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Universidade de Brasília – UnB

Centro de Pesquisa e Pós-graduação sobre as Américas - CEPPAC

A integração da América do Sul


segundo os bancos de desenvolvimento:
uma proposta de pesquisa em perspectiva comparada

Ailton Dias dos Santos

Trabalho final da disciplina Metodologia de Pesquisa Comparativa


Prof. Lucio Rennó

Brasília, julho de 2011

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A integração da América do Sul
segundo os bancos de desenvolvimento:
uma proposta de pesquisa em perspectiva comparada

Sumário

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1. Introdução .............................................................................................................. 03

2. Aspectos teórico-metodológicos da pesquisa............................................................ 04

2.1 Relação entre teoria, métodos e objeto de estudo .......................................... 04


2.2 A abordagem comparativa ......................................................................... 08
2.3 Métodos qualitativos de pesquisa .................................................................. 12
3.Recorte metodológico da pesquisa ........................................................................... 18

4. Referências .................................................................................................................. 19

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1. Introdução

O presente trabalho tem por objetivo apresentar o percurso metodológico a ser


adotado para a realização da pesquisa intitulada “A integração da América do Sul
segundo os bancos de desenvolvimento em uma perspectiva comparada”.
A proposta de pesquisa leva em conta que as instituições financeiras de fomento
ao desenvolvimento, aqui denominadas bancos de desenvolvimento, vêm assumindo
crescente protagonismo nos processos de integração regional dos países sulamericanos,
se constituindo como objetos de estudo privilegiados para a compreensão das dimensões
políticas e econômicas destes processos. Esta modalidade de instituição inclui os bancos
multilaterais, regionais e nacionais com atuação destacada na América do Sul e
controlados em maior ou menor grau pelos Estados da região: Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID); Banco Mundial; Corporação Andina de Fomento (CAF);
Fundo da Bacia do Prata (FONPLATA); Banco Centro Americano de Integração
Econômica (BCIE); Banco Latinoamericano de Exportações (BLADEX); Caribbean
Development Bank; Fundo Americano de Reservas (FLAR); Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES-Brasil) e Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BANDES-Venezuela).
Formulada numa perspectiva de pesquisa comparada, as unidades de análise da
investigação são as instituições, ou seja, os bancos de desenvolvimento que atuam na
região em comum acordo com governos de vários países e grandes empresas privadas
nacionais e internacionais. O estudo pretende explorar as relações entre a atuação dos
bancos e os processos mais amplos de desenvolvimento, integração regional e
globalização. Para tal, adota a perspectiva teórico-metodológica da abordagem do
sistema-mundo capitalista (Arrighi, 2005; Wallerstein, 1985).
Os objetos de estudo são cinco bancos com atuação de grande destaque nos
processos de integração sulamericana: uma instituição de atuação global (Banco
Mundial), uma regional (BID), duas subrregionais (CAF e FONPLATA) e uma nacional
(BNDES). Essas instituições serão estudadas segundo um recorte analítico baseado nas
categorias desenvolvimento, integração regional, poder dos Estados nacionais nas
instâncias de decisão dos bancos e tendências em relação à expansão ou retração da
atuação dos mesmos. A hipótese de trabalho é de que os bancos de desenvolvimento
assumem um duplo papel nos processos de integração e desenvolvimento

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sulamericanos. Eles são instrumentais em relação aos interesses dos Estados nacionais
da região e ao mesmo tempo se configuram como um campo de forças relativamente
autônomo e referenciado pelas dinâmicas do núcleo orgânico do sistema-mundo
capitalista.

2. Aspectos teórico-metodológicos da pesquisa

Ao propor o estudo dos bancos de desenvolvimento com atuação na América do


Sul em diálogo com a abordagem do sistema-mundo capitalista, a proposta de pesquisa
se depara com o dilema da definição do instrumental metodológico mais adequado para
este tipo de investigação.
Seguindo umas das orientações de King et all (1994), esta seção visa tornar
público o recorte metodológico adotado para a pesquisa de forma a explicitar os
caminhos e as escolhas realizadas pelo pesquisador durante o desenho da pesquisa. Para
tal, esta contextualização percorrerá alguns aspectos considerados centrais para situar o
leitor sobre o lugar ocupado pela pesquisa no debate sobre pesquisa comparativa nas
ciências sociais. O primeiro diz respeito ao papel determinante da teoria sobre as
escolhas metodológicas do pesquisador. O argumento aqui é de que a escolha da
abordagem teórica a ser utilizada na análise e interpretação dos fenômenos empíricos já
condiciona a escolha dos métodos de investigação, levando à exclusão de certas
ferramentas e ao aproveitamento de outras. O segundo aspecto tem a ver com a
abordagem comparativa e o seu papel na produção do conhecimento. Cabe aqui a
discussão sobre a escolha dos casos e sobre os parâmetros, perguntas e indicadores que
irão orientar a investigação comparativa. Por fim, o terceiro aspecto relevante no
desenho da pesquisa procura situar a investigação em relação aos métodos qualitativos
de pesquisa social, em especial o estudo de caso. Discute-se sobre as possibilidades e
limites de cada enfoque metodológico visando traçar um mapa para a realização da
pesquisa.

2.1 Relação entre teoria, métodos e objeto de estudo

Uma incursão na literatura sobre metodologia de pesquisa em ciências sociais


vai demonstrar que este é campo onde ocorrem inúmeras controvérsias e debates. Por
um lado há uma gama variada de métodos e técnicas de pesquisa disponíveis para os

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pesquisadores. Por outro, os métodos não possuem aplicabilidade universal. Seu encaixe
no desenho e nas estratégias de pesquisa vai depender em grande medida das
características próprias do objeto de estudo e da teoria escolhida para fundamentar o
processo de análise e interpretação do fenômeno estudado.
O livro de King et all (1994), Designing Social Inquiry: Scientific Inference in
Qualitative Research tornou-se uma referência ao propor que as abordagens
quantitativas e qualitativas de pesquisa possuem padrões metodológicos compartilhados
e áreas de convergência que permitem uma aproximação entre os dois enfoques. Ao
mesmo tempo, o livro oferece um conjunto de importantes recomendações formando
uma espécie de guia de pesquisa cuja premissa é a busca de validade científica das
pesquisas em ciências sociais. Porém, se tomadas ao pé da letra, as diretrizes
estabelecidas neste guia invalidariam uma boa parte das pesquisas qualitativas
atualmente realizadas em ciências sociais.
A crítica de Brady & Collier (2004) em Rethinking Social Inquiry: Diverse
Tools, Shared Standards, é de que embora King et all (1994) tenham feito sugestões
válidas e que devem ser observadas pelos cientistas sociais, eles propuseram “a
quantiative template for qualitative research”. Alguns autores adeptos das pesquisas
qualitativas alertaram para as limitações das abordagens “quantitativistas” que forma a
base das proposições de King et all (1994). Outros consideram o quantitative template
totalmente inapropriado. Outros mais argumentam que as abordagens qualitativas
possuem forças e vantagens que estão ausentes nos estudos quantitativos e estes têm
muito a aprender com aquelas (Brady & Collier, 2004).
As contribuições de King et all (1994) são de grande relevância para a atividade
de pesquisa em ciência social por chamarem a atenção para os riscos de invalidade
científica e de indeterminação inerentes aos desenhos de pesquisa, tanto quantitativos
quanto qualitativos. Mas o debate sistematizado por Brady & Collier (2004) demonstra
a diversidade de abordagens, enfoques e ferramentas que podem ser mobilizadas em
processos de pesquisa em ciências sociais, a depender dos problemas de pesquisa e
teorias que retêm o interesse dos pesquisadores. O trabalho envolvido no desenho ou
delineamento da pesquisa implica que o pesquisador deve transitar por essa diversidade
de abordagens, colhendo contribuições relevantes e fazendo escolhas metodológicas que
melhor se ajustem à sua situação específica. Mas como fazê-lo sem se perder no
emaranhado de métodos e abordagens muitas vezes contraditórias entre si? O caminho
aqui proposto implica na busca de um fio condutor que vai do objeto de estudo para a

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teoria e desta para a metodologia de pesquisa. O argumento é de que a combinação
“objeto de pesquisa + teoria” implica na exclusão de determinadas opções
metodológicas enquanto exige a adoção de outras.
Pesquisas que têm o sistema-mundo capitalista como objeto de análise se veem
impossibilitadas de ampliar o seu N, como sugere King et all (1994) como forma de
diminuir o risco de indeterminação, pelo motivo óbvio de que só existe um sistema-
mundo (N=1). Da mesma forma, a possibilidade de seleção randômica dos casos a
serem analisados se mostra inviável, mesmo quando estes se encontram níveis internos
ao sistema. Assim, as características estruturais do objeto de estudo e a abordagem
teórica direcionam a pesquisa para a seleção não randômica dos casos a serem
analisados.
As recomendações de King et all (1994) para situações que exigem seleção não
randômica dos casos (N pequeno) são basicamente duas: i) evitar a seleção de casos em
que as variáveis dependente e independente são constantes; ii) evitar a seleção de casos
nos quais as variáveis dependente e independente variam conjuntamente. Em ambos os
casos, a preocupação central é com a obtenção de inferências causais a partir de
variáveis.
A contradição entre essas recomendações e a abordagem do sistema-mundo está
no fato de que esta pressupõe justamente a interdependência entre variáveis. Esta
interdependência deriva do próprio caráter sistêmico do fenômeno estudado. Se para
King et all (1994) a interdependência é um problema a ser contornado ou evitado, para a
abordagem do sistema-mundo ela está na essência do método de análise e ocupa um
lugar central na formulação teórica. No lugar de inferências causais a partir do controle
de variáveis, o que se busca são inferências relacionais resultantes de processos
históricos de longa duração e de fenômenos cíclicos intrínsecos ao sistema.
Ao considerarmos os bancos de desenvolvimento com atuação na América do
Sul enquanto objeto de estudo, e ao definirmos a abordagem do sistema-mundo como
moldura teórica, nos deparamos com a problemática metodológica discutida acima.
Mesmo levando em consideração as contribuições relevante de King et all
(1994), é em Tilly (1984) que vamos encontrar uma formulação mais adequada para o
estudo dos bancos de desenvolvimento enquanto momentos do sistema-mundo. Para o
autor, o método de pesquisa em ciências sociais deve ser relacional, sendo a
comparação um procedimento fundamental. A abordagem relacional possibilita o estudo
de casos específicos analisados em suas particularidades (individualizing). Por outro

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lado, as características de cada caso podem ser analisadas em função do seu
relacionamento com o sistema mais amplo e do lugar que ocupa na geografia desse
sistema (encompassing). Adentramos, portanto, no campo das abordagens qualitativas
de pesquisa, algumas das quais são discutidas em Brady & Collier (2004).
Retomaremos esse ponto na próxima seção.
As dificuldades e a viabilidade de se trabalhar com a categoria sistema-mundo
decorrem da própria amplitude do conceito, o que impõe inúmeros desafios para sua
materialização na forma de um plano de estudos ou de pesquisa. As noções de ‘longa
duração’ e de ‘sistema mundial’ requerem um aparato de pesquisa (conceitual, de tempo
e de recursos) que raramente estão disponíveis aos pesquisadores interessados na
abordagem. A inspiração da enorme produção teórica de autores como Fernand Braudel
e Emmanuel Wallerstein representa um convite às análises históricas de maior fôlego,
mas a realidade e os condicionantes da vida acadêmica atual implicam em escolhas de
pesquisa menos ambiciosas.
Ao se deparar com dilema semelhante, Arrighi (1996) seguiu a recomendação de
Tilly (1984) e optou por unidades de análises mais fáceis de manejar do que a análise
histórica mundial. Por unidades de análise mais manejáveis entenda-se os “componentes
de sistemas mundiais específicos”, como Estados, e circuitos de produção e de trocas
que se agrupam em subsistemas regionais. Seguindo por um caminho similar, a
arquitetura dos bancos de desenvolvimento com atuação na América do Sul pode ser
tomada como unidade de análise para um ordenamento de processos e explicações
específicas que, embora circunscritas a um subssistema de Estados, podem dialogar com
o conceito de sistema-mundo e seus atributos. Para tal, é necessária uma escolha
parcimoniosa das categorias e formulações que a abordagem oferece e que podem ser
operacionalizadas no âmbito da pesquisa. O esquema abaixo oferece uma síntese da
discussão precedente e do relacionamento entre objeto de pesquisa e abordagem teórica
para efeito da pesquisa aqui discutida.

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Quadro 1 – Moldura geral da pesquisa: relação entre objeto de estudo e abordagem
teórica, segundo parâmetros de escala e tempo.
No plano teórico No plano empírico (recorte da pesquisa)
- bancos de desenvolvimento como unidades
Escala - sistema-mundo capitalista de análise (casos);
como moldura teórica - estudo da relação entres os casos específicos e
o sistema-mundo (encompassing);
- tempo conjuntural (situado no interior de
Tempo - tempo longo (longa duração) ciclos de longa duração

Essa formulação tem desdobramentos em termos de métodos de pesquisa:


comparação, métodos qualitativos, seleção de casos, categorias, indicadores e
estratégias de pesquisa. Estes aspectos serão discutidos nas próximas seções.

2.2 A abordagem comparativa

A construção do conhecimento a partir da confrontação entre formulações


teóricas e constatações empíricas, conforme esboçado no quadro 01, tem na comparação
um elemento crucial. Ao fornecer as bases para a interpretação e identificação de
regularidades empíricas a partir de critérios teóricos, a comparação favorece a busca por
padrões explicativos. Ao mesmo tempo, abre a possibilidade para o refinamento das
teorias, ao submetê-las ao crivo de diferentes realidades sociais e políticas.
Como lembra Ragin (1987), é comum se definir a pesquisa comparativa como
aquela que se utiliza de dados comparáveis de pelos menos duas sociedades, segundo
uma abordagem do tipo cross-societal. Esta tende a ser muito restrita e exclui a
possibilidade de pesquisas voltadas para “casos”, e não necessariamente para sociedades
ou países. Przeworski & Teune (1970), por exemplo, enfatizam o trabalho de pesquisa
comparativa como tendo dois diferentes níveis: o nível dos sistemas (Estados-nação) e o
nível intra-sistemas. Para os autores, os trabalhos baseados somente no nível dos
sistemas não podem ser considerados como comparativos. Para tal ela deve explorar e
explicar tanto as variações entre sistemas quanto as relações que ocorrem dentro dos
sistemas estudados.
Esta definição de pesquisa comparativa de Przeworski & Teune (1970) é ainda
mais restritiva do que a abordagem cross-societal (Ragin, 1987). A ênfase em unidades
macro-sociais limita sobremaneira o número de casos disponíveis para estudos
comparativos e freqüentemente implica em classificações ou construção de tipologias
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abstratas (por exemplo, países desenvolvidos e países em desenvolvimento), dentro das
quais o pesquisador pode escolher seus objetos de estudo para comparação.
A idéia de que o trabalho comparativo está intimamente ligado à adoção de
unidades de análise construídas a partir de macroagregados ou macrotipologias não
favorece a investigação comparativa sobre fenômenos particulares ou casos específicos
que muitas vezes retêm a atenção do pesquisador. Em alternativa, Ragin (1987)
argumenta que a abordagem comparativa deve sim abarcar fenômenos sociais
particulares e não necessariamente ligados a categorias macrossociais abstratas
(exemplo: emergência de partidos de classe em diferentes sociedades).
A própria abordagem do sistema-mundo dedica especial atenção a unidades
macroestruturais que não coincidem com Estados-nação ou sociedades e sim com
regiões do mundo com atributos econômicos e políticos similares (centro, periferia e
semiperiferia). Isso coloca em evidências parâmetros de comparação que diferem
daqueles utilizados por Przeworski & Teune (1970), por exemplo.
Este debate sobre “o que comparar” ilustra as amplas possibilidades da
abordagem comparativa. Esta pode abarcar desde processos sociais que ocorrem em
diferentes contextos nacionais ou regiões até a comparação entre fenômenos ou casos
específicos que possuam relevância empírica e teórica.
Neste trabalho, a utilização da abordagem comparativa é parte da estratégia de
construção do conhecimento sobre bancos de desenvolvimento diretamente implicadas
nos processos de desenvolvimento e integração regional na América do Sul. A lógica
comparativa assume aqui duas direções complementares:

 comparação entre instituições (casos), a partir de um recorte bem definido em


termos de objeto, temas, categorias e critérios teóricos de análise. Ao confrontar
as diferenças e similaridades entre os casos segundo critérios teóricos, a
comparação contribui para se refinar a interpretação do fenômeno (Ragin, 1987);

 comparação entre as relações que cada instituição mantém com o sistema


mais amplo (encompassing compararisons), a fim de explicar as características
dessas relações em função dos distintos posicionamentos ou nichos que as
instituições ocupam no interior do sistema (Tilly, 1984).

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Assim, pretende-se investigar processos e resultados que não podem ser
devidamente captados apenas por estudos comparativos do tipo cross-societal, baseados
em indicadores ou macroagregados de diferentes países, muito embora estes também
sejam importantes e úteis para a composição de argumentos explicativos.
A comparação permitirá a construção de um mapa conceitual das propostas dos
diferentes bancos de desenvolvimento em relação à integração regional da América do
Sul. Este será, em seguida, confrontado com o arcabouço teórico fornecido
principalmente pela abordagem do sistema-mundo, mas também pelas contribuições da
teoria da dependência e do pensamento social e político latino-americano. Em relação a
isso, cabe o alerta de Bendix (1963) sobre a difícil relação entre conceitos, teorias e
achados empíricos.
Para serem analiticamente úteis, os conceitos requerem especificações que nos
permitam saltar a distância entre eles e as evidências empíricas. A comparação tem um
papel importante no refinamento dos conceitos e na sua consubstanciação empírica.
Além disso, oferece proteção contra generalizações espúrias, quando um conceito
formulado sobre um limitado corpo de evidências é aplicado em outros contextos ou
situações (Bendix, 1963).
Por seu lado, Sartori (1970) critica o uso das técnicas de quantificação antes de
definições conceituais ou teóricas mais precisas e chama a atenção para o problema de
“estiramento conceitual”. Ao “viajar” de um contexto social para outro, os conceitos
tendem a se desprender do seu significado original, podendo perder precisão e eficácia
explicativa e resultando em conceitualizações vagas ou amorfas (Sartori, 1970). Isso
evidentemente afeta o seu uso em estudos comparativos.
As preocupações de Sartori (1970) e Bendix (1963) colocam em evidencia a
necessidade de um tratamento dos conceitos e categorias que serão utilizados no
procedimento de comparação a fim de se evitar tanto o estiramento conceitual quanto as
generalizações espúrias.
Ao revisitar as questões levantadas por Sartori (1970), Collier & Mahon Jr.
(1993) se dedicam a examinar como as categorias mudam ou podem mudar quando são
aplicadas para o estudo de novos casos ou situações. O argumento dos autores é de que
uma categoria, definida de modo particular, pode se encaixar razoavelmente bem para
um certo número de casos. Porém, um exame mais atento torna claro que para a maioria
dos casos esse encaixe não é perfeito. Nesses casos se observa uma “semelhança de
família” (family resemblance) na qual os diferentes componentes de uma categoria não

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compartilham exatamente os mesmos atributos, muito embora as semelhanças possam
ser evidentes.
A solução proposta é de submeter as categorias a um tratamento analítico
visando identificar os seus atributos constituintes e o grau de presença desses atributos
quanto a categoria é aplicada para diferentes casos. O exercício passa pela análise dos
atributos que uma determinada categoria compartilha ou não. Para facilitar esta análise,
Collier & Mahon Jr. (1993) propõem uma moldura de classificação das categorias como
primárias ou secundárias, clássicas ou radiais.
Categorias primárias referem-se a uma conceitualização mais geral, formada por
um conjunto de componentes ou elementos constituintes. Já as categorias secundárias
são aquelas cujo significado é derivado das categorias primárias. Quando as categorias
secundárias passam a incorporar novos atributos que não estavam presentes nos
componentes da categoria primaria, se está diante de uma categoria chamada por Collier
& Mahon Jr. (1993) de categoria clássica. Neste caso a incorporação de novos atributos
ocorre por adição ou adjetivação. Este é o caso da categoria desenvolvimento, que com o
tempo ganhou adjetivos ou atributos que não estavam presentes na sua formulação
primária: desenvolvimento sustentável, etnodesenvolvimento, entre outros.
Quando os diferentes atributos de uma categoria secundária já estão presentes
nos componentes da categoria primária, ou seja, quando não há adição de novos
atributos, mas apenas variações da sua presença na categoria secundária, se está diante
de uma categoria radial (Collier & Mahon Jr.,1993). A categoria poder, por exemplo, já
contém os atributos que se possa encontrar em categorias secundárias como poder de
voto, poder de veto, entre outras.
Como o objetivo do exercício proposto por Collier & Mahon Jr. (1993) é o de
evitar o problema de estiramento conceitual, o remédio sugerido pelos autores para o
caso das categorias clássicas é a remoção daqueles atributos que representam
acréscimos ou adições. Nesse sentido, propõe-se um retorno à categoria primária e aos
seus componentes e atributos constituintes. Já no caso das categorias radiais, o remédio
é a adição de adjetivos ou atributos já presentes na formulação da categoria primária
com o intuito de dar mais precisão à categoria sem alterar o seu significado original.
Essa moldura para o tratamento conceitual de categorias analíticas será útil para
se aumentar a precisão do processo de investigação e o diálogo entre os conceitos e a
sua utilização na interpretação da realidade empírica. No caso dos bancos de
desenvolvimento e da sua análise segundo a abordagem do sistema-mundo capitalista,

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as categorias desenvolvimento, integração e poder serão tomadas como ponto de partida
para se aumentar a precisão conceitual da pesquisa. O quadro abaixo apresenta de
maneira esquemática este tratamento segundo o modelo proposto por Collier & Mahon
Jr. (1993).

Quadro 2 – Tratamento de três categorias chave da pesquisa a fim de evitar o problema de


estiramento conceitual.
Categoria Desenvolvimento Integração Poder
Tipo clássica radial radial
Procedimento para remover adjetivos adicionar adjetivos para dar mais
evitar o adicionados à precisão à categoria primária
estiramento categoria primária sem alterar o seu significado
conceitual

2.3 Métodos qualitativos de pesquisa

A discussão sobre método comparativo não seria completa sem uma discussão
sobre estudo de caso. Certos tipos de estudo de caso podem ser considerados como
elementos implícitos ao método comparativo (Lijphart, 1971). Mas um problema de
fundo no debate sobre metodologia de pesquisa e estudos de caso tem a ver com o
estiramento conceitual da noção de “caso”. A constatação desse problema levou Ragin
(1992) a formular uma moldura conceitual para responder à pergunta: “o que é um
caso?”.

Quadro 3: Mapa conceitual para responder ‘o que é um caso?”


Entendimento do Concepções de caso
caso Específico Geral
Como unidade casos são encontrados durante o casos são objetos empiricamente
empírica processo de pesquisa e reais, mas suas fronteiras empíricas
considerados como não precisam ser estabelecidas
empiricamente real, porém durante o processo de pesquisa. Os
limitado. casos são gerais e já possuem
designações na literatura.
Como construtos casos são feitos enquanto casos são convenções teóricas gerais
teóricos construtos teóricos específicos, e e produtos do trabalho de uma
tomam forma no curso da coletividade científica.
pesquisa.
Adaptado de Ragin (1992).

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Este debate envolve não apenas a questão de definição de “caso”, mas também o
significado metodológico das pesquisas centradas no “estudo de” caso. Ou seja, não se
trata apenas de definir o que é, mas também como estudar um ou mais casos. Lijphart
(1971), por exemplo, expõe algumas possibilidades de abordagem incluídas na noção
geral de “estudo de caso”. Todas elas procuram responder à questão de como os estudos
de caso podem ser feitos e com quais finalidades ou objetivos.

Quadro 4: o lugar dos estudos de caso na pesquisa social.


Estudos de casos a-teóricos São estudos meramente descritivos e elaborados na ausência de
formulações teóricas. Não são guiados por generalizações
estabelecidas e nem visam à formulação de hipóteses gerais

Estudos de caso São selecionados mais pelo interesse nos casos do que na
interpretativos formulação de uma teoria geral. Faz uso explicito de teorias já
estabelecidas e que são aplicadas para o estudo de casos
específicos. Sua contribuição para a construção teórica é nulo.

Estudos de caso para gerar Auxiliam na formulação de hipóteses, a partir de uma


hipóteses formulação inicial pouco precisa. Visa à formulação de
hipóteses definitivas que possam ser posteriormente testadas
frente a um número maior de casos.

Estudos para confirmar ou Envolve a análise de um ou mais casos segundo um moldura


não uma teoria teórica e generalizações já estabelecidas. O objetivo é testar
proposições teóricas que poderão ser confirmadas ou não.

Estudos de casos desviantes Se volta para a análise de casos considerados desviantes em


relação às generalizações estabelecidas. O objetivo é
compreender as causas do desvio e assim incorporar variáveis
que não tinham sido consideradas previamente.

Elaborado a partir de Lijphart (1971)

Um outro problema presente de forma recorrente neste debate é a polarização


entre estudos de caso (N pequeno) e as investigações centradas no tratamento estatístico
de variáveis (N grande). A crítica dos quantitativistas sobre os estudos de caso
envolvem questões como: i) impossibilidade de se encontrar padrões a partir do estudo
de poucos casos; ii) risco de indeterminação da pesquisa; iii) dificuldade para se definir
qual variável é importante face à interdependências entre elas; iv) falta de significância
estatística das análises; entre outros.
Os adeptos dos estudos de caso, por seu lado, respondem a estas questões
afirmando que o objetivo deste tipo de estudo não produzir generalizações estatísticas,
mas sim generalizações teóricas ou analíticas (Yin, 2007). Isso implica que os

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resultados empíricos do estudo de caso devem ser confrontados com as proposições
teóricas, buscando-se a generalização teórica (analítica) e não dos dados resultantes da
investigação. Estes são próprios do caso estudado.
O estudo de caso tem a vantagem de poder ser utilizado na “investigação de
eventos contemporâneos, nos quais os comportamentos pertinentes não podem ser
controlados” e, portanto, não podem ser submetidos a tratamentos estatísticos com o
objetivo de produzir resultados empíricos. A teoria é usada como gabarito a ser
comparado com os resultados empíricos do caso analisado e a generalização analítica
implica em dizer se esses resultados sustentam ou não a teoria (Rothman, 1994).
A abordagem “case-oriented” proposta por Ragin (1987) sugere trabalhar com
um número pequeno e teoricamente definido de casos, comparando cada caso com
outros e chegando a generalizações modestas. Este tipo de investigação envolve
diferentes caminhos para se chegar a uma compreensão sobre o fenômeno social, sendo
que duas tarefas são usualmente utilizadas: interpretar os fenômenos historicamente
decisivos (origem histórica) e determinar as suas causas e resultados. Os casos podem
ser tomados como “configurações” (uma combinação de características), enquanto que a
tradição de pesquisa qualitativa nas ciências sociais envolve a comparação entre
configurações (Ragin, 1987).
O diálogo entre os dados empíricos e as teorias também é defendido por
Burawoy (1998) como uma estratégia de generalização no estudo de caso. A ênfase não
seria na indução de uma nova teoria a partir dos dados empíricos, mas sim na
identificação das deficiências ou lacunas na teoria atualmente utilizada para explicar o
fenômeno estudado e sua posterior reconstrução a partir dos resultados da investigação.
Para fazer avançar a teoria, Burawoy (1998) propõe a “extensão” do caso, ou
seja, a investigação sobre como as forças do contexto externo (Estado, economia
nacional ou global, por exemplo) afetam ou condicionam a situação do caso ou
fenômeno analisado. Desta forma, busca-se as ligações entre casos particulares
cuidadosamente analisados e o contexto geral no qual ele está inserido, favorecendo a
compreensão das relações entre o “micro” e o “macro”, entre o presente e o passado, em
contraste com as teorias existentes. Os estudos de caso se prestam, portanto, ao processo
de refinamento teórico e para especificar de maneira mais cuidadosa o potencial
explicativo da teoria (Vaughan, 1992).
Embora essas abordagens não considerem o N pequeno como um problema
central, Lijphart (1971) argumenta que, para efeito da pesquisa comparativa, quanto

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maior o número de casos melhor. Isso permite estabelecer pelo menos alguns controles
entre as relações de causalidade observadas em cada caso. Uma escolha cuidadosa das
categorias e das relações a serem investigadas também auxilia na padronização das
observações e na comparação sistemática entre os diferentes casos segundo critérios
teóricos. Por outro lado, é preciso salvaguardar que a teoria não engesse a pesquisa,
limitando o trabalho interpretativo do pesquisador (Vaughan, 1992).
A delimitação conceitual do método do estudo de caso feita se insere no campo
da pesquisa qualitativa. Obviamente existem diversos outros métodos, ferramentas,
estratégias e instrumentos de pesquisa que podem ser mobilizados de maneira
complementar aos estudos de caso numa perspectiva comparada. A sistematização das
ferramentas de pesquisa qualitativa feita por Munck (2004), por exemplo, mostra a
diversidade de instrumentos disponíveis em cada passo do processo de pesquisa. Estes
podem contribuir para aumentar a precisão da pesquisa e permitir um diálogo mais
profícuo entre os planos teórico e empírico. Entre essas ferramentas complementares
podemos destacar a triangulação de evidências, o process-tracing e os estudos de
conjuntura.
A triangulação de evidências é um fundamento lógico e mecanismo de controle
necessário em investigações do tipo estudo de caso. Ela implica não apenas na coleta de
evidências a partir de fontes distintas, mas principalmente a análise do material coletado
segundo o mesmo conjunto de questões inerentes à pesquisa (Yin, 2007). A idéia de
triangular remete a uma convenção e implica em se utilizar dados e informações de
pelos menos três fontes diferentes (por exemplo: documentos, entrevistas focais,
observação direta).
O que se busca na triangulação é separar as informações e dados inconclusivos
(que não se repetem nos dados obtidos de diferentes fontes) daquelas com maior grau de
certeza (se repetem ou aparecem de maneira recorrente, independentemente da fonte).
Obviamente a ampliação do número de fontes tende a aumentar a precisão dos
resultados da triangulação.

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Fonte de evidências 3
Fonte de evidencias 1 A

B A
Fonte de evidências 2 A

A = Áreas de baixa precisão: os dados fornecidos por uma fonte não são corroborados
pelas demais. Risco de inconclusão.
B = Área de maior precisão: os dados e informações são corroborados pelas diversas
fontes. Confirmação das evidências.

O método de pesquisa denominado process-tracing tem como meta identificar e


explicar o processo causal ou a cadeia de eventos que se interpõem entre uma ou mais
variáveis independentes e o seu resultado. Ele visa contextualizar e enriquecer a
explicação, incorporando elementos da realidade política ou social que não apareceriam
numa explicação simples do tipo causa e efeito. O método compartilha características
com a explicação histórica, embora possua usos não comumente encontrados nos
estudos históricos, como, por exemplo, a ênfase em desenvolver e testar teorias. É uma
ferramenta útil para testar o vigor explicativo da teoria em face de fenômenos marcados
por resultados interdependentes e difíceis de serem explicados pela análise de poucas
variáveis e de seus resultados (George & Bennett, 2004).
O uso do process-tracing tende a aumentar o número de observações para além
da relação simples entre variável e resultado. Essas observações adicionais constituem
explicações qualitativas e dão densidade analítica ao processo causal (George &
Bennett, 2004). Porém, assim como outras ferramentas de pesquisa nas ciências sociais,
o process-tracing pode ter usos e funções diversas a depender do tipo de investigação,
papel da teoria e amplitude das explicações. Nesse sentido, George & Bennett (2004)
identificam pelo menos quatro usos distintos para a mesma ferramenta:

Quadro 5: Variedade de uso do process-tracing em pesquisas qualitativas.


Process-tracing é apresentada na forma de uma crônica a-teórica, ou seja, não faz uso
como narrativa de uma estrutura teórica de forma explicita.
detalhada

Process-tracing pelo menos parte da narrativa é acompanhada de hipóteses causais


como narrativa explicitas e relacionadas especificamente ao caso estudado, porém sem

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acompanhada de pretensão de generalizar a explicação ou de empregar variáveis
hipóteses causais teóricas.

Process-tracing converte a narrativa em explicação causal de cunho analítico e


como explicação explicitamente ancorada em uma formulação teórica.
analítica

Process-tracing visa a construção de explicações mais gerais em lugar de narrativas


como explicação detalhadas, sendo uma opção para pesquisas que buscam níveis mais
mais geral elevados de abstração e generalidade.

Elaborado com base em George & Bennett (2004)

Os estudos de conjuntura se aliam ao process-tracing enquanto caracterização


do contexto mais geral no qual ocorrem os eventos ou as decisões de interesse da
pesquisa. Eles visam captar a atmosfera política que recobre o fenômeno estudado. O
argumento aqui é de que o entorno político como, por exemplo, o nível de aceitação ou
rejeição a determinada proposta ou os debates que ocorrem na mídia, é dificilmente
registrado quando as fontes de evidências são mais circunscritas (entrevistas,
documentos, arquivos oficiais).
Os estudos de conjuntura complementam estudos históricos e formulações
teóricas sobre processos de longa duração, como a análise do sistema-mundo capitalista,
por exemplo. Neste caso, conjunturas devem ser consideradas enquanto “processos de
dinâmica restrita, sem conseqüências geradoras de mudança estrutural”. Referem-se a
um momento da macroestrutura (sistema) cuja compreensão ilumina a dinâmica interna
da mesma (Brussi, 2007).
O analista de conjuntura se diferencia tanto do pesquisador do tempo longo
(estrutura) quanto do divulgador factual ou do jornalista. Para compor seu estudo, o
analista pode lançar mão de uma enorme variedade de fontes, dados e informações
sobre o fenômeno de interesse, disponíveis em jornais, revistas, websites, além das
publicações especializadas e acadêmicas. Neste sentido, as análises de conjuntura
devem se desprender “dos rigores usuais da teoria e da metodologia, apresentando-se
como o lugar da liberdade, da criação e da inovação do método e da teoria social”
(Brussi, 2007).
A validade científica desta ferramenta está diretamente ligada à definição dos
limites temporais do momento conjuntural estudado. Para fazer sentido, esta
temporalidade deve estar bem caracterizada enquanto um momento no interior de um
ciclo sistêmico mais amplo (Brussi, 2007).

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“o tempo de uma conjuntura não pode ser curto a ponto de assemelhar-se ao da
ocorrência de um fato e de seus desdobramentos fáticos e cronológicos –
matéria-prima do jornalista – carecendo de sentido interpretativo estruturalmente
conectado e, por outro lado, sua duração não pode exceder a duração de um ciclo
porque se confundiria com tendências seculares, processos estruturais de longa
duração” (Brussi, 2007).

Para efeito da pesquisa sobre a atuação dos bancos de desenvolvimento na


América do Sul o tempo conjuntural pode ser tomado como correspondente ao período
de uma década, no caso os anos 2000. Este pode ser teoricamente localizado no interior
de ciclos de média ou longa duração que são objeto de estudo da abordagem do sistema-
mundo.

3. Recorte metodológico da pesquisa

Partindo das discussões apresentadas nas seções anteriores, é possível a


construção de um mapa conceitual que torne explicito o recorte metodológico para o
estudo dos bancos de desenvolvimento que constituem os objetos da investigação
(quadro 06).

Quadro 06: Mapa ou caminho metodológico da pesquisa

Tipo de pesquisa  pesquisa predominantemente qualitativa;


 N pequeno;
 escolha intencional dos casos a investigar: cinco bancos de
desenvovlimento
 busca por inferências relacionais (Tilly, 1984).

Relação entre  sistema-mundo capitalista como moldura teórica;


teoria e realidade  bancos de desenvolvimento como unidades de análise (casos);
empírica  estudo da relação entres os casos específicos e o sistema-mundo –
encompassing - (Tilly, 1984);

Recorte temporal  tempo conjuntural (Brussi, 2007): período de 10 anos situado no


interior de ciclos de longa duração;

Abordagem  entre instituições (casos) a partir de um recorte bem definido em


comparativa termos de objeto, temas, categorias e critérios teóricos de análise
(Ragin, 1987);
 entre as relações que cada instituição mantém com o sistema mais
amplo - encompassing compararisons - (Tilly, 1984).

Categorias de  categoria clássica: desenvolvimento;

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análise  categorias radiais: integração e poder (Collier & Mahon Jr., 1993).

Estudos de caso:  caso como objetos empiricamente reais e que já possuem


definição designações na literatura (Ragin, 1992; Vaughan, 1992).

Estudos de caso:  estudos de casos para confirmar ou não uma teoria: análise de um
abordagem ou mais casos segundo uma moldura teórica e generalizações já
analítica estabelecidas. O objetivo é testar proposições teóricas que
poderão ser confirmadas ou não (Lijphart, 1971);

Tipo de  produção de generalizações teóricas ou analíticas (Yin, 2007;


generalização Ragin, 1987; Burawoy, 1998.

Métodos  triangulação de evidências (Yin, 2007;


complementares  process-tracing como explicação analítica (George & Bennett,
de pesquisa 2004);
 estudos de conjuntura (Brussi, 2007).

Os passos seguintes no processo de desenho da pesquisa envolvem: i) a


formulação das estratégias gerais da pesquisa em função dos meios disponíveis ao
pesquisador. ii) a definição das fontes de dados e informação (arquivos, entrevistas,
documentos, observação direta, etc); iii) o desenho dos instrumentos de investigação;
iv) a definição do cronograma de trabalho para a realização da pesquisa; v) os recursos
necessários. O mapa sintetizado acima constitui a base para essas definições.

4. Referencias

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