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A integração da América do Sul
segundo os bancos de desenvolvimento:
uma proposta de pesquisa em perspectiva comparada
Sumário
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1. Introdução .............................................................................................................. 03
4. Referências .................................................................................................................. 19
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1. Introdução
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sulamericanos. Eles são instrumentais em relação aos interesses dos Estados nacionais
da região e ao mesmo tempo se configuram como um campo de forças relativamente
autônomo e referenciado pelas dinâmicas do núcleo orgânico do sistema-mundo
capitalista.
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pesquisadores. Por outro, os métodos não possuem aplicabilidade universal. Seu encaixe
no desenho e nas estratégias de pesquisa vai depender em grande medida das
características próprias do objeto de estudo e da teoria escolhida para fundamentar o
processo de análise e interpretação do fenômeno estudado.
O livro de King et all (1994), Designing Social Inquiry: Scientific Inference in
Qualitative Research tornou-se uma referência ao propor que as abordagens
quantitativas e qualitativas de pesquisa possuem padrões metodológicos compartilhados
e áreas de convergência que permitem uma aproximação entre os dois enfoques. Ao
mesmo tempo, o livro oferece um conjunto de importantes recomendações formando
uma espécie de guia de pesquisa cuja premissa é a busca de validade científica das
pesquisas em ciências sociais. Porém, se tomadas ao pé da letra, as diretrizes
estabelecidas neste guia invalidariam uma boa parte das pesquisas qualitativas
atualmente realizadas em ciências sociais.
A crítica de Brady & Collier (2004) em Rethinking Social Inquiry: Diverse
Tools, Shared Standards, é de que embora King et all (1994) tenham feito sugestões
válidas e que devem ser observadas pelos cientistas sociais, eles propuseram “a
quantiative template for qualitative research”. Alguns autores adeptos das pesquisas
qualitativas alertaram para as limitações das abordagens “quantitativistas” que forma a
base das proposições de King et all (1994). Outros consideram o quantitative template
totalmente inapropriado. Outros mais argumentam que as abordagens qualitativas
possuem forças e vantagens que estão ausentes nos estudos quantitativos e estes têm
muito a aprender com aquelas (Brady & Collier, 2004).
As contribuições de King et all (1994) são de grande relevância para a atividade
de pesquisa em ciência social por chamarem a atenção para os riscos de invalidade
científica e de indeterminação inerentes aos desenhos de pesquisa, tanto quantitativos
quanto qualitativos. Mas o debate sistematizado por Brady & Collier (2004) demonstra
a diversidade de abordagens, enfoques e ferramentas que podem ser mobilizadas em
processos de pesquisa em ciências sociais, a depender dos problemas de pesquisa e
teorias que retêm o interesse dos pesquisadores. O trabalho envolvido no desenho ou
delineamento da pesquisa implica que o pesquisador deve transitar por essa diversidade
de abordagens, colhendo contribuições relevantes e fazendo escolhas metodológicas que
melhor se ajustem à sua situação específica. Mas como fazê-lo sem se perder no
emaranhado de métodos e abordagens muitas vezes contraditórias entre si? O caminho
aqui proposto implica na busca de um fio condutor que vai do objeto de estudo para a
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teoria e desta para a metodologia de pesquisa. O argumento é de que a combinação
“objeto de pesquisa + teoria” implica na exclusão de determinadas opções
metodológicas enquanto exige a adoção de outras.
Pesquisas que têm o sistema-mundo capitalista como objeto de análise se veem
impossibilitadas de ampliar o seu N, como sugere King et all (1994) como forma de
diminuir o risco de indeterminação, pelo motivo óbvio de que só existe um sistema-
mundo (N=1). Da mesma forma, a possibilidade de seleção randômica dos casos a
serem analisados se mostra inviável, mesmo quando estes se encontram níveis internos
ao sistema. Assim, as características estruturais do objeto de estudo e a abordagem
teórica direcionam a pesquisa para a seleção não randômica dos casos a serem
analisados.
As recomendações de King et all (1994) para situações que exigem seleção não
randômica dos casos (N pequeno) são basicamente duas: i) evitar a seleção de casos em
que as variáveis dependente e independente são constantes; ii) evitar a seleção de casos
nos quais as variáveis dependente e independente variam conjuntamente. Em ambos os
casos, a preocupação central é com a obtenção de inferências causais a partir de
variáveis.
A contradição entre essas recomendações e a abordagem do sistema-mundo está
no fato de que esta pressupõe justamente a interdependência entre variáveis. Esta
interdependência deriva do próprio caráter sistêmico do fenômeno estudado. Se para
King et all (1994) a interdependência é um problema a ser contornado ou evitado, para a
abordagem do sistema-mundo ela está na essência do método de análise e ocupa um
lugar central na formulação teórica. No lugar de inferências causais a partir do controle
de variáveis, o que se busca são inferências relacionais resultantes de processos
históricos de longa duração e de fenômenos cíclicos intrínsecos ao sistema.
Ao considerarmos os bancos de desenvolvimento com atuação na América do
Sul enquanto objeto de estudo, e ao definirmos a abordagem do sistema-mundo como
moldura teórica, nos deparamos com a problemática metodológica discutida acima.
Mesmo levando em consideração as contribuições relevante de King et all
(1994), é em Tilly (1984) que vamos encontrar uma formulação mais adequada para o
estudo dos bancos de desenvolvimento enquanto momentos do sistema-mundo. Para o
autor, o método de pesquisa em ciências sociais deve ser relacional, sendo a
comparação um procedimento fundamental. A abordagem relacional possibilita o estudo
de casos específicos analisados em suas particularidades (individualizing). Por outro
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lado, as características de cada caso podem ser analisadas em função do seu
relacionamento com o sistema mais amplo e do lugar que ocupa na geografia desse
sistema (encompassing). Adentramos, portanto, no campo das abordagens qualitativas
de pesquisa, algumas das quais são discutidas em Brady & Collier (2004).
Retomaremos esse ponto na próxima seção.
As dificuldades e a viabilidade de se trabalhar com a categoria sistema-mundo
decorrem da própria amplitude do conceito, o que impõe inúmeros desafios para sua
materialização na forma de um plano de estudos ou de pesquisa. As noções de ‘longa
duração’ e de ‘sistema mundial’ requerem um aparato de pesquisa (conceitual, de tempo
e de recursos) que raramente estão disponíveis aos pesquisadores interessados na
abordagem. A inspiração da enorme produção teórica de autores como Fernand Braudel
e Emmanuel Wallerstein representa um convite às análises históricas de maior fôlego,
mas a realidade e os condicionantes da vida acadêmica atual implicam em escolhas de
pesquisa menos ambiciosas.
Ao se deparar com dilema semelhante, Arrighi (1996) seguiu a recomendação de
Tilly (1984) e optou por unidades de análises mais fáceis de manejar do que a análise
histórica mundial. Por unidades de análise mais manejáveis entenda-se os “componentes
de sistemas mundiais específicos”, como Estados, e circuitos de produção e de trocas
que se agrupam em subsistemas regionais. Seguindo por um caminho similar, a
arquitetura dos bancos de desenvolvimento com atuação na América do Sul pode ser
tomada como unidade de análise para um ordenamento de processos e explicações
específicas que, embora circunscritas a um subssistema de Estados, podem dialogar com
o conceito de sistema-mundo e seus atributos. Para tal, é necessária uma escolha
parcimoniosa das categorias e formulações que a abordagem oferece e que podem ser
operacionalizadas no âmbito da pesquisa. O esquema abaixo oferece uma síntese da
discussão precedente e do relacionamento entre objeto de pesquisa e abordagem teórica
para efeito da pesquisa aqui discutida.
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Quadro 1 – Moldura geral da pesquisa: relação entre objeto de estudo e abordagem
teórica, segundo parâmetros de escala e tempo.
No plano teórico No plano empírico (recorte da pesquisa)
- bancos de desenvolvimento como unidades
Escala - sistema-mundo capitalista de análise (casos);
como moldura teórica - estudo da relação entres os casos específicos e
o sistema-mundo (encompassing);
- tempo conjuntural (situado no interior de
Tempo - tempo longo (longa duração) ciclos de longa duração
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Assim, pretende-se investigar processos e resultados que não podem ser
devidamente captados apenas por estudos comparativos do tipo cross-societal, baseados
em indicadores ou macroagregados de diferentes países, muito embora estes também
sejam importantes e úteis para a composição de argumentos explicativos.
A comparação permitirá a construção de um mapa conceitual das propostas dos
diferentes bancos de desenvolvimento em relação à integração regional da América do
Sul. Este será, em seguida, confrontado com o arcabouço teórico fornecido
principalmente pela abordagem do sistema-mundo, mas também pelas contribuições da
teoria da dependência e do pensamento social e político latino-americano. Em relação a
isso, cabe o alerta de Bendix (1963) sobre a difícil relação entre conceitos, teorias e
achados empíricos.
Para serem analiticamente úteis, os conceitos requerem especificações que nos
permitam saltar a distância entre eles e as evidências empíricas. A comparação tem um
papel importante no refinamento dos conceitos e na sua consubstanciação empírica.
Além disso, oferece proteção contra generalizações espúrias, quando um conceito
formulado sobre um limitado corpo de evidências é aplicado em outros contextos ou
situações (Bendix, 1963).
Por seu lado, Sartori (1970) critica o uso das técnicas de quantificação antes de
definições conceituais ou teóricas mais precisas e chama a atenção para o problema de
“estiramento conceitual”. Ao “viajar” de um contexto social para outro, os conceitos
tendem a se desprender do seu significado original, podendo perder precisão e eficácia
explicativa e resultando em conceitualizações vagas ou amorfas (Sartori, 1970). Isso
evidentemente afeta o seu uso em estudos comparativos.
As preocupações de Sartori (1970) e Bendix (1963) colocam em evidencia a
necessidade de um tratamento dos conceitos e categorias que serão utilizados no
procedimento de comparação a fim de se evitar tanto o estiramento conceitual quanto as
generalizações espúrias.
Ao revisitar as questões levantadas por Sartori (1970), Collier & Mahon Jr.
(1993) se dedicam a examinar como as categorias mudam ou podem mudar quando são
aplicadas para o estudo de novos casos ou situações. O argumento dos autores é de que
uma categoria, definida de modo particular, pode se encaixar razoavelmente bem para
um certo número de casos. Porém, um exame mais atento torna claro que para a maioria
dos casos esse encaixe não é perfeito. Nesses casos se observa uma “semelhança de
família” (family resemblance) na qual os diferentes componentes de uma categoria não
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compartilham exatamente os mesmos atributos, muito embora as semelhanças possam
ser evidentes.
A solução proposta é de submeter as categorias a um tratamento analítico
visando identificar os seus atributos constituintes e o grau de presença desses atributos
quanto a categoria é aplicada para diferentes casos. O exercício passa pela análise dos
atributos que uma determinada categoria compartilha ou não. Para facilitar esta análise,
Collier & Mahon Jr. (1993) propõem uma moldura de classificação das categorias como
primárias ou secundárias, clássicas ou radiais.
Categorias primárias referem-se a uma conceitualização mais geral, formada por
um conjunto de componentes ou elementos constituintes. Já as categorias secundárias
são aquelas cujo significado é derivado das categorias primárias. Quando as categorias
secundárias passam a incorporar novos atributos que não estavam presentes nos
componentes da categoria primaria, se está diante de uma categoria chamada por Collier
& Mahon Jr. (1993) de categoria clássica. Neste caso a incorporação de novos atributos
ocorre por adição ou adjetivação. Este é o caso da categoria desenvolvimento, que com o
tempo ganhou adjetivos ou atributos que não estavam presentes na sua formulação
primária: desenvolvimento sustentável, etnodesenvolvimento, entre outros.
Quando os diferentes atributos de uma categoria secundária já estão presentes
nos componentes da categoria primária, ou seja, quando não há adição de novos
atributos, mas apenas variações da sua presença na categoria secundária, se está diante
de uma categoria radial (Collier & Mahon Jr.,1993). A categoria poder, por exemplo, já
contém os atributos que se possa encontrar em categorias secundárias como poder de
voto, poder de veto, entre outras.
Como o objetivo do exercício proposto por Collier & Mahon Jr. (1993) é o de
evitar o problema de estiramento conceitual, o remédio sugerido pelos autores para o
caso das categorias clássicas é a remoção daqueles atributos que representam
acréscimos ou adições. Nesse sentido, propõe-se um retorno à categoria primária e aos
seus componentes e atributos constituintes. Já no caso das categorias radiais, o remédio
é a adição de adjetivos ou atributos já presentes na formulação da categoria primária
com o intuito de dar mais precisão à categoria sem alterar o seu significado original.
Essa moldura para o tratamento conceitual de categorias analíticas será útil para
se aumentar a precisão do processo de investigação e o diálogo entre os conceitos e a
sua utilização na interpretação da realidade empírica. No caso dos bancos de
desenvolvimento e da sua análise segundo a abordagem do sistema-mundo capitalista,
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as categorias desenvolvimento, integração e poder serão tomadas como ponto de partida
para se aumentar a precisão conceitual da pesquisa. O quadro abaixo apresenta de
maneira esquemática este tratamento segundo o modelo proposto por Collier & Mahon
Jr. (1993).
A discussão sobre método comparativo não seria completa sem uma discussão
sobre estudo de caso. Certos tipos de estudo de caso podem ser considerados como
elementos implícitos ao método comparativo (Lijphart, 1971). Mas um problema de
fundo no debate sobre metodologia de pesquisa e estudos de caso tem a ver com o
estiramento conceitual da noção de “caso”. A constatação desse problema levou Ragin
(1992) a formular uma moldura conceitual para responder à pergunta: “o que é um
caso?”.
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Este debate envolve não apenas a questão de definição de “caso”, mas também o
significado metodológico das pesquisas centradas no “estudo de” caso. Ou seja, não se
trata apenas de definir o que é, mas também como estudar um ou mais casos. Lijphart
(1971), por exemplo, expõe algumas possibilidades de abordagem incluídas na noção
geral de “estudo de caso”. Todas elas procuram responder à questão de como os estudos
de caso podem ser feitos e com quais finalidades ou objetivos.
Estudos de caso São selecionados mais pelo interesse nos casos do que na
interpretativos formulação de uma teoria geral. Faz uso explicito de teorias já
estabelecidas e que são aplicadas para o estudo de casos
específicos. Sua contribuição para a construção teórica é nulo.
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resultados empíricos do estudo de caso devem ser confrontados com as proposições
teóricas, buscando-se a generalização teórica (analítica) e não dos dados resultantes da
investigação. Estes são próprios do caso estudado.
O estudo de caso tem a vantagem de poder ser utilizado na “investigação de
eventos contemporâneos, nos quais os comportamentos pertinentes não podem ser
controlados” e, portanto, não podem ser submetidos a tratamentos estatísticos com o
objetivo de produzir resultados empíricos. A teoria é usada como gabarito a ser
comparado com os resultados empíricos do caso analisado e a generalização analítica
implica em dizer se esses resultados sustentam ou não a teoria (Rothman, 1994).
A abordagem “case-oriented” proposta por Ragin (1987) sugere trabalhar com
um número pequeno e teoricamente definido de casos, comparando cada caso com
outros e chegando a generalizações modestas. Este tipo de investigação envolve
diferentes caminhos para se chegar a uma compreensão sobre o fenômeno social, sendo
que duas tarefas são usualmente utilizadas: interpretar os fenômenos historicamente
decisivos (origem histórica) e determinar as suas causas e resultados. Os casos podem
ser tomados como “configurações” (uma combinação de características), enquanto que a
tradição de pesquisa qualitativa nas ciências sociais envolve a comparação entre
configurações (Ragin, 1987).
O diálogo entre os dados empíricos e as teorias também é defendido por
Burawoy (1998) como uma estratégia de generalização no estudo de caso. A ênfase não
seria na indução de uma nova teoria a partir dos dados empíricos, mas sim na
identificação das deficiências ou lacunas na teoria atualmente utilizada para explicar o
fenômeno estudado e sua posterior reconstrução a partir dos resultados da investigação.
Para fazer avançar a teoria, Burawoy (1998) propõe a “extensão” do caso, ou
seja, a investigação sobre como as forças do contexto externo (Estado, economia
nacional ou global, por exemplo) afetam ou condicionam a situação do caso ou
fenômeno analisado. Desta forma, busca-se as ligações entre casos particulares
cuidadosamente analisados e o contexto geral no qual ele está inserido, favorecendo a
compreensão das relações entre o “micro” e o “macro”, entre o presente e o passado, em
contraste com as teorias existentes. Os estudos de caso se prestam, portanto, ao processo
de refinamento teórico e para especificar de maneira mais cuidadosa o potencial
explicativo da teoria (Vaughan, 1992).
Embora essas abordagens não considerem o N pequeno como um problema
central, Lijphart (1971) argumenta que, para efeito da pesquisa comparativa, quanto
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maior o número de casos melhor. Isso permite estabelecer pelo menos alguns controles
entre as relações de causalidade observadas em cada caso. Uma escolha cuidadosa das
categorias e das relações a serem investigadas também auxilia na padronização das
observações e na comparação sistemática entre os diferentes casos segundo critérios
teóricos. Por outro lado, é preciso salvaguardar que a teoria não engesse a pesquisa,
limitando o trabalho interpretativo do pesquisador (Vaughan, 1992).
A delimitação conceitual do método do estudo de caso feita se insere no campo
da pesquisa qualitativa. Obviamente existem diversos outros métodos, ferramentas,
estratégias e instrumentos de pesquisa que podem ser mobilizados de maneira
complementar aos estudos de caso numa perspectiva comparada. A sistematização das
ferramentas de pesquisa qualitativa feita por Munck (2004), por exemplo, mostra a
diversidade de instrumentos disponíveis em cada passo do processo de pesquisa. Estes
podem contribuir para aumentar a precisão da pesquisa e permitir um diálogo mais
profícuo entre os planos teórico e empírico. Entre essas ferramentas complementares
podemos destacar a triangulação de evidências, o process-tracing e os estudos de
conjuntura.
A triangulação de evidências é um fundamento lógico e mecanismo de controle
necessário em investigações do tipo estudo de caso. Ela implica não apenas na coleta de
evidências a partir de fontes distintas, mas principalmente a análise do material coletado
segundo o mesmo conjunto de questões inerentes à pesquisa (Yin, 2007). A idéia de
triangular remete a uma convenção e implica em se utilizar dados e informações de
pelos menos três fontes diferentes (por exemplo: documentos, entrevistas focais,
observação direta).
O que se busca na triangulação é separar as informações e dados inconclusivos
(que não se repetem nos dados obtidos de diferentes fontes) daquelas com maior grau de
certeza (se repetem ou aparecem de maneira recorrente, independentemente da fonte).
Obviamente a ampliação do número de fontes tende a aumentar a precisão dos
resultados da triangulação.
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Fonte de evidências 3
Fonte de evidencias 1 A
B A
Fonte de evidências 2 A
A = Áreas de baixa precisão: os dados fornecidos por uma fonte não são corroborados
pelas demais. Risco de inconclusão.
B = Área de maior precisão: os dados e informações são corroborados pelas diversas
fontes. Confirmação das evidências.
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acompanhada de pretensão de generalizar a explicação ou de empregar variáveis
hipóteses causais teóricas.
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“o tempo de uma conjuntura não pode ser curto a ponto de assemelhar-se ao da
ocorrência de um fato e de seus desdobramentos fáticos e cronológicos –
matéria-prima do jornalista – carecendo de sentido interpretativo estruturalmente
conectado e, por outro lado, sua duração não pode exceder a duração de um ciclo
porque se confundiria com tendências seculares, processos estruturais de longa
duração” (Brussi, 2007).
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análise categorias radiais: integração e poder (Collier & Mahon Jr., 1993).
Estudos de caso: estudos de casos para confirmar ou não uma teoria: análise de um
abordagem ou mais casos segundo uma moldura teórica e generalizações já
analítica estabelecidas. O objetivo é testar proposições teóricas que
poderão ser confirmadas ou não (Lijphart, 1971);
4. Referencias
_____ . (1996). O longo século XX: dinheiro, poder e as raízes do nosso tempo. Rio de
Janeiro: Contraponto. 393p.
BRADY, Henry e COLLIER, David. Rethinking Social Inquiry: Diverse Tools, Shared
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Russell Sage Foundation.
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Charles e BECKER, Howard. What is a Case? Exploring the Foundations of Social
Inquiry. Cambridge, Cambridge University Press, 1992.
YIN, Robert. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. Porto Alegre, Bookman, 2007.
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