyx
σy’ σx’
τx’y’ τx’y
σx’
τxy τy’x
φ φ φ

σx σx
τxy x
τx’y τy’x
τyx
σy
σx’ σy’

τ z
σx’, τx’y’
σy, τyx

0 σN y
σ
τyx
σx, τxy
τxy σz = 0
σy’, τy’x’
x σ τxz = τyz = 0

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1.15 Tensões no Octaedro

σ3 N
3
σoct

τoct
2

σ2

( N , 1 ) = ( N , 2 ) = ( N , 3 ) = '
1

σ1


cos ( N , 1 ) =

A tensão normal à face do octaedro será :

σ oct =

∴ σ oct = =

A tensão do cisalhamento será :

2 2
τ 2 oct = σ R − σ oct

mas,
2 2 2 2
σ R = σ R1 + σ R 2 + σ R 3
2 2 2
= σ1 cos 2 ( N,1) + σ 2 cos 2 ( N, 2 ) + σ 3 cos 2 ( N, 3 )
2 2 2
σ + σ 2 + σ3
= 1
3

substituindo-se acima, temos:

τ oct = σ R 2 − σ oct 2

1
∴ τ oct =
3

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na forma geral (sistema x, y, z qualquer):

σx + σy + σz
σ oct = σ m =
3

1
τ oct =
3

2 D
portanto, τ oct = I2 também é um invariante. Em outras palavras, a tensão
3
equivalente σ será :

3 1
σ= τ oct = (σ1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 3 − σ1 )2
2 2

Isto é, a Tensão Equivalente σ representa a tensão de cisalhamento no plano


da face do octaedro. Pelo critério de Von Mises, o escoamento plástico se inicia
quando a tensão de cisalhamento τoct atinge um valor crítico que pode ser determinado
pelo teste de tração simples :

3
σ = σ0 = τ oct
2

onde σ0 = Limite de Escoamento.

2. ANÁLISE DAS DEFORMAÇÕES

Quando um solido e’ deformado, pontos dentro dele sao deslocados. A


deformacao é definida em termos de tais deslocamentos, mas de tal modo que os
efeitos de movimentos de corpo rigido como translacao pura ou rotacao pura sao
excluidos.
Considere inicialmente um segmento AB de comprimento l 0 no solido. Com
a ação do carregamento, A move-se para A’ e B para B’, e todos os pontos entre A e
B também se movem para posições relativas entre A’ e B’, então um estado de
deformação existe quando l ≠ l 0 . Embora ocorre ambos translação e rotação, e’ a
mudança de comprimento que é utilizada para definir deformação normal como :

A l0

B e= =
l0 l0
A’
B’

19
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Para grandes deformações, uma definição alternativa mais conveniente foi


proposta por Ludwik: deformação verdadeira ou logarítmica : ε ,

dε =

∴ ε = ln

Essa definição é fisicamente mais razoável que a definição anterior de


engenharia pois para uma barra de comprimento l 0 corresponderia a mesma
l
deformação ε = para um l = 2 l 0 de extensão, ou l = 0 de compressão, pois
2
ambas produzirão o mesmo grau de encruamento.

2.1 Deformação Uniaxial ou 1-D

A deformação uniaxial pode ser representada pela deformação uniaxial em


uma barra como mostramos abaixo. Os pontos A e B iniciais mudam para A’ e B’.

Deformação em uma barra :


x dx du
A • • B
∂u
u+ dx
u ∂x

P
A’ • • B’

∂u
dx + dx
∂x

A Deformação Normal ou Linear de engenharia é dada por :

∂u
dx + dx − dx
ex = = ∂x =
dx

∂u
isto é , se u = u ( x ) , então ∆u = ∆x =
∂x

2.2 Deformação Biaxial ou 2-D

A deformação em duas dimensões ou 2-D é representada pelas deformações


normal e de cisalhamento ou angular que se verificam no plano.

20
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Deformação no Plano

B’

A’ u + ∆u

B ∆y v v v
u = ux + uy
A v v v
∆u = ∆u x + ∆u y

0
∆x

Nesse caso, ux = u ( x, y ) , então

 ∂u x ∂u x
∆u x = ∂x ∆x + ∂y
∆y = e xx ∆x + e xy ∆y


∆u = ∂u y ∆x + ∂u y
∆y = e yx ∆x + e yy ∆y
 y ∂x ∂y

Na notação matricial:

 ∆u x     ∆x 
 ∆u  =    ∆y 
 y   

2.3 Deformação Triaxial ou 3-D : O Tensor Deformação

Para o caso geral de deformação, analisamos a deformação num cubo


elementar do sólido como mostrado abaixo. O sólido está sob estado geral de tensão .
O ponto A no centro da face z do cubo muda para A’ e assim por diante.

Deformação em um cubo elementar

A’ ∆uz ∆u
∆u ∆ux
A ∆uy

∆z

y
∆x

∆y
x

21
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Admitindo-se ux = u ( x, y, z ) , uy = u ( x, y, z ) , uz = u ( x, y, z )
funções continuas então, para u pequeno, isto e’, ∆u , temos da análise matemática :

∆u x =

∆u y =

∆u z =

na notação matricial :

∆u x  e xx e xy e xz  ∆x 
   
∆u y  = e yx e yy e yz  ∆y 
∆u  e e zy e zz  ∆z 
 z   zx

Tensor Deformação Geral

∂ ∆
onde: e xx = ≅ desprezando-se os termos de segunda ordem
∂ ∆
∂ ∆
e yy = ≅ ″
∂ ∆
∂ ∆
e zz = ≅ ″
∂ ∆
∂ ∆
e xy = ≅ ″
∂ ∆
∂ ∆
e xz = ≅ ″
∂ ∆
etc.

O Tensor Deformação Geral é :

 ∂u x ∂u x ∂u x 
 ∂x ∂y ∂z 
e xx e xy e xz   
   ∂u y ∂u y ∂u y 
e ij = e yx e yy e yz  = 
e e zy e zz   ∂x ∂y ∂z 
 zx  ∂u z ∂u z ∂u z 
 
 ∂x ∂y ∂z 

onde exx , eyy , ezz são Deformações Normais ou Lineares e exy , exz , ezy , ezx , eyx , eyz
são deformações de Cisalhamento ou Angulares.

22
Teoria da Elasticidade e da Plasticidade – TEP Prof. José Divo Bressan

y C’
D’
∆ux
C
D
DD' ∆u x ∂ ux
∆y
e xy ≅ ≅ ≅
exy
eyx DA ∆y ∂y
B’ BB' ∂u Y
∆uy e yx ≅ ≅
A ∆x B x BA ∂x

Destacamos tres tipos de mudança angular de forma:


y exy = eyx y y
exy = - eyx exy = γ
eyx = 0

x x x

Através das propriedades de adicao de matrizes, podemos decompor o Tensor


Deformação Geral em duas partes:
e ij = (e ij + e ji ) + (e ij − e ji )
1 1
2 2
∴ e ij = Tensor Deformação Geral
onde :
1  ∂u i ∂u j 
 u 1 = ux
ε ij = + Tensor Deformação
2  ∂x j ∂x i  i = 1, 2, 3 u2 = u y
j = 1, 2, 3 u 3 = uz
1  ∂u i ∂u j 
 Tensor Rotação x1 = x
ωij = −
2  ∂x j ∂x i  i = 1, 2, 3 x2 = y
j = 1, 2, 3 x3 = z

Portanto, o Tensor Deformação no sistema de coordenadas cartesianas é dado por :



1
( + ) 1
( + ) 
2 2
   
   
  1 1

ε ij =   = ( + ) ( + )
  2 2 
   
   
1 1 
 ( + ) ( + ) 
2 2 

Observar que o Tensor Deformação εij é um pois εxy = εyx,


εyz = εzy, εzx = εxz e o Tensor Rotação ωij é , i.e, ωij = - ωji . Se ωij = 0
a deformação é dita irrotacional.

23
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O Tensor Rotação é :
 1  ∂u x ∂u y  1  ∂u x ∂u z 
 0  +   + 
 2  ∂y ∂x  2  ∂z ∂x 
ω xx ω xy ω xz   
  1  ∂u ∂u y  1  ∂u y ∂u z  
ωij = ω yx ω yy ω yz  =   x +  0  + 
ω  2  ∂y ∂x  2  ∂z ∂y  
 zx ω zy ω zz   
 1  ∂u x ∂u z  1  ∂u y ∂u z  
 2  ∂z + ∂x   +  0 
   2  ∂z ∂y  

Define-se a Deformação de Cisalhamento de Engenharia γ como sendo a


mudança angular total de um ângulo reto das faces do cubo elementar, portanto:

γ xy = e xy + e yx = ε xy + ε yx = 2 ε xy
ou
∂ ∂
γ xy = + y
∂ ∂
C’
∂ ∂
γ xz = + γxy C
∂ ∂
exy
∂ ∂
γ yz = + eyx eyx
∂ ∂ B’

A B x

γxy = exy + eyx

B’
∆u y ∆u y
eyx tg θ = ≅
θ
∆uy ∆x + ∆u x ∆x
A B ∆ux ∆
∆x ∴ e yx = tg ≅

Obs.: As componentes do tensor deformação εxx , εyy , εzz são chamadas de


componentes da Deformação Linear pois representam a mudança no comprimento da
linha. O Tensor Deformação Pura pode ser escrito como:

 1 1 
ε xx 2
γ xy
2 
γ xz
ε xx ε xy ε xz   
  1 1 
ε ij = ε xy ε yy ε yz  =  γ xy ε yy γ yz
2 2 
ε ε yz ε zz  1 
 xz  γ xz 1
γ yz ε zz 
 2 2 

24
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Representação Geral de um Sólido em Movimento com Deformação

O Estado Geral do Movimento com Mudança de Forma ou Deformação de um


sólido pode ser decomposto nos seguintes tipos simples de movimento e deformação:

= + + +

Deformação Não-Linear

O Tensor Deformação Não-Linear pode ser escrito da seguinte forma,


considerando-se os termos de segunda ordem ou quadráticos. Definindo-se as
componentes do deslocamento como sendo u = ux , v = uy , w = uz teremos :

 ∂u 1  ∂u ∂v  1  ∂u ∂w  
  +   + 
 ∂x 2  ∂y ∂x  2  ∂z ∂x  
 1  ∂u ∂v  ∂v 1  ∂v ∂w 
ε ij =   +   +  +
 2  ∂y ∂x  ∂y 2  ∂z ∂y 
 
 1  ∂u ∂w  1  ∂v ∂w  ∂w 
 +   + 
 2  ∂z ∂x  2  ∂z ∂y  ∂z 

  ∂u  2  ∂v  2  ∂w  2   ∂u ∂u ∂v ∂v ∂w ∂w   ∂u ∂u ∂v ∂v ∂w ∂w 
   +   +    + +   + + 
  ∂x   ∂x   ∂x    ∂x ∂y ∂x ∂y ∂x ∂y   ∂x ∂z ∂x ∂z ∂x ∂z 
 
1   ∂u ∂u ∂v ∂v ∂w ∂w   ∂u  2  ∂v  2  ∂w  2   ∂u ∂u ∂v ∂v ∂w ∂w  
 + +    +   +     + + 
2   ∂x ∂y ∂x ∂y ∂x ∂y   ∂y   ∂y   ∂y    ∂y ∂z ∂y ∂z ∂y ∂z  
 
  ∂u ∂u ∂v ∂v ∂w ∂w   ∂u ∂u ∂v ∂v ∂w ∂w   ∂u  2  ∂v  2  ∂w  2  
  ∂x ∂z + ∂x ∂z + ∂x ∂z   + +    +   +  
   ∂y ∂z ∂y ∂z ∂y ∂z   ∂z   ∂z   ∂z   

Tensor Deformação em Coordenadas Cilíndricas

Definindo-se ur , uθ e uz como sendo as componentes do deslocamento nas


direções r , θ , z no sistema de coordenadas cilíndricas, temos as seguintes
deformações :
∂ ur
εr =
∂r

25
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1 ∂ uθ u
εθ = + r Z
r ∂θ r
∂ uz εz
εz =
∂z

1 1 ∂ ur ∂ uθ u  εr εθ
ε rθ =  + − θ 
2r ∂θ ∂r r 
1  ∂ uθ 1 ∂ uz 
ε θz =  + 
2 ∂z r ∂θ 
1  ∂ uz ∂ ur 
ε rz =  + 
2 ∂r ∂z 

O Tensor Rotação wij é :

1 1 ∂ uz ∂ uθ 
− w θz = w zθ =  − 
2r ∂θ ∂z 

1  ∂ ur ∂ uz 
− wzr = wrz =  − 
2 ∂z ∂r 

1  1 ∂ (r u θ ) 1 ∂ u r 
− wr θ = wθr =  − 
2  r ∂ r r ∂θ 

Para Estado Plano de Deformações , isto é, εz = 0 , temos,

∂ ur
εr =
∂r

1 ∂ uθ u
εθ = + r
r ∂θ r

1  1 ∂ ur ∂ uθ u 
ε rθ =  + − θ 
2r ∂θ ∂r r 

26
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2.4 Rotação do Sistema de Coordenadas

Do mesmo modo que para tensões, o tensor deformação pode ser transformado
com um movimento do sistema de coordenadas x, y, z → x’, y’, z’ , de acordo com:

ε ij ' = R . ε ij . R T

também, do mesmo modo que tensões, obtemos:

cujas raízes são : ε1 , ε2 , ε3 → deformações principais

 0 0
ε ij = 0 0 Matriz Principal
 
0 0 

Invariantes do Tensor Deformação

Os coeficientes da equação acima são os invariantes do tensor deformação,


isto é :

J1 = = ε1 + ε 2 + ε 3

J2 = = ε1 ε 2 + ε 2 ε 3 + ε 3 ε1

J3 = = ε1 ε 2 ε 3

Deformação Média Normal

ε xx + ε yy + ε zz ε1 + ε 2 + ε 3
εm = =
3 3

Direção ( l, m, n ) das Deformações Principais ε1 , ε2 , ε3 :

2 l (ε xx − ε i ) + m γ xy + n γ xz = 0

l γ xy + 2 m (ε yy − ε i ) + n γ yz = 0

l γ zx + m γ xz + 2 n (ε zz − ε i ) = 0

portanto, para cada deformação principal temos tres cossenos diretores, isto é :

ε1 → l1 , m1 , n 1 ; ε 2 → l 2 , m 2 , n 2 ; ε1 → l 3 , m 3 , n 3

27
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2.5 Deformação Normal (linear) num Plano Qualquer

Dado o tensor deformação εij, determinamos a deformação normal εnn numa


direção qualquer ( l, m, n ) pela equação:

ε nn =

2.6 Tensores Deformação Esférico e Deformação Desviadora

Podemos decompor o tensor deformação em:

ε ij E = tensor
E D
ε ij = ε ij + ε ij onde
ε ij D = tensor

ε m 0 0 
= 0 0 
E
ε ij εm
0 0 ε m 

 1 1 
ε xx − ε m 2
γ xy
2
γ xz 
 
1 1
=  γ xy 
D
ε ij ε yy − ε m γ yz
2 2 
1 1 
 γ xz γ yz ε zz − ε m 
 2 2 

Propriedade da deformação normal desviadora:

ε xx ' = ε xx − ε m 

ε yy ' = ε yy − ε m  ⇒ ε xx ' + ε yy ' + ε zz ' = 0

ε zz ' = ε zz − ε m 

Tensor Desviador para deformação principal será :

 2 ε1 − ε 2 − ε 3 
 0 0 
3
 
2 ε 2 − ε1 − ε 3
= 
D
ε ij 0 0
 3 
 
 2 ε 3 − ε1 − ε 2 
0 0
 3 

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Os invariantes do Tensor Esférico são:

E
J1 = J1 = ε xx + ε yy + ε zz
2
E J1
J2 =
3
3
E J1
J3 =
27

Os invariantes do Tensor Desviador são:

D
J1 = 0 → (isto é, o volume é constante apesar de haver deformações)
2
D J1
J2 = J2 −
3
D J1 J 2 2 3
J3 = J3 − + J1
3 27

2.7 Deformação Volumétrica

Considere o cubo elementar do sólido como visto anteriormente, cujas dimensões


são l1 , l2 , l3 como mostrado abaixo,

∆v
=
v
∆v
∴ = = J1 + J 2 + J 3
v

desprezando-se os produtos de ordem superior, a razão de variação no volume e' ,

∆v
= εv ≅ =
v

onde εv é a deformação volumétrica ou dilatação cúbica que é a mudança no volume


por unidade de volume:

εv
εm =
3

Portanto o tensor deformação será a soma do tensor desviador mais o tensor


dilatação, isto e’:
D E D
ε ij = ε i j + ε i j = ε i j + ε m

29
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2.8 Círculo de Mohr das Deformações

De modo análogo às tensões, podemos construir o Círculo de Mohr das


Deformações como apresentado abaixo :

• • • •
0 (linear)

deformação de cisalhamento máximo: γmax =

2.9 Deformações no Octaedro

De modo análogo à tensões, a deformação normal ou linear no plano do octaedro


é,

1
cos ( l,1) = cos ( l, 2 ) = cos ( l, 3 ) =
3
J1
ε oct = =
3 3

a deformação angular ou de cisalhamento,

2
γ oct =
3

2.10 Deformação Equivalente ou Representativa

2
ε= γ oct =
2

2.11 Trabalho de Deformação Plástica

3 2 3
dω = σ . dε = τ oct . dγ oct = τ oct . dγ oct
2 2 2

30
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2.12 Comparação entre Deformação de Engenharia e Deformação Logarítmica

l − l0 l
e= = −1 → deformação de engenharia
l0 l0

l
ε = ln = ln (1 + e ) → deformação logarítmica
l0

l
e= −1
l0
l
ε = ln
l0
l
0
1,0
l0
e são iguais para valores

ε  pequenos
-1,0

Deformação de Engenharia ( para valores pequenos na Elasticidade )

 1 1 
ε xx 2
γ xy
2 
γ xz
 
1 1 
ε ij =  γ xy ε xx γ yz
2 2 
1 1 
 γ xz γ yz ε xx 
 2 2 

Deformação Logarítmica ( aplicação em Plasticidade )

 1 1 
dε xx 2
dγ xy dγ xz 
2
 
1 1
dε ij =  dγ xy dε xx dγ yz 
2 2 
1 1 
 dγ xz dγ yz dε xx 
 2 2 

dε = incremento de deformação plástica

31
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Deformação Equivalente: material isotropico,

2
dε = (dε1 − dε 2 )2 + (dε1 − dε 3 )2 + (dε 2 − dε 3 )2
3

dε1
em tração simples, dε 2 = dε 3 = − , então dε = dε ,
2


2

• • •
dε2 = dε3 0 dε1 dε

Círculo de Mohr para deformação


plástica em tração simples

Portanto existe uma analogia completa entre os círculos de Mohr para tensões
e deformações pequenas: deformação linear corresponde a tensão normal e
deformação angular à tensão de cisalhamento.
Da teoria da elasticidade,

E . e1 = σ1 − ν (σ 2 + σ 2 ) , rearranjando,

σ1 3νσ m
e1 = −
2G E

∴ σ1 − σ 2 = 2G (e1 − e 2 )

de modo análogo,

σ1 − σ 3 = 2 G (e1 − e 3 )
σ 2 − σ 3 = 2 G (e 2 − e 3 )

Isto é, os círculos de Mohr das tensões e das deformações são proporcionais.

32
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2.12 Representação Geral da Deformação

A deformação geral pode ser decomposta nos casos simples de translação,


rotação, deformação linear e deformação angular ( ou de cisalhamento ) como visto
abaixo,

= + + +

Deformação Geral Translação Deformação Linear Deformação de


Cisalhamento

Rotação

Introduzindo-se os angulos, a Deformação de Cisalhamento Geral pode ser dividida


em,
e y x + ex y
ωz =
2
ex y e x y + ey x
ε= 2

= +

ey x Rotação

Deformação ε x y = e x y + ey z = 1 γxy
Deformação Geral 2
cisalhamento puro 2

φ φ φ
= 2 + 2

φ
2
cisalhamento simples cisalhamento puro rotação

33
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2.14 Equações de Compatibilidade

As componentes do Tensor Deformação devem satisfazer as igualdades


matemáticas vistas abaixo. Partindo-se das definições de deformação, e aplicando a
derivada parcial vem,

∂ 2ε x ∂ 3u
=
∂ y2 ∂ x ∂ y2
∂ 2ε y ∂3v
=
∂ x2 ∂ x2 ∂ y
∂ 2 γ xy ∂ 3u ∂3v
= +
∂x ∂ y ∂ x ∂ y2 ∂ x 2 ∂ y

e portanto,

∂ 2 γ xy∂ 2ε x ∂ ε y
2

= +
∂x ∂ y ∂ y 2 ∂ x2

isto é, as funções u(x,y,z) , v(x,y,z) e w(x,y,z) não são quaisquer, mas devem
satisfazer as igualdades acima.
Continuando o processo de derivação das equações de definição das
deformações, obtemos as seis equações da compatibilidade visto a seguir.

Equações da Compatibilidade :

 ∂ 2ε x ∂ 2ε y ∂ 2γ xy  2 ∂ 2ε x ∂  ∂ γ yz ∂ γ xz ∂ γ xy 
 + =  = − + + 
 ∂y
2
∂ x2 ∂ x ∂ y  ∂ y ∂ z ∂ x  ∂ x ∂ y ∂z 
 ∂ 2ε ∂ 2γ yz  2 ∂ 2ε
 y ∂ εz
2
 y ∂  ∂ γ yz ∂ γ xz ∂ γ xy 
 2 + = +  =  − + 
∂z ∂ y2 ∂ y ∂ z ∂ x∂ z ∂ y  ∂ x ∂y ∂z 
 ∂ 2ε ∂ 2ε x ∂ 2γ xz  2 ∂ 2ε ∂  ∂ γ yz ∂ γ xz ∂ γ xy 
 2z + =  z
=  + − 
 ∂ x ∂ z2 ∂ x ∂ z  ∂ x ∂ y ∂ z  ∂ x ∂y ∂z 

Para o caso da Elasticidade, aplicando-se as Lei de Hooke, as equações da


compatibilidade podem ser transformadas nas relações entre tensões. As equações da
Elasticidade que relacionam tensões e deformações sao as seguintes :

εx =
1
E
[ ]
σ x − υ ( σ y + σ z ) + α1∆T γ xy =
1
G
τ xy
1
[ ]
ε y = σ y − υ ( σ x + σ z ) + α 2 ∆T
E
γ yz
1
= τ yz
G
1
[ ]
ε z = σ z − υ ( σ x + σ y ) + α 3∆T
E
γ xy
1
= τ xz
G

34

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