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Edgar Morin • Cornelius Castoriadis •

Jean-Louis Le Moigne • Emilio Roger •


Edgard de Carvalho • Françoise Bianchi •
Bernard Paillard • Gianluca Bocchi • Mauro Ceruti
Ana Sánchez • Paula Stroh • Alfredo Pena-Vega

O Pensar
Complexo
Edgar Morin e a crise da modernidade

ORGANIZADORES
Alfredo Pena-Vega e
Elimar Pinheiro do Nascimento

3 a EDIÇÃO

Garamond
POR UMA REFORMA DO
PENSAMENTO*

Edgar Morin

Senhores e senhoras, estou muito honrado de estar entre vocês e ao


mesmo tempo confuso, porque um problema como este naturalmente
necessitaria de longas exposições e debates, e vocês haverão de me
desculpar de antemão pelo caráter extremamente sumário, e por isso
pouco convincente, do que irei dizer.
Vou tratar da reforma do pensamento, mas não de suas consequên-
cias pedagógicas, ficando subentendido que ao longo da discussão po-
deríamos falar delas, mas prefiro reservar meu tempo a este problema.
Partiria da ideia de que nossa atividade cognitiva, nossa pesquisa de
conhecimento, é, no fundo, uma procura de certeza, seja em filosofia,
seja em ciência. Buscamos o fundamento absolutamente garantido so-
bre o qual poderemos desenvolver o conhecimento e o pensamento.
Como vocês sabem, durante muito tempo o fundamento em filosofia
era Deus, c mesmo nas ciências, pois Newton ainda se referia a Deus.
Foi Laplace que excluiu Deus do cosmos no domínio científico. Ou
então, se não existe Deus, buscamos uma evidência primeira, absoluta-
mente incontestável... Descartes: "Eu duvido, logo não posso duvidar
que duvido". E o "eu'' surgiu, evidentemente, como evidência incon-
testável. Em moral, é o imperativo categórico de Kant. Em resumo, não
é necessário fazermos um catálogo, sabemos efetivamente que houve
essa pesquisa do fundamento e que, em linhas gerais, a partir de

* Conferência introdutória ao colóquio "Reforme de Ia pensée et système


educatif, promovido pela Unesco, em setembro de 1994, na cidade de Paris.

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O PENSAR COMPLEXO POR UMA REFORMA DO PENSAMENTO

Nietzsche, no fim do século passado, e ao longo deste século, a filoso- e confirmada da maneira que descrevo. Naturalmente, a ciência é sepa-
fia deparou-se com este problema da crise dos fundamentos. rada da filosofia; esta é especulação no ar, abstrata, enquanto a ciência
Hoje em dia podemos dizer: não há nenhum fundamento único, úl- está inteiramente no campo das certezas do mundo empírico. Podemos
timo, seguro do conhecimento. Mas, em ciências, o fundamento era a mesmo dizer que a cultura científica deve ser separada da cultura
experiência, a observação c a razão, isto é, o procedimento empírico- humanista ou literária. É claro que o cientista, de noite em sua casa,
racional. Empírico, quer dizer, a partir do momento em que observado- pode pegar o violão ou escutar um disco, mas são duas atividades abso-
res ou pesquisadores b*m diferentes entre si, seja de ideias, opiniões, lutamente não comunicantes.
raça ou cor se punham de acordo sobre as provas de uma experiência Eis, em resumo, os princípios da separação e da ordem. Além da
ou de uma observação, e a partir do momento em que elaboravam uma razão. Que significava a razão nessa lógica? Era uma coerência
teoria coerente, isto é, logicamente argumentada, chegava-se ao funda- autentificada especialmente pela obediência aos princípios clássicos,
mento do conhecimento científico. não apenas de dedução, ou indução, mas também os princípios da con-
Durante muito tempo, no domínio das ciências, pensava-se que (em- tradição, da identidade, do terceiro excluído e, portanto, uma vez que
bora esta ideia já tenha sido bastante questionada em filosofia) o co- uma teoria obedecia a essas regras, obedecia à razão. Eis o que parecia
nhecimento nessas condições era o espelho da realidade e o espelho do constituir o fundamento absolutamente incontestável do saber.
mundo. No domínio da ciência, ou das ciências, podemos dizer que A partir do início do século ocorre algo de realmente revolucioná-
havia três ideias poderosas que, de algum modo, davam esta certeza de rio no campo da ordem e da certeza: é o surgimento da desordem e da
ter um conhecimento verdadeiramente pertinente. A primeira era a ideia incerteza. A desordem traz o incerto porque não temos mais um
de ordem. O universo é ordenado. O universo obedece a um determi- algoritmo, não temos mais um princípio determinista que permita co-
nismo universal e se, às vezes, nos parece que nele há o acaso, é que nhecer as consequências de tal ou tal fenómeno. E como surgiu essa
não conhecemos o suficiente, nosso conhecimento é ínfimo. E, além dis- desordem? Surgiu quando Boltzman autentificou no século XIX o fe-
so, esta ordem, na concepção clássica da física, c uma ordem mecânica. nómeno calorífico como sendo um fenómeno de agitação ao acaso das
O conhecimento, por outro lado, era também baseado no princípio moléculas e, nesse momento, enunciou o segundo princípio da termo-
da separação. Já no plano do pensamento filosófico, ou do pensamento dinâmica, dizendo que no tempo a entropia tende a crescer, quer dizer,
cm geral, Descartes havia fundado os progressos do conhecimento na há perda da capacidade da energia de se transformar em trabalho,
capacidade de separar as dificuldades umas das outras, resolvê-las su- traduzida também por uma tendência à desintegração do que é ordena-
cessivamente, de maneira a bem resolver um problema. Este princípio do ou integrado. Houve inumeráveis discussões para se saber se o uni-
de separação estava de alguma forma confirmado, no desenvolvimento verso tende à entropia máxima... Eu não participo dessa discussão, mas
das ciências, pela separação das disciplinas umas em relação às outras. de toda maneira, a desordem estava instalada no coração do nosso mun-
Era inteiramente legítimo circunscrever um domínio disciplinar para do, que comporta sempre fenómenos caloríficos, porque produzimos
fazer progredir o conhecimento sem levar em conta as interferências. calor a partir do momento cm que fazemos qualquer ação. Viver é um
De resto, a própria ideia de experimentação significa separar. Tiro um fenómeno calorífico. E este fenómeno está intensificado hoje em dia
corpo do seu meio natural, separo-o, coloco-o num meio artificial que na cosmo-física, já que a origem do universo é um brilho muito inten-
controlo e sobre o qual faço variar um certo número de determinações, so, uma agitação absolutamente demente... Portanto, nosso universo é
e que me permitem conhecê-lo... inseparável da desordem. Entretanto, não há apenas desordem no uni-
Tudo isso também significa que o observador está inteiramente se- verso, já que por meio dessa agitação foram detectados quatro princí-
parado de sua observação, a partir do momento em que essa é verificada pios de organização - o da gravitação, o das interações inlranucleares
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fortes, o das interações fracas e o das interações eletro-magnéticas. Heráclito, que dizia que "nada é mais belo que o resultado de um mon-
Enfim, o universo sempre nos aparece como um coquetel espantoso de te de lixo disposto ao acaso". Assim, as ciências da Terra não são mais
ordem e desordem. E depois, como vocês também sabem, em nível separáveis. Também temos hoje em dia, em certo sentido, a cosmologia,
microfísico, apareceu o fenómeno chamado de indeterminação. A ciên- porque o conhecimento do cosmos atrai as experiências microfísicas,
cia, rainha da ordem, tornou-se uma ciência que busca fazer dialogar a observações não apenas com lunetas mas por satélites, e tentamos sa-
ordem com a desordem, e isso é evidentemente um fenómeno que tem ber o que é este sistema bizarro e com furos em todas partes que é o
um papel nessa espécie de renovação epistcmológica que se inicia com universo.
Bachelard e Popper. Bachelard entende que há qualquer coisa que cha- Naturalmente, há muita resistência a isso nos outros domínios cien-
ma de "surrealismo", quer dizer, o conhecimento não depende apenas tíficos, mas, apesar disso, gritos de alarme. Maurice Aliais, Prémio
do racionalismo clássico. Popper faz uma crítica muito severa da Nobel de Economia, declarou: "Em economia tudo depende de tudo e
indução, dizendo que a indução não leva à certeza absoluta. Aqui en- tudo age sobre tudo", ou seja, não apenas tudo o que é económico, mas
contramos a seguinte problemática: a desordem e a incerteza emergi- também tudo o que é sociológico e não económico. E Von Haycck,
ram no reino da ordem. grande teórico do liberalismo económico, diz: "Ninguém pode ser um
O segundo problema é o da separabilidade, da separação. Enquanto grande economista sendo somente um economista ". Até acrescenta que
o início deste século é também o início das ciências da dialógica ordem um economista que não é senão economista, torna-se nocivo c pode
c desordem, a segunda metade é a do surgimento do que podemos cha- constituir um perigo verdadeiro.
mar de ciências sistémicas. Sobretudo a ecologia - porque a ecologia Vocês compreendem que tudo isso é muito atual.
como ciência tem seu núcleo, a partir dos anos 35, na noção de ecossis- Temos também o problema da não-separabilidade. Com ele nos de-
tema, isto é, as interações entre os diferentes seres vivos, vegetais, ani- paramos com algo absolutamente banal na psicologia cognitiva: o fato
mais, unicelulares. O meio geofísico forma espontaneamente um ccos- de que a atividade normal do nosso espírito, do nosso cérebro, nossa
sistema, ou seja, um fenómeno organizado. E esse fenómeno organiza- atividade mental normal, funciona integrando informação num conjun-
do tem, é claro, um certo número de propriedades que não se encon- to que lhe dá sentido. Quando captamos uma informação na televisão
tram nos elementos concebidos isoladamente. Nos anos 80 a ecologia ou nos jornais, para conhecê-la, para compreendê-la, temos que
desenvolveu-se não apenas como ciência dos ecossistemas locais, mas contextualizá-la, globalizá-la. Nós a compreendemos a partir do seu
da biosfera em geral, onde mais interfere a ação das sociedades c das contexto, e se ela faz parte de um sistema, tentamos situá-la nesse sis-
civilizações humanas. Podemos citar também as ciências da terra, que tema. Contextualizar e globalizar são os procedimentos absolutamente
constituíram sua aliança sistémica, porque meteorologia, vulcanologia, normais do espírito e, infelizmente, a partir de um certo nível de espe-
geologia etc. eram ciências independentes e não comunicantes, até o cialização, que passa a ser da hiper-especialização, o fechamento e a
momento em que, graças à descoberta da tectônica das placas, foi pos- compartamentização impedem contextualizar e globalizar. Contextua-
sível conceber a Terra como um sistema complexo, se auto-organizan- lizar é o problema da ecologia. Nenhum ser vivo pode viver sem seu
do ele próprio com o acaso e as incríveis flutuações. É preciso pensar ecossistema, sem seu meio ambiente. Isso quer dizer que não podemos
que isto também faz parte de uma desordem aparente, porque a hipóte- compreender alguma coisa de autónomo, senão compreendendo aquilo
se atualmente em voga é de que, em sua origem, a Terra era uma lixeira de que ele é dependente. O que determina também uma revolução no
cósmica espontânea - isto é, detritos cósmicos se juntam, se agregam pensamento, pois. o conhecimento ideal implicava fechar inteiramente
e, então, todo um longo processo ocorre: o que é mais denso vai para um objeto e pesquisá-lo exaustivamente. Isto ainda c o ideal das teses
o centro, formam-se a calota, os continentes, etc. Isto dá razão a de doutorado que, em geral, são tão estéreis por essa razão.
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Portanto, está em questão o problema da inseparabilidade. Em cer- não mais de uma razão fechada nos princípios da lógica clássica. É
tas ciências, não podemos separar... fazer como se o observador ou o preciso tentar penetrar nesse universo novo. O problema que se coloca
formulador não existissem. Não é apenas no domínio da microfísica atualmente não é o de substituir a certeza pela incerteza, a separação
que ocorre uma perturbação na observação dos fenómenos observados, pela inseparabilidade ou a lógica clássica por não sei o quê... Trata-se
nem que seja porque há luz, portanto fótons que perturbam o fenóme- de saber como vamos fazer para dialogar entre certeza e incerteza, se-
no. Mas, enfim, qualquer pessoa que tenha estudado um pouco de socio- paração e inseparabilidade etc. E para chegar a isso, creio que Laborit
logia ou de antropologia sabe que somos obrigados a nos situar, reco- é bem explícito a esse respeito: c preciso começar por utilizar a teoria
nhecer-nos a nós mesmos para falar da sociedade da qual fazemos par- dos sistemas, a cibernética e a teoria da informação. É o que podemos
te. Como também para falar das sociedades exóticas. Caso contrário chamar de as três teorias, que formam uma trindade. De certa maneira,
seria difícil entender, porque só os julgaríamos no âmbito de nossas elas repercutem uma na outra de maneira inseparável, como a Trindade
próprias categorias mentais. Ao que se pode acrescentar que a separa- divina, só que esta é profana.
ção entre ciência e filosofia deixou de ser pertinente para todos os pro- A teoria da informação tem de interessante o fato de que o conceito
blemas fundamentais hoje em dia. Por exemplo, quando a ciência físi- de informação pode ser definido, de um certo ângulo, como a resolução
ca aborda os problemas das origens do universo, esbarramos em ques- de uma incerteza. Estamos num universo entregue ao ruído e num mun-
tões filosóficas, aliás muito bem detectadas por Kant quando falou das do que contém acontecimentos que somos incapazes de decifrar. Gra-
aporias da razão, limites do finito, do infinito, universo que tem ou não ças à redundância, quer dizer, a toda a estrutura de conhecimentos ad-
um começo. Além disso, não é por acaso que se vêem muitos sábios, quiridos de antemão, podemos extrair uma informação do barulho que
eminentes cientistas, fazerem filosofia natural e espontânea a respeito nos chega. E a informação é sempre o inesperado, c o aviãozinho que
de seu trabalho. Por último, há uma obra de Reeves que acaba de ser se choca contra a Casa Branca, é a entrevista do presidente da Repúbli-
publicada, mas já havia o Espagner e muitos outros físicos no mundo ca totalmente inesperada há alguns meses etc. A informação nasce do
inteiro. nosso diálogo com o mundo, c nele sempre surgem acontecimentos que
Eu lhes disse que a indução é confiável em muitos casos, mas não a a teoria não tinha previsto, e tampouco os jornalistas. Eis então uma
devemos tomar como prova absoluta. A dedução parecia algo realmen- teoria interessante que busca lidar com a incerteza.
te absoluto, implacável, e é a esse respeito que, retomando o velho A ligação entre teoria da informação e cibernética é muito fecunda.
paradoxo do Cretense (que afirma que todos os cretenses são mentiro- Por quê? Porque a cibernética criou a informação como programa. In-
sos), Russel chegou a um paradoxo sobre a classe que engloba todas as troduzimos a informação, que por sua vez dita à máquina o seu com-
classes. Tudo isso foi inserido no coração da mais rigorosa ciência - a portamento. A informação torna-se parte inseparável da organização.
teoria matemática - com o teorema de Godel, que faz intervir uma in- Mas a virtude capital da cibernética fundada por Norbert Winer é de ter
certeza, isto é, uma contradição, na possibilidade lógica que um siste- trazido a espiral. Estávamos todos habituados a uma causalidade line-
ma tem de se conhecer e se explicar por seus próprios meios. Além ar, causa/efeito. Dessa forma, era impossível pensar que houvesse uma
disso, a ideia foi expressa num plano inteiramente diferente do semân- retroação. Naturalmente, os pensadores interessados nos fenómenos
tico pelo lógico Tarski, que afirmou: "Nenhum sistema dispõe de meios complexos - como Marx por exemplo -, sem conceber a palavra, di-
suficientes para se explicar a si próprio ". Há, portanto, uma série de ziam que havia até um certo efeito de retorno das superestruturas nas
problemas nos três pilares fundamentais do conhecimento: ordem, infra-estruturas - um pequeno efeito, evidentemente. Encontrávamos
separabilidade e razão. em certos mecanismos fenómenos de retroação. mas essa palavra não
existia e o nascimento da palavra - e do conceito - tem, na minha
Caminhamos, hoje, cm direção à pesquisa de uma razão aberta, c

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O PENSAR COMPLEXO P O R UMA REFORMA DO PENSAMENTO

opinião, uma enorme importância. Nao é apenas a retroação que permi- ciência é o sistema. E é isso que a ecologia-ciência descobriu esponta-
te compreender os fenómenos regulares. Afinal, os fenómenos regula- neamente no fim dos anos 30 e que, na minha opinião, vamos descobrir
res não são apenas fenómenos das máquinas artificiais, nós mesmos cada vez mais nas ciências que não fizeram esta revolução: a biologia,
somos uma máquina térmica e quimicamente regulada. O fenómeno da a sociologia, e, é claro, a economia.
regulação compreende-se evidentemente através do elo retroativo. Quan- Eis as três teorias que constituem uma via de inteligibilidade para
do ocorre um desvio em relação a uma norma, a máquina se dedica a este mundo novo que se ergue diante de nós. Acrescento a elas, na sua
corrigir o desvio - e chamamos isto da retroação negativa ou feedback própria lógica, a= ideias de auto-organização. Diria mesmo de auto-
negativo. Às vezes o desvio não é corrigido, e é então o feedback posi- eco-organização. E aqui trago dois nomes: Von Neumann e Von Fõrster.
tivo que pode ir para a explosão ou para a transformação, a revolução Von Neumann, na teoria dos autómatos auto-reprodutores, postulou
etc. Portanto, é absolutamente capital esse pensamento em espiral. Por a seguinte questão: por que será que as máquinas artificiais que cons-
exemplo, somos seres vivos, produzidos por um processo de reprodu- truímos com materiais extremamente confiáveis, como um motor de
ção genética, mas nós mesmos, que somos esses produtos, somos tam- avião a reação, são menos confiáveis em seu futuro do que as máquinas
bém os produtores, desde que nos acoplemos com a pessoa do outro naturais - os seres vivos -, que são construídos com materiais muito
sexo. Nesse momento, somos produtos-produtores. Estamos num ci- pouco confiáveis, como proteínas, que se degradam rapidamente? E a
clo. A sociedade nasce das interações entre indivíduos, mas com sua resposta só pode ser que a máquina artificial não tem o poder de se
cultura, com seu saber, ela retroage sobre os indivíduos e os produz auto-reparar, de se auto-transformar e mesmo de se auto-reproduzir.
para se tornarem indivíduos humanos. O fenómeno de produto-produ- Mas esse poder das máquinas naturais, quer dizer, dos seres vivos, é
tor é um fenómeno constante. Vejamos uma fábrica, uma empresa pro- um poder não somente de tolerar uma desordem que as máquinas arti-
duz produtos que venderá no mercado, mas ao mesmo tempo ela pró- ficiais não podem tolerar, mas de se alimentar dessa desordem para se
pria se auto-produz para perdurar, se manter, etc. Portanto, o pensa- regenerar. As moléculas que se degradam são substituídas por outras.
mento em espiral é um pensamento que se torna absolutamente neces- As células que morrem são substituídas por novas. Os indivíduos que
sário. Esta é uma contribuição da segunda das três teorias citadas. morrem numa sociedade são substituídos por outros indivíduos a quem
O sistema, como já foi dito - o todo -, é mais que a soma das partes, ensinamos a cultura na escola. E, de alguma forma, a propriedade da
isto é, no nível do todo organizado há emergências e qualidades que auto-organização. E, repito, da auto-eco, porque sempre usamos os ele-
não existem no nível das partes quando são isoladas. Tais emergências mentos regeneradores do meio exterior. Este é o fenómeno capital que
podem retroagir sobre as partes: a cultura é uma emergência social que Von Neumann apontou.
retroage sobre os indivíduos, lhes dá a linguagem e o saber, e, por isso, Por outro lado, Von Fôrster mostrou, em 1960, que havia um para-
os transforma. Não apenas o todo é mais que a soma das partes. Eu doxo na ideia de auto-organização, já que é preciso sempre ter fontes
diria mesmo que o todo é menos que a soma das partes, porque tudo de energia externas. É por esta razão que prefiro auto-eco-organização.
que é organizado tem obrigações, e tudo que é obrigação inibe ou pro- Mas ele disse "orderfrom noise" (ordem a partir do ruído), não apenas
íbe possibilidades que não podem ser exprimidas. Além do mais, per- da desordem, mas a partir do ruído. Se tivermos, por exemplo, uma
cebemos que tudo o que tem uma realidade para nós é, de certa manei- caixa, onde há cubos magnetizados nos dois lados diferentes, ao agitar-
ra, sistema. Sistema, o átomo; sistema, as moléculas; sistema, o sol; mos a caixa se produz uma arquitetura surpreendente por causa da
sistema, as galáxias; sistema, a bioesfera; sistema, a sociedade; siste- imantação. Assim, a energia não direcional provocou ao acaso uma
ma, 0 homem. Portanto, sistemas, sub-sistemas e polissistemas. Assim, certa organização, com a ajuda de uma pinçada da ordem do magneti-
0 objeto da ciência se transforma: não é mais algo isolado. O objeto da zante. E, no fundo, isto nos introduz no problema do universo, do qual

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O PENSAR COMPLEXO POR UMA REFORMA DO PENSAMENTO

eu falava a propósito daqueles fantásticos montes de lixo dispostos ao simplicidade com a complexidade, parafraseando aliás uma frase mui-
acaso, que é nossa Terra na sua origem. A questão é saber como, a to profunda de Hegel e que, de maneira paradoxal, um filósofo chinês
partir da desordem, a partir de alguns princípios da ordem, nascem as do século XVII, Fang-Yishi, encontrou por seu lado: a vida é a união
organizações. E no que concerne à vida, já que as células, as moléculas da união com a desunião. É um pouco o que eu lhes disse a respeito de
e os indivíduos morrem, retornamos a uma ideia de Heráclito: "Viver Von Neumann.
de morte, morrer de vida". Viver de morte porque os seres vivos vivem A grande questão, portanto, é esta: combinar o simples e o comple-
da morte de suas células. Por outro lado, o interessante da ideia de xo. Quando a simplicidade não funciona mais é preciso passar ao elo, à
morrer de vida deve-se ao fato de que há neste processo um rejuvenes- espiral, a outros princípios do pensamento. Temos, assim, a revolução
cimento extraordinário que ocorre sem cessar, e do qual procede cada que diz respeito a um grande número de ciências e que substitui a in-
batida de nosso coração, que faz irrigar pelo sangue a desentoxicação certeza pelo jogo do certo e do incerto, do separável e do inseparável. É
do oxigénio através da respiração. Sem cessar produzimos uma regene- o princípio das três teorias - e insisto nisso -, é preciso dizer: trindade.
ração, isto é, o rejuvenescimento. E então, por que morremos? Não Essa trindade não foi reconhecida porque se formou fora do meio disci-
pelo uso, como uma carroça velha, mas à força de rejuvenescer. E é plinar clássico das ciências, fora do meio filosófico e humanista. De
isso que nos mata. Morremos de rejuvenescer. fato, os matemáticos engenheiros estão no seu canto, fazem as suas
Chego, finalmente, ao ponto crucial que já mencionei: o problema máquinas, e não podemos absolutamente pensar que possa haver entre
não é a substituição da certeza pela incerteza. O conhecimento navega eles grandes pensadores. Todavia houve grandes pensadores, podemos
em um mar de incerteza, por entre arquipélagos de certeza, e deve de- dizer que Wiener é um grande pensador, Ashby é um grande pensador,
tectar isso que chamo de dialógica certeza-incerteza, separação- Von Neumann.
inseparabilidade. Pascal, o grande pensador, já dizia: "Toda coisa é Esse tipo de pensamento ficou marginalizado, não pôde se desen-
causada e causante". Já tinha, portanto, o sentido do elo de Winer, volver em toda sua fecundidade. Somente agora, com o esforço de al-
"toda coisa sendo ajudada e ajudando, e tudo estando em relação com gumas pessoas de boa vontade, começamos a ver a virtude de sua
tudo, as coisas mais distantes reunidas umas às outras por um elo, contribuição. E eu não teria palavras suficientes para recomendar ple-
considero impossível conhecer as partes se não conheço o todo, como namente que se considere isto como um meio de avançar. Contudo, não
acho impossível conhecer o todo se não conheço as partes". Em resu- é suficiente. Porque também podemos nos alimentar da tradição filosó-
mo: é preciso juntar os princípios de separação e de não-separação. fica ocidental; aludo a Heráclito, Pascal, Kant (quando se refere às
Este é o problema-chave para a reforma do pensamento, que não aporias da razão), aos quais poderíamos acrescentar Hegel. Quer dizer,
tenho tempo de desenvolver. A questão da racionalidade aberta é a de há uma tradição filosófica que enfrenta a contradição em vez de eliminá-
um jogo duplo: manter as regras da lógica clássica, aqui incluindo os la, e podemos apoiar-nos nela. Além disso, temos Espinoza, que não é
três princípios aristotélicos, mas ser capaz, em alguns casos, de trans- apenas a filosofia da imanência, c um filósofo com sua natureza
gredi-los e retornar. Com isto quero dizer: não abrir mão da velha lógi- naturalizante, que cria a natureza naturalizada, o que significa a auto-
ca mas, ao contrário, integrá-la em um jogo complexo. E direi a mesma produção do mundo por ele próprio. Foi isto que, à sua maneira
coisa a respeito do simples e do complexo, já que a ordem é sempre especulativa, Hegel fez: transformou a auto-produção do mundo em
simples, o inseparável é simples e os princípios aristotélicos são sim- auto-produção do espírito. Hoje em dia, quando lemos os nomes de
ples. Mas a complexidade, o pensamento complexo, não é a pesquisa Michel Casse e Reevcs, pensamos: de que estão falando os astrofísicos?
da confusão total impulsionada pela voluptuosidade de se perder na A partir do que eles chamam um vazio (que não é o vazio, digamos,
confusão. Como defini em minhas obras, a complexidade é a união da niilista, mas um vazio que comporta o acaso quântico, um acidente,

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cu falava a propósito daqueles fantásticos montes de lixo dispostos ao simplicidade com a complexidade, parafraseando aliás uma frase mui-
acaso, que c nossa Terra na sua origem. A questão é saber como, a to profunda de Hegel c que, de maneira paradoxal, um filósofo chinês
partir da desordem, a partir de alguns princípios da ordem, nascem as do século XVII, Fang-Yishi, encontrou por seu lado: a vida é a união
organizações. E no que concerne à vida, já que as células, as moléculas da união com a desunião. É um pouco o que eu lhes disse a respeito de
e os indivíduos morrem, retornamos a uma ideia de Heráclito: "Viver Von Neumann.
de morte, morrer de vida". Viver de morte porque os seres vivos vivem A grande questão, portanto, é esta: combinar o simples e o comple-
da morte de suas células. Por outro lado, o interessante da ideia de xo. Quando a simplicidade não funciona mais é preciso passar ao elo, à
morrer de vida deve-se ao fato de que há neste processo um rejuvenes- espiral, a outros princípios do pensamento. Temos, assim, a revolução
cimento extraordinário que ocorre sem cessar, e do qual procede cada que diz respeito a um grande número de ciências e que substitui a in-
batida de nosso coração, que faz irrigar pelo sangue a desentoxicação certeza pelo jogo do certo e do incerto, do separável e do inseparável. É
do oxigénio através da respiração. Sem cessar produzimos uma regene- o princípio das três teorias - e insisto nisso —, é preciso dizer: trindade.
ração, isto é, o rejuvenescimento. E então, por que morremos? Não Essa trindade não foi reconhecida porque se formou fora do meio disci-
pelo uso, como uma carroça velha, mas à força de rejuvenescer. E é plinar clássico das ciências, fora do meio filosófico e humanista. De
isso que nos mata. Morremos de rejuvenescer. fato, os matemáticos engenheiros estão no seu canto, fazem as suas
Chego, finalmente, ao ponto crucial que já mencionei: o problema máquinas, e não podemos absolutamente pensar que possa haver entre
não é a substituição da certeza pela incerteza. O conhecimento navega eles grandes pensadores. Todavia houve grandes pensadores, podemos
em um mar de incerteza, por entre arquipélagos de certeza, e deve de- dizer que Wiener é um grande pensador, Ashby é um grande pensador,
tectar isso que chamo de dialógica certeza-incerteza, separação- Von Neumann.
inseparabilidade. Pascal, o grande pensador, já dizia: "Toda coisa é Esse tipo de pensamento ficou marginalizado, não pôde se desen-
causada e causante". Já tinha, portanto, o sentido do elo de Winer, volver em toda sua fecundidade. Somente agora, com o esforço de al-
"toda coisa sendo ajudada e ajudando, e tudo estando em relação com gumas pessoas de boa vontade, começamos a ver a virtude de sua
tudo, as coisas mais distantes reunidas umas às outras por um elo, contribuição. E eu não teria palavras suficientes para recomendar ple-
considero impossível conhecer as partes se não conheço o todo, como namente que se considere isto como um meio de avançar. Contudo, não
acho impossível conhecer o todo se não conheço as partes". Em resu- é suficiente. Porque também podemos nos alimentar da tradição filosó-
mo: é preciso juntar os princípios de separação e de não-separação. fica ocidental; aludo a Heráclito, Pascal, Kant (quando se refere às
Este é o problema-chave para a reforma do pensamento, que não aporias da razão), aos quais poderíamos acrescentar Hcgel. Quer dizer,
tenho tempo de desenvolver. A questão da racionalidade aberta é a de há uma tradição filosófica que enfrenta a contradição em vez de eliminá-
um jogo duplo: manter as regras da lógica clássica, aqui incluindo os la, e podemos apoiar-nos nela. Além disso, temos Espinoza, que não é
três princípios aristotélicos, mas ser capaz, em alguns casos, de trans- apenas a filosofia da imanência, é um filósofo com sua natureza
gredi-los e retornai". Com isto quero dizer: não abrir mão da velha lógi- naturalizante, que cria a natureza naturalizada, o que significa a auto-
ca mas, ao contrário, integrá-la em um jogo complexo. E direi a mesma produção do mundo por ele próprio. Foi isto que, à sua maneira
coisa a respeito do simples e do complexo, já que a ordem é sempre especulativa, Hegel fez: transformou a auto-produção do mundo em
simples, o inseparável é simples e os princípios aristotélicos são sim- auto-produção do espírito. Hoje em dia, quando lemos os nomes de
ples. Mas a complexidade, o pensamento complexo, não é a pesquisa Michel Casse e Reeves, pensamos: de que estão falando os astrofísicos?
da confusão total impulsionada pela voluptuosidade de se perder na A partir do que eles chamam um vazio (que não é o vazio, digamos,
confusão. Como defini em minhas obras, a complexidade é a união da niilista, mas um vazio que comporta o acaso quântico, um acidente,

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uma pequena perturbação, uma flatulência, um peido de alguma forma) se produzem sob o seu império. E, de alguma forma, o paradigma do-
teria feito explodir o nosso cosmos. Portanto, a auto-produção do mun- minante até hoje, que começa a ficar um pouco combalido, era um
do é um problema que nos colocamos a partir do momento em que já paradigma de disjunção e de redução. Queremos conhecer separando,
não lemos nada a ver com um deus criador (pois seria preciso explicar ou desunindo, a ciência, a filosofia, a cultura literária, a cultura cientí-
quem criou esse deus criador, se não é a auto-criação). fica, as disciplinas, a vida, a matéria, o homem, etc. Desunimos, sepa-
Assim, temos uma tradição que se soma ao pensamento chinês. São ramos o inseparável, sem lembrar que o homem tem um espírito, mas
todas ideias muito interessantes, situadas, porém, em paralelos não- este espírito está ligado ao cérebro: tudo está relacionado.
comunicantes com as do Ocidente. Ali encontraremos uma reflexão a O conhecimento, sob o império do cérebro, separa ou reduz. Redu-
partir do Tao, do Yin-Yang etc. ziremos o homem ao animal, o vivo físico-químico. Ora, o problema
Para chegar a reforma do pensamento há muitos caminhos que não é reduzir nem separar, mas diferenciar c juntar. O problema-chave
confluem. E preciso fazê-los confluir. Há primeiro as duas revoluções é o de um pensamento que una, por isso a palavra complexidade, a meu
científicas: a primeira estabelece a irrupção da desordem, do acaso, do ver, é tão importante, já que complexas significa "o que é tecido junto",
incerto; a segunda tenta, de alguma forma, constituir as ciências o que dá uma feição à tapeçaria. O pensamento complexo é o pensa-
sistémicas onde só havia disciplinas fechadas. Temos as três teorias. mento que se esforça para unir, não na confusão, mas operando dife-
Existem também as reflexões epistemológicas que partem de Bachelard, renciações. Isto me parece vital, principalmente na vida cotidiana, como
de Popper (que já mencionei), e depois prossegue via Hollon, Kuhn. já mencionei: espontaneamente tentamos contextualizar. Evidentemente,
Infelizmente, porém, essas reflexões se constituíram a partir da primei- se nos faltam conhecimentos, contextualizaremos muito mal. Vichy,
ra grande revolução e não foram contemporâneas da segunda revolu- por exemplo, o que é? Todos eram colaboradores, todos eram resisten-
ção, a sistémica. Por isso, é importante enfatizar as consequências epis- tes. É muito difícil contextualizar, há um grande problema nestes dias
temológicas desta transformação em curso nas ciências. Há também as para historizar c contextualizar a nossa História de 50 anos atrás. Con-
reflexões de filósofos sobre as ciências neste século. Em primeiro lu- textualizar e globalizar, situar num conjunto se houver um sistema. E
gar as de Husserl, particularmente em suas conferências c na obra mo- isto é necessário para a vida cotidiana e absolutamente necessário na
numental sobre a crise da ciência europeia; Em seguida Lakatos, no nossa era planetária, em que não há problemas importantes de uma
início dos anos 30. Para ele a ciência era europeia, ainda não se havia nação que não estejam ligados a outros de natureza planetária, o desen-
mundializado. Mesmo assim denunciava o problema e os pontos de volvimento técnico, o problema demográfico, o económico, a droga, a
estrangulamento que existem no conhecimento científico de hoje. Aids, a bomba atómica, etc. A necessidade vital da era planetária, do
Chego à minha conclusão: tudo isso deve nos levar à chave do pro- nosso tempo, do nosso fim de milénio, é um pensamento capaz de unir
blema, que é a reforma paradigmática. Esta palavra é empregada em e diferenciar. É uma aventura, e muito difícil. Mas se não o fizermos,
muitos sentidos, e muitas vezes banalizada. Procuro empregá-la num teremos a inteligência cega, a inteligência incapaz de contextualizar. A
sentido misto, a partir do sentido que tomou na linguística estrutural: o inteligência, por exemplo, que presidiu à maravilhosa construção da
nível paradigmático é aquele no qual se opera a seleção das palavras barragem de Assouan, obra prima da técnica, e no entanto os engenhei-
em relação em nível sintagmático. A palavra cm grego queria dizer ros esqueceram de algo, ou melhor, de duas coisas: em primeiro lugar,
"exemplo", exemplificação - quer dizer, um modelo, a estrutura de que as águas dessa barragem são necessárias para normalizar as águas
pensamento que controla todos os pensamentos que daí se originam. do rio quando estão muito violentas, e também para produzir energia
Dito de outro modo, o nível paradigmático é o núcleo forte que coman- elétrica. A barragem de fato retinha boa parte do limo que fertilizava a
da todos os pensamentos, todas as ideias, todos os conhecimentos que baixa planície e, por outro lado, retinha uma parte dos peixes que tam-

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O PENSAR COMPLEXO

bém alimentavam os ribeirinhos da baixa planície do Nilo. Contextua-


lizar é o que faltou a todos esses mega-projetos técnicos que hoje em
dia já desabaram ou nada conseguiram. Este c o problema crucial e a
razão pela qual a reforma do pensamento tem uma consequência direta
no ensino c na pedagogia.
Na minha opinião, só poderemos começar a reforma do pensamen-
to na escola primária e em pequenas classes. Não quero dizer que na
Universidade já seja muito tarde, que tudo esteja perdido, não seria tão
desrespeitoso. Diria, porém, que é nesse nível que devemos nos benefi-
ciar da maneira natural e espontaneamente complexa do espírito da
criança, para desenvolver o sentido das relações entre os problemas e
os dados. Sempre nos deparamos com este problema de fundo, o fato
de que a reforma do pensamento só pode ser realizada por meio de uma
reforma da educação. Só que sempre retornamos à aporia bem conheci-
da: é preciso reformar as instituições, mas se as reformamos sem refor-
mar os espíritos, a reforma não serve para nada, como tantas vezes
ocorreu nas reformas do ensino de tempos passados. Como reformar os
espíritos se não reformamos as instituições? Círculo vicioso. Mas se
tivermos o sentido da espiral, em dado momento começaremos um pro-
cesso e o círculo vicioso se tornará um círculo virtuoso. O problema no
segundo paradoxo colocado por Marx a respeito da educação: quem
educará os educadores? É preciso que eles se eduquem a si mesmos.
Era o que eu desejava dizer nesta introdução à reforma do pensamento.

Tradução: Márcia Cavalcanti Ribas

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